quinta-feira, 13 de maio de 2010

32601 até 32650

32601

Arranco do peito
Amor que mentira
E tanto sem mira
O sonho desfeito
Pudesse no leito
E ainda prefira
Enquanto retira
De mim todo o pleito
Cerzindo em momento
O que tanto alento
Vencer dor e tédio
Assim sendo a vida
Em outra vivida
Toando este assédio.

32602

Verdade tão clara
Não posso mais crer
No quanto o poder
Em luz se declara
A sorte se amara
Não quero viver
E tanto a se ter
Se assim desampara,
Erguendo este olhar
Além do horizonte
Aonde desponte
Um raro luar,
Beber desta fonte
E saber amar...

32603

Vital sentimento
Aonde não via
Nem mesmo alegria
Sequer um alento
E quando inda tento
Em tal poesia
Viver alegria
Matar sofrimento,
Eu bebo da sorte
Que ainda conforte
E traço outra luz
E nela o degredo,
Distante segredo,
Ao qual já me opus.

32604

Depois do que vem
A tarde em tristeza
Imensa beleza
Do amor, raro bem,
E nele contém
Além da destreza
Já toda a certeza
Do muito que tem,
Sentir a promessa
E nela começa
A vida tranquila
Refém de um passado,
Agora mudado,
Na paz que desfila.

32605

As cinzas do sonho
Depois de perdido
Há tanto vencido
Fatal e bisonho,
E quando reponho
No amor o sentido,
Altar soerguido
Num ar mais risonho,
Percebo talvez
O quanto não vês
Do tanto que somos,
Assim se mostrara
A vida tão rara
Em diversos tomos.


32606


Sonhando com versos
Bebendo esta luz
E nela produz
Em rumos diversos
Tocando universos
O amor que conduz
E sendo sem cruz
Nem tons mais perversos
Eu quero e repito
No quanto é bonito
Viver este brilho,
Deixando a promessa
A vida começa
No amor que palmilho.


32607

Viver pensamentos
E neles singrar
Além deste mar
Diversos tormentos
Sabendo dos ventos
E quando ancorar
Porquanto tomar
Sobejos momentos
A vida redime
Do amor e do crime
Não deixa sinais,
E quando se vê
Talvez sem por que
Outros vendavais...


32608

Qual fosse oração
O verso que faço
Buscando este laço
E nele o verão
Ainda virão
Após o cansaço
Momentos que traço
Em tal devoção
Perfeita beleza
Na qual a leveza
Moldada em ternura
Traçando em cuidados
Mudando meus fados,
No amor que me cura.


32609

Podendo seguir
O quanto desejo
E sempre prevejo
Um raro porvir
Depois de impedir
Da dor o lampejo
E tanto latejo
Tento redimir
Bebendo esta fonte
Que há tanto se aponte
Mudando o cenário.
Amar é preciso,
Viver paraíso
Mais que necessário...


32610


Não quero ser nada
Nem mesmo vazio
E assim desafio,
A força calada
Duma alma traçada
No olhar mais sombrio,
E sigo este rio
Na foz declarada
Em mar tão imenso
Em ti quando eu penso
Libertando uma alma
Após a senzala
A voz não se cala,
Somente se acalma.

32611

Os fins de toda terra, possessão
Tomados pelas ânsias mais terríveis
E assim além dos sonhos implausíveis
Momentos mais diversos mostrarão
A quem procura apenas pela paz
A solução de todos os problemas,
Portanto quando em Deus mais nada temas,
No amor que em liberdade perdão traz
Assim ao se mostrar remodelada
A vida feita em dor, terrores, medos
Sabendo dos caminhos e segredos
Vivendo a mansidão da imensa estrada
Na qual e pela qual se chega ao Pai
No amor cuja verdade não se trai.

32612

Darei a ti herdade preciosa
Do amor que nos liberta e traz em si
Incomparável força aonde eu vi
Sublime emanação, sobeja rosa,
A estrada se aproxima do final
E em ti renascerá em plenitude
Se ausente dos meus dias, juventude,
No amor renovação fundamental,
Assim ao perceber o quanto esvai
Na dura solidão meu dia a dia,
Ainda que decerto enfim, sabia
Caminho que nos leve ao mesmo Pai
Arcando com os erros hoje eu posso
Falar do imenso amor, que é meu e nosso.

32613


Pelo Pai: Tu és filho meu gerado;
E sendo assim de todos, preferido
O quanto deste amor se faz sentido
E dele novo tempo desenhado,
Perpetuando a glória de saber
Intensa maravilha feita em luz
E quando esta beleza nos conduz
Aos mais sublimes ermos do prazer,
Vencendo os meus enganos, posso ainda
Saber da solução no amor a Ti,
A quem por toda a vida em paz servi,
Presença abençoada e tão bem vinda
Por ser Teu filho e crer na eternidade,
Concebo-Te Senhor, Amor, Verdade.

32614

Proclamarei decreto dito a mim
Porquanto possa ser irmão e filho
Ainda há tanto tempo quando eu trilho
Revolvo cada passo de onde vim,
E assim quando deveras sei do encanto
E nele toda a flama dominando
Aonde a imensa dor em contrabando
Esvai-se na medida em que me encanto
Senhor dos meus anseios e querências
Vibrando dentro em mim amor intenso
E quando desta luz eu me convenço
Sentindo tal furor, em eloqüências
Diversas Tu proclamas, venha e chama-me
Tomando o dia a dia em fogo. Inflama-me!


32615

E no furor, os turbará, enfim
Tomando com ternura em fogo e glória
Mudando assim as cenas e a vitória
Chegando mansamente dentro em mim,
Vestindo de emoção um verso em prece
Momentos mais tranqüilos se verão
E amar é como fosse uma oração
Na qual eternidade já se tece,
Vencer os descaminhos e saber
A direção da vida após a vida
A cada novo tempo em despedida
Promete-se um real amanhecer,
Negando os desenganos de outros dias
No amor em plena paz, transformarias.


32616

Então lhes falará, com ira e fúria
Quem tanto se fizera pacifista
E quando alguma incúria já se avista
Não adianta lágrima ou lamúria,
Assim ao se mostrar em plenitude
A mesma mão que afaga com ternura
Usando desta vara que tortura
No amor aonde em ódio se transmude.
Condena-se ao flagelo quem se dá
Às ânsias sorrateiras e ferozes,
Gerando com terror próprios algozes
Mudando a sua história desde já
E assim do amor eterno se faz a ira
No quanto em tempestade se interfira.

32617

O Senhor zombará desses gentios
Que tanto proliferam ódio e guerra
Aonde toda a sorte não descerra
A porta em dias vagos e sombrios,
O amor que em amor gera o pleno amor
Sem ter sequer medida, mostra além
Do quanto em própria luz o amor contém
E vence qualquer fúria ou dissabor
Liberte o coração e siga em frente
Sem ter no olhar as sombras do passado,
Viver novo presente afigurado
No amor que em novo amor se represente
Eternamente assim verás a glória
Aonde se proclame esta vitória.


32618

Dos nós em vagas cordas se virá
A ausência do que possa conceber
Na imensidão do amor, raro prazer
E assim o sol jamais rebrilhará
Na cena aonde tudo poderia
Tramar diversidade em plenitude
E quando se transcorra em paz e mude
A direção dos ventos veja o dia
Nascendo com um brilho incontestável
E tantas vezes mostre esta alvorada
A vida noutro tempo saciada
Vencendo qualquer ódio demonstrável,
No quanto amor, perdão, diz liberdade
A glória do Senhor, em paz invade.

32619

Rompamos ataduras, sacudamos
Os arvoredos neste duro outono
E quando procurando algum abono
Vislumbro renascendo enfim os ramos
E deles novas folhas, primavera
A sorte se refaz incrivelmente
Na eterna juventude nossa mente
Com toda sapiência se tempera
E tendo esta certeza renovando
O rumo outrora frágil, terminal,
O amor nos dominando em novo astral
Tornando o mais feroz, agora brando.
Restando apenas crer na eternidade
Que a cada reviver mais alto brade.


