quinta-feira, 13 de maio de 2010

32551 até 32600

32551

A manhã me trazendo raios belos
Esboça dentro em mim a reação
De quem se fez inverno e negação
Matando desde sempre os meus castelos
E ainda posso ver amanhecendo
Embora do passado se revele
O quanto deste todo ainda atrele
O medo que deveras já desvendo,
Descreio no que tange eternidade,
Mas sei deste momento mais feliz,
E tanto quando a vida já desdiz
Bebendo cada gota, o sonho invade
E trama novamente após o medo
Um dia incomparável desde cedo.

32552


Em seus raios maiores, sensação
De um tempo em que possa renascer
Depois de tantos anos, padecer
Quem sabe noutro tempo a solução
A morte se aproxima e toma a cena
E dela se mostrara cada instante
Ainda noutra face o degradante
Caminho que a mortalha cedo acena
Restando quem me dera esta esperança
E ser diverso quando poderia
No tanto feito em dor e hipocrisia
A vida no vazio agora lança
A espada aonde a fonte se consagre
E mostre o reviver, raro milagre.

32553

Abelha fecundando belas flores
Trazendo em suas asas, primavera
O pólen da esperança regenera
Porquanto se mostrando em outras cores
Matizes que se moldem num encanto
E tento em desafio ainda ver
Distante dos meus olhos, bem querer
E assim inutilmente ainda canto,
Atormentado e mesmo insano eu creio
Na fonte dos prazeres, juventude,
E quando a realidade já transmude
Traçando com terror duro receio,
Mesquinhos dias logo mostrarão
Ausência nos meus olhos, do verão...

32554



Na eterna primavera o coração
Transcende a quem se fez em luz suave
Porquanto cada tempo ainda agrave
Mudando vez em quando esta estação
Realço este percalço costumeiro
No tanto que pudera acreditar
Gestando dentro em mim cada pomar
Moldando com ternura este canteiro
Gerindo com amor o quanto posso
Viver além da minha mocidade
E quando o sonho entorna e assim invade
A cada verso enfim eu me remoço
E sei do etéreo canto em que mergulho
Deixando para trás o ledo orgulho.


32555

A manhã, companheira dos amores,
Expressa com seus raios fulgurantes
Mudando as nossas sortes nos instantes
Em que se revelassem belas cores,
Atrocidades vejo, mas persisto
Lutando contra a minha insensatez
No quanto a poesia ora se fez
O mundo noutra face já revisto
Traçando com ternura este universo
Em rara claridade, mas também
Eu bebo cada gota que contém
Meu canto quando o vejo até disperso
E sei que na verdade amor é esfinge
Traduzo seu anseio e em mim se tinge.

32556

Amor que sei tão forte inda resiste
Aos mais diversos medos, pesadelo.
Pudesse a todo instante percebê-lo,
Porém meu coração decerto é triste
Amordaçado, a voz já não se escuta
E tanto quis viver felicidade,
Mas quando este temor ainda invade
A noite se mostrando bem mais bruta,
Pudesse acreditar, mas não consigo
E sei que depois disto vem o nada
A face se traçando desolada
Somente o desengano, desabrigo
E tudo me remete ao mesmo vão
E nele refletida a negação.

32557

Apenas me mostrara bem mais triste
Do que já acostumara a ser enquanto
O mundo preparando o desencanto,
Não deixa qualquer sombra e não resiste
Insisto contra a fúria das marés
E tento, mesmo sendo quase inútil
Ainda caminhando em solo fútil
A cada ausência tua, outro revés,
E sei que este abandono já traduz
A falsa imagem clara de um momento
No qual ao persistir ainda tento
Vencer a escuridão com tosca luz,
Medonha a face exposta de quem sonha
Realidade eu sei quanto é bisonha...

32558

Eu peço-te perdão, meu caro amigo
A vida não podia ser assim,
Aonde se fizera algum jardim
O mundo destruíra e em desabrigo
Somente não consigo imaginar
O todo que talvez fosse preciso,
Ainda coletando o prejuízo
Deixando cada tempo em seu lugar,
Amordaçada a boca de quem tenta
Vencer com calmaria esta ilusão,
Os dias do passado não trarão
Senão a noite insólita, a tormenta
Embora não resolva quase nada,
Minha alma se mostrando desolada...


32559

Pelas tristes palavras que te digo
Percebas o que ainda não te disse
A vida se mostrando uma tolice
Condena o caminheiro ao desabrigo,
E tudo fora apenas tão diverso
Do que se fez em dura sensação
Somando qualquer dor em divisão
A cada ausência tua eu me disperso
E sinto ser tão frágil, mas endosso
Com erros o que tanto fora outrora
Aonde o que se vê não mais decora
E sendo o desengano agora nosso,
A faca com seus gumes afiados
E os erros repetindo os desagrados.


32560

A vida maltratou-me, desde cedo;
Não pude consertar os desenganos
E sendo tão diversos, desumanos
Os dias que vivera sem segredo,
E quantas vezes bebo em solidão
Os bares refletindo o dia a dia
Aonde a realidade refletia
Mostrando o caminhar sem direção
Um pária busca ver numa sarjeta
A vida refletida, mas percebe
Enquanto cada gole ainda bebe
Os erros costumeiros que cometa
Especular demônio se alimenta
Da mesma dor intensa em tez sangrenta.
32561

Pudesse tentar
Quem sabe diverso
Caminho em que imerso
Procuro o luar
Ainda a sangrar
Na ponta do verso
Se tanto disperso
Eu queira te amar
E tento outro intento
E sei quando invento
Bebendo o vazio
E tendo este sonho
Aonde componho
E sei me recrio.

32562

Onde busco a paz
Nada se traria
Minha poesia
Se demais audaz
Tanto satisfaz
Quanto me daria
Dor e fantasia
Disto sou capaz,
Vivo por viver
Sigo ao bel prazer
Sem saber caminho
Vou cevando a sorte
Procurando um norte
Mesmo tão sozinho...


32563

Nada disto importa
A quem tanto quer
Venha o que vier
Vou abrindo a porta
E se me comporta
Coração qualquer
Tanto o que quiser
Com ternura aporta
Vou seguindo assim
Procurando em mim,
Um pedaço teu
E se ainda vejo
Bem maior desejo
Neste amor se deu.

32564

Versos vou traçando
Em sonetos vários
Cantos necessários
Neste tempo brando,
E se tanto quando
Encontrei corsários
Dias temerários
Noutros transformando,
Vivo assim em paz
E se tanto apraz
Quero estar contigo,
Na certeza disto
Tanto amor insisto
Sempre mais persigo.


32565

A palavra atrai
Outro pensamento
Num maior alento
A tristeza esvai,
E se ainda cai
Sobre a terra em vento
Meu pressentimento
Nem o tempo trai,
Caminhando ao léu
Percorrendo o céu
Livre sem temor,
Não concebo o medo
Tanto sol concedo
Quando em pleno amor.


32566

Risca o tempo a sorte
Vive a melodia
Que deveras cria
Onde se transporte
Navegando ao norte
Busco a fantasia
E se tanto urdia
Caminhar sem corte
Mergulhando em ti
Tanto descobri
Que te quero mais,
E se ainda creio
Vivo sem receio
Ledos temporais.


32567

Tanto pude ver
Depois desta tarde
Quanto amor retarde
O querer morrer,
Novo entardecer
A saudade que arde
Vive em pleno alarde,
Mas procuro crer
Noutro tempo após
Onde tenha a voz
De quem tanto quis,
Sendo assim, não paro
Procurando o raro
Caminhar feliz.


32568

Versos mais diversos
Entre tantos quanto
Ao querer encanto
Encontrei perversos
Vago em universos
E se ainda eu canto,
Procurando um manto
Onde eu veja, imersos
Os desejos vários
Sei que necessários
A quem tanto quer,
Ser feliz um tempo
Ledo contratempo,
Seja o que puder...


32569

Merecia a luz
Quem se fez escuro
E se em tal procuro
Quem amor conduz
Novo templo eu pus
No que tanto juro
Meu amor perduro,
Noutro amor, compus
Violentamente
Violenta a mente
Quem não sabe amar,
Sendo assim sozinho,
Traça o seu caminho
Sem saber luar.


32570

Vejo ao longe o brilho
Desta estrela guia
Viva a poesia
Onde em paz palmilho
Cada sonho trilho
Nele a fantasia
Que se mostraria
Sem um empecilho
Navegando ao cais,
Quero muito mais
E se vem eu tento
Novamente o encanto
E deveras canto,
Procurando alento.

32571

Tirano poder
Do amor que conquista
E tanto se avista
O quanto sofrer,
Mas tento querer
E sendo otimista
O medo despista
Mergulho em prazer
E quero bem mais
Do que temporais
Momentos eternos,
Assim sendo a vida
Às vezes vertida
Em duros invernos.

32572

Se quando é senhor
Do meu pensamento
No quanto lamento
Distante sabor
Vivendo a compor
Num novo momento
Vital sentimento
Ditando este amor,
Meu verso cambia
E a noite é vadia
Tomada de estrelas
As sortes benditas
Nas quais acreditas
Eu posso revê-las.

32573

Sagrada e divina
A sorte que tenho
Ao ver tanto empenho
Aonde fascina
A vida ilumina
No quanto me embrenho
Vencendo já venho
Beber desta mina
Na fonte da vida
Jamais exaurida
Real juventude
Amor se apresenta
Minha alma sedenta
Aos poucos se ilude.

32574

Reinando e vivendo
Momento feliz
O quanto se quis
Do amor estupendo
Aos poucos revendo
Cada cicatriz
Eterno aprendiz,
Contigo aprendendo
De novo esta sanha
Aonde se assanha
O peito menino
Embora tardio,
Amor nega o frio
E assim me fascino.

32575

A mais venerada
De tantas que eu vejo
Domando o desejo
Feliz alvorada,
Assim destinada
A ter cada ensejo
Além do lampejo,
A paz alcançada
Nos braços de quem
Amor sempre tem
E tanto me traz
Bem mais que este alento,
No encanto alimento
A sorte tenaz.

32576

Sem ter limiar
Amor não se cansa
E toda esperança
Não pode cansar
Além de voar
A mesma aliança
Que assim já se lança
Tomando o lugar
Aonde a tristeza
Servira em destreza
Matando o meu sonho,
Refaço caminho
Jamais vou sozinho
No amor que proponho.


32577

O sol madrugando
Tomando o cenário
Canto imaginário
Ouvido inundando
O céu ora brando
Antes temerário
Sem ter adversário
O todo tocando
Fazendo de mim
Melhor ser e assim
Jamais perderia
Amor quando traço
Esqueço o cansaço
Bebo a ventania...

32578

Abismos que vira
Quem tanto lutara
E agora se ampara
No quanto mais gira
A terra prefira
Distante da amara
Aonde tocara
A fúria, esta pira,
Pureza distante
Amor degradante
Não tenho saída,
Perdendo o meu rumo,
O quanto em aprumo
Já não vejo a vida.


32579

Num mar tão profundo
Vagara sem medo
E agora concedo
No quanto me inundo
Do amor moribundo
Ausente o segredo
Condena ao degredo
Matando o meu mundo,
Restando somente
O quanto se sente
Na noite sombria,
Além do vazio
Ainda desfio
A dor que se via.


32580

Ondas turbulentas
Tomando o meu mar
E nele tentar
Enquanto mais ventas,
Vencer as tormentas
E ainda aportar
Distante lugar
No todo que inventas,
Mesquinho tal sonho
E quando medonho
Não posso saber
Do quanto deveras
Além das esperas
Possa receber...


32581

O meu pensamento
Liberto vagueia
E a lua se é cheia
Aumenta o provento
Maior sentimento
Enquanto rodeia
A vida ora alheia
Noutro tempo eu tento
Vencer rebeldias
E assim me trarias
Somente esta paz,
Mas sei quanto amor
Tocando esta flor
Belezas me traz.

32582

Os grandes pensares
Por vezes maltratam
Aonde desatam
Diversos altares
E quando tocares
As sombras que inda atam
Amores desmatam
Destroçam pomares
E vejo somente
Ainda a semente
Aonde pudesse
Viver com ternura
O quanto procura
Enfim, tal benesse.

32583

Nosso coração
Ainda sabendo
Do quanto estupendo
O raro verão
Não sabe senão
O amor quando vendo
E assim já descrendo
Dos dias em vão,
Vergando em tal peso
Jamais o desprezo
Traria um sorriso,
Imenso sarcasmo,
Sozinho, vou pasmo,
Num passo impreciso.

32584

A brisa que abranda
A dor de quem ama
Ainda em tal drama
A sorte é nefanda
E quando desanda
Não tendo mais chama
Porquanto reclama
Negando a demanda.
Mortalha tecida
Na dor que me acida
E tanto pudera
Vencer os meus ermos
Em paz ao sabermos
Vital primavera.


32585

Sorte que me alaga
Tocando o meu rumo
E bebo do sumo
Que a vida me traga
Negando esta chaga
A dor eu esfumo
E amor se eu consumo
No quanto me afaga
Adagas esqueço
Não tendo endereço
Jamais apunhalo,
Assim bebo a vida
Divina vivida
Imenso regalo.


32586

Em ondas gigantes
Vitais heresias
Aonde porfias
Cenas degradantes
Já não adiantes
Deixando tais dias
E neles sabias
Auroras brilhantes
Mas nada se vê
E sem um por que
Não sou nem serei,
A morte ameaça
E em tanta desgraça
A dor dita a lei.


