terça-feira, 15 de março de 2011

Há tanto que eu queria te falar
Dos erros ou acertos vida afora
Quando a fortuna toca e desancora
Não tendo sequer rumo nem lugar,
O verso se aproxima e ao divagar
O lento desenhar aonde aflora
A sorte não pudesse desde agora
Marcar o que mais tento desenhar,
E vejo sem certeza o quanto venha
Acendo da esperança a velha lenha
E nada se anuncia após o medo
E embora sonhador já sem sentido
Meu mundo noutro engodo o dilapido
E nem sequer um passo a mais concedo.

2

Concedo dos meus erros outros tais
E vejo o quanto resta dentro em mim,
Ainda quando tento e vejo enfim
Os erros são deveras quase iguais,
Os olhos se perdendo em divinais
Anseios onde pude em teu jardim
Gerar o todo audaz e sei que vim
Ousando sem saber quanto me trais.
Negar alguma luz a quem suporte
Tateio e procurando além do corte
Apenas este apoio que não veio,
Não tento caminhar imerso em sonho
E sei do meu momento mais bisonho
Vivendo o quanto possa e siga alheio.

3

Não queira acreditar no quanto reste
Do tanto que se possa ver ou não,
Acerto toma a meta em previsão
E nisto o caminhar se faz agreste
E vejo outro cenário aonde empreste
Meu verso sem sequer saber versão
Diversa da que teime em expressão
Suave em tom audaz, quase celeste.
Vieste consolar quem tanto quis
Após a madrugada ser feliz
Ou mesmo controlar um passo além
E sinto sem saída a sorte enquanto
O verso mais sutil que ora garanto
Transcende o quanto resta e nunca vem.


4


A vida mesmo incerta traz após
A queda alguma luz onde se vira
A sorte desvendada na mentira
E dela não se ouvisse nem a voz,
O verso se mostrara qual algoz
A lenta solução deveras gira
E o vento desmanchando a velha pira
Cigana maravilha morta em foz,
Versáteis cantos ditam tantos erros
E vejo dentro da alma meus desterros
E neles outros tantos que não sinta
Erguendo o velho olhar sem direção
O mundo na completa dimensão
Expressa mesmo quando o sonho minta.

5


Passasse mesmo o tempo sem sentido
E o canto anunciando velho tema
A luta que deveras nos algema
Expressa o sonho atroz e desvalido,
O vento sem razão quando eu olvido
Refém deste vazio aonde o lema
Presume tão somente outro dilema
E nisto vejo o passo repartido.
Repatriando o velho caminhar
Em volta do que fosse algum luar
Invado sem saber qualquer detalhe,
E nisto tanto possa quanto reze
A velha solução onde reveze
O passe noutro engodo e mesmo falhe.


6


A vida demandasse algum amor
Depois do que se mostre reticente
O tanto que deveras já se sente
Não trama algum juízo de valor,
Negar alguma luz a quem em dor
Tentasse novo dia e ora se ausente,
Vivendo o quanto trace tentador
Num ermo desvendado redentor
Do quanto na verdade o fim pressente,
Ainda não pudera ser diverso
E nisto noutro passo se disperso
O tempo não teria mais proveito,
O rústico cenário se anuncia
E a noite com certeza mais sombria
Explode no luar quando me deito.

7


Desanda cada passo aonde um dia
Pureza não traduza a imensidão
Dos ermos que tocando o coração
Trouxesse qualquer tom em poesia,
Negar o que se quer e não viria
Eu sei já não seria a solução
E envolto nos anseios que virão,
A sorte traz no olhar a rebeldia,
Agonizasse aos poucos quem se dera
Prevendo esta incerteza mais sincera
Aprendendo o caminho ou se perdendo,
Angustiosamente o vento explode
E o tanto se desenha em sonho e em ode
Enquanto o meu cantar se faz adendo.


8


Uma amizade ou mesmo a companhia
Que possa dividir a imensa carga
Enquanto o tempo apenas nos embarga
A luta se perdendo em luz vazia,
Ainda que se queira o que traria
O verso mais audaz, e sigo à larga
Espreito o delirar e nada alarga
A sorte sem sinal de fantasia,
O vento noutro rumo e o temporal
O verso se reflete num igual
Cenário mais sutil e mesmo nobre,
Do prazo onde se esgota cada sonho
O tanto quanto possa ora componho
Na luz que mansamente nos recobre.


