29674
“São palmos de nada”
O que resta do todo
Deveras do lodo
Sorte desgrenhada
O risco do quanto
No tanto que não
Perder direção
Coleto o quebranto
E tudo traduz
O vago em que outrora
Sem dia nem hora
Saudade diz cruz
E leva pra além
O que não contém.
29675
“ Os dias, os anos”
Os meses e a vida
Há tanto perdida
Fartos desenganos
O medo coleta
O quanto cabia
Não tendo alegria
Não posso poeta
Nem mesmo pudesse
Nem quando pensasse
Mostrando outra face
Porquanto comece
O mesmo caminho,
No qual não me alinho.
29676
“perdida, encontrada”
A sorte que um dia
Pudesse agonia
E agora diz nada
Redime os engodos
E traça o futuro
Aonde procuro
Escudos e lodos
Riscando o meu céu
Alheia à vontade
Estrela que invade
Prosseguindo ao léu
Girando, girando,
Sem tanto nem quando.
29678
“ pequena aos enganos,”
Os erros são tantos
E neles encantos
Deveras profanos
Mergulho no tanto
Quanto poderia
Viver fantasia
E ter desencanto
Não colho deveras
O que já plantei
Se tanto cevei
Cadê primaveras?
As flores distantes,
Os dias? Farsantes...
29679
“ tão vasta que é o mundo,”
Nele cabem meus sonhos
Risonhos ou medonhos
Se neles me aprofundo
Poeta e cantador
Passado diz presente
Futuro se pressente
Nele entranho amor, dor
A mordaça que cabe
O pedaço perdido
O momento esquecido
Do quanto nada sabe
Quem procura e não vê
Na vida algum por que.
29680
“ Entra nesta casa”
Bebe desta fonte
Veja este horizonte
Do sol beba a brasa
Saiba quanto dói
Amor sem amor
Tanto se propor
E tudo destrói
O quanto podia
A sorte bendita
A morte desdita
A mera agonia
E assim sempre o nada
Ditando alvorada...
29681
“aberta aos assombros”
Resiste ao tormento
E quando apascento
Vislumbro os escombros
Do quanto desfez
Quem tanto sonhara
A sorte se amara
Mata a lucidez
E o fim se percebe
Atroz e venal
Amor ritual?
Deslinda outra sebe
E sei do que tanto
Viver dita o pranto.
29682
“ há muito deixada”
Ao tempo no sol.
Aonde um farol
A sorte calada
A vida se faz
Aonde podia
E tanto agonia
E tudo é mordaz
O peso de outrora
O quanto que vem
O nada diz bem
E o fardo devora
A sorte medonha,
Porém alma sonha.
29683
“que é tua e de todos,”
As sendas diversas
E quando tu versas
Em tantos engodos
Os dias melhores
As sortes sutis
O quando desdiz
Em luzes, fulgores
O rastro do quanto
Perdido no tempo
Vital contratempo
Total desencanto
No peito silente
O medo se sente...
29684
“nos pensos retratos”
Nos dias vorazes
As sortes falazes
Os velhos contratos
O medo se vê
Na face bisonha
E quem se proponha
Procura um por que
Não posso sentir
Sequer a presença
Sonhar recompensa
Matando o porvir,
Assim ao saber,
Total desprazer...
29685
“ na plácida aurora,”
No tempo cruel
Estrelas no céu
A morte devora
Não posso sentir
A brisa suave
Portanto se agrave
Sem ter elixir
Ainda pudesse
Quem sabe sonhar
Ao menos lutar
A sorte, esta messe
Se ausenta e feroz
Ao vago, esta voz...
Nenhum comentário:
Postar um comentário