quarta-feira, 16 de março de 2011

A sorte que talvez não mais viesse
O vento leva o barco noutro rumo
E quando pouco a pouco em consumo
Encontro a dura, amara leda messe
E vejo que quem sabe se pudesse
Ousar noutro caminho. Mas sem prumo
Decerto a cada engodo me acostumo
E perco toda paz, tudo me esquece
E vejo tão somente o que deveras
A vida renegasse enquanto esperas
Ao menos um alento que não veio,
Mergulho no vazio da esperança
E tento acreditar quando se lança,
Meu passo sem saber qualquer receio.


2

Meu passo sem sentir o desafeto
De quem já não viera e se completo
Meu mundo no vazio sem sentido,
O canto noutro encanto resumido,
O farto desejar onde repleto
Minha alma neste tom quase deserto
Vivendo sem saber do quanto olvido
E bebo cada angústia repartido
Nos ermos de meu passo sem proveito
E quando após o tanto ora me deito
Vestindo esta ilusão de quem tentasse
Mostrar a realidade em nova face
E nada me orienta após a queda
E a própria porta agora o tempo veda.

3

Vedando cada estrada aonde um dia
Pudesse ter nas mãos o quanto quero,
O mundo se mostrasse tão sincero
Ou mesmo noutro tom, em covardia,
O tanto que pudera e não teria
E o verso se desenha aonde espero
A luta desdenhada aonde o fero
Caminho mata a leda fantasia.
Restauro com meus versos o meu mundo
E quando na verdade ora me inundo
Do tempo sem proveito e sem razão
O vento que tocando o meu telhado
Expressa do passado o seu recado
E nega os dias mansos que virão.

4

Os dias que se vendo após a porta
Jamais sei me trariam qualquer luz.
Preparo cada queda e se conduz
A luta que esperança em vão aborta,
O tempo noutro cais já não me importa
O ledo desenhar exprime a cruz
E vejo sem saber por onde pus
Meu passo nesta estrada atroz e morta.
Já não me caberia a decisão
E vejo sem temor a dimensão
Ferina da esperança em tom medonho,
Mas quando uma saída ora proponho
Os dias que eu bem sei não mudarão
Repetem cada anseio onde me enfronho.

5


Anseios repetindo a vida quando
O verso sem sentido se transcende
O mundo na verdade não ascende
Ao todo que eu quisera bem mais brando,
E sei do meu caminho desabando
Enquanto o que pudera hoje recende
Ao mundo aonde o todo não depende
Do verso que tentara decifrando,
Não prezo qualquer erro, mas revejo
Tão somente as tramas do desejo
Mudando a direção do vento na alma,
Cerzindo ou mal tecendo este caminho
Ainda que pudesse mais mesquinho
Sequer uma esperança em vão me acalma.

6


Acalma-me saber do sonho exposto
No olhar mais delicado ou mesmo manso
De quem noutro caminho quando alcanço
Deixando o meu anseio decomposto,
Respiro com ternura e a contragosto
A velha solução dita o remanso
E nisto o que se fez enquanto avanço
Repara este tormento em duro encosto.
Refém do que deveras se fez tanto
O verso sem saber por que garanto
Do quanto se presume após o verso
Desnudo o meu momento mais feliz
E quando esta alegria não me quis
O sonho perde o rumo no universo.

7


Dos universos tantos que pudesse
Ainda ter no olhar e sendo assim
O tanto quanto existe dentro em mim
Marcasse com ternura a nossa prece,
O verso aonde o tanto se obedece
Vagando sem sentido até o fim,
Negando cada anseio diz que vim
Do tempo aonde em luz a vida tece,
O marco em tom suave e mais constante
Deveras novo rumo me garante,
Não mergulhasse em vão e sem proveito
Amante do vazio e do talvez
O mundo que deveras se desfez
Ainda mesmo assim o quero e aceito.

