29562
“em teus túneis sonâmbulos”
Caminho em noite fria
Vagando a poesia
Sem sequer os preâmbulos
Meus passos são noctâmbulos
O verso que se cria
A sorte se que adia
Os passos dos funâmbulos
Vestindo a melhor sorte
Procuro por um norte
Aonde não pudesse
Além do que me cabe
Bem antes que desabe
Quem sabe tenha a messe?
29563
“enquanto naufrago”
Por dias sutis
Talvez mais gentis
Vivendo este afago
O quanto inda trago
O quando já quis
Se tudo desdiz
O que fosse lago
Jogando o meu barco
No cais que procuro
O tanto se é duro
O chão que eu abarco
Poeta sonhando
Com mundo mais brando...
29564
“te bebes minhas andanças”
Fazendo da fantasia
O que quer e ora me guia
Muito além destas lembranças
E se tanto enquanto avanças
Eu também já poderia
Desvendar minha agonia
E tocado em esperanças
Não pudesse ser somente
O que sinto a se pressente
Num momento mais audaz
Hoje sou se libertário
Muitas vezes necessário,
Mas a vida nunca traz.
29565
“ausente maneira de me envergonhar”
Lutando com fúria percebo o final
Sabendo se tanto pudesse venal
O quanto não cabe meu mundo sonhar
Talvez possa mesmo sentir o luar
Chegando de manso raio sideral
Gerando o caminho que sei sem igual
Bebendo a certeza medonha do mar
Assim também sigo sabendo da sorte
Que tanto queria mudando o meu norte
E quando pudesse sentir tal alento
Não tendo certeza servindo este sonho
Aonde eu queria tanto que componho
O meu próprio verso bebendo este vento.
29566
“e não o noto”
Deveria
A alegria
Se eu desboto
Nunca boto
Fantasia?
Poesia
Vou remoto
Caminheiro
Por inteiro
Sabe cedo
Desvendar
Do luar
Seu segredo.
29567
“debulhas meu sexo”
Tocando macio
O quanto desfio
Sem rumo e sem nexo
Amor se complexo
Vencendo este frio
Jamais desafio
Se nele o reflexo
Do que já não sou
Tampouco restou
Do quanto se fez
Sem ter nem por que
O que se vê
Pura insensatez.
29568
“te beijo”
Te quero
Sincero
Desejo
E vejo
Austero
Mais fero
Lampejo
Do amor
Por que
Se vê
Na flor
O brilho
Que trilho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário