sábado, 15 de maio de 2010

32851 até 32900

32851

Ausência de esperança dita o rumo
De quem se fez tempesta em plena vida
E a sorte muitas vezes dividida
O peso dominando cada prumo
E tanto quanto posso me acostumo,
Porém realidade resolvida
Não tendo na certeza outra saída,
Sou mero, sou espinho, resto e fumo...
Alago-me do brilho das estrelas,
Difícil, mas consigo até contê-las
Nas mãos, nos olhos bebo este horizonte
E tantas vezes sonho com luares,
Ainda restam vagos ao tragares
Sem perceber co’a vida última ponte...

32852

Pudesse ter no olhar ainda o brilho
Do todo que pensara costumeiro
A sorte destruíra o verdadeiro
Momento em que esperança em mim polvilho,
E quando mergulhara em falso trilho
Restando a força imensa do luzeiro
No olhar de quem se fez meu derradeiro
Caminho pelo qual me maravilho,
Restando esta esperança, até quem sabe...
O todo já decerto eu sei desabe
E nada se fará depois do caos,
Riscara do meu mundo esta ardentia
E quando percebendo em ti me via
Voltando a despencar outros degraus.

32853

No fim desta viagem qualquer maio
Aonde poderia ter o fato
E nele com ternura se retrato
O tempo sincroniza este desmaio
E quando me percebo mesmo caio
E tento novamente outro regato
O risco que corremos em cada ato
Não posso nem deveras mais me atraio.
Atrelo-me ao teu sol, sou girassol
E bebo da tempestade e sei farol
Falena procurando alguma luz,
Além deste horizonte mais brumoso
Existe um novo rumo, caprichoso
Geléia traduzida em gozo e pus.

32854

Percebo que placebo ainda bebe
A tempestade em rota mais dispersa
E quando noutro tempo desconversa
Mal vê ou não percebe a torpe sebe,
Resumo em ventania o que pudesse
Herdar além do vago que me deste
E tendo o meu olhar dorido e agreste
Não resta nem a sombra da benesse,
Ainda que se fez audaz em mim
Viagem do passado no presente
No todo quando um pouco se apresente
Traduz a escuridão e molda o fim,
Astuciosamente a vida engana
E assim sem ter juízo já se dana...


32855

Alio-me ao vazio de onde invento
Vencer os meus difíceis caminhares
E quando percebendo e não notares
Do tanto ainda busco algum provento,
Resisto e se não fosse assim o vento
E nele os meus diversos lupanares
Riscando a poesia dos altares
Matando com ferrões o pensamento,
Ligando este não ser ao não seria
Aprendo a reviver esta agonia
Aonde se mostrara necessário
Caminho em turbulência é meu vagão
Descarrilada sorte, sem verão
Invento dentro em mim um relicário.

32856

Quando disseste o não sem perceber
Mataste qualquer coisa que ainda havia
Distante dos meus olhos, ventania
Aos poucos me traçando o desprazer,
Vontade de voltar e bem querer
Quem tanto desejei amar um dia
E assim sem ter no olhar a poesia
O mundo derrotado eu passo a ver,
Bebendo da ilusão, andando só,
Vagando pela praia, amor é pó
Levado pelas ondas, fria areia
Na noite sem a lua, sem recados
Os dias não serão ensolarados
Apenas solidão inda incendeia...

32857

Rendido sem defesas, presa sou
Do encanto aonde tanto me entreguei
Depois que no vazio mergulhei
O mundo noutro instante se tornou
Restolho simplesmente e nada mais
Vagando sem destino em noite escura
O olhar sem solução busca e procura
Envolto por terríveis vendavais,
Chorando em fúria e fogo sem destino,
Alquimista sem ter sequer cadinho,
Vivendo sem amor morto o carinho
Apenas cada engodo não domino
E volto aos meus tormentos, andarilho
Do mundo sem juízo que ora trilho.


32858

Não resta nem sequer o amor que há tanto
Pudesse transformar em gládio este momento
Aonde novamente desalento
E bebo em tenebroso duro manto
E quando noutra cena ainda canto
Catando estas estrelas busco e tento
Resquícios esmolares que inda invento
E nada mais importa, só meu pranto.
Ao peso deste nada me envergando
Resíduo de uma vida onde quisera
Apenas plenitude em primavera
Ou dia mais suave, calmo ou brando,
Porém quando me resta a mesquinhez
Diversa tempestade a vida fez.

32859

Sem mares nem caminhos morta a praia
À venda o que talvez fosse coberta
A vida sem momentos descoberta
E nela cada aplauso vira vaia,
Resisto enquanto a lua já desmaia
E bebe desta dura e vã coberta
A porta que pensara ainda aberta
Deserta em solidão, porquanto traia
O passo de quem fora mais audaz,
E agora na verdade tanto faz
Apenas desistindo do combate,
Levado pelo vento sem destino,
O quanto do que fora cristalino,
Aos poucos solitário, ainda abate...

32860

Amar sem ser amado, e mesmo assim
Jamais desistiria desta luta,
E quando o passo ainda em vão reluta
Tentando descobrir qualquer jardim,
Arranjo em desdém medonho disfarce
E nada do espelho ainda responde
Quem tanto fizera sem ter nem por onde
E neste não ser decerto se esgarce,
Ao menos poderia ser sincera
Quem rasga sem querer e me domina,
Secando qualquer fonte ponte e mina
Sem nada que este encanto ainda gera
Empresto-me ao nada e bebo o futuro
Emblemática noite em céu tanto escuro...


32861
Abrindo o coração já nada tenho
Apenas esperança e nada mais
E quando se mostrassem meus cristais
E deles com ternura o farto empenho
Vencido pela insânia de onde venho
Sabendo tão distante qualquer cais
Exposto aos mais terríveis e anormais
Caminhos entre senhas me contenho.
E risco cada vez mais teu espaço
E sei que deveras quando eu traço
O rumo se proscreve noutro vão,
Se todos fossem assim o mundo então
Seria bem diverso, até pior
Mas sei deste cenário até de cor.


32862

Velhas quinquilharias dentro em mim
Vasos quebrados, lutos e tristezas
Negando qualquer sorte somos presas
E nunca deveria ser assim.
Restando a cada olhar outro jasmim
E dele seus perfumes e belezas
Ainda enfrentam duras incertezas
Matando pouco a pouco bebo o gim
E quando me inebrio em garras, gorros
Ainda mais distantes os socorros
Mortes e nascimentos volto a ter
Do tempo em temporal ou rebeldia
Da antiga previsão nada se urdia
Clarões entre diversos? Nada a haver.

32863

Vacilo a cada passo rumo ao fato
De ter minha emoção exposta aqui,
Não importando mais o que senti
Tampouco esta mortalha que retrato,
E nada traduzira este regato
Aonde cada dia eu soergui
Do mundo que jamais eu conheci
Exposto sem delírios, sigo ingrato.
Das farpas costumeiras, cada trama
E nela se realça quando chama
O fardo do viver insanamente,
Por ser tão inconstante nego o tempo
E beijo com prazer o contratempo
Rompendo sem sentir cada corrente.

32864

Reinando sobre o nada o pensamento
Coroa de vazios o meu rumo
E quando novamente busco e assumo
Bebendo a cada engano o desalento
Ainda noutro tanto quero e invento
O bêbado sonhar, ledo consumo,
Quebrando o derradeiro, último prumo
Não dando ao meu amar prosseguimento.
Lamento não resolve nem adia
A solução mais mórbida e tardia
Gerada pela angústia já resume
A falta de esperança de costume
E nela desabando sonho e casa,
O tempo em contratempo nunca atrasa.

32865

Amar e ter nas mãos outro caminho
Disperso navegante em noite inglória
A sorte poderia noutra história
Beber desta esperança, nobre vinho,
Mas quando me percebo sem teu ninho
O quanto de minha alma merencória
Traduz o que se vê, resumo e escória
Do pranto e do tormento, um vão vizinho.
Um dia ao menos claro e branco
Um canto onde se veja e seja franco
A sorte redimindo cada engano,
Mas quando me percebo e nada vem
Voltando para a vida sem ninguém
Acumulando apenas dor e dano.

32866

Menina bem pudesse ser diverso
Caminho em que imagino festa e gozo
E assim se tanto fosse pedregoso
O tempo noutro canto não disperso,
Ainda invalidez tomando o verso,
O mundo noutra face caprichoso
O fundo se apresenta majestoso,
Nada dizendo enfim deste universo
Aonde traiçoeiras luzes vejo
E tanto busco o rumo ao deus dará
E tento descobrir agora e já
Momento sorridente ou novo ensejo
Vagando pelas luas entre tantas,
Ouvindo estas estrelas também cantas.

32867

Meu mundo por um beijo e nada mais
Vencido há tanto tempo sem saber
E quando percebera o quanto ser
E tanto poderia ser demais
Aonde se mostrara este jamais
E nele se confirma o desprazer
Gerado pela angústia do querer
Buscando tão somente um manso cais.
Vivendo o que se fora além do nada
Bebendo cada gole da alvorada
E nela traduzindo estrelas guias
Meu mundo por um beijo, eis o proposto
E quando a vida traz frio e desgosto
Por outra estrada eu sinto, prosseguias.

32868

Canários e sorrisos, lavras, sendas
Visionário sonho bebe a fantasia
E quando nada havendo desafia
Além do que se vê, imensas vendas,
Já sei o quanto negas, nunca atendas
E deixas para trás esta alegria,
Mas anda sobre nós o amor que guia
E nele novos traços, pois desvendas
Contendas e batalhas do passado,
Ainda vejo em vivo tom lembrado
Nos medos e caminhos solitários,
Por isso olhos macios no horizonte
No quanto amor ainda reine e aponte
Serão fundamentais e necessários.

32869

Cantar sem temer luzes ou mais trevas
Morrendo sem saber do fardo ou gozo,
Assim eu poderia em fabuloso
Momento mais diverso do que levas,
E quando destruíste tantas cevas
O trato em desafio caprichoso
Mesquinhos caminhares, mas teimoso
Desafiando as noites mais longevas
Procuro descobrir tesouro ou mina
E quando esta vontade me domina
Emana a fantasia em cada verso,
Distante do farol, da noite escusa
O amor quando se faz usando, abusa
Ao mesmo tempo é santo, bom, perverso...


32870

Pudesse caminhar em tal terreno
Aonde esta planície mostraria
Além da mais diversa fantasia
Um tempo mais suave, até sereno,
Vendendo cada gota do veneno
No qual a sorte tanto mudaria
Cenário degenera e em agonia
Eu vejo este caminho, agora pleno.
Numa infinita fé, a redenção?
Ainda sem caminho ou direção
Eu bebo do perdão e com franqueza
Amor em liberdade sobrevive
E tanto se mostrasse e me cative
Gerando com ternura uma certeza.

32871

Nadando em mar difícil, proceloso
Buscando qualquer porto que conforte
Assim ao se traçar dispersa sorte
Ao fim do meu caminho, um andrajoso
Mergulho no vazio e caprichoso
Sabendo tão distante qualquer norte,
Percebo cada vida em seu suporte
E morto mesmo assim, voluptuoso
A porta se fechando e sem retorno
O mundo que bebera em frio ou forno
Agora se mostrando sem futuro,
E nisto refletindo todo verso
Ainda que pudesse, mas perverso
Caminho preparado árido e duro.

32872

Não pude ser feliz, e bem tentei
Adeus já repetido noutras vezes
E quando as solidões traduzem reses
O vento se espalhando noutra grei
Diverso caminhar eu bem tentara
Seguindo cada passo da esperança
E assim ao perceber ao nada lança
Quem tanto desejei noutra seara,
E sendo desamparo o meu provento
No fim da minha vida ruga e dor,
Aonde poderia me compor
Bebendo quem me dera algum alento,.
Atados entre medos, cordoalhas
E nelas sem saber tu me agasalhas.

32873


Voltando ao precipício que me deste
E nele tantos pélagos e abismos
E quando se percebem cataclismos
A redenção se embebe em dor e peste,
No quanto muitas vezes tu vieste
E nestes caminhares otimismos
Vencidos pelos medos, novos sismos
E o conviver se torna mais agreste,
Negando alguma luz a quem se dera
Bebendo a solidão, velha quimera
E nada além do cais o caos, o medo,
Resisto e vez em quando inda sorrio,
Mas sei que a cada passo o desvario
Trará a quem amara este degredo.


32874


Seguindo este navio sem destino
E tanto poderia, mas não tenho
Sequer esta certeza e nada venho
Falar em tom maior, eu desafino.
Restara do passado mera sombra
E não criara mais porto seguro
E quando ainda insano em vão perduro
O mundo novamente ronda e assombra,
Negar a realidade? Nunca mais!
Peçonha entre venenos mais distintos
Assim os meus momentos sem instintos
Condenam aos meus fardos terminais.
E pude perceber sem ter caminho
O vento noutro canto e em desalinho.

32875

Marqueses e cenários sombreados
Dizendo dos momentos mais felizes
E tendo sobre a tenda tais marquises
Os dias não seriam mais domados,
Regendo os mesmos erros meus reinados
Mas nada do que ainda queiras, dizes
E mortas entre cenas velhas crises,
Os cortes se anunciam noutros fados.
Enfadonha manhã em solidão
E nela a bruma entorna em direção
Ao sol que jamais vira tão sombrio,
Redime cada engano? Nada disto,
E apenas por saber que ainda insisto
O tempo permanece amargo e frio.


32876

Dançando em corda bamba a vida segue
E quanto mais percebo mais atroz
Ninguém escutaria ainda a voz
Por mais que o coração inda navegue
Cerzindo a cada passo o que renegue
E sigo sem saber se existe foz,
Nadando contra a fúria, sou algoz
Do medo que jamais nada sossegue,
E tento em teimosia matinês
Aonde nada ainda o sonho fez
E quero este cenário refletindo
Platéias mais diversas, o abandono
Traçando cada passo, cão sem dono,
O mundo noutro canto repetindo.

32877

Vagando em noite fria estrela ausente
Por bares e sonhares, nada vejo
Ainda qualquer coisa outro lampejo
E morro sem saber viva semente,
A porta do futuro não se sente
E nela não se vendo o que ora almejo
O peso do viver noutro ensejo
A cor desta manhã não me apascente.
Resido no passado e disto eu tento
Vencer o que pudera em vão provento
O pensamento livre e libertário,
Algemas em violas? Nada disso
O quanto do meu canto ora cobiço
Jamais se mostraria temerário...

32878

Abraçando o caminho em pedra e espinho
Não pude contornar outro sentido
E o mundo em desafio ledo olvido
Traçando apodrecido e tosco vinho,
Mal navegando eu sei que se faz sozinho
Quem tanto se pensara concebido
Nas hordas deste mundo mais dorido
E tanto no que pude ainda aninho
Se resoluto eu busco a solução
O medo escancarado em aversão
Transcende ao que pudera ser assim,
E morro a cada noite em falso brilho
Vagando do passado ainda trilho
Servido de alimária, em botequim.

32879

Bebendo cada gole da esperança
Mordaz ou mesmo rota em rotas tantas
E quando noutro tempo te levantas
E assim o meu caminho a dor alcança
Alavancando o dia em tal vingança
Gerando com terrores velhas mantas
As horas mais felizes agigantas
E nelas sem saber o quanto espantas
O peso de um passado que não trago,
E bebo a insanidade deste estrago
E riscos vou correndo quando vivo
Brincando com palavra e sentimento
Do nada de onde venho me alimento
Portanto ainda sou servo e cativo.

32880

Dançando em noite imensa a boemia
Gerando a cada instante estrelas várias
E ainda se mostrara necessárias
Belezas onde o tempo se recria
E gera a cada mesa a fantasia
Visões que tanto podem temerárias
Mas traduzindo novas luminárias
Aonde a própria vida se recria
Filosofias tantas num boteco
E quando no meu peito bebem eco
Traduzem soluções sempre mutáveis
E a plebe noutra face mais burguesa
Vomita em perdigotos sobre a mesa
Risíveis estes pares de notáveis.

32881

Caminho em busca do vazio
Corsário coração meu comandante
Buscando a solução a cada instante
Bebendo o que deveras desafio
E se ainda não me guio
No caminho mais suave e deslumbrante
Descobrindo nos teus olhos diamante
Esqueço o que pesara e me recrio,
Embora já tardio me abençoe
Quem tanto dentro em mim ainda ecoe
A voz mais desejada e necessária
Percorro inconseqüentes mares, teimo
E sei das discrepâncias de algum cais
E vejo a transparência dos cristais
Ensandecido sonho aonde em paz me queimo.

32882

Vieste redentora ao fim da tarde
E tendo este caminho em luz sombria
Ainda nos teus olhos percebia
O quanto esta mortalha inda retarde
E mesmo que o vazio já se aguarde
Renovas com ternura a fantasia
E vivo novamente esta alegria
E nela todo o sonho que se guarde,
Vestindo em luzes frágeis, mas divinas
Com toda a provisão tu me fascinas,
Embora o tempo seja mesmo curto
Cada momento vale a eternidade
Por isso amor jamais renegue e brade
Ausência traduzindo imenso furto.

32883

Minha alma buscaria algum tesouro
Aonde nada havia sequer ilha
E tantas vezes sonhos já palminha
Tocando sem saber tal sorvedouro
E neste prematuro ancoradouro
Enquanto a dor decerto ainda pilha
Flagrante caminhar vira armadilha
E mata uma esperança em nascedouro,
Resisto aos teus encantos, mas me aposso
Do quanto poderia ser mais nosso
E assim em egoísmo não entrego,
E solitariamente em nada creio
Seguindo aos meus desejos mais alheio,
Qual fora mesmo vendo, mudo e cego.

32884

Longínquo este dobrar do velho sino
Trazendo esta notícia em que se espera
O fim ou renascer da primavera
Desenho terminal de algum destino,
E quando se pensara de menino
O pouso noutra senda não mais gera
Na forma desenhada degenera
E mesmo assim evito o desatino,
O dobre dominando o campanário
E sei o quanto este ato é necessário
Refaz a velha estrada e reacende
Luzeiro que se apaga dia a dia,
A morte quando vem e se recria
Um círculo completo a vida atende.

32885

As cinzas dominando o entardecer
Em nuvens mais espessas, noite escura,
Assim ao terminar leda procura
Entendo como fosse o renascer
Da morte feita em cores, posso ver
Realidade atroz em que assegura
Além desta colheita com fartura
A crença de um provável reviver,
Alimentando enfim uma incerteza
Da qual a se mostrar ainda presa
Uma alma já não mais consegue a paz
E quando se revolta ou mesmo aceita
No fundo ao fim da tarde ora se deita
E o resultado eu sei que tanto faz.


32886

Os cimos do arvoredo quando em vento
Dançando em novos ritmos, natureza
E assim ao se pensar outra surpresa
Retrato do que eu fui já reinvento
E mesmo sendo às vezes mais atento
Já não consigo ir contra a correnteza
E tendo no final fatal leveza
Do fardo que carrego me alimento.
Equânimes caminhos ida e vinda
O tanto poderia ser ainda
Além destas montanhas, vales, quedas.
Mas quando me renegas minha volta
Ao mesmo tempo gera esta revolta
Quando esperança em mim teimando, vedas.

32887

Lua embevecida
Toma todo o céu
Beijo cada véu
Em sorte decidida
Gerando outra vida
Vital carrossel
Assim seu papel
Desenha cumprida
E tanto pudera
Vencer o que espera
Quem não a conhece
Da luz que ora espalha
Verdade amealha
E gera esta messe.

32888

Sinto e consentes
Momentos audazes
A vida diz fazes
E nelas prementes
Destinos urgentes
Ou tanto falazes
E quando me traze
As garras e dentes
Explode a vontade
De ter liberdade
E nada pudera
Conter a ilusão
Que em pleno sertão
Inunda-se fera.

32889

Encontro o passado
Na face do quanto
Pudesse em encanto
Ditar o traçado
Mas logo moldado
Nas mãos deste pranto
O beijo; entretanto,
Com gozo e bem dado
Promete outra sina
Que tanto domina
Quanto desenfreia
Assim a proposta
Espera a resposta
E finge-se alheia.

32890

Encontro meu Deus
Nos olhos macios
Ingênuos em fios
Distantes do adeus
Momentos que meus
Vitais desafios
E risco os estios
Vencendo estes breus
Legados diversos
Traduzem os versos
E deles tentando
Notícias e ritos
Além de infinitos
Sem eira nem quando.

32891

Vestígios do que fora há tempos sonho
Uma alma sem alarma já se alarma
E quando a realidade me desarma
O quadro que anuncio eu sei medonho,
Mil locas entre tocas, eu componho,
A sorte não seria doce carma
Nem mesmo o poderio em frágil arma
Expressa o que tentara e não reponho
Do manto já sagrado da esperança
Vestindo qualquer face decomposta,
O peso do viver vergando o dia
E nele nada mais já se veria
Além do que se vira por resposta.

32892

Erguendo dentro em mim velhas esfinges
E delas desenhados seus enigmas
Aonde no passado vis estigmas
Agora não percebes ou mais finges
E tinges de ilusões os dias quando
Acordas com ternura e não me agrides
Assim talvez deveras já duvides
Do tempo noutro tempo se formando,
Audaciosamente digo não
E bebo da esperança gole a gole
Porquanto o dia a dia já me engole
As noites mais açoites não verão,
E sei da liberdade e do seu custo,
O preço a se pagar jamais é justo

32893

Vieste neste meu anoitecer
Traçando com teus brilhos minha história
E quando a lua surja merencória
O quanto do carinho e do prazer
Num outro caminhar pode verter
Mas tenho-te decerto na memória
E posso adivinhar em ti a glória
Que tanto quis um dia conhecer;
Vieste e me trouxeste nova aragem
O barco em terminal vil ancoragem
Agora com coragem tenta um sonho,
E mesmo que não seja além do cais
Momentos onde existes, magistrais
E neles o perdido em mim reponho...


32894

Amor tem destas coisas sopra e morde
Depois fazer alardes, para que?
No fundo neste sonho não se crê
Por mais que o dia a dia me recorde
Açodam-me diversas emoções
E tento disfarçar ou mesmo luto
E quando se vestindo em claro luto
Do quanto nada posso e tanto expões
Aonde esta mortalha em mim tivera
Grisalhos tons ditando a fantasia
O amor noutro momento nasceria
Gerando a juventude e a primavera,
No olhar quase outonal, o fim se vendo
Porém uma alma nova renascendo.


32895

Embora temporã fruta se veja
E nela mais sabor eu acredito,
O tempo que me resta é tão finito
A vida inda somente relampeja,
Mas quando me entregando de bandeja
Pensando noutro tempo mais bonito
Repito a eternidade, em mesmo mito
Ainda quando a vida se negreja.
Não quero acreditar e não consigo
Vencer o meu constante desabrigo
Com mansidão exposta num olhar
Felicidade, ocaso de minha alma?
O vento terminal que tanto acalma
Jamais eu poderia imaginar.

32896

Redimes com ternura meus tormentos
E beijas com palavras o meu ego,
Ainda no vazio se navego
Percebo a mansidão dos velhos ventos,
Mas busco com loucura tais momentos
E tento prosseguir e já me entrego,
Porém a palidez que ora carrego
Expressa discordantes pensamentos.
Viver e não pensar no que se tece?
Ao velho coração nunca obedece
Quem sabe as artimanhas e armadilhas,
O fogo nos teus olhos, teu sorriso
Embora tão tardio um paraíso
Na justa intensidade em que tu brilhas.

32897

Soterrado por tantos tempos idos
E neles outros dias não veria
Quem sabe conservar a fantasia,
Mas sabe controlar os seus sentidos
A noite em profusão, loucos gemidos
Agora será mansa ou mesmo fria
E tanto renovar-me bem queria
Rever elos decerto já perdidos,
Alheio ao que pudesse ser enfim,
Somente por saber deste jardim
A vida traça cores mais viçosas,
Ao acordar dos sonhos, trevas tantas
E quando me percebes não te espantas,
As sortes são deveras caprichosas...

32898

No todo que pudesse ainda haver
Um resto de emoção tomando tudo,
E quando no passado ainda iludo
Não posso meu futuro converter
E sei que pouco tempo hei de viver
E nada mais deveras inda mudo
Usando a fantasia como escudo
Jamais conseguirei, pois reviver
Momentos onde a sorte semeara
Tocando com furor rara seara
E agora não prossigo em tal relento
O amor tardio tem sempre dois gumes
E quando pouco a pouco te acostumes
Terás como uma herança o sofrimento.

32899

Abandonado barco neste porto
Deixando o que vivera em oceanos
Assim ao se mostrarem tantos danos
Restando tão somente o desconforto,
No todo imaginário viro aborto
E os dias seriam mesmo desumanos
Se ainda perfizesse novos planos
Porém se para a vida eu sei já morto
Intentos não seriam confrontáveis
Com toda a realidade em nua face
E ainda que ilusões o tempo grasse
Os ermos que virão inevitáveis,
Saber do encanto raro em que me entrego
E não ver nada além é morrer cego.

32900

Infielmente busco algum destino
Imerso nas diversas tentações
E nelas encontrando direções
Aonde com certeza me alucino,
O tanto que pudesse já domino
Ou beijo novamente tais verões
Sabendo das diversas estações
O pouco vale o templo cristalino?
Oásis redimindo a caravana,
Mas como esta miragem tanto engana
De uma água mais potável, o veneno
E assim se fosse outrora tentaria,
Porém a noite apaga a luz do dia
E morre com terror neste sereno...

32801 até 32850

32801

Clareia dentro em mim
Luares e sertões
E quando me propões
Chegando deste fim
Traçando ao que vim
Destes vários verões
Se ainda em negações
Gestará no jardim
Roseiras entre espinhos
E por tantos caminhos
Vagando por estrelas
Dispersas neste vento
E enquanto me alimento
Eu consigo bebê-las.

32802

Posso começar
Do quanto termino
E nada domino
Sem nada cantar
Beber do luar
A sorte o destino
E se me fascino
Melhor nem tocar.
Violas, toadas
Manhãs alvoradas
E noites sem fim,
Sertões e luares
Aonde tocares
Verás de onde vim.

32803

Chegando ao descanso
Do passo que nada
A noite rendada
Na lua remanso
E quando me lanço
Procuro esta estada
Vacância na estrada
E nela já tranço
Riscando este espaço
Tragando o que traço
Restando sincero,
Vencer tempestade
Ainda sem grade
É tudo o que eu quero.

32804

Chegando mansinho
Depois da viagem
Bela paisagem
Em sonho adivinho,
Restara o carinho
Ou noutra engrenagem
Seguir estalagem
Bebendo este vinho.
Juntando ao que fosse
A sorte agridoce
O mundo redime,
E nada me ilude
Fatal juventude
Futuro suprime.

32805

Viver este desejo além da vida
E nele perpetua o pensamento
E tanto do querer eu me alimento
Achando a cada instante uma saída
Aonde se pensara em despedida
A vida traz agora este momento
E nele com ternura este provento
Aonde a própria sorte não duvida
Do quanto amor existe e nada teme
Nem mesmo a solidão ainda algeme
O peito enamorado em luz perfeita,
Não quero mais saber desta tristeza
O tempo recompondo sobre a mesa
A glória mais sublime e me deleita...

32806

Um sonho pelo menos merecera
Quem tanto desejou e nada havia
Mortalha que este tempo já tecia
E nela toda a história se perdera,
Porquanto cada sonho obedecera
Ao mais terrível medo em heresia
E tantas vezes morta a fantasia
Pavio se consome em frágil cera.
Rendido e sem saber onde chegar
Ausento do presente e sem luar
A noite sem estrelas nada traz,
O amor já se perdeu e resta apenas
Momentos em que ainda ao longe acenas
Traçando outro caminho feito em paz.

32807

A chuva despencando dentro em mim
Medonha esta friagem, noite afora
E quando a solidão ainda ancora
O mundo se perdendo é tão ruim...
Amor chegando aos poucos, triste fim,
O medo de viver já me devora
E nada em poesia mais se aflora
O tempo navegando atroz, e enfim
O todo se vestindo de vazio,
A noite amadurece em tal granizo
Quem teve tanto amor, hoje é preciso
Saber do quanto custa em prejuízo
Renunciar à vida, uma esperança?
Ainda mesmo ao longe, o sonho alcança...

32808

Infinda madrugada em neve e medo
O tempo se mostrando em dor e treva
Enquanto dentro da alma ainda neva
Apenas recolhendo o meu degredo,
E quando de outra forma em vão procedo
A sorte noutra senda não me leva
Apenas a saudade ainda enleva
E tenta subverter o velho enredo.
Manhã já poderia trazer luz
Canções entre momentos mais felizes,
Mas nada do que tanto ainda dizes
Reflete ao quanto o mundo nos conduz,
Viola refletindo num ponteio
O mundo em solidão que agora veio...

32809

Cantasse uma alegria pelo menos
Quem sabe mudaria esta estação
Inverno traduzindo outro verão
Ou dias mais suaves e serenos,
Mas sei quantos são duros os venenos
E neles sem saber da solução
Encontro novamente a podridão
E dela nem os sonhos mais amenos.
Ausente dos meus olhos primavera
Saudade devorando destempera
A vida e transtornando a caminhada
Permite tão somente este cenário
E nele cada verso temerário
Traduz o que ora vejo, eterno nada...

32810

Amor ainda persiste, ledo sonho,
Poesia bebendo da esperança
Em cada novo verso já me lança
Aonde um novo tempo em vão componho
E bebo do passado este medonho
Caminho feito em trevas e vingança
Assim enquanto ao nada em aliança
O tempo se desfaz e decomponho
Num passo mais atroz, dura verdade
Matando qualquer tom, sonoridade
Vasculho estes momentos e inda vejo
Distante no horizonte mais cruel
A sombra do que fora imenso céu
Do amor apenas tenho este lampejo.


32811


Saudade vai chegando devagar
Batendo na minha porta ora me acorda
A vida de outra vida se recorda
E assim noutro momento quer morar.
Tomando este cenário a dominar
Rompendo do presente qualquer corda
O tanto que já fora e não concorda
Minha alma está cansada de lutar.
Vencer esta lembrança? Nunca mais
Apensa recomeçam vendavais
Sinais de tempos idos, mortos? Não.
O peso do viver vergando em mim
O quanto ora pensara estar no fim
Saudade traça a velha direção.

32812

Revolvo cada sombra do que eu fora
E tento desvendar cada segredo
E quando vez em quando eu me concedo
A cena do passado é tentadora,
E nada do que tenho em voz sonora
Permite qualquer trama e se me enredo
Voltando ao meu início atroz e ledo
A sorte não seria mais canora.
Vivendo sem domingos nem descanso
Aonde na verdade já me lanço
Num éter sem sinais de realidade
E tanto poderia ser disperso
O mundo noutro tom, mesmo universo,
Sem ter a poesia que me invade.

32813

Jogado pelas ruas simples pária
Não tendo mais sossego ainda busco
O quanto do passado fora brusco
A sorte do futuro é temerária
Vencer a solidão com luminária
Sabendo do meu mundo sempre fusco
Riscando este desejo tão velhusco
Sangrando outro oceano alma corsária
Vestindo de esperança que se fez
Apenas em completa insensatez
Bebendo a solidão que se percebe
Quem sabe noutra vida ou noutro instante
Um passo mais sublime se adiante
Ou mude este cenário, torpe sebe.


32814


Legado do passado já não tenho
E rasgo o coração, bebo o presente
E quando novo dia se pressente
Aumenta com certeza o meu empenho
E sigo o que deveras já convenho
Singrando este oceano que apascente
E vejo a tempestade, vã torrente
Apenas no vazio em que me lenho,
Escrevo cada verso e relembrando
O tempo que virá decerto brando
Diverso do passado em dor e pranto,
Não quero mais a sombra do tormento
E quando do futuro me alimento,
Felicidade volta e enfim, eu canto.

32815

Nos mistérios desta alma sem juízo
Sorvendo cada gota do que somos
Bebendo e devorando tantos gomos
Sem ter ou nem saber de prejuízo,
O passo para o nosso paraíso
E nele com certeza novos tomos
E assim diverso passo do que fomos
O mundo em bela tez é mais preciso.
Risonha tempestade em fúria e fogo
Assim recomeçando o velho jogo
Paixão após paixão a vida passa
E tudo que me resta na verdade
Viver sem ter temor, felicidade
Sabendo ser apenas vã fumaça...

32816

Solidão caminhando neste espaço
Bebendo cada gota do suor
Um mundo desejado bem melhor
Aos poucos sem ninguém em mim desfaço
E quando vou seguindo passo a passo
Sabendo desta estrada até de cor
O tanto que se vê sendo maior
Do que deveras penso ou mesmo traço,
Resume a cada instante a dor e o medo
E tanto nos vazios eu me enredo
Teimando contra tantos temporais,
Assim esta resposta solta ao vento
Tomando com terror o pensamento
Dizendo simplesmente: nunca mais.

32817


Espelho cristalino dentro da alma
Traçando melodias entre dores
E ainda se procuras pelas flores
A vida tão distante não acalma
Apenas o vazio diz da calma
E tanto poderia se inda fores
Buscar os dias riscos sonhadores
Embora reconheça cada palma.
Navego pelas ânsias do não ser
E tento mesmo assim qualquer prazer
E sei que nada além desta ilusão
Virá traçando sem coragem
O quando poderia em ancoragem
Naufraga o coração/embarcação.

32818

Anéis após Saturnos, beijos vãos
E rosno ao meu passado, cão insano
Coleto do que vivo e se me dano
Jamais imaginei recentes nãos,
E sendo os meus tormentos velhos grãos
Relento refazendo cada engano
E beijo o meu destino em soberano
Tormento onde pudesse ter irmãos
E sendo sonegada qualquer sorte
Rumando sem ter nada que conforte
Nem mesmo já suporte o passo atroz,
Restando do que eu quis apenas isto,
Certeza de viver e se inda existo
Em ti querida eu busco a minha foz.

32819

Lembrando do passado velha tralha
Resolvo ver apenas o momento
E tanto quanto pode o pensamento
Ainda vez em quando se atrapalha
Arrisco qualquer corte de navalha
Arisco como sempre o sentimento
E nele se deveras eu me alento
Ainda sinto o peso da cangalha.
Vestindo esta emoção velhusca e chata
A vida noutra vida me arrebata
E bate sem saber se quero a dor.
Resolvo com palavras, lavras velhas
E quando noutras cevas tu te espelhas
Eu risco arisco o brilho desta flor.

32820

A solidão que devorasse o sonho
Negando a quem procura outra manhã
Tramando com terror o velho afã
No passo sem caminho atroz medonho,
E quando novo dia me proponho
Certeza se tornara até malsã
E a vida esta sujeita temporã
Mergulha no vazio e não me oponho.
Senzala cultivada e convivida
Aonde se quisera mera vida
Ardências sonegando qualquer brilho,
Eu sendo caminhante do vazio,
Gerado pelo incrível desafio
Apenas a tormenta assim polvilho.


32821

O canto se demente ou tão absurdo
Que nunca permitisse nova senda
Enquanto na verdade não atenda
Deixando o coração qual mudo e surdo,
Bebendo do legado em sofrimento
Ainda tento a folha sem outono,
Mas quando vejo o nada e me adono
Quem sabe no final velho tormento
Vermelhos olhos dizem do horizonte
Sem lua sem o sol vazio e morto
Aonde se pudesse qualquer porto
Aonde se tentasse qualquer ponte
Apenas o cenário se esvazia
Assim se refazendo todo dia.

32822

Esporas entre facas, foices, gado
O medo não podia ser diverso
E quando neste tanto sou disperso
Apenas o vazio trago ao lado,
Restando o que pensara acalentado
E nisto vou tramando outro universo
Usando qual provento vento e verso
Riscando sem saber o velho enfado;
Peçonha destilada em cada olhar
Na morte começando a terminar
Caminho discordante, mas real,
Houvera novo tempo dentro em mim,
Mas vejo a solidão e chego ao fim,
Naufrago de propósito esta nau.

32823

Análises de tempos mais modernos
Aonde o próprio dito morre aos poucos
Em gritos mesmo opacos quase roucos
Dizendo dos antigos, velhos ternos,
Rasgando a camiseta e o paletó
Vibrando em sintonia com o vento
E quando mais procuro estar atento
Retorno sem querer ao mesmo pó.
Divinas heresias noites mortas
E ainda se vendo assim as portas
Por onde transportas sem medida
O quadro anunciado no passado,
Negando qualquer momento enfadado
Traçando sem caminho a mesma vida.

32824

Ainda que pudesse dizer não
Aonde nada trama nem o fim
O quadro desabado mostra em mim
A falta de sentido e direção
Enquanto novos tempos me dirão
Do quanto já sobrou neste jardim,
Ausência do sonhar mostrando assim
A imensa e degradante solidão,
Restando deste medo que me deste
O solo mais dorido e sei agreste
No quanto deteste este degredo
Vencido por ser tanto ou pouco mais
E quando do vazio me entornais
Em vossos desandares me concedo.


32825

Retrato em branco e preto na gaveta
De uma alma que se mostra mais urgente
E nisto cada vez que se apresente
O tanto do pecado se cometa,
E nada do que ainda me arremeta
Podendo usufruir do incandescente
Caminho onde mergulho e mesmo tente
Vencer este legado, outro planeta,
Estando em consonância com engodos
E tanto poderia velhos lodos
Ou limos que inda vejo se apontando,
Mas tudo se reverte em solitário
Desejo que pensara solidário
Traçado dia a dia em voz e bando.

32826

Restituindo o tempo a quem se dera
Além desta medida e sem limites
Ainda que no tanto não habites
Mortalha se moldando em vã quimera
Assisto à derrocada e sem espera
Buscando qualquer rumo que acredites
Vasculho o meu passado e sem palpites
Revejo tão somente a mesma fera.
E teimosia mostra a direção
Do mundo sem certeza e sempre em vão
Largado pelos cantos desta casa.
A morte se aproxima e diz do fardo
E nele compreendendo cada cardo
Apenas vasculhando, nada atrasa.

32827

Guardando estes pedaços do que fomos
Vestindo as ilusões, a hipocrisia
Há tanto noutro encanto se daria
Matando pouco a pouco riscos, gomos.
Vestígios de um momento sem discórdia
Rezando sobre os temas mais comuns
E vejo novamente os meus nenhuns
E morro em tal terror, viva mixórdia.
Lamento após lamento nada vem
E o farto se mostrara muito ou resto
E quando na verdade já não presto
Bebendo gole a gole o que contém
O copo espatifado de cristal,
O sonho num estado terminal.


32828

Nas ondas tenebrosas do que tento
Ainda na verdade em direção
Ao medo sem juízo ou mesmo em vão
O peso do passado é violento.
E quantas vezes fere o sentimento
Negando o meu destino em distração
Morrendo quando busco algum verão
Levando esta palavra solta ao vento.
E beijo sem saber a morte quando
Olhando para o quadro desabando
Na sala nas janelas e bistrôs
Os sonhos da esperança camelôs
Residem no que nunca mais virá
Matando onde pudera desde já.

32829

Chamando o que pudesse de festança
Aonde nada mais se vê nem causa
A vida prometendo qualquer pausa
Apenas ao final decerto lança
Descalço meus caminhos pelas tantas
Diversas emoções e nela crio
Ainda do meu mundo o desafio
Enquanto noutro tanto te agigantas
Estrelas entre estrelas nada mais
E assim sem tango, rango e sem segredo
A posse sonegada nada traz
Senão a mesma cena tão mordaz
No encanto enquanto tento e me concedo.

32830

Vibrando cada som do quanto pude
Morrendo em saudades e soluços
A vida noutros momentos mais ruços
Matando o que pensara em atitude,
Resinas congruentes, novas cenas
E tanto me maltratas quando ris
Deixando mais contente este infeliz
Gerando noites claras, mais amenas,
Num porto sem descanso e sem cansaço
O quanto poderia e nunca vira
O tempo não engana em alvo e mira
E assim ao sonegar-me eu já desfaço
A chance de escapar com galhardia,
Mas resta ainda em mim a poesia...


32831

Fazendo do meu peito a serenata
Aonde nada lua nem pudera
Vestindo a solidão mesma quimera
Que tanto acaricia quanto mata
A porta sempre aberta não retrata
Nem mesmo o que pudesse regenera
O vandalismo em mim somente impera
Enquanto a fonte molda em tez ingrata
A noite açoita em vento e tempestade
E quando mais ainda se degrade
Não deixa nem sequer qualquer jazigo
E tento vez em quando ser feliz,
Mas quando este cenário já desdiz
No passo mais afoito enfim prossigo.


32832

Procuro sem defesas um escudo
E tento nada além deste vazio
E quando mesmo assim me desafio
Por vezes noutra cena até me iludo,
Mas quando no passado me transmudo
E vivo sem saber do quanto em fio
Pudesse este rastilho que ora crio
E tanto poderia, mas sou mudo.
Levando a minha vida sem saber
Do quadro desenhado e em teu poder
Riscando cada frase após a velha,
A morte bebe em gotas podre mangue
E quando me restar exausto e exangue
A fronte do que fora se assemelha.


32833

Indefinidamente busco o quanto
Ainda se procedo desta forma
A vida que me maltrata sempre informa
Do resto abandonado em cada canto,
Perfaço com meu verso o desencanto,
Mas sei que não me importa qualquer norma
Apenas o vazio em que transforma
A fronde destroçada num recanto.
Em discos voadores, lendas, rasos
Os olhos procurando mil acasos
Ocasos dentro em mim agora vejo
E nada do que fora simples mente
Promete ou se amortalha de repente
E muda com furor cada lampejo.



32834


Caminhando sem saber sequer destino
Bebendo a sordidez deste cigarro
A morte a cada dia mais escarro
E incrível que pareça eu me fascino,
Aonde se mostrasse cristalino
Nas ondas do vazio já me agarro
E quando do não ser tento e desgarro
Perdendo o meu domínio, desatino.
Percebo este non sense de onde venho
E cada vez que ainda fecho o cenho
Retorno aos miseráveis caminhares
Aonde tantas vezes procedia
A sorte sem saber da hipocrisia
E nela com terror novos altares.


32835


Litígios conhecidos dentro em mim
Poetas e momentos tropicais
Vencidos adentro temporais
E teimo em reviver cada jardim,
Aonde se mostrasse querubim
Apenas Satanás e nada mais,
Rendido aos meus momentos terminais
Eu bebo este caminho e sei que o fim
Terá proximidade do começo,
Vencido sem saber se isto mereço
Apenas concordando, o que fazer?
Relíquias que conservo, servo da alma
Ainda nada tendo nem a calma,
A morte talvez diga algum prazer.



32836

A mesma sinfonia abandonada
Por quanto poderia ser diversa
E nela novamente esta conversa
Levando simplesmente ao mesmo nada,
Resoluto caminho em tola estrada
E bebo a sorte amarga ou mais dispersa
E quando no vazio a voz se versa
Traduz a morte há tanto anunciada
Sem plêiades sem lua sem sertão
O fardo costumeiro desde então
Repete outro momento e diz do quadro
Mordendo levemente uma canela
Uma alma se transtorna e se revela
Deixando tudo fora deste esquadro.

32837


Vivendo cada ausência, simplesmente
Não tendo mais opções eu sigo alheio
E quando a solidão deveras veio
Tomando o meu caminho nova mente
Moldada pelo fardo que somente
Sementes espalhara por recreio
E tudo o que mostrara sem receio
Agora nem o tempo mais desmente,
Vencido companheiro do passado
O quarto totalmente demarcado
Por chamas, tramas, lamas, dramas, amo;
E as honras da viagem são funestas
E quando no final ainda emprestas
A faca pela qual o sonho eu tramo.



32838

Mortalha concebida no labor
Seara onde se espalha o torpe grão
Vingando cada passo, solidão
Tratando com ternura o desamor
E nada mais pudesse se propor
Transcorre sem sentido a geração
O vento sem destino em direção
Contrária ao que pensara no sol-pôr
Bebendo a morte em cena degradante
A faca se afiando a cada instante
Mordendo sem querer a mesma isca
Quem sabe na verdade nada teme
E bebe do terror medula e creme
Não sabe do segredo quem se arrisca?




32839

Nevando do que fora algum momento
E tento ser além de amenos vãos
E quando os meus olhares são irmãos
Dos quanto poderiam pensamento
Vivendo desta forma reinvento
Mordendo sem saber antigos grãos
E nada do que pensam cevam mãos
Dispersa produção de um alimento
Fugacidade diz do desafio
E quando noutro tempo desafio
O peso do viver que ainda trago
A morte sorridente se apresenta
E vejo este sorriso da sedenta
Qual fosse um derradeiro e bom afago.


32840

De tantos carnavais em luas turvas
Bebendo a fantasia, esta aguardente
Por quanto noutro tanto ainda tente
Vencer as horas duras sempre curvas
Esqueço do que fora ou mais pudera
E tendo o desafio em madrugada
A morte em cada taça mergulhada
Verdade sem saber mostrando a fera
Há tanto adormecida e me entranha
Qual fosso pedregulho, ou vão penhasco
E quando do pedaço simples casco
Traduz o que eu quisera ser montanha,
Arrisco o desconsolo da canção
E vejo que o viver foi todo em vão.

32841

Bebendo cada gota do veneno
Aonde mergulhaste nosso caso
Sabendo do momento sem ter prazo
E nele cada engano me sereno
Vestindo o que pensara mais ameno
Preparo para o fim, busco este ocaso
E quando no vazio enfim me aprazo
Recebo cada gole e concateno
Caminho entre caminhos mais diversos
Restando a solução dos velhos versos
Quem sabe madrugada e bandolim?
Mas nada do que tenho restará
Nem mesmo a voz o tempo calará
Resume todo o pouco que há em mim..


32842

Arrisco em alçapões viver a glória
Do quanto nada trama e nem pudera
Restando o que deveras degenera
Ou muda a correnteza desta história
Buscara finalmente uma vitória
E nada do que tento em primavera
Ainda molda a sorte ou me tempera
A lua quando vem é merencória.
E se não fosse assim, pobre de nós,
A faca traduzindo cada algoz
Redime da verdade inalcançável
E tanto posso ou não saber do peso
E nisto com certeza sigo preso
Vencido pelo amor; ser intragável...


32843

Ferido pelo quanto imaginara
Do tanto quando pude ou muito menos
Assíduo companheiro dos venenos
Gestado pelo amor, velha seara
Que enquanto se promete desampara
E trama sem carinho seus serenos
Os dias se transformam, são pequenos
E o corte se aproxima de uma escara
A sorte se escarrando em minha face
E nada do que tento o tempo grasse
Além deste vazio e tolo ninho,
Recolho os meus pedaços, sigo em frente
E quando novo tempo se apresente
Verá que continuo mais sozinho...


32844

Resisto aos temporais anos vividos
Em meio aos mais completos desafios
E tanto já perdera rumo e fios
Em frios caminhares desvalidos,
Assim noutros momentos, divididos
Caminhos entre sombras, mortes, frios
O solo se fartando dos estios
E neles os demônios percebidos,
Mas o tempo nada nega e traz a cena
Amortalhado passo rumo ao fim,
E tento disfarçar, num verso, enfim,
Porém a solidão somente acena
E mostra a sua face carcomida
Traçando sem disfarces minha vida.



32845

Jogado qual semente em ventania
Os grãos se perdem da raiz
E quando me pensara mais feliz
A sorte noutro instante mostraria
A fonte que desaba em agonia
E trama a realidade por um triz
Marcada com o ferro, fogo e giz
O porte se desanda da harmonia
E o peso de sonhar deveras custa
E nisto cada farpa mais robusta
Adentra sem defesas corpo e mente,
Nada tendo dos meus olhos
Apenas os jardins plenos abrolhos,
Realidade vejo e não mais mente...


32846

Asilo dentro em mim desesperanças
E nelas vejo a face mais atroz
De quem se fez amiga amante e algoz
Deixando-me antever diversas lanças
E quando mais os êxtases alcanças
Maior a fúria e nela calo a voz,
O rio sem caminho teima em foz
E a sorte renegando as alianças
Vencidas pelo tempo me retrata
A face mais nefanda e mesmo ingrata
Risonha tempestade degradante,
Explode num momento sem dilemas
E sei que na verdade nada temas
Sabendo do teu rumo em diamante...


32847

Correndo entre canteiros a criança
Que eu fora agora morta em negação
Rendida sem saber da solução
Vestida com terror a sorte avança
E dita a cada instante esta aliança
Mortalha se mostrando a direção
De quem se planejara desde então
E agora na metade já se cansa.
Enfurno-me em misérias costumeiras
Aonde no passado vi roseiras
Agora nada tendo, nada vem...
O mundo poderia ser melhor,
E vale cada gota do suor,
Mas como prosseguir sem ter ninguém?