9


A vida traz em todo novo engano
A mesma cena após o quanto eu quis
E sei do meu anseio e por um triz
Acumulando apenas claro dano,
E tanto quanto possa eu me profano
Deixando tão somente a cicatriz
Semeio entre os vazios e sei que fiz
Somente do não ser um novo plano,
Restando muito pouco ou quase nada
A luta pela vida desenhada
Deseja numa ausência o quanto resta
Da marca mais audaz e nela sinto
O vento que sonhara agora extinto
E o tempo desenhado em turva festa.

10


Desertos onde tanto procurava
Algum oásis quando em temporais
Os versos invadindo os areais
E nisto a solidão expressa a lava,
O manto mais audaz onde se lava
A vida entre diversos vendavais
Ainda quando aquém do sonho vais
O tempo molda esta alma, mera escrava.
Restando o tanto ou pouco aonde o verso
Trazendo em meu olhar o mais disperso
Cenário feito em brilhos e valores,
Decifro com meu canto o que viria
E tento imaginar a poesia
E nela te seguir por onde fores.


11

Não mais me bastaria acreditar
Nem mesmo ter no olhar este horizonte
Aonde cada passo desaponte
E deixe sem sinal o verbo amar,
E sei do que pudera em tal lugar
Ousando acreditar onde desponte
O sol e nele expresso a bela ponte
Que invade cada noite de luar,
Almejo melhor sorte, mas decerto
O tempo aonde o rumo ora deserto
Não deixa nem sequer a menor marca
O término do tanto que me dei
Mudando com certeza regra e lei
Amor que além concebo agora abarco.


12


Não mais me caberia qualquer passo
Aonde o meu anseio determine
O tanto que coubesse e se extermine
Deixando na verdade o quanto traço,
O verso se mostrara mais escasso
E sem ter mais alguém que me domine,
O luto se progride enquanto estime
O vento aonde o mundo seja lasso.
O pânico se espalha enquanto a fúria
Deveras não trouxesse além da incúria
Sequer a menor chance cura e riso,
Dos erros mais comuns apresentando
O mundo aonde o quis suave e brando
E agora em grises laços eu matizo.

13

Vestígios de outras eras onde um sonho
Pudesse transcender ao mais suave
Momento aonde tudo invade e agrave
Gerando o que pudera ser medonho,
E quando no final enfim me oponho
E sigo o temporal onde esta trave
Deixasse suavemente aonde a chave
Não mais trouxesse a luz enquanto a ponho,
Vertigens e loucuras, labirinto
O tempo se desenha e não desminto
Sequer o que se fez em tom venal,
Apenas o caminho que se busca
Traduz a sensação audaz e brusca
Do passo em discordante ritual.

14


Quisera ter no olhar a mansidão
De quem se faz além do quanto pude
E vejo se perdendo a juventude
Imersa noutros dias desde então,
Negando qualquer passo em dimensão
Disperso o meu anseio e sei do rude
Momento feito em luz e em atitude
Marcando os dias duros que virão,
Não pude acreditar numa assertiva
Ainda que esperança em sonhos viva
No peito deste espúrio cantador,
Aumentam-se decerto os meus infernos
E quando procurava sonhos ternos
Apenas encontrara enfim a dor.

15


Negar apenas cada instante aonde
O vento não pudesse ser diverso
Do quanto procurara e desconverso
Ousando acreditar e não responde
O mundo quando em nada agora esconde
Expressa este caminho mais disperso
E tento acreditar no puro verso
Embora no vazio a vida sonde,
E siga sem proveito a queda em tom
Diverso do que outrora fosse bom
Em lúdica vontade ou destoante
Cenário aonde o tanto se fizera
Marcando com ternura a velha fera
E nisto cada passo se agigante.

16


Proveitos que esta vida não trouxesse
A quem se fez audaz e não teria
Sequer o quanto quer em alegria
E neste caminhar qualquer benesse,
Ouvindo com certeza a rude prece
E nela o tempo além se moldaria
Marcando cada passo em agonia
Enquanto alguma luz enfim merecesse.
Não pude e não teria qualquer chance
E quando no vazio a voz se lance
Alcanço cada rastro que deixei
Matando em dissonância o verso em paz,
Ainda do que fora mais capaz
Não vejo nem a sombra em leda grei.


17


Não tento e não pudesse mesmo atento
Enquanto noutro rumo ora tateio
Vestindo o sortilégio de um receio
Expondo o coração ao torpe vento,
E sigo sem saber o quanto tento
E vendo dentro da alma em tom alheio
O verso se moldando e não anseio
Sequer outro caminho ou instrumento,
Apenas o que sei e não concebes
Tentando adiantar em novas sebes
Cenários dissonantes do passado,
E tanto quanto possa ser feliz
Aonde esta esperança contradiz
O mundo sem ter luz agora evado.

