segunda-feira, 12 de abril de 2010

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“Silenciosas, dizer; que as mulheres hão sido”
Em nada simplesmente o nada além do vão
E assim ao me perder na mesma direção
O mundo que desejo, amargo e torpe olvido
Sentindo esta verdade ainda no meu peito
Ardência me domando um novo amanhecer,
Porém a lua morta expressando este sol
Imenso e radiante um tétrico farol
Ditando à noite escura apenas desprazer
Não posso crer então ter novo rumo em vida
Amordaçada, a voz jamais seria além
Do quanto em verso tento e o nada, e o nada vem
Sabendo desta senda há tanto em vão, perdida
Destino igual? Jamais. Assim melhor partir
Negando o quanto em nada eu vejo o meu porvir.

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“Estava tudo aquilo, o que resta a fazer”
O não ser o lutar embora sendo amargo
O rumo pelo qual o canto em vão embargo
E sei que na verdade o fim a me tolher
Gestado desde quando a sorte desvendara
Assim se repetindo a mesma história, eu sigo
Sabendo do caminho em vital desabrigo
A nova realidade? A velha face amara
Onde me concebera e quanto não pudesse
Sentindo o frio imenso, apenas bebo o mar
Diversos caracóis, estrela a me mostrar
Do cavalo marinho, a beleza em rara messe,
O mergulho até o fim e dele a solução
Na branca areia o sonho e quem sabe o verão?


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“Dos solares dos meus dizem; sempre medido,
O quanto poderia em passos mais audazes
Diverso do que tanto ainda em vão me trazes
A vida finalmente ao menos o sentido,
Disperso caminhar em águas violentas
E nelas ondas vejo o fim em placidez
No verso que compus o quanto tu não vês
E neste caminhar o tanto me apascentas
Em morte em mar em luta aonde não se mede
A senda mais cruel? Apenas calmaria,
E nela se moldando o que deveras cria
E o passo mais audaz, eu sei jamais impede
Retrato de uma vida em trágico caminho
No quanto em solidão da morte eu me avizinho.


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“De família em família e mulher em mulher”
Repetindo esta história há tantas gerações
E nelas o que vês e sempre ainda expões
Além do quanto pensa ou mesmo o que se quer
Assim se revelando esta aridez imensa
Amortalhada sina esgota a realidade
E a cada estupidez a nova já me invade
E sem ter qualquer luz aonde se convença
Do passo diferente ou mesmo mais audaz,
Estúpido caminho espúria noite em vão
E sem saber se existe ao menos solução
Além do quanto a morte ainda posso e traz
Viceja a solidão e nela enfim perduro
O mundo traiçoeiro e sei quanto inseguro.

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“Não seja mais do que deveras reprimido”
O passo em luz sombria e tanto se percebe
O fim de cada dia em tétrica e vã sebe
Assim o mundo atroz e sempre dividido
Entre homem e mulher caminho mais diverso
Determinando o fim do quanto poderia
E nele ser além da mera fantasia
Exposta cruelmente em cada e tolo verso
Poetisa morta ou mesmo ainda em vida
Escrava ou nada tanto o quanto não se vê
O encanto merecia ao menos um por que
E nele se mostrasse uma nova saída
Esboço um sonho e tento a solução distante
Por mais que ainda em não verdade se adiante.

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“por mais que aquilo em que jamais se pode ser”
A verdade absoluta expressa negação
E dela se mostrando ainda o quanto em vão
O medo de seguir estúpido poder
Peçonha e mais peçonha a vida em dor intensa
E nela, a própria vida, o peso do talvez
Enquanto assim se urdindo imensa insensatez
Será que talvez mesmo a morte é recompensa?
Cansada de lutar ou tanto ou mais ou menos
Os dias que pensei pudessem ser diversos
Dos tão doridos vãos ingênuos dos meus versos
Quem sabe noutros mais um dia bem serenos.
Mas nada do que eu quero ainda pode em luz
Mergulho no oceano o tanto ao qual me opus.

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“Bem pode ser que tudo o que tenho sentido”
Não tenha mais valia ou quem sabe bem pouca
Na verdade se vê a face de uma louca
Buscando a direção em tempo dividido
Assisto ao meu final e não mais quero crer
No quanto ainda pode ou mesmo se pudesse
A sorte variada e nela a plena messe
Matando a discordância, estúpido poder,
Traçando diferença ausência de caminho
Apenas poderia ainda ser feliz,
Mas tanto a vida em treva expondo contradiz
Deixando bem distante o que pensara em ninho,
Mortalha em tom marinho, apenas o que tento
E nesta imensidão, encontro enfim o alento...

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