quinta-feira, 17 de março de 2011

Já não me caberia responder
Sequer ao que ora exprima o quanto quero,
Dorido coração sendo sincero
Navega entre os anseios do querer,
O prazo se apresenta e posso ver
O vento desejado e enquanto o fero
Cenário se adivinha e não espero
Nem mesmo o quanto possa amanhecer.
O beijo da cigana a sorte e o prazo
Aonde nada vejo e se me atraso
Deixando para trás o medo e a sorte
E nisto o quanto pude se desenha
Vencendo o dia a dia em cada ordenha
Sem nada que deveras nos conforte.



2

Conforte com o sonho a perda quando
O mundo não trouxera apenas isso
E todo o desejar onde o cobiço
Expressa o que jamais seja nefando,
O vento noutro rumo se mostrando
Deixando para trás o passo em viço
E sei de cada olhar mesmo mortiço
E nisto novo amor se desenhando,
Não tento acreditar no que não veio,
E tanto quanto possa sem receio
Anseio o dia além da tempestade,
Negar o meu momento aonde eu possa
Viver o que deveras dita a fossa
E nisto o quanto envolve e assim degrade.


3


Degradações expressam o passado
E nada mais se visse além do fato
E quando no final o que constato
Expressa tão somente enquanto evado,
E gero do momento degradado
O vento aonde o marco ora retrato
Deixando para além qualquer regato
E nisto o velho sonho em desagrado,
No preço a se pagar o juramento
Expondo o quanto quero ou alimento
Marcando com ternura o que não veio
Versando sobre as ânsias mais fugazes
E sei do que em verdade agora trazes
Deixando o meu momento em devaneio.

4


Devaneasse enquanto a vida seja
Nem mais e nem melhor, apenas venha
E traga a cada passo a nova senha
E nela toda a luz que me azuleja,
Reproduzindo a sorte mais andeja
O verso se anuncia e quando empenha
A luta se transforma e não convenha
Viver a senda além do que preveja.
No pântano dos sonhos, na charneca
Aonde esta esperança também peca
E gesta com temor o que não creia
Enfrento a mais diversa tempestade
E gera noutro engodo o quanto evade
Deixando para trás a sorte alheia.

5


Alheamento trama o que se quis
Depois de tanto tempo em heresia,
Meu mundo na verdade não viria
Sequer sentir da sorte o mero bis,
E vejo o meu anseio de aprendiz
Tentando subverter a poesia
E vejo o quanto possa em alegria
Ou mesmo deixe a marca em cicatriz,
Negar o meu momento aonde eu pude
Viver outro cenário mesmo rude
E ter a sensação de quem se dera
Vestígios de algum brilho se perdendo
No tanto que se molda tal remendo
Matando ou degradando a primavera.

6

Primaveris encantos onde a vida
Refaz cada momento e traz o brilho
Aonde com certeza em paz palmilho
E nada mais pudera ou já duvida,
A luta noutra voz mal concebida
O vento sem saber deste empecilho
O canto aonde o passo do andarilho
Expressa esta ilusão em despedida,
Não ouso acreditar em mera história
E sei do quanto possa a mais simplória
Vontade adormecida em erma rota,
Do quanto se quisera e nada veio
O mundo se desenha em devaneio
E o tanto que se quer hoje derrota.

7

Derroto cada angústia que inda venha
Valido com meus sonhos o passado
E nada do que possa em vão eu brado
Ainda quando a sorte me convenha,
Acesa da esperança cada lenha
O tempo noutro tempo emoldurado
O marco neste incauto desenhado
Expressaria o todo que contenha,
Resplandecendo o sol em alvorada
Depois da noite em sonho enluarada
O manto prateado da esperança
Deveras tanto traz desta amplitude
Marcando com ardor o quanto pude
E nisto nova sorte hoje me alcança.

8


Dos alcançáveis erros do meu dia
A lenda mais sofrível dita o fim
Do amor que não pudesse dentro em mim
Marcando o quanto resta e não viria
Eu sei do que se quer em fantasia
E vejo dentro da alma o quanto eu vim
Vestindo o meu anseio e sei que assim
O vento noutro tom não volveria,
E se mergulho em torno da esperança
Retorno do caminho aonde avança
A senda onde se atenda ao que se tente
E sei do meu momento em dor e tédio
A vida não teria outro remédio
Sequer o mesmo caos impertinente.