18


Jogado sobre as pedras do caminho
O tempo não deixasse ver além
Do quanto a própria vida com desdém
Não deixa ter bem mais que algum espinho,
O vento noutro passo aonde alinho,
E sigo este momento aonde vem
A sorte maltrapilha e nada tem
Senão cada momento mais mesquinho,
Audaciosamente o vento expressa
E nisto qualquer luz vira promessa
Apesar de viver somente assim,
Marcando o que se molde noutro instante
A senda mais audaz nada garante
Estio sem limites no jardim.


19


Braseiros entre sonhos e fogueiras
Anseios mais comuns de quem cigano
Ousasse caminhar e se me engano
Além do dia a dia agora esgueiras,
Nos tempos mais ferozes onde queiras
Vencer este fantoche e neste plano
O sonho se moldara desumano
E destes erros todos, velhas beiras,
Arcando com os dias mais cruéis
Ainda que se vejam tantos féis
Fiéis momentos dizem do abandono
E quando se anuncia o verso em paz
O tanto que pudera e a vida traz
Enquanto do passado o desabono.

20


Negar o meu tormento enquanto pude
Sentir a leve brisa da esperança
Marcando o dia a dia aonde avança
O passo sem temor audaz ou rude,
E nada do que possa em atitude
Diversa do cenário aonde cansa
A senda mais comum em aliança
Expressa o que deveras tente e mude,
Restando o que se fez imaginário
O verso noutro tom e itinerário
Esconde dos meus dias cada vão
E sei da fútil noite sem ninguém
E quando a fantasia ronda ou vem,
Amor já não seria esta expressão.



21

Fazer de algum soneto o porto aonde
Meu barco poderia em noite escura
Depois de tanto tempo em vã procura
Trazer o quanto possa e além se esconde,
O verso na verdade corresponde
Ao todo que se quer e me assegura
A luta quando a mesma ora perdura
E nisto se perdendo trem e bonde,
A história não reflete o que se quer
E o tanto se presume onde sequer
O verso se transfere em sonho ou canto,
Depois de quantos anos, solidão,
As horas noutra imensa dimensão
Trazendo tão somente o desencanto.


22


Cerzisse com meus sonhos outro encanto
E nisto o que tecesse poderia
Ousar noutro momento em alegria
Ou mesmo desenhar tal em medo e pranto
O todo quando muito traz quebranto
E versa sobre a noite sempre fria
E tento desvendar em poesia
O tempo aonde o medo seja tanto;
Não pude e nem talvez mesmo pudesse
Ainda imaginar a sorte em messe
Diversa da que tanto procurara
A luta se desenha em tom bravio
E quando noutro rumo eu desafio
A sorte se desenha bem mais rara.


23

Resumo cada sonho em bisturi
E vejo navegar por mar distante
O tanto que se quer e não garante
Senão cada momento onde o perdi,
E vendo o quanto quero vivo em ti
Meu mundo seja novo doravante
E nada do que possa me adiante
O passo aonde o rumo não mais vi.
Viceja dentro da alma a primavera
E quando na verdade o que se espera
Esvai em tom audaz mesmo sutil,
O marco mais suave em luz e glória
Deixando para trás cada memória
Moldando o quanto sinto e ninguém viu.

24


Zarpando com certeza mundo afora
Já nada mais pudera me conter,
Mas sei do quanto viva em desprazer
O tempo aonde o rumo desarvora,
Vestindo a solidão em nada ancora
A sorte que eu soubera reverter
Depositando na alma o doce ser
Que sabe quando a sorte me apavora.
Não sei e não teimasse contra a fúria
E tanto sem temor ou dor, lamúria
O verso se apressasse em me moldar
Um mundo mais suave e mesmo além
Do quanto este vazio sonho tem
E trace aonde eu possa divagar.

25


Locando esta esperança em qualquer porto
Ainda que se busque a liberdade
O verso pouco a pouco desagrade
Deixando o meu caminho semimorto
E quantas vezes vejo como aborto
O tempo sem sentido e claridade,
Ousando aonde possa e se degrade
O marco aonde o tempo siga torto,
Não vejo alguma chance em ser feliz
Tampouco sonho um dia mais suave
E quando no final o tempo agrave
Deixando sem sentido o quanto eu quis
Risonha luta embota o meu futuro
E vejo o caminhar sempre inseguro.