32587

Inquietas espumas
Tocando esta areia
E a lua incendeia
Enquanto te esfumas
E nada consumas
Além da sereia
Tomando esta veia
Por onde não rumas
Vencido corsário
Amor temerário
Apenas naufrágio,
E assim toda sorte
Conforme comporte
Cobrando seu ágio.


32588


Quebrando na areia
O mar não traria
Imagem que um dia
Ainda incendeia
E bebe da cheia
Maré que se cria
Feroz ventania
O amor não rodeia,
Resgate do quanto
Ainda sem tanto
Pudesse saber,
A noite se traz
E nela é mordaz,
Atroz meu viver.

32589

O quanto nos toca
A sorte bendita
A morte se excita
E joga em tal roca
A fúria que entoca
Alterando a dita
Aonde acredita
O amor se desloca
E toma o lugar
E sem ver o mar,
Vivendo o vazio,
Refaço o caminho
E quando eu me aninho,
No ninho que eu crio.


32590

Num manso lugar
Quem sabe meu porto
Depois semimorto
Voltando a sonhar,
Quem possa mostrar
Aonde este aborto
Agora em absorto
Caminho a sondar
Com frases dispersas
Ainda em conversas
Versando sem nexo,
O amor não sabia
Da luz mais sombria
De um mundo complexo.

32591

Pudesse este império
Do amor sem juízo
Viver paraíso
E sendo um mistério
O quanto em minério
Outrora impreciso
Outrora granizo
Um ar bem mais sério
Volúpias traçando
Um fogo tomando
Incêndios diversos
Assim nesta noite
O quanto se acoite
Além destes versos...


32592

Imensa extensão
Em luzes e brilhos
Diversos os trilhos
Tenra direção
Aonde virão
Meus pés andarilhos
Em tantos ladrilhos
Vagando este chão
Rasgando este espaço
O sonho que traço
Revive a promessa
E desse momento
No qual já me alento
A vida começa.


32593

Amor não humilha
Também não maltrata
A sorte se ingrata
Aonde se pilha
Vital armadilha
A senda retrata
No quanto se mata
Ou mesmo palmilha
Caminhos ausentes
E quando pressentes
Momentos de paz
A vida começa
Por vezes avessa,
Ou mesmo tenaz.

32594

O sonho tomando
Momentos diversos
E neles imersos
Os dias em bando
Vivendo e tocando
Assim universos
Pudessem meus versos
Os teus entranhando
Riscando este espaço
No quanto já traço
De mim no teu eu,
Atonitamente
A vida não mente
E em nós renasceu.


32595

Lutando em cansaço
Vencendo o meu medo,
Aonde concedo
Assim cada passo
Realço este traço
E nele o segredo
Enquanto procedo
Negando estar lasso,
Grassando promessas
E quando começas
Meus dias são bons,
Amar é saber
Além do querer
Viver mesmos tons.


32596

Feliz existência
Dourando o caminho
Por onde me aninho
Em tal convivência
Assim a inocência
De quem em carinho
Não mais vai sozinho,
Mera coincidência?
Clemências à parte
Amor que descarte
Não vale nem quero,
Desejo o delírio
Distante martírio
No sonho sincero.


32597

Festim matinal
A noite promete
Depois se repete
Velho ritual,
Degrau por degrau
O quanto arremete
Em riso e confete
Traçando esta nau
Vagado por mares
Distantes lugares
Aonde tu vais,
E tento ser teu
Porquanto venceu
Amor vendavais.


32598

Brindando ansiedade
A quem se fizesse
Além de uma prece
Amor de verdade
No todo que brade
A voz em tal messe
E assim recomece
Com tranqüilidade
Vencido o temor
Não posso seguir
Sabendo o porvir
Se não tem amor,
A vida seria
Tão triste e vazia...

32599

Em novas delícias
Momentos sem par
Podendo singrar
Sabendo notícias
Aonde em fictícias
Manhãs a mostrar
Além do solar
As mansas carícias,
Porém em segredo
Amor que concedo
Jamais tu terás,
Pois vivo esta ausência
E nela a inclemência
Deveras mordaz.

32600


Descubro em teus braços
Momentos de glória
Assim minha história
Mudando os seus passos
Ganhando os espaços
Traçando a vitória
Vencendo a memória
De dias mais lassos,
Rasgando este medo
No quanto eu procedo
Singrando este mar
Amando demais
Encontro o meu cais
Aonde aportar...

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