sábado, 23 de outubro de 2010

6558

Eu quero todo o mel em nossa cama,
Em doces ambrosias meu desejo,
Flambando teus licores, minha chama,
Ardendo em cada pote doce, queijo...

Nos tachos, nas conservas, nas gamelas,
Doçuras invadindo minha casa,
Adentra seus perfumes nas janelas,
Meu corpo te esperando em fogo e brasa...

Devoro cada naco da doçura
Fatias delicadas, generosas,
A boca te sorvendo com ternura,
Carícias deste amor, deliciosas,

Te quero como prato e sobremesa,
Apetitosamente, cama, mesa...


59

Eu quero me inundar de teu perfume,
No relampejo intenso deste olhar.
Levando o meu desejo ao topo, ao cume,
Nesta avalanche louca a nos tomar...

A sorte de viver; pecado exume,
Eleva nossos sonhos ao luar.
No sol que te tocou, calor e lume,
Tua vontade sempre a fustigar.

Eu quero te beber em correnteza,
E não deixar que a seca nos torture.
Deitar-te em minha cama sem defesa,

Singrando cada ponto, sem perguntas,
Que a noite sem juízo já nos cure,
Permita nossas vidas sempre juntas...


6560

Eu quero teu melhor sorriso, irônico...
Viver em teus desejos, os mais santos...
Rasgar, sem perceber, todos os mantos,
Poder sorrir contigo, amor platônico!

Longe de tua boca, vou agônico,
Não sei de abissais mares, celacantos,
Nem quero mais cobrir-te, seus quebrantos,
Por certo, ao te ver, resto catatônico.

As tuas mãos, centelhas são tenazes.
Cravando tuas garras mais vorazes,
Devoras, louva-deus, nada mais sobra...

Te quero, venerando teus engodos,
Penetras mais sutil, teus eletrodos,
Os teus olhos hipnóticos de cobra...


61


Eu quero teu desejo, teus aromas,
Exalados nos toques e delícias...
Arrebentam assim tantas redomas
Rompendo, ultrapassando essas primícias.

Eu quero insanidade de querer
A cada vez bem mais sem ter temor
Sem nada que consiga nos conter
Numa explosão magnífica de amor!

Eu quero ser teu seixo na cascata
Que irrompe de teus lábios flamejantes.
Que rompe essas barragens e arrebata.
Intercâmbios de olores triunfantes...

Não quero santidade nem ter cura,
Apenas ensandecer, tanta loucura!


62

Eu quero teu desejo em meu desejo
Em múltiplas sessões de insanidade.
Vencendo cada ponto, te prevejo
Deitando no meu colo, sem vaidade...

A rosa se espinhando é mais gostosa,
Trazendo em tal vigor, um sonho ardente.
Eu quero te saber deliciosa,
Queimando devagar e loucamente.

Teu néctar, o teu mel e teu orvalho,
Eu quero, colibri, matar a sede.
Deitar o teu desejo no assoalho
Depois ir namorar, balançar rede...

Eu quero conhecer jardim inteiro,
E mergulhar sem nexo, teu canteiro...


63


Eu quero teu caminho, pura prata,
Seguindo por teus passos luminosos.
Amor que quando chega me arrebata,
Matando tantos dias dolorosos.

Eu quero tua luz sem desafeto,
Eu quero esta volúpia em meu caminho.
Vivendo nosso amor, assim completo,
Sabendo que em prazer me desalinho.

Nos dentes que me cravas meus delírios;
Nas rondas que fazemos pelas noites,
Prazeres tão imersos em martírios,
As bocas se procuram, como açoites...

Eu quero em nossas noites, as injúrias,
Vibrando em tantas tramas e luxúrias...



64

Eu quero teu calor aqui comigo,
Um sentimento intenso, de verdade,
Que tanto procurei. Te dou abrigo
Na nossa busca por felicidade...

Meu mundo sente falta do teu braço,
Amor tão verdadeiro e necessário.
Domina meu desejo e nem disfarço,
Preciso te regar de amor diário...

Preciso te sentir cada momento,
Nas ondas e nos beijos, meu calor...
Nunca deixe invadir o sentimento
Vivendo totalmente nosso amor...

Que é manso nos carinhos e nos beijos,
E louco, sem juízo, nos desejos...

65


Eu quero ter teu corpo junto ao meu
E penetrar macia e calmamente
Lambendo devagar e plenamente
Beber todo este gozo, meu e teu.

Tirar a tua roupa e devagar
Passeio em tua pele com tesão,
Abrindo tuas pernas, um vulcão
Deixando umedecida até entrar

A língua nos teus seios, teu umbigo
Depois chegar até tuas virilhas
E descobrir molhado, o doce abrigo
Aonde penetrar traz maravilhas...

E enfim gozar contigo, sem pecado,
Amor que a gente faz, extasiado...


66

Eu quero ter teu corpo bem presente
Com todo o regozijo que mereces.
Amor que às vezes torna penitente
Vivendo em tal segredo, rogos, preces...

Quero poder seguir qual um demente,
Saber das nossas tramas onde teces,
Amor que necessita ter urgente
De todo este prazer que; sonho, desses...

Extasiado e morto de cansaço
Depois ir renascendo, devagar,
Roubar o mel do gozo em cada passo

E ressurgir intenso, renovado,
De novo os teus caminhos vasculhar
Até morrer em ti, apaixonado...


67


Eu quero ter o gozo da morena
Da loura, da mulata e da crioula
Retiro mansamente esta ceroula
E o mastro anunciando já se acena.

A fonte não é grande nem pequena
Mas traz mais alegria que papoula,
A roupa num momento, a recompô-la
Depressa que já vai fechando a cena.

Caindo o pano, vejo que seu pai
Já vem chegando calmo e sorrateiro,
A casa, se bobeia logo cai

Aí, querida, estou mais desgraçado
Do jeito que este velho é sorrateiro,
Amor, terminarei sendo capado...



68

Eu quero ter o gosto da maçã
Que é feito conhecer em benfazejo
Brinquedo que se mostra em puro afã
Na busca por carinho, peço um beijo

Que mostre que esta vida não é vã
Tampouco vou viver sem teu desejo
Na fruta delicada e temporã
Aonde meu futuro; assim, prevejo

Com gestos de carícias que não findam,
Com dias que em auroras já deslindam
E moldam esculturas matinais

Perfeita alegoria em que sou foz,
Amor que sabe sempre e quer após
Viver a poesia, em si, meu cais...
Marcos Loures


69

Eu quero ter direito a ser feliz;
Jogado, tanto tempo, assim de lado.
Sabendo ser eterno aprendiz quis
Um bis em teu amor tão desejado.

Qual templo que contemplo e não me esqueço,
Amor é divinal sabedoria
Eu sinto que te quero e não mereço
Roubar o nosso tempo de alegria.

Porquanto te preciso, divinizo.
São longos os meus dias sem te ter.
Terrível pesadelo de granizo,
Preciso de teus lábios pra viver...

Não quero me invernar a vida inteira,
Sonhar com teu calor, brasa e lareira...


6570


Eu quero te tocar tão plenamente
Que invada nosso mar de tempestades,
Vibrando como fora tão somente
Um raio sem controle, sem piedades.

Riscando o céu em luzes, energia,
Nos eletrocutando de prazer,
Qual chuva de granizo, em alegria,
Em pleno furacão já me perder.

Na ventania forte que não deixa
Pedra sobre pedra, na loucura,
Fazer-te, delicada, minha gueixa
Banhar teu oceano de ternura.

Sentir uma tontura inominável
Relâmpago de amor, interminável...




71

Eu quero te tocar em plenitude,
Perder toda a cautela que inda resta,
Sabendo que conquista é atitude,
Aproveitar janela aberta em fresta.

Eu sei que tu desejas o que quero,
Nós somos iguaizinhos neste caso,
Pois nem mais um segundo, amor, espero;
Não quero o nosso amor perdendo o prazo.

Tolice se não formos decididos,
Prevejo tanta coisa prá nós dois,
São tantos os caminhos preferidos

Que possam nos levar a tal prazer
Amada, nunca deixe pra depois,
O que, agora, nós temos que fazer!




72

Eu quero te sentir inteiramente
Entregue em minhas mãos, doce promessa,
Desejos me dominam corpo e mente;
E, de repente, a vida não tem pressa...

Ao fechar meus olhos, calmamente,
Minha alma calorosa se confessa
Neste sentir, apaixonadamente.
E o coração dispara e já se apressa...

Eu te quero deitada no meu peito,
Sentindo em teu silêncio; o sol, a lua...
Depois de tanto sonho satisfeito,

Deitar em teu cansaço os meus cansaços,
E tendo a sensação de quem flutua
Ir sonhando acordado, nos teus braços..

73



Eu quero te sentir exausta, exata
Depois de tanto amor que a gente fez,
Prazeres sucessivos, em cascata,
Rolando em vagalhões a cada vez...

Loucura que toma e me arrebata,
Na sensação total de insensatez,
Cavalgas teu corcel, brilhante e prata,
Com toda tua pompa em altivez...

Depois destes momentos infinitos,
Sumos, sucos, salivas, lábios, mel,
Repetiremos todos nossos ritos,

Na sensação insana de brandura
Na noite magistral corto o céu,
Mergulho neste mar pleno em ternura...

74

Eu quero te sentir completamente
Dois corpos que se entregam sem medida,
Em plena simbiose, de repente,
Unificados numa mesma vida.

Ávida sensação inflama; intensa,
Na desmedida entrega, inundação...
O sexo em perfeição, a recompensa,
Imensa desta louca sensação...

Eu quero inebriar-me de teu ser,
Voluptuosamente devorar
Sem pontes, sem pudores, quero ser
Inteiro, totalmente e me grudar

A ti nesta delícia indescritível,
Contigo, sem limite, indivisível!


75

Eu quero te sentir comigo, agora,
Tocar a tua pele e sutilmente
Viver o amor intenso e já premente
Mudando minha história sem demora.

A força da paixão me revigora
Mudando o meu destino totalmente,
E um novo alvorecer que se pressente
Trará para os meus passos uma escora

Que possa permitir um sonho brando
No qual eu possa crer ser mais feliz.
Do céu que outrora fora amargo e gris

Um azulejo intenso decorando
Roubando de teus olhos, claridade,
Estampando afinal, felicidade...
Marcos Loures


76

Eu quero te sentir colada em mim,
Rasgando este universo que sonhamos.
Vivendo a fantasia sem ter fim
Da forma que queremos, planejamos...

Ouvir o teu sussurro... Quero sim,
Beijar a tua boca... Percebamos
O bom deste sonhar... De ser assim,
O muito que vivemos e cantamos...

Falar de um sentimento que é tão nobre
Que traz a mansidão; viva alegria.
Na noite enluarada que recobre

Os nossos corpos nus, nossa alma aberta
A todas as delícias sem ressalvas,
Gritando ao mundo inteiro nosso alerta

Que é feito uma aguardente, que inebria.
As almas que se tocam, limpas, alvas,
Voando em liberdade e fantasia...



77


Eu quero te sentir colada a mim,
Molhado pela chuva no quintal,
Sorriso nesta boca carmesim,
Tão desejosa e muito sensual...

A blusa transparente... Teus mamilos
Mostrando uma alegria em arrepio.
Que bom seria enfim poder senti-los,
Nesta loucura imensa, intenso cio...

A chuva nos convida, o tempo passa,
O gosto delicado do desejo...
Olhar hipnotizado não disfarça.

Eu peço teu carinho, mas me ris...
Ah! Se me desses logo este teu beijo,
A chuva me faria tão feliz...

78




Eu quero te sentir aqui comigo,
Roçando a minha pele em tua pele,
Fazendo de teu corpo o meu abrigo,
Ao fogo deste jogo me compele

Desejo de te ter assim desnuda,
Aberta em flores belas, num buquê
Que a fome do prazer já nos acuda
E venha sem sequer saber por que...

Tocando bem de leve os belos seios,
Sentindo em teu aroma, o ferormônio
Sem medos ou pudores meus anseios
Procuram tempestade em pandemônio

Nas tramas entre coxas e colchões
A noite desfiando tentações...


79

Eu quero te perder dentro de mim,
Levar-te a tal loucura que vicia,
Vestígios de delírios no jardim
Que só amor sedento propicia.

Cerejas e maçãs, início e fim,
Rompendo estas barreiras, ganho o dia,
Num êxtase profundo, ser assim
O máximo, ponto alto da alegria.

Quero o que quiseres, sem limite,
Em teus cálices bebo teus desejos.
Tudo que a loucura nos permite

É pouco se comparo ao que proponho.
Roubando em teu prazer, milhões de beijos,
Irei te decorando com meu sonho...



80

Eu quero te fuder bem gostosinho
Comer tua buceta molhadinha,
Prometo vou lamber o teu cuzinho
Depois vou enfiar nesta xaninha

Eu quero que tu chupes meu caralho
Com sede e com vontade, sem ter medo.
Meu corpo no teu corpo eu embaralho
Desvendo com tesão qualquer segredo.

Depois de ter trepado tanto
A porra em tua boca, isso eu garanto,
Te dar todo este leite que tu queres.

Fazer-te em mil orgasmos, a colheita
Deixando-te, morena, satisfeita,
A mais de feliz de todas as mulheres...

81


Eu quero te fuder a noite inteira
Chupando o teu grelinho com vontade,
Na xoxotinha linda,feiticeira,
Com toda fome entrar, voracidade

A mão na tua bunda, em teu cuzinho
Os dedos passeando, e na viagem
Mexendo e colocando de mansinho,
Eu te promete muita sacanagem.

Depois com tal volúpia sem descanso
Sentir a tua boca me lambendo,
Prazer chegando forte quando alcanço
De novo terminando e te querendo.

E quero ver teu gozo derramar
Molhando tuas coxas, devagar...
Marcos Loures

82

Eu quero te falar
Da força de vontade
Que enfrenta o duro mar
Buscando a liberdade.
Difícil de encontrar?
Eu digo, na verdade

Existe dentro em ti,
Amiga, amada, amante.
Também eu já sofri
Mas vejo neste instante
O brilho que já vi
Olhar mais deslumbrante

Que traz em temperança
O gosto da esperança...


83

Eu quero te falar do bem do amor,
Cultivo promissor que na colheita
Da multiplicação belo fator,
Que é universalmente bem aceita.

Amor se feito em paz, traz alegria,
E mesmo em tempestades, vale a pena,
Amor quando em amor já se procria,
Domina, amenizando qualquer cena.

Não deixe que se perca do caminho
Aquele em quem amor nunca tocou,
Trazendo para a luz, prepare o ninho
Aonde uma esperança germinou

Arando com ternura e com perdão,
Amor será decerto, a redenção...


84

Eu quero te encontrar sob essa lua
Tão bela e plena amante em forte brilho.
Sentir toda a minha alma que flutua
Ao ver-te aqui comigo, maravilho...

Fazer-te serenata, nesta rua;
Seguindo dos teus passos, cada trilho;
Sonhando com beleza, amada e nua.
Não temo mais sequer um empecilho.

Beijar a tua boca mansamente,
Tocar teu corpo inteiro, ser só teu...
Sentindo o teu carinho que envolvente

Me chama para a festa, amor e dança.
Em teus olhos meu mundo se perdeu,
Restando tão somente esta esperança...
Marcos Loures


85


Eu quis, durante um tempo, que se achasse
Amor que tantas vezes desprezei.
Embora neste amor eu encontrasse
As forças de viver que procurei...

Não sinto mais o medo que tivera,
Nem tanta solidão, que bem sei minha...
Amor quando em amor já se tempera,
Não deixa mais uma alma tão sozinha...

Mudando meu caminho, sei que sou;
Aquele que sonhara com ternura;
Buscando nas entranhas só restou
O vento tão sagrado de brandura...

Não tenho essa amargura como fim.
A vida me ensinou amar, enfim...




86


Eu quero ver, querida o teu olhar
Ao dar-se em casamento, numa Igreja
Sabendo quanto o amor já te deseja,
À morte da ilusão, testemunhar.

Estrelas; em grinaldas, vou te dar
Enquanto que minha alma lacrimeja
Meu coração dorido inda te beija
Morrendo solitário, devagar...

Amor que transtornando, se perdeu,
Num último lamento, no himeneu
Daquela que se fez tola ilusão.

Eu peço, não repare por favor,
Eu trago nos meus olhos, toda a dor,
Escombro que eu carrego da paixão....


87

Eu quero ver teu rosto dentro em mim
Vivo espelho querido e bem sentido.
Refletindo esse rosto, quero, enfim.
Beber o teu desejo em mim, curtido.

Quero sentir teu toque em sempre sim,
Eterno sentimento que, vivido,
Depois de muito tempo sem ter fim
Relembro simplesmente perco olvido...

Eu sei que o bem melhor tive contigo,
Nos meus momentos belos, fui feliz.
O corte demonstrou todo o perigo

De ser sempre fiel. Seguir em frente,
É ter depois de tudo, o que bem quis.
E mesmo em sofrimento, ser contente.


88
Eu quero uma quermesse que se foi
Na praça da cidade que não tive,
Correndo qual moleque bumba o boi
Passado sem remédios inda vive.

Triunfos de meninos, tão fugazes
Num trágico momento disfarçado
Nos lábios que se fazem mais audazes,
Carinho recebido e declamado

A todos os que ouviram tal vitória
Da puberdade em êxtase supremo.
No seio mal nascido vive a glória
Só de lembrar eu juro, ainda tremo.

Amor se fez fornalha de ilusão
Assando devagar, dourando o pão...


89

Eu quero uma canção que me acalante,
E faça com que possa adormecer,
De cores verdadeiras, dor espante,
E que me ajude sempre, pra valer...

Eu quero essa canção que não se canse
De sempre acalantar quem já sofreu,
Que em todas as distâncias sempre alcance
Ouvidos de quem teve e se perdeu...

Eu quero na canção que me preparas,
Acordes que me acordem, me dominem;
As notas misturadas, perlas raras,
Que ao mesmo tempo mostrem, descortinem;

O futuro mais brilhante que sonhei,
Ao lado da mulher que desejei...


6590

Eu quero tuas pernas, sem ter pena
Apenas entre festas bem abertas,
Enquanto tu me queres não alertas
A gente vai pintando nova cena.

O beijo tão gostoso da morena
Revira toda noite estas cobertas,
Deitando quando em lábios descobertas
A moça antes ingênua bebe plena.

No beijo da serpente, Eva se deu
E disso fez a glória mais gostosa,
Ao mesmo tempo cobra e não mais goza

Adão no paraíso se perdeu.
A sorte é que começa com Adão
Eva e Adão daria confusão...
Marcos Loures



91

Eu quero tuas gotas meu amor,
Em tantas maravilhas que me dás.
Vivendo esparramando teu calor,
Em ondas e delícias tanta paz...

Provando cada parte do manjar
No beijo tão ardente e mais sedento.
Te aperto contra mim, bem devagar
Me encosto no teu corpo, inteiro, lento...

Disposto a te fazer bem mais feliz,
Nos elos de nós dois tão transtornado,
Carinhos e desejos como eu quis.
O mundo vai girando, vai girando...

Sem pressa nossas horas vão passando,
E em plena fantasia, nos amando...



92

Eu quero tua xota em minha boca,
Lambendo o teu grelinho com furor,
Fudendo com vontade cada toca,
Até sentir teu gozo, meu amor...
Gritando feito fera, quase louca,
E ser o dono teu, amo e senhor.

Sentir tua explosão umedecendo
O meu caralho erétil e faminto.
Meu gozo em tua cara se escorrendo,
Inebriando em fogo qual absinto
A minha escrava sempre obedecendo
Sabendo desfrutar tudo o que sinto...

Marcando em tua pele clara e pura,
Deixando em cicatriz a assinatura..

]93

Eu quero tua seiva, seringueira,
Forjar neste teu mel um novo ser,
Sorver-te inebriado, toda, inteira,
Rejubilar-me sempre em teu prazer.

Irromper as picadas nesta mata
Que me prepara a mina do tesouro,
Deitar-te delicado, uma inexata
Mistura tatuada em nosso couro.

Derramando teu látex com o meu
Em vias de sagrar a redenção,
Que faz nosso destino sem ter breu
E forma a maravilha em tentação...

Alastro minhas ramas, parasito,
Na simbiose eterna do infinito...


94

Eu quero tua mão em minha mão
Passeios de desejos e de sonhos,
Espero que te toque o coração
Os dias que tivemos tão risonhos...

Amando quem se deu tão forte chama,
Deitada em minha cama, meu prazer,
Vigor com tal carinho sempre inflama
E faz todo o meu céu entontecer.

Se tive mais desejos peço amores,
Se tive mais amores, teu desejo...
Invado teus caminhos redentores
Abrando todo o cio, amor, porejo.

E quero teu prazer em minha boca
Num grito em desespero, quase louca...

95


Eu quero que tu sintas meu amor
Roçando a tua pele, devagar..
Enquanto a lua deita sobre o mar
Beleza sem igual a se compor.

Eu tenho coisa a te propor,
Beber da poesia do luar,
Seguindo o nosso sonho num torpor
Veremos este sol a deslindar

Suprema maravilha sobre a Terra,
Cortina da esperança se descerra
E mostra o quanto posso ser feliz.

Vivendo nosso caso simplesmente,
Sentindo o que em verdade só quem sente
É quem se entrega além do se quis...
Marcos Loures


96


Eu quero que tu sejas minha amada,
Vivendo eternidade a cada dia,
Saiba: tu és meu anjo e minha fada,
Sinônimo de eterna fantasia...

Marcamos nossos passos pelos céus,
As nuvens servirão de testemunhas,
Estrelas deslindando brancos véus
Te quero muito mais do que supunhas...

Amor que se transborda e nos faz crer
Que o mundo é mais bonito e sensual,
Descubro-te guardada no meu ser,
Amar o teu amor é natural.

Estou aqui, amada ao teu dispor,
Gritando a todo o mundo, o nosso amor...


97

Eu quero que tu saibas, neste dia,
Que existe para todos, um só Pai,
Trazendo nos SEUS olhos, a alegria,
E a complacência imensa que hoje vai

Mostrar quanto é preciso caminhar,
Com peito aberto, entregue a dom do bem.
Por isso não se esqueça de louvar
O PAI que, a mão benigna sempre tem.

Tu tens dentro de ti a maravilha
De ser esta pessoa companheira,
Amor com quem amor já compartilha
Espalha a glória pela Terra inteira

Está contigo, amada, o Pai Eterno
Neste amor tão fiel, puro e fraterno.
Marcos Loures


98

Eu quero que tu saibas que este jeito
Com o qual tu aplacas a amargura
Recende a perfeição, real ventura,
Deixando mais alegre e satisfeito,

Trazendo um doce alento para o peito
Que tantas vezes vaga na procura
Do bálsamo onde encontra a sua cura,
Ganhando o meu carinho, o meu respeito.

Às vezes bem mais forte desejais
Mostrando o que tu queres claramente,
Deixando em meu caminho sempre mais

Além do que pensara ou se pressente,
Em meio a tempestades tão banais
Demonstras; minha amiga, amor e paz...


99

Eu quero que tu saibas minha amiga
Do quanto és importante para mim.
De todos os meus passos, forte viga,
A flor que justifica meu jardim.

Que a vida sempre em paz, assim prossiga
Trazendo esta alegria que, sem fim,
Permite que este sonho em que se abriga
Amor que tu espalhas; sempre assim.

Por isso nesta data tão festiva
Eu venho tão somente agradecer
A sorte que se mostra mais altiva

Em toda a perfeição que pude ver
Nas mãos desta mulher tão compreensiva
Certezas de carinho e bem querer!


6600

Eu quero que tu saibas deste amor
No qual eu me levito alçando céus.
Aos poucos me tomando este torpor
Abrindo do infinito claros véus.

Teus lábios carmesins, pele morena,
Galopa o pensamento milhas tantas
Tocando a tua pele, amor acena
Enquanto em mil loucuras já me encantas.

Eu sei quanto é preciso navegar
Chegar aos teus rincões, belas coxilhas.
Nas águas de teu rio, verde mar
Estrelas de teus olhos, maravilhas.

O amor vai se tornando nossa prece
Vontade que o prazer cedo obedece...
Marcos Loures


01

Eu quero que tu saibas da saudade
Que tantas vezes foi a companheira
Daquele que vivendo sem vontade
Ainda sonha alguém que tanto queira.

Os discos, a vitrola, a noite inteira
A dança onde o desejo foi confrade,
Vestido da mulher bela e ligeira.
Procuro quem avive, mas quem há de?

O jeito é caminhar, fazer o quê?
Seguir a dura estrada, dia-a-dia,
Matando pouco a pouco a fantasia

Vasculhos nas gavetas, mas cadê?
A foto do menino amarelada
Há tempos destruída, amarrotada....



02

Eu quero que tu saibas como eu te amo
Jamais eu poderia sonegar
O sentimento imenso que ao tocar
O pensamento, torna-se meu amo.

Se às vezes, mais distante eu já reclamo,
Eu tento neste instante te mostrar,
O quanto é doloroso se entregar
E em versos tresloucados eu te clamo...

E finges que não ouves meus lamentos,
Entregue à solidão, em vãos tormentos
Enfrento esta procela, a vil tristeza.

Fugindo de mim mesmo eu já me escondo
No verso que persisto ora compondo,
Tentando superar a correnteza...



03

Eu quero que tu abras tuas pernas
E deixe que eu penetre devagar,
Delícias em loucuras, sempre ternas
Vontade de contigo, amor, trepar.

Fazer as sacanagens que quiseres,
Beber teu gozo quente, te lamber,
Chupar e lambuzar-me nos talheres
Banquete de desejo e de prazer.

Comer tua boceta bem gostosa,
Fuder o teu cuzinho apertadinho,
Depois de me entregar a ti, gulosa

Recomeçar de novo a putaria,
Botando no teu cu devagarinho,
Eu quero te propor bendita orgia...


04

Eu quero que se dane a poesia
A velha vagabunda que se esconde
Debaixo da soleira e perde o bonde,
E mentiras e engodos; tece e fia.

O quase na verdade não devia
Ser mais do que procuro aqui ou onde.
Menino que cresceu rei e visconde
Agora morre aos poucos. Agonia...

Confusos fusos falsos alças arcas
Quando na procissão amor embarcas
Metade do que fui jogado fora.

Rasgando a minha calça nos fundilhos
Escuto o gargalhar dos estribilhos
E a velha debochada comemora...


05

Eu quero que me leiam, por favor,
Meus textos são fantásticos, garanto.
São feitos com ternura e com amor,
E neles se misturam riso e pranto.

Espalho aos sete mares o meu canto,
Que tanto desejei; em paz compor,
Se a propagada é alma do recanto
Eu faço com destreza e sem pudor.

Maria diz que sou bom sonetista,
Zezé já não gostou do meu repente,
Agora o que fazer se sou artista

Poeta de primeira qualidade,
A rima se transborda numa enchente
Não posso me conter, teclado invade...



06

Eu quero poder ter tua amizade
Detendo nos meus dedos rica sorte,
Que é feita nos teares onde aporte
O sol em soberana claridade.

Saber usufruir da liberdade
De ter felicidade como norte,
Distante de seus braços, na verdade,
Não vejo cicatriz para este corte

As horas se passando, tristes; velhas,
Não soam como paz, somente frias...
Na santa fantasia em que espelhas

Belezas que eu julgara já distantes,
Amiga, resumindo o que dizias,
Embainhei meus medos mais constantes...



07

Eu quero poder sempre estar ao lado
De quem durante a vida eu procurei,
Depois de tanto tempo e já cansado
Estrela redentora eu encontrei.

Um coração às vezes descuidado
Fazendo da tristeza a sua lei,
Vencendo as tempestades do passado
Percebe a divindade desta grei.

E sempre junto a ti a cada dia,
Trazendo finalmente uma alegria
A quem só conheceu deslealdade,

Irei dizer da sorte conseguida
Sabendo que hoje eu tenho em minha vida
O bem que mais sonhei: felicidade!
Marcos Loures


08

Eu quero penetrar bem de mansinho
E por em tua xana com cuidado,
Amor que a gente faz sempre safado,
É pleno de tesão e de carinho.

Depois ao penetrar o teu cuzinho,
Qual fosse um lobo em cio, esfomeado,
Prometo que eu vou por devagarinho,
Mas quero já sentir teu rebolado.

Assim trepando à noite sem descanso,
Juntinhos explodimos num orgasmo,
É bom quando o prazer contigo alcanço,

Vontade de gritar dizer: eu te amo!
Querida o nosso amor não tem marasmo,
De novo eu quero mais, toda hora eu chamo!

09

Eu quero os girassóis na madrugada
Seguindo os teus olhares, lua e estrela.
Matando a solidão, que não diz nada
Somente na alegria de revê-la.

Ilusões vestidas, velha escada,
Que aos céus da fantasia nos revela
O barco da esperança que inda brada
Vencendo a calmaria, vento e vela.

Lanternas em olhares tão presentes,
Enquanto que em promessas, sei que mentes,
Mas trazes farto brilho, mesmo assim.

O cais que se perdera em temporais,
Bonança em liberta, tu te vais
Ancora maravilhas dentro em mim...


10

Eu quero o teu sorriso esculturado
Em teu rosto tão belo, angelical.
Distante do que fora amargurado,
Maliciosamente sensual...

Meu verso te buscando extasiado,
Encontra-te querida, bem e mal,
Ferindo um coração apaixonado,
Rolando meu desejo pelo astral...

Às vezes te concebo noutra história,
Amante de meus sonhos mais queridos.
Vencer todos os medos, minh glória,

Bem sabes quanto quero o teu amor.
Porém destes meus sonhos, vãos, perdidos,
Espero renascer jardim e flor...


11

Eu quero o teu repouso em meu cansaço.
Vertido nestes sonhos de esperança;
Que passa com meus passos cada passo
Vivendo a conjunção desta aliança;

Não quero me apartar do teu caminho,
Que é meu e que desejo sempre mais...
Depois de tantos anos; tão sozinho,
Nos ventos que a tristeza sempre traz.

A sorte que me trouxe ao teu recanto,
Fazendo de meus versos, nosso barco.
Minha alma seduzida pelo encanto,
Nos sonhos que vivemos; cedo embarco...

Viver em tanto amor, sina e façanha,
Meu corpo no teu corpo, já se banha...


12


Eu quero o teu querer e não sossego
Enquanto não puder ter, junto a mim,
A flor mais desejada do jardim,
Que a cada novo dia quero e rego.

O amor que tantas vezes se faz cego,
Ao enxergar teu corpo diz que sim,
A boca delicada e carmesim
Promete este prazer que ora navego.

A meiga criatura que desfila
Beleza sem igual na minha cama,
Sabendo que o amor logo me chama

Delírios envolventes; já destila
E molda um Paraíso com ternura,
Angélica expressão intensa e pura...


13

Eu quero te encontrar e te tocar,
Beijar-te calmamente, enlanguescer...
Sentindo toda a terra num girar
Rodando, um carrossel a me perder...

Anseios e desejos que se trocam,
As bocas se procuram sem torturas,
As línguas, mansamente se deslocam
E formam nossos mares de ternuras...

Sentindo tal sossego que me atiça,
Rolando nossos corpos num delírio,
Fazendo olho brilhar, total cobiça
Amar e me entregar não é martírio.

Os dedos explorando mil detalhes,
Da tua anatomia, morros, vales...


14

Eu quero te encontrar com mais saúde,
Guerreiro que aprendi a respeitar
Desde a minha longínqua juventude
Nas lutas que tivemos que enfrentar.

Tu és meu companheiro de jornada,
Na busca do horizonte que virá;
Com passos decididos, nesta estrada
Qual rumo e qual destino levará?

Às vezes me sentindo combalido
Mas nunca derrotado, pois confio
Na força de teu braço decidido,
Jamais tememos dor, sequer o frio...

Meu pai, eu te agradeço, grande amigo...
Aos poucos teus caminhos, eu prossigo...


15

Eu quero te dizer querido amigo
do quanto me espelhei em tua vida.
Tão bom poder estar sempre contigo;
jamais permitirei a despedida

e a dura solidão que sei, virá;
castigo pra quem vive em desamor.
Apenas a tristeza restará
fomento para angústia e para a dor.

Na força da amizade eu encontrei
apoio pra seguir o meu caminho.
Desculpe; pois bem sei que vacilei;

negando-te meu braço, companheiro.
Depois de tanto tempo – andei sozinho,
percebo o teu carinho, verdadeiro...


16

Eu quero te cuidar com tal carinho
Que nada impedirá nosso querer.
É triste, amor; viver sozinho,
Espalhe em nosso ninho o teu prazer.

Se tanto te esperei, valeu a pena!
Agora é toda minha; estou feliz.
Meu canto enamorado sempre acena
Chamando para amor que tanto quis.

Morena, minha amada companheira
Meu grito de paixão e de esperança.
Espero te encontrar bela mineira
Princesa lá das terras de Bragança...

O mundo que, divino; te proponho,
Não é como tu dizes, simples sonho...
Marcos Loures


17

Eu quero te cravar meus raros dentes
Lamber a tua pele, ser teu par.
Desejos que se fazem inclementes
Na busca do quem sabe saiba amar.

Na toca de Maria leites quentes,
Na boca um bom sorriso faz gozar
No rumo desta gruta mil vertentes
Agora é só poder recomeçar

Vagando ganho o mundo, vagamundo,
Vantagens são mentiras floreadas.
As entre-coxas belas e rosadas

Jamais esperarão mais um segundo.
Afogo o meu tesão no teu rosal
E a gente faz amor, SENSACIONAL!


18

Eu quero te cobrir com meu amor,
Nessa entrega total, perder o siso,
Os corpos se misturam com ardor,
Tomando em bem querer nosso juízo...

Lambuzo tua boca sem pudor
Com mel do meu desejo em paraíso,
Vibrando no teu corpo tentador,
Atado na nudez, eu me matizo..

E vibro a cada instante, tu és minha,
Mulher maravilhosa que sonhei.
Teus seios, minha boca, tudo alinha,

Fulguras como em ti eu me abrasei.
Revelo o meu amor, sussurro manso,
E o máximo do amor, contigo alcanço...


19

Eu quero te ceder cada momento
Em versos, em canções, em poesia...
Não sei se inda terei um pensamento
Que não venha inundado em fantasia.

Cansado viandante pela vida,
Em meio a tantas urzes nesta estrada;
Eu sinto que encontrei força perdida,
Eu vejo que vivera sem ter nada...

Bebendo noutras fontes, no passado,
Agora que te sinto, estou feliz.
Já vejo meu caminho iluminado,
Eu sei que renasci quando te quis.

Abriste, dentro em mim, um novo sol,
Que sempre te persegue, girassol!


20

Eu quero te alcançar minha querida,
Mas tenho que soltar-me enfim de mim
Largar essa corrente, em despedida,
Matar esse fantasma, até no fim.

O medo que me embala, destruir,
Despir-me disso tudo. Das pesadas
Cascas que sempre estavam a fluir
Nos meus caminhos todos, já largadas.

Trocar essas correntes pelas asas
Que deixem a coragem renascer,
Ousar nos céus, voando sobre casas
Nesse impreciso pulo, reviver...

Eu quero ter o vôo em esplendor
Voando pros teus braços, meu amor!


21

Eu quero te alagar, inundação,
Fazer-te devorar meus sentimentos,
Num canto mais intenso de emoção
Sentir este soprar de loucos ventos.

Louvar cada segundo em harmonia
Rasgar os meus pudores e segredos.
Vencendo teus receios; fantasia
Que seca e que desmonta nossos medos...

Eu quero a formosura do teu rosto
Beleza sem igual, mais cintilante,
Provar de cada canto todo o gosto
E te fazer tremer, seios arfantes...

Eu quero a cicatriz que nos redime
Deste prazer imenso e tão sublime!


22

22


Eu quero tão somente o que me trazes
Nas mãos com delicada sintonia.
A farta maravilha se irradia
Da lua que dominas; lumes, fases.

Amor, ao abalar as nossas bases,
Dourando a noite outrora vã, sombria,
Estende sobre os céus a melodia,
Que é mais do que cantigas tão fugazes.

E saiba que eu irei junto contigo,
Durante a caminhada pela vida.
Nas sendas deste encanto eu já me abrigo

E venço as mais diversas tempestades,
Assim a calmaria, sendo urdida
Por quem expõe em paz, suas verdades.


23


Eu quero tanto amor de ti Maria,
Que nada mais seria tão urgente.
Amor que tanto amou não amaria
Se fosse minha amante, de repente...

Nem que surgisse olhar de piedade
Nos olhos que procuram teu encanto
Nem mesmo assim em toda claridade
A vida me traria um novo canto.

Entretanto Maria não me quer...
As horas se passando, traiçoeiras.
Traduzesm tantas vezes a mulher
Que guarda suas mágoas costumeiras...

Prostrado no teu colo quero os seios,
Que restam tão somente em meus anseios...


24

Eu quero tanto amor com tal carinho
Que seja sempre assim, tão bem amada,.
Sabendo que vivi assim sozinho,
Te busco na manhã, cada jornada...

Desejo tua pele em meu calor,
Vasculhar teu corpo por inteiro
Depois de tantas ondas deste amor,
Fazer do teu prazer meu derradeiro,

Bebendo teu licor em plena fonte,
Cobrindo-te de beijos tão vorazes,
Abrindo as belas portas do horizonte
Salivas e desejos mais audazes...

E dormir sobre teu corpo, minha amada,
A noite em pleno gozo, tão cansada...


25

Eu quero só te dar amor sem fim
Além deste infinito céu imenso.
Tomado em esperanças hoje eu vim
Falar tudo o que sonho, e agora penso.

No tenso amanhecer de minha vida,
O sol que me queimara num mormaço
Ao perceber no amor uma saída
Riscou meu horizonte me fino traço.

Zênite se mostrando em azulejo
Formando inesquecível e rara tela,
O quanto que eu te quero e mais desejo
A cada novo verso se revela.

Mulher que me domina e me cativa,
A flor que eu cultivei pra sempre viva...



26

Eu quero ser feliz, isso eu não nego
Por isso é que procuro o teu carinho.
De todos os defeitos que carrego
Eu não consigo – amor – andar sozinho.

Meu passo se perdendo quase cego
Engaiolado um pobre passarinho
Por solidão enorme, se trafego
Esqueço que já tive um calmo ninho

E andando bar em bar pela cidade
Jogado na sarjeta da saudade,
Morrendo em cada dia, um pouco mais.

O teu amor é tudo o que mais quero,
O teu perdão; amada, assim espero,
Que leve esta tristeza p’ra jamais...
Marcos Loures


27

Eu quero ser feliz a cada dia,
Do lado da mulher maravilhosa
Que exala este perfume qual de rosa,
Marcando minha vida em fantasia.

Aos poucos, minha amada eu percebia
Que a vida se mostrava fabulosa
Embora tantas vezes, ansiosa
Chegavas transbordando em poesia.

Descalço meus orgulhos imbecis,
E sigo em cada verso, o teu caminho.
Da vida, sei que sou um aprendiz,

Sonhando noite e dia com carinho.
Não deixe que este sonho, amor, acabe,
Nem que nosso castelo, assim desabe...
Marcos Loures


28

Eu quero saciar os meus desejos
No corpo desta deusa feita humana,
Cobrindo cada parte com mil beijos
Na tesa sensação da qual se emana

Vontades e carinhos, relampejos,
Fomentos desta noite louca, insana,
Deixando para trás antigos pejos,
Na doce sensação, feroz, sacana

De corpos misturados e entranhados,
Vorazes e sedentos, mais safados.
Até que venha audaz saciedade.

Sentidos eriçados e aguçados,
Desejos neste amor, realizados,
Na busca pela insânia e liberdade...


29

Eu quero que tu venhas sem juízo
Amor não é pecado, eu te garanto,
O toque que se mostra mais preciso
Permite que se sinta raro encanto.

Nas pernas que se enroscam, Paraíso,
Teu corpo sobre o meu, delírio em manto,
Vibrando em tais loucuras, sempre biso,
Pois saibas, meu desejo se faz tanto.

Tirando a tua roupa devagar,
Vislumbro na nudez, rara delícia,
A cada novo toque, uma carícia

Certeza de teus mares navegar,
Bebendo a maresia delicada,
A pele que eu desejo, arrepiada...
Marcos Loures



30

Eu quero que tu venhas safadinha,
Na noite que em amor eu te desejo,
A xana tão cheirosa e raspadinha
Se entrega bem sacana ao louco beijo.

Sentindo o teu grelinho em minha boca,
Molhada esta xereca divinal,
Em sonhos invadindo a tua loca,
Coloco no rabinho o teso pau.

E nesta putaria, uma delícia,
A noite vai passando sem ter fim,
A língua que desliza com malícia
Sorvendo todo o gozo, até o fim.

Distante deste rabo e da buceta,
Só me resta tocar uma punheta...


31

Eu quero o teu afeto, feto sou
Do gozo inesquecível, riso e cardo,
O gato à meia noite se faz pardo
E vaga sobre o que este amor deixou.

Comendo a podridão que me restou,
Esgoto a poesia e mato o bardo.
Meu verso se transforma num petardo
Retardo vem dizer do que passou

Espalho os meus gametas nos motéis
E giro pelas ruas e bordéis
Fazendo sem encanto o que tentara

Num último soneto desvendar,
Brindando cada morte devagar;
Expondo em precipício, a minha cara...
Marcos Loures


32

Eu quero o seu carinho
Saudade me consome
Não quero mais sozinho
Amor matando a fome

Transporta ao nosso ninho
O verso em que se tome
O templo em que me aninho
Caminho que retome

Vivendo simplesmente
O que resta viver
Te quero plenamente

Beber o teu prazer
No gozo tão urgente
Em glória a se verter..


33

Eu quero o nosso canto em liberdade
Em meio a tantas cenas de violência
O rosto deformado da verdade
Impede que tenhamos consciência

Das causas da cruel insanidade
Da nossa virtual incompetência
Não pode-se acusar a mocidade
Dos erros cometidos, sem clemência...

A falta de amizade entre nós tantos,
Permite que se sangre a juventude,
Depois já nos somamos em espantos,

Buscando sempre a mesma direção
Esquecemos ao léu e sem saúde;
O povo sem comida e educação...
34


Eu quero o nosso amor numa cabana
Na roça, na montanha ou na fazenda,
Bebendo uma garapa, pura cana,
Passada com jeitinho na moenda.

Eu quero uma casinha bem bacana
Comprar café e fumo numa venda,
O pó duma saudade o vento espana
A solidão, distante, vira lenda...

Comer queijo com broa de manhã,
Regado com café e leite cru.
Fazer de uma alegria nosso afã,

Quarar nossa esperança no varal,
Nadar na cachoeira inteiro



35

Eu quero o nosso amor imenso e puro
Sem ter tanta vontade de mostrar
Que o chão da solidão parece duro,
Distante de um amor, luz e luar...

Eu quero o nosso amor com paciência
De quem cuida da flor o temo inteiro,
Que tenha em sentimento essa ciência
Do velho, experiente jardineiro...

Eu quero o nosso amor com suavidade
Da mãe num acalanto tão bendito,
Que venha sem resquícios da maldade
Amor que se demonstra mais bonito...

Eu quero em nosso amor perfeita paz
Com a arte de quem sabe o que bem faz...


36

Eu quero o nosso amor em belo encanto,
Seguindo os passos belos, reluzentes,
Coberto pela glória, em raro canto,
Trazendo os dias sempre mais contentes,
Amor vai nos cobrindo com seu manto,
Deixando bem distantes penitentes

Momentos de tristeza que passei,
Rompendo uma alvorada em luz intensa,
De todas as estradas que cruzei
Encontro nos teus braços recompensa,
Amor é nosso lema e nossa lei,
Ternura que se faz, assim imensa.

Vivendo o nosso amor tenho o que quis
E grito ao mundo inteiro: eu sou feliz!
Marcos Loures


37


Eu quero o nosso amor completamente.
O fogo da paixão queimando lento
Meu rumo nos teu passo é reluzente,
Estrela que guiando, toma assento,

Fomenta meu destino, e de repente,
Aflora mais intensa em pensamento.
Viver no teu caminho, claramente
É ter a sensação de manso vento

Tocando no meu rosto em noite calma,
Tomando em paz, sorrisos, a minha alma
A vida em alegrias me antepara

A boca que se mostra mais audaz
No beijo inebriante doura a paz.
Amar não é pecado, minha cara...
Marcos Loures



38

Eu quero o meu repouso em teus abraços
Depois de velejar em temporais.
Persigo de teus rastros tantos traços
Até que um dia encontre enfim meu cais.

Jamais desistirei dos mansos braços
Divinas poesias sensuais,
Refém da fantasia, nós e laços
Querendo, pois amor nunca é demais.

E ter o que talvez não concebera
Durante a minha amarga primavera,
Outono se transforma num verão.

Saber do gozo imenso de teus lábios,
Os dias serão calmos, porém sábios,
Cevando com pureza cada grão...


39

Eu quero o meu prazer de ter o teu,
Num jogo onde ninguém deve ganhar,
Aquele a quem vitória concedeu
Os louros, se perdeu ao se encontrar.

Embate tão sagrado quanto ateu,
Na fúria das delícias, me acalmar,
Amor que é tanto nosso, teu e meu,
Trazendo uma vontade de jogar.

Num êxtase divino, sei teu cais,
Conheço e reconheço ancoradouro,
Te quero na verdade sempre mais,

Num gozo que se mostra duradouro,
Tesouro procurado em belas ilhas,
Encontro no teu corpo, em maravilhas...
Marcos Loures


40

Eu quero o manso gozo da pantera
Em laivos de ternura em calmaria.
No cheiro em ferormônio, louca fera
Se solta e me domina em fantasia...

Eu quero me arranhar em suas garras,
Sentir as suas presas sobre mim.
E preso no seu corpo por amarras
Deitar, virar refém, até no fim...

Eu quero o seu gemido, quero o risco
De me encontrar deveras dominado,
Por fêmea tão feroz, em salto arisco,
E me entregar já sendo devorado...

Pantera que me toca e me alucina,
Se entrega e ao mesmo me domina...


41

Eu quero o doce aroma do desejo
Da gata ronronando em minha cama,
Acendo esta fogueira, cada beijo
Pra amar e ser feliz, por certo, chama.

Amor se faz voraz e sem segredos,
Rolando noite e dia, nunca cessa.
Bem sei sagazes matas, arvoredos
No incêndio sem juízo, uma promessa

De termos sem limites, amor tanto,
Tu és esta mulher que persegui
Nos sonhos, desfilando teu encanto
Agora em fantasia, vejo aqui

A fêmea delicada em louco cio,
Que aquece um coração outrora frio...


42

Eu quero o braço forte da amizade
Guiando meu caminho, passo a passo,
Quem tem sonho de paz e liberdade,
Alcança com certeza um belo espaço

Se tem a companhia deste braço
Que mostra a plenitude em claridade,
Ao estreitar, amiga, cada laço,
Percebo ter vencido a tempestade

Das dores, solidão e desespero
De quem andando só não vê sequer
A luz que o túnel traz, mesmo distante.

Na força da amizade eu me tempero,
E vejo que terei o que eu quiser
Mesmo que seja só por um instante...



43

Eu quero o amor tranqüilo da manhã,
Com o gosto mais doce que puder.
Na sensação mais pura e sempre vã
Dos olhos de menina da mulher.

Desta mulher amada e tão serena
Deitada no meu colo, olhar distante...
Na boca tão sedenta e sempre amena
Que mostra meu caminho mais constante.

Eu quero amor molenga e dorminhoco
Que mantenha uma chama sempre acesa,
Que venha sutilmente, pouco a pouco,
Mal percebi, descansa em minha mesa

O gosto desta fruta tão madura
Nos lábios lambuzados de ternura...


44

Eu quero numa noite alucinante
Os brilhos que irradia a clara lua
Deitando sobre a deusa semi-nua
A prata que transcende ao diamante.

Sereia que se dá tão fascinante
E em meio a tantos lumes já flutua,
Meu corpo enamorado assim cultua
Voando pelo etéreo, galopante.

Alucinação? Sonho? Nada disso,
A vida renovando-se no viço
Da flor que reina bela em meu canteiro.

Teus lábios em meus corpo, em arrepios
A gente extravasando em gozos, cios
Sabendo que este amor é derradeiro...
Marcos Loures


45

Eu quero nosso amor, em poesia,
Curando essas feridas que trazemos.
Sangrando em emoções, hemorragia,
Prazeres e loucuras; mostraremos...

Eu quero percorrer cada segundo,
Centímetro a centímetro, nada escapa.
Saber te conhecer bem mais profundo
Abrindo mansamente a tua capa...

Eu quero nosso amor, sofreguidão,
Eu quero nosso sonho, sem limites.
Eu quero um palpitar, pura emoção,
Amada, te suplico, não me evites...

E cure toda dor que a vida trouxe,
E sorva deste amor, um mel mais doce



46

Eu quero nos meus versos te dizer
Que nada irá mudar minha emoção
É dela uma razão para viver,
Por ela vou vivendo essa paixão.

Que traz a lua logo nasce o dia,
Que trama meu enredo, minha luz.
Inunda certamente a poesia
Que tanto sentimento reproduz...

Meus versos são retratos do que sinto,
São formas de poder ser mais feliz.
Das tintas deste amor eu já me pinto;
Bordando este meu céu, lindo matiz...

Vai refletindo assim, meu sentimento.
No espelho deste amor, doce tormento...


47

Eu quero no teu gozo a catedral
Que seja quase um marco, assim sublime.
Na abóbada de um sonho sensual
Um gozo deslumbrante em que se estime

A força de uma fêmea poderosa,
Que tem em mil orgasmos tal poder
De ser bem mais feliz; maravilhosa
Acima do que pude e quero ser.

Pecado não se faz em paraíso.
Apenas numa ausência se comete.
No rosto quando esboça assim, sorriso

Na plenitude intensa que se alcança,
Aos Céus decerto a moça se arremete
Ao Olimpo, Éden, ela assim se lança...
Marcos Loures


48

Eu quero no teu corpo desfrutar
De todo este desejo que nos toma,
Da fruta delicada que se coma,
No mel que tu me dás, me lambuzar.

Bebendo desta fonte a me fartar,
Fazendo de nós dois mais do que soma,
Depois de saciada, já retoma
E vamos novamente começar...

No amor que a gente faz, na cama ou solo,
Vislumbres dos fantásticos remansos,
Teus seios delicados, no teu colo,

Acalmo estas vontades, pois alcanço
O gozo em explosão, que eu bem queria,
Na dose que repito, a cada dia...


49


Eu quero no teu colo meu destino,
Descansos destas noites tão confusas.
Roubando teu perfume puro, fino.
Abrindo dos espaços suas blusas...

Quero a suavidade do teu beijo,
Aos poucos deslindando cada canto.
Roçando brevemente teu desejo
Das dores retirando todo o manto...

Só quero ser o sal que te fascina,
Só quero ser o doce que te acalma...
Só quero ser o fogo que alucina,
Só quero penetrar, fundo, a tua alma...

Eu quero a maravilha de saber
Nos teus braços, entregue ao teu poder...


6650

Eu quero nesse amor a eternidade
De ser mais infinito e sempre forte.
Amor que não termina com a morte
Tornando-se uma estrela, imensidade.

Assim no nosso caso, a qualidade
Supera uma distância, e mesmo o corte.
Regado com carinho, mostra o norte
Aonde eu encontrei felicidade...

Completo, nosso amor não tem mais fim,
Transborda em mil desejos, tão profundo...
Tu tens o que melhor eu sei de mim,

Não deixo de pensar um só segundo,
Vivendo uma certeza, sempre assim,
De ter; querida, amor maior do mundo...
Marcos Loures


51

Eu quero nem que seja alguma gota
Do amor que tanto trazes dentro em ti.
Vagando por estrelas me perdi,
Agora encontro enfim, a minha rota.

Minha alma se encontrava quase rota,
Dizendo da tristeza que sorvi
Bebendo da amargura percebi
A luz que outrora vira tão remota.

Nem que seja talvez por um segundo,
Virás mudar a sanha de meu mundo,
Um velho e vagabundo coração

Sabendo da alegria de ser teu,
Mesmo que momentâneo amor se deu
Mudando desta vida, a direção...
Marcos Loures


52

Eu quero naufragar
Nos braços deste amor
Que vem a transformar
Um velho sonhador

Na espera de encontrar
Um corpo sedutor,
Na noite a festejar
Sem medo e sem pudor.

Desnudo-te querida,
Deitando nos lençóis,
Mostrando o quanto a vida,

Estreita os fortes nós,
Vem logo, amor decida,
Aqueço-me em teus sóis..


53

Eu quero namorar com esses vermes,
Vermelhos e bonitos como o quê;
Parecem descendentes do deus Hermes,
Em minha catacumba, o que se vê!

São doces e macios, quase puros,
Lambuzam desta carne em podridão.
Enxergam muito bem nestes escuros.
Alguns já me devoram coração!

Depois da minha morte, foi a festa.
Abriram meu caixão e se esbaldaram.
Chuparam cada parte e cada fresta
Do que me resta já se enamoraram...

Eu sinto que também eles desejam,
Na boca, com carinho, mil me beijam!


54

Eu quero misturar os nossos somos,
Fazendo deste caso um sumo só,
Diversas emoções são como gomos,
Unidos pelo amor sem pena e dó.

Enciclopédia imensa, vários tomos,
Nascemos deste mesmo chão e pó,
Juntamos nossas cores, belos cromos,
Agora somos laços sempre pró.

Eu vejo teu retrato entranhado
Somados nos formamos quase que um
Ávidos de nós mesmos, um só fado,

Sem medo e sem pavor, temor nenhum,
Te digo que eu estou apaixonado,
Contigo o meu prazer, imenso zoom...


55

Eu quero meu melhor sorriso, irônico...
Viver em teus desejos, os mais santos...
Rasgar, sem perceber, todos os mantos,
Poder sorrir contigo, amor platônico!

Longe de tua boca, vou agônico,
Não sei de abissais mares, celacantos,
Nem quero mais cobrir-te, seus quebrantos,
Por certo, ao te ver, resto catatônico.

As tuas mãos, centelhas são tenazes.
Cravando tuas garras mais vorazes,
Devoras, louva-deus, nada mais sobra...

Te quero, venerando teus engodos,
Penetras mais sutil, teus eletrodos,
Os teus olhos hipnóticos de cobra...


56

Eu quero o teu querer e não dispenso
Sequer um só minuto, não disfarço
E passo a minha vida em cada passo
Na busca do querer onde compenso

O tempo em que eu andara só e tenso,
Disperso, sem ter rumo, e do cansaço
De uma procura insana o laço traço
Com ânsia de te amar, amor imenso.

Abarco mil palavras, e componho
Com elas a verdade deste sonho,
Que traga tão somente uma alegria,

De ser o que bem quis quanto eu queria
Agindo sem temores cada dia,
Num mundo que divino, é tão risonho...


57

Eu quero o teu prazer a cada instante
E nisso boto fé, não me arrependo,
Na vida não conheço dividendo
Que seja tão sublime e fascinante.

Teu corpo sensual e provocante
Caminha seminu e assim desvendo,
A perfeição que segue sem adendo,
Sem silicone ou nada que se implante.

Além da mais gostosa das cabrochas
De noite na volúpia em que me encoxas
Eu vejo quanto é bom fazer amor.

Não sei como tem gente neste mundo
Achando que o prazer é nauseabundo
Destrói o que quem ama quer compor...


58

Eu quero o teu olhar mais fascinante
Teu corpo, um pessegueiro tão sedoso,
Ser teu amado amigo, seu amante
E, louco desfrutar de cada gozo.

Teu par, a vida inteira, o mais constante
No amor que a gente faz, maravilhoso
Saber da fantasia a cada instante
Num mundo todo nosso, bem gostoso...

Se te quero e desejo tanto assim,
Talvez um dia queira-me também.
Esta ilusão que teima, tão ruim

Distante de teu corpo, dia a dia,
Somente uma saudade, crua, vem.
Deixando bem longínquo o que eu queria...


59

Eu quero o teu desejo mais audaz
Nas noites mais intensas de prazer.
Tu podes ter certeza, sou capaz
De tudo neste mundo pra te ter.

Uma emoção no peito mais falaz
Invade, dominando todo o ser;
Um raro e doce gosto a boca traz
No toque inebriante. Faz viver.

Depois de percorrer matas e montes,
Desaguar minha alegria no teu mar,
Celebro os desembarques nestas fontes

No orvalho que poreja e já me inundo:
Suor, saliva, sexo a nos tomar,
Sentimento feroz e mais profundo...


6660

Eu quero o teu colinho, minha véia
Que a noite necessita de platéia
E o corpo bem sacana quer orgasmos,
Sem medo de loucuras ou marasmos.

As bocas vão uivando em alcatéia
Orquestra de ironias e sarcasmos.
O mapa de teu corpo diz Pangéia,
Os dedos e os olhares ficam pasmos.

Ao circunavegar em genuflexo
Entendo a divindade do amor/sexo
Paradigma final de uma existência.

No gozo deste amor mais sensual
Inferno traz o céu paradoxal
Eu quero a vida inteira em penitência!


61

Eu quero o teu amor sem ter descanso,
Versejo com prazer, se vens comigo.
O mundo que procuro eu sempre alcanço
Nos olhos deste amor demais amigo.

Não deixo de querer sempre um avanço
Na direção que quero e que persigo,
Amada, caminhando assim contigo,
Ao tempo desejado eu já me lanço.

Uma alegria imensa me acompanha
Quanto mais me encanto, mais te quero.
Não sabes, meu amor, quanto venero

A sorte de te ter, forte e tamanha.
Acima das encostas, da montanha,
Sorriso nos teus lábios, sempre espero...
Marcos Loures


62

Eu quero o teu amor inteiramente
Tomando o pensamento sem dar tréguas
Encontro no teu corpo esta semente
Mesmo que nos separem tantas léguas.

Amar e ser feliz, destino nosso
Aonde brilhará mais bela estrela,
Querida me responda: como posso
Fazer para poder sentir e vê-la?

Há tanto que procuro ter teu cheiro
Sentir o teu perfume e tua boca,
Amor quando sincero e verdadeiro
Completamente toca e nos translouca.

Vem logo, eu não consigo disfarçar
Esta vontade imensa: te tocar...



63

Eu quero o teu amor em devaneios,
Na noite agalopada, mil monções.
Tomada por delírios e emoções,
Já sem meias palavras ou rodeios.

Numa explosão fantástica; os anseios,
Invadem sem limite, aos borbotões,
Refazem dia a dia as ilusões
Tocando fortemente bocas, seios...

Um mágico caminho se desvenda,
Em todo bom pedido que se atenda
Quem vive insano amor, sorte bendita.

No emaranhado, soltos os cabelos,
Desejos se misturam, são novelos
Desta vontade plácida, infinita...


64

u quero o teu amor completo e puro,
Sem ter mais que temer nem o ciúme.
O chão que se aparenta, às vezes, duro,
Por vezes já me traz doce perfume.

Eu quero o teu amor sem preconceito,
Sabendo que é direito ser feliz.
Amor que noutro amor vai satisfeito,
Nos dá nosso destino de aprendiz.

Em cada cicatriz refaz-se forte,
Sem medo da ferida e da batalha,
Amor que sobrevive até na morte,
E sabe perdoar pecado e falha.

Eu quero o teu amor, querida amiga,
Que a todo e qualquer ser, decerto abriga!




65


Eu quero me perder no turbilhão
De luzes que derramas neste céu.
Tocando com deslumbre o coração,
Rodando em minha mente. Carrossel.

Olhando com delírios a amplidão
Pensamento galopa qual corcel
Vagando sem juízo ou direção,
Riscando o Paraíso. Belo véu.

Encantos nos trazendo a quietude
De quem sabe a beleza do momento.
Vislumbro no teu corpo o monumento,

A fonte de uma eterna juventude.
Na cena sem igual eu me apresento,
Amando muito além, bem mais que pude...
Marcos Loures


66

Eu quero me esconder da tempestade
Debaixo de uma saia acolhedora,
A proteção gostosa, na verdade
Da rosa que se mostra redentora,

Calor em doce abrigo encontrarei
Além de um visual maravilhoso.
Depois de tanta chuva eu encontrei
O teto mais bonito e mais charmoso.

Ali, neste cantinho meu amor,
Eu vou ser mais feliz, eu te garanto,
Pois tenho com certeza um bom calor
E toda esta beleza feita em manto.

Debaixo do vestido da morena,
Felicidade plena já me acena...


67


Eu quero me entregar completamente;
Vibrando dentro em ti toda a loucura
Gostoso sentimento, de repente,
Que traz todo o desejo da procura...

Verter o meu delírio com que sonhas,
Rodar minha cabeça, ficar tonto,
Perdemos os pudores, as vergonhas,
Querida; vem agora, pois 'stou pronto

P’ra te fazer feliz, perder o nexo,
E te levar comigo, ao infinito
Onde somente amor, tesão e sexo
Permitem que se cumpra o nosso rito

De sermos num momento um só ser
Gostosa sensação, santo prazer...


68

Eu quero me entranhar em tua senda,
Teus seios em meus lábios, teus mamilos,
Segredos que este amor louco desvenda,
Deixando no prazer, bem mais tranqüilos.

Na lingerie tão bela, feita em renda,
A transparência traz em seus estilos
Formato deste corpo em que eu me renda
Nos jogos que adivinho, preferi-los.

Galopes envolventes, liberdade,
Tomando de teu cálice este vinho,
Sorvendo cada gota de mansinho,

Até chegar total saciedade.
Nos gozos misturados, paraísos...
Em dedos, lábios sábios e precisos...


69

Eu quero me enfurnar no paraíso.
O tempo que passei nunca se abria.
O medo de viver é mais conciso.
O resto se difunde em melodia...

Não posso me furtar a ter juízo
Nem quero salvação por valentia.
O golpe me desfere, traumatizo
Caçando vou buscar a parceria...

O tempo não se muda vive firme.
Não vejo solidão que não confirme
O medo me protege, cortinado.

O resto do que passo é tão profundo...
O verso que não faço transpassado,
Postergo meu amor pro fim do mundo...


6670

Eu quero me encontrar perdido em ti
Eu quero me perder em teus carinhos.
Na doce sensação que em ti senti
De bocas, línguas, dentes, sanhas, ninhos...

Eu quero me encontrar dentro de ti
Pensando em ti, vivendo inteiro em ti.
No mergulho mais louco que vivi,
Do raio da manhã que te pedi.

Na orquestra divina, tresloucada,
Sentindo o coração bater sem nexo.
Sentindo esse poder da alucinada
Divisão de prazer sem ser complexo...

Fantasia liberta sem conceitos
Vivendo em nosso amor, sem preconceitos...


71

Eu quero mais agora e a cada instante
Rompantes, noite afora, sem demora.
Embora amor às vezes, um mutante
Que em tantas fantasias se decora.

As lágrimas nos céus do meu passado
Causaram tanta chuva e temporal.
No aval de teu carinho, desfraldado
O tempo que se faz em festival.

Ao refazer leituras do que sou,
Encontro alguns sinais de novo estio.
O vento que em outra hora congelou
Trazendo tão somente o duro frio

Agora feito brisa, chega manso,
O dom da calmaria, enfim, alcanço...


72

Eu quero libertar-te em meu amor,
Sem ter sequer amarras que te prendam.
Um sentimento assim, libertador
Permite que t’as luzes já se acendam.

Amar-te com desejo e com vigor,
Sem guerras nem guerreiros que se rendam,
Não sou teu guia e nunca teu mentor,
Apenas dois caminhos que pretendam

Andar em paralelo; vida afora,
Unindo nossas forças se preciso,
Numa emoção tão forte que se aflora

Em cada novo dia, uma esperança
Marcada por carinho e por sorriso,
Libertos em conjunto, a mesma dança...


73

Eu quero inebriar-me do licor
Que emana de teu corpo extasiado,
Bebendo gota a gota, faço amor,
E um mágico caminho, assim invado.

Beleza de teu corpo encantador,
Naufrágio em mar imenso, iluminado.
No rumo que se faz revelador,
O gosto tão divino do pecado.

Embalo teus desejos, sou voraz
E quero novamente, sem descanso,
O toque mais sublime? O mais audaz,

Aquele que embriagando, nos domina.
Contigo; o paraíso; logo alcanço,
Bebendo deste néctar em doce mina...
Marcos Loures


74

Eu quero fantasias que em verdade
Possa manipular e até senti-las.
No flexível encanto das argilas
Poder ter sensação da divindade.

Assim; quem sabe ter felicidade,
Distante deste fel que tu destilas,
Da terra que posseira, agora grilas,
Chegando mansamente, sem alarde.

Culpados por nós mesmos; prosseguimos,
E nada respeitamos; somos ermos.
Além da realidade não contermos

Matamos cada amor. Números primos,
Condenados a nunca sermos pares,
Dos templos construímos lupanares...


75

Eu quero este namoro tão gostoso

Formado por carinho e liberdade,

Andando no teu passo vigoroso,

Depois da nuvem, claridade...


Teu jeito tão moleca e tão dengoso,

Brincando já me traz felicidade,

Depois, em nossa cama, tanto gozo,

Fazendo amor em plena santidade...


Recebo cada beijo como afago,

Depois te acaricio e solto fogos,

Dos sonhos mais audazes que te trago,


Tu tragas meu amor com mansidão,

Assim ao desfrutarmos novos jogos,

Estamos nos caminhos da paixão...


76


Eu quero estas delícias delicadas
No corpo perfumado de meu bem.
Depois das noites todas tão cansadas
À espera deste amor que nunca vem...

As horas sem te ter vão arrastadas
A vida é dolorida sem ninguém,
Espero tuas mãos, que são de fadas,
Somente esta esperança me mantém...

Desfrutar deste templo tão macio,
Beijando pouco a pouco, insensatez.
Me aqueces neste outono, um novo estio,

Viajando os meus lábios, teu perfume...
Tocando tudo, tudo, vez a vez...
Montanhas, serras vales, vou ao cume...


77

Eu quero estar nos braços de quem amo,
Fazendo destes braços, o meu ninho...
Por vezes tanto chamo, tanto chamo...
E durmo simplesmente tão sozinho.

Amada por que insistes em não ver
Que tudo que desejo, num segundo,
Apenas no teu colo posso ter,
Depois de procurar por todo o mundo...

Não deixe que esta noite me devore
Sem ter os teus carinhos e teus seios.
Amada, por favor, não mais demore,
Que a vida vai tomando os meus anseios...

E depois de tanto tempo sem ninguém,
Eu grito: minha amada... agora... vem!


78

Eu quero estar em ti, belo festejo,
De bocas que se caçam e navegam
Além do imaginável, no desejo
Profano onde dois corpos já se entregam.

E cada vez que sonho; sempre vejo
Teus olhos, dois luzeiros que me cegam,
E assim em loucas noites eu prevejo
Cometas que se tocam e se pegam.

Ateio em nossos fogos, a lareira
Que aquece em cada gozo a noite fria.
Volúpia que jamais alguém sacia

De ter prazer, rondando a noite inteira
Fazendo nesta festa em serenata
A doce insanidade que arrebata...
Marcos Loures


79

Eu quero estar contigo em cada sonho,
Pois sabes que desejo o teu amor.
Por isso venho logo te propor
Que o mundo seja sempre mais risonho

Deixando para trás um quê tristonho
Distante do que quero recompor.
Meu rumo em tuas mãos, querida, eu ponho
E sei que tu darás pleno valor

A cada sentimento que aprouver
Tocando um coração antes sozinho.
No riso extasiante da mulher,

Eu faço, com certeza o meu caminho.
Farei, querida, tudo o que eu puder,
Para restar contigo em nosso ninho...


6680

Eu quero estar contigo a cada verso
Ditado pelo amor, pura emoção,
Sentindo a solidão, um mal perverso,
Encontro nos teus braços, solução.
Mergulho num segundo este universo
Que é feito de desejo em explosão.

Sentir o teu perfume junto a mim,
Beijar a tua boca delicada,
Cultivo com ternura este jardim,
Procuro minha rosa tão amada,
Vivendo neste sonho amor sem fim,
Viajo à tua cama na alvorada

E acordo do teu lado, num sorriso,
Tornando o nosso amor, um paraíso...
Marcos Loures


81

Eu quero estar atento a cada toque
Do vento na janela me chamando,
E ver cada beleza em seu enfoque,
Dizendo que estarei, de novo amando...

Eu quero, pois, ouvir o doce canto
Que veio destas ondas, deste mar.
Sentindo a maravilha, tal encanto,
Nos raios delicados do luar.

Eu quero, enfim,sentir este perfume,
Prevendo uma presença encantadora.
O brilho que incendeia no negrume
Nos rastros da mulher mais sedutora...

Eu quero teu amor, e sempre mais,
Seguindo tua trilha, seus sinais...


82

Eu quero esta xaninha bem raspada,
Dançando em meu caralho tão fogoso,
A loca que eu desejo está molhada
De toda esta vontade e do teu gozo,

Fazendo tanta festa em tua boca,
O meu caralho quer fuder inteira,
Enchendo de prazer gostosa loca,
Sentindo a tua língua feiticeira

Lambendo a cabecinha, devagar,
Depois engole tudo, tão faminta,
Me fodes rebolando sem parar,
Até que a porra venha e assim me sinta

Tremendo de vontade e de alegria,
Louvando a nossa santa putaria...


83

Eu quero esta volúpia sem limites
E nada nos impede, esteja certa.
Espero que em meus versos acredites
Jamais a tua cama irá deserta

Não deixo me levar pelos palpites
Nem sou propriedade em que se aperta,
Não deixe que algum medo enfim te agites
Pois sou simples cometa em noite incerta.

Verás que um homem teu não foge à luta
Nem teme esta batalha mais gostosa
Por isso, minha voz quando se escuta

Se mostra bem mais forte e retumbante
Vem logo e por favor deixe de prosa
Te quero com vontade amada amante...


84

Eu quero esta querência mais gostosa
Fazendo do meu verso um instrumento
Transforme a minha vida em prazerosa
Deixando para trás qualquer lamento.

Se o tempo na verdade toma assento
E mostra esta certeza fabulosa
Do jeito que vier, eu tomo tento,
Alento em tua boca tão sedosa.

Regresso dos meus ermos te mostrando
O quanto que este vento manso e brando
Permite traduzir felicidade.

Do jeito que vieres te desejo,
O amor quando demais mostra em lampejo
Ternura sem limites que me invade...
Marcos Loures


85


Eu quero esta mulher
Exímia companheira,
No sonho que vier,
Amada a vida inteira,
Em tudo o que puder,
Ainda é cozinheira.

E faz com fino trato,
Diversas iguarias,
Na cidade ou no mato,
Mostrando maestrias,
Assino até contrato
Que é tudo o que querias,

Mulher nobre encantada
Maravilha em rabada!


86



Eu quero esta canção de mocidade
Que possa renascer a cada dia,
Enquanto a solidão feroz invade,
O vento do passado ressurgia

Trazendo o suave aroma, liberdade,
Que é feita com sublime maestria
Rompendo da ilusão fronteira e grade
Moldando o nosso passo com magia.

Alquímica mistura de nós dois,
É tudo o que queremos, eu sei, pois
O tempo não retorna, mas coleta

O que nós cultivamos pela estrada,
Que quando com carinhos adubada
Nas cevas mais felizes, se completa...
Marcos Loures


87


Eu quero esta cachaça que me traz
A boca mais gostosa da sacana,
Eu sinto esta loucura que se emana
Deixando a minha vida mais em paz.

Eu fico, de repente, mais audaz,
Neste produto mago de uma cana,
À noite me tomando de campana,
Tornado em nossa cama mais voraz.

Eu quero o teu prazer, e o meu também,
Depois na nossa veia, a tal glicose,
Contigo, minha amada a noite vem

E quer que em seu caminho sempre goze,
No tempo anunciado por meu bem,
Depressa antes que chegue uma cirrose...


88

Eu quero esta alegria de poder
Chamar teu nome sempre que puder,
Na fantasia enorme de saber
Que além de minha amiga é a mulher

Que sempre desejei estar aqui
Compartilhando o sonho mais risonho
Depois de tanto tempo que perdi,
Depois do vendaval forte e medonho

Da solidão dorida que enfrentei
Por vezes, esquecido em algum canto,
E, sinto que depois que te encontrei
Cessaram-se: tristeza, dor e pranto.

No labirinto extenso desta vida,
No nosso amor intenso, uma saída...


89


Eu quero esse querer que nunca cobra
Que quer só por querer o querer bem,
Que sabe que querer sempre desdobra
No amor desta querência por alguém...

Eu quero um querer que nos complete
Sem farsas sem mentiras ou promessas.
Querer que sempre venha e não delete
Assim tão mansamente, sem ter pressas...

Eu quero o paraíso do querer
Que é feito todo dia, a todo instante,
Sabendo que te quero e vou viver
Intensamente amor amado, amante...

Eu quero o teu querer sem ter horário,
Luar que não tem fase ou calendário.


6690

Eu quero esse mergulho no teu mar,
Nas delicadas ondas que decoram
Trazendo essa vontade de encontrar
Nas ânsias que me marcam e devoram.

Eu quero esse teu brilho mais errante,
Constantes os desejos mais audazes.
Fazendo nosso amor mais delirante,
Sabendo a que limite são capazes

Nossos momentos livres e sedentos.
Nossas vontades tantas e possíveis.
Não vejo em nossa vida sofrimentos,
Vivemos os momentos mais incríveis...

Eu quero tantas horas radiantes,
Bebendo o nosso vinho, o dos amantes...


91

Eu quero esse mergulho bem profundo

Nas águas deste sonho, sem temores.

Vivendo o sentimento, num segundo,

Teus olhos são dois belos refletores



Que lançam tuas luzes pelo mundo,

Só sigo estes teus rastros sedutores...

Da paz deste carinho já me inundo

Sorvendo teu amor sem ter amores...



Querida, não me deixe mais, te peço,

Tu és a glória infinda de viver.

Eu amo bem além e te confesso,



Não tenho mais vontade se fugir

Deitando do teu lado meus prazeres,

Amar-te sem limites.... Vim pedir...


92

Eu quero esse cantar em liberdade
Rompendo os meus grilhões, soltando a voz.
Sempre louvando a solidariedade
Criando uma corrente em vários nós.

Eu quero que o futuro traga à vida
Todo o valor que sei, a vida tem.
Não haja mais infância desvalida
Nem a velhice triste, sem ninguém.

Que em toda terra espalhe uma esperança
De um povo mais unido e mais feliz,
A noite tão vazia já se cansa
De ter somente o não; como raiz.

Que o AMOR seja infinito e sempre eterno
Que surja o belo estio após o inverno!


93

Eu quero mesmo assim, que logo venhas.
Amar é se entregar mergulhar fundo.
No quanto ainda queimam nossas lenhas
Persisto quase inútil, vagabundo.

Na banda em que se umbanda a força e fé,
Girando o tempo passa em carrossel.
A sanha se permite em rodapé
Embora olhando sempre para o céu.

A face oculta mostra mil segredos
Parindo expectativas desumanas.
Assim se fazem nossos velhos credos,
Ao mesmo tempo ris enquanto enganas.

No teatro mambembe da existência,
Para amar é preciso ter ciência...
Marcos Loures


94

Eu quero mergulhar nos teus desejos,
Não permitir sequer que tu me negues.
Desejo decifrar milhões de beijos,
Na boca que te peço que navegues...

Eu quero desnudar minha esperança
E ver a cicatriz que amor te deu.
Desejo te querer numa lembrança
Do mundo que sei meu e será teu...

Desejo te conter sem mais delongas
E ver-te renascer nos braços meus...
As tardes sem te ter correm tão longas;
Não quero minha amada, o triste adeus...

Desejo desejar-te desejosa,
Depois despetalar-te, minha rosa...


95

Eu quero mergulhar nestes teus veios
Singrando os teus prazeres, chego à tona.
Enquanto a fantasias diz de seios
O olhar se enamorando, beladona.
Mendigo os teus carinhos, sem rodeios,
O gozo em desafio, amor já clona.

E trava noite e dia em meus ouvidos
Sussurro num convite irrecusável,
Além destes limites percebidos
O campo dos delírios cultivável,
Sem dívidas, caminhos repartidos,
Quem ama deve ser inimputável...

Vestígios dos amores no lençol,
Do brilho deste olhar, sou girassol...


96

Eu quero me perder
Enquanto te encontrar
Sorvendo o teu prazer
Bebendo devagar

Além do que buscar
Tocando todo o ser
Amores ao luar
Dizendo bem querer.

Afagos e carinhos
Desejos e vontades
Descubro os teus caminhos

E sigo a cada instante
Loucas saciedades
Amor tão deslumbrante


97


Eu quero me perder nos teus caminhos
Nos beijos mais sedentos converter
O mundo que sonhei em teu prazer,
Selando em tua pele mil carinhos,

Bebendo no teu corpo verdes vinhos
Em arrepios tantos perceber
Sussurros, nesta noite que vou ter
Contigo nos lençóis, sedas e linhos...

Lanhadas, minhas costas. Bocas, seios...
Deixar em desalinho os teus cabelos...
Descubro tuas minas, rios, veios

E deito do teu lado esta loucura
As pernas num balé nossos novelos,
Depois deitar em ti amor, ternura..,

98

Eu vejo este universo que reflete
Nos olhos de quem amo qual fornalha
Que ao mesmo tempo me repete
O sentimento calmo que agasalha...

Venci tolas etapas de ciúmes,
Em todas não fui mais que um simples tolo.
Quem quer saber de rosas e perfumes,
Precisa conhecer o desconsolo.

Agora que adormeço em tuas mãos,
Depois de tantas noites mais insones,
A vida vai se abrindo em negros vãos
Em sentimentos vários. Como um cone

Que se afunila sempre e vai tirando
A crosta, até no fim ir desnudando...


99

Eu vejo em teu sorriso
Amor que sempre quis,
Vivendo o paraíso
Por certo, estou feliz.

De tudo o que preciso,
De todo amor que diz,
A vida sem aviso
Mudando o seu matiz...

Neste caleidoscópio
De sentimentos plenos,
Amor tornou-se um ópio,

Que logo me vicia,
Teus beijos tão serenos,
Traduzem a alegria...


6700

Eu vejo com mais calma, a liberdade
Depois de atravessar o duro inverno,
Recebo com total felicidade
Sorriso da mulher que eu amo, terno.
Que tenha em nosso amor, tranqüilidade,
Distante do passado, quase inferno.

Não tendo mais o medo de viver,
Refaço a cada dia, a primavera,
Forjado pelos dons deste prazer,
Aquieta-se em instantes, leda fera,
Assim, sinto possível conceber
A vida que sonhara. Quem me dera!

Um riso de esperança no meu rosto,
Meu peito enamorado, segue exposto...
Marcos Loures


1

Eu vejo alguns poetas numa luta
Insana contra a pobre da palavra,
Usando da matéria firme e bruta
Arando em aridez; suando lavra.

Porém ouvindo o canto de um caboclo
Suave, sem frescuras nem remendos,
A casa de sopapo, no reboco
Não usa; de azulejos seus adendos.

Ciranda quem me deu, foi a criança
Que um dia em redondilhas fez a festa.
Retrato que inda guardo na lembrança,
Apenas uma imagem ainda resta,

Agora a velha Musa desdentada
Nos cantos do porão, está jogada...





2


Eu vejo a tua sombra na janela
Aberta da ilusão em filigrana,
Precedem minha dor cotidiana
Limpando uma poeira na flanela

Do tempo que se mostra e me revela.
Ao mesmo tempo, sonsa, ela me engana,
E neste paladar a vida atrela
O resto que não foi, dor soberana...

Dançando mil imagens: sombras, luzes,
Recebo o teu olhar qual foice e faca.
Dizer o quanto eu te amo não aplaca,

Apenas ameniza as duras cruzes
Que do outro lado vejo em lusco fusco,
O amor que da janela, quieto, busco...


3

Eu vejo a claridade
Que a sorte enfim me trouxe
A vida como fosse
Um sonho, liberdade,

Poder de uma amizade
Tornando a vida doce,
No canto que remoce,
Mostrando a qualidade.

Meu verso mais conciso
Já fala deste sonho,
Viver o paraíso,

Enfim, eu te proponho,
Nos lábios um sorriso,
Futuro mais risonho...


4

Eu trago para ti meus tristes olhos,
Marcados pelas dores do passado,
As flores prometidas, morrem molhos
Meu medo sempre foi bem demarcado.

Pastores colocaram tais antolhos,
Negando uma visão, não tenho lado,
Sobrando a plantação destes abrolhos
Do amor sempre distante, destroçado.

Mas trago meu olhar, Senhor meu Pai,
Apenas o que tenho nesta vida.
Se a tarde em desespero sempre cai,

Amigos que plantei nao os colhi,
Por isso meu amigo, em despedida,
Tu és a redenção que recebi...


5


Eu trago o meu sorriso e minha prece
Dos campos desejados, a verdura,
Nas mãos uma carícia, uma ternura,
Um perfeito horizonte que se tece.

Minha alma aos teus carinhos obedece
Percebe que terá sempre a ventura
De ter a sensação eterna e pura
Do amor que não se abate nem fenece.

No teu aniversário estou contente
Somente por estar aqui presente
Podendo te abraçar, querida amiga.

Nas danças e nos olhos; num festejo
O mundo em alegria que desejo
Nos braços tão amigos já se abriga...


6

Eu trago o gosto doce do melado
Roubado desta boca, meu amor...
Em meio a tantas tramas do pecado,
Na cama, nossa chama, sem pudor...

Eu trago o gosto doce da aguardente
Roubada desta cana, fermentada...
Girando, inebriando, fogo ardente
Deitando meu sabor em minha amada....

Eu trago gosto doce deste mel,
Que escorre em tua boca lambuzando.
Cavalgas meu amor, sou teu corcel,
Sentada sobre mim, me dominando...

Eu trago o gosto doce do prazer,
Que tanto me machuca e faz viver...


7

Eu trago meu olhar por testemunha,
De dias mais felizes do teu lado.
Embora agora seja só passado,
Um novo verso em sonhos eu compunha.

Quem sabe reviver já testemunha
O tempo que se foi, desconsolado,
Meu barco para sempre naufragado
Num oceano em onda a vida punha.

Amiga, é bom poder chamar-te assim.
É quase que render uma homenagem
A quem acompanhou até o fim

Meus passos na procura por carinho.
Que bom poder contar nesta viagem
Com quem o pensamento sempre alinho...


8


Eu trago em minhas mãos, joios e trigos
E espalho o temporal pela cidade,
Quem sabe usufruir da liberdade,
Encontra nas loucuras bons abrigos.

Refaço os meus caminhos quando antigos,
E tento conceber serenidade,
Do amor quando permite a claridade,
Expõe farta beleza em seus artigos.

Reservo o Paraíso para dois
Que sabem desfrutar, antes, depois
E teimam sem temer qualquer deserto.

Cercando com brilhantes nossa rua,
A noite em luz sublime continua
Deixando o coração audaz e aberto...


9

Eu trago em minhas mãos a flor de um sonho
Que mostrando esta angústia, flora em mim
Destino no canteiro quando eu ponho,
Anoitecendo em trevas meu jardim.

O templo da ilusão, velho medonho,
Expressa a solidão que existe enfim,
Distante de quem amo, em dor componho
Um tango que imagine um novo fim

Que não me traga a noite eterna e fria
Falando tão somente da alegria
Que um dia acreditei, mas não existe.

As flores vão murchando, e uma esperança
Apenas sobrevive na lembrança,
E o tango, como sempre, acaba triste...
Marcos Loures


6710

Eu torço, que tu tenhas no teu ninho
Ao menos um sorriso verdadeiro,
Cansado de vagar tolo e sozinho,
Que venha um novo amor, rumo e luzeiro.
Da vida que se passa em burburinho,
Um gozo muito além do corriqueiro.