32620

Se contra quem ungido em paz se luta
E tenta destruir o que se fez
Além do pleno amor, da insensatez
Com fúria sem igual feroz e bruta
Não creia ser possível derrotá-lo
Porquanto ao fim de tudo vencerá
O amor a tempestade que trará
Momento tão diverso, mesmo talo
Assim a discordância mostra o quanto
Do todo se transforma meramente
Aonde novo tempo se apresente
Cobrindo com ternura, raro manto,
A dita quando em luz e libertária
Suplanta qualquer treva temerária...


32621

Os reis da terra se erguem contra quem
Disseminando apenas amor traz
Nos olhos a ternura, amena paz
E sabe da alegria que convém
Vibrando em consonância com quem ama
E tantas vezes mostra a face clara
Aonde toda a sorte se prepara
Tornando mais durável qualquer chama,
Levando ao mais sublime caminhar
E quando a noite chega – inevitável-
O amor tornando o solo enfim arável
Transforma toda a vida e vem mostrar
A senda maviosa feita em sorte
Por onde não se vê final ou morte.


32622

Os povos imaginam coisas vãs
Aonde poderiam ter certezas
E sendo tão vitais as correntezas
Gerando com vigor novas manhãs
Assim ao se mostrar a vida em face
Real e sem disfarces, vejo apenas
As sensações diversas e serenas
Por onde todo o amor supere o impasse,
Realçam-se caminhos reluzentes
Mergulho em tal seara e me aproximo
Porquanto no caminho, medo e limo,
Na queda em que decerto já pressentes
Por mais que movediço, traz vitória
Mudando plenamente a nossa história.


32623

Aonde em tais motins se mostraria
A face escusa e torpe do não ser
Pudesse tão somente reviver
O amor em plena luz farta alegria,
Vencer os meus temores e me dar
Sem tréguas e defesas ser assim,
E tendo esta certeza dentro em mim
Sabendo finalmente o intenso amar,
Não vejo outro caminho senão este
E nele toda a sorte em flórea senda
Aonde cada luz se reacenda
No amor que tanto deste e recebeste.
Viver essa emoção é ter nas mãos
Da eterna caminhada, os nobres grãos.

32624

Minhas noites perdidas, tanta mácula
Deixada em minha pele, cicatriz,
Vergasta que a verdade não desdiz
Solar clarividência, rara fácula,
Alheio a qualquer dor eu perpetuo
Em mim o amor intenso que recebo,
E quando noutro rumo me percebo
O que era solitário se fez duo.
E tendo esta certeza de um momento
Em paz quanta ternura se apresente
O amor se corriqueiro e mais freqüente
Traçando com candura o brilho e alento
Expressa a realidade de quem trama
A eternidade além da vida (chama).

32625

Sem te ter, perderei meu rumo, sol
E sendo a caminhada mais tranquila
A quem em tanta luz sempre desfila
O rumo se tomando no arrebol,
Restando pouca coisa a se mostrar
Senão a velha estrada costumeira,
Aonde tanta glória já se inteira
Moldando o mais sublime a desenhar
Jamais desprezaria a imensidade
Do amor além de tudo, etéreo e raro,
E quando com ternura me declaro
Encontro-me decerto em divindade
Risonha luz se emana nos meus olhos,
Colhendo da esperança tantos molhos.

32626


Na tua trilha eu sigo; meu farol
É feito desta forte fluorescência
Na qual com toda a sorte e paciência
Desvendo meu caminho e rumo em prol,
São claros os desvios e decerto
O tempo não traduz o que se quer,
Ainda mesmo assim o que vier
Encontrará meu peito sempre aberto,
E tento discernir melhor seara
Por onde prosseguir sem ter no olhar
O medo que pressinto a dominar
Enquanto a realidade se declara,
Fugazes dias moldam solidões
E nelas outras tantas- tola- expões.

32627

Do teu brilho estrelar, porquanto em tramas
Diversas imagino o quanto pude
Vivenciar tardia juventude
No amor onde com força tu proclamas
Assisto aos meus anseios e os ancoro
No tempo além do tempo, eternamente
E assim ao se mostrar tão terna mente
Com todos os desejos corroboro
E embebo-me da glória de sentir
Emanações sublimes que há em ti
E tanto quanto outrora me perdi
Encontrarei enfim raro elixir
No pendular caminho rumo ao fim,
Cevando, cuidadoso, este jardim.