26


Jamais me caberia ainda crer
No quanto a vida mente e não sossega
A sorte com certeza sendo cega
Talvez trague no fim algum prazer,
E tantas vezes soube merecer
O manto aonde o verso não se apega
E gera esta emoção e enfim navega
O mar imenso feito em bem querer,
Não quero e não pudesse ter diverso
Meu mundo sem saber deste universo
Disperso dos enganos mais sutis,
E quando imaginara novo cais
Ainda vendo ledos temporais
O símbolo do amor jamais me quis.


27


Resgato com meu sonho o teu anseio
E vendo o que pudera em tom maior
Sabendo desta história já de cor
Meu braço se procura em devaneio,
Ousando acreditar no que não veio
Tentando ter no sonho além suor
O dia com certeza bem melhor
Aonde cada verso em paz rodeio,
Não tendo qualquer chance sigo aquém
Do tanto que este amor agora tem
E bebo o meu cenário displicente
Verdugos da ilusão, dias doídos
E os ermos entre tantos destruídos
Prezando cada passo que apresentes.

28


Não tendo qualquer luz que me ilumine
O caos se apresentando a cada queda
O mundo no vazio se envereda
E sempre sem sentido algum já mine
O passo que deveras me domine
Ou mesmo no caminho aonde seda
A senda mais sublime e quando enreda
O tempo sem juízo desatine,
Ausento da esperança que me deste
E sei do caminhar em solo agreste
Após o longo estio, vida inútil
O canto se mostrara quase fútil
E o prazo determina o fim de tudo,
Mas mesmo assim incauto ora me iludo.


29


Empreste à solidão esta alegria
Ou tente uma esperança onde não há
E o vento que deveras toque cá
Noutro momento em ti alentaria
Ao sonho mais audaz conduziria
E neste brilho intenso moldará
A senda mais sublime qual maná
Embora seja a vida mais sombria,
Resgato sem saber o quanto pude
Viver entre detalhes sendo rude
O prazo que jamais alimentara,
E sei do meu anseio em tom atroz
E quando se imagina novo algoz
O preço noutro rumo se escancara.

30


Um mundo turbulento aonde um dia
Vivesse sem saber do que se faz
Ou mesmo sem poder ser mais audaz
Morrendo em tom atroz e em agonia,
O manto que deveras já desfia
O tanto quanto vejo em contumaz
Anseio já matando inteira a paz
E nisto o tempo mata uma harmonia,
Simbolizando o verso aonde eu pude
Trazer em todo olhar a juventude
Marcando com astúcia o que se fez,
Restando dentro em nós esta clemência
E nela tão somente a paciência
Ou mesmo o quanto quis em sensatez.



31

Mergulho nos anseios de quem sonha
E veste do passado a mesma estirpe
E quando na verdade a vida extirpe
Não tente caminhar, lida medonha,
O beijo traiçoeiro se anuncia
E vejo noutro passo este desvelo
E quantas vezes tento e posso vê-lo
Deixando para trás a alegoria
De um tempo aonde o tanto se faz pouco
E sei do mesmo tom iridescente
E quando na verdade o mundo sente
O vago caminhar onde treslouco,
Restando da esperança um mero canto
O que se molda agora é desencanto.


32


Inverto a caminhada e volto ao quando
Pudera desde sempre acreditar
E neste mais dorido desenhar
O verso se traduz desafiando
O vento carregando em contrabando
Imensa e clara noite a nos tocar,
E possa na verdade anunciar
O mundo aonde eu vejo a luz tocando
Seara da emoção já compartilha
A luta aonde fora a maravilha
Sequer uma armadilha se desenha
E vejo o quanto pude após a queda
E nisto o meu engodo agora seda
Quem tanto contra a fúria agora venha.

33


Não pude e nem talvez acreditasse
Na sórdida presença da esperança
E quando no final o passo avança
Demonstra novamente o mesmo impasse
E sei do que pudera e se mostrasse
Ainda penetrando a velha lança
Marcando com terror a confiança
Gerando tão somente o que desgrace,
Restando dentro em nós o descaminho
E sei do quanto possa ser mesquinho
Quem tanto se fizera prisioneiro
Do amor já sem sentido e sem segredos
Ainda se mostrando em desenredos
Matando deste barco o timoneiro.