8


Aceites esta rosa ou este espinho
Não deixe para trás qualquer relance
E quanto mais a vida agora avance
Expresse o seu anseio mais mesquinho,
Não tendo outro cenário em descaminho
O vento sem proveito nos alcance
E quando na incerteza o que se lance
Apresentando o tom duro e daninho,
Restando qualquer tempo aonde um dia
Vivera o que deveras deveria
Tentando acreditar no que não veio,
Apenas se resume em verso e medo
A sorte aonde o mundo em paz concedo
Tentando divisar qualquer receio.

9


O quanto receaste cada queda
Após o tanto tempo sem sentido
E o verso noutro tom já dilapido
Embora se pagasse em tal moeda,
No fundo mesmo quando a vida seda
O transitar sem rumo agora olvido
E bebo do cenário desprovido
Do tanto aonde o pouco ora se enreda,
Não tento acreditar no que não sinto
Sequer o mesmo engodo ora desminto
E vivo sem saber o que teria,
Ainda que se queira novo passo
A luta traduzindo o meu cansaço
Expressa o que jamais trouxe alegria.

10


Alegres esperanças onde o verso
Tentasse acreditar no que se faz
Ainda quando a vida rege em paz
O mundo se despede mais diverso.
E o passo sem sentido desconverso
No prazo aonde o mundo é contumaz
Restando esta loucura que tenaz
Invade sem perguntas o disperso
Momento aonde o pouco já diz tudo
E quantas vezes cego ora me iludo
Vestindo hipocrisia e nada mais,
Os erros repetindo velhos motes
E quando no final nada mais notes
Os tempos ditam ermos vis, venais.


11


Venais caminhos vejo após a sorte
Mordaz e tantas vezes mais daninha
A luta que pudera fosse minha
Deveras já nem sabe o que conforte,
O risco se desenha e neste porte
A senda se anuncia onde mesquinha
A vida sem saber por que se alinha
Negasse qualquer fonte, raro aporte,
Jogado sobre as pedras deste cais
A areia movediça onde me trais
E o tempo se desvenda sem motivo,
Ainda quando vejo qualquer luz
O passo noutro enredo me conduz,
E mesmo que me canse eu sobrevivo.

12


Descanso? Na verdade desconheço
E sei que tão somente a luz reflete
O tempo noutro tanto onde compete
A luta sem saber sequer tropeço,
Ainda quando vejo este adereço
E nele além da faca o canivete
Renasce dentro da alma este pivete
E sei que todo corte tem seu preço.
Restando do jamais o quanto quis
Sorvendo com terror a cicatriz
Ousadamente viva dentro da alma,
Nem mesmo o quanto possa e já me afasta
Ainda vendo a face mais nefasta
Sequer o quanto quero hoje me acalma.


13


A calma que tomasse por inteiro
O mundo tantas vezes sem a paz
Que tanto necessito e não se faz
Sequer se demonstrando no canteiro
Dos sonhos onde amor, o derradeiro
Embora seja mesmo contumaz
Pressente o que esperança não me traz
E trama com terror o vão luzeiro.
Negar cada momento aonde o todo
Expresse muito mais do que este lodo
Refém dos erros tantos onde eu possa,
Viver a sensação do que não vinha,
A sorte se anuncia toda minha
E sei do quanto a luz jamais foi nossa.


14


A nossa noite veio com tal luz
E dela nada mais, pois se veria
Sequer o quanto reine a fantasia
E nisto outro cenário reproduz
O vento se anuncia e se me opus
O canto na verdade não teria
Sentido se não fosse esta utopia
Vencendo cada instante feito em cruz.
Restando o que se vê além do prazo
E sei do quanto possa e se me atraso
Enfrentarei apenas este corte,
Sem ter o tanto quanto desejei,
Apenas num abismo eu mergulhei
Do sonho que em verdade a vida aborte.