32628



Despeço-me com calma e sem anseios
Vibrando com ternura em luz perfeita
E quando noutro tanto amor se enfeita
Mostrando delicados, raros seios,
Adentro tempestades, sei dos veios
A sorte mesmo inglória já se aceita
E toda a madrugada se deleita
Nas velhas investidas sem rodeios,
Resisto por saber do cadafalso
Masmorras costumeiras, cada falso
Caminho no passado diz ausência
E assim ao se mostrar com ares mansos
Buscando nos teus ermos meus remansos
Supero qualquer ou inclemência.

32629

Vivi profundamente meu desejo
Sem perguntar sequer se havia chance
De ter esta alegria ao meu alcance
E quando novo tempo em ti prevejo
Almejo tão somente acreditar
No amor que nada pode traduzir
Senão a própria sorte e no porvir
Renovação em vida irá moldar,
Gerando dentro em nós a eterna luz
E dela nova mente se mostrando
Já não comportaria mais nefando
O quanto ao vago tempo se reduz
O passo caminhando em luz diversa
Ao qual o meu anseio já não versa.

32630

Valeram enfim todos meus martírios
As sortes se mostraram convincentes
E quando dos meus olhos mesmo ausentes
Já não comportariam vãos delírios
Exemplando o caminho em luz suave
Porquanto a vida trama a mansidão
Encontro finalmente a dimensão
Sem ter nada deveras que inda agrave
O passo rumo ao quanto e nada vejo
Semeio dentro em nós a liberdade
E quando se procura a intensidade
Maior que simplesmente algum lampejo,
Eu sinto-te por perto e me ilumino,
No amor puro e real, diamantino...

32631

Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo...
Perpetuando um sonho em ar supremo
E quando neste tanto não mais temo
Sequer o meu final, num mundo findo,
Resumo o meu caminho nesta sorte
E bebo cada gota sem sentir
O medo que pudesse ainda vir
E tendo esta certeza que conforte,
Aporto neste tanto aonde herdei
Cenário abençoado e mais feliz,
Jorrando em minha pele nada diz
Da dor insuportável, velha grei.
Renova-se esperança e decerto
O rumo se apresenta agora aberto.


32632

Cobertos estarão por belos lírios
Os campos onde vejo o meu futuro
Bebendo deste sonho eu te asseguro
Não quero a solução de mortes, círios,
Jamais me imaginara renascido
Depois de tantas noites degradantes
E vejo em teus olhares por instantes
A vida renovando algum sentido,
Especulando apenas no passado
Agora se apresenta realmente
E todo novo enredo se apresente
Traçando o caminhar e lado a lado
Seguindo a imensidade deste amor
Eu vejo com ternura um raro albor.

32633

Teu corpo, nossos corpos, noite afora
Assim um Quasimodo, uma Esmeralda
Amor quando em amor o amor desfralda
E tanto brilho agora nos decora
Permite esta existência após a morte
E tento disfarçar o quanto anseio
Vivendo tão somente eu já rodeio
O fim aonde além amor transporte,
E sendo tão factível pensamento,
No porto anunciado em plena vida,
Porquanto se encontrasse uma saída
Deixando para trás dor e tormento,
Vibrando de emoção, eu te encontrei
Tardio renascer dourando a grei.

32634


A morte acaricia meus delírios
E molda a redenção depois de tanto
Caminho aonde apenas medo e pranto
Gerara após saber fartos martírios
Revivo cada instante e sinto enfim
A próxima manhã que não virá,
E tendo esta certeza moldará
Seara bem diversa dentro em mim,
Atrocidade em vida? Nunca mais.
Apascentando assim terríveis dores,
Delas indefectíveis dissabores
Aonde quis em cores magistrais,
Mas tudo tem seu tempo e o meu se esvai,
Enquanto no horizonte a noite cai.


32635

Meus últimos segundos esvaindo
As sombras de uma frágil ilusão
E sei que novos dias mostrarão
Cenário aonde outrora quis mais lindo
Em face tão diversa e pervertida
Restando a quem navega algum naufrágio,
A dor se fez apenas o pedágio
Cobrado com tal ágio pela vida
E sendo tão comuns decerto ardis
E neles eu redimo cada engodo,
Mostrando apenas charco lama e lodo
Negando o que deveras bem mais quis,
Extinta luz matando o que soubera
Da antiga e tão distante primavera.


32636

As dores que senti se foram. Várias
Manhãs já demonstraram outro dia
Aonde tão somente a poesia
Vencendo as velhas chagas procelárias
Arcando com meus trapos nada mais
Encontro emoldurando este cenário
O amor por ser incerto e necessário
Sujeito à tempestade, vendavais,
Não deixa sobrar nada aonde toca
E arrebentando assim qualquer comporta
Abrindo e transbordando quando aporta
Qual fora onda terrível sobre a roca,
Medonha e fascinante formidável
Figura além do outrora imaginável.


32637

As mortes que refiz são libertárias
E sei que na verdade ao ver inerme
Imagem traduzida em mero verme
E nela cenas claras temporárias
Vendidas como fossem tão perfeitas
Embora na verdade sei que são
Conforme o que se pense em perfeição
Diverso desta face aonde aceitas
Os brilhos mais disformes traduzindo
O quanto não pudesse ser diverso
E sei do quão factível universo
Mesmo quando se mostra assim infindo
Resumo em poucos versos o que penso
Da tal frugalidade em céu imenso.

32638


Consigo distinguir lá: Satanás
Olhando para mim em claro espelho
E quando no vazio me aconselho
Figura discordante tu me traz,
Ascendo ao mais perfeito caminhar
Entre montanhas raras, cordilheiras
Palavras mais sublimes, corriqueiras
E nelas aprendendo a mais amar,
Perpétua face em tal farpa se erguendo
Emoldurando a vida noutra forma
E quando a realidade se deforma
O sonho se mostrara mero adendo,
Adentro dissonantes brilhos quando
Percebo o mundo inteiro transformando.

32639

As horas que se passam, tudo espreito
E tento reviver velha esperança
Enquanto o passo a passo não descansa
Deixando para trás o que era leito,
Reacendendo em mim a frágua aonde
Da simples labareda surge incêndio
E tendo a cada ausência o vilipêndio
Concebo aonde a sorte já se esconde,
Fugazes dias moldam o futuro
De quem se fez ausente mesmo agora,
E quando a fantasia não aflora
Eu vejo o mesmo tempo amargo e escuro
Renova-se a alegria? Vez em quando...
Porém quisera um mundo bem mais brando...


32640


Não quero mais saber se sou capaz
De ter além do olhar desconfiado
Dos sonhos e terrores, meu legado
E nele sonegada qualquer paz,
Restando ao menos ver outro momento
Aonde poderia ser disperso
O mundo para o qual somente verso
E bebo da ternura e me alimento
Do encanto mesmo quando se é fatal
O resto do que ainda guardo em mim,
Vivendo e caminhando ora sem fim,
Pensando novamente noutro astral
No qual eu poderia perceber
A vida renovando este prazer...

32641

Olhando pro teu corpo no meu leito,
Desnuda maravilha se mostrando
E sinto meu amor deveras quando
O tanto que propões eu sempre aceito,
E vivo sem perguntas, tão somente
A vida se transforma enquanto toma
E bebe com ternura cada soma
Gerando novo tempo, outra semente
Seara maviosa onde perfilo
O amor sem ter limites, por viver,
E dele cada dia perceber
O quanto se caminha sem vacilo
Vencendo os temporais, isso é comum
Dos corpos que se fazem somente um.

32642
A cabeça rodando vem a paz
E torno a caminhar em rara luz
E assim enquanto amor me reconduz
Ao rumo preferido, pois audaz,
O quanto deste sonho satisfaz
Quem sabe condenado à vera cruz
E segue mesmo quando em contraluz
Vencendo a solidão dura e mordaz.
Restando ao meu olhar o teu olhar
Reflexo de outro tempo a nos tomar
Entorna-se deveras o divino
Caminho pelo qual eu me alucino.

