sexta-feira, 14 de maio de 2010

32651 até 32700

32651

Restam-me, pois somente esses segundos,
E nada mais terei da frágil vida
Assim ao preparar a despedida
Vagando num instante vários mundos
Encontro retratada a cada ausência
A farsa feita em trevas, onde a luz
A cada nova treva decompus
E bebo do vazio esta anuência
Gerada pelo quanto poderia
E nunca mais se fez o que eu buscara
A sorte noutro tanto nunca é clara
E mostra ausente face, poesia
Medonha luz deveras me transforme
E mostre esta figura ora disforme.

32652


Pútridas as manhãs que me feriste,
Deixando cada marca mais profunda
Minha alma do vazio ora se inunda
E segue a todo instante bem mais triste
Não pude nem sequer adivinhar
O quanto do passado existe em mim,
Matando com certeza de onde eu vim
Restolhos do que fora algum luar
Mereço esta inconstante companhia
Da sorte em maldição e nada mais,
Aonde quis pureza de cristais
A treva e a turbulência o tempo cria
E nada restará sequer a sombra
Que ainda me atormenta enquanto assombra.

32653


Tristeza em que traduzes minha glória
Depois de tantos anos permitindo
O tempo se mostrara noutro urdindo
A mesma e renovável torpe história
Resisto enquanto posso, mas bem sei
Que nada mostrará a mesma senda
E ainda quando o templo se desvenda
Não tenho mais sequer o que busquei
Resido no vazio e nele traço
O medo além da morte esta constante
Figura tantas vezes torturante
Mas dela se mostrando cada laço
Por onde poderia ter enfim
O quanto resistira dentro em mim.


32654

A boca em que escarraste te procura
E sabe cada passo aonde tentas
Mostrando com terror velhas tormentas
E delas a terrível amargura
Assisto à derrocada, pois resido
No fim do quanto pude acreditar
Seguindo em solilóquio tento amar
E nada se mostrasse do tecido
Gerido pela ausência de esperança
Ardendo furiosa e tensamente
Tomando cada passo, já desmente
O quanto em tez temível sorte avança
Aprendo contra tudo e contra todos
Bebendo novamente meus engodos.


32655

Creio em Ti, Senhor
No amor que traz luz
Tanto reproduz
Grande e intenso amor,
Na diversa cor
Aonde me conduz
E tanto quanto pus
Sonho redentor
Dos dias cruéis
Diversos os féis
E agora esta paz
E nela percebo
O quanto me embebo
Do amor que Me traz.

32656

A minha alma em Ti
Caminho de glória
Traçando vitória
Que tanto pedi
E tendo-Te aqui
Da luz merencória
Mudando uma história
Aonde perdi
O rumo passado
Agora traçado
No encanto maior
Eu tento e vislumbro
No amor me deslumbro
Mais forte e melhor.

32657

Um barco à deriva
Em plena tempesta
Amor quando resta
E tudo já priva
Abrindo esta fresta
A luz ora criva
Uma alma cativa
Outrora funesta
Bebendo da luz
E nela produz
Vital ressonância
Assim caminhando
Em solo mais brando
Com toda elegância.

32658

Minha alma se eleva
E bebe esta sorte
Que tanto conforte
Sonegando a treva
Aonde se leva
Mudando este norte
Assim se comporte
Quem tanto inda neva,
Vencer os grilhões
Tantos turbilhões
E ser mais feliz
No amor necessário
Templo imaginário
Além do que eu quis.


32659

Mantendo esta fé
Aonde pudera
Vencer qualquer fera
Rompendo a galé,
E vivendo até
Noutra primavera
A sorte se espera
Por ter o quanto é
Da vida passada
Em outra surtida
Assim revivida
Seara traçada
Com toda beleza
Da Mãe Natureza.

32660

Meu ser do teu ser
Apenas reflexo
E tanto do nexo
Pudesse conter
Além prazer
Do amor e do sexo
Num todo complexo
Viver, renascer
Bebendo esta cena
Que tanto serena
Quem busca o caminho
No todo já somos
Bem mais do que gomos
De Deus me avizinho.

32661

Indistintas luzes
Tantas vezes vira
Quem perdendo a mira
Cultivara as urzes
E quando reluzes
Todo tempo gira
E tanto interfira
No que mais seduzes
Ao vencer o medo
Quanto amor concedo
Onde poderia
Novamente em brilho
Cena que palmilho
Mera fantasia?

32662

Envolvido em paz
Nada mais desejo
E se tanto almejo
Quanto ser capaz
De viver atrás
Deste vão lampejo
Aproveito o ensejo
Que me satisfaz
E bebendo à sorte
Deste amor, meu norte
Onde vivo em glória
Remodelo assim
O que existe em mim
Virtual vitória.

32663

O nada que perfaz
Imensa caminhada
E tanto em alvorada
Quanto em noite traz
A ausência da paz
Onde quis o nada
Novamente a estada
Mergulho mordaz,
E tenaz meu sonho
Nele me proponho
A saber do quanto
Num momento eu possa
Lua que remoça
Prateado manto.


32664

Teu silêncio toma
Toda a paisagem
Onde quis miragem
A verdade doma
Como fosse um coma
E sem ser viagem
Procuro ancoragem
Mesmo quando assoma
Caminhando em vago
Esperança alago
Com meu canto e verso,
Beijo a tempestade
Tanto que degrade
Quanto traga imerso.

32665

Velas sendo abertas
Barco em mar imenso
Quando me convenço
Deste olhar desertas
E se ainda acertas
O que tanto penso,
Na verdade é tenso
Entre as descobertas
Noites frias; vagas
Quando a luz apagas
Nada mais se vê
A não ser a face
Onde o medo grasse
Sem ter um por que.

32666

Teu sorriso molda
Em beleza rara
Quando a voz declara
E nos sonhos solda
Toldos entre tantos
Determinam sendas
E nelas atendas
Com teus desencantos
Momentânea fonte
Dela se irradia
Novamente o dia
Onde já desponte
Desaponte e mate,
Feroz arremate.

32667

Sorriso em mudez
Vagas noites trama
E se ainda há chama
Noutra se desfez
Tanta insensatez
Renovado o drama
Amor não inflama
Quando nada vês
Nem tampouco o sonho
Se nele componho
Cada falso brilho
Mergulhando em mim
Busco pelo fim,
E o começo eu trilho.


32668

Vou andando em altos
Caminhar mais farto
E se assim descarto
Velhos sobressaltos
Os meus céus incautos
Adentrando o quarto
Ao vazio eu parto
Esperanças: autos.
Vago em vãos momentos
Toscos pensamentos
Velhas heresias
E também te vais
Procurando um cais
São alegorias...

32669

Dura queda parte
O que fora lúcido
Hoje não translúcido
Vivo este descarte
Riso em ironia
Com sarcasmo ou dor
Tanto a se propor
Quanto mais viria
Remodelação
Remoendo a vida
Quando a despida
Doura a direção
Barco vela e leme,
Solidão que algeme.


32670

Jogado num canto
Na sala de espera
Aonde se gera
A dor, ledo manto
E quando não canto
A sorte tempera
E morta esta fera
Gestando o quebranto,
Riscando este céu
Vivo carrossel
Amor diz do quando
Pudesse sem tréguas
Distante tais léguas
Do quanto formando.

32671

Finjo o que sou
Ou tanto seria
Não fosse vazia
A sorte em que estou
Resumo onde vou
Na noite que esfria
E mesmo sombria
Em mim já restou
Vagando sem nexo
Espelho em reflexo
Do quanto perdi
E tanto pudera
Aonde se espera
Além ou aqui.

32672

Escrevo onde minto
Ou mesmo pondero
E quando sou fero
Vulcão diz do instinto,
Porém se distinto
Do quando me espero
E nisto tempero
Até quando extinto,
Vencendo o que tanto
Ainda em encanto
Pudesse diverso
Assim retrocesso
Ou noutro processo
Invento meu verso.

32673

A imaginação
Imagem dispersa
Aonde se versa
Qualquer direção
Pudesse e verão
A sorte se inversa
Mergulha e dispersa
No mar de um verão
E tropicalmente
A mente que mente
Remete ao futuro,
E tanto vivesse
O quanto tecesse
Em solo mais duro.

32674

Marcando o meu passo
No traço mais forte
Enquanto comporte
Assim eu me traço
Ao nada se eu grasso
Voltando do norte
Pudesse em aporte
Viver cada espaço
Restando a esperança
E nela se lança
A lassa promessa
A vida sem par
No eterno voltar
Assim recomeça.

32675

Terraços que tento
No pouso tranqüilo
O quanto desfilo
E mesmo em provento
Mergulho no vento
E dele destilo
Sem paz nem estilo
Apenas fomento.
Risonho ou feroz
Medonho ou atroz
Já não me comporto,
Assim se inda vejo
Aquém do desejo
Jamais reconforto.

32676

A noite que é linda
Bela e constelar
Deitando o luar
Aonde deslinda
E quando se finda
A vida em solar
Caminho sem par
Divergindo ainda
Do todo que fora
Vital sonhadora
Espera divina
E toda a tormenta
Amor apascenta
Enquanto domina.


32677

Buscando qualquer meio
Aonde poderia
Viver a fantasia
Que não, jamais receio
A sorte eu rodeio
E dela a alegria
Na qual me daria
Total devaneio
Bebendo este fel
Amor segue ao léu
E vaga sem rumo,
Mas quando me entranho
Se eu perco ou se ganho,
Do todo eu consumo.

32678

Girando esta sorte
Um redemoinho
Aonde me alinho
Ou tanto conforte
Matando tal morte
E nela avizinho
O tempo sozinho
Carinhos comporte,
Suporte da vida
Se tanto ou perdida
Renasce em momento
E dele criando
Num ar duro ou brando
Moinhos de vento.

32679

Comboios diversos
Em versos e arroios
Aonde em apoios
Por quanto perversos
Bebendo dispersos
Traçando meus joios
Vagando em comboios
E neles meus versos,
Assim retroajo
Enquanto reajo
Ou mesmo procuro
Vencer o que ainda
A sorte deslinda
Em céu turvo e escuro.


32680

Pudera esta fera
Que habita meu peito
Enquanto me deito
Matando em espera
E assim regenera
O sonho desfeito
Gerando este pleito
Viver primavera,
Rescende ao perfume
E quando mais lume
Maior a certeza
Do tempo que venha
E nele esta senha
Que é feita em clareza.


32681

Não devo ou devia
A quem se pudesse
Trazer a benesse
Viver poesia
E tanto faria
Aonde se tece
Depois já se esquece
Nova alegoria
Assim renovado
Volvendo ao passado
Futuro arremete
E tento singrar
Diverso, outro mar
Que a mente promete.

32682

Ainda um arauto
Trouxesse a manhã
Embora tão vã
Ou tanto se incauto
O passo, se eu salto
E bebo este afã
A vida é malsã
Mesmo quando lauto
O tempo onde vejo
Morrer o desejo
No ensejo maior
E assim tanto faz
O quanto se é audaz
Ou mesmo melhor.

32683

Se eu sigo enganado
Ou se engano e sigo
No quarto ou abrigo
Num samba ou num fado
Traçando este enfado
Ainda eu prossigo
E quando consigo
Bebendo o passado
Vestindo a surpresa
Da qual incerteza
É feita ou refaz
Regalos diversos
Ausentes dos versos
Descansando em paz.

32684

Julguei ser meu eu
O quanto se fez
Em tal lucidez
Depois se perdeu
Meu ego morreu
No quanto descrês
E nada revês
Revés que se deu
Mergulho ou entulho
Apenas vasculho
E bebo esta sorte
Deitando no vago
E quando me afago
A morte conforte.


32685

Seja como for
Se for ou não quer
A sorte é mulher
E eu beija-flor
Moldando o compor
E nele qualquer
Distante sequer
Do quanto me opor,
Reservo-me ao fato
E quando retrato
Reponho o começo
Assim se percorro
Ainda este morro
Prometo o tropeço.


32686

Fosse como posso
Do jeito que vem
O quanto se alguém
Regendo o que é nosso
Ainda me empoço
E vendo este aquém
Na dor ou desdém
Mesmo assim remoço
Refaço o percurso
E tanto sendo urso
Mergulho em vazios,
E tento outro canto,
Mas rasgando o manto
Totais desafios...


32687

A vida refeita
Na vida que tento
Enquanto eu me alento
Na sorte se deita
A lua na espreita
Expressa este vento
Bebendo o fomento
Amor se deleita
Vivendo esta história
Ausente memória
Da tarde dorida
Na noite em tal lua
A glória que atua
Refaz minha vida.


32688

Do pó volto ao quanto
Não fora outro pó
E sigo tão só
E nisto me encanto
Vivendo, entretanto
Ainda sem dó
Estreito este nó
Cobrindo co’o manto
Cenários em festa
Amor quando atesta
Por fim trama a paz
E corta e sossega
Uma alma se é cega
No amor se refaz

32689

Momento diverso
Aonde pudera
Viver sem espera
Ou mesmo um perverso
Caminho disperso
E tanto quisera
No pouco em que dera
O meu canto imerso,
Versando com fúria
A sorte em lamúria
Incúrias conhece
E todo o passado
Deveras mofado
Já rejuvenesce.

32690

Enquanto acontece
A vida em cenário
Diverso ou contrário
Gerando esta messe,
Aonde obedece
Amor temerário
Ou se necessário
Vencer pela prece
Resolvo o que rege
Ou vejo este herege
Caminho sutil
E nele a promessa
E assim recomeça
O que já se viu.

32691

Vencendo infinitos
Em fartas canções
E nelas compões
Diversos os ritos
E quando em aflitos
Caminhos e opções
Mergulhas verões
Em teses e mitos
A face medonha
Aonde se exponha
Quem tanto queria
Vencer com ternura
Agora amargura
A vã fantasia.


32692

Dos meus nevoeiros
Brumoso caminho
E sigo sozinho
Vencendo os inteiros
Vestindo os canteiros
De tanto carinho
Pudesse ser ninho
Onde derradeiros
Espreito o luar
E a cada sonhar
Do todo me adono,
Aonde pudera
Tocar primavera
Encontro abandono.

32693

Dos ermos que venho
Bebendo o passado
O encontro negado
Cruel desempenho
E tanto me lenho
No corte tramado
E nele traçado
O quanto convenho
Vencida a promessa
A sorte em remessa
Mordaz companhia
E nela se vê
Sem mesmo este quê
Ao qual merecia.


32694

Paz sazonal
Não quero e nem possa
Gerar outra fossa
Mesmo desigual
E quando é fatal
A sorte se endossa
Na velha palhoça
Audaz ritual,
Rescindo o contrato
E tanto desato
Enquanto liberto,
E todo o passado
Mergulho no enfado
E o medo deserto.


32695

Planaltos no céu
Aonde tentei
E quando pensei
Levados ao léu
Verter carrossel
Gerando outra lei
Pudesse o que sei
E nele este véu
Cobrindo os meus olhos
Tristezas e abrolhos
Canteiros dispersos,
Assim sem saída
Mostrando esta vida
Que traço em meus versos.


32696

Caindo esta neve
Granizos em mim
Pudesse sem fim
O quanto se atreve
E aonde se eleve
Depois quando enfim
Restando o jardim
E nele se leve
O mundo onde a cena
Deveras serena
Ou mesmo maltrata
A sorte assemelha
Diversa centelha
Por vezes ingrata.

32697

Uma alma sem tramas
Enquanto remoce
Ou mesmo se aposse
Do quanto me chamas
Ainda reclamas
E tomas a posse
Pudesse se fosse
Sem medos ou dramas,
Negando a cadência
Total inocência
Vestindo este luto,
E quando começo
Após o tropeço
Ainda reluto.

32698

Sem ter incentivo
Quanto mais pudera
Além regenera
E assim sobrevivo
Não sendo cativo
Já não vejo a fera
E se destempera
A vida em que vivo
Pergunto sem ter
Ainda o prazer
De crer na resposta
A malha esta teia
Aonde incendeia
Face decomposta.


32699

Não sou quem devia
E assim não me atrevo
E quando outro trevo
Em face sombria
Total ventania
E nela se eu cevo
O quanto em longevo
Caminho seria
A vida sem ter
Ou mesmo o querer
E nele este belo
Sentir o que tanto
Ainda me espanto
Enquanto eu revelo.


32700

Colorindo em mim
Vital aquarela
Jamais se revela
Ainda se eu vim
Buscando o clarim
E tendo esta tela
No qual já não sela
Destino sem fim,
Pergunta ou resposta
A sorte é composta
Do quanto não tem,
E todo o momento
Aonde me alento
Procurando alguém.

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