15


Aborto cada engano aonde tudo
Pudesse ser bem mais que mero sonho
E quando no final me decomponho
Também percebo o quanto desiludo,
Restando dentro da alma o mais agudo
Cenário que pudera ser bisonho,
Jogado contra as pedras me proponho
Vencendo o dia a dia e não me ajudo,
Restauro cada instante aonde a senda
Moldasse um passo aonde já desvenda
A lúbrica vontade de sonhar,
No tempo sem ter tempo de ser nosso,
Apenas do vazio ora me aposso
E tento tão somente caminhar.


16


Caminho entre os terríveis temporais
E vivo o quanto pude ou mais quisera
A senda mais audaz se destempera
E nisto vejo dias desiguais
Resumos de outros erros que mostrais
E neles o passado dita a fera
Aninho cada voz mesmo insincera
Deixando para trás foscos cristais.
Na limpidez do sonho onde tentara
Ousar acreditar na imensa e clara
Vontade que em verdade não mais veio,
E sigo sem proveito e sem razão
Marcando com terror a direção
Enquanto noutro passo devaneio.

17

Devaneasse enquanto o passo tente
E veja noutro rumo a luz que outrora
Ainda sem saber quanto me ancora
Marcasse outro momento ora frequente,
O verso se presume e quando ausente
Do sonho aonde o tanto que apavora
Moldasse a relação que me devora
Tentando ter um tempo ora envolvente,
Não vejo do que veio uma certeza
Somente a velha faca sobre a mesa
E o nada se anuncia em tom feroz,
Resplandecesse a lua do passado.
Porém inutilmente tento e brado
E sei ninguém escuta minha voz.


18


No tempo mais audaz não se escutasse
Sequer o menor canto da emoção
Deixando para trás os que verão
A vida além da queda em nova face,
O verso que deveras se mostrasse
As horas quando muito me trarão
A luta aonde expressa a solução
Encanto desnudando o que se trace
Negar o meu tormento é me negar
O vento que pudesse demonstrar
Ainda a direção a ser seguida
Não traz sequer o rumo que pretendo,
E quando se desenha em tom horrendo
Descaracterizaste nossa vida.

19


Caracteres diversos têm a luta
Que angustiadamente fora o quanto
Restara deste sonho aonde o tanto
Em pouco tempo marca e já reluta,
Não vejo sem sentir a face bruta
Do preço a se pagar e não garanto
Sequer o descaminho aonde eu canto
E sei da mesma face mais astuta,
Revejo o que se oculta na manhã
E sei da minha história que malsã
Não mais me permitira qualquer fonte
Que possa me trazer algum aporte,
A vida se anuncia em torpe norte,
Marcando em nuvens vis meu horizonte.

20


Não tendo outro momento além dos vis
E neles outros tais como reflexo
Do quanto a cada ausência agora anexo
Tentando desenhar o que mais quis,
Vestindo este delírio o quanto fiz
Expressa o meu momento onde o complexo
Delírio se desenha e quando indexo
O peso derrotando este infeliz.
Não tento acreditar em mera afronta
E quando o dia a dia me desmonta
Não tendo solução eu sigo à risca
Bulário da esperança sem saber
O quanto poderia merecer
E a luta se desenha e o sonho risca.


21


Não mais teria em vida qualquer sonho
Apenas o que possa me trazer
Ainda quando muito o amanhecer
Enquanto cada passo ora componho,
No verso mais audaz e mais risonho,
O vento desenhando posso ver
Mergulho no vazio a me perder
E sei do caminhar onde me ponho,
Respeito o que viera, mas procuro
Embora saiba ser o tempo escuro
Medonhamente exposto no vazio
De quem se fez além de mero ocaso
E quando no final já nem me aprazo
A lua surge em claro desafio.

22


Se eu tanto desafio o desatino
E tento o mesmo passo após a senda
Diversa aonde o tanto se desvenda
Deixando para trás este menino
Amortalhado enquanto mal domino
O prazo se desenha em vã contenda
E quando no final já não se estenda
O espelho de minha alma, cristalino.
Reparo cada passo e vejo em queda
A luta aonde o todo se envereda
Marcantes ilusões em erros tais
Amortalhado vento da esperança
Aonde no não ser o medo alcança
Ausento do momento enquanto esvais.


23


Esvaísse qual fosse mera bruma
Vagando pelo espaço e num instante
O sol que se imagina radiante
No encontro deste encanto ora me esfuma,
Jogado sem saber onde se ruma
E vendo da esperança o diamante
Enquanto se quisera mais brilhante,
Das sortes que sonhei, vejo nenhuma.
O preço a se pagar no fim das contas
Demonstra tão somente onde despontas
E traças com temor o dia a dia,
Não tendo qualquer chance no futuro
Apenas o meu tempo eu asseguro
E mesmo assim em tez bem mais sombria.


24


Das sombras do que fomos e não vejo
Sequer qualquer sinal ou mesmo o tanto
Aonde o que deveras mal garanto
Preveja o que se faz em vil desejo,
A sorte se aproxima e noutro ensejo
O medo se desenha em ledo pranto,
Restauro o quanto tenha e me adianto
Depois do delirar tão malfazejo,
Não quero qualquer porto, cais e areia,
A lua da esperança não mais cheia
Esconde-se deveras noutro ocaso,
E bebo a solidão de quem poeta
A sorte se anuncia em velha seta
Matando o quanto resta, este descaso.

25


Descasos são comuns depois do quanto
A vida desenhara em comunhão,
Assim ao me entregar em solidão
Apenas o não ser ora garanto,
O verso se traduz em medo e prato
Os erros costumeiros sempre vão
Traçar a dura noite, escuridão
E nelas o que sonho dita espanto,
Não quero acreditar no amanhecer
É tempo em esperança a se perder,
Razão para saber do fim de tudo,
E quando se presume em tom atroz
Navego contra o rio mais veloz
E morro enquanto em vão me desiludo.


26


Desilusão expressa o que se faz
Ainda na certeza do não ter
E passo na verdade mesmo a crer
No rumo aonde o mundo fosse audaz,
O verso tantas vezes contumaz,
O prazo noutro tanto a se perder
O manto já puído não faz ver
Imerso no que a vida dita em paz.
Reparo os meus anseios e percebes
O quanto do vazio em mortas sebes
Inunda o dia a dia de quem sonha,
E a noite se anuncia sem sentido
O verso noutro tom já resumido
E a noite que se vê, atroz, medonha.


27

Medonha e caricata segue a vida
Sem ter alguma luz ou mesmo rota,
A luta que deveras já denota
A mesma história agora desprovida,
O verso se presume e não divida
O manto aonde o corte me amarrota
E sei do quanto possa na derrota
Viver a noite atroz e resumida,
Não vejo qualquer sonho aonde ponha
A morte que deveras sei risonha
Após tanto martírio vida afora,
Mas quando se aproxima face a face
O tanto do temor que demonstrasse,
Ainda inutilmente me apavora.


28


Apavorante cena feita em trevas
E nela nada mais se faz presente
Ainda quando o rumo se apresente
Deixando no passado velhas cevas,
As sortes desenhadas nestas trevas
O prazo terminando e me alimente
Do quanto na verdade não se sente
Nem mesmo entre delírios tu me levas
Deixaste no caminho a vã fortuna
E quanto mais a vida nos desuna
O tempo trama o fim, mas não reluto,
O verso sem sentido e sem proveito
O fim de cada sonho enquanto aceito
Adentro a sensação de perda e luto.


29


Dos lutos e mortalhas que me deste
Presentes de uma vida sem sentido
Ainda o quanto trago resumido
Não traz senão a luta em viva peste,
O tanto que se fez e se deteste
O risco desenhando o quanto olvido
Do gesto tantas vezes desprovido
Do vago caminhar onde se empreste,
O canto traz em si esta palavra
Que tanto uma esperança audaz já lavra
Das travas desta vida nada levo,
Somente o que se fez em tom atroz
E ninguém mais calaria a minha voz,
Jogado sobre um sonho até longevo.

30

Nos erros deste tempo sem cuidado
O verso se perdendo sem saber
O quanto poderia apetecer
Quem tanto noutro rumo agora evado,
Seria com certeza o desejado
Momento feito em glória e possa ver
Do todo aonde o pouco faz viver
E trama os erros torpes do passado,
Vestindo a hipocrisia de quem sonha
A luta se anuncia mais tristonha
E enfronha este vazio dentro em mim,
Mergulho noutros braços e pressinto
A sorte muito além de mero instinto
Traçando cada instante de onde eu vim.

31

Vieste como fosse a vida um mar
E nada do que pude neste instante
Ainda se moldara em tom brilhante
Cansado de deveras esperar
O verso noutro tom a nos tocar
O prazo desenhado delirante
E o tanto que me resta não garante
Sequer aonde eu possa descansar.
Mergulho nos meus ermos e vou só
Refaço desta história o velho pó
E tanto quanto poupe nada tenho,
Somente o meu caminho pedregoso
O olhar sem horizonte no jocoso
Momento em ledo e vago rude empenho.


32

Empenho-me tentando ver após
O verso que jamais imaginasse
Tocando na verdade e velha face
E nisto se apresente mais feroz
O rumo sem saber sequer de nós
E tanto quanto o mundo demonstrasse
O verso aonde o nada não traçasse
Sequer algum caminho ou mesmo os nós,
Não tento acreditar em teus duendes
E sei do quanto possas e me ofendes
Com rústicas palavras sem saber
Do gélido momento aonde a vida
De toda a velha sorte desprovida
Invade o quanto resta em desprazer.

33


Apresentando apenas solidão
Aonde o dia trouxe alguma luz
A vida no vazio reproduz
Os dias que julgara, sempre em vão,
Não tendo deste tanto a dimensão
Enquanto o meu anseio não produz
Sequer o quanto busque e se me opus
A sorte se escondera em tal porão,
Invado os erros todos de quem tenta
Vencer a calmaria com tormenta
Inebriante passo rumo ao nada,
E vendo o quanto possa noutra sorte
Apenas resumindo em medo e corte
A luta já tanto mesmo desolada.

34


Desolações aonde o tempo não queria
Sequer a menor sombra da esperança
E o vento quando em dor agora avança
Deixando a minha sorte mais sombria,
Ousando acreditar no que viria
Ou mesmo quando a sorte em temperança
Marcasse com temor o que se lança
Restando dentro da alma esta agonia,
O vento sem proveito e o verso em vão
O mundo se apresenta em dimensão
Diversa da que tanto se fez nossa,
A sorte mais sutil em sonho e gozo
Promete este caminho doloroso,
E a própria solidão agora endossa.


35


A solidão aporta a cada instante
E deixa como rastro o fim de tudo
E quando no vazio ora me iludo
Apenas o não ser já me garante,
E sinto o quanto eu possa doravante
Marcando o dia a dia e se inda o mudo
No verso mais audaz eu me amiúdo
E vejo o quanto quis e assim me espante.
Restando do que fora meramente
O tanto se anuncia e a vida mente
Omite cada passo e nada vejo,
Somente esta semente apodrecida
Do que deveras fora a minha vida
E sinto se perder a cada ensejo.

36

Não pude num ensejo mais tranquilo
Ousar felicidade, se inda existe
O velho caminhar em olhar triste
Enquanto no vazio ora desfilo,
A sorte desenhando noutro estilo
O tanto quanto possa e se resiste
O manto aonde o verso não persiste,
O sonho no não ser ora destilo.
Repare cada estrela e veja bem
O quanto se deseja e nada vem
Somente a mente aonde rode o tempo,
Não quero acreditar no que seria
A vida sem sabor ou fantasia
Gerada por medonho contratempo.

