segunda-feira, 12 de abril de 2010

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29551

“Ama e nem sabe mais o que ama.”
Quem tanto ama sem saber mais
Onde tanto quer temporais
Mantendo força, fúria e chama
E quem decerto não reclama
Quarando os sonhos nos varais
Encontrando os seus vendavais
Ao espalhar a sorte em rama
Jamais se mostraria audaz
E na verdade tanto faz
Se a verdade diz da verdade
O que na verdade se esconde
Sem saber sequer nem por onde
E nem talvez se tanto agrade.

29552


“mais tenaz que o rochedo”
Mais feroz que este vento
Mais audaz pensamento
Quando quero concedo
Se também dita o medo
Onde possa estupendo
Eu tanto não desvendo
Vou mudando este enredo
Cedo ou tarde reluto
Ao vestir mesmo luto
Que me vestira outrora
A saudade que fora
Cruel ou tentadora
Ainda me decora.

29553

“do que a onda batendo no rochedo,”
Ou quanto poderia desvendar
Sabendo do poder do mesmo mar
Do qual deveras sei o meu degredo,
Nada posso enquanto não me enredo
Nas ondas mais diversas, céu, luar
E se tanto poderia navegar
Descrevo cada tombo do penedo
Gerando cicatrizes que cultivo
E tanto quanto posso morto ou vivo
Vingando cada engodo mais comum,
Depois de tanto tempo percebi
Que deveras sei do quanto existe aqui
E quando mais procuro, sei nenhum...

29554

“mais desesperançado”
O quanto destroçara
Se eu tenho esta seara
Dos idos do passado
Vencido e desolado
O peso se escancara
E tento sendo amar
Amar sem ter enfado
Do fado faço o rito
Do rito se não grito
No infinito espero
Finito caminhar
Se eu sei ou não meu mar,
Ao menos sou sincero.


29555


“Mais triste do que a morte,”
Talvez seja o não ser
E tanto em desprazer
Aumento cada corte
E sem quem me conforte
Prefiro nada ter
E mesmo sem poder
Não sei sequer do corte
Que tanto preferira
E tanto ainda fira
Quem não mais sabe se
E quanto mais procuro
O sol se torna escuro
E o nada é o que se vê.


29556


“do que um campo de flores”
Ainda que o canteiro
Negando o jardineiro
Já não tem sequer cores,
E se ainda queres, fores
Mergulho por inteiro
De pedras, travesseiro,
Depredas meus amores.
Gerindo o nada quando
Outrora disfarçando
No quanto poderia
Do que este campanário
O quanto é necessário
Amar em poesia...

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