quarta-feira, 14 de abril de 2010

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29747

“Na tumba azul do cavalheiro morto”
Apenas o vazio toma a cena
Nem mesmo algum momento me serena
Sabendo tão ausente agora o porto,
Cansado de lutar insanamente
Não vejo outro momento além do quando
O mundo desejável transformando
A vida neste vago se apresente
Na morte da esperança, a minha morte
Assim não caberia outra saída
Perdida há tantos anos minha vida,
Já não encontra ao menos um aporte
E tendo em meu olhar esta certeza
Seguindo sem vencer a correnteza...


29748


“Ponde este gládio tosco dos combates”
Nas ânsias costumeiras de quem sonha
Realidade atroz, vida medonha
Deveras cada dia mais te abates
E sabes muito bem do que viria
Após a tempestade, o vendaval
E assim se demonstrando o teu final
Mortalha dita o rumo em tez sombria
Aguardas o momento derradeiro,
Pois dele tu terás algum alento
Imerso em tanta dor e sofrimento,
Já não conhece mais flor e canteiro
O túmulo nefando, o que te resta
A sorte sendo assim torpe e funesta...


29749


“Oh! bando loiro em sonhos absorto!”
Trigais onde a esperança verdejara
E agora a vida traça mais amara
A sorte de quem sabe semimorto,
O vento do passado não traria
Sequer algum momento mais suave,
A cada novo dia novo entrave
Aonde se escondera a fantasia?
Mergulho neste abismo que criei
E tanto quanto pude resistir
Sabendo tão terrível o porvir
A morte decidida invade a grei
E o quadro se tecendo em tanta dor,
Somente o que inda resta: não me opor.



29750


“Entre agonias eu tombar vencido,”
Meu carma se completa em dor e medo,
E quando algum sorriso inda concedo
O peso do passado enfim sentido
Não deixa qualquer sombra de esperança
Mortalha que teci no dia a dia
E nela toda a sorte se perdia
Aonde qualquer luz já não se lança
Medonha face expondo a realidade
Das tantas vis batalhas, derrotado
Ferrenhas decepções ditam meu fado
O quanto poderia, mas não vivo,
Matando o meu olhar, outrora altivo.


29751


“E quando um dia em chagas escarlates”
Sentires a promessa destroçada
Sabendo desta ausente madrugada
Ainda que em diversos arremates
Pudesse acreditar num novo sol,
Irônico cadáver do que fora
Uma alma tantas vezes sedutora
Perdida sem saber de algum farol,
Resisto e não consigo perceber
A sanha feita em dor, torpe degredo,
E quando imaginara bem mais cedo
Pudesse ter a messe do prazer
Nefanda realidade dita a sorte
Restando na verdade, minha morte.


29752


“Seguirei combatendo destemido,”
Cansado destas lutas tão inglórias
Aonde se pensasse nas vitórias
O dia totalmente sem sentido,
O quanto poderia, mas jamais
Eu conheci deveras de um alento
Vivendo com terror tal sofrimento
Apenas dores fartas, terminais,
E o vento da esperança? Mero traço
Do todo que deveras nunca vi,
O amor que conhecera enfim em ti
A cada novo não bem mais desfaço
E morto em vida resta alguma chance?
Somente a morte em fúria que me alcance...


29753


“Com uma espada de jasmins e rosas”
A poesia agora, mero alento
De quem perdendo o rumo, me atormento
Deixando no passado fabulosas
Noites em que tanto poderia
Viver a plenitude, mas agora
Somente esta saudade já se ancora
E a mão que me acenando ora vazia
Não traz sequer um traço de esperança
Nem mesmo algum momento mais tranqüilo
E quando em tempestade assim desfilo
Apenas a mortalha já me alcança
Mergulho neste abismo feito em trevas
E apenas a mortalha, traças, cevas...

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