37

Geraste novo passo rumo ao fato
De ter este momento em tom sutil
E o quanto deste mundo repartiu
O vento aonde o tanto não comparto,
E bebo tão somente o desacato
Venal anseio dita o que se viu,
O velho coração jamais servil
E o prazo de moldando em limpo prato;
Restauro os meus anseios e procedo
Ousando acreditar em tal segredo
E mesmo desde cedo fora assim,
O vento que se faz redemoinho
A solidão ciclone onde sozinho
Encontro tão somente o mesmo fim.


38


Finalizando a vida aonde há tanto
Pudesse desejar algum espaço
E sei do quanto resta em tempo lasso
Depois do que deveras mal garanto,
E quando na emoção que quero espanto
O verso sem temor, velho terraço
O manto se anuncia e me desfaço
Denoto cada engodo e sei do pranto.
Enfrento o quanto resta dentro da alma
E nada nem certeza em luz me acalma
A senda se desvenda em tom atroz,
O prazo que pudera ser diverso
Agora se perdendo em triste verso
Calando num instante a minha voz.

39


Vociferando enquanto quero mais
Que mera sensação de ser ou não
A sorte nesta fúria em dimensão
Diversa do que tanto ora mostrais
E sigo sem saber dos teus cristais
E bebo esta esperança, um torpe grão
E nela novos dias me trarão
Desejos muitas vezes divinais.
Restando tão somente o que se fez
E nisto o meu anseio em altivez
Depositando o verso em luz suave,
O vendaval que na alma se desenha
Marcando com ternura o quanto venha
Sem nada que deveras volva e entrave.

40


Entraves são comuns e de tal forma
A vida se apresenta em desalento
Enquanto outro momento ainda tento
O verso sem certeza me deforma,
E o tanto quanto possa se transforma
Na imensa profusão em torpe vento,
Ainda que rondasse o sentimento
Apenas do final ora me informa,
Marcar o que se fez em tom atroz
A luta não descansa e mesmo após
Aposto neste anseio mais venal
E brindo com a morte o que ora veio
Depois de tanto tempo tão alheio
Ao quanto poderia em bem ou mal.


41


Embora a vida trame além do bem
A rústica presença mais venal
Do mundo que se veja sem sinal
Do quanto na verdade me convém;
Pousando mansamente aonde alguém
O mundo se moldara em ritual
Diverso do que anseio, sempre igual
Enquanto este vazio agora vem,
O tempo não pudesse ser diverso
E quanto do meu mundo diz do verso
Disperso e sem sentido, desengano,
O marco mais suave da esperança
Aonde o caminhar em vão avança
Mudando a direção de cada plano.

42

Dos planos onde a vida poderia
Traçar o quanto veio e não verei,
Ainda que se mude inteira a lei
A noite molda a sorte mais sombria,
E vejo quando muito em atonia
O prazo sem certeza que me dei,
No fato doloroso eu encontrei
O verso desenhado em valentia,
O vértice do sonho dita a queda
E nada mais se molda onde envereda
A luta contumaz de quem se fez
Em noite sem destino ou mesmo muda
A vida noutra sorte se transmuda
Deixando para trás a sensatez.

43

Num insensato sonho aonde pude
Viver o que não cabe dentro em mim,
Presumo ter chegado agora o fim
Embora seja vaga esta atitude,
E mesmo quando o tanto desilude
O prazo se esgotando traz assim
A morte elaborada em meu jardim,
Sangria tão voraz enquanto rude,
Orbito sobre os temas onde quero
Apenas ter o dia mais sincero
Depois de caminhar em pedras, caos,
E bebo da esperança meramente
Enquanto a solidão não me desmente
Aquém do meu olhar novos degraus.