34

São tantos desacertos vida afora
E o preço a se pagar com claro juro
Traduz a imensidão onde procuro
O tempo que sem tempo não aflora
O marco mais sutil já desancora
O barco aonde o tanto eu asseguro
E salto tão somente sobre o muro
Dos sonhos onde o tanto me apavora,
Não quero e nem pudesse ser diverso
Vagando pelos ermos do universo
Enveredando o tanto que se quer,
Nas tramas mais audazes da alegria
O verso noutro tom eu mostraria
Distando dos anseios da mulher.


35


Já não mais me coubera algum espaço
Depois de tanto estar em luta e dor
Ainda que se busque o redentor
O verso noutro tempo quero e traço
Vagando sem saber deste cansaço
E nele o que pudera te propor
Ousando acreditar neste valor
Disperso cada sonho e nada faço,
Matando o dia a dia em tal anseio
O vento se anuncia e quando veio
Explodirá nos ermos de minha alma,
Apenas o cenário mais suave
Aonde o caminhar agora entrave
Deixando-se antever o medo e o trauma.

36

Não mais se acreditasse noutro instante
Aonde o que se quer pudera ser
Diverso do caminho a percorrer
E nisto nada trague doravante,
O verso sem saber do que agigante
O manto pouco a pouco apodrecer
Domínios de um momento aonde o ter
Pousasse mansamente e delirante,
Negar a dimensão do passo e vendo
Apenas o que fosse algum remendo
Dos erros mais comuns, sonhos sutis,
Desvendo o meu anseio e sigo após
O tanto que se quis e sei atroz
Vivendo muito mais do que ora fiz.

37

Brindasse com meu sangue em tom brumoso
Aos erros cometidos no passado
E quando cada verso ora degrado
Procuro com certeza um manso gozo,
Embora saiba ser tão pedregoso
Caminho noutro tom já desenhado
O canto aonde possa e se me evado
Não deixo qualquer sonho, caprichoso.
Impura sensação que nos acolhe
O tempo sem saber tanto recolhe
E segue sem sentido e sem por que
Dos tantos vis naufrágios vida afora
Agora a solidão que me apavora
Não deixa nem sinais e nada vê.

38

O quanto deste canto diz cordel
E possa imaginar outro caminho
Do tanto que se fez mesmo sozinho
A vida recolhendo o manto e véu
E vejo com terror o mar incréu
Vestindo a solidão e se me alinho
Nos ermos dolorosos deste espinho,
A sorte se desenha em carrossel,
Não tento acreditar no que não veio
Semente se anuncia em tom alheio
Ao quanto poderia em solo manso
E tantas vezes vejo o fim de tudo
Enquanto no final me desiludo
E nada do que sonhe enfim alcanço.

39


Bastando alguma luz a quem se dera
Presença sem temor em sonho e luz
Ainda quando em versos eu me pus
Tentando a sorte atroz, mesmo sincera,
Não pude imaginar em lenta esfera
O verso desenhado em mede e pus
Tentáculos do nada e se me opus
O mundo não traduz além da espera,
Restando o quanto vejo e mesmo incito
No tanto desejado este infinito
Momento aonde o anda se faria,
Vestígios de uma vida sem anseio
Aonde o descaminho sempre veio
A noite se desenha atroz e fria.

40


Nas mãos de quem se fez o salvador
O olhar domina em paz a plenitude
E nada do que possa sempre mude
O mundo feito em glória e raro amor,
Mas sei do quanto tente em cada flor
Ousar o renovar da juventude
E sendo quando o mundo nos ilude
Apenas o vazio em leda cor,
Grisalhos ermos da alma de quem seja
Diverso desta sorte benfazeja,
Mas sonha com o dia mais feliz,
O mundo num cenário desatento
Não traça o que decerto agora eu tento
Seguindo o dia a dia por um triz.



41

Protótipo de sonho aonde veio
O canto mais audaz em devaneio
Ou mesmo alguma voz que nos chamasse
Enquanto a solidão tudo tomasse,
A vida traz além de algum receio
O tanto quanto possa e sigo alheio
Pousando na verdade noutra face
Restando o que deveras nos embace
A luta sem sentido e sem razão
Expressa com certeza a sensação
Sem tréguas nem descanso dia e noite,
O verso se anuncia e quando açoite
Acoita a viperina fantasia
Aonde o meu cenário morreria.


