terça-feira, 13 de abril de 2010

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29634

“Me aguarda o triste, sepulcral jazigo”
E sei que nada poderá fazer
Quem tanto busca e não consegue ter
Além do vago e doloroso abrigo
Aonde mostra a face mais cruel
De quem se perde e segue sempre assim
Vestida de ilusões toscas medalhas
Trazendo pós pensar tantas batalhas
E ver a vida mesmo em torpe fim,
Vencida e nada resta senão isto,
A mera tentativa de saber
Buscando inutilmente algum prazer
Deveras já cansada, enfim desisto,
E sinto o meu caminho em derrocada
Depois de tanta luta sobra o nada...





29635


“Só para terminar minha amargura”
Pudesse ter sabe algum alento,
Mas quando me entranhando o sofrimento
A sorte com certeza não perdura,
Vestindo esta mortalha, o que me resta
Num luto eterno, apenas não consigo
Mergulho no passado e o desabrigo
Traçando imagem tosca e tão funesta
Um traste caminhando sem destino,
Resíduo do que fora redenção
A vida se mostrando agora em vão
Somente sem ninguém, pois desatino
E sinto estar alheia a cada passo,
E a morte sem remédio, em vão eu traço.

29636


“Nem sequer um prazer breve consigo”
Ainda se pudesse acreditar
Na noite que surgindo sem luar
Traduz somente o medo, e algum perigo,
Nefasta realidade me tomando
O peso do viver, insuportável
Aonde se tentara mais amável,
Um mundo que pudesse ser mais brando
Apenas o vazio e nada mais
Apenas sofrimento e sinto assim
Que todo o meu prazer chegando ao fim,
Restando noites frágeis, temporais
E tudo não passando do vazio,
E dele solidão vejo e recrio.


29637


“Me negou toda a sorte de ventura ;”
A vida incontrolável cachoeira
Que tanto pelas mãos agora esgueira
Depois de tanto tempo e me amargura
Gerindo a tempestade que me sobra
Gestando esta quimera em vento e frio
Inverno dominando e sem rocio
A morte a cada passo sempre cobra
O quanto de quinhão lhe pertencera
E tudo não servindo como alento,
Bebendo cada gole, sofrimento
Aonde bem mais fundo padecera
Esta alma que deveras se perdeu,
Num mundo feito em luto, treva e breu.


29638


“E a fortuna, cruel sempre comigo,”
Não deixa qualquer sombra, sigo assim
Espero tão somente pelo fim,
E quanto mais atroz, mais desabrigo,
Ao menos se pudesse ter no olhar
O brilho de uma estrela em redenção,
Mas quando me percebo em solidão
Mergulho no vazio e a me tomar
Somente o frio imenso, esta mortalha
Trazendo a cada dia o dissabor
Aonde poderia crer no amor,
A vida aponta o corte da navalha,
Retalha cada sonho em mil pedaços
Do quanto desejei, sequer os traços.


29639


“Sensível coração deu-me a natura,”
Mas a alma sofredora não descansa
E a sorte que procura uma esperança
Há tanto sem destino em vão perdura,
Apenas resta em mim leve momento
Aonde pude até ver outra sorte
Agora me preparo para a morte
E nela, com certeza me apascento,
Invisto cada verso que hoje faço
No sonho que talvez, o derradeiro
Encontre novo dia e se inda esgueiro
Por entre pedregulhos, pouco espaço
Encontro para um sonho que inda viva
O quanto da esperança não se priva.

29640


“Se viu em meu semblante debuxada”
Quimérica loucura em dor intensa
E quando se procura recompensa
A vida repartindo o mesmo nada,
Cansada de lutar inutilmente
Cansada desta vida em dor profana,
Uma esperança mesmo já me engana
Enquanto a cada passo tanto mente
A sorte que pudesse ter no fim
Algum sorriso em mansa calmaria
E tanto do não ser a alma porfia
Gestando tanta dor que vive em mim,
Jogada contra as pedras e os penedos,
Do amor já nem conheço mais segredos...

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