quarta-feira, 14 de abril de 2010

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“porém, menos outono se me beijas”
E assim ao renascer em primavera
Depois de tanto tempo em tensa espera
Estrelas sem destino, vãos, andejas
Sentindo desde agora a florescência
Que há tanto não sabia mais haver
Vivendo este momento de prazer
A voz da esta esperança em eloqüência
Cansado de lutar inutilmente
Cansado de viver tanto abandono
Enquanto imaginara eterno outono
Um novo amanhecer já se apresente
Acalentando um sonho onde se viu
Intenso renascer, primaveril...


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“outono sou também, outono triste,”
Durante o caminhar perdendo o rumo,
A vida sem ternura e sem aprumo,
O sonho tão somente em vão persiste,
Pudesse ainda crer num novo dia
E nele me entregando sem defesa,
Mas sigo tão somente a correnteza
Meu passo em trevas, frios, já se guia
Vencido caminheiro que deveras
Sonhara com momento mais feliz
E agora cada passo ora desdiz
Ainda as mais remotas primaveras,
E tanto poderia acreditar,
Porém só sinto a vida se invernar...

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“e tu, primaveril, bem-vinda sejas:”
Fazendo renascer esta esperança
À qual intensamente o amor me lança
Em noites bem mais claras e sobejas,
Viver esta alegria após o tanto
Que imaginara e nunca saberia
Ser possível colher esta alegria
Após cevar somente dor e pranto,
Vestígios de um momento mais dorido
Resistem ao que possa acredita
Num novo amanhecer em luz solar,
São tantos descaminhos, sem olvido,
Mas quando tu chegaste em ar sereno,
O amor que tanto eu quis; agora é pleno.


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“Outono, já chegaste, e quem resiste?”
Jamais conseguiria imaginar
O fim do tanto sonho a se mostrar
Num ar atroz, amargo, frio e triste,
Cansaço desta vida itinerante
Andando sem destinos, bares, noites,
As horas solitárias, quais açoites
Não tendo nenhum riso que agigante
O passo deste a quem a vida nega
Momento prazeroso como houvera
E quando se percebe a primavera
Diversa desta sorte dura e cega
O mundo num outono sem saída
Aos poucos invernado a minha vida.


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“e eu, madrigal de rosas em tua fronte.”
Sabendo quanto posso desfrutar
Do amor que incendiando sem falar
Traçando novo dia em que se aponte
A sorte desejada e tão querida
Depois de tantos anos, solidão
Momentos de alegria mudarão
O rumo do que fora amarga vida
E sendo assim só teu neste segundo
Nas sendas mais floridas eu me vejo
Matando com carinhos meu desejo
Meu mundo se apazigua e me aprofundo
No encanto deste amor em paz e luz
E a primavera em mim se reproduz.

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“que és primavera e beijos nesta boca,”
Traçando novo rumo aonde eu posso
Vivendo este momento meu e nosso
Saber desta alegria que se aloca
No peito de um antigo navegante
Que tanto quis a sorte noutra face
E após vencer a luta em que se trace
Caminho tão diverso num instante
Deságua dentro em mim sobeja fonte
E dela novo tempo se moldando
Agora com certeza bem mais brando
No quanto tanta luz o amor aponte,
Vicejas novamente em primavera
Depois de tanto tempo em dura espera...


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“a fronte lassa, tu que és horizonte,”
Beijando com carinho traz enfim
A bela florescência no jardim
Diverso do que outrora inda remonte,
Singrando mar tão belo da esperança
Teus olhos verdejando a alma sombria
E quanto renovasse a fantasia
O mundo noutro rumo agora avança
E mostra num sorriso mais tranqüilo
A fonte desejável de uma luz
Que tanto me serena e já conduz
No amor que novamente em paz desfilo,
Sabendo desde sempre tal beleza
Entregue à mais sublime correnteza...


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“Pois, sou outono. Vem, vem e me toca”
E saiba que ao tocar a pele em rugas
Ainda se preparam novas fugas
E nelas o prazer já desemboca
Sorvendo esta alegria, finalmente
Cansado de lutar contra o fastio,
O amor que novamente é desafio
O tanto se mostrando plenamente
E assim ao mergulhar neste delírio
Um andarilho imerso em solidão
Sabendo dos momentos que virão
Esquece totalmente o seu martírio
E bebe desta fonte inebriante
O mundo se renova ao mesmo instante.

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