domingo, 11 de abril de 2010

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29468

“Que encontrares em cada rua”
Um passageiro que se quer
Muito além do que puder
Se nesta história continua
O caminheiro mais audaz
Nas faces esfomeadas
Tantas misérias demonstradas
Para quem passa tanto faz
Não se percebendo o sinal
Da injustiça que vai grassando
Tornando este mundo nefando
Onde pudesse triunfal,
Assim se percebendo a cena
Verdade tão clara envenena.

29469

“Oferecê-los às crianças”
Os tormentos que são tenazes
E ao perceber assim as fases
Tão diversas das esperanças
Não se pode ou nunca pude
Perceber sinais da justiça
Aonde impera esta cobiça
Seguindo alheia a juventude
Oferecer um só momento
Tocado com ternura e fé
Ao romper dos pés a galé
Quem sabe encontraria alento
Quem tanto necessita a luz
Aliviasse ao menos, a cruz.


29470


“Com passos feitos de lua,”
Esperanças muito além
O que tanto não contém
Tantas vezes continua
No vazio que se vê
Numa audácia mais profana
Quanta vezes já se engana
Sem saber algum por que
Desta insânia que domina
Cada passo desta gente,
Pois se amor é tão urgente
Ao perder mapa da mina
Morte exposta a cada afeto,
De vazios me repleto.

29471


“Vás por essa noite fora”
Andarilho do futuro
Tendo tudo o que procuro
Boa sorte te decora,
Segue contra a correnteza
Da injustiça sem sossego
E deveras tanto apego
Traz a sorte com certeza
Pra quem tanto assim porfia
Noite e dia, vida inteira
A palavra é mensageira
Traduzindo alegoria
Para quem se fez além
E o universo em si contém.


29472


“Beijar de longe os teus olhos,”
Onde tanto poderia
Conhecer uma alegria
Mesmo envolta por abrolhos
A certeza de um momento
Feito em tanta claridade
Inda mesmo que se agrade
E permita novo alento
Caminhando sem destino
Tantas vezes me perdi,
Mas encontro agora em ti
O calor em que fascino
Bebo a fonte mais suave
Sem ter medo que me agrave.

29473


“Em que a minha alma venha”
Transcendo ao próprio ser
Nas entranhas do prazer
Tanta força já contenha
E permita o quanto pude
Sonhador inveterado
Bebo as sombras do passado
E traçando em atitude
Passo rumo ao que virá
Nada mais eu temeria
A verdade sendo a guia
O meu sol já brilhará
Sem saber de qualquer sombra
Que decerto sempre assombra.


29474


“Para que, na paz da hora,”
Nada deixa pro final,
A certeza sem igual
Minha sorte revigora
Nada temo e nem pudesse
Quem decifra cada passo
E se faço ou me desfaço
Sei de cor o rumo e prece
Cavalgando pelos prados
Das estradas sei as manhas
E se adentro estas montanhas
Os caminhos decorados
Nada impede que se creia
Nem na sorte, minha e alheia.

29475


“Deixo-os a ti, meu amor”
Os caminhos que descubro,
Meu olhar deveras rubro
O carinho furta-cor
Galopando céus diversos
Andarilho das estrelas
Se eu pudesse enfim contê-las
E trazê-las pros meus versos
Transcendendo à própria vida
Nas ardências do desejo
Quando a sorte em ti eu vejo
Do caminho não duvida
Quem se fez em liberdade,
Não carrega uma saudade.

29476

“Desesperada mas firme,”
Sorte dita qualquer luz
E deveras me conduz
Mesmo quando não confirme
Cada passo dita o tanto
Quanto pude descobrir
Se decerto há um porvir
Nele tento sem quebranto
Na desdita conhecida
Nas entranhas do quem fora
Alma tanto sonhadora
Esquecendo a própria lida
Liberdade conquistada
Com a faca sempre armada.

29477


“Esses, que são de esperança,”
Na verdade muita vez
Ao cobrir o que se fez
Com ternura ou firme lança
Nas estradas as tocaias
Nos caminhos tal espreita
Quando tanto se deleita
Almas outra não lacaias
Bebem sangue das escravas
Tomam goles em tortura
Tendo além da noite escura
Do que tanto queres lavas
Mesquinhez ditando regras
Quando o sonho não integras.

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