29761
“Girassol”
Roda o tempo
Contratempo?
Um farol
Cata vento
Mergulhando
Dia brando
Desalento?
Nada quero
Nada faço
Novo traço?
Mais sincero
Viva roda
Nunca a poda!
29762
“Te desoriente”
Tempo mais atroz
Vida em nova foz
Bebe outra nascente
Singra tempestade
Risca o temporal
Amor sensual
Com calor invade
Gira contra a sorte
Que deveras guia
Mares, fantasia
Tanto que conforte
Sirva na bandeja
O que se azuleja...
29763
“Antes que o Sol”
Alvorecer
No desprazer
Noutro arrebol
Se pela fresta
Entrasse luz
Que me seduz
Mesmo funesta
A poesia
Dita razões
E já me expões
Quando sombrias
Noites trazendo
Dia estupendo?
29764
“E entra em mim”
Amor tanto
Quanto canto
Diz jardim
Viva sorte
Vivo sonho
Se eu reponho
Já conforte
Trace o rumo
Milhas fartas
Não descartas
Não me esfumo,
Sigo a lua
Bela e nua...
29765
“Orça o teu leme”
Barcos além
Saudade vem
E tanto algeme
Se nada teme
O que contém
Assim ninguém
Ainda reme
Em noite fria
Em noite espessa
Pois que se teça
Outra alegria
Aonde a sorte
Já não diz norte...
29766
“Amanheceu!”
Noites após
O quão feroz
Em tom ateu
Matasse o quando
Pudesse ser
Se o desprazer
Vai nos guiando
Aonde pude
Sem ter alento
Em sofrimento,
A juventude
Mortalha dita
Sorte maldita...
29767
“De velas rotas”
De cenas duras
Não me asseguras
E nem mais brotas
Sonhos dispersos
Dias sutis
Tanto se quis
Outrora em versos
A noite clara
Assim luar
Pude encontrar
No que declara
Amor intenso
Se nele eu penso...
29768
“Sem rumos”
Sem meta
Poeta
Em fumos
Diversos
Mordaz
Da paz
Dos versos
Somente
Palavra
A lavra
A semente
Atroz,
Sem voz...
29769
“Navios sem mares”
Momentos terríveis
Sem dias plausíveis
Adeus meus luares
Pudesse em pomares
Os frutos possíveis
Dos versos cabíveis
As mortes negares,
Mas quando se vê
O quanto se quis
Agora infeliz
Viver sem por que
Sabendo do fim,
Mortalha em jardim.
29770
“Singram navios”
Ternuras: não
Sem direção
Morrem estios
E sem pavios
O que farão
Amor em vão
Dias sombrios?
Negando a sorte
Negando o rumo
Se eu já me esfumo
Quem me comporte?
Apenas isso,
Luar sem viço...
29771
“Aos teus flancos”
Meu saveiro
Derradeiro,
Dias brancos?
São meus francos
Por inteiro
Se eu me esgueiro
Nos barrancos
Quedas tantas
Mil cascatas
E desatas
Desencantas
Matas quando
Sonegando...
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