29708
“Pelo alento do fuzil”
Da mortalha da esperança
Minha voz ora se lança
Desta forma mais sutil
Caminheiro do presente
Procurando no futuro
Algum porto mais seguro
Onde a vida se apascente
Mergulhando no que sou
Esquecendo o mais que fora
Alma sendo sonhadora
Do passado não levou
A medalha da vitória
Nem tampouco quis a glória
29709
“Na face meio embaçada”
Nos olhos mais tenebrosos
Dias tanto pavorosos
Dominando cada estrada
Nela vendo outra presença
Que o cansaço dominara
E se sei de cada escada
A mortalha não compensa
Glória é fardo e nada mais
Onde houvera penitência
Só buscando com clemência
Ausência de temporais
Navegando em mar tranqüilo
Esperança enfim desfilo.
29710
“Que traz a glória estampada,”
No caminho mais gentil
Tanto quanto se previu
O terror tomando a estrada
Derrocada não transcende
Mais ao quanto poderia
Sorte nova novo dia
Coração à paz atende
E mergulha no que tanto
Se mostrara em ar mais claro
O meu verso em paz declaro
E deveras meu encanto
Se traduz em esperança
Não jamais em nova lança.
29711
“Valente, bravo e gentil,”
Esperando um novo dia
Onde a etérea poesia
Abasteça o meu cantil
Não podendo mais sentir
O terror que dominava
Alma livre e não escrava
Do prazer vivo elixir
Esgueirando-se deveras
Não espera nova guerra
E somente já descerra
No poder das primaveras
Dominando o sentimento
Nunca mais quero o tormento.
29712
“Qual guerreiro namorado,”
Que conhece o chão mais duro
Na verdade me amarguro
Ao saber do destroçado
Caminhar em noite escusa
E deveras ser assim
O que tanto busco enfim
A saudade não mais cruza
Com terror e com falência
Do que tanto procurei
Na mortalha desta grei
Na procura, numa ausência
Sem saber do quanto pude
Perder minha juventude.
29713
“Passa um dia sublimado,”
Em terrores costumeiros
Os meus versos mensageiros
Da esperança, meu legado
Brado feito em luz serena
A saudade do sertão
Lua nova em direção
No caminho que se acena
Pós tempesta dita a sorte
De quem tanto quis a luz
E o Amor que reproduz
Seja sempre o conforte
A medalha da vitória
Já não trama alguma escória.
29714
“No vasto império da cruz,”
No temor a cada olhar
Horizonte a se nublar
Ao contrário do que pus
Caminhando com ternura
Nas estradas mais bonitas
Tantas almas tão aflitas
Traduzindo esta amargura
De quem quis felicidade
Nas estâncias do meu chão
E ao saber da podridão
Que deveras nos degrade
Degradando a natureza
No futuro, uma incerteza.
29715
“Desfilando entre harmonias”
Caminheiro coração
Encontrando a direção
Que decerto mais querias
Ao saber do quanto posso
Quem não cala, mas consente
O futuro sem presente
Traça o quanto não endosso
Bebo a sorte sem medalha
Sem fuzil e sem rancor
Viver claro e farto amor
Que deveras já se espalha
Conduzindo ao braço forte
O carinho como aporte.
29716
“Que trajam mais viva luz,”
Esperança verdejando
Um caminho bem mais brando
Minha sorte reproduz
Vencedor diz da alegria
De sabermos todos bem
E o caminho que convém
Neste amor que ora nos guia
Sem saber de sangue e guerra
Só sabendo do perdão
Nele nossa salvação
Tanta glória amor encerra
E vencer o vencedor,
Ao mostrar o claro amor.
29717
“Na frente dos belos dias”
Toda a sorte diz do quanto
Farto amor em raro encanto
Traduzindo as melodias
Que deveras preferias
E com brando manso canto
Um momento em claro manto
Transcrevendo em poesias
Dias mansos, belos sons
Harmonias geram dons
E decerto já se alcança
Com ternura e com carinho
Não posso cantar sozinho
Quando é mote esta esperança!
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