9


Impertinentes passos dizem tanto
Do que mais vejo após o meu errático
Tormento aonde fora mais pragmático
E nisto outro momento não levanto,
Apenas apresento o desencanto
E sei do desalinho onde temático
Cenário se mostrasse em senso prático
Depositando na alma o rude pranto,
Negar o que se molde após o engodo
Depois do quanto quero sei do lodo
E limo aonde vejo o charco na alma,
A sensação que possa ser voraz
O tempo noutro instante nada traz
Sequer a fantasia que me acalma.

10


Acalma-me saber do quanto reste
Do manto onde azulaste este celeste
Cenário em tom suave ou mesmo em luz
Ainda quando o tanto se conduz
Depois deste desfecho aonde agreste
Momento na verdade não se empreste
Ao tanto que desejo e não me opus
O vento se desenha em contraluz
E o verso em lusco fusco simplesmente
Aonde na verdade se apresente
Descrente caminhar em tom suave
Sem nada que deveras nos agrave
Almejo pelo menos novo dia
Expressando o que nunca mais teria.


11

Teríamos decerto a sensatez
Sem ser o quanto pude e nada houvesse
Deixando para trás qualquer benesse
Marcando a solidão que se desfez,
Não tento caminhar e nada vês
E nada mais pudera e já se esquece
No verso aonde o tempo tanto tece
E nada se transforma em lucidez.
Andando contra a fúria das marés
E sei do quanto possa e de viés
O mundo se desenha em tom sutil,
E nada do que toca esta emoção
Exprime do vazio uma expressão
Tocando o quanto quero e nunca viu.

12


Cilada sem sentido atocaiada
Depositando o verso sem versões
Diversas das que tanto agora expões
Deixando a velha sorte anunciada,
Não tento caminhar enquanto evada
Semeio sem saber o que repões
E deste desenhar trago os verões
Na luta ainda resta a caminhada.
E resignadamente o tempo dita o rumo
E sinto o quanto possa e não me aprumo
Tramando o que tentara em nova senda
O verso sem saber desta vertente
Aonde na verdade o que se sente
Tramando noutro passo não se entenda.

13


Entendo o meu caminho após a luta
E tanto quanto possa desenhar
A vida se aproxima do luar
Enquanto a sorte molda a face arguta
O verso noutro caos não mais escuta
Sequer o que pudera em seu lugar
Marcando o dia a dia a se mostrar
Vencendo em mansidão a força bruta,
Representando enfim tal represália
A sorte se desvenda enquanto talha
A marca mais audaz que se veria,
Servindo de alimária a quem desnude
A temerária noite em atitude
Matando a moribunda poesia.

14

Poética impressão de quem se fez
Além do mero passo no vazio
E quantas vezes mesmo desafio
Deixando no passado a sensatez
O verso mais audaz já se desfez
E o tempo noutro engodo ora desfio
E bebo a imensidão do ledo rio
Vagando sem saber da lucidez,
Esbarro nos consensos mais sutis
E sei que na verdade o que mais quis
Jamais traduziria o canto em paz,
A vida se aproxima em desafeto
E quando no não ser eu me completo
O mundo num instante se desfaz.

15

Desfaço cada passo aonde o todo
Pudesse desenhar com tal denodo
O vértice do sonho mais suave,
E quando na vereda o passo entrave
Deixando o descaminho em tal engodo
Pisando neste limo, imenso lodo
Ainda que se veja o quanto agrave
Ausenta-se do encanto a velha nave
Pousando noutro tom e vendo assim
O vórtice deitando o mundo em mim,
Matando o quanto soube e não veria
Deixando para trás cada momento
E veja quando o tanto que alimento
Não traga nunca mais a fantasia.

16


Fantástica ilusão moldando a sorte
Diversa da que tanto se quisesse
Vagando sem saber sequer da messe
Enquanto o dia a dia não comporte
O mundo se desenha em rumo e corte
Marcando o quanto tento e mais se esquece
Vestindo a solidão da imensa prece
E nela se moldando algum aporte
No ponto de partida e na vertente
Deixando para trás o que se sente
Vestígios do que fosse um verso em paz,
Restando muito pouco ou quase nada
Da sorte noutro ponto enquanto evada
Do dia aonde encanto se desfaz.

17


Não pude e se tentasse acreditar
Nos erros costumeiros de quem tente
Vestir outro momento em penitente
Cenário aonde o nada irá mostrar
Inverto o meu diverso caminhar
E sei deste momento aonde alente
O prazo determina o quanto sente
Moldando a minha vida devagar,
No caos onde se gera o nada em nós
O tempo noutro tanto sei feroz
Efêmera esperança não se trama
E sinto o dia atroz que não se veja
Além do que deveras se deseja
No tanto quanto possa em nova chama.


18


Havendo esta temida sensação
Do verso aonde invento a dimensão
Do mundo sem saber do quanto pude
Apenas desenhando em atitude
O tempo feito em rústico porão
Deixando no caminho a negação
E nela se presume a juventude
Enquanto se mostrara sempre rude
Vestindo a minha luz em cada tom
Diverso do momento feito em dom
Nesta aspereza quando em descaminho
A trama mais audaz onde me alinho
Devasta qualquer sonho e se desfaz
Deixando o ledo encanto para trás.

19


Braseiros entre fúrias e temores
As fráguas mais comuns desta esperança
A mão que tanto quer e nada alcança
Deixando no caminho os dissabores,
E sei do quanto possa e se ainda fores
Vagando noutro errôneo mar que avança
Tomando com ternura a confiança
Matando desde o início as velhas flores,
O tempo se apresenta sem sentir
Sequer o que pudera no porvir
E vendo a mesma sorte que intragável
Não possa desenhar felicidade
E o quanto noutro engodo nos degrade
Tornando este sonhar inesgotável.


20


Não tento imaginar outro momento
Senão aquela velha luz cerzida
Nos ermos mais atrozes desta vida
E bebo da expressão em desalento
E quando na verdade o mundo eu tento
Depois da sorte em nada resumida
A luta se desenha desprovida
Do passo feito em glória em sonho atento,
Restando de meu passo o nada além
Do quanto na verdade não contém
Sequer o que pousasse noutro enfado,
Apresentando o dia mais sutil
Meu mundo noutro passo não mais viu
Somente o quanto possa e enfim me evado…



21

Evado-me dos medos e prossigo
Tentando adivinhar o que viria
Após a minha leda fantasia
Envolta pelas sanhas do perigo,
A sorte se travando no postigo
E o tempo com certeza impediria
A réstia do que fora uma alegria
Morrendo noutro tom, mas já nem ligo.
Apenas aprendendo com o corte
Ousando acreditar nalgum aporte
Que possa me trazer felicidade
Ou mesmo a mansidão que me acalente
E o mundo em terror quase frequente
Talvez outro momento em paz invade...

22


Pacificando a fúria que contraio
Ao pressentir o fim quando não vejo
Sequer a menor sombra de um desejo
E nisto alimentando cada raio
Enquanto esta passada eu mesmo traio
O verbo se moldara noutro ensejo,
E bebo deste sonho em azulejo
E sem saber do rumo ora distraio
Meu passo que pudera ser diverso
E quando em direção alheia eu verso
Buscando qualquer luz que nunca houvera
De todos os anseios e temores
Sequioso por seguir enquanto fores
Tentando uma palavra mais sincera.

23

Sinceridade é tudo o quanto anseio
E sei por vezes mesmo este impossível
Cenário aonde o tanto fora incrível
Ousando no caminho sem receio,
Depois do que se fez em tal rodeio
No canto com certeza incorruptível
O sonho sem destreza noutro nível
Expressa o mesmo olhar, decerto alheio.
Não pude e não tivera melhor sorte
Destarte a minha dor não me conforte
Nem mesmo me comporte esta emoção
Diversa da que tange este caminho
Aonde sem certeza não me alinho
E perco os dias claros, mansidão.

24


Remansos que buscara no passado
Num átimo mergulho em vago espaço
E sei do quanto possa e mesmo traço
O verso sem futuro e desolado,
No prazo que bem sei determinado
E noutro caminhar eu me desfaço
Depois de perceber diverso passo
Voltando ao quanto fora destroçado,
Das ruínas entre quedas e tormentos
Exposto aos furiosos, loucos ventos
Sem louro de vitória e sem medalhas,
As tramas mais ousadas eu não sei
E o quanto noutro tempo desenhei
Expressa cada passo onde tu falhas.

25


Falhando a cada passo ou mesmo após
O tanto se transforma em nunca mais
E o canto entre os anseios ancestrais
Silenciando então decerto a voz,
E o manto destruído traz em nós
O que se deseja sem jamais
Ousar entre momentos infernais
Quais fossem esperanças duras mós.
Não tento acreditar no que viria
Sequioso do meu mundo em fantasia
Audaciosamente ou mesmo turvo,
E quando noutro instante se aproxima
A vida desenhando em baixa estima
O mundo enquanto vago, teimo e curvo.

26

Curvasse com a força deste vento
Tombando sobre espinhos, vindo ao chão,
De todos os anseios que virão
Apenas o meu canto eu alimento,
Do preço a se pagar, o provimento
Expressa o quanto fora ingratidão
Ao integrar os termos que farão
Da sorte o mais diverso pavimento,
Não tento e não pudera acreditar
Os erros são comuns, bastando olhar
E ver o meu momento em turbulência
Não tendo qualquer chance nem saída
O quanto se desenha desta vida
Traduz a discrepância e incoerência.

27

Incoerentemente o quanto tenho
Dos erros que acumulo vida afora,
No prazo aonde o todo nos ancora
O verso se traduz enquanto venho,
E sei do que pudera e se desdenho
O marco na verdade me apavora,
Gestando o que pudera sem ter hora
Sanando este veneno em ledo empenho,
Restando muito pouco para quem
Sabendo que a desgraça sempre vem
Após qualquer sorriso de ventura,
A mescla de alegria e dor e pranto
No quanto desenvolva o desencanto
Deveras sem proventos já perdura.

28


Perdura dentro da alma a fantasia
Sutil de quem se fez ou não pudera
Ainda quando a voz se faz sincera
Tentar acreditar no que viria.
Resplandecendo o sol em alegria
Vagando em luz suave tanto espera
A vida que moldasse em sonho esta era
E nela todo o espaço se veria.
Vestígios do que fomos e inda temos,
As lutas desenhadas nos extremos
E deles outros tantos sem limites
No quanto tu anseias e não vês
A luta destruindo a lucidez
Nos sonhos mais audazes acredites.

29

Audácia traz no olhar o que se queira
Depois da queda livre em dor e medo
E quando se presume onde precedo
O verso com a sorte que se esgueira.
A luta desenhando outra fogueira
Destarte cada instante outro segredo
E o canto destroçando em desenredo
O tanto quanto possa e não inteira
Silenciando a voz de quem tentasse
Vencer este caminho e em doce enlace
Unisse nos alelos passos sonhos,
Em paralelos sigo ao infinito
E vejo o quanto possa ou acredito
Nos termos mais felizes e risonhos.

30


Risível caricata criatura
Depois de tantos erros continua
Tentando adivinhar a imensa lua
Na luz que poderia ser mais pura,
O mundo noutra face se depura
E bebe da emoção quando cultua
Deidades tão diversas sobre a rua
E nada do que possa em tal ventura,
Não quero e jamais tive esta ilusão,
A história refletindo o mesmo não
Que tanto procurei jamais conter,
Mas quando me aproximo mais de perto,
O tanto quanto tenho hoje deserto
Deixando para trás qualquer prazer.

31

Na prazerosa senda feita em sonho
Mergulho sem defesas e prossigo
Ousando acreditar e até consigo
Mudando cada passo onde proponho
Vencer os meus anseios e me ponho
Refém do que pudera ser abrigo
Nos erros costumeiros, o perigo
De um tempo ora infeliz ou enfadonho.
Navego contra a fúria das marés
E sei do descaminho e por quem és
Galés entre diversas ilusões,
Nos cantos mais atrozes, vozes, ermos
Os dias entranhados entre os termos
Dos sonhos em dispersas dimensões.

32


Jamais conceberia qualquer sorte
Diversa da que tanto me trouxeste
E sei do meu anseio em medo e peste,
Porém não temeria mais a morte,
E tanto quanto a vida nos conforte
O verso se moldara mais agreste
E o sonho desvendando o que trouxeste
No prazo onde se esgota qualquer corte.
Restauro cada passo e me procuro
Depois de tanto tempo e neste auguro
Que apenas poderia me iludir,
Errático momento sem presença
Do quanto deste encanto recompensa
Tramando alguma luz em meu porvir.


33

Porvires entre engodos costumeiros
Errando sem saber qualquer destino,
Enquanto cada passo eu não domino
As pragas invadindo os meus canteiros.
Ainda que buscasse nos luzeiros
Um mundo mais saudável, cristalino,
Decerto a cada engano me alucino
E invado sem sentir tais espinheiros,
Braseiros onde a vida não permite
Que veja além do quanto este limite
Transmita a paz que tanto procuraste,
Depois de certo tempo não resisto
E sei do quanto possa e até por isto
A vida me condena ao vão desgaste.

34


Ao desgastar o sonho em tom senil
Apresentando enfim a alma grisalha
Cada sentido às vezes teima e falha
Revejo o que deveras ninguém viu.
E bebo deste sonho e ser gentil
Ousando contra o fio da navalha,
No campo desairoso esta batalha
Expressa o que decerto é duro e vil,
Num último momento procurasse
A luta que mostrasse desenlace
Diverso deste atroz e costumeiro,
No fundo eu não presumo alguma sorte
Senão a minha própria e leda morte,
Ousando divergir o tempo inteiro.

35

Inteiro-me dos erros do passado
E sei que na verdade esta vereda
No tanto que pudera e não conceda
Traduz outro momento desfraldado,
Bandeio para o sonho e sigo ao lado
Do todo quando possa e não proceda
Destarte aonde o passo retroceda
E gere este fastio, desolado.
Ao menos fui feliz ou mesmo até
Tentara acreditar em rude fé
Ferrenho lutador contra os vazios,
E sei dos meus momentos onde eu possa
Viver esta emoção deveras nossa
Seguindo com firmeza claros rios.

36

Dos rios que esperança poderia
Trazer a quem se fez bem mais audaz,
A força fluvial já nada traz
Sequer esta manhã mesmo sombria,
O tempo noutro canto não traria
O verso que pudera contumaz
Depois do quanto a vida satisfaz
Espalho sem proveito a melodia,
Não tento ser diverso do que fora
Uma alma tantas vezes sonhadora
Um erro costumeiro de quem sonha,
Não tendo outro caminho sigo só,
A vida se desenha e faz do pó
Visão mesmo terrível, mas risonha.

37


Risíveis emoções de quem se fez
Ausente da esperança e nada além
Do verso mais audaz que inda contém
Ou noutro desenhar em lucidez,
Meu canto se evadindo do que vês
O prazo determina e sei ninguém
Contendo a cada olhar outro desdém
Jamais pudesse ver o quanto crês.
Restauro dia a dia o que perdeste,
O tanto noutro tom já concebeste
Agreste caminhar em noite imensa,
Depois do desvario de costume,
Ainda que minha alma além já rume
O todo que encontrasse não compensa.

38

Compensatórias noites do teu lado,
Mas são de raridade incomparável
E o vento noutro tom imaginável
Apenas traz o nada, desolado,
Restando tão somente do passado
O verso que pudera desejável
Num tempo com certeza mais amável
Meu canto em teu anseio ora encantado.
As fadas e delírios da princesa
A sorte se mostrando sem surpresa
A fome inesgotável de aventuras,
E quando no final nada te trago,
Somente o quanto possa num afago
Em noite imensa luzes tu procuras.

39


Procuro qualquer sonho que inda possa
Trazer alguma luz a quem se quer
Vencer os desafios em quaisquer
Momentos onde a sorte não é nossa,
A vida a cada engodo sempre endossa
E faz do meu caminho o que vier
Trazendo o quanto quero e mais puder,
Olhando para trás do nada apossa,
Restando muito pouco ou quase nada
De quem pudera em alma iluminada
Vagar sem ter qualquer anseio e medo,
O vento em discordância ou mesmo rude
Traduz o que deveras nunca pude
E nem sequer agora em paz concedo.

40


Ao concederes sonhos a quem tanto
Buscara algum apoio da ilusão
Ousando nesta amarga corrupção
Deixando como prêmio o desencanto,
O vento noutro passo em acalanto
Trouxera finalmente a mansidão,
Porém minha alegria no porão
E o tempo se desenha em medo e pranto.
Negasse qualquer brilho aonde o nada
Transcende à própria rua iluminada
E volta na sombria realidade.
Do todo que se quer e nada vejo,
Apenas o delírio de um desejo
Que aos poucos sem caminhos já se evade.


41

Em evasões diversas sonhos rudes,
Depois que cada passo se procure
O verso noutro engodo não perdure
E saiba do que tanto ainda iludes,
No passo contrarias juventude
E nisto se moldando o que não cure
A sorte é quiromante ou manicure?
Não tento acreditar mais do que pude.
O manto desfraldado qual bandeira
Deixando para trás a derradeira
Vontade de sonhar mesmo não tendo
Sequer qualquer apoio ou tom suave
Aonde o meu anseio não agrave
Nem mesmo amanhecer se torne horrendo.

42

Horripilantes noites, solidão
Os tempos se repetem como as ondas
E mesmo quando queres e respondas
Os dias com firmeza não verão
Sequer o quanto possa em solução
E nada destes tantos que ora escondas
Marcando com temor e correspondas
Aos sonhos na dorida ingratidão,
Não tento acreditar no que veria
A sorte sem saber da hipocrisia
Nem mesmo de outro dia mais sutil,
O marco desenhado sem a luz
Deixando para trás o que seduz
Não vaga sobre o quanto resumiu.

43


No ocaso desta noite em tom nubloso
O vento em tez sombria não sossega
E quando a solidão se faz mais cega
Deixando para trás a sorte e o gozo,
O prazo tantas vezes caprichoso
A luta sem saber onde se entrega
No fundo deste vão quando navega
Espera algum cenário majestoso.
Restando muito pouco ou mesmo nada
Da sorte noutra plaga desenhada
Converte em verso e canto esta expressão
Do cântico inundando alma de quem
Deveras com certeza sempre vem
Moldando com ternura esta ilusão.

44


Ilusionário passo rumo ao fim
Deixando para trás qualquer sinal
Do verso que pudera magistral
Ou mesmo sem rosal o meu jardim,
No prazo onde se vendo o que há em mim,
Ocaso do que fora tal e qual
E sei do desespero se venal
Expresso o tanto rude e vivo assim.
Negar o que se quer e sem proveito
Os erros do passado eu aproveito
E tento discernir alguma sorte,
Querendo deste instante novo brilho
Aonde se puder desejo e trilho
Sem mesmo ter mais nada que conforte.

45


Na confortabilíssima ilusão
Os erros se repetem desde quando
O tempo noutro passo desenhando
Momentos que deveras não verão,
Sequer o mesmo andar de uma emoção
E nisto outro cenário aonde em bando
Os erros prosseguindo e revoando
Presumem a possível migração,
Mas tanto se resume no tão pouco
E quando me percebo e me treslouco
Vacantes dias trazem liberdade,
O sonho se permite em claridade
E bebo outro cenário e sem base
O mundo deste mundo se defase.

46


Defasas com teus passos os meus ermos
E tramas outras luzes quando venho
E sei do que em verdade não contenho
E a vida se anuncia em novos termos,
E quando na verdade agora erguermos
Os olhos procurando um manso cenho,
A sorte se presume em vão desenho
E nada mais procede onde vencermos.
Os traumas conseguidos vida afora
O tempo desairoso me apavora
E o gozo prometido não viria,
A sórdida presença do que um dia
Vivenciasse a luz e sem demora
Toasse com meiguice a poesia.

47


Poéticas vertentes, sonhos nossos
E sei dos erros tantos que cometo,
E quando no final eu me arremeto
Adentro sem saber os velhos fossos,
Os tempos desenhando meus destroços
E o tanto que se fez quando prometo
No fim se aproximando outro soneto
Tocando com firmeza até meus ossos,
Jamais eu pude mesmo acreditar
Nas tardes onde vendo algum lugar
Pudera no horizonte ter a fonte
Do quanto me alucina e não me guia
Vestindo a mesma dor em fantasia
Sem rumo nem sentido que me aponte.

48

Apontamentos vários do passado
Reduzem nesta agenda o quanto sou,
E o tanto quando a vida mergulhou
No canto aonde em paz agora evado,
Restando acreditar no velho fado
O mundo se presume enquanto estou
Nos termos onde o tanto se entregou
Deixando para trás o mesmo prado.
Restando o que restaure o passo e a paz
O marco se anuncia mais audaz
E traz felicidade a cada instante,
No prazo que se ousasse acreditar
A noite se permite em tal luar
E nele este momento deslumbrante.

49

De tal deslumbramento que se pense
No tanto sem saber da dimensão
Dos sonhos quando em luz ou explosão
O tanto que se queira recompense,
O verso se moldando no non sense
A luta traz a velha ingratidão
Nem mesmo outros momentos me trarão
A sorte aonde o sonho agora adense.
Não tento acreditar no que viria
Ousando ter nas mãos a fantasia
Fugaz de quem seria muito aquém
Do prazo aonde o todo determina
A luta enquanto a sorte cristalina
Deveras com certeza nunca vem.

50


Viesse pelos sonhos tão somente
Tentando acreditar noutro momento
E sei do que deveras não mais tento
Matando em nascedouro esta semente
A vida com certeza tanto mente
E nisto se aproxima em desalento
Deixando para trás o manso vento
Vivendo a tempestade plenamente,
Não quero qualquer tom diverso e rude
Ousando acreditar bem mais que pude
Nos términos comuns das ilusões,
E quando sem proveito e sem censura
Após esta tortura em vã clausura
Um novo amanhecer; ainda expões?

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