44


Degraus que poderiam me levar
Ao cúmulo dos sonhos, a esperança,
Mas sei do quanto atroz a vida cansa
E nada mais se veja em seu lugar
Apenas o que teime em divagar
Pousando sem sentir a confiança
De quem noutro momento ora se lança
E sente a vida ao longe a se entregar.
Não pude ser feliz e nesta crença
Pousando aonde a vida não compensa
A imensa imprevisão ditando o quanto
Do verso sem sentido se perdendo
O mundo noutro passo, mesmo horrendo
Gerando o que deveras mal garanto.

45

Garanto tão somente este mergulho
No abismo de minha alma mais profana
E sei do quanto a vida nos engana
Deixando para traz tal pedregulho,
Ungindo o que pudera e se me orgulho
Do tempo aonde a luta ora se dana
A sorte que deveras já se ufana
Não traçará sequer qualquer marulho.
E quando nesta praia em tom atroz
Ninguém escutaria a nossa voz
Tampouco poderia me ajudar
Depois da reticente noite vaga
A senda se aprofunda nesta adaga
E deixa mais distante o imenso mar.


46


Mareio contra a fúria do oceano
Tecendo o meu anseio mais fugaz
E sei do quanto a vida é mais capaz
Enquanto no final me desengano.
Vestindo um ar audaz e soberano
O tempo no vazio se desfaz
E mesmo que se fora mais loquaz
O tanto quanto quero diz profano
O preço a se pagar; a própria vida
A história tantas vezes despedida
E nisto o que se fez não tem razão.
Arbustos e espinheiros no caminho
E quando na esperança enfim me aninho
O mundo perde logo a dimensão.

47


Negar o que soubera ou adivinho
Nascendo do cadáver da esperança
A vida se promete em tal mudança
E desta solução espero o vinho,
Das águas onde possa e me avizinho
O canto sem saber da temperança
A luta sem sentido algum me lança
Nas ânsias de um momento mais mesquinho,
E bêbado de sono nada vejo
Somente o que se queira noutro ensejo
E deste desejar sobejamente
O caos se desenhando dita o fim
Do quanto ainda vive dentro em mim,
E apenas o vazio se apresente.


48


Apresentando alguma luz enquanto
Acerto os meus ponteiros com a vida
E sei do quanto possa e se divida
Marcando com terror o desencanto
Aonde no final nada garanto
Vestígios da explosão já consumida
Nas tramas mais audazes, despedida
Do prazo se moldando em ledo pranto.
Exposto na nudez de um sentimento
Enquanto na verdade o que ora invento
Jamais me moldaria novo dia.
Apenas do caminho mais sutil
O tanto quanto queira e se previu
No fundo do cenário moldaria.

49


Sem mesmo alguma dor em represália
O tempo não trouxera novo fato
E quando no vazio eu me retrato
Apodrecendo em mim o lírio e a dália
O mundo não resume em tua Itália
Tampouco no que em vão eu desacato
Restando muito pouco o que constato
Não me importando aqui ou na Somália
Apenas reviver o meu momento
Aonde com certeza o que inda invento
Restaura cada engano e dita além
Do verso sem sentido e sem proveito
E quando no vazio ora me deito
Aceito com temor o que não vem.

50

Não venha com teus sonhos arrogantes
Tampouco com palavras mais gentis.
O mundo noutro instante já desfiz
E vejo tais cenários degradantes,
Os olhos onde nada mais garantes
Sequer o que pudera por um triz,
Marcando o dia a dia em tom mais gris
Negando quaisquer dias deslumbrantes,
Resvalo no meu mundo aonde há pouco
O olhar denunciando o quase louco
Momento em tal tormento sem saída,
E bebo desta cota em reticência
Sabendo da fatal impertinência
Reinando por inteiro em nossa vida.

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