Que vejas o amanhã com olhos mansos
Deixando para trás tal violência,
O amor quando procura por remansos
Encontra em calmaria uma cadência,
Não deixe que se perca em velhos ranços,
Suprima desde já tal prepotência.

Assim; amiga, serás bem mais feliz
Quem nega o pleno amor se contradiz...


11

Eu tomo o meu café; fumo um cigarro,
Janelas entreabertas, lusco fusco,
O rosto do desejo; ainda busco,
Encontro por resposta: pus e escarro.

Nas cordas semirrotas já me agarro.
No Rio, Salvador, Brasília ou Cuzco
Rasteja o pensamento qual molusco
Que em plena realidade, enfim esbarro.

O gosto de teu lábio inda persiste,
A sanha de um poeta é ser assim?
Do inferno visualizo o querubim

De olhar e de semblante sempre triste.
Acendo outro cigarro e a vida passa
Nas falsas expressões desta fumaça.


12


Eu tinha uma galinha bem safada
Sonhando com um leite condensado
Fingia que paria bom bocado,
Mas no final, não trouxe quase nada,

Cantando já de galo, esta coitada
Mostrava com sorriso engalanado
O peixe que vendia no mercado,
Dizia bacalhau, era pescada.

Assim também conheço sonetistas
Que vendem o seu peixe todo dia,
Matando em nascedouro a poesia,

Não são, eis a verdade, vigaristas,
Pior do que fingir que assim engana
É ter a pose toda de um bacana.
Marcos Loures

13

Eu tento ter domínio do volante,
Porém sem direção a vida segue,
Sem barco e sem mar que inda navegue,
Eu mudo o meu caminho a cada instante.

Delírio de uma fêmea provocante,
Amor que quando quero já sonegue
Por mais que a fantasia quer e apegue
O medo vai tomando o meu semblante.

Mulheres são difíceis de entender.
A culpa? Quero quer; da miopia.
Enquanto ela não lê a poesia

Eu fico totalmente sem saber
Se um dia inda terei alguma chance,
Não vejo nem a sombra, nem nuance...
Marcos Loures


14

Eu tento responder, mas na verdade
E-mail não permite, minha amada.
Meu verso de carinho em liberdade
Procura te encontrar na madrugada,

Vencendo esta distância e a saudade
Resposta a tua carta demonstrada
Nos versos que contêm felicidade,
Amor trazendo a vida iluminada.

Depois de tanto tempo de procura
Encontro nos teus braços meu sossego,
Delícia de remanso em aconchego.

Sentindo o teu desejo com ternura,
Percebo descobrir cada segredo,
Amor sempre guiando nosso enredo!
Marcos Loures



15

Eu tento no meu canto algum encanto
Que possa traduzir felicidade
Na véspera do sonho, amargo pranto
Com toda sua força agora invade.

Do amor eu sei distante cada manto,
Nem quero desvendar realidade.
Por vezes eu repenso e me agiganto,
Depois encontro a mesma dura grade.

Nos passos que deixaste na poeira,
Seguir cada caminho ressonante.
Sabendo que terei o que persigo.

A fonte mais sincera e verdadeira
Que torna o nosso céu mais fascinante,
Encontra-se nos braços de um amigo...


16

Eu tento me livrar da poesia,
Já não suporto mais! Terrível vício,
Cavando com as mãos, o precipício
Que a infame a cada dia propicia.

Não vejo outra saída, nem sabia
Que um mundo tão banal, pois é fictício
Matando sem sequer deixar indício
A besta-fera estúpida e vadia.

E quando conseguir me libertar,
Tremendo foguetório, isso eu garanto,
Não quero tua cara, assim, de espanto

No fundo já não posso nem amar
Que a bosta se fazendo inspiração,
Condena-me a total escravidão...



17

Eu tento me lembrar sempre de nós
Durante as noites frias, solitárias.
Enquanto não vislumbro nada após,
As esperanças; sei que necessárias.

Ouvindo do passado a mansa voz,
As horas não se mostram temerárias,
Na dura realidade, vã e atroz,
Razões para sonhar nunca são várias.

E quando, olhando em volta nada vejo,
Amaldiçôo assim cada desejo,
Certeza de seguir só; sem ninguém.

Nas lutas e batalhas pela vida,
A herdade que me resta em despedida,
O corte e o arranhão; é o que contém..



18

Eu tento me expressar mais sutilmente,
Porém tu não percebes quanto eu quero
Viver o nosso caso, e qual demente
Soltando a minha voz, me desespero.

Tu sabes deste amor, claro e sincero,
Exposto sem disfarce a toda gente.
Roubando da ilusão cada tempero,
Encontro esta tristeza, vil serpente.

Não quero teu amor por só um dia,
Felicidade, enfim, eu merecia
Depois da solidão em que vivi.

O sonho que permite uma alegria,
Envolto pelas teias da magia
Que encontro, tão somente, amor, em ti...


19

Eu tento em testamento crer num mundo
Aonde uma esperança venha e traga,
Sanando a tão voraz, faminta draga
Que engole uma alegria em um segundo.

O corte que profana é tão profundo,
Que mesmo a carne tenra já se estraga,
Na cama, lama, a morte como paga,
De um cálice sanguíneo e bem imundo.

Porém silenciando esta criança
Precoce sensação de ser inútil,
Eu creio sendo assim que uma esperança

Moldada sem sequer a liberdade,
É quase uma miragem, leda e fútil,
Que busca salvaguarda na amizade...

20

Eu tento com meu canto a paz que trague
Encantos de um momento mais gentil.
Por mais que tantas vezes eu navegue
O céu que se mostrara em pleno anil

Encontro a solidão que me carregue
Levando ao sentimento, às vezes vil
Aonde a fantasia não mais negue
O vento a que este sonho conduziu.

Sou parte do que tantas vezes cri
Ser mais que tão somente poesia.
Vagando pelas noites chego a ti

E nisso vejo intensa claridade
Que a cada amanhecer já se recria
Formando um elo firme de amizade...
Marcos Loures


21

Eu tento ainda crer nos teus jardins
Por mais que chagas; tantas; já fizeste
A seca que se deu matou jasmins
Amor não sobrevive ao menor teste.

A dor não me seria mais completa
Se tu não me trouxeste o teu sorriso.
Assim a farsa plena se completa
No riso que entornaste este granizo.

Aguardo então teu bote no final,
Repondo em minha adega amargo vinho.
O quanto que já foi tão desigual
Amor no qual decerto não me aninho.

Mas eu me vingarei, esteja certa,
Mantendo no meu peito, a porta aberta.
Marcos Loures


22

Eu tenho uma esperança
Que a vida seja calma,
Conheço essa aliança
Que vem e que me acalma,

A dor de uma lembrança
Se mostra em cada palma,
Quem luta e quer alcança,
Libertando sua alma...

Eu tenho a despedida
Guardada no meu peito,
Não vejo uma saída,

Seguindo insatisfeito,
Por toda a minha vida,
Jamais tomarei jeito...


23

Eu tenho uma alma lésbica e vadia,
No sáfico desejo que me invade,
Fazendo de teu corpo a sacristia,
Bebendo deste fogo em tempestade.

Não quero tão somente a louca orgia,
Eu quero amar, decerto de verdade
Amor que se transborde a cada dia,
Trazendo depois disso, uma amizade

Que perenize o gozo de ser teu.
Sabendo desta orgástica ilusão,
Rondando firmemente o coração,

O dia finalmente renasceu
E trouxe o paladar amaro e santo
do amor que me entranhou qual por encanto



24

Eu tenho um sonho vivo dentro da alma
De ser feliz decerto por um dia.
A noite dentro em mim quando se acalma
Somente quando encontro a fantasia.

Do amor que nunca veio mas desejo...
Carinhos se procuram, mansamente...
No sonho te percebo, doce beijo,
Que mesmo quando acordo está na mente...

Sonhando belos prados e jardins.
As rosas perfumando seu caminho...
Saudade se perdendo nos confins.
Minha alma transbordando, um passarinho...

É tudo nessa vida o que proponho...
Ao lado desse amor: eu tenho um sonho!



25

Eu tenho um novo mundo a te propor
Formado pelos cacos que vivemos.
O quanto pode ser alentador
Transmite o que em verdade percebemos.

O dia se fazendo em bailes, risos
Baladas de um amor que não tem ritos.
Sonâmbulos caminhos sem avisos
Extremam nossos passos, vãos, aflitos.

Na boca da moçoila este batom.
Molambulando a vida, a solidão
Esquece do desejo certo e bom
Rondando o velho mundo amargo cão.

Trafegam nossos gozos por atalhos
Pedaços que se fazem dos retalhos...
Marcos Loures


26

Eu tenho trabalhado feito um louco,
Plantões, plantões, plantões, plantões, plantões
Pra aqueles que inda pensam que isso é pouco
Repito novamente, mil plantões...

Se eu grito assim demais, termino rouco,
Na volta para a casa após serões
Não quero mais fazer pose de mouco
As noites são terríveis turbilhões.

E a velha poesia, abandonada,
Olhando para mim, meio em soslaio,
E como fosse enfim, servo e lacaio

Escondendo-me atrás da paliçada
E volto o meu olhar para o Hospital,
Torcendo que ninguém mais passe mal...



27


Eu tenho tanto amor para te dar,
Nem mesmo esta distância impedirá.
Pegando uma carona no luar
Espere os meus carinhos desde já.

Corrente que se forma, belo mar,
Caminho de bonança mostrará
Dizendo deste encanto a me tocar
De toda a poesia que virá.

Eu te agradeço muito e te saúdo
Diante da beleza quedo mudo
Tocado por teus olhos, dois faróis...

E saiba que enalteço cada passo
Do amor que penetrando todo espaço
Espalha a maravilha de mil sóis...



28

Eu vejo quanto o amor tomando espaço
Em formas mais diversas trama a vida.
Não sinto mais o medo do cansaço
De ter uma emoção tão decidida.

É louco, insano canto em que embaraço
As pernas no caminho, na subida,
Caindo certamente no teu braço,
Deixando qualquer dor em despedida...

Meus dias vou passando na ilusão
De ter meus broncos versos a teus pés.
Amar é perseguir a perfeição

E de pronto atender ao seu chamado,
Não vejo mais amor como um viés
É tudo que sonhei. Nunca é pecado!


29

Eu vejo o quanto estamos tão unidos
E a cada novo dia isto enobrece
Um sentimento feito em gozo e prece
Que faz questão de sonhos bem vividos.

Nos passos que seguimos, decididos,
O tom de nosso canto amadurece
E mostra quanto é bom; dias cumpridos
Em negra solidão que inda aparece

Nas horas mais difíceis, madrugada,
No vento que batuca na janela.
Porém ao ver uma alma triste e tão cansada

Alegria de sermos companheiros
Em cada novo encanto nos revela
Que os sonhos que nós temos: verdadeiros...
Marcos Loures


30

Eu vejo o mel da vida se espalhar
Nos campos da esperança e da emoção,
Roubando cada raio do luar
A noite se transcorre em sedução.

A moça do meu lado, satisfeita,
O riso se permite em franco gozo
A gente ao mesmo tempo se deleita
E planta um novo sonho fabuloso.

Recebo de teus lábios, a promessa
De um dia mais feliz de se viver
A cada novo instante recomeça
Idílio de ternura e de prazer

Assim, eu vivo amor no dia a dia
Que é feito da beleza em fantasia.


31

Eu vejo o fumo a se elevar sombrio
Trazendo uma lembrança mais atroz,
Calando num momento a minha voz,
O coração sangrando, ledo e frio.

Um sonho que se mostra mais vadio
De amor que talvez surja ainda em nós,
Deixando uma esperança logo após
Promessa de alegria, em novo estio.

Assim, talvez o dia traga alento
Clarão de um belo sol numa alvorada,
Soprando tão macio como um vento

Que toca as folhas todas da emoção.
Depois de tanto tempo abandonada
Ressurge nos teus braços a ilusão...



32

Eu vejo nos espectros que carrego
A imagem desbotada deste sonho.
Num pesadelo assim, feroz, medonho,
O passo titubeia e vaga cego.

A força que inda pálido, eu emprego
O gozo da ilusão que ora proponho,
Além da realidade, enfim, suponho
O traste que me pesa, isso não nego.

As vísceras revoltas, náuseas, dores,
No alforje as velhas chagas latejando,
As esperanças todas, vão em bando,

Invernos dentro da alma em seus rigores
Encharcam, movediços, os meus passos.
Os pés aprisionados, seguem lassos...
Marcos Loures



33

Eu vejo finalmente, insana paz
Sem medo ou sensação de ser cativo
Vivendo o quanto o sonho inda me traz
De nada em minha vida eu já me privo.
O beijo da morena, um capataz
Capaz de me tornar um morto vivo.

Acero preparado; o fogo ateio
Colheita prometida pro futuro,
Bebendo do prazer de cada seio,
Acendo toda a chama neste escuro.
Sabendo o que mais quero, sem receio,
Encontro o que em verdade assim procuro.

E curo tais mazelas, vencedor.
Abrindo então as travas, vivo o amor.
Marcos Loures


34

Eu tenho no teu passo, um aliado,
Que ajuda a desvendar qualquer mistério.
Amor tão soberano, nosso Fado,
Moldando com seu brilho um rico império.

Aonde desfilamos os desejos
E os olhos embotados de paixão.
Promessas de delícias e festejos,
Descompassando assim o coração...

O porto descoberto em pleno mar.
Uma ilha de esperança sobre a Terra.
É bom por isso e sempre tanto amar...

Não quero me ausentar do paraíso
Que a boca que me beija assim encerra
Com toque de carinho, o mais preciso...

35

Eu tenho finalmente o bem querer
Que há tanto tempo, amada, eu concebi.
Encontro em cada canto do meu ser
Resquícios de teus passos por aqui,

Vencido pelo amor, doce prazer,
Sabendo deste sonho eu me perdi,
E nisso eu encontrei meu bem querer
Aconchegado, imerso dentro em ti.

Pensando em nosso amor, felicidade
Trazendo para mim tranqüilidade
Mudando em calmaria a correnteza.

Cevando esta alegria no meu peito
Eu sei que ser feliz é um direito
Tornando sempre farta a minha mesa...
Marcos Loures


36

Eu tenho em mim, querida, esta certeza
Do amor maior que a vida já me trouxe,
Encontro uma saída em tal beleza
Sem medo da partida, amor mostrou-se

Na força soberana da alegria,
Moldando minha sina com ternura.
Não deixo de escutar o que dizia
Um coração marcado em vil tortura...

Andei por tantas léguas sem saber
Que ao fim desta jornada raiava o sol.
E quero em todo dia perceber
A luz que me alumia, em arrebol.

Teus olhos, tua boca, colo e seios,
Eu quero mergulhar, sem mais rodeios...


37


Eu tenho aqui comigo anseios e vontades
Desejo coibido e sonho sem destino.
Poemas que não fiz; ausentes claridades,
Um velho que inda teima em parecer menino.

O risco que não veio; o gozo em desatino,
Alameda queimada antigas veleidades.
Acácias no passado, um gosto matutino
Do tempo que se foi sem solidariedades.

Da boca não beijada, amigo que não tive,
Lugar que não conheço e sei que lá estive
Ternura apodrecida em falsas emoções.

Carrego tanto peso! Andando em contrabando
Meu rumo que padeço; aos poucos já desando
Necessárias serão estas revoluções?


38

Eu tenho a fantasia envolta na poesia
De dar tanta alegria a quem eu quero bem...
Beijar a sua boca, amando todo dia
Toda saudade é pouca, eu vivo por alguém

Que tanto quero bem; e sinto que sabia
Que quando a noite vem sou seu amor também...
Nesta vontade imensa imersa em fantasia
Eu tenho a recompensa à noite com meu bem...

Que sabe como é bom amar amor demais
Amar é mais que dom, amar é como um cais
Que sempre nos protege do frio e do tormento,

Amor sempre me rege, é sonho que me enleva
Amor é como luz a proteger na treva
O sonho que conduz a vida e o pensamento...

39


Eu temo uma amizade, se falível,
Amigo pode ser a perdição.
Se tramas em segredo ser possível
O golpe da mais dura traição...

Amigo se sincero é meu tesouro,
Não tem nada mais forte neste mundo.
Quem tem um grande amigo, achou seu ouro.
Esquece a solidão, vale profundo...

Por isso, companheiro esteja atento,
Não deixe essa amizade sem cuidado.
Pior do que viver, triste relento,
É ter a sensação, ser enganado...

É faca de dois gumes, é navalha.
Nos corta, na amizade, qualquer falha!


40

Eu temo teus segredos, pois são meus...
Cada vez que fugia proutros braços,
Eu sempre me encontrava em teus abraços.
Comparsas que se encontram sem adeus,

Em todos os pecados, teus e meus
Vivíamos correndo os olhos baços,
Cruzando esses limites sem cansaços,
vagando em trevas, pedras, ermos, breus,

Não posso confessar mais a ninguém
O que tanto tramamos nessa história...
o vento que nos queima ainda vem.

erguidos dos entulhos, mesma escória
Fazíamos da noite, uma refém.
Por isso, por favor, cegue a memória...
Marcos Loures


41

Eu tecerei meus sonhos nestas tramas
Desta cegueira imensa da paixão.
Qual fora um sentimento em tantas ramas,
Brotando no meu vago coração.

As asas da saudade e do martírio
Batendo em minha porta; mal distingo,
Deitando em tua cama, num delírio,
Das asas doloridas eu me vingo.

E rio, gargalhando de alegria,
Do frio sentimento, nem lembranças...
O dia se promete em fantasia,
Em tantos festivais, em puras danças.

Nas ramas perfumadas pela flor
Percebo, na morena, o meu amor!

42

Eu te trago de tal forma entranhada
Perdendo os meus limites, sigo em ti.
É pouco te dizer que me perdi
Em teu corpo, seqüência demarcada

De rios, afluentes, foz e estrada,
Fronteiras? Com certeza as esqueci.
Tampouco se liberto eu já vivi.
De tanto que sou teu, não peço nada.

Na terra movediça em que vivemos,
Os olhos tão distantes seguem mares,
Desta água apodrecida que bebemos

Durante muito tempo foi servida
Matando em nascedouro meus pomares,
Tentando agonizar a nossa vida...


43

Eu te quero tanto, amada minha,
Meu sangue vai correndo em tua veia,
Meu corpo no teu corpo já se aninha
Formamos elos de uma só cadeia.

A lua se aproxima e sobre o mar
Trazendo o verde imenso de teus olhos,
Permite num momento imaginar
As flores de um jardim em belos molhos.

Na lágrima que escorre, uma saudade
Do amor que já se foi e não voltou.
O sonho dá lugar à realidade
E tudo que eu quisera, o mar levou.

Deixando tão somente um velho canto
Trazendo este estribilho: EU TE AMO TANTO!


44

Eu te quero feliz companheira
Dividindo meu mundo contigo,
Quando amor se tornar a bandeira
Nós teremos decerto um abrigo

Na paixão que se faz verdadeira,
Não corremos nem vemos perigo,
Vencedor de qualquer corredeira
Grande amor não merece castigo.

Versejando palavras risonhas
Eu bem sei do que queres ou sonhas
Ser amigo do amor mais gentil

Que não deixe sequer cicatriz
Do teu lado serei tão feliz
Tendo tudo que o sonho pediu...
Marcos Loures


45

Eu te quero e na verdade
Não me canso de falar
Encontrei felicidade,
Quando eu pude assim te amar.

Nos meus olhos, a saudade,
Vem tomar o seu lugar,
Coração rompendo a grade
Nos teus braços quis voar.

Tanto, tanto que eu te quero,
Meu amor, meu bem querer.
Nosso amor é tão sincero

Pois me dá muito prazer
No teu corpo eu me tempero,
No teu colo, vou viver...
Marcos Loures


46

Eu te quero desnuda, em fogo intenso,
Tocando tua pele, meu tesão,
Orgasmos explodindo, sedução,
No encaixe de nós dois, me recompenso.

O gozo sem limites, mar imenso
Entregue ao vendaval, um furacão
Cevando com ternura cada grão,
Colher teu fruto doce. Luto e venço.

Derramas o teu mel em frenesi,
No teu rocio eu bebo a fantasia,
Dois corpos sem fronteira, amor vicia

Sedento, num mergulho chego a ti,
Voluptuosamente a noite passa,
Aonde o caçador se entrega à caça.
Marcos Loures


47

Eu te quero desnuda sobre mim,
Atando nossos corpos o prazer,
Algemas e correntes, gozo enfim,
Além deste infinito, percorrer.

Os teus quadris famintos e vorazes
Requebros, remelexos, arrepios,
Escravo de teu corpo, tu me fazes
E matas com vontades, desafios.

Tu tens este cativo acorrentado,
Enquanto me enlouqueces te possuo,
Rocio sobre a cama derramado
Contigo eu já levito e até flutuo.

Recebo os teus orgasmos, convulsões
Entregue aos loucos laços das paixões...
Marcos Loures


48

Eu te quero desnuda em minha cama,
Lasciva, enlanguescente, desejosa.
Ardendo de vontade, assim se inflama
Mulher maravilhosa e tão gostosa.

Em teus mamilos, vejo em contraluz,
Debaixo desta roupa transparente
Efeitos que o desejo já produz,
Desnudo-te co’olhar, completamente.

E deito sobre ti, sinto teus lábios
Roçando o meu pescoço, tão famintos,
Os nossos corpos nus, ousados, sábios,
Entranham-se e se bebem, dois absintos

Na efervescência plena, ao me perder,
Encontro em teus caminhos, meu prazer...


49

Eu te quero calor,meu abrigo
Esperança divina de paz,
Coração caminhando contigo
Alegria, na vida, ele traz.

Todo o sonho que um dia, persigo,
Encontrei onde amor satisfaz
Na verdade em amor tão amigo
Liberdade se mostra capaz.

Tenho em ti a magia de ser
Algo além do que sempre pensei.
Minha glória é poder te saber

Nas andanças que um dia encontrei
Venha logo que o tempo esfumaça
E a vontade já não se disfarça...
Marcos Loures


6750

Eu te peço perdão, meu companheiro,
Pelas tristes palavras que te digo.
porém perdendo o rumo por inteiro
eu creio merecer duro castigo...

Juntos nós encarávamos vespeiro,
Não conhecemos medo, e nem perigo...
Meu barco se perdeu sem timoneiro
Eu quero comandar, mas não consigo.

Agora então desculpe esse covarde,
Que não teve coragem de lutar
A vida se transforma, o meu peito arde

Na dor que não consigo mitigar.
amor chegou depressa, agora é tarde
a tua amada, enfim, eu fui amar...


51

Eu te peço as ternuras mais amenas
Que tão somente a vida pode dar...
Nas mãos tão delicadas e serenas,
Vontade de carinhos, e ficar...

Eu quero tais belezas dos luares
Trazendo, dos espaços, tanto brilho...
As frutas mais gostosas dos pomares
Que formam, nos meus sonhos, nosso trilho...

Eu quero o cheiro doce da manhã
No gosto dessa broa com café.
Viver na poesia, belo afã,
Amor feito esperança e feito fé...

Não deixe tantos sonhos p’ra depois
Neste universo lindo de nós dois...




52

Eu te ofereço um ombro minha amiga
E se quiseres juro te darei os dois.
A sorte de quem ama já periga,
Principalmente, eu penso no depois.
Não quero que tu dê mais nome aos bois
O amor quando demais nos desabriga,

No olhar tão sorrateiro do moleque
A seta disparada em rumo certo,
Prudência vai servindo como um beque,
Sistema defensivo? Nunca aberto.
Não creio que quem sonha, amiga, peque
Melhor que ter o peito em vão deserto.

Mas deixe que outro dia vem chegando
E o vento que virá será mais brando...
Marcos Loures


53

Eu te ofereço flores feitas versos
Diversos os matizes de um amor,
Na cor que desejares, pois imersos
Nos vasos deste peito sonhador.

A dor que imaginei ser companheira,
Se intera da verdade e não retorna,
Entrego o coração desta maneira
Bandeira da ilusão jamais é morna.

Acalento os desejos mais audazes
E fazes ser possível a esperança;
Abalas sem saberes, minhas bases
Sabores revividos na lembrança

De um tempo de garapa, manhã, broa,
Menino sabe quanto a vida é boa!


54

Eu te ofereço amor, se tu quiseres,
Eu te ofereço o sonho, se pedires.
Eu te ofereço a luz quando vieres
Eu te ofereço espelhos onde mires.

Eu te ofereço a força nos halteres
Eu te ofereço luas onde gires,
Eu te ofereço a festa em mil talheres,
Eu te ofereço saudades se partires.

Eu te ofereço a mim, como refém
Eu te ofereço o canto do prazer
Eu te ofereço assim, todo o meu bem,

Eu te ofereço o riso, e a gargalhada,
Por não ter mais nada amor, a oferecer,
Por fim eu me ofereço a ti, amada...


55
Eu te ofereço a terra se quiseres
O gosto e o perfume das estrelas
As flores mais divinas, raras, belas,
Por certo darei tudo se vieres.

Tu és a mais bonita das mulheres,
Desejos nos teus olhos já revelas;
Teu corpo que é banquete em mil talheres,
Cavalga-me querida, sem ter selas...

Eu te darei a lua em claridade,
Mas peço-te, querida, um só favor,
Recebo o teu desejo em umidade,

E faço deste sonho tentador,
Vibrante, mavioso em puro ardor,
Somente não darei fidelidade...


56


Eu te garanto amada, não é sonho,
Verdade que se faz a cada dia,
Amor gostoso, agora eu te proponho,
Nesta união perfeita, uma alegria
Que mostra um novo encanto onde, risonho,
Eu te darei amor que eu mais queria

Vencendo as horas frias e a distância
Unindo nossos corpos um só manto,
Amor que a gente quer, com tal constância
É mais que simplesmente o mesmo canto.
Que não haja entre nós a discrepância
Que mata, lentamente todo encanto.

Vem logo que eu te espero aqui sozinho,
Aguardo-te querida em nosso ninho...
Marcos Loures



57

Eu te dou estes versos, minha amiga,
Na certeza que sempre me moveu.
Que quanto mais a vida nos periga,
Mais sabes que estarei ao lado teu...

Semeias esperanças com sorrisos,
Semeias alegrias aos incertos;
Pressinto esses manás dos paraísos,
Na força com que salvas dos desertos...

Amiga, nos meus versos, te dedico;
Conheço essa vital sabedoria,
Tornando o meu viver sempre mais rico.
Vertendo minha dor em fantasia.

Amiga, nos caminhos complicados,
Teus braços sempre são meus aliados...


58

Eu te desejo tanto, jamais nego,
Eu quero estar contigo o mais depressa,
Não pense que isto seja só promessa
Vontade de te ter, amor; carrego.

Em cada verso teu, enfim navego,
Nesta vontade louca, tanto, à beça,
Vida não pregará jamais a peça
Pois sabes que em teus braços, eu me entrego...

Tu sabes onde estou, amada amante,
Adentro tua cama, teus lençóis
Aqueço estas manhãs, dourados sóis,

E vibro dentro em ti, esfuziante
Eu quero esta loucura de menina
Que toda noite vem e me alucina...
Marcos Loures


59

Eu te daria as noites se pudesse,
Te daria esta lua em plenilúnio
Te daria meu canto, sonho e prece
Assim acabaria o infortúnio

De ser tão solitário e sempre ver
A dádiva divina desta diva;
Que passa sem talvez me perceber,
Nem sabe que esta vida morre viva

Em cada melodia que te faço,
Distante, mas tão perto sinto o vento
Do sopro que vem lá do teu regaço,
E que nunca me sai do pensamento...

Eu te daria a vida, até mil vidas,
As luas vão passando... Sós, vencidas...


60



Eu te convido pra festa magistral
Dos gozos e delírios desfrutados,
Colhendo no teu corpo sensual
Os ritos generosos dos pecados.

Percorro este caminho sem igual,
Delírios divinais, jogos safados.
Sentindo a tua língua no meu pau
Em beijos sedutores e babados.

Lambendo esta xoxota depilada,
Os lábios vou abrindo devagar
Deixando a tua gruta tão molhada,

A foda se deslinda em tal deleite
Sem tempo nem motivo pra parar
Até que no final, bebas meu leite...


61

Eu te amo tanto, tanto, e nada impede
Que o céu iluminando cada passo
Invada o pensamento quando faço
O verso que alegria me concede.

Amor quando demais já não se mede
Ultrapassando em luz, vencendo o espaço,
Reflete poesia em cada abraço
Torna-se vencedor mal ele cede.

Sem ânsias nem maldades temporais,
Eu quero e te desejo sempre mais,
Desnudo o coração, sou teu amante.

O brilho de teus olhos, meu farol,
Encontro no teu corpo lua e sol,
Paisagem magistral e fascinante!
Marcos Loures


62
Eu te amo simplesmente e nada mais,
Não quero teu perfume nem as cores,
Não quero ancoradouro, deixo o cais
A todos os que tentam, sonhadores

Falarem do amor, ledo e demais,
Não quero em meu jardim sequer as flores,
Tampouco o bem que a vida sempre traz
Aquele que procura por amores.

Eu quero simplesmente, sem cobranças
Sem medo de partida ou de chegada,
Sem sol ou até mesmo uma alvorada,

Nem quero teus olhares, temperanças,
Apenas tão somente quero ter
Do amor que sei eterno, o seu prazer...

63

Eu te amo sem porque e sem talvez.
Apenas sinto o vento no meu rosto...
O canto que professo; tanta vez,
Confesso que me dá sereno gosto.

Agostos em minha alma, doloridos
Trouxeram as promessas de setembros.
Se levo tantos sonhos já perdidos,
A vida decepando tantos membros...

Mas amo teu amor tão delicado
Decides com teus passos se inda vou.
Amor que tanto tenho dedicado
Não sabe das estradas que trilhou.

Meu coração sem remo já vagueia
Nos raios generosos; lua cheia...



64

Eu tenho tanta urgência em te querer
Sorvendo cada gota de saliva
Que escorre em tua boca, meu prazer
É ter tua alegria sempre viva

Sangrando meu delírio a se verter
Em noite transbordante e mais ativa,
Recantos e delícias conhecer
No amor que me faz bem e que me criva

De tantos sentimentos que misturam
Vontades e desejos com carinhos.
Pecado, meu amor é não vivê-los,

Guardá-los, pois são eles que nos curam
Juntemos, pois então nossos caminhos
Encoste no meu ombro os teus cabelos...
Marcos Loures


65

Eu tenho tanta pena do soneto!
Maltratada figura, pede esmola,
Expondo a antiga face, não decola,
Não passa mais de um simples poemeto.

Tentar, pois, defendê-lo eu já prometo,
Mas sei que no final resta a degola,
Se qualquer ignorante entra de sola,
Ao poeta só resta então um gueto.

Um asno que não sabe nem contar,
Decassílabo passa a ter só cinco,
E quando alguém demonstra algum afinco

A corja recomeça a desdenhar,
Teimando em destruir o que não cria,
Destroça enfim, a pobre poesia...


66

Eu tenho tanta coisa pra dizer,
Falar de um sentimento tão profundo
Que é capaz de montanhas, remover;
E atravessar correndo, todo o mundo...

Um sentimento nobre que domina
Transforma a solidão, mata a saudade,
Nos acarinha enquanto determina
A sorte de quem quer felicidade...

Eu tanto muita coisa pra falar
Mas tenho tanto medo de te ouvir.
Queria; se pudesse no luar,
Iluminar o rumo em teu porvir,

Eu tenho tanto medo de dizer...
Só falo... Quando o dia amanhecer...


67



Eu tenho tanta coisa por fazer
Além de mal passada a carne esfria
Rasgando o que sobrava da alegria
Deixando muita coisa sem dizer

Mas tenha a mocidade como guia
Talvez seja mais fácil perceber
Que tudo foi somente fantasia
Que se escondeu em forma de prazer....

Assim perceberá que a mocidade
Passando sem ter nada, quase a esmo,
Embora este meu verso seja o mesmo,

No fundo mostrará que a liberdade
É feita com amor e claridade,
Sem tédio, sem temor, em amizade...


68

Eu tenho por princípio ser fiel
E gosto que isto seja sempre assim.
Tu és estrela mestra de meu céu.
Desejo ter teu corpo junto a mim.

Sorvendo cada gota deste mel,
Teu néctar, ambrosia de um jardim
Regado em noite clara no dossel
Sempre acendendo lúbrico estopim.

Somenos importância, nos algozes
Que tentam dirimir eternidade.
Dos sentimentos ouço plenas vozes

Que chamam para a festa exuberante
Crivada de prazer a cada instante,
Trazendo para a vida, qualidade...
Marcos Loures


69

Eu tenho o que desejo e que mais quero,
Contando com o apoio de quem amo.
Uma amizade cria um novo acero
Na proteção que eu sonho e já reclamo.
Por mais que o tempo seja amaro e fero
Defesas ao teu lado, amiga, eu tramo.

Não quero nem sicrana nem beltrana,
Somente o teu amparo satisfaz,
A vida pode ser muito sacana,
Mas saiba, a fortaleza sempre traz
O quanto é necessária e soberana
A vida que se mostra feita em paz.

Assim ao caminhar da humanidade,
Poder de um pleno amor, em amizade...
Marcos Loures



70

Eu tanto que te quero e não te tenho,
Não consigo vencer os meus temores,
Se vou te procurando, fecho o cenho,
Não quero ser jardim sem belas flores,

Não peço nada, perco o que não tenho,
A vida, transformada nos horrores
Da perda, dessa ausência, traz seu lenho,
Cortando, decepando meus amores...

Teimo em tentar saber felicidade,
Não me importa mais nada, solitário,
Não quero nem tentar outra cidade.

Nem ser motivo desse riso hilário,
O mundo vai passando sem alarde,
O tempo vai cortando o calendário...


71


Eu tanto desejava ter um filho,
Mas nada da danada engravidar,
De tarde, de manhã, sob o luar,
A todo instante surge um empecilho...

Acerto vez em quando o rumo e o trilho,
Prometo de mansinho, devagar,
Mas sei que não consigo completar
O jogo; e com tristezas eu me humilho...

Não precisa da pílula querida,
Se a chama se demonstra assim caída,
E nega sempre o fogo na hora agá

É simples desperdício de dinheiro,
Na hora da invasão meu companheiro
Bem antes do final pensa que é já.


72


Eu suspendo a minha alma rumo ao céu
Em busca deste mágico clamor
Que cobre a solidão, esconde o véu
Renasce nas estrelas deste amor...

Raiado como a dor que não virá
Unido nas esperas da saudade
Amor que não terei talvez por lá
Sabendo professar felicidade...

Depois de tantas brumas nesta vida...
Depois de tanto sonho mal sonhado.
Acordo em tuas mãos minha querida
Vejo nosso destino, lado a lado...

Amada te endeusando nada tramo,
Senão essa certeza: sim, eu te amo!



73

Eu sou um repentista sem talento,
Não tenho para amar, capacidade,
Meu verso é tão boçal que, na verdade,
Traduz o meu simplório pensamento.

Preciso melhorar, mas sei que tento,
E nada de encontrar a qualidade,
Estúpida palavra que me invade,
Letárgica se perde em vago vento.

Desculpe-me por ter tal ousadia,
Ao maltratar a pobre poesia
Meu canto se transforma em pura ofensa.

Em meio a tantos bardos, o recanto,
Merece muito além. Eu te amo tanto,
Porém jamais terei tal recompensa!
Marcos Loures


74

Eu sou tão simplesmente o mesmo zero
Que há tempos procurara ser alguém.
Vestido de bufão, ainda espero
O amor que na verdade, nunca vem...

Bafio da ilusão, risonho e fero,
Dizendo que inda posso. Mas ninguém.
O sonho de um palhaço com esmero
Trafica o que esperança não contém.

Espúrio, vou seguindo a multidão,
Estúpido,não tendo mais pousada
Amor, que noves fora sobrou nada

Perdendo em descaminho, a direção
Dos ventos, o meu barco sem destino
Entregue aos furacões, em desatino...



75

Eu sou o que na vida te procuro
Em cada verso meu, uma saudade.
Vontade de viver amor tão puro
Intenso sem temor ou vaidade...

No teu corpo, ondulantes meus carinhos,
Amor sempre me impele para a vida.
Não quero mais meus olhos pobrezinhos
Sem ter tua presença tão querida...

Trazes-me um roseiral, plena florada,
Nos teus sorrisos mansos gloriosos,
Eu quero te encontrar, flor delicada,
De todos os meus sonhos, perfumosos...

Eu sou o que no mundo sempre quis
Viver o nosso amor e ser feliz!



76

Eu sou mineiro e disso tenho orgulho
Criado nos sertões dessas Gerais
Correndo em liberdade nos quintais
Embora tão distante do marulho.

Por isso não suporto esse barulho
Causado por problemas tão banais,
Lugar de secar roupa é nos varais
Montanha não se curva ao pedregulho.

Retrato na parede sempre dói,
Dizia um conterrâneo tão famoso
O amor que nos faz forte nos destrói

Mas vale, com certeza a serenata.
Nas mãos eu levo um terço pro Tinhoso
Saudade dá prazer e me maltrata...
Marcos Loures


77

Eu sou irresponsável e não nego
O quase que transformo em lua cheia,
Enquanto a poesia não apeia
Eu vento a desventura, e rosas prego.

Se sinto-me à vontade, teimo cego
E nada mais importa, nem a areia,
Do rabo mal-cheiroso da sereia
A ceia que desdenho, mas carrego.

Perigos para um verme sonhador?
Abrigos que deságuam no torpor
Que nada além da boca desdentada

Da sorte que, talvez já mal raiada
Escapa pelas mãos, e foge insana.
A mão que agora afaga, desengana...
Marcos Loures


78

Eu sou filho dos matos, trovador
Que canta tão somente o coração,
Nas velhas cercanias do sertão,
Dos cardos espinhentos faço flor

Sem ter a pretensão de te propor
Além do rio seco, o duro chão,
Não vago sem ter rumo ou direção
Na sede tão estúpida de amor.

Eu canto como geme a seriema
Fazendo da amargura o meu poema,
Melancolia em noite sertaneja.

Eu trago no meu peito o imenso céu,
Não quero ser poeta ou menestrel,
Minha alma, a liberdade é o que o deseja...


79

Eu sou feliz por crer tanto na vida
Que traz tantas belezas e lições.
De todas as certezas, mais querida
Nos toca e nos encharca de emoções.

Às vezes se não vejo mais saída
E penso que perdi as ilusões
Minha alma te procura, distraída
E vê com tal clareza as soluções

Pros medos que nos tornam bem mais frágeis.
Eu te amo e com total sinceridade,
Percebo na leveza dedos ágeis

Que forram de esperança o dia a dia
Amada na amplitude da amizade,
Amante tão querida da alegria.


80

Eu sou do interior
Das Minas mais Gerais
Mas seja lá o que for,
Eu quero saber mais.

A minha namorada
É moça moderninha
Porém bem assanhada.
Com fala bem mansinha

Falou duma homenagem
Pra fazer pr’uma amiga,
Que logo vai chegar,

Achei uma bobagem
Que seja então prossiga
Homenagem truá...


81

Eu sou baixinho e sei o quanto valho,
Ninguém segura a força que se emana
Do povo mais miúdo no trabalho
Tamanho simplesmente não engana.

Pintando um rodapé, não me atrapalho,
Na cama meu carinho é bem bacana,
Jamais eu me lembrei de um ato falho,
A força em miudeza é soberana.

Às vezes pressentindo um vento frio
Eu sempre me agasalho em teu capote.
Um coração gigante, e tão vadio,

Prepara mansamente um novo bote
O pano para a roupa é muito pouco...
O resto? Não te mostro, nem dou troco...

82




Eu sorvo farto mel da poesia
Na qual com tanto ardor, falas meu nome,
Não quero um sentimento que se dome
Tampouco a madrugada amarga e fria.

No quanto a fantasia bendizia
Da clara sensação que enfim nos tome,
Se do calor que emanas, tenho fome,
É nele que minha alma se sacia.

Ter teus prazeres todos e bebê-los,
Sentindo a maciez de teus cabelos
E a imensa proteção dos fartos seios;

Contigo, o caminhar se mostra manso,
E tendo nos teus braços o remanso,
A vida não permite mais receios...


83

Eu sonhos com teus beijos mais audazes
Capazes de levar-me à insanidade.
Neste desejo enorme que me trazes
Eu quero em pleno amor, saciedade.

As bocas se entreabrem mais sedentas,
As línguas se misturam; tão ardentes.
Nos teus seios desnudos, as mãos lentas
Passeiam e caminham. Entrementes

As pernas se confundem: dança atroz.
No formidável jogo do prazer
Ser calmo é bem melhor que ser veloz.

Deitando nossos corpos nos lençóis,
Os olhos revirando, passo a ver
Toda a delícia imensa que há em nós...
Marcos Loures


84



Eu sonho em te sentir pele macia
Nos braços, nossas pernas, coxas, cama.
Fazendo tanto amor com alegria
Enveredando sempre em tua trama.

Parceira que eu desejo todo dia
Meu corpo por teus lábios sempre chama.
Estrada que me leva à fantasia
Quem sabe faz agora e não reclama.

Bagunça meu coreto e nem disfarça
Se lança nos meus braços faz a festa.
Assim a noite vem, a vida passa

E a gente vai vivendo mil carícias
Que é tudo o que desejo e que me resta.
Minha parceira amada... nas delícias...


85

Eu sonho com teus beijos, teu carinho.
A noite vai passando em solidão...
Tristeza desabando em nosso ninho.
No sofrimento intenso da paixão.

Passando todo o tempo assim sozinho,
No descompasso bate o coração.
O medo vem chegando e de mansinho,
Transforma todo amor em ilusão..

Olhando na janela, nada vejo...
Somente o vento bate em meus umbrais..
O teu corpo sublime, meu desejo.

Escultura divina que Deus fez,
Eu te amo, com certeza muito mais
À beira da loucura, insensatez...

86

Eu sonho com teu nome, mar em mim,
Um mar de amor em mares e marés.
E tenho tanto amor, que amar assim
É quase que louvores, beijo os pés...

Ouvindo-te chamar, mares depois,
A voz atravessando o ar e o mar
Nesse convite pleno de nós dois,
Na dança que aprendemos; tanto amar...

Sinto teu corpo, beijo tua boca,
Espelho o que reflito de teu lume...
Vontade de sentir; a voz mais rouca,
Encharca meus ouvidos de perfume...

Deitado em teu sorriso, solto a voz,
E grito ao mundo inteiro: nossos nós...


87

Eu só quero poder gritar teu nome
Pelas ruas, nas praças , no jardim...
Que a força deste amor tudo me tome
Aos poucos me enlouqueço... Sou assim.

Assim como essa fome não sacio
De ser eternamente todo teu.
Viver sem perceber se é quente ou frio,
Se tem a claridade ou pleno breu.

Viver desesperado de alegria
Rasgando o coração, voando tanto.
De ser feliz demais a cada dia,
Usar a fantasia como um manto.

Saltar por sobre as ondas deste mar
Singrando teus espaços, QUERO AMAR!
Eu só quero poder gritar teu nome
Pelas ruas, nas praças , no jardim...
Que a força deste amor tudo me tome
Aos poucos me enlouqueço... Sou assim.

Assim como essa fome não sacio
De ser eternamente todo teu.
Viver sem perceber se é quente ou frio,
Se tem a claridade ou pleno breu.

Viver desesperado de alegria
Rasgando o coração, voando tanto.
De ser feliz demais a cada dia,
Usar a fantasia como um manto.

Saltar por sobre as ondas deste mar
Singrando teus espaços, QUERO AMAR!


88

Eu sinto-me invadido pelos raios,

Relâmpagos, borrascas tempestades,

Os ventos que me causam arrepios,

O céu vai se riscando em claridades.



As pedras de granizo me cortando,

As nuvens preparando uma bonança,

Em meio a tal loucura me entregando,

Olhar nem um palmo mais alcança...



Eu sei que passará e que se acalma

A tempestade louca da paixão,

Senão o que seria de minha alma;

Senão resistiria o coração?



A chuva da paixão que me tomou,

Qual fora um furacão, me destroçou...


89

Eu sinto tuas mãos tão vaporosas
Passando por meu corpo, sem juízo.
As noites que vivemos, maviosas
Imersas em desejo mais preciso.

Nas ondas de teu corpo marejando
Visito cada ilhota e cada atol.
Depois nestes teus pélagos entrando
Usando o meu prazer como farol.

Nos lagos mais inquietos já me afogo,
Secretas reentrâncias eu descubro.
Morrendo deste amor nem peço rogo
Em tantas convulsões fulgura rubro...

E sinto essa erupção tremenda imagem
Rompendo, arrebentando uma barragem...

90


Eu sinto tua falta, saibas disso;
A tarde demorando-se a passar,
A vida vai perdendo todo o viço
Se não estás querida, a me esperar...
Vivendo nosso amor em compromisso
Sentindo toda a força de te amar...

Contando as horas todas, os segundos,
Distante de teus olhos, o que faço?
Nos sentimentos doces e profundos
Seguindo noite e dia cada passo
Juntando em um só canto; nossos mundos,
Um futuro melhor, contigo eu traço...

Amar-te é ser feliz, esteja certa;
Minha alma na tua alma se completa..

91

Eu sinto teu roçar em minha nuca,
Teus dentes afiados me roçando.
De leve tal carinho não machuca
Aos poucos, devagar, extasiando...

E sinto-te excitada junto a mim,
Numa sensível, mansa insensatez.
E tudo vai crescendo, tudo assim,
Aos poucos te revelas na nudez...

E sinto toda a vida transtornar,
Girando na mordida delicada,
Girando nunca para de rodar,
Rodando no carinho da dentada...

Minha alma tresloucada já transpira
No teu desejo intenso de vampira...


92


Eu sinto tal presença em cada vento
Que toca meus umbrais qual convidasse
À vida sem temores, noutra face
Tomada em mansidão, carinho e alento.

Se tanto renegar, às vezes tento,
Causando ao teu querer algum impasse,
Temendo a fantasia que me enlace
Num novo amanhecer mais violento

A culpa é do passado aonde eu tive
Apenas pedregulhos vãos espinhos,
Uma alma machucada ainda vive

Tentando avinagrar os doces vinhos.
Lembrando dos lugares onde estive
Teimoso coração teme os carinhos...


93

Eu sinto que me chamas pelas ruas,
Te procuro e não vejo nada, nada...
Porém a cada curva continuas
A me chamar. Eu sigo pela estrada

Na busca por teus lábios, teu sorriso.
E sinto o teu perfume que me guia
Às margens deste rio. O paraíso
Que vivemos recende à fantasia.

Não sei o que fazer, apenas quero
Sentir o teu carinho. Um leve beijo
É tudo o que desejo e sempre espero.
Porém só ouço o som e nada vejo...

Por isso, meu amor, eu também chamo
E grito ao mundo inteiro: Amor, eu te amo!


94

Eu te amo pra valer e não me canso
De ser o teu querido companheiro,
Meu peito extasiado bate manso,
Num sonho que me mostras, verdadeiro.

Vibrando meu carinho em teu remanso,
Eu quero navegar o tempo inteiro
E sei, felicidade, enfim alcanço
Nos cantos deste amor, perfume e cheiro

De rosa delicada, sem espinhos,
Que nasce todo dia em meu jardim,
Fazemos destes versos nossos ninhos,

No amor que renasceu dentro de mim.
Vivendo em doce norte, mil carinhos,
Te quero para sempre, amor, assim...
Marcos Loures


95

Eu te amo e nunca nego esta verdade
Que é feita de esperança e de alegria.
Tu és, mulher bendita, o que eu queria,
Sinônimo de ti? Felicidade!

Condenar-nos? Julgar-nos? Ah! Quem há de?
Nos corpos que se tocam, uma alquimia
Que traz em raro brilho, esta magia
Completa em mais total sinceridade.

Jardins que cultivamos; dálias, rosas,
Num êxtase profano e tão profundo,
Vagando o mundo inteiro num segundo

Em mágicas palavras olorosas.
Morada que fizemos, nos espaços,
Traduzem o calor de nossos braços...

96

Eu te amo e não te esqueço um só segundo.
Tu és a redenção da vida inteira
Passada sem sequer saber do mundo
Na espera de te ter por companheira.

Amor que te dedico, tão profundo,
E penso que também, amor me queira,
Desta esperança toda eu já me inundo
Poder amar assim, em vez primeira.

Serás o meu jardim repleto em flores,
Embora estes espinhos costumeiros.
Nos céus de nosso amor em belas cores,

Iremos par em par ao infinito.
Nos sentimentos nobres, verdadeiros,
Amor é nosso lema e nosso rito...


97


Eu te amo e já não nego o sentimento
Que toma, que avassala e não mais calo.
O gosto de teus lábios num momento
É tudo o que eu queria, sou vassalo

Das noites que passei, duro tormento
Buscando o teu carinho...Nada falo
Senão deste desejo. Às vezes tento,
Disfarço... Mas não canso de sonhá-lo.

Dos pampas, o perfume vem em versos
Invade o pensamento me tocando.
Embora em universos tão diversos,

A brisa vem chegando devagar...
Pois saiba que vieste me tomando
E posso enfim dizer: é bom te amar...


98


Eu te amo bem além do que queria,
Com toda uma volúpia quase insana.
Ouvindo em tua voz a melodia
Mais bela, divinal e soberana.
Tu trazes a doçura da alegria
Que a cada novo dia, tanto ufana...

Quem veio de passado em pesadelos,
Quem trouxe; vida a fora, desamores,
Sentindo este perfume em teus cabelos
Percebe que no céu há outras cores.
Os medos, tão difíceis resolvê-los,
Já morrem na manhã, em seus pendores...

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Com força e resoluto, encontro a paz...


99

Eu te amo além de toda esta alvorada
Que pinta em raras cores um céu claro.
Depois da bela noite enamorada
A lua se afastando em brilho raro.

Amar além de tudo e ser feliz
Deitando no teu corpo, meu prazer.
Eu tenho neste amor, belo matiz
Caleidoscópio lindo de viver.

Desejos se confundem: coxas, pernas,
Desnudos nossos corpos se invadindo.
As bocas mais audazes, porém ternas
De toda a timidez vão se despindo.

E temos Paraíso emoldurado
Num toque sem juízo, apaixonado...


6800

Eu te agradeço, ó Pai por ter me dado
As chaves do segredo desta vida.
Embora tantas vezes sou levado
À senda mais escura, És a saída.

O barco que em tempestas soçobrado
Percebe no horizonte a luz querida,
Jamais será decerto naufragado,
Na rota abençoada a ser cumprida.

Ao Deus sublime faço esta oração
Que em agradecimento exponho uma alma
Que mesmo sendo errante já se acalma

Nas chamas de um Amor feito em perdão.
Em Ti eu vejo a bússola perfeita
Minha alma nos Teus passos se deleita!
Marcos Loures


1



Eu te agradeço o verso que me fazes
Pois sei não ser mosquito, mas queria
Tocando tua pele com magia
Saber de todo o fogo que tu trazes.

Quem dera se pudesse noutras fases
Fazer contigo cada fantasia
Além de todo o jogo que eu sabia
Carinhos mais ardentes, mais audazes...

A noite em que tu dormes descoberta
Queria entrar, amor pela janela
Que um dia tu deixaste toda aberta

E ao ver-te seminua assim se explica
De forma mais sutil e bem singela:
Homem apaixonado... Também pica...
Marcos Loures


2


Eu te adoro, não se esqueça
Que meu mundo é todo teu,
Não saindo da cabeça
Teu amor me convenceu

Muito além do que eu mereça,
Nos teus braços se perdeu
Minha vida que era avessa
Encontrou seu apogeu

Todo dia, a cada instante
Tua pele fascinante
Convidando para o jogo

Feito em paz, feito em loucura,
A doença que em cura,
Me acalmando com teu fogo...



3

Eu te adoro nas noites mais tranqüilas,
Nas horas insensatas. Nas ternuras,
Até nos tais venenos quando instilas...
Nas fantasias loucas, nas torturas...

Eu te adoro até quando tu me foges
E teima em disfarçar teu sentimento.
Carrego nossas dores, meus alforjes,
Sem medo de enfrentar o duro vento.

Ao redor de teus passos, circundando,
Temendo tua ausência, estou contigo
Em preces cada vez glorificando
As bênçãos de poder ser teu amigo.

Eu quero teu amor, tão displicente,
Que invade, o coração, tomando a gente


4

Eu tanto quis fazer você feliz,
Porém a sorte foi tão traiçoeira
Aquela que eu julgara companheira,
O amor que eu tanto tinha, ela não quis.

Levando a minha vida por um triz,
Pensando ser a estrela verdadeira
Minha alma se entregou. Quer ou não queira
De tudo o que restou, só cicatriz.

Ao vê-la noutros braços percebi
Que tudo o que eu sonhara estava ali
Debaixo dos lençóis da nossa cama

Desnuda, e num sorriso de ironia
Perdão pelos seus erros me pedia,
Tornando mais cruel, este meu drama...

5

Eu sinto nos teus versos, despedida
E não suporto a dor que isto trará,
Tu és mais que a razão de minha vida,
O sol que eternamente brilhará.

Ao ver minha esperança ressurgida
Nos braços de quem, penso mostrará
Depois da tempestade uma saída
E nunca um manso afeto negará.

Pensei que poderia num momento
Dizer que conheci felicidade,
Porém do amor ressurge este tormento

Calando o que melhor existe em mim,
Talvez só restará, então saudade
Da flor que justifica o meu jardim...
Marcos Loures


6

Eu sinto este perfume
Que exalas, minha amiga,
Transformas um queixume
Em verso que me abriga.

Não ter sequer ciúme,
Da vida que te instiga
Amar como costume,
Que sempre assim, prossiga.

Eu canto cada dia
Com força e com vontade,
Sabendo da alegria

Da luminosidade
Que cobre a fantasia,
Na força da amizade.


7


Eu sinto esta alegria tão imensa
De ser teu companheiro de viagem,
Amar é decifrar cada mensagem
E ter depois de tudo, a recompensa

Da paz a qual se quer e a sorte intensa
Prevendo em nossa vida a boa aragem
Que vem dos olhos meigos sem dar margem
À dor que prometera vida tensa.

Amada, não permita que a tristeza
Invada nossas sendas, nossos prados,
Mantendo estes caminhos demarcados

Por mãos tão carinhosas, na grandeza
De um sentimento nobre, encantador,
Vislumbro em meu futuro o nosso amor...
Marcos Loures


8

Eu sinto essa beleza nos tocando,
Das asas dum bom anjo a nos guiar.
Aos braços deste arcanjo me entregando
Voando em liberdade sobre o mar,
Percebo o quanto estou me enamorando
Mulher encantadora. Te encontrar

Neste sonho tão lindo que ilumina
O dia a dia triste e sem futuro.
Amar é descobrir a fonte, a mina,
Amaciar um peito que era duro,
Comigo neste vôo, uma menina
De coração sereno, manso e puro...

Felicidade mora aqui do lado
Esquerdo deste peito apaixonado...


9

Eu sinto em nosso sonho, esta vitória
Que um dia prometida, agora veio.
Entregue a tais momentos nossa história
É feita em alegria, sem receio.

O tempo de viver já não se atrasa,
Adentro este infinito dentro em ti.
Do corpo de quem amo, a minha casa
Em total liberdade, eu converti.

A par do que se passa em nossa vida,
Eu sigo sempre em frente e não descanso.
E tendo em pleno amor, minha guarida,
Felicidade extrema; agora alcanço.

Eu sei do quanto eu pude do universo
Saber a cada frase, em cada verso...


10

Eu sinto em minhas mãos já se esvaindo
O que restou do amor que se perdeu.
O que eu julgara ser decerto infindo,
Em lágrimas, tristonho, esvaeceu.

Amarga; a negra noite me cobrindo,
Recordo deste sonho meu e teu,
Um momento magnífico, tão lindo,
Distante deste olhar, cedo morreu.

As horas de alegria? Quem me dera...
Inverna sobre a antiga primavera,
O frio vem chegando vorazmente.

O bem que assim tivemos, destruído
A vida já não faz qualquer sentido,
O fim da bela história se pressente...
Marcos Loures

11

Eu sinto em mãos macias, belas fadas
Roçando a minha pele, mil desejos.
As emoções agora anunciadas
Sentidos e quereres mais sobejos.
Nos beijos e carícias, madrugadas
Passando entre loucuras e lampejos.

Teu corpo, a mais divina catedral,
Nas preces e delírios, fonte e gozo.
Satélite que vaga pelo astral
Num ritmo desvairado e caprichoso,
Amor que nos invade, magistral
Delito que se faz, tempestuoso.

Nas pétalas dos sonhos multicores,
Estrelas espiando belas flores...
Marcos Loures

12

Eu sinto cada beijo incrustado na pele
Incandescentemente o corpo em fogaréu
Ao máximo prazer a vontade compele
Abrindo num momento o caminho pro céu.

Permita que meu rumo ao teu; amor atrele
E guie cada passo em sonho mais fiel
Que toda uma esperança assim já revele
Na ardente sensação da vida feita em mel.

Nos versos que eu te faço, um símbolo de glória
Rondando a minha vida, altera a minha história
E trama um infinito em lábios sequiosos

Sabendo deste amor, dias maravilhosos
Em mágica palavra – amor – a sorte alcança
A força sem igual da vida em esperança.


13


Eu sinto a tua falta e jamais nego
O quanto és importante para mim.
Um sentimento nobre que carrego
Garante o florescer deste jardim

No verso e na palavra que eu emprego,
Certeza deste amor que sei sem fim,
Nos sonhos mais felizes que navego,
O porto da alegria encontro enfim

Depois de ter vencido tempestades,
Antigas armadilhas da esperança,
Contigo retornei a ser criança,

Rompendo da tristeza, velhas grades,
Agora a liberdade eu já farejo,
Tocado pelas luzes do desejo...


14

Eu sinto a cada dia mais saudade
Dos lábios tão gostosos da morena,
Vivendo a cada dia, ansiedade
De poder reviver divina cena
Amar e ser feliz: realidade
Crivando nossa vida em luz amena.

Menina que desejo tanto, tanto,
Estrela que me guia pela vida;
Tomado totalmente, em teu encanto
Percebo a sorte imensa concebida,
Vencendo qualquer dor, cruel quebranto,
A sorte se mostrando resolvida.

Assim, ao encontrar tuas pegadas,
Eu sinto em mãos macias, belas fadas...
Marcos Loures


15

Eu sigo meu caminho sobre a terra
Um viajante lúdico e idiota,
Mentira a cada dia mais emperra
Deixando sem destino a minha frota.

A paz já se mostrando tão remota;
Na morte este tormento enfim se encerra.
Do farto sofrimento alma se lota,
Escombros que deixei imerso em guerra.

Os versos que ora faço são retratos
Daquilo que vivi. Se ainda oculto
Verdade sob as máscaras de um vulto

Que canta a fantasia. Quebro os pratos
E jogo sobre a mesa a realidade,
Bradando, finalmente: LIBERDADE!


16

Eu sigo cada rastro que tu deixas
Estrela que se deita sobre o mar,
Nos sonhos que trouxeram outras gueixas
Mergulho, simplesmente, e quero amar.

Não ouço mais antigas, duras queixas
Pois tenho com quem possa já contar,
Entendo meu amor quando tu queixas
Se o pensamente eu deixo divagar

Mas volto a mais sublime realidade
E sei que em tanto amor que agora invade
Está decerto a sorte perseguida.

E vamos, sem temores mundo afora,
Já tendo uma alegria que se aflora
Seguimos pareados pela vida.
Marcos Loures


17

Eu sempre que te vejo, rutilante,
Horizontes abertos, tardes claras...
Um manto languescente, minha amante,
Trazendo pr’este céu as cores raras..

A vida se deslinda, neste instante.
Constelações divinas, jóias caras,
Elevam-se qual flor mais deslumbrante...
Espaços siderais, belas tiaras...

Magistral plenilúnio sobre o mar!
Olhos estonteantes, lírios alvos...
Estradas radiosas, caminhar...

No delta dos amores, milagrosas
E divinas mãos, sobre montes calvos,
Milhares e milhares, tantas as rosas...


18

Eu sempre irei te amar, a vida inteira
A cada novo dia, bem mais forte.
Paixão que nos tomou, tão verdadeira
Encerra em seus propósitos a sorte

Tomada em poesia alvissareira
Num sentimento imenso e de tal porte
Que nem mesmo a saudade feiticeira
Promove em amargor insano corte.

Eu vivo nosso amor de cada dia
Bendito e feito em luz que não se apaga.
Curando totalmente qualquer chaga

Moldando em quadro raro a fantasia
Uma escultura feita em mármol belo,
Amor que tanto sinto e te revelo...
Marcos Loures


19

Eu sempre irei estar bem junto a ti,
Em tantas tempestades e procelas.
Ao ver o teu olhar reconheci
Meu barco no teu cais, tu me revelas

O mundo que sonhara para mim,
Numa alegria intensa e tão suave.
Tu és o meu princípio, meio e fim,
A vida do teu lado, sem entrave.

Serei bem mais que amor, o teu amigo.
Aquele em que tu podes confiar.
E na calamidade, teu abrigo,
O colo onde tu podes repousar...

Por isso minha amiga, minha amada,
Seguimos braços dados, nessa estrada...



20

Eu sempre irei amar-te, não duvide,
Não desse amor tão frágil pois finito.
Amor que nasce amor de amor incide
E forja um novo amor bem mais bonito.

Que não cobrando nada, tudo faz,
Que não pedindo culpa, se permite.
Amor que não termina sem ter paz
E sabe que na vida não se omite.

Amor tão corriqueiro, pois sereno,
Recebe uma outra vida sem ser dono.
Vivendo deste amor, cadê veneno?
Pior que desamor num abandono...

Te quero minha amiga, não desisto,
Amor que sangra amor, tanto eu insisto...


21


Eu sempre hei de adorar doce melado
Que é feito da garapa que adocica...
Deste aguardente todo me embriago
E bebo nosso amor, profuso em bica...

Suores nos salgando, no calor
Desta batalha imensa que não finda.
Vivendo a plenitude deste amor
Na tarde apaixonante de tão linda...

Lambuzo deste mel, meu paraíso;
Da abelha desejada, seu zangão,
Tu pensas que prazer; economizo?
Tu sabes meu amor; resposta: não!

Na louca fantasia que vicia
Te bebo e me embriago de alegria!


22

Eu sempre fui pacato cidadão
Perambulando à toa pelas ruas,
Sem ter qualquer poder de sedução
Néons sempre ocultando sóis e luas.

Numa interna fornalha, o meu vulcão
Dormita nas verdades duras, cruas,
Constante caminheiro. A negação
Morrendo entre revistas, cenas nuas.

Até que tu vieste e num rompante,
Tomando este cenário ao mesmo instante
Em que tu derramavas tanto charme.

Como se fosse pólvora, tocaste
Ardência faz agora este contraste
Tocando da esperança, um louco alarme...
Marcos Loures


23

Eu sempre adorarei o belo mar,
Distante de meus olhos, mar sagrado...
Nos ventos que me levam, sem parar;
Destino marinheiro; ventos, fado...

Eu sempre te amarei, concreto amor.
De tantas tempestades e bonanças.
Naufrágios, calmarias, de terror
Vertendo nos abismos, esperanças...

Nos braços formidáveis e discretos,
Concertos e sereias, vou inteiro.
Meus sonhos, albatrozes prediletos,
Mergulho totalmente, timoneiro...

O mar se misturando na amplidão,
Embarco os olhos, braços, coração!


24

Eu sem você não tenho mais nem sonhos
Distante, vou morrendo pouco a pouco.
Os dias sem você não são risonhos,
Eu sem você, querida, fico louco.

De tudo o que eu quisera; nada resta.
A vida sem sentidos; seco o mar
A noite segue fria. O medo infesta,
E morro aqui sozinho, devagar...

Eu sem você, não tenho mais nem versos,
A sorte que eu sonhara; já perdi,
Os lábios que inda beijo, tão perversos,
Apenas a tristeza mora aqui.

Eu sem você... Somente a morte vem...
Pois, sem você, jamais serei alguém...
Marcos Loures


25

Eu sei, não percebeste o quanto quero
E aguardo ansiosamente quando vens,
Por mais que te pareço amargo e fero,
Apenas sonhador que perdeu trens

No encanto de teu canto eu me tempero
E sei desta magia que tu tens,
Idílio qual pintou outrora Homero
Em teus lábios minha Ítaca, meus bens...

Mas foges, não sei mesmo nem porque.
Talvez meu canto seja bem mais pobre
Do que a bel poesia que recobre

A tua imagem bela e tão distante.
Procuro uma resposta, mas cadê?
Dançarmos juntos. Sonho fascinante!
Marcos Loures


26


Eu sei querida amiga o quanto dói
A solidão em noite sem estrelas.
As rotas do desejo, sem podê-las
A vida num segundo se corrói.

Somente uma amizade em si constrói
Estradas deslumbrantes e mais belas.
Entendo cada sonho em que revelas
Vontades sem limites. A vida mói

Sem ter nenhuma pena quem não luta,
Mas tantas vezes vamos solitários
Batalhas que se fazem, tantos páreos

Nos quais a dor se mostra em força bruta.
Porém ao lapidar o sentimento,
A força da amizade ganha tento...


27

Eu sei que, burocrático, não trago
Um ar de sedução que te conquiste.
Andando meramente,frio ou triste,
A voz sem sentimento, eu não embargo.

Embarco em qualquer porto algum afago
Nem mesmo uma alegria falsa assiste
À cena de um estúpido que insiste
Na luta por um verso calmo e mago.

Gravatas da esperança, dei um nó,
Vagando tão somente frágil, só
Ao pó retornarei, mas não agora

Que tenho compromisso inadiável,
Se o caso fosse enfim afiançável
Eu não teria urgência de ir embora...
Marcos Loures


28

Eu sei que vou te amar a vida inteira
Vencendo as tempestades que virão;
Num descompasso imenso, esta paixão
Se mostra bem mais plena e verdadeira

Por mais que esta tormenta nunca queira
Mais fortes os poderes da emoção
Que invada a nossa vida a sensação
De toda boa sorte alvissareira.

Eu quero ser teu sol, ser tua lua.
Derramar meu querer que não se acaba,
Vivermos na cabana, choça ou taba,

Pouco importa, mas venha, amada, nua
Não deixe mais o medo nos tocar,
E faça de meu corpo o teu altar



29


Eu sei que vou seguir o meu destino
Buscando outras estrelas, novo céu.
Do amor feito ilusão, um carrossel
Que tento muita vez, mas não domino.

O velho coração se faz menino,
Galopa a fantasia, meu corcel,
À noite, a lua trama um alvo véu,
Sentenças de saudade, insano, assino.

Depois de certo tempo, nada tendo,
Segredos de um amor, tolo, desvendo,
Perdido pelas ruas, torpes passos.

Revejo o teu retrato na algibeira,
A noite se entristece. Alma ligeira
Correndo sem pensar para os teus braços...


6830


Eu sei que tudo passa nesta vida,
E a lágrima pressente a calmaria,
Porém minha alma tola, entorpecida
Aguarda inutilmente a fantasia

Que possa enfim tornar suave a lida
A estrela mais distante, a que me guia,
Trazendo a solidão da triste ermida
Guardada em cada verso ou poesia.

Quem dera decifrar os teus sinais,
Pudesse navegar teus infinitos,
Os dias poderiam ser bonitos

Meus cantos não seriam tão banais...
Mas quando me preparo para o sonho,
A dura realidade; recomponho...


31


Eu sei que tu completas mais um ano,
E peço-te perdão por não poder
Trazer o peito aberto sem engano,
Pois vivo tão somente por viver.

Não tendo nos meus dias algum plano
Que possa novamente fazer ver
Que o mundo se mostrando mais humano
Permite, na verdade o bem querer.

Mas venho neste teu aniversário
Mostrar meus olhos tristes, embaçados,
Um velho sentimento temerário

Guardado nas gavetas dos meus sonhos,
Permite que se lance novos dados,
E os dias poderão ser mais risonhos...

32

Eu sinto que já vais; amor, partir.
Deixando na minha alma tal perfume
Que sempre desejei, a ti, pedir;
Embora me causasse mais ciúme.

Não deixe de lembrar dos nossos beijos
Roubados sem sequer pedir licença.
Sabendo dos meus loucos, vãos desejos,
Espero que me guarde a recompensa

Da boca mais sublime que beijei,
Dos seios mais formosos que já vi.
O tempo que quiser, esperarei,
Decerto, meu amor, estou aqui.

Anseio tua volta sem demora,
Te peço enfim querida, vem agora!


33

Eu sinto que estás triste; bela moça
Também sinto a amargura me tomando.
Às vezes o amor parece louça
E quebra num segundo, maltratando.

O vento da saudade que me roça
Depois de certo tempo se mostrando
Na tempestade imensa ganha força
E tudo, num segundo desabando...

No teu jardim percebo a soledade
Depois que terminamos o romance.
Quem sabe no futuro alguma chance

Demonstre o renascer da claridade,
Pois saiba que ao me separar de ti,
Também em solidão, eu me perdi...


34


Eu sinto que aqui estás e sem perguntas
Vasculho cada canto desta casa.
As almas que caminham sempre juntas
Perfilam sentimento que me abrasa

Não somos efemérides, tampouco
Podemos ser eternos, mas buscamos
Por mais que o mundo seja insano e louco,
Já não permitiremos servos e amos.

Permutas que garantem a fartura,
Sem lutas ou batalhas, fluem calmos
Não sendo necessária qualquer jura
Louvando o que sentimos; tantos salmos.

Tu tomas minhas mãos e pareados
Supremos patamares alcançados...



35

Eu sinto o teu perfume; empesta o ar
Com ânsias e volúpias sensuais.
Vontade de beber e te tragar
Com gosto de querer sempre demais...

Lambendo o teu desejo salgo o mar
Desnudo tua pele e caço o cais
Onde talvez pudesse naufragar
O barco de meus sonhos, noite traz...

Tão quieto; não escuto a minha voz,
Decolo abro meus braços, te farejo;
Na sombra deste vôo, um albatroz

Tomando o camarote onde tu deitas.
Vagueio mansamente o teu desejo
E sinto em teu prazer quanto deleitas...



36

Eu sinto o teu perfume nesta carta
Que me mandaste amor, em despedida,
Dizendo-me que estavas já bem farta
De ter que repartir, comigo, a vida...

Mas saiba que minha alma não descarta
Nem vê a nossa história assim perdida,
Antes de tu saíres, não reparta
Uma emoção que sabes tão sentida.

Não respondo esta carta com promessas,
Apenas eu te espero e nada mais;
Depois de termos tido tais conversas

Quero a tua presença em minha cama,
Sabendo; não te esquecerei jamais,
Ainda permanece acesa a chama!


37

Eu sinto o teu perfume junto a mim,
Trazendo a primavera que eu sonhei.
Brotando com desejo em meu jardim
A flor que em toda a vida eu desejei.

Teu lábio em maciez, puro carmim,
A boca mais gostosa que beijei.
Ascende o teu aroma e chega enfim
Tal qual um dia amor, imaginei.

Corcel em que cavalgas teu prazer
Em mil vontades todas satisfeitas
A cama em todo novo amanhecer

Cobertas e lençóis, aonde deitas
Guardando o teu perfume, passo a ver
As formas delicadas e perfeitas...


38


Eu sinto o teu olhar tocando o meu
E penetrando intenso num segundo,
Meu mundo nos teus olhos se perdeu,
Num sentimento imenso e tão profundo...

Entrego-me aos teus braços e sou teu,
De toda essa beleza eu já me inundo
E cedo ao meu desejo; louco, ateu.
Seguindo este farol, percorro o mundo...

Num tempo tão pequeno, eu me entreguei,
Não vejo nada mais, nem quero nada,
Só quero o teu amor onde encontrei

O sonho que eu julgara abandonado
E digo, simplesmente, minha amada,
Me perco em teu olhar, extasiado...

39


Eu sinto o seu sonhar dentro do sonho
Que não me canso nunca de sonhar,
Delírio torna o sonho mais risonho
Numa vontade louca de encontrar.

Sorriso está chamando e lhe proponho
Sem medo e sem juízo quero estar
Pois fechando os meus olhos já me ponho
Sem ter sequer vontade de acordar...

No quarto, a persiana filtra o sol
Mas sinto um leve vento como um beijo
Meu corpo se estremece. Um girassol

Cada vez mais cativo. Seu sorriso...
Sentindo neste vento o meu desejo,
Que trama nesse sonho, o paraíso...


40


Eu sinto o quanto quero cada toque
No extasiante jogo prometido.
No delicado aroma, novo enfoque
Do jogo em que jamais houve um vencido.

Contigo irei seguir quando quiseres
O quanto que desejas, estou pronto.
Na mesa, a fina prata dos talheres,
Estrelas infinitas, milhões conto.

Eternidade apenas num momento,
Um sonho alvissareiro, jogo aberto,
Que o tempo passe calmo, manso e lento,
Tua presença mágica, por perto.

Seguindo a lua imensa, claro trilho,
De todo o teu prazer, eu compartilho...


41

Eu recebi respostas pelo vento,
Dessas indagações, que um dia, eu fiz.
Por onde surgirá contentamento,
Qual o momento, enfim, de ser feliz.

Para onde irá, depois, o esquecimento,
Minha alma, de tormentos, meretriz,
Na soma, diminui meu pensamento,
Vivendo, vou morrendo por um triz...

O vento percebendo tanto medo,
Respondeu-me, temendo minha dor,
Ao fim de tudo, sabe meu segredo,

Traz no sopro o saber caminhador;
De quem viveu, outrora, no degredo,
As respostas? O vento já levou...


42

Eu sei que não fui feito pra te dar
O mundo que mereces, meu amor.
Estrela que se fez neste luar
Rompendo toda a noite em esplendor.
Só trago uma esperança em meu olhar,
Bem sei que sou somente um sonhador...

Um resto que caminha pelas ruas,
Nos bares, nos botecos, aguardentes...
Enquanto em pleno brilho continuas,
Sorrisos, lábios, olhos, envolventes.
No palco desta vida, amor; atuas
São tuas minhas horas mais prementes...

Eu te amo e ninguém pode censurar,
O chão, mesmo que em sombra, vê luar...

43

Eu sei que isso parece babaquice
Mas tudo o que me falas, não mais ouço
O quanto deste amor diz calabouço
Embaça esta visão conforme eu disse.

A casa vai caindo sem embolso
E tudo o que vier, idiotice,
Qual fosse um vascaíno que de vice
Encheu tanto seu saco quanto o bolso.

Triscando esta parede, caí longe,
Não quero mais posar de santo ou monge
Prefiro a sacanagem se bem feita.

Cansado de bancar ingênuo, otário
Eu quero que se dane amor diário,
A bela meretriz, minha alma aceita...


44

Eu sei que isso jamais devia ter
Esta conotação falsa e mendiga,
Por mais que a fantasia dê prazer
Verdade quando chega desabriga.

A fonte não se deu para beber
Cansei de confusões, não quero briga,
Nem mesmo outro caminho eu posso ver
Estrada desmorona; velha e antiga.

O príncipe morreu sem ser ministro,
O sonho é pesadelo mais sinistro,
Estóico; não acendo este estopim.

Heróico? Não cobrei nada de mim
Tampouco não suporto quem já cobra,
Nunca me contentei com resto ou sobra...


42

Eu sei que irei te amar sem ter medidas
Nem medo de dizer das maravilhas
Que deixas quando passas pelas trilhas
Dos sonhos sem pudor ou despedidas...

As velhas esperanças; já perdidas,
Encontram nos teus braços raras ilhas,
Distante das tristezas, armadilhas,
Estar contigo sempre em tantas vidas...

Escrevendo teu nome com meu sangue,
Enxugas meu pranto bebo o sumo
Do amor que sendo nexo, meta e rumo

Afaste o meu caminho deste mangue
Terrível da indigesta solidão
Jogando-me nos braços da paixão...

43

Eu sei que irei te amar eternamente,
E nada mais pergunto nem afirmo,
O mundo que te quero, totalmente
Imerso em tal verdade, que confirmo...

De tudo me defende, nosso amor,
De todas as besteiras que já fiz.
O sonho do desejo sem pudor
Deitando em nossa cama se prediz.

Não te quero pudica nem esquiva,
Eu quero cada gota de prazer.
A noite que vivemos, sempre viva,
Coberta da vontade de te ter.

Não sabes, mas eu quero a tua sorte,
Ser teu até chegar a nossa morte.


44

Eu sei que irão falar, mas eu não ligo.
A moça que hoje trago no meu peito,
No sonho em que audaz eu me deleito,
Há tempos faz da noite o seu abrigo.

Às vezes te parece quero amigo
Que a vida se perdeu e não tem jeito,
Mas vivo desta forma satisfeito,
Não temo qualquer tipo de castigo.

Das rondas pela negra madrugada,
Bebendo na sarjeta da esperança
Um pária sem destino logo alcança

A imagem da mulher já consagrada
Num ato de loucura, insânia ou fé
Nos bares, nos motéis, num cabaré...
45

Eu sei que eternamente irei te amar
e assim nós viveremos cada dia
imersos nestes versos, poesia
um sonho tão gostoso de provar...

Nas asas do desejo, te encontrar,
do mel de tua boca que escorria,
beber até que um dia, a me fartar,
em meio a tais vontades, na magia

eu me tornar, contigo um uno ser
siameses acoplados, gemelares,
unidos para sempre, eternidade...

Assim, quando isso – amada,acontecer,
iremos viajar por mil lugares,
e enfim iremos ser felicidade...

46

Eu sei que estou no lucro, sobrevivo
Ao velho vendaval chamado amor.
Das farpas tento audaz, fazer louvor
Mantendo o coração bem mais altivo.

Se muitas vezes, tolo já me privo
Do gozo tão cruel e encantador,
Eu venho novamente recompor
O mundo pelo qual ainda vivo.

Em cântaros minha alma se desfaz,
Ao mordiscar tal isca, sou voraz
Esgarço-me em pedaços, mas não ligo.

Letárgica manhã que se anuncia,
Nos braços da morena, esta alquimia
Que há tempos necessito: amor amigo..
Marcos Loures


47

Eu sei que estou bem velho pra você,
Mas saiba que lhe quero noite e dia,
Às vezes me pergunto: Mas por quê?
Não posso ter no mundo uma alegria...

Morena como eu quero o seu querer,
Desculpe-me bem sei que não me quer,
Eu quero do seu lado, amor, viver
Depressa! Venha ser minha mulher!

Ao ver como estou velho me pergunto,
Por que quê o coração é de menino?
Se os dois envelhecessem sempre junto
Talvez eu não sofresse o desatino...

No tempo de rapaz eu nem pensava...
Eu juro! O seu amor não me escapava!


48

Eu sei que este meu canto se perdeu.
Tu nada ouviste... Louco te busquei
Querendo te encontrar. Inda sou teu...
Só sinto que também, amor, errei

Ao crer que o mundo inteiro fosse meu.
Na dura realidade, a triste lei
Depois da claridade, vem o breu.
Só quero que tu saibas: eu te amei!

As horas se passando, não te vejo;
Procuro por teus olhos... Onde estás?
A morte solitária que prevejo

Em tristes ilusões eu me perdi...
Toda a força deste amor que, sei, demais,
Somente, minha amada, encontro em ti.



49

Eu sei que estás comigo em cada verso,
Amada companheira; quanto eu quero;
Viver esta alegria, e ser sincero
Deitando uma esperança no universo

Distantes de um destino, antes perverso
Mas que encontra a certeza que venero
Do gosto delicado aonde espero
Unir contigo um sonho mais diverso.

Não temo um só momento pela dor
Pois sei que contarei sempre contigo
Trazendo com nobreza, e com sabor

O braço em que me apóio, tão amigo,
Por isso vou cantando sem temor,
Pois sei que existe em ti, um doce abrigo...


6850


Eu sei que é inevitável nosso caso,
Que seja belo assim e enfim perdure,
Do vigilante sonho que nos cure
Até o gran finale, num ocaso.

Não quero mais saber se existe prazo,
Nem mesmo a fantasia que perjure,
A rocha sabe da água que a perfure.
Até se chegar tarde louva atraso.

O vaso não se quebra, pois eterno,
Completamente teu, busco ser terno,
O terno amarrotado, roupas soltas,

Ouvindo este marulho anunciando,
Sereia deseja está chegando
Mesmo que as ondas sejam tão revoltas...


51

Eu sei que é chegada a hora de partir,
Devolvo as ilusões que te roubei,
O quanto com certeza; muito errei,
Sem ter nada que possa repartir,

Deitando sobre pregos, um faquir,
Que tantas vezes nega qualquer lei,
No imenso pesadelo me entranhei
Matando cada sonho que há por vir.

Chegar ao fim de tudo e nada ter,
Sequer o gozo falso de um prazer
Vendido como amarga guloseima.

É ter as mãos vazias; nada além
Enquanto a solidão terrível vem,
O velho coração ainda teima


52

Eu sei que dois bicudos não se beijam
Tampouco o que era doce já se acaba
Enquanto a nossa vida assim desaba,
Os olhos que se buscam, vãos, se aleijam.

Em polvorosa loucos se desejam
Reviram num delírio a velha taba
Engabelando a sorte, a noite braba
Impedem que os fantasmas queiram, vejam.

Mas nada do que temos no passado
Impedirá futuro que queremos.
Por isso, com fartura celebremos

O que virá embora defasado.
As fases deste amor são sempre assim,
Morrendo renascendo, flor jardim...
Marcos Loures


53

Eu sei que amar demais é sucumbir

Aos devaneios loucos da paixão.

Que vem ao mesmo tempo destruir

E nos trazer um sonho em construção.


Amar demais é ter que prosseguir

Temendo que a resposta seja não.

Ouvir a voz do vento e repetir

As notas tão errantes da canção


Que faz de uma loucura, sensatez,

Não pensa e já mergulha num vazio

Perder-se sem sentido de uma vez


Ao mesmo tempo exclui, às vezes some,

Amar demais: morrer em louco cio,

Depois sem ter ninguém, morrer de fome...


54

Eu sei que a chuva forte desabriga
Quem não souber que a vida compartilha
Criada entre nós dois a firme liga
Permite caminharmos qualquer trilha.
No amor que nos uniu; amada amiga,
Depois da tempestade a maravilha.

A vida se renova a cada afã
E deixa que se possa perceber
Na luz que nos tomando na manhã
Um novo e mais intenso alvorecer,
Não deixe que esta luz pereça; vã,
É nela que encontramos o poder.

Amar e ser feliz tranquilamente,
Andando lado a lado se pressente...
Marcos Loures

55

Eu sei quanto valor
Uma amizade tem.
Revigorando a flor
Trazendo imenso bem,

Envolve em puro amor
Quando a tristeza vem
Aquece em bom calor
E nunca fica aquém

Do que já se queria
De quem a gente sabe
Que mostra uma alegria

Tão grande que não cabe.
Eu rezo todo dia
Pra que ela nunca acabe...



56

Eu sei quanto tu fazes já de tonta
Falando deste amor que tu não sentes,
A faca que carrego entre meus dentes
No fundo ainda guarda a dor na ponta.

Enquanto a fantasia desaponta,
Percebo que não sabes quando mentes.
Vontades disfarçadas, entrementes,
Vivendo tão somente um faz-de-conta.

O teu amor partiu há tanto tempo,
Não quero ser somente um passatempo,
Sequer um contratempo em tua vida.

Não deixe que ilusão tome teu barco,
O amor que tu me dizes, pouco e parco,
Não pegará minha alma distraída...
Marcos Loures


57

Eu sei quanto o cigarro prejudica
E traz este mau cheiro insuportável.
Porém aqui vou dando a ti a dica,
Por mais que este futum seja intragável

Há coisa bem pior, isso eu não nego,
O cheiro do suor, vulgo cecê,
O pum que foi dado, eu não entrego,
O cheiro vem do lado de você;

O bafo de cachaça e de cerveja,
O cheiro do banheiro do boteco,
Depende do lugar onde se esteja

Melhor o cigarrinho. Eu vou contar,
Eu falo e nem preciso repeteco,
Nem mesmo com um frasco de bom ar!


58

Eu sei quanto é preciso
Viver um louco amor,
Que mostre, sedutor,
Um céu onde matizo

Meu verso em tal calor,
Que seja mais conciso,
Vencendo o vencedor,
Abrindo o paraíso...

Eu sei que necessito
Da boca carmesim,
Num sonho mais bonito,

Que trago dentro em mim,
Levando ao infinito,
Amor que não tem fim...


59

Eu sei quanto é preciso que se tenha
Alguém com quem possamos dividir
A dor, assim a noite chegue e venha
Trazendo em sofrimento o que há de vir.

Não há sequer um dique que o contenha,
Apenas na amizade, o repartir,
Palavra que se mostra a santa senha
Que pode por instantes impedir

A dura realidade que se impõe
A quem não tem, decerto em seu amigo
Certeza de que possa, no perigo

Contar com todo apoio que supõe.
Amigos que só chegam na bonança
Merecem, por acaso, confiança?

6860

Eu Sei quanto é possível ser feliz
Apenas com palavras mentirosas.
Não tendo nem metade do que eu quis,
Ao ver tantos espinhos, creio rosas.

Do quanto são deveras caprichosas
As flores que enganaram meu nariz
Embora tantas cores tão vistosas,
A moça não passou de meretriz.

Inquisidor, o velho coração,
Por vezes sonha lebre e compra gato.
Depois, sem ter desculpas pago o pato

Sem rumo ainda atiro o meu arpão.
E o preço que se paga? Solidão,
E a mesma gororoba no meu prato...



61

Eu sei dos meus defeitos, companheiro,
Eu sei como é difícil conviver
Com quem tanto te cobra, o tempo inteiro,
E quase nada tenta oferecer...

Eu faço de meu mundo, todo o mundo,
Na sensação terrível do egoísmo;
Não deixo de pedir, cada segundo,
Neste total individualismo.

Amigo, como podes me aturar?
Se muita vez, eu mesmo não suporto.
Não deixo de querer sempre aportar
Nas águas sempre calmas do teu porto...

Conheces meus defeitos, não reclamas;
Além, muito além, sinto amigo, me amas!


62

Eu sei da promessa
Que a vida nos fez,
Amar sem ter pressa,
Manter sensatez.

A sorte dispersa,
Quimera da vez,
Deixando a conversa
Com muita altivez.

Mas sinto o perfume
Que a rosa exalou,
Distante o queixume,

Foi o que me sobrou,
Amiga, um ciúme,
Tanto maltratou...


63

Eu se soubesse deste meu tormento
Nunca iria tentar sobreviver
Às angústias que trazem meu viver
Minha vida tornou-se um sofrimento...

Quem sabe; ser feliz por um momento,
E depois disso tudo se esquecer...
É como numa estrada se perder
Sabendo do final, pressentimento...

Não deixe que esta lua se desfaça,
De mim, a solidão quer a carcaça.
Meus dias são ferozes, torturantes...

É claro que não quero essa quimera,
A vida se demonstra torpe fera.
Quem dera se soubesse já bem antes!
Marcos Loures


64

Eu rolo a noite inteira; insatisfeito,
Beijando os meus escombros, bebo e lambo
O veio que se explode no meu peito,
Sorrindo do que resta, um vil molambo.

Escambos que fizemos no passado,
Estragos provocados por granizos.
No quanto de ironia é demarcado
O dia que vivemos sem juízos.

Transito entre as estrelas decadentes,
Espelho o quanto em nada já criei.
Não quero saber tráfego entrementes,
Meu barco noutro cais eu ancorei.

Olhar se transformando, catatônico,
Amor vai prosseguindo, assim, agônico...
Marcos Loures


65

Eu recordo das noites que passamos
Depois de tanto tempo enamorados,
De todo este carinho desfrutamos,
Estávamos enfim, apaixonados...

Pois amor nunca admite servos, amos,
E logo, sem saber, tão enganados,
De tudo o que vivemos e sonhamos,
Sem ter sequer segredos revelados.

O tempo soberano e passageiro
Desfez aos poucos tudo que amor fez,
E um sentimento puro e verdadeiro

Morreu nas mãos de minha insensatez.
Agora, meu amigo e companheiro,
Somente a solidão tem sua vez...


66
Eu sei que tanto amei em minha vida,
Não vou me envergonhar. Eu tenho orgulho
De ter do mar além de seu marulho
A glória em fartas ondas recebida.

Não guardo em amargura o pedregulho
Que faz da sorte em mágoas, tão curtida,
Levando uma tristeza de vencida,
Não vou colecionar resto ou entulho.

Imbróglios e borrascas, confusões,
Não ando tão somente nos porões
Embora saiba vê-los sem temor.

Partos mal-sucedidos da esperança
Sorrisos de ironia são vingança
Dos tais abutres – sórdidos – do amor...


67

Eu sei que tantas vezes sou mesquinho
Usando de total sinceridade
Enquanto não viver felicidade
Eu quero mais distante amor e ninho.

Prefiro caminhar sempre sozinho,
Apenas carregando a liberdade
Rompendo qualquer forma de vil grade
Que possa me impedir, sou passarinho.

Não tenho vocação pra sofredor,
Nem mesmo sonhador,sou ato falho,
Eu não suporto ser penduricalho

Daquela a quem previ tivesse amor.
Cavalo sem destino num galope
Invés de fantasia eu peço um chope.


68

Eu sei que quem desdenha quer comprar,
Por isso não a quero. Paciência.
Fingindo ter pureza ou inocência
A moça não se cansa de encantar.

De mim ela não quer ouvir falar,
Nem mesmo que eu suplique por clemência
Cansado desta amarga penitência,
Noutro poleiro, eu quero e vou cantar.

Por mais que seja bela e tão formosa,
Deliciosamente assim cheirosa,
A rosa tem decerto algum espinho.

Procuro ver de perto se há defeito,
Porém pra não me dar por satisfeito,
Na ponta do dedão tem um calinho...
Marcos Loures


69

Eu sei que quando falas no meu nome
Uma saudade bate lá no fundo...
A nossa cicatriz nunca mais some,
O corte foi cruel e mais profundo...

Por mais que uma certeza já te tome,
Esquece, e me recordas num segundo.
A noite em solidão sempre consome
Não há lugar pra ti, no imenso mundo...

Querida estou aqui, pensando nisso,
Da flor que sem querer, perdeu o viço,
Nos olhos tão vazios sem ninguém...

Amada espero a volta deste amor,
Que foi neste jardim, mais bela flor,
Te peço, meu amor. Agora... Vem!


6870

Eu sei que o ser humano é uma bosta,
Mas teimo em ter alguma fantasia,
Não quero fazer parte desta aposta
Aonde uma esperança se recria.

Tem gente que da fera ainda gosta
E tenta decifrar uma harmonia
Distante da verdade que se encosta
Na podridão, real supremacia...

Mentiras e falácias, povo merda,
Hiberna sobre as costas, nada vê.
Procuro uma amizade, mas cadê?

Colecionando assim, a eterna perda
Marcada nas divinas confrarias,
Das velhas costumeiras putarias...
Marcos Loures


71

Eu sei que não mereço
Porém peço perdão
Rezando o mesmo terço
Escondo-me em porão

Moldando o meu tropeço
Em nova escravidão
Fornalha onde me aqueço
Não tem mais direção.

Sou vago, ermo e vadio
Remédios nem teria
Porém se tanto esfrio

Versando em ironia
Amigo, em vão, vazio
Termino mais um dia...


72

Expressa nosso jogo, agora ganho,
O riso sempre franco nos teus lábios
Nas águas mais tranqüilas eu me banho
Sem rumo, timoneiro ou astrolábios.

São sábios os desígnios de quem deixa
O encanto feito amor nos comandar.
Roçando em minha pele uma madeixa
Sem pressa faz o gozo se aflorar.

Tocando em maciez como um tentáculo
As mãos encontram cais, perfeito abrigo,
Gerando em divindade este espetáculo
Exprime todo encanto que eu persigo.

Na senda deste amor tal claridade,
Verdeja em nosso peito, a liberdade...


73


Expressa o meu desejo sempre audaz
A doce insanidade que nos toma,
O quanto a vida necessita a paz
Rompendo em sedução velha redoma.

Palavras e sentidos já se expondo
Em versos, em cantiga, madrigais,
O tempo de sonhar se recompondo
Querendo novamente e muito mais.

Um velho jardineiro se permite
Fazer do sonho adubo mais constante
Alçando este infinito e sem limite
Encontra o que deseja ao mesmo instante

Em que eu vislumbro amor mais verdadeiro
Aguando em emoções o meu canteiro.



4

Expressa o quanto agora sou feliz
O verso enamorado que poreja
Em minha pele e pede sempre o bis,
Além do que se sonha e se deseja.

Amor tão meteórico; é verdade,
Porém já me apascenta e me permite
Viver o quanto quero em liberdade,
Sem medo de aceitar qualquer palpite.

O coração que outrora se fez velho,
Agora não espelha mais tristezas.
Não quero e nem aceito mais conselho,
Somente irei seguir as correntezas.

No delta deste rio, maravilhas,
Estampam perfeição de raras trilhas...
Marcos Loures


5

Expressa toda cor deste tinteiro.
Arco-íris de esperanças que me trazes,
Nos primas deste sonho derradeiro
As luas vão mudando suas fases.

O quanto de carinho tu me fazes
Permite que um canto alegre e mais ligeiro,
Permutas que conheço por inteiro,
Abalam meus princípios, minhas bases.

Eu parto do começo e chego enfim,
Ao alvo que se mostra em plenitude.
Refaço a tão distante juventude

Renovo o velho sonho dentro em mim.
A vida do teu lado, sem viés,
Sem medos ou correntes nos meus pés...
Marcos Loures


6

Expressa todo amor que enfim, contenho,
Trazendo uma esperança de onde eu vim,
Não temo as tempestades, pois eu tenho
O braço de quem quero junto a mim,

De um mundo dolorido de onde venho,
Já vejo florescer no meu jardim,
Mostrando em plenitude o teu empenho,
Amor que em amizade eu sei sem fim,

Nos passos bem mais firmes, alegria,
Luzindo no meu céu, estrela guia
Mostrando todo o sonho que eu almejo,

Translada das distantes pradarias
A luz que vem tomando as cercanias
Traduz um sentimento em paz, sobejo.
Marcos Loures


7

Expressa um canto alegre e triunfante
Vigor que esta amizade representa
Dos sonhos, meu amor é debutante
E tantas armadilhas; logo enfrenta.

Não fosse o teu apoio, amiga minha
A vida com certeza não teria
O porte que decerto se avizinha
Trazendo este clarão a cada dia.

Subindo com firmezas tais escarpas
Não temo mais a queda nem o corte.
Caminho que entre pedras, urzes, farpas
Sonega com certeza, aborta o norte.

Porém quando contigo, eu nada temo,
Nos braços da amizade encontro o remo...


8

Expressa um verso livre, aventureiro
O quanto amor demais já me enfeitiça
Cativo, teu senhor e prisioneiro,
Vencido e vencedor da bela liça,

Bebendo o teu prazer sou teu inteiro,
No corpo sensual, santa cobiça,
Encontro no teu céu o meu tinteiro,
Vontade de te ter pra sempre atiça.

E teu, somente teu, enquanto és minha,
Vassalo, sou teu rei, minha rainha
Recebo uma alegria como herança

Deitando meu olhar sobre infinito
Esqueço do passado, algum granito
Sabendo que encontrei paz, temperança.
Marcos Loures


79

Expressa uma palavra mais amena
Sabendo da alegria um bom sinal
Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.

Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,
Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional.

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador.
Depois desse passado tão mortiço.

Não quero ter meu passo assim contido,
Vivendo com quem amo; convencido
Amor é muito além de um vão feitiço.
Marcos Loures


6880

Expressa, em realidade, uma vingança
Reféns da súcia imunda que crocita
Na lama que nos toma; a mesma dança
Mascara a cruel face, sempre aflita.

Nas tramas tantos quês entrelaçados
Explicam os velórios da esperança
Os dias que vivemos, derrotadas,
Moldando o que teremos na lembrança;

Os filhos do poder e seus escravos,
Os olhos embotados da miséria.
Quem dera em mares loucos, frios, bravos
Uma expressão mais firme e bem mais séria

Permita que se mostre em amizade,
O quanto que é possível liberdade...
Marcos Loures


81

Expressam finalmente confiança,
Os versos que hoje trago para ti.
Pousando flor em flor, um colibri
Néctar maravilhoso agora alcança.

Amor que se faz sempre em temperança
Demonstra o farto bem que recebi,
Estando do teu lado, eu percebi
Vitória necessita de aliança.

Premente esta vontade soberana
De ter a tua boca, teus regaços,
Entregue à fantasia nos teus braços,

Minha alma em alegrias se engalana,
Encontra neste amor, mar infinito,
Derrete a solidão, duro granito...
Marcos Loures


82

Expressão que me resta: paraíso,
Apenas, tão somente e nada mais.
Verbete que se mostra mais conciso
Ao demonstrar loucuras sensuais.

Na plêiade de gozos insensatos,
Na cama, no suor, beijo e saliva.
Nudez em que se espalham tais retratos,
Deixando a flor querida sempre viva.

O rio vai descendo em turbilhões,
Encharca suas margens, chega às furnas,
Mistura de desejos e paixões
Aguada pelos olhos das ternuras.

Partícipe da festa que não cessa,
Ao sol incandescente recomeça...
Marcos Loures


83

Expresso a força intensa destes ventos
Em cada verso em que tento te falar
Traduzindo em palavras, pensamentos
Aonde possa amor desembocar.

Falar de tanto amor, sei que é tolice
De um pobre viajante em noite imensa.
Porém além de tudo o que eu te disse
Aqui. Vou procurando a recompensa.

Se o rio ao desaguar num oceano
Permite que se adoce tanto sal
Assim também o amargo e desumano
Sentimento se torna mais frugal.

A voz na qual meu sonho já se expressa
Ecoa pelos astros, mas sem pressa...


84


Expresso com palavras, sentimentos
Que tomam minha casa e o coração,
Num ato de total satisfação
Embarco em ti delírios e tormentos.

Expresso em cada verso meus intentos,
Deixo transparecer quanta emoção
Causada pela maga sensação
Que invade desde sempre os pensamentos.

Não sabes quanto quero o teu querer?
Em ti resumo todo o meu prazer,
Princípio meio e fim de minha vida.

Por mais que isto te soe diferente,
O peito enamorado jamais mente,
Pois és dos labirintos, a saída...


85


Expressões diversas, motes, mortes
Risos em comoção, vates e bardos.
Arcanos sentimentos, velhos cortes
Arquétipos de enredos nestes cardos.

Egressa dos meus erros, a ironia
Na verve deste pobre sonhador
A cada nova verso uma sangria,
Sob os olhos espúrios dessa dor.

Argumentos perdidos, vagos passos,
Estrelas disfarçadas, céus sem luz.
Sombrias emoções, ausentes traços
Gracejos da ilusão, fantasma e cruz.

Mensagens desbotadas do passado,
Vazios entre as urzes, nosso prado..
Marcos Loures


86

Expressa em cada rima, a liberdade,
O gosto da maçã em cantoria.
Num ritmo mais febril toma a cidade,
Chegando a cada praça, rua ou via.

O som que enamorado eu tanto ouvia,
Depressa o coração adentra, invade.
A luz em redenção que assim surgia,
Aos poucos foi virando tempestade.

Moleque que cresceu entre alamedas,
Pinçando cada cena que vivera,
Adentra, sonhador, pelas veredas

Em flóreas esperanças demonstradas,
Percebe o renascer da primavera,
Nas sílfides divinas, belas fadas...
Marcos Loures


87

Expressa em alegria o seu legado
Mensagem proferida com prazer.
O quanto amor se mostra bem cuidado
Permite em nova senda renascer.

Trabalho o dia inteiro, chego à noite
Encontro nos teus braços meu descanso,
Por sob estes lençóis, ternura, açoite
Vigora a lei do quanto mais alcanço.

Diamantina luz que nos abraça,
Mergulhos em vontades e loucuras.
Deixando de caçar sou tua caça
Em dentes, bocas, línguas, as torturas.

A vida se esfumaça em esquadrilhas
Deitando em nossa cama maravilhas...
Marcos Loures


88

Expressa as mais doridas tentações
A vestimenta de um desejo insano,
De todos os meus sonhos, o decano
Em vários sentimentos, seduções...

Amor ao nos mostrar embarcações
Pernoita no carinho soberano
Do quanto que te quero eu já me ufano
Entregue às mais complexas sensações...

Perenizando o que em vontades crio,
Enfrentarei a ventania e o frio,
Com toda precisão, intemerato,

E assim ao me entregar com tal pureza,
Conquistarei com mais vigor beleza
O gozo que se mostra em fino trato...
Marcos Loures


89


Expressa as fantasias que se tecem
O verso mais feliz que desejei.
Por tantas vezes tolo eu ansiei
Olhares que jamais em dor padecem...

Palavras que tu dizes não se esquecem,
Passando a serem, cedo, a nossa lei
Aguando o bem que tanto procurei
No inverno um novo estio; tanto aquecem.

Teu corpo junto ao meu, feliz momento,
Dançando noite afora... ruas, praças
Ousando ter além do sentimento

Em valsas, em boleros, tangos, risos...
Nas mãos tão delicadas, raras graças
Girando a noite imensa, paraísos...
Marcos Loures


6890

Exuberantes formas delicadas
Numa explosão intensa de non sense,
Neste canteiro frágil mãos atadas
Aos poucos me ganhando, me convence...

Num espocar divino de foguetes
Numa ascensão junina de balões,
Os corpos se procuram, são joguetes
Buscando relaxar tantas tensões.

Meu cérebro prevê a apoteose,
Fulgores e fagulhas neste céu.
Prazer que quanto mais se quer que goze,
Mais forte vai cumprindo o seu papel.

Numa excelsa visão, pura beleza,
Eu deixo-me levar na correnteza...


91

Extremamos delícias e procuras
Nas ânsias delicadas de nós dois.
Sabendo dos delírios e ternuras
Vivemos plenamente antes, depois.

Audaciosamente eu te proponho
Um manso cavalgar pelas estrelas.
Delito sem pecado, trama ou sonho,
Estradas vislumbradas, sempre belas.

Poder estar contigo e ser teu par,
Vencendo quaisquer medos ou temores.
Alcanço a tempestade a tremular
Sem nexo, sem medidas ou pudores.

Aguardo ansiosamente uma resposta,
A mesa, a cama, a vida, sempre posta...
Marcos Loures


92

Extraio poesia de teus lábios
Entorno meu calor em teus carinhos
Quereres com certeza são mais sábios
Se vão hábeis, sabendo tais caminhos.

Quero cada gole desta boca
Salivas misturadas jogo aberto,
Vontade que em desejo já se aloca
Aguando com furor qualquer deserto.

Saudade de sentir teu corpo aqui,
Roçar a tua pele, ser só teu.
O pensamento livre chega a ti
No quanto amor em fúria concebeu.

Em teu corpo milhões de diademas
Navegam em divinas piracemas..


93

Extraio poesia da cachaça,
Num copo ressuscito antigo trago,
A vida bem melhor dança na praça.
O resto dessa farsa fez estrago...

Nos livros que devoro; velha traça,
Reparo nos prefácios Nem indago.
Palhaço, vou temendo não ter graça,
Do que restar caduco,; logo embargo

Na minha certidão de nascimento,
Não tive solução para o problema:
Ser filho da saudade e esquecimento.

Não quero nem desejo ser teu tema
Embora em dissonância, uma harmonia
Que toda embriaguez já me trazia..
Marcos Loures


94

Exponho nestes versos, coração
Um velho bandoleiro sem juízo;
Rasgado pelas forças da paixão
Caminha sem destinos, impreciso.

Forrando a sua cama em ledo espinho
Vestindo esta mortalha simplesmente
Vagando em noite fria, vai sozinho
Inebriado sonha tenazmente

E pensa no sorriso da morena
Que um dia veio cedo e já partiu.
Ao longe uma esperança ainda acena,
Num toque tão estúpido e sutil

A morte se anuncia a cada gota
Da chuva que teimosa não se esgota...
Marcos Loures


95

Exponho o sentimento em cada verso meu
No fogo da esperança a chama me ilumina
Mostrando quanto é bom te ter minha menina
Moldando em alegria o tanto que me deu

Amor que não se acaba e muito convenceu
Agora a fantasia invade e me domina
Num canto triunfal aos poucos me alucina
Dourando o meu caminho, eu sei que sou só teu.

Estrela radiosa um mar de amor profundo,
Querida eu não te esqueço, irei muito mais fundo
Banhando-me em teu sol, raiado em bela areia,

Ouvindo o teu cantar, um sonho que emociona
E toda esta emoção aflora e vem à tona,
Por isso em meu amor, querida sempre creia...


96

xpressa a maravilha feita amor
A lua que se torna deslumbrante,
Deitando o seu luar tão sedutor
Tocando a minha vida num instante

No lume que se faz encantador.
Permite que meu peito sempre cante
Um verso mais profundo. Um sonhador
Nos braços deste amor que me agigante.

Eu sigo os rastros teus pelo caminho
E ganho espaço livre, sideral.
O toque mais audaz e sensual

Escorre em tua boca tinto vinho,
Sedento o coração quer toda gota
Na fonte que não cessa e não se esgota.
Marcos Loures


97

Exponho, em pensamentos, meus desejos.
Eu sei que ser feliz precisa esforço...
Meu sentimento segue mil cortejos
Buscando, nos amores, seu reforço.

Esboço uma vontade de fingir
Que a dor não mostra nunca sua face.
Dá ganas, simplesmente, de fugir,
Sorrindo, vou forjando meu disfarce...

Mas vale a pena a luta por amar,
Desvendo meu destino a cada dia.
Se toda noite traz novo luar,
Amar demais não é só poesia...

Expondo essa vontade de viver,
Usufruir sem medo, e ter prazer...


98

Expressa a delicada e rubra rosa
Rainha dos canteiros, deusa fêmea.
Amante dedicada e glamourosa
Decerto de Cupido uma alma gêmea,

Atrelo o meu desejo em seus perfumes,
E bebo cada olor, que cedo emanas,
Refletem nos meus olhos raros lumes,
Expressas maravilhas sobre-humanas.

Eu quero esta delícia, sempre à farta,
Tocando com meus lábios tal nudez,
Meus olhos de teu corpo; nada aparta,
Revolução em gozos que se fez

Mudando a minha sanha em flóreo sonho,
Meu barco nos teus mares; quero e ponho...
Marcos Loures


99

Exposto em minha cama, atroz, sereno
O vulto da mulher que eu tanto quis.
Orgástica ilusão me faz feliz,
Porém jamais me sinto farto e pleno.

A nostalgia às vezes, concateno
Revivendo o meu céu outrora gris,
Nesta melancolia, a dor atriz
Percebe que em verdade, eu mesmo enceno.

Na busca por mim mesmo, já me perco,
A solidão prepara a cada cerco
O bote que trará decerto o fim.

Por mais que estejas sempre do meu lado,
Final da imensa peça anunciado,
Invade e assim goteja dentro em mim...
Marcos Loures


6900



Exposto ao caracol dos sentimentos
Que molda a nossa vida num segundo,
Vagando em carrossel, sou vagabundo
E bebo sem pudor, céus e tormentos.

Olhares que nem sempre estão atentos,
No quase vou conciso e me aprofundo,
Meu verso se mostrando tão imundo
Aguarda a calmaria pós os ventos...

E o gesto desumano da saudade
Que toma este cenário e tudo invade
Rompendo os tais tratados da amizade.

A vida se propõe com qualidade,
E tento ter, quem sabe, a liberdade
De poder ter enfim, tranqüilidade...



1

Expostas, rancorosas, velhas dores
Ambulantes feridas que se entocam
E mostram nos seus dentes, os humores,
Espelhos onde os rumos se retocam.

Num fosso de silêncio onde abrandaste
Tais fúrias, refletindo num sorriso
Já toda a sensação deste desgaste
Natural que nos nega um paraíso.

Somamos nossos corpos toda noite
E, mesmo que isto seja uma mentira,
Vestimos solidão em farsa/açoite.

No fundo não queremos mais a fuga,
Nem mesmo quando solta, a voz atira
Forjando em nossa face cada ruga...


2


Exponho cada chaga ao teu sorriso.
É claro que isto traz muito prazer.
Meu canto se quiser, é de improviso
E nele tenho pouco o que dizer
Somente te falar que meu juízo
Há muito eu fiz questão de não conter...

Quando, horrorosamente fui sensível,
Bordaste mil bordões em meu destino.
Não vejo quase nada, imprevisível
Que alente uma esperança de menino.
Entre o querer e o ter há um desnível,
Embaixo do que fomos não assino...

A cruz que se pintou, velha piada,
Andando em cada templo, destroçada...


3







Exponho as minhas vísceras num verso
Que enfada quem, teimando ainda o lê.
Inútil conceber qualquer por que,
O passo segue em rumo mais diverso.

Quem vive na esperança vã imerso,
Não sabe distinguir o que olhar vê,
Castelos e reinados de sapê
O mundo se desnuda então, perverso.

Batismos entre fogos e metralhas,
A mortalha que estende negras malhas
Abraça-me, risonha em ironia.

O prêmio que almejara em vão: castigo,
Perpétuo sonhador; ora prossigo,
Expondo-me desnudo em poesia...


4

Expondo pelas ruas o que resta
Daquele que pensara ser alguém
Enquanto a solidão prepara a festa
A noite em amarguras, cedo vem.

O amor que tanto quis já desembesta
Do tudo que sonhara, sem ninguém
Apenas o vazio ainda atesta
A vida de quem quis e nada tem...

Mas saiba que inda existe uma esperança
Após a tempestade uma bonança
Brilhando como luz nos olhos teus.

Jamais irás sozinha, companheira,
Pois saiba que a amizade verdadeira
Encontra-se nos braços de MEU DEUS...
Marcos Loures


5

Expondo o meu cadáver em visagem
As cenas se refazem bem confusas,
Aberrações explícitas difusas
Complicam mansidão desta viagem.

Teu gesto de vingança, tão selvagem,
Em cenas violentas, tu abusas
E cospes no cadáver, tira as blusas
Deixando este festejo todo à margem.

Histrionicamente continuas
Neste desfile aberto pelas ruas
Até chegar ao fim, sem ter mistério.

No riso que disfarças, gozo frio
Mostrando que esse amor, por ser sombrio,
Resiste à solidão de um cemitério.


6

Expondo o coração para a platéia
No velho picadeiro da esperança
Saudades entabulam riso e dança
Enquanto a solidão se mostra atéia.

As dores em terrível alcatéia
Deixando uma alegria sem lembrança,
A luz dos refletores não me amansa,
O amor desfila assim, sua epopéia.

Alheia aos sofrimentos, ri-se irônica
A fantasia torpe, mas agônica;
E assim entre fantoches mais diversos

Enquanto esta ribalta descortina
A luz que, falsamente me ilumina,
Eu busco o meu refúgio nos teus versos...
Marcos Loures


7
Expondo o coração nesta vitrine
Na bela transparência de um cristal,
Por mais que da gaiola ainda trine
Angústias de um passado tão venal

Ardores do presente rompem grades,
E bebem da emoção que se procura
Em meio a vendavais e tempestades
Trazendo por bonança, esta ternura.

Expondo o coração na galeria,
Arquétipo em mudança que, constante
Permite que se creia enquanto cria
Da pedra sem beleza, um diamante...

Ao ver do grande amor, simples amostra
Entendo este conluio: pérola/ostra...
Marcos Loures


8

Expondo esta carcaça ao teu desdém,
Arrasto os meus fantasmas, vou sem rumo...
Aos poucos, é verdade, eu me acostumo
À vida sem destino, sem ninguém...

E quando a noite chega, o sonho vem
Tentando retomar da vida, o prumo
Eu chego até sorrir. Mas frágil fumo
O sonho se esvaindo... Resta quem?

Corbelha de esperanças, vasos frágeis,
Jamais resistem, quebram-se em pedaços...
Não deixam nem sequer escombros, traços.

Os dedos da tristeza são mais ágeis,
Dedilham nos pianos da amargura
Os sons desta ilusão que me tortura...
Marcos Loures


9

Expondo a minha carne às tempestades
Cidades e muralhas destroçadas.
As horas que passamos, vãs jornadas,
Ainda posso ver antigas grades,

Por mais que as fantasias tu degrades
Esperanças partiram quais manadas
Errantes destruindo estas estradas
Aonde imaginei felicidades.

Num último acalanto, uma ilusão,
Amansa o coração tempestuoso.
E ainda posso crer em riso e gozo.

Vislumbro no horizonte a imensidão
E o sol brilhando ao longe... Imensos céus...
Porém as nuvens... Plúmbeos, grises véus...


6910

Expõe em suas mãos, manso carinho
Quem tem e sabe a força da amizade,
Sabendo desvendar qualquer caminho
Não teme nem sequer a tempestade.

Felicidade é feita dia-a-dia
E nela quem conhece persevera,
A mão que se declina em alegria
Esquece a solidão, rude e severa.

Em atos e palavras mais sinceras
A glória se mostrando assim capaz.
Vencendo em placidez as várias feras
Alcanço do teu lado, amiga, a paz.

E nela deposito a confiança
Num tempo mais suave, em esperança.
Marcos Loures


11

Exemplo mais perfeito feito amor
Precisa na verdade do perdão,
Um novo mundo veio nos propor,
Aonde já reinasse o coração.

Assassinado e morto sem pudor,
Deixou pra quem ouvisse esta lição,
Trazendo uma esperança a recompor
História que se perde em negação

De que é possível ter felicidade,
Vivendo em sua glória, uma amizade
É tudo o que deveras se pressente.

As sombras doloridas que carrego
A história que se fez em cunho cego
no tempo que passou inda se sente
Marcos Loures


12

Expõe como saída, o frio, a morte,
Paixão que se abortou há tantos anos,
Aprofundando em mim temível corte,
Mudando esta viagem nega planos.

Os desenganos todos que carrego,
Não posso e nem consigo questionar,
Quem sabe que se esvai, calado e cego,
Não sabe ou reconhece mais o mar.

Quem dera simplesmente ser feliz,
Cantar em liberdade amor imenso.
Destino lamentável já não quis
Futuro pressuponho amargo e tenso.

Intensas labaredas das paixões,
Morreram em cruéis desilusões...


13

Exímios navegantes bebem luz;
Alívios entre estrelas e luares.
Por onde e da maneira em que mostrares
O vento delicado já conduz.

Querência sem limite se deduz
Tentáculos dos sonhos, calabares,
As rinhas da ilusão, versos e mares,
Distante dos temores e da cruz.

Benditas as palavras que nos tocam,
Imagens, santuários, se retocam,
Fazendo da promessa, realidade.

Instalações diversas, frases soltas,
Estrelas nos protegem, tal escolta
Permite em plenitude, a liberdade...


14

Exploro; viajante, cada palmo
De teu corpo moreno e sedutor.
Às vezes muito tenso; só me acalmo
Quando chego na fonte; monte, amor.

E sinto que reviras teus olhares
Em busca do infinito... Com prazer,
Me inundo destas ondas dos teus mares,
Vontade de poder te conceber

Rainha que sonhei por toda a vida,
Mulher que me encantou, linda sereia;
A noite se passando, distraída,
A lua se entregando, plena e cheia.

Deitados no carpete desta sala,
A lua enamorada, nada fala...

15

Explode-se na chama esplendorosa
De um rito sensual, noite profana.
Quem vive esta emoção jamais se engana
E sabe valorar perfume e rosa.

Minha alma muitas vezes belicosa
Não se cansa da luta sobre-humana
Fazendo do prazer, zarabatana
Decifra a sorte insana e caprichosa.

Guardando na gaveta os meus segredos,
Escondo sob a máscara meus medos
E finjo ser além do que serei.

A moça em transparência não percebe
O quanto é pedregosa a minha sebe,
Seguindo sem saber tão falsa grei...


16

Excitado por voltas e revoltas,
Sem medo de vender qualquer bobagem,
Nas danações remendos, traquinagem.
O mundo das revoltas tantas voltas.

Escrevi tantos versos, não escoltas
Corações dispersados, sem aragem.
Brancas nuvens mostrando tal roupagem
Consegui perceber reviravoltas...

Ardores e carinhos sensuais,
Piadas de mau gosto, simplesmente.
Os dias que passamos, pontuais,

São satiricamente demonstráveis.
A mente que remete sempre mente,
Os sonhos desse amor: imagináveis...
Marcos Loures


17

Excesso de cuidado enjoa e mata;
Mas sem adubos morre cedo a planta
A luz que em calmaria nos encanta
Ao mesmo tempo em paz sempre arrebata.

A força da paixão tanto maltrata
Enquanto dá retira a mesma manta
Quem sabe disso tudo não se espanta
Segredos infindáveis? Desbarata.

Mecânicas diversas deste enredo
Provendo uma alegria que nos doma.
Além de simplesmente ter em soma

A chave do caminho em que enveredo
O gosto de viver a eternidade
Embora, com prazer e liberdade...
Marcos Loures


18

Exploro com cuidado, fartos pejos
As tendas que tu guardas na alameda
Por mais que a poesia nos conceda
Não quero mais sonhar gozos sobejos.

Seria o que não fosse se eu pudesse
Ainda ter as rédeas desta vida
Porém o coração não obedece,
Do quanto me sobrou, amor duvida.

Tenacidade é coisa que não tenho,
Audácia não faz parte do meu ser.
Restando tão somente o velho empenho

Lutando pra sair deste buraco,
A vida desconhece o que eu quis crer
No cais das ilusões já não atraco...


19



Excêntrico colágeno nos une
Esgarças garças toscas no caminho.
Etílica manhã verseja e pune
Deixando o velho barco já sem ninho.

Não quero ser tão crédulo ou impune,
Cunhando com cunhada este carinho.
Solfejo, pois dos versos sou imune
Cabelo quando inflama vira vinho.

No pinho, no pinhão, a moça apinha
Calote loteado: estelionato.
Fazendo deste fármaco o que tinha

A tinha só se cura com remédio.
Iguana é iguaria no meu prato,
Semitonando sempre no ré médio...



6920

Eviscerado, vivo vastidões
Em versos vagabundos e vadios.
Vencer as ventanias, vergalhões
Vestígios de outros ventos vãos, vazios.

Vergastas, cortes, gestos, ritos, rios
Quem sabe sobrará sombra em verões?
Tentáculos do inverno sobre estios
Oráculos traduzem negações.

Se eu sigo carcomido, sendo assim
O resto que me empresto, vou ao fim,
Apenas e sem penas vegetal;

Vasculho em cada bolso, o pedregulho
Soçobrando o que sobra do mergulho,
Que espúrio, fiz no amor, velho venal...
Marcos Loures


21

Eviscerado sonho, podridão.
Apenas pesadelos... quem me dera.
Percalços que encontrei na longa espera,
Trazendo tão somente a escuridão.

No câncer que consome, a solução,
Negando o que pensei ser primavera,
A boca escancarada da pantera,
Aguarda numa espreita. Sou o vão.

O cheiro de café. Casa materna,
Uma esperança inútil quase hiberna
E ao ver o que restou, já me abandona.

Amores que encontrei, só falsidade,
Na marca destas garras, crueldade,
Apenas o vazio vem à tona...
Marcos Loures


22


Eu vou seguindo a vida simplesmente.
Fazendo meus repentes sobre amor,
O coração se mostra sonhador
E deita sobre um sonho inconseqüente.

Aos borbotões palavras em torrente
Nadando neste mar: computador,
Às vezes passam ágeis, com vigor,
Brotando em turbilhão desta vertente.

Nascentes e cascatas, fontes tantas,
Palavras são profanas, mesmo santas
E fazem deste amor, caminho e foz.

As frases vão girando na ciranda,
Deitando o meu lirismo na varanda,
Sentindo o sol brilhando sobre nós.
Marcos Loures


23

Eu vou para Pasárgada, querida,
Não quero mais saber de dor ou medo.
O coração condeno a tal degredo,
Por mais que seja longa a minha vida,

Nos sonhos eu encontro uma saída,
Saber de um Eldorado, o seu segredo
Que seja logo agora, e desde cedo,
Senão a minha estada está perdida.

No velho Xangrilá, no Paraíso,
Eu tenho tudo aquilo que preciso,
As belas prostitutas, mil amigos.

Cansando de esmurrar ponta de faca,
Apenas a ilusão ainda aplaca
E traz mesmo que utópicos, abrigos...


24

Expressa amanhecer tão solitário
O que meu pensamento diz agora,
Distante do que ardia em vão, outrora
O vento nunca veio solidário.

O amor sempre foi ledo e temporário
A sorte que tentava, aborta, gora
A morte me brindando sem demora
Jamais se esquecerá do seu horário.

O tempo transformado em calafrio,
Os olhos tão somente vis ultrajes,
Mortalhas entre lutos, os meus trajes,

Apenas me sondando o vento frio,
Sorrisos são apenas espantalhos
Os passos prosseguindo, torpes, falhos...
Marcos Loures


25

Expressa alguma luz neste poente
Os olhos de uma amiga, coisa rara.
O quanto em vida fora um penitente
Ao final desta história a mão ampara.

Tragado pelo mar, redemoinhos,
Entregue a mais completa solidão.
Na ausência tão perene de carinhos
Acostumado ao mesmo, eterno não.

Eu vejo uma esperança que se forma
No vento da amizade benfazeja.
No peito prometendo uma reforma,
A luz tão delicada em que se veja

O brilho redentor da liberdade,
No olhar tão sedutor de uma amizade...
Marcos Loures


26

Expressa a solidão, vil soberana
O gosto da saudade em acidez.
Por mais que ainda tente em lucidez
A sorte se demonstra qual cigana.

Ao mesmo tempo atrai e desengana,
Nas tramas da ilusão ela se fez,
Rechaça a cada noite a sensatez
Destino em suas mãos logo se dana.

Marcado pelas sombras do que fomos,
Veneno e alegria em fartos gomos,
Quem dera se eu pudesse em liberdade

Voltar ao que tivemos e se foi.
Errante e tão distante, como Goi
Aguardo algum sinal: felicidade?
Marcos Loures


27

Expressa a noite imensa, enluarada
O brilho sobre as flores no jardim,
Beleza que se mostra a cada estada
Do amor que sem limite existe em mim.

Floresce a cada sonho, uma esperança
Trazendo o teu perfume, rara flor.
O quanto que restou traz a lembrança
De um dia tão perfeito, encantador.

Canteiros entre belos colibris,
Expressam toda a sorte de viver.
Os lábios delicados e gentis,
Promessa de alegria e de prazer,

Cuidando tenramente, com carinho,
Afasto do rosal, qualquer espinho...


28



Eu venho nesta data te dizer
É muito bom poder ser teu amigo.
Das coisas que dei sorte de saber
Com certeza uma foi te ter comigo..

Completas mais um ano de existência,
Que sejas tão feliz quanto tu fazes.
Amigo não é simples coincidência
Maré que segue a lua em tantas fases....

Por isso; parabéns por mais um ano
Que temos convivido em santa paz.
Quem tem amigo esquece do abandono.
De tantas alegrias é capaz!

Porém a tua festa é repartida:
Hoje eu parabenizo a própria vida!


29

Eu vibro neste amor em sentimento intenso
Num labirinto exposto a sorte de te achar
Recebo em horizonte o sonho em que compenso
As dores que senti por tanto te esperar.

E a cada novo dia, em que, querida eu penso
No amor que tanto tenho; entregue ao te adorar,
O dia vai mais manso, e nisto recompenso
O tempo que passei distante de teu mar...

Agora que percebo um horizonte pleno
Na doce sensação de estar sempre contigo,
Amor que vem chegando, em passo mais ameno

Transborda no desejo imenso de poder
Chegar devagarinho, e ter aqui comigo
Decerto uma alegria em nosso bem querer...
Marcos Loures


6930

Eu vim de não sei onde
Jamais retornarei
A vida perde o bonde,
Distante me encontrei

Nos braços da morena
Encontro a solução,
A vida mais amena
Enfrenta um furacão.

Sou quase o nada fui,
E agora o quase sou,
Amor por certo influi

No tempo que restou,
Agora o mar me intui
Meu barco te encontrou

31

Eu visto esta mortalha em ceticismo,
Sendo o que jamais fora se soubesse
Do ápice mergulhando neste abismo
Em forma de fornalha em vestal prece.

Desisto da batalha. Despotismo
De quem se fez bem mais do que merece
Sem mítico exercício do batismo,
Deforma todo ofício que professe...

Protuberâncias túrgidas herméticas
As pétalas estúpidas histéricas,
Românticas, anêmicas, caquéticas...

Se lúdicas, são lúbricas, são tísicas.
Mas fétidas, tão pútridas, ictéricas,
Todas as nossas dores não são físicas...


32

Eu vivi de ilusão e fantasia,
Vagando pelas ruas, falso riso.
O mundo que eu sonhava não trazia
Sequer algum sinal de um paraíso.

A noite se envereda e ganha o dia,
A morte que virá não manda aviso,
Aonde encontrarei uma alegria,
Rondando bar em bar sempre pesquiso

E vejo na sarjeta e na marquise
Abrigo que me sobra em noite fria,
Quem teve nesta vida algum deslize

Já sabe do que falo: solidão.
Mas creio, que inda tenha solução
Além do que pudesse ou bem queria

33

Eu venho nesta data te dizer
Do quanto és necessário para nós,
Um canto de emoção e de prazer
Revive em cada amigo, fortes nós.
Tu trazes alegria a cada ser
Serenas este mundo tão atroz.

A sombra da maldade faz a ronda
Mas sempre nos ajuda a contorná-la,
A lua da amizade tão redonda,
Conhece tua mão a carinhá-la,
Teu braço companheiro, não é onda,
Pois sempre nos apóia, como tala.

Nas horas mais difíceis sempre vens,
Receba de nós todos, parabéns...

34

Eu venho nos meus versos te dizer
Que os dentes já caíram. Tô banguela.
Eu sei que isso me causa desprazer
Porém outra faceta se revela.

De tanto que penei, não vou sofrer,
Meu barco neste mar levanta a vela,
Jamais irei a lágrima verter
Tem coisa que consola um matusquela.

Agora sem ter dentes, eu garanto
Que um sonho realizo, é coisa louca
O desdentado sabe deste encanto

Que canto sem ter medos ou receio,
Com duas pererecas, minha boca
Ainda tem a língua de permeio...


35

Eu venho, amigo, parabenizar
Quem faz de nossa vida um manso rio
Que desce calmamente para o mar.
O sonho mais profícuo, cedo eu crio,

E nele prosseguindo sem parar
Um mundo em perfeição que eu fantasio,
Encontra em suas mãos um bom lugar
Aonde não resiste mais o frio,

Emanas em teus olhos tal calor
Capaz de apascentar quem te conhece,
Reconhecendo, assim, o teu valor,

Eu agradeço a ti, em reza e prece,
Feliz aniversário, companheiro,
Espero estar contigo o ano inteiro.


36

Eu verso sobre sonhos que detive
Honestas caminhadas da ilusão,
Portando em cada verso uma emoção
Amor feito amizade sobrevive.

E tantas vezes; cego, eu não retive
Sequer o que devia, e fui em vão,
Vagando no deserto quase em não
Na sensação perfeita de um declive.

Se, às vezes eu falseio e assim tropeço,
Na quase queda eu sinto que talvez
Devesse ter mais forte, o sentimento,

Que vira a nossa vida já do avesso,
Porém acalma toda insensatez,
O teu carinho, amiga, é meu sustento...


37

Eu vi a tua imagem delicada,
Traçando multicores fantasias.
Desejos e delírios sempre crias,
Condões entre vontades deusa e Fada.

Sorriso de menina que me agrada,
Deixando para trás mesquinharias,
Amor que nunca trouxe ninharias,
É na medida certa, demarcada.

Guinada em minha vida, volta e meia,
A boca que me beija logo anseia
Os gozos percebidos e sonhados.

Paisagens que vislumbro; fascinantes,
Eu quero muito mais do que quis antes
Os beijos mais audazes e safados...
Marcos Loures


38

Eu vi o teu retrato em meu espelho,
O susto que tomei eu nem te conto.
Olhar que lacrimejo tão vermelho
Encontra neste espelho contraponto.

Depois de tanto tempo sem te ver,
Achara que morreras dentro em mim.
Ao ver a tua imagem pude crer
Que as coisas não são simples tanto assim.

Resides dentro d’alma, me entranhaste,
De tal forma que nunca imaginei.
Teu rosto no meu rosto decoraste,
A ser o teu reflexo eu já passei...

Que faço se não posso libertar
Minha alma de tua alma, par a par...


39

Eu vi o teu retrato numa esquina,
Fumando uma erva dessas diferentes.
Enquanto se baseia e se alucina,
Tu cravas nos meus olhos, frios dentes.

Imagem sem igual, fútil, ladina,
Promessas de carinhos indecentes,
O beijo quando morde me azucrina,
Sem crina meu cavalo, mas nem sentes.

Inclinas teus sorrisos de ironia
Enquanto o amanhecer ainda cria
Alguma expectativa no meu peito.

Decerto que eu errei não tendo um alvo,
Porém ao fim da festa estarei salvo,
O amor quando se nega, dá-se um jeito...
Marcos Loures


6940

Eu vivo a cada dia mais feliz
Sabendo que terei o teu carinho
No amor que a gente faz e peço bis,
Jamais me sentirei aqui sozinho.

Estrela se derramam pelo chão
Do quarto em que caminhas semi-nua
Espalhas pela cama, a tentação,
Minha alma enamorada; então flutua.

Alçando ao paraíso num momento,
Vagando pelos astros, sem destino.
Voando assim liberto, o pensamento,
Aos poucos, sem juízo, eu me alucino.

No amor em desatino, mil loucuras,
Forrando em nossas vidas, a ternura


41

Eu vi teu nome escrito na parede,
Como fosse sinal de minha fúria.
Escrevi, pois, embalde essa centúria,
Saber de teu futuro, tenho sede...

Seria bom deitar-me nessa rede,
Pedir licença à Padre, e toda a Cúria;
Poder te desnudar, tanta luxúria...
Mas te quero madura e estás tão verde...

Não quero mais saber desse negócio,
De passar em ti, todo esse meu ócio,
Nem quero saber quando te perdi...

O que no mar achei, me despedi;
Amores que pensei achar em ti,
Só não posso aceitar um novo sócio..
Marcos Loures


42

Eu vi teu nome exposto na manchete
De todos os jornais e nas revistas.
A foto da nudez que se repete
A deusa principal entre os artistas.

Lembrando o carnaval, tanto confete,
Bebendo teu suor, antigas listas.
Nas cenas já mudaste teu esquete,
Dançaste teu amor em outras pistas.

Dormiste no passado, sem futuro,
Mas foste toda minha, não o negues.
Tomamos caipirinhas, chão tão duro...

Embora outros caminhos já navegues,
Na cama que escolhemos, lua cheia...
Teu nome... Foto exposta... Inda clareia...


43

Eu venho do melado e da garapa,
Perdido neste mar/canavial,
A vida quando amarga; desigual,
Nem mesmo o mais distante sonho escapa.

Usando da esperança como capa,
Aguardo este momento que é fatal,
A dor passando a ser consensual
Só resta ao sonhador, jazigo e lapa.

Desfigurado corpo da criança
Amortalhada em lágrimas, curtida.
O que sobrou enfim da outrora vida

Somente a fanatismo ainda alcança
E atinge num funéreo golpe, a faca,
Cravando no meu peito, única estaca...


44

Eu venho de joelhos Te pedir
Perdão pelos meus erros e pecados.
Os passos tantas vezes malfadados
Matando em nascedouro algum porvir.

Que a luz do farto Amor possa luzir
Na dura caminhada em negros prados
Dias sejam a Ti, glorificados
Que nada possa enfim, isto impedir.

Perdoe a minha estúpida omissão,
Deixando no relento o meu irmão,
Fingindo que não vi Tua presença

Nos mãos de algum mendigo, ou num olhar
Que cismo muitas vezes ignorar
Negando em desamor a minha crença!
Marcos Loures


45


Eu venho das favelas, dos botecos,
Meus olhos bebem luas e sarjetas,
Meus cantos não encontram mais os ecos
Que um dia se perderam nos cometas,

Mas dizem que eles voltam, creio nisso,
E disso faço o resto de esperança
Que vai mantendo um pouco deste viço,
Guardado desde os tempos de criança.

Tu tens também as marcas da injustiça,
Da fome, da agonia e da amargura.
Difícil, com certeza, a nossa liça,
Mas nada impedirá tanta ternura

Dois filhos do abandono e do vazio,
Unidos pelos corpos, mesmo cio...


46

Eu vejo; ao caminhares pelas ruas,
Em cada passo dado uma delícia.
Parece que não andas; que flutuas...
Vou te seguindo cheiro de malícia..
As coxas divinais e semi-nuas,
O vento te fazendo uma carícia...

Sentindo um calafrio em cada passo,
Numa maravilhosa caminhada,
Meus olhos vão seguindo todo traço
Formado pelas pernas na calçada...
Eu tento e não consigo, mal disfarço,
Além de tuas coxas, não há nada...

O vento que mais forte agora espraia,
Quem dera sacudisse a tua saia...
Marcos Loures


47

Eu vejo um bom futuro
Nos braços de quem amo,
Ultrapassando o muro
Enfim, amor reclamo

De um chão deveras duro,
Ao plano em que te chamo,
Meu canto então apuro
E audaz; amor exclamo.

Quem veio de um passado
Quiçá sem esperanças
Agora extasiado

Experimenta danças,
Vivendo do teu lado,
Nos gozos das festanças...


48

Eu vejo ser cumprida a tal promessa
Que há tanto fora feito e nunca ouvida.
A mão que esfacelada assim se engessa
Não vê quanto sublime a própria vida

Numa avidez sem par, abutres rondam
A carne mal nascida, agora exposta
Milhares de tempestas já se estrondam
E cortam, mais profundo em fina posta

Aposta já perdida e sem remédio
O gozo do prazer não antepara
A morte a cada dia faz assédio
Uma alegria agora, é peça rara.

Neste museu de dores e fumaça
Amor amortalhado em cada praça.
Marcos Loures


49

Eu vejo tua sombra na janela
Passando devagar e tão distante.
A vida novamente se revela,
Um mar que sempre foi tão inconstante

Não quero mais guerrilha nem querela,
Apenas uma luz que mais brilhante
Se mostra em minha vida, e se revela
Tal qual amor divino e fascinante.

Tu foste minha sorte e meu azar,
Espinho que se deu em bela rosa,
Qual nuvem que trazendo um bom luar

Consola a dor que causa, sem pensar.
Mulher tão divinal, mas vaidosa
Enchente que já fez tudo secar...


6950

Eu vejo quanto o amor tomando espaço
Em formas mais diversas trama a vida.
Não sinto mais o medo do cansaço
De ter uma emoção tão decidida.

É louco, insano canto em que embaraço
As pernas no caminho, na subida,
Caindo certamente no teu braço,
Deixando qualquer dor em despedida...

Meus dias vou passando na ilusão
De ter meus broncos versos a teus pés.
Amar é perseguir a perfeição

E de pronto atender ao seu chamado,
Não vejo mais amor como um viés
É tudo que sonhei. Nunca é pecado!

51

Eu vejo o quanto estamos tão unidos
E a cada novo dia isto enobrece
Um sentimento feito em gozo e prece
Que faz questão de sonhos bem vividos.

Nos passos que seguimos, decididos,
O tom de nosso canto amadurece
E mostra quanto é bom; dias cumpridos
Em negra solidão que inda aparece

Nas horas mais difíceis, madrugada,
No vento que batuca na janela.
Porém ao ver uma alma triste e tão cansada

Alegria de sermos companheiros
Em cada novo encanto nos revela
Que os sonhos que nós temos: verdadeiros...
Marcos Loures


52

Eu vejo o mel da vida se espalhar
Nos campos da esperança e da emoção,
Roubando cada raio do luar
A noite se transcorre em sedução.

A moça do meu lado, satisfeita,
O riso se permite em franco gozo
A gente ao mesmo tempo se deleita
E planta um novo sonho fabuloso.

Recebo de teus lábios, a promessa
De um dia mais feliz de se viver
A cada novo instante recomeça
Idílio de ternura e de prazer

Assim, eu vivo amor no dia a dia
Que é feito da beleza em fantasia.


53

Eu vejo o fumo a se elevar sombrio
Trazendo uma lembrança mais atroz,
Calando num momento a minha voz,
O coração sangrando, ledo e frio.

Um sonho que se mostra mais vadio
De amor que talvez surja ainda em nós,
Deixando uma esperança logo após
Promessa de alegria, em novo estio.

Assim, talvez o dia traga alento
Clarão de um belo sol numa alvorada,
Soprando tão macio como um vento

Que toca as folhas todas da emoção.
Depois de tanto tempo abandonada
Ressurge nos teus braços a ilusão...


54

Eu vejo nos espectros que carrego
A imagem desbotada deste sonho.
Num pesadelo assim, feroz, medonho,
O passo titubeia e vaga cego.

A força que inda pálido, eu emprego
O gozo da ilusão que ora proponho,
Além da realidade, enfim, suponho
O traste que me pesa, isso não nego.

As vísceras revoltas, náuseas, dores,
No alforje as velhas chagas latejando,
As esperanças todas, vão em bando,

Invernos dentro da alma em seus rigores
Encharcam, movediços, os meus passos.
Os pés aprisionados, seguem lassos...
Marcos Loures


55

Eu vejo finalmente, insana paz
Sem medo ou sensação de ser cativo
Vivendo o quanto o sonho inda me traz
De nada em minha vida eu já me privo.
O beijo da morena, um capataz
Capaz de me tornar um morto vivo.

Acero preparado; o fogo ateio
Colheita prometida pro futuro,
Bebendo do prazer de cada seio,
Acendo toda a chama neste escuro.
Sabendo o que mais quero, sem receio,
Encontro o que em verdade assim procuro.

E curo tais mazelas, vencedor.
Abrindo então as travas, vivo o amor.
Marcos Loures


56

Eu vivo conectado, on-line, a ti,
O amor faz seu log-in o tempo inteiro,
Downloads do que, outrora em vão perdi,
Guardados na memória. Gosto e cheiro.

Amores virtuais, virtudes têm.
Além destas desculpas mais freqüentes,
Se a queda de energia, salva o trem,
Palavras carinhosas, envolventes.

Mentiras e disfarces, risos falsos,
Desejos desfrutados, sem contacto.
Preparam, muitas vezes, cadafalsos
Aí a fantasia paga o pato.

Às vezes na nudez que se revela,
Ficando extasiado, eu beijo a tela...
Marcos Loures


57

Eu vou morrer de câncer, com certeza.
Da fumaça que trago, o caranguejo
Fazendo no meu peito este festejo,
Encharca em nicotina a tal pureza.

Problema meu, se o corpo assim se lesa,
Farta dor e a dispnéia que prevejo
A punição perfeita em que eu almejo
Purificar minha alma sem defesa.

De todos os amores que eu já tive,
De todos os lugares onde estive
Eu guardarei somente o teu sorriso.

Embora destas mãos não necessite,
Eu peço; minha amada, que acredite,
Não quero nem saber de paraíso!


58

Eu vivo em desespero, não consigo
Frear um sentimento mais atroz.
O sonho que me traga e que persigo,
Aos poucos se tornando mais feroz.

Jogando um sentimento na parede,
Talvez assim consiga controlar,
É mais que meu desejo, sinto sede
De