42


Negar o quanto tenha e mesmo creia
Depois da sensação de sorte cheia
Anseios entre passos bem mais fortes
E neles outros tantos já comportes,
Marcando cada luz que nos rodeia
A luta sem descanso devaneia
E bebe do passado em duros cortes
Mesclando no vazio ventos, mortes.
Reparo cada engano e sigo ao fim
Matando desde sempre o que há em mim
Erguendo o meu olhar sem horizontes
E tanto sem saber já desapontes
Nas fontes dolorosas da esperança
Enquanto o passo aquém o nada alcança.


43


Negar o que se fez ou poderia
Tentando acreditar na hipocrisia
Envolta nas temidas ilusões
Eu sei que na verdade o quanto expões
Traduz a sensação atroz e fria
Marcada sem saber da sintonia
E nela cada passo em vão repões
Deixando para trás velhos verões
Versões diversas vivem dentro em nós
E sei do caminhar em solo atroz
Velozes desvarios, rios mortos
E tanto imaginara novos portos
Aonde com certeza nada existe
Somente este cenário espúrio e triste.


44


Dos rastros que deixaste no caminho
O verso sem certeza em desalinho
Prezando em rima e métrica a loucura
E quando esta incerteza configura
Somente o quanto possa mais daninho
O mundo se mostrando em ledo espinho
Depois do que tentara ser a cura
Deixando no passado esta procura.
Restando uma ilusão aonde visse
Bem mais do que se fez mera tolice
Vagando sem sentido e sem razão
Apresentando aquém da solução
A luta aonde cessa esta esperança
E o verso noutro passo ora se lança.

45


Não tento acreditar no que não veio
Sequer outro cenário em tom alheio
Marcando com terror o dia a dia
Deixando cada cena mais sombria,
O verso sem saber onde o rodeio
Mandando novo tempo e sem receio
E sigo sem saber do que teria
A luta sem valor em tal sangria.
Não pude acreditar no que não seja
Sequer o que deveras nunca veja
Apenas outra perda que se soma,
Restando dentro em nós cada palavra
O tempo sem sentido agora lavra
E nem sequer a luta ora nos doma.

46

Espero alguma luz onde não há
Sabendo deste medo e desde já
O tanto que se quis não mais coubera
Na fase mais temida ou insincera,
Reparo o quanto possa e me trará
Ainda sem certeza aqui ou lá
O enlace mais atroz onde se dera
A solidão expressa em tal pantera
Marcantes ilusões em voz audaz
E nada do que possa a vida traz
Gerando sem proveito a mera queda,
O verso sem saber da precisão
Deixando cada engano em passo vão
Apenas no não ser ora envereda.

47


Beijando a boca amarga da saudade
O tanto que se quer sequer invade
E deixa imaginário caminhar
Em meio ao quanto possa desenhar
E nisto se presume a liberdade
Ousando no final na ansiedade
Mergulho insanamente neste mar
E nele tanto possa me entranhar
Tentando resvalar em onda e luz
E quando no final nada produz
O corte em tom suave ou mesmo rude
Deixando para trás a juventude
Expressa o que se fez em claros tons
Ousando na verdade em novos dons.

48


Não tento acreditar no que não sei
E tanto quanto possa nesta lei
O mundo se anuncia sem cuidado
Deixando o sentimento ora de lado,
O verso que deveras sempre usei
O passo sem sentido aonde ousei
O vento noutro tom já desolado
E nisto o quanto possa enfim evado,
E invado este caminho em tom feroz
Deixando mais silente cada voz
Sem nada que se possa imaginar
Ou mesmo quando tente divagar
Já não mais sinto o gozo em plenitude
E mesmo esta emoção audaz me ilude.

49


Nascendo da mortalha feita em vida
A senda mais audaz e consumida
Nas tramas onde o verso dita o não
Deixando para trás a imensidão
Há tanto sem sentido e desprovida
Da luta que pudera e não duvida
Expressa a mais diversa dimensão
Deixando para trás a solidão,
Respaldos de uma sorte sem juízo
E quando no vazio ora matizo
Deixando o tom grisalho costumeiro
Ousando acreditar no derradeiro
Momento em luz imensa que viria
Traçando dentro da alma a poesia.

50


Não mergulhasse apenas no passado
Tampouco acreditasse em tom sutil
No quanto outro momento mal previu
Deixando para trás o velho brado,
Resumo deste amor que sem pecado
Ainda sem certeza não se viu
Pousando num cenário mais gentil
Ou vil desenhar ledo em duro prado,
Espero a sorte audaz e nada vindo
Apenas o que possa e sei que é findo
Afortunadamente sem temores,
E sigo cada passo que deixaste
Embora se perceba este contraste
Sem nada mais decerto agora opores.

Nenhum comentário: