terça-feira, 19 de abril de 2011

1

Sou tanto quem pudera noutra fase
Vencer os desafetos mais vulgares
E sei que se deveras tu notares
O tempo perde logo a imensa base,
E quando a solidão decerto atrase
O passo em mais diversos lupanares
Encontro a solidão enfrento os mares
E o tempo sem ter sonhos se defase.
Acenos entre engodos, medos vários
E os dias entre tantos temerários
Não trazem as razões que procurei
Ousasse ser feliz e nada disto
Traria o que tanto ora desisto
E marca com terror a dura grei.


2

Não mais encontraria o que se queira
E nada mais se vendo após a meta
Aonde a solidão não mais completa
Sequer esta verdade, a derradeira,
O tempo se alinhando em tal bandeira
A sorte no vazio se repleta
E sei do quanto possa ser direta
A vida numa sorte costumeira.
O verso sem sentido o tempo, o ocaso
E quando na verdade mal defaso
O rústico momento em tom sutil,
O verso se desnuda e nada traz
Senão a mesma face mais mordaz
Enquanto o que se quer já não se viu.

3

Presumo qualquer fato aonde não viera
Sequer o que se tenta ou mesmo não condiz
Com toda esta incerteza, e traz em cicatriz
A marca mais ferrenha, audaz desta pantera.
O sonho na verdade não tendo o que se espera
Espreita e delirando apenas por um triz
Encontra no vazio cenário amargo e gris
O medo reproduz o quanto desespera.
O manto já puído, o verso sem valia
E o tempo consumido em torpe fantasia
A noite não traria sequer qualquer apoio,
Nascente se perdendo aonde eu pude ver
O canto noutro engano aos poucos se perder,
Regato segue além e não conhece o arroio.

4


Na parte que me cabe apenas solidão,
O verso sem sentido o medo, intolerância
A sorte se moldara e sei desta ganância
Marcada pela luta embora seja em vão
O mundo se transforma e toma a dimensão
Do que pudera ser em cada nova estância
A vida não teria sequer tal discrepância
E nisto novo instante espalha a direção
Do vento sem sentido e mesmo sem proveito,
O quanto deste encanto agora não aceito
E bebo a minha morte em goles generosos
Os dias que busquei na noite mais escura
A sorte sem sentido deveras não perdura
E mata desde sempre instantes generosos,


5

O tempo se mostrara em cada fase apenas
Moldando o quanto possa e nisto me profanas
Enquanto na verdade as horas mais insanas
Traduzem o que possa e logo me condenas,
O rumo se desenha em vez de serem plenas
As tramas que resumo em horas desumanas
Marcando com temor o quanto já me danas,
E venço sem sentido as tramas mais serenas.
O risco de sonhar, o tempo se emoldura
E nada mais se vendo aonde esta loucura
Sacia a desventura de um podre sonhador,
Realço cada engano e nada mais se vendo
Semeio sem proveito o solo atroz e horrendo
Matando o quanto possa o velho agricultor.

6


Não tive melhor sorte e nem sequer teria
Sabendo da verdade e nisto eu tanto quis
Vencer a tatuada imagem, que condiz
Com toda esta incerteza e nela a fantasia,
Errático cometa perdendo o que viria
Bebendo o quanto possa, seguindo por um triz,
Anseio o que se mostra no tom mesmo infeliz,
Resulto do cenário em louca sincronia.
Meu prazo não teria sequer qualquer alento
E quando na verdade o tempo teimo e tento
Apenas resumindo em versos mais doridos
Os dias entre tantos já muito destruídos
E o verso sem respaldo o mundo silencio
E gero dentro da alma apenas o vazio.

7


Não quero acreditar nas tramas do infinito
E tanto quanto possa navego noutro espaço
E vivo o que deveras agora já não traço
E sei do que vivesse em cada novo grito,
Meu mundo se anuncia em tom diverso e aflito
E apenas o que traga envolto no cansaço
Espera o que pudesse atar em cada laço
O quanto mais queria e mesmo necessito,
Nevascas dentro da alma e inverno me tomando
Aonde o tempo fora outrora manso e brando
Agora sem certezas jamais eu pude ver
O que inda poderia ao menos recolher
Vagando sem saber o quanto não mais vejo
Matando esta esperança em tétrico desejo.

8


Apresentando o caos e nada mais se vendo
O mundo noutro vão, a luta se apresenta
E sei da sorte amarga e tanto virulenta
Num canto sem sentido, num ermo mais horrendo,
E bebo o quanto possa e nada mais desvendo
Senão a voz que rege o tom desta tormenta
A morte que viria aos poucos me apascenta
E nada mais pudera enquanto sou remendo
Do corte mais profundo e mergulho em vazio
Aonde o que se quer já não possa, porfio
Lutando contra o caos que logo se anuncia
Marcando com a dor a sorte que não veio
E vejo e sigo alheio ao sonho em fantasia.

9


Não quero novo mundo e nem saber do fato
Aonde o que resumo deveras possa ser
O canto desdenhoso e sem qualquer prazer
Enquanto o que restasse jamais possa e constato,
O mundo sem sentido agora mal retrato
E vejo o meu caminho aos poucos se perder,
Navego contra a fúria e nada tento ver
Senão a mesma luz em tom diverso, ingrato
Reflito o que não vinha e nada mais teria
Cerzindo em rude teia a leda fantasia
O verso sem sentido a sorte em tom atroz
O manto se presume aonde calo a voz
E vendo o que anuncia a luta mais insana
A vida pouco a pouco somente desengana…


10


Não quero o que me trazes
Tampouco o quanto deste
O canto mais agreste
A vida em duras fases
O mundo entre mordazes
Cenários que se empreste
E gere o que deteste
E sei já nada fazes.
O fim se aproximando
O tempo se moldando
Na luta sem sentido
O verso se presume
No quanto vou sem lume
Há tanto já perdido.


11

Espírito do amor, que traz à vida
A sorte tantas vezes desejada
E vejo quanto possa e já me invada
A luta noutra senda presumida,
Enquanto vejo a luta distraída
Marcada pela angústia, busco o nada
E sei do que pudera e ora se evada
Lacrando com firmeza uma saída,
O amor que se pensara ser eterno,
O passo mais soturno em pleno inverno
Ascende ao que se fez em tom sutil,
O verso se presume no vazio
E quando em tal ardume desafio
O tempo noutro intento não se viu.


12


Mulher que esta ilusão tanto cevasse
Gerando novo sonho em tom suave
E quando mais a vida agora entrave
O tempo venceria algum impasse
E sei do quanto possa em desenlace
Diverso do que tanto já se agrave
A vida se mostrando fosse uma ave
Que ao seu destino em paz ora lançasse
Meu tempo se esvaindo neste pouco
E sei do quanto possa e me treslouco
Ousando acreditar num mero tom,
E sei do meu anseio sem proveito
E quando no final o rumo aceito
Esqueço da esperança qualquer dom.

13


A minha ansiedade cumpre o rito
E traz o quanto quis e não viera
A sorte se desenha e da quimera
Apenas o que tanto necessito,
O verso sem sentido o velho grito,
A ausência mais comum da primavera
E o tempo que decerto desespera
Aonde o meu cenário eu mal reflito,
Encontro os rastros tantos do passado
E vejo o meu caminho desenhado
Nos torpes e diversos tons atrozes,
Ainda que pudesse acreditar
A sorte gera apenas mais algozes
E o mundo se perdendo a divagar.

14


Um dardo penetrante, a seta fere
E gera tão somente outro caminho
E sei do quanto pude ser daninho
Enquanto a própria vida nada espere
Senão cada momento e se interfere
A luta que pudera em tom mesquinho
Vivendo o quanto pude ser sozinho
Sem nada que decerto a alma libere.
O medo se traduz em nada ser,
O verso se anuncia a se perder
Dos ermos de minha alma sem paragem,
Amor em tom diverso e mais gentil,
Deveras o que tanto não se viu,
Traduz apenas sonho em vã miragem.


15


O vento em remoinhos, a verdade
Gerando em turbilhões outros momentos
E neles resumindo em desalentos
O quando desta vida me degrade,
O verso se traduz e a realidade
Expressa os mais diversos sofrimentos
E sei dos meus anseios e tormentos
No quanto possa além da claridade.
O canto se perdendo, em luta e caos
Os dias entremeiam os degraus
E vejo sem sentido algum meu passo
E quando em tal anseio se perdendo
Apenas o que resta, este remendo
Que mesmo em tempestades já desfaço.

16

Em inconstante passo a vida leva
O tempo além do quanto eu poderia,
E sei do que coubera em fantasia
A sorte desenhando em rude treva,
A vida renegando cada ceva
Apenas a mortalha colheria,
E o vento que traduz uma utopia
Nesta alma sem sentido volve e neva.
O medo sem certeza, o tempo rude,
O quanto na verdade não mais pude
Depois do meu momento mais atroz,
A luta sem certeza, o verso ainda
Aos poucos na verdade se deslinda
Calando pouco a pouco a minha voz.

17

Um velho passageiro em devaneio
Vagando pela noite sem sentido,
O tempo noutro enredo resumido,
O tanto quanto possa e nada veio,
O olhar se desenhando em tal receio
Meu canto que deveras dilapido
E sei do que pudera em esquecido
Momento sem saber, porquanto anseio.
Apenas resumindo o verso em tom
Diverso do que outrora fora bom,
Apresentando a morte qual saída,
O vórtice aproxima e nada faço,
Somente o meu momento mais escasso
Traduz o que já fora a minha vida.

18


Tu és o meu primeiro e bom desejo
E nisto o quanto quis já poderia
Trazer no tom maior a sincronia
Que possa desenhar o quanto vejo,
E sei do que deveras mais almejo
Em noite mesmo vaga e tão sombria,
O tempo noutro tom se moldaria
E vivo o que sonhando em paz prevejo.
Procuro pelo menos um momento
Aonde o que pudera em raro alento
Trouxera esta certeza mais sutil,
E o quanto do meu mundo desabasse
Ainda que moldasse em desenlace
O quanto se perdeu ou não se viu.

19


O mar que nos trazendo a imensidade
Entoa com seus sons a maravilha
Da vida que pudesse em cada trilha
Trazer além da rara liberdade,
O quanto se aproxima e agora invade
E nisto a lua toma, e o sol rebrilha
O amor como se fosse enfim uma ilha
Expressa toda a sua claridade,
E vejo o que busquei o tempo inteiro
Ousando nas entranhas de um saveiro
Vencer estas correntes e marés,
O tempo se anuncia em claro tom
E o verso se moldando em raro dom
Traduz o quanto existe por quem és.

20

As ondas mais serenas, vento manso
E o tempo se moldando de tal forma
Que nada mais deveras já deforma
O quanto deste sonho agora alcanço,
E vejo o que pudera e sempre avanço
E mesmo que se veja em tal reforma
O tanto quanto a vida em paz informa
Deveras não me perco nem me canso,
Apenas esperando alguma sorte
Que tanto na verdade me conforte
Marcando com ternura o que não veio,
O vento noutro rumo, o tom sutil,
O amor que tantas vezes já se viu
Ousando noutro passo, em devaneio.


21

Numa praia distante, o pensamento
Invade a mansa areia e traz o sonho
E quanto mais o quanto ora proponho
Difere do que tanto na alma tento
E vejo o cenário em movimento
E nisto o alento que componho
Expressa o meu momento mais risonho
E noutra direção sentindo o vento.
Enfrento os mais diversos vendavais
E sei do quanto possa e tu contrais
Os músculos desta alma enternecida
Respaldos de uma vida em mansidão
Ouvido deste mar a imensidão
Nas ondas mais ferozes, traduzida.


22


Iluminando o quanto existe em mim,
Vagando sem destino em noite espessa
O tanto que inda quero não mereça
O tempo se distando em longo fim,
O verso se anuncia e sei que enfim
O todo ao invadir minha cabeça
Expressa o que talvez não reconheça
Sequer o que vivera ou mesmo assim,
O terminar dos versos entoando
Um sonho que julgara outrora brando
E agora mal percebo não se engrena
O mundo quando possa ser perverso
Traduz o quanto mesmo desconverso
E repetindo sempre a mesma cena.


23

Pudesse acreditar noutro momento
Aonde o que se faz expressaria
A luta que deveras me traria
Apenas o que busque em novo alento,
Vestígios do que possa o pensamento
E nisto se condiz em alegria
Com toda velha e amarga alegoria
Gerada pelo quanto agora invento.
Reparo cada fase desta vida
Jogada nalgum canto e dividida
Nas tramas mais diversas, fim de caso.
E vendo o que pudera ser diverso,
Ousando na expressão do rude verso
Deveras sem destino já me atraso.

24

Ouvisse a mesma voz que tanto clama
Vivendo esta expressão em solidão
O quanto se traduz e desde então
Explode na vontade em leda trama,
O amor mantendo viva a velha chama
Eclode em mais diversa direção
Vibrando em consonância a sensação
Que o próprio caminhar teima e reclama,
Invisto o pensamento aonde um dia
Pudera acreditar no que viria
Ou mesmo me açodasse uma esperança
O verso sem sentido, o tempo rude,
Amar e acreditar mais do que pude
No tempo que sem medo sempre avança.

25


Levado pelas ondas deste mar,
O mundo se anuncia em tom diverso
E bebo na medida em que ora verso
Tentando noutro porto naufragar
O quanto poderia navegar
Ou mesmo perceber que este universo
Tramara o que procuro mais disperso
E sei do quanto possa imaginar.
Vagando sem destino, sigo alheio
Ao quanto recolhendo nada veio
E vislumbrando o fim a cada instante
Meu passo se presume sem sentido
O tempo noutro tanto resumido
Apenas a mortalha se garante.

26


Do jugo que talvez; já me trouxeste
O mundo sem sentido dita o fim
Do quanto sei que ainda vive em mim
Num tom ao mesmo tempo mais agreste
Sem nada que decerto ora deteste,
O vértice, a mortalha o tempo e assim
Vivendo cada parte sei que enfim
O tempo noutro tanto se reveste.
Jogado sobre as pedras, nada abarco,
E sei do quanto possa e se embarco
Atravessando as ondas agressivas,
Palavras representam novo cais
E sei do quanto quero e sempre mais
As horas que se perdem vãs cativas.


27


Não mais comportaria este momento
O tempo sem sentido e sem razão,
A vida se moldando desde então
O canto se espalhando contra o vento,
O mundo se anuncia em tal tormento
E o corte traz a mesma dimensão
Do quanto poderia e sendo vão
O sonho que sem luz experimento
Acordo este demônio que adormece
E sei do quanto amor ditando a prece
Expresse esta incerteza mais fugaz,
O verso sem segredo, o medo farto
E o tempo que produz e já comparto
O amor que na verdade não se faz.

28


O tempo não traria novidade
A sorte não se mostra indiferente
E quanto mais atento se pressente
O mundo traz no todo esta saudade,
Vagando entre a rude tempestade
E o quanto se deseja plenamente
O verso noutro engodo não desmente
E traz dentro do peito a liberdade,
Ousando acreditar no que não veio,
Apenas a verdade traz um meio
Ao qual não mais se escapa e se procura
Vencer o que viria noutro instante
E o mundo com certeza se garante
No mesmo rudimento, em tal loucura.


29


Ouvir a voz do mar a te clamar
O tempo não permite melhor sonho
E quando novo canto ora proponho
Escuto as dissonâncias deste mar,
Apenas poderia enfim te amar
E sei do meu caminho e vou risonho
No tempo aonde o verso ora componho
Num imenso e mais diverso navegar.
A juventude é bela, mas se vai
Somente o que me resta já me trai
E o tanto que alimento nada vale,
O mundo se traduz neste vazio
E bebo a solidão, em desvario,
Minha alma neste instante ora se cale.

30


Na luz tão rutilante deste olhar
O tanto quanto possa no horizonte
A sorte se moldando já desponte
E reine sobre todo o imenso mar,
Ainda que tentasse desejar
Beleza sem igual tomando a fonte
Aonde o meu desenho sempre aponte
O quanto desejei em vão amar.
O tempo não traria nova sorte
Sem ter quem na verdade me suporte
Apenas mergulhando no passado,
O verso se anuncia de tal forma
Que toda a poesia se transforma
E sigo mesmo após, quase calado.

31


Brilhando com o sentimento em paz
Minha alma se encontrando calmamente
O verso noutro tempo se apresente
E a sorte com certeza já se faz,
Mergulho neste encanto e sou audaz
O vento me tocando plenamente
O quanto deste todo ora se sente
E sei do meu momento mais capaz,
E tenazmente volto o meu olhar
A quem se fez a deusa em liberdade
Ousando na mais rara claridade
Tentando cada passo desvendar
Ainda que se perca noutro rumo,
O todo que me trazes já consumo.

32


O quanto esperança me oferece
E traz em mansas mãos o meu futuro
E sei do quanto possa e já procuro
E sinto a solidão em rara prece
O tempo na verdade compadece
Do prazo que deveras configuro
E vivo o meu caminho mais escuro
E nada do que tente ora se tece
Gerando o desafio mais feroz,
E quanto se rompera novos nós
Atento desenhar em voz sofrida,
Pudesse desejar além da morte
O quanto com certeza; reconforte
A sorte desta luta embrutecida.


33

Não tento outro momento, sigo quieto
E sei do quanto pude acreditar
No verso que tentara imaginar
E nisto o que inda tenho mal completo,
O verso se anuncia em tal afeto
Cerzindo deste inútil caminhar
Meu mundo sem saber onde encontrar
O tempo aonde o sonho não repleto
Esbarro nos meus erros. É comum
O vento traz a morte e sou nenhum,
Apenas o passado que resiste
Enquanto poderia ter nas mãos
Os dias se fizeram todos vãos
E o olhar se demonstrou atroz e triste.

34


Não pude e não teria melhor chance
De ver o que tentara de outra forma
A vida quando muito me deforma
E o verso no vazio ora me lance
O tempo que sem nexo agora avance
A sorte se presume e não informa
Do quanto possa na alma esta reforma
Marcando com terror cada nuance.
O peso de uma luta sem valia
O quanto redimisse a fantasia
Ousando acreditar num novo fato
E a senda tão sonhada não se vendo
Apenas o que trago num remendo
E sei que no vazio ora constato.

35


O medo não traria qualquer rastro
Do quanto não viera e se tentara
A luta se moldando bem mais clara
Rompendo da ilusão seu velho mastro,
Apenas no vazio ora me alastro
E bebo o que deveras escancara
A sorte sem sentido, cara a cara
Ousando acreditar em tal nobre astro.
Resumos de momentos mais diversos
Trazendo em suas mãos os universos
Distantes e deveras mais sublimes,
Eu sei dos teus enganos, companheira
E sei também da sorte derradeira
Enquanto dos teus erros tu redimes.


36

O tempo traçando
Reverso do sonho
O quanto componho
Aos poucos negando
O vento mais brando
O dia bisonho
E sei do que ponho
Meu mundo somando
O todo quisera
Apenas sentir
Bafio da fera
Falta de porvir
E o tempo na espera
A morte a carpir.

37


O canto renega
O verso que segue
A sorte que é cega
Deveras persegue
A luta se entrega
E o fim se consegue
Marcando o que apega
Que o tempo carregue
E vaga sem rumo
E sei do que possa
A vida se é nossa
Deveras assumo
E sei do que endossa
O quanto resumo.


38


A saudade me mostrasse
O que tanto se deseja
A vontade sem peleja
A verdade sem impasse
O caminho não negasse
O que tanto já se almeja
E buscando o quanto almeja
Traz agora a nova face,
O passado não permite
Meu futuro sonegando
O que existe num limite
Mesmo audaz, embora brando
E se tanto necessite
Pouco a pouco, desabando.

39


Vivo apenas por viver
E jamais imaginei
O que possa noutra grei
O cenário a se verter
Bebo a sorte de saber
O que agora desejei
E pudera e desenhei
O caminho em desprazer,
Vendo o fim de cada história
Outra luta merencória
Não traria uma razão,
Esquecendo o quanto resta
A palavra dita a fresta
E renega esta expressão.


40


Um momento mais audaz
A verdade não se cala
E o que possa tanto faz
Desta sorte que avassala
Nada mais que a dor tenaz
Entranhando em plena sala
O que possa tenta a paz
E o meu mundo nada fala,
O passado sem sentido
O caminho sem proveito
Tanto quanto resumido
Nada mais de ti aceito
E se possa dilapido
O que sinto foi desfeito.

41


Não quero outra saída
Senão a que pudera
Tentar a primavera
Renovando esta vida
E vejo a despedida
E nada mais tempera
O quanto nesta esfera
Espera outra saída
Encontro o que resumo
E sei do quanto assumo
Em verso e em cada fase
O tempo na verdade
Não traz o que me agrade
E tanto se defase.

42


O meu canto não me traz
Nem sequer felicidade
O que possa ser mordaz
Noutro ponto já degrade
O meu mundo se desfaz
E deveras não me invade
A certeza mais audaz
Desta fútil claridade,
Vejo o tempo que se tenta
Vejo a lua que se deita
A verdade virulenta
O meu passo não aceita
Quando a vida segue atenta
Ao que entranha e enfim se ajeita.

43

Nada mais eu poderia
Se meu mundo não viesse
Transformar em alegria
A certeza desta messe
Que decerto moldaria
O que tanto não se esquece
A verdade poderia
Ter nas mãos o que se aquece
Vago em vão e nada tendo
O que possa não permite
O caminho aonde estendo
Muito além deste limite
O cenário se perdendo
No que possa e se acredite.


44


Já não vejo qualquer sorte
Onde o tempo diz razão
E se possa e me conforte
Entregando o coração
Na verdade o que me aporte
Traz no olhar esta emoção
Que pudesse bem mais forte
Desenhar em precisão.
Meu momento ora incapaz
De viver o que se quer
O tormento que compraz
A vontade em tom qualquer
O meu mundo feito em paz
Dita o rumo e se vier.

45



Nada mais eu poderia
Onde o pouco já tu vês
O que possa desta vez
Na verdade não veria
Outro tom, mesma agonia
O meu mundo sem talvez
A verdade que revês
Expressando a alegoria
De quem sabe e não procura
Novo passo ou novo rumo,
A verdade me tortura
E deveras sei que assumo
A palavra que insegura
Desta vida um vão resumo.

46

Na incerteza deste bote
No calor de quem se desse
O que possa e se denote
Noutro passo não regresse,
O meu medo me derrote
E se molda como tece
A vontade que se anote
Na incerteza desta messe.
O cenário sem proveito
O momento sem anseio
O caminho que ora aceito
Traz o quanto agora veio
Vou vivendo do meu jeito,
Sem saber qualquer receio.

47


Nada mais eu quero além
Do que possa a realidade,
O meu mundo nada tem
Nem sequer a liberdade,
O meu passo traz desdém
E meu canto se degrade
E se possa sem ninguém
Onde resta a claridade?
Ouso mesmo acreditar
Nos vazios de minha alma
O que possa noutro tom,
Na incerteza não acalma
E se tente enfim amar,
Esperança é mais que dom.

48


Nada mais se poderia
Mesmo quando não se vira
A verdade se retira
E matando a poesia,
Na incerteza o que traria
Traz as sendas da mentira
E o meu passo se interfira
Nos anseios da alegria.
O meu canto sem encanto
O cansaço me domina
Onde o todo em cristalina
Cena traz o rude pranto
E se possa num instante
Nem o sonho se garante.

49

Nada mais eu pude ver
E não quero outro momento
A verdade em sentimento
Traz o sonho em tal prazer
E quem dera conceber
O que tanto quero e tento
A vertente aonde invento
O meu mundo a se perder,
Já não quero qualquer sorte
Ser apenas o que a morte
Pouparia no final,
Não me basta quero além
O meu passo ora convém
E se expressa em tom igual.

50


O meu canto não teria
Qualquer sorte mesmo assim
E se trago dentro em mim
O que possa em poesia
A verdade não veria
E cercando o meu jardim
A saudade traz enfim
O que tanto poderia
E se vejo em tom suave
O que quero e não agrave
Cada passo que inda der,
O meu mundo se permite
E no fim neste limite
Já não há sonho qualquer.

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