32643

Veneno que bebi já faz efeito,
Tomando o dia a dia e destruindo
O quanto do passado fora lindo
E agora se mostrando assim desfeito
Gestando a impaciência e o medo apenas
Aonde poderia ser sublime
E tanto do prazer já não se estime
E mude com certeza velhas cenas,
Resisto, mas bem sei quanto intragável
O mundo sem amor, nada valia,
Tentando reviver a fantasia
E nela outro caminho demonstrável
Vencer os meus anseios e viver
Depois de finalmente perecer.

32644

A vingança será mais que perfeita
Se é feita sem rodeios, claramente
Expondo o que deveras já se sente
E neste sofrimento se deleita
Quem tanto percebera ser cruel
O fato de viver e não singrar
Ainda que diverso e belo mar
Vagando sem destino sempre ao léu,
Riscando qual cometa céu em luzes
Dispersas pelas quais nada veria,
Assim se perfilando esta agonia
À qual sem perceber tu me conduzes,
Vestindo a velha roupa do passado,
O amor noutro caminho demonstrado.


32645

Não sinta-se feliz nem satisfeita
Por teres destroçado o quanto havia
Em mim de mansidão em alegria
E agora imagem resta contrafeita,
Bebendo desta torpe insanidade
Vestindo esta feroz intolerância
Não posso mais viver tal discrepância
E busco finalmente uma unidade
E tendo meu olhar em trevas, dores.
Recebo com ternura cada tapa
E a morte dos meus olhos não escapa
Semeio com prazer temíveis flores,
Mortalha que me deste de presente
Aos poucos se tecendo, calmamente...

32646

Abismos onde houvesse claridades
Gerando em solilóquio solidão
Resisto à mais completa percepção
E dela tantas dores quando invades
E bebes cada gota do meu sangue
Apodrecida imagem traduzida
Aonde não houvera mais a vida
E apenas restaria o podre e o mangue
Levado ao fim dos sonhos pelas mãos
De quem se fez ingrata e a penitência
Matando com terror, pura inclemência
Deixando os dias turvos, negros, vãos.
Melancolia doma este cenário
Num brilho ensandecido incendiário.

32647


Nos mares caçarei, ‘té nos profundos
Momentos entre abismos que concebo
E quanto mais audaz passo eu percebo
Os dias com terrores, vagabundos,
Mesquinharia quanto mais audaz
Não deixa qualquer sombra da verdade
E tanto quanto ainda em vão degrade
Novo caminho nunca satisfaz,
A faca se afiando em minha pele
Na furiosa face em que se vê
O mundo aonde tanto ou sem por que
À morte cada ausência mais compele
E bebo insanamente o desafio
Aonde o Dia a dia em vão desfio.

32648

Mataste, bem cruel, felicidades
E sabes muito além deste saveiro
Aonde a cada ausência em que me esgueiro
Percebo tantas luas e me invades
Tocando com terror, tenazes dedos
Matando o que pudesse haver enfim
E chegando ao final bem sei que vim
Sangrando cada dor, velhos degredos,
Restando apenas ter esta incerteza
E dela não sentir outro momento
E bebo este terror, sabor do vento
Levado pela imensa correnteza,
Atrocidades sei até de cor,
Porém o mundo fora bem pior.


32649

Irei te perseguir por tantos mundos,
Demonizando os passos onde fores
Gestando em teus caminhos dissabores
Em pélagos terríveis e profundos,
Não resistindo mais às tentações
E nelas bebo o sangue calmamente
Enquanto na verdade se apresente
Diversas, insondáveis emoções
Medíocres dias tomam nossa vida
E quanto mais feroz o torpe cenho,
Maior a turbulência que contenho
Preparo a cada ausência a despedida
Mordacidade toma o dia a dia
Aonde novo tempo poderia...

32650

Não quero reviver tais leviandades,
Que são as marcas onde entranhas unhas
E tanto quanto podes decompunhas
Gerando aos quatro ventos tempestades,
Assim no mais perfeito caminhar
Apenas o que vejo mero esquife
Até quando afinal já se espatife
O todo noutro canto a se mostrar,
Vestido pela angústia nada resta
Somente a claridade de um momento
E nela novamente me atormento,
Sabendo ser somente leve fresta.
Resisto e até procuro novo templo,
Porém a morte em vida é o que contemplo.

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