32848

Não tendo mais saudades e sem tê-las
A sorte modifica cada passo
E quando o futuro ainda traço
Olhando sem saber para as estrelas
Marinhas ou celestes, tanto faz,
O passo que buscara nada trama
E ainda do passado vivo o drama
Mordisca furioso e mais tenaz.
Riscando qualquer nome, meu ou teu
A cena relatada sem sentido
O mundo que eu queria, dividido
Aonde quis a luz, eu bebo o breu,
E morro enlouquecido sem saber
O quanto poderia ainda ser.

32849

Navego sem princípio pelo fim
Gestando sem saber o imenso abismo
E quando solitário ainda cismo
Vencido caminheiro, bebo em mim,
Resíduo do que fora, outra verdade
Nefasto e caricato, gargalhando
Do mundo pouco a pouco desabando
E nele toda a fúria que inda brade
Diversas gestações falsa esperança
Abortos repetidos, morte em vida
Cenário preparando a despedida
Aonde passo a passo a vida avança
E tinge com grisalho todo o céu
Transtorna e sem defesas, morto o véu.


32850

Ausência de esperança dita o rumo
De quem se fez tempesta em plena vida
E a sorte muitas vezes dividida
O peso dominando cada prumo
E tanto quanto posso me acostumo,
Porém realidade resolvida
Não tendo na certeza outra saída,
Sou mero, sou espinho, resto e fumo...
Alago-me do brilho das estrelas,
Difícil, mas consigo até contê-las
Nas mãos, nos olhos bebo este horizonte
E tantas vezes sonho com luares,
Ainda restam vagos ao tragares
Sem perceber co’a vida última ponte...

32751 até 32800

32751

A noite se eterna
Ou dia refeito
No tanto ou no pleito
Aonde lanterna
No peito se interna
E quando me deito
Por vezes deleito
Enquanto se é terna
Manhã pleno sol
Viver girassol
Ou brumas em mim.
Começo e castigo
Tropeço me abrigo
Início do fim.

32752

Nos braços de quem
Porquanto tentara
Ainda se ampara
E quando não vem,
O medo de outrem
A sorte a seara
O tanto cortara
E nada contém.
Mas vejo assim sendo
O tanto ou o adendo
E arrisco outro salto,
Não posso nas mãos
Momentos se vãos
Um passo de incauto.

32753

O filho que ainda
Talvez não tivesse
Nem mesmo na prece
A vida deslinda
E mostra bem vinda
A sorte outra messe
E assim recomece,
Porém sei que finda.
Navego o passado
O monte, o cerrado
Tropeço e retorno
Ao mesmo passeio
E tanto receio
E nele transtorno.

32754

Quem dera ser rei
Reinado do sonho
Feroz ou medonho
No tanto que errei
Buscando não sei
E se não proponho
Vivendo componho
O mundo outra grei.
Legados diversos
Caminhos em versos
Perplexo final
Arcando com medos
Vislumbro em segredos
Velho ritual.

32755

Voluntariamente
A sorte mudara
E agora se é clara
Declaradamente
Declara ou já mente
E nisto prepara
Da pesca esta vara
Anzol mais premente.
Riscando o passado
Risonho ou profano
E tanto me engano
Caminho forjado
Procurando estrelas
Quem sabe, bebê-las?

32756

Quando abandonei
O todo ou metade
A sorte degrade
E nela entranhei
Sem regra sem lei
O quando me invade
Propõe tempestade
E assim já me dei
Ao porto seguro
Se não me asseguro
Procuro outro vão
E tento ou retenho
Fatal desempenho
Traçando outro não.


32757

O sonho de tronos
Outrora freqüente
Agora se ausente
Negando meus sonos
E tais abandonos
No vago apresente
O quanto de urgente
Moldara meus donos.
Resisto ou pressinto,
Porquanto se extinto
Tentando voltar
À morte condena
Quem ama sem pena
Num vão re-buscar.

32758

Os dias cansaços
Pós vindo de pós
E nada da foz
Ou mesmo dos traços
Os olhos vão lassos
E quando se algoz
Procuro por nós
E beijo os espaços
Deixados por tanto
Ou mesmo no canto
Da sala, do quarto.
Assim do que eu quis
Sem medo e sem bis
Aos poucos me aparto.


32759

Espadas ao léu
Falcões peregrinos
E quantos destinos
Descobrem tal véu,
Vestido do fel
Onde cristalinos
Outrora ladinos
Um tanto cruel,
Vagar sem resposta
A sorte se exposta
Não deixa a promessa
Viver cada lanho
E quando me arranho,
A história começa.

32760

Os dias são vãos
E deles não vejo
Além do lampejo
Aquém destes grãos
E tantos os nãos
Momento sobejo
Velho realejo
Meus dias cristãos
Orquestras de sapos
Casas de sopapos
E papos ao ar,
Pudesse ter lua
Assim bela e nua,
Quem sabe; cantar?

32761

Os olhos viris
Os medos fatais
Os tanto demais
Um risco infeliz
O beijo que quis
E nunca, jamais
Bebera este cais
Enquanto desfiz
O triz do caminho
Num giz desalinho
Do tempo em regresso
Voltar ao que um dia
Em outro seria
Renova o processo.

32762

Olho este rio
E vejo o reflexo
Do quanto sem nexo
Tolo desafio
Vivera este estio
E sem nada anexo,
Seguindo perplexo
Onde eu me recrio.
No rio ou na curva,
Uma água mais turva
Barreiros desta alma,
Negando a resposta
Ainda composta
De dor e de trauma.


32763

Meus olhos ao léu
Aonde a natura
Pudesse ou perdura
Gira o carrossel
E traço o papel
Ainda na escura
E mesmo se cura
O corte cruel,
O mundo resgato
E tento um regato
Regaços diversos,
Não posso ou não pude
Morta a juventude,
Mas vivos, meus versos.

32764

Esqueço do todo
Aonde me embebo
E quando concebo
Também noutro rodo
Girando este modo
Cevando o placebo,
O nada recebo
E o tudo eu açodo.
Resisto ou quem sabe
Bem antes que acabe
Comece outra história
Gestada do quando
Eu vi desabando,
Virando memória.

32765

A mão que me bate
Ou tanto carinha
Vencendo a daninha
Num frágil combate
O quanto se abate
Ou mesmo avizinha
Da sorte que é minha
E nela arremate
O sonho ou senzala
Minha alma não fala
E nem mais escrava
O tanto que vem
Em ti ou alguém
Das dores me leva.

32767

Se num devaneio
Vencesse a tormenta
E quando apascenta
Dizendo ao que veio,
Procurando um meio
Minha alma sedenta
Em outra fomenta
Além do receio,
Recheios de luz
Ao ar reproduz
Caminho tragável
Cenário que vejo
Cevando o desejo
Ora formidável.

32768

Encontro os meus dedos
E tento servir
Quem tanto ao por vir
Concede segredos
Matando os enredos
E neles sentir
O quanto impedir
Diversos os medos
Elevo este olhar
E tento o luar,
Não vejo horizonte,
Ainda sem rumo
Vazio eu consumo
E nada desponte.

32769

Assim sendo sério
A soma do nada
Ditando esta estada
E nela o mistério
Pudesse o critério
Diverso da estrada
No pouco gerada
Tentando um império.
Resquícios do todo
Apenas no lodo
Refletem quem sou.
Mergulho no quanto
E se me levanto
O nada restou.

32770


Se ainda sou pouco
E mesmo não sendo
O tanto morrendo
Enquanto treslouco
Bebendo este rouco
Caminho se erguendo
Podendo outro adendo
Ainda sou mouco.
Desisto e afinal
Restando um degrau
Escadas em vão
Levando ao não ser
Total desprazer
Dita o corrimão.

32771

Aonde nada haveria
Senão fio da espada
Noite enluarada
Promessa de belo dia
E quando o tempo esvaia
Correndo a cada laçada
Vivendo em disparada
A sorte já não veria
A morte conforme a dança
Gerando a temperança
Alcança o sertão
Na ponta da faca
O corte se atraca
Muda a direção...

32772

Pedisse num verso
Caminho de luz
Aonde conduz
O mundo, universo
E sinto disperso
O que reproduz
E tanto me opus
Enquanto me verso
Aos vagos do mundo
E tanto aprofundo
E quando me nego
Deveras sincero
O mundo que espero
Embora vá cego.

32773

Recebo este vento
Na face, disfarço
E tanto me esgarço
Fatal pensamento,
No beijo se atento
O quanto se esparso
Nas chuvas de março
Quem sabe outro alento.
Vencendo o meu medo
Ainda o degredo
Bem perto de mim,
Singrando oceanos
Em tais desenganos
Mostrando ao que vim.

32774

Caçando o começo
Do quanto pudera
E sendo esta fera
Vital recomeço
E sei que mereço
Viver primavera
Embora esta espera
Ditando endereço
Não meço e nem tento
Olhar segue atento
Curvas do caminho.
Vestígios de sorte
Cunhando outra morte
Aonde me aninho.

32775

Vertendo em soneto
O quanto do fel
Embote meu céu
E tento ou prometo
Enquanto cometo
Meu verso cruel
Venal ou ao léu
No quanto arremeto
Vestígios de sorte
Meu mundo comporte
Ou trame outra história
Gerada do nada
Mudando esta estrada
Matando a memória.


32776

Mesquinha caminhada
Restando horizonte
Por onde se aponte
A noite estrelada
Vagar sem estada
Buscando esta ponte
E nela desponte
A vida marcada
Gerada do quanto
Pudesse ser pranto
Ou tanto se dera
Vivendo sem rumo
Caminho que aprumo
Marcado em quimera.

32777

Ladeiras da sorte
Mexendo comigo
E sendo o perigo
Quem tanto conforte
Assim sendo forte
Vislumbro e consigo
O quanto persigo
Da fome e do corte.
Restingas do mundo
Maior e profundo
No pouso de uma alma
Vestida do luto
E quando reluto
A morte me acalma...


32778

Nevando me inverno
E tento meu rumo
E quando me esfumo
Amor mais eterno
Bebendo este terno
Caminho que assumo,
E tanto me aprumo
No verso em que inferno.
Percebo cada luz
E nela reluz
O resto de mim,
Buscando algum cais
Revejo o jamais
E bebo este fim.

32779

Sábado à noite
Um Dia de sol
Eu sou girassol
E neste pernoite
Ausência de açoite
Chicote arrebol,
Olhar é farol
Aonde eu me acoite
E busco outra sorte
Diversa da morte
Do sonho que eu quero
Restando sem tramas
Enquanto me chamas,
Mentindo sincero.


32780


Restara do todo
Metade do quanto
Ainda se eu canto
Adentrando o lodo
Rondando as estrelas
Estradas e caminhos
Dispersos os ninhos
Enquanto revê-las
Mergulho no sim
E morro sem não
Amor sem senão
Começo do fim
E tanto jamais
Pudera outro cais.

32781

Negar esta espera
Beber cada gota
A fonte se esgota
Noutra primavera
Gerada tempera
A fera se embota
E tanto remota
A sorte em quimera
Viver este encanto
E quando sem pranto
Melhor, garantia
Do tempo da paz
Aonde se traz
Beleza do dia.


32782

Na linha de passe
No passo ao futuro
Um traço procuro
Vencendo este impasse
E quanto mais trace
Maior eu te juro
E tanto perduro
No quanto me enlace.
Restara um momento
E nele se aumento
O caminho em que veio
Somando com tudo
O tanto me iludo,
Mas nada receio.

32783


Gerando o começo
Depois do final
Retorno de nau
No mesmo endereço
E quando me esqueço
Deixando o degrau
Procuro um sinal
Renego o tropeço.
Vestindo este mundo
Em tom mais profundo
Gestando esperança
Aonde se vê
O quanto em por que
A vida se lança.

32784

Perfumes do que tanto
Pensara noutra fase
A vida se defase
E gera o desencanto
E tanto em dor ou pranto
No tempo que se atrase
No acento ponto ou crase
No verso me agiganto
Ou mesmo me amiúdo
E se venho enfim me iludo
E busco outro cenário
Vencido ou quando em pouco
Ainda me treslouco
Bem mais que o necessário...

32785

Pergunto e se nada
Existe em resposta
A velha proposta
Há tanto mofada
Mortalha moldada
Na boca composta
Enquanto se imposta
A sorte traçada
Vencido num canto
Ainda me encanto
Bebendo este vinho
E nele te vejo
Sobejo desejo,
Mas sigo sozinho...

32786

Legados do quando
Pensara ser mais
Que vagos banais
Caminhos, mostrando
E tento outro bando
Deixando sinais
E tanto ou demais
Pudesse negando
Rendido indefeso
Dos sonhos já preso
Sem querer voar
Beijando esta cena
A vida serena
E trama o luar...

32787

Buscando este amor
Além do infinito
E tanto bonito
Cenário diz flor
E quanto ao me opor
Por vezes aflito
Gerando no grito
O mundo sem dor.
Viver esta sorte
Que tanto comporte
Além do vazio
Gestando esperança
Aonde se lança
O tempo que eu crio.


32788

Canto de ternura
Em paz e liberdade
No amor quando invade
A sorte perdura
E nada amargura
Tal felicidade
Diz tranqüilidade
Que sana e me cura.
Venço o passado
Gesto moldado
Nas ânsias da vida
Por mais que se queira
Por outra bandeira
A velha perdida.


32789

Atravesso os sinais
E bebo do passado
Legando este telhado
Vencido ou demais,
E querendo mais
Do quanto alegado
O mundo alagado
Em tantos vendavais
Riscando deste mapa
O que tanto se encapa
Nas falas de quem
Jogando co’a vida
Tragando a ferida
Já nada contém.

32790

Beber a promessa
Rever esta festa
Aonde se empresta
E tudo começa
No quanto tropeça
Abrindo esta fresta
E nela se gesta
O quanto se meça
Do passo que dou
Vagando onde estou
Rondando o final
Começo do quando
Eu me transformando
Velho ritual.

32791

Procuro moinhos
Em ventos diversos
E tendo meus versos
Jamais são sozinhos
Risonhos os ninhos
Embora perversos
E tanto em dispersos
Momentos e vinhos.
Restando o passado
E dele o traçado
Vagando sem rumo,
E quando pensara
Na noite mais clara
Também já me esfumo...

32792

Palavra que larga
A sorte ao dará
Não tendo, pois já
Deveras me embarga
E quando se alarga
Caminho virá
O que tocará
E tanto me amarga.
Retinta esperança
Vazia se lança
E bebe outro cais.
Mascando o futuro
No tempo procuro,
Mas sei que jamais.


32793


Tocando a viola
A lua chegando
Num mundo mais brando
Restando me assola
E bebe ou esfola
O peso tomando
E enfim derrubando
Entrando de sola.
Estava ou não fora
Em tez sonhadora
A morte ou a sorte
E nelas perfumo
Negando o meu prumo
Que ainda conforte.

32794

Brilhando esta estrela
Caminhos de Luz
E neles produz
A sorte ao vivê-la
Desnuda e contê-la
No quanto reluz
Ao medo me opus
Na paz de sabê-la
Quero ser feliz
E tanto assim quis
Que nada impedia
Nem a solidão
Toma a direção
Diversa do dia

32795


Pudera te amar
Em luz sintonia
E tanto vadia
A noite ao luar
Restando ao sonhar
Pensar noutro dia
Aonde viria
Em fonte solar;
Resumo meu verso
No sumo em que imerso
Transcendo à promessa
O vento à janela
O quanto revela
E assim se começa.

32796

Resisto ou bem tento
E nada consigo
Assim eu prossigo
Liberto no vento
E tanto me agüento
Enquanto persigo
Ainda me ligo
No mundo se atento
Revivo a vingança
Aonde se lança
A voz mais terrível
Bebendo este gole
A vida me engole
Fatal combustível.

32797

Revelo em canção
O quanto se fez
Em tal altivez
Ou mesmo em senão.
Os dias virão
E assim tudo vês
Embora não crês
Nos sonhos de então.
Restando o meu verso
E nele disperso
Caminhos do quando
Invento eldorados
Destinos traçados
Chego em contrabando.

32798

Perdão necessário
Caminho se faz
E tanto outra paz
Pudesse corsário
Vencido o cenário
Moldando-se audaz
E tento tenaz
Sem crer adversário.
Resido no todo
E bebo do lodo
E tanto pudesse
Viver novamente
Renova-se a mente
E tento outra prece.


32799

Naufrago no abraço
De quem desejara
E a noite se aclara
Enquanto assim traço
Um rumo em cansaço
Em sacra seara
Mergulho me ampara
Aonde era escasso
Fartura se vendo
O tempo desvendo
E morro em instantes
Sangrando em momentos
E neles alentos
Diversos, gigantes.

32800

Amantes dos sonhos
Vergões e vergastas
Enquanto me afastas
Momentos medonhos
E tanto enfadonhos
Se ainda desgastas
Em folhas já gastas
Delírios risonhos.
Campônios cenários
Cantos libertários
Vivendo este tanto
Aonde não possa
Vencer qualquer troça
Matar tal quebranto.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

32701 até 32750

32701

Quem seria agora
Se não mais fosse assim
Eu dentro de mim
O quanto devora
Alma quando aflora
Noutra alma enfim
Vê-se logo o fim
Onde se demora
O começo, adentro
E se me concentro
No que fora ou sou
Vasculhando bem
Hoje sou ninguém
Sou o que restou.

32702

Durmo a me sentir
Onde poderia
Nova fantasia
Um velho elixir
E se tanto eu vir
Do que não seria
Morta alegoria
Renega o por vir.
Este itinerário
Quanto temerário
Sem erário ou gozo,
Mesmo assim se faz
Quando mais tenaz
Belo e caprichoso.

32703

Ledo pensamento
Aonde não tramara
Noite sendo rara
Em paz sem tormento
E se me alimento
Do que busco e aclara
Diversa seara
Negando o provento
Mesquinha falseta
Caminhar prometa
Onde não se traz
Nem sequer pretendo
Novo dividendo
Vida feita em paz.


32704

Se existisse ao menos
Entre tantas falhas
As fatais batalhas
Piores venenos
E sem ter acenos
Onde não espalhas
Sortes em cangalhas
Dias mais serenos
Revivendo assim
O que existe ao fim
Deste amanhecer
Nada posso quando
Noutro fado herdando
Tanto desprazer.

32705

Tantas vezes erro
Ou conserto à prazo
O que sem acaso
Não valia um berro
Logo me desterro
E se tento ocaso,
No final defaso
E decerto encerro
Quanto recomeço
No vital tropeço
Se perdera em mim,
Renegar a dita
Mesmo se maldita
É negar-me enfim.

32706

Sinto que seria
O que nunca fora
Alma tentadora
Ou decerto fria
Quando a poesia
Molda a sofredora
Face sonhadora
Tão mordaz se erguia
Nefanda verdade
Quando a lua invade
Noite em trevas feita,
Assim como o brilho
Onde me polvilho
Mal o amor se deita.


32707

Tendo consciência
Do que pude crer
Onde há desprazer
Mera coincidência?
Noutra convivência
Vivo sem poder
Descobrir o ser
Que gere inocência
E transformaria
Outra sintonia
No que já não vejo
Sortilégio e enfado,
Dando o seu recado
Mata o meu desejo.


32708

Fantasmas no limite
Do que seja espelho
E se me aconselho
No fatal palpite
Onde se palpite
Sangue mais vermelho,
Meto o meu bedelho
Por mais que se evite.
Parto após o parto
E partindo assim
Abortando em mim
O que não reparto,
Beijo a tez sombria
Do que seja o dia.


32709

Nada mais recordo
Bem seria o quanto
Tanto desencanto
Pego e logo abordo
E se andando à bordo
Do fatal quebranto
Rasgo logo o manto
Mal consigo e acordo.
Acordos diversos
Entre vários versos
Versões delicadas
Nelas aversões
E se nada expões
Só traduzes nadas.

32710

Quando inconsistente
Consciente passo
Ocupando o espaço
Onde já se ausente
Falso penitente
Quantas vezes traço
O que gera o abraço
Noutro ser que tente
Caminhar contigo
E se assim prossigo
Rumo ao que se quer,
Navegando em mares
Onde procurares
Não ser mais qualquer.

32711
Vencendo este mar
Aonde em anzol
Perguntando ao sol
Pudesse pescar
Bebendo o luar
E neste arrebol
Imenso farol
Diverso toar
Em sendas disperso
Vagando em meu verso
Jangadas e ventos
Percebo onde estou
E tento o que sou
Em fartos momentos.

31712

Coração de outro alguém
Um porto diverso
E se tanto imerso
No amor que contém
Aonde o desdém
Tomasse o perverso
Caminho do verso
Inverso do bem
E nele contanto
Sem verso ou encanto
Mesquinha manhã
Assim o viver
Sem nada conter
A sorte é tão vã.

32713

Ditosa seara
Aonde não vejo
Além do desejo
Que tanto me ampara
E sendo mais rara
A luz do sobejo
E nele o lampejo
Porquanto cortara
A fonte sacia
E traz novo dia
E nele se vê
Além deste olhar
O quanto sonhar
O amor se revê

32714

Fatal despedida
Da sorte sem paz
E ainda se traz
Além desta vida
Serpente e mordida
No bote é capaz
Em cena mordaz
Nela refletida
Semente do quando
Aonde em nefando
Pudesse tecer
Antevendo o zero
E nele eu espero
Ainda colher.

32715

Quem tanto tem pena
Ou canto pudesse
Em nada obedece
Assim molda a cena
Por vezes serena
Em outra enlouquece
E amor dita a prece
Onde se envenena
Riscando este mapa
O quando se encapa
No tanto que fora,
O corte aproxima
Aos poucos a esgrima
Se fez tentadora.

32716

Vou até convenço
E tanto ou não seja
O quando preveja
Ou mesmo me venço
Vencido no imenso
Amor que lateja
Enquanto a peleja
E nela vou tenso,
Atento ao que tanto
Seria portanto
Bem mais do que flui
Maré pós maré
Se sou o que se é
No nada isso influi.

32717

A dor do pensar
E ter outro fato
Sem ser mais ingrato
Não quero lutar
Tampouco em teu mar
Ou mesmo regato
Enclave eu destrato
Podendo aboiar
Vingando seara
A sorte que ampara
Amara ou cruel,
Retira do quanto
O peso do manto
E rouba este véu.


32718

Suspenso num sonho
Expondo o meu rosto
E nele composto
O quanto é medonho,
Vagando reponho
Gerando o disposto
E neste proposto
O tempo bisonho
Gestando outra forma
Enquanto deforma
Informa-se a flama
Disforme figura
Da vida assegura
Enquanto me inflama.

32719

Se estou na vazante
Dos sonhos em risos
Em meus prejuízos
Que tanto adiante
Quem mesmo agigante
Diversos sorrisos,
E neles precisos
Caminhos; levante
Motim dentro da alma
Nem mesmo se acalma
Na paz sem vintém
Vestira o vazio
E tanto desfio
O quanto não tem.


32720

Subindo até mim
De mim já se pondo
No quando me escondo
Mostrando ao que vim,
Restando sem fim
Se o mundo é redondo
E nisto compondo
O quanto há enfim
Das coisas que anseio
Apenas alheio
Seguindo meu rumo,
Depois do que possa
Ser caos medo ou fossa,
Amores esfumo.






32721

Abandonada cena
Aonde se revela
Amor quando se sela
E nela se envenena
Refém da velha pena
Aonde fora cela
Jamais encontra a vela
E ao porto se condena,
Vergando em contrapeso
Ao se mostrar obeso
Quem tanto quis a luz,
No cais abandonado
Mostrando o seu passado
A quem já se conduz.

32722

A brisa aquece a tarde
E trama nova noite
Aonde se pernoite
Quem tanto se retarde
Ainda sem alarde
A vida dita açoite
E quanto mais acoite
Decerto bem mais arde,
Ardis já conhecidos
Em templos construídos
Nos lagos da ilusão
O tanto que se fora
Ainda sonhadora
Agora morra em vão.

32723

À bala, fome ou vício
Não perco a minha senda
E nela se desvenda
Imenso precipício
Voltando desde o início
Amor dizendo em lenda
O quanto toma a venda
Não vendo nem resquício
Do que já fora outrora
E agora não demora
Mortalhas tece logo,
E quando poderia
Viver a fantasia
Em suplícios eu rogo.

32724


Aonde lado a lado
Caminho após o nada
E tento uma alvorada
Vencendo o mesmo fado
E nunca este recado
Em voz entronizada
Pudesse ser alçada
A sorte em que não nado.
Mecânicas diversas
E quando nelas versas
Avesso ao que se fez
Tomada pela dor
Gerando este fator
E nele a insensatez.

32725

Estendo então laços
E procuro a paz
Que nada mais traz
Em dias tão laços
Apenas bagaços
Do quanto mordaz
A vida tenaz
Adentrando espaços
Vagando no nada
Matando esta estada
Estrada em refém
Do pouco que noto
Ainda remoto
E nada contém.

32726

E tanto se mostra
A sorte no quando
Se fez desabando
E tomando a amostra
O corpo se prostra
E morre negando
O tempo nefando
Aonde foi ostra
E cismo sem nexo
E sem o reflexo
De quem não seria
Aquém do que ainda
Não vejo ou deslinda
Fatal fantasia.

32727

Os céus vãos perdidos
Em tantas quimeras
Soltando tais feras
Tomando os sentidos
Os dias urdidos
Nas ondas esperas
E nelas temperas
Diversas libidos.
Mas todo o momento
Dizendo o tormento
Tramando em segredo
A paz noutro tanto
Mordaz desencanto
Condena ao degredo,


32728

Assim era tento
E nela se entranha
A voz mais estranha
Total desalento
E até desatento
Partida já ganha
Descendo a montanha
Expondo-me ao vento
Retroajo ao quando
O dia negando
A sorte morrendo
E tanto se via
Na vã heresia
O sonho se erguendo.

32729

Idade não conta
Quem tanto refaz
Caminho em que a paz
Aos poucos se apronta
E quando se aponta
O momento em que audaz
A vida compraz
Ao todo remonta,
Versando em delírio
Matando o martírio
Em lírios, jardim,
Cevando a esperança
Amor já se lança
Erguendo-se enfim.

32730

Materna alegria
Aonde se vê
O quanto e por que
A vida se erguia
A noite se é fria
E o corte em que crê
Quem nada relê
Do pouco que havia
Estranhos cenários
Momentos corsários
Canários e cantos,
Assim ao se dar
Amor ao luar
Bebendo os encantos.


32731

Acende-se em mim
Vital luminária
Que sei necessária
Por ela inda vim
Buscando o meu fim
Minha alma é corsária
Quanto incendiária
Pequeno estopim,
Chegando ao início
Rondo o precipício
E salto sem asas
Em meio das brasas
Do inferno que cri
Ou lá ou aqui.

32732

Pudera em outrem
Viver o que nada
Em sol destilada
Uma alma contém
E quando se vêm
Luares, calçada
Noite serenada
Dos sonhos além
Voltando à brumosa
Manhã caprichosa
Da rosa perdida
Da senda florida
Ausência sentida
Em verso ou em prosa.

32733

Beleza se erguendo
No tanto que posso
Do ser quase nosso
E quando me vendo
No teu ser vivendo
Meu sonho que empoço
Dos seus já me aposso
Momento estupendo
De dois somos um
Lugar tão comum
Amor ato em uno
O passo seguinte
Enquanto se pinte
As almas reúno.

32734

O chão fosse meu
Aonde pisaste
Embora negaste
O tanto se ergueu
Do pouco ou do breu
Importa o contraste
E mesmo em desgaste
O além já se deu.
Vivendo por ser
Saber o prazer
E volto ao começo,
A sorte, esta dita
Por vezes se evita,
Mas sei que eu mereço.


32735

Desertos que trago
No quarto ou em mim,
No tanto ou no fim,
Na falta de afago
E quando me alago
Do amor sei enfim
Um dia mais clean
Ou noutro um estrago
Qualquer agridoce
Caminho onde fosse
A fossa; apogeu
Voltando do quando
Ou mesmo negando
Um pouco deste eu.

32736

Sonhar e servir
Sentir o se pode
Aonde não rode
O mundo e pedir
O quanto há por vir
Ou mesmo se explode
E nada se eclode
Nem possa impedir
Crisálida da alma
Por vezes acalma
Em outras maltrata,
Viver liberdade
Alçar claridade
Na medida exata.


32737

Incertos momentos
E neles os fatos
Aonde em retratos
Desabo tormentos
Às vezes ungüentos
Em outras extratos
Dos todos exatos
Ou mesmo em proventos
Diversos dos quais
Pudesse bem mais
Que apenas um traço
Descanso ou alcanço?
E quanto ao remanso;
Aos poucos desfaço.


32738

Ondeio por tantos
E nada do quando
Pudesse remando
Entregue aos encantos
Vitrais e quebrantos
As nuvens em bando
O tempo passando,
Distorcidos mantos.
Legado ao não ser
Por onde o poder
Não fosse venal,
Alimento ao todo
O cais, medo e lodo
Ausência de nau.

32739

Nas sombras a luz
Aonde não vejo
Aproveito o ensejo
E o quanto me opus
Agora propus
Vital realejo
Por onde azulejo
Ou mesmo compus
O verso sem mágoa
E nele deságua
Metade de mim,
Pois outra resguardo,
Divido o meu fardo
Completo-me assim.

32740

O mundo se oscila
Pendular espelho
Do quanto aconselho
Ou quanto destila
Na cidade ou vila
O luar vermelho
E se me assemelho
Ao resto da argila,
Porém divindade
Às vezes invade
E nisto redime,
Ainda não vendo
O quanto desvendo
De amor ou de crime.

32741

Desatento ou não
Principio o dia
Inversa e sombria
Aonde o senão
Ser vindo do então
Enquanto se urdia
Raiar ventania
Chover em sertão.
Ser tão nunca ser
Ser vil ou poder
Viver claramente
Ainda não risco
Ou mesmo se arisco
Manter clara a mente.

32742

Ainda era dia
Ou noite talvez
E se já desfez
Aonde se urgia
Surgia outra tez
E nela se via
Seara sombria
Andante se fez
Moinhos em mim
Gigantes diversos
E tanto meus versos
Além do jardim
Vibrando na espera
De outra primavera.


32743

Ou longe ou aqui
Disperso de mim
Por onde não vim
Já reconheci
Caminhos segui
Um campo sem fim
Aceso o estopim
No fundo explodi
E quase pudera
Ainda esta fera
Viver tempestade,
Mas falsa promessa
Aonde tropeça
A felicidade.

32744

O quanto sorrisse
Quem vive o que quer
O pouco sequer
Negando a mesmice
Se amar é tolice
E o todo vier
Seja o que quiser
Além muito disse
O bêbado passo
Aonde desfaço
O pântano, o charco
Amor sendo tanto
Na âncora levanto
Transcendendo ao barco.

32745

Jamais pude ver
Além do que agora
Ainda devora
Sem ser ou poder
Negando o saber
Ausência decora
Aonde quis flora
Não pude colher.
A poda em minha alma
Aonde quis calma
Não deixa sinais,
Do pouco que tento
Mesmo se sedento
Sacio jamais.

32746

Ainda silente
Depois da tempesta
A vida se empresta
Embora se ausente
Ou quando freqüente
Adentrando fresta
Estragando a festa
Porquanto só mente
Sementes alçadas
Somente em calçadas
Caladas da noite,
Vendido em leilão
Venal coração
Procura um pernoite.

32747

Qual luz e falena
Rosa e colibri
O quanto me vi
Numa alma pequena
Mergulho na cena
E quando a perdi,
A dor revivi,
Mas sonho serena.
Resisto ou resido
E quando duvido
Percebo meu erro
Ou mesmo no acerto,
Distante ou mais perto
Condeno ao desterro.

32748

Vagueio sem nexo
E num retrocesso
Outrora o processo
Da vida um reflexo
No quanto o progresso
Deixando perplexo
Procuro por sexo
Anexo ao regresso
Do sonho que existe
E seguindo em riste
Irrita ou consola,
Entranho cometas
Por onde arremetas
Na vida esta escola.


32749

Deixar claramente
Aberto o portal
Sem medo ou venal
Caminho na mente
E quando descrente
Ledo ritual
Bebendo o final
Que o nada apresente,
Retiro o começo
E volto ao tropeço
Arcando com falhas
Enquanto ao meu lado
O risco, o pecado,
São duras cangalhas.

32750

Não pude sonhar
Tampouco pudera
Quem trama a quimera
Esquece o luar
E volta a tocar
Ou já regenera
Em novíssima era
E ofusca seu par.
Tentar horizontes
Iguais quando apontes
Com olhos e dedos,
Seguindo sem rumo
No quanto me esfumo
Desvendo segredos.

32651 até 32700

32651

Restam-me, pois somente esses segundos,
E nada mais terei da frágil vida
Assim ao preparar a despedida
Vagando num instante vários mundos
Encontro retratada a cada ausência
A farsa feita em trevas, onde a luz
A cada nova treva decompus
E bebo do vazio esta anuência
Gerada pelo quanto poderia
E nunca mais se fez o que eu buscara
A sorte noutro tanto nunca é clara
E mostra ausente face, poesia
Medonha luz deveras me transforme
E mostre esta figura ora disforme.

32652


Pútridas as manhãs que me feriste,
Deixando cada marca mais profunda
Minha alma do vazio ora se inunda
E segue a todo instante bem mais triste
Não pude nem sequer adivinhar
O quanto do passado existe em mim,
Matando com certeza de onde eu vim
Restolhos do que fora algum luar
Mereço esta inconstante companhia
Da sorte em maldição e nada mais,
Aonde quis pureza de cristais
A treva e a turbulência o tempo cria
E nada restará sequer a sombra
Que ainda me atormenta enquanto assombra.

32653


Tristeza em que traduzes minha glória
Depois de tantos anos permitindo
O tempo se mostrara noutro urdindo
A mesma e renovável torpe história
Resisto enquanto posso, mas bem sei
Que nada mostrará a mesma senda
E ainda quando o templo se desvenda
Não tenho mais sequer o que busquei
Resido no vazio e nele traço
O medo além da morte esta constante
Figura tantas vezes torturante
Mas dela se mostrando cada laço
Por onde poderia ter enfim
O quanto resistira dentro em mim.


32654

A boca em que escarraste te procura
E sabe cada passo aonde tentas
Mostrando com terror velhas tormentas
E delas a terrível amargura
Assisto à derrocada, pois resido
No fim do quanto pude acreditar
Seguindo em solilóquio tento amar
E nada se mostrasse do tecido
Gerido pela ausência de esperança
Ardendo furiosa e tensamente
Tomando cada passo, já desmente
O quanto em tez temível sorte avança
Aprendo contra tudo e contra todos
Bebendo novamente meus engodos.


32655

Creio em Ti, Senhor
No amor que traz luz
Tanto reproduz
Grande e intenso amor,
Na diversa cor
Aonde me conduz
E tanto quanto pus
Sonho redentor
Dos dias cruéis
Diversos os féis
E agora esta paz
E nela percebo
O quanto me embebo
Do amor que Me traz.

32656

A minha alma em Ti
Caminho de glória
Traçando vitória
Que tanto pedi
E tendo-Te aqui
Da luz merencória
Mudando uma história
Aonde perdi
O rumo passado
Agora traçado
No encanto maior
Eu tento e vislumbro
No amor me deslumbro
Mais forte e melhor.

32657

Um barco à deriva
Em plena tempesta
Amor quando resta
E tudo já priva
Abrindo esta fresta
A luz ora criva
Uma alma cativa
Outrora funesta
Bebendo da luz
E nela produz
Vital ressonância
Assim caminhando
Em solo mais brando
Com toda elegância.

32658

Minha alma se eleva
E bebe esta sorte
Que tanto conforte
Sonegando a treva
Aonde se leva
Mudando este norte
Assim se comporte
Quem tanto inda neva,
Vencer os grilhões
Tantos turbilhões
E ser mais feliz
No amor necessário
Templo imaginário
Além do que eu quis.


32659

Mantendo esta fé
Aonde pudera
Vencer qualquer fera
Rompendo a galé,
E vivendo até
Noutra primavera
A sorte se espera
Por ter o quanto é
Da vida passada
Em outra surtida
Assim revivida
Seara traçada
Com toda beleza
Da Mãe Natureza.

32660

Meu ser do teu ser
Apenas reflexo
E tanto do nexo
Pudesse conter
Além prazer
Do amor e do sexo
Num todo complexo
Viver, renascer
Bebendo esta cena
Que tanto serena
Quem busca o caminho
No todo já somos
Bem mais do que gomos
De Deus me avizinho.

32661

Indistintas luzes
Tantas vezes vira
Quem perdendo a mira
Cultivara as urzes
E quando reluzes
Todo tempo gira
E tanto interfira
No que mais seduzes
Ao vencer o medo
Quanto amor concedo
Onde poderia
Novamente em brilho
Cena que palmilho
Mera fantasia?

32662

Envolvido em paz
Nada mais desejo
E se tanto almejo
Quanto ser capaz
De viver atrás
Deste vão lampejo
Aproveito o ensejo
Que me satisfaz
E bebendo à sorte
Deste amor, meu norte
Onde vivo em glória
Remodelo assim
O que existe em mim
Virtual vitória.

32663

O nada que perfaz
Imensa caminhada
E tanto em alvorada
Quanto em noite traz
A ausência da paz
Onde quis o nada
Novamente a estada
Mergulho mordaz,
E tenaz meu sonho
Nele me proponho
A saber do quanto
Num momento eu possa
Lua que remoça
Prateado manto.


32664

Teu silêncio toma
Toda a paisagem
Onde quis miragem
A verdade doma
Como fosse um coma
E sem ser viagem
Procuro ancoragem
Mesmo quando assoma
Caminhando em vago
Esperança alago
Com meu canto e verso,
Beijo a tempestade
Tanto que degrade
Quanto traga imerso.

32665

Velas sendo abertas
Barco em mar imenso
Quando me convenço
Deste olhar desertas
E se ainda acertas
O que tanto penso,
Na verdade é tenso
Entre as descobertas
Noites frias; vagas
Quando a luz apagas
Nada mais se vê
A não ser a face
Onde o medo grasse
Sem ter um por que.

32666

Teu sorriso molda
Em beleza rara
Quando a voz declara
E nos sonhos solda
Toldos entre tantos
Determinam sendas
E nelas atendas
Com teus desencantos
Momentânea fonte
Dela se irradia
Novamente o dia
Onde já desponte
Desaponte e mate,
Feroz arremate.

32667

Sorriso em mudez
Vagas noites trama
E se ainda há chama
Noutra se desfez
Tanta insensatez
Renovado o drama
Amor não inflama
Quando nada vês
Nem tampouco o sonho
Se nele componho
Cada falso brilho
Mergulhando em mim
Busco pelo fim,
E o começo eu trilho.


32668

Vou andando em altos
Caminhar mais farto
E se assim descarto
Velhos sobressaltos
Os meus céus incautos
Adentrando o quarto
Ao vazio eu parto
Esperanças: autos.
Vago em vãos momentos
Toscos pensamentos
Velhas heresias
E também te vais
Procurando um cais
São alegorias...

32669

Dura queda parte
O que fora lúcido
Hoje não translúcido
Vivo este descarte
Riso em ironia
Com sarcasmo ou dor
Tanto a se propor
Quanto mais viria
Remodelação
Remoendo a vida
Quando a despida
Doura a direção
Barco vela e leme,
Solidão que algeme.


32670

Jogado num canto
Na sala de espera
Aonde se gera
A dor, ledo manto
E quando não canto
A sorte tempera
E morta esta fera
Gestando o quebranto,
Riscando este céu
Vivo carrossel
Amor diz do quando
Pudesse sem tréguas
Distante tais léguas
Do quanto formando.

32671

Finjo o que sou
Ou tanto seria
Não fosse vazia
A sorte em que estou
Resumo onde vou
Na noite que esfria
E mesmo sombria
Em mim já restou
Vagando sem nexo
Espelho em reflexo
Do quanto perdi
E tanto pudera
Aonde se espera
Além ou aqui.

32672

Escrevo onde minto
Ou mesmo pondero
E quando sou fero
Vulcão diz do instinto,
Porém se distinto
Do quando me espero
E nisto tempero
Até quando extinto,
Vencendo o que tanto
Ainda em encanto
Pudesse diverso
Assim retrocesso
Ou noutro processo
Invento meu verso.

32673

A imaginação
Imagem dispersa
Aonde se versa
Qualquer direção
Pudesse e verão
A sorte se inversa
Mergulha e dispersa
No mar de um verão
E tropicalmente
A mente que mente
Remete ao futuro,
E tanto vivesse
O quanto tecesse
Em solo mais duro.

32674

Marcando o meu passo
No traço mais forte
Enquanto comporte
Assim eu me traço
Ao nada se eu grasso
Voltando do norte
Pudesse em aporte
Viver cada espaço
Restando a esperança
E nela se lança
A lassa promessa
A vida sem par
No eterno voltar
Assim recomeça.

32675

Terraços que tento
No pouso tranqüilo
O quanto desfilo
E mesmo em provento
Mergulho no vento
E dele destilo
Sem paz nem estilo
Apenas fomento.
Risonho ou feroz
Medonho ou atroz
Já não me comporto,
Assim se inda vejo
Aquém do desejo
Jamais reconforto.

32676

A noite que é linda
Bela e constelar
Deitando o luar
Aonde deslinda
E quando se finda
A vida em solar
Caminho sem par
Divergindo ainda
Do todo que fora
Vital sonhadora
Espera divina
E toda a tormenta
Amor apascenta
Enquanto domina.


32677

Buscando qualquer meio
Aonde poderia
Viver a fantasia
Que não, jamais receio
A sorte eu rodeio
E dela a alegria
Na qual me daria
Total devaneio
Bebendo este fel
Amor segue ao léu
E vaga sem rumo,
Mas quando me entranho
Se eu perco ou se ganho,
Do todo eu consumo.

32678

Girando esta sorte
Um redemoinho
Aonde me alinho
Ou tanto conforte
Matando tal morte
E nela avizinho
O tempo sozinho
Carinhos comporte,
Suporte da vida
Se tanto ou perdida
Renasce em momento
E dele criando
Num ar duro ou brando
Moinhos de vento.

32679

Comboios diversos
Em versos e arroios
Aonde em apoios
Por quanto perversos
Bebendo dispersos
Traçando meus joios
Vagando em comboios
E neles meus versos,
Assim retroajo
Enquanto reajo
Ou mesmo procuro
Vencer o que ainda
A sorte deslinda
Em céu turvo e escuro.


32680

Pudera esta fera
Que habita meu peito
Enquanto me deito
Matando em espera
E assim regenera
O sonho desfeito
Gerando este pleito
Viver primavera,
Rescende ao perfume
E quando mais lume
Maior a certeza
Do tempo que venha
E nele esta senha
Que é feita em clareza.


32681

Não devo ou devia
A quem se pudesse
Trazer a benesse
Viver poesia
E tanto faria
Aonde se tece
Depois já se esquece
Nova alegoria
Assim renovado
Volvendo ao passado
Futuro arremete
E tento singrar
Diverso, outro mar
Que a mente promete.

32682

Ainda um arauto
Trouxesse a manhã
Embora tão vã
Ou tanto se incauto
O passo, se eu salto
E bebo este afã
A vida é malsã
Mesmo quando lauto
O tempo onde vejo
Morrer o desejo
No ensejo maior
E assim tanto faz
O quanto se é audaz
Ou mesmo melhor.

32683

Se eu sigo enganado
Ou se engano e sigo
No quarto ou abrigo
Num samba ou num fado
Traçando este enfado
Ainda eu prossigo
E quando consigo
Bebendo o passado
Vestindo a surpresa
Da qual incerteza
É feita ou refaz
Regalos diversos
Ausentes dos versos
Descansando em paz.

32684

Julguei ser meu eu
O quanto se fez
Em tal lucidez
Depois se perdeu
Meu ego morreu
No quanto descrês
E nada revês
Revés que se deu
Mergulho ou entulho
Apenas vasculho
E bebo esta sorte
Deitando no vago
E quando me afago
A morte conforte.


32685

Seja como for
Se for ou não quer
A sorte é mulher
E eu beija-flor
Moldando o compor
E nele qualquer
Distante sequer
Do quanto me opor,
Reservo-me ao fato
E quando retrato
Reponho o começo
Assim se percorro
Ainda este morro
Prometo o tropeço.


32686

Fosse como posso
Do jeito que vem
O quanto se alguém
Regendo o que é nosso
Ainda me empoço
E vendo este aquém
Na dor ou desdém
Mesmo assim remoço
Refaço o percurso
E tanto sendo urso
Mergulho em vazios,
E tento outro canto,
Mas rasgando o manto
Totais desafios...


32687

A vida refeita
Na vida que tento
Enquanto eu me alento
Na sorte se deita
A lua na espreita
Expressa este vento
Bebendo o fomento
Amor se deleita
Vivendo esta história
Ausente memória
Da tarde dorida
Na noite em tal lua
A glória que atua
Refaz minha vida.


32688

Do pó volto ao quanto
Não fora outro pó
E sigo tão só
E nisto me encanto
Vivendo, entretanto
Ainda sem dó
Estreito este nó
Cobrindo co’o manto
Cenários em festa
Amor quando atesta
Por fim trama a paz
E corta e sossega
Uma alma se é cega
No amor se refaz

32689

Momento diverso
Aonde pudera
Viver sem espera
Ou mesmo um perverso
Caminho disperso
E tanto quisera
No pouco em que dera
O meu canto imerso,
Versando com fúria
A sorte em lamúria
Incúrias conhece
E todo o passado
Deveras mofado
Já rejuvenesce.

32690

Enquanto acontece
A vida em cenário
Diverso ou contrário
Gerando esta messe,
Aonde obedece
Amor temerário
Ou se necessário
Vencer pela prece
Resolvo o que rege
Ou vejo este herege
Caminho sutil
E nele a promessa
E assim recomeça
O que já se viu.

32691

Vencendo infinitos
Em fartas canções
E nelas compões
Diversos os ritos
E quando em aflitos
Caminhos e opções
Mergulhas verões
Em teses e mitos
A face medonha
Aonde se exponha
Quem tanto queria
Vencer com ternura
Agora amargura
A vã fantasia.


32692

Dos meus nevoeiros
Brumoso caminho
E sigo sozinho
Vencendo os inteiros
Vestindo os canteiros
De tanto carinho
Pudesse ser ninho
Onde derradeiros
Espreito o luar
E a cada sonhar
Do todo me adono,
Aonde pudera
Tocar primavera
Encontro abandono.

32693

Dos ermos que venho
Bebendo o passado
O encontro negado
Cruel desempenho
E tanto me lenho
No corte tramado
E nele traçado
O quanto convenho
Vencida a promessa
A sorte em remessa
Mordaz companhia
E nela se vê
Sem mesmo este quê
Ao qual merecia.


32694

Paz sazonal
Não quero e nem possa
Gerar outra fossa
Mesmo desigual
E quando é fatal
A sorte se endossa
Na velha palhoça
Audaz ritual,
Rescindo o contrato
E tanto desato
Enquanto liberto,
E todo o passado
Mergulho no enfado
E o medo deserto.


32695

Planaltos no céu
Aonde tentei
E quando pensei
Levados ao léu
Verter carrossel
Gerando outra lei
Pudesse o que sei
E nele este véu
Cobrindo os meus olhos
Tristezas e abrolhos
Canteiros dispersos,
Assim sem saída
Mostrando esta vida
Que traço em meus versos.


32696

Caindo esta neve
Granizos em mim
Pudesse sem fim
O quanto se atreve
E aonde se eleve
Depois quando enfim
Restando o jardim
E nele se leve
O mundo onde a cena
Deveras serena
Ou mesmo maltrata
A sorte assemelha
Diversa centelha
Por vezes ingrata.

32697

Uma alma sem tramas
Enquanto remoce
Ou mesmo se aposse
Do quanto me chamas
Ainda reclamas
E tomas a posse
Pudesse se fosse
Sem medos ou dramas,
Negando a cadência
Total inocência
Vestindo este luto,
E quando começo
Após o tropeço
Ainda reluto.

32698

Sem ter incentivo
Quanto mais pudera
Além regenera
E assim sobrevivo
Não sendo cativo
Já não vejo a fera
E se destempera
A vida em que vivo
Pergunto sem ter
Ainda o prazer
De crer na resposta
A malha esta teia
Aonde incendeia
Face decomposta.


32699

Não sou quem devia
E assim não me atrevo
E quando outro trevo
Em face sombria
Total ventania
E nela se eu cevo
O quanto em longevo
Caminho seria
A vida sem ter
Ou mesmo o querer
E nele este belo
Sentir o que tanto
Ainda me espanto
Enquanto eu revelo.


32700

Colorindo em mim
Vital aquarela
Jamais se revela
Ainda se eu vim
Buscando o clarim
E tendo esta tela
No qual já não sela
Destino sem fim,
Pergunta ou resposta
A sorte é composta
Do quanto não tem,
E todo o momento
Aonde me alento
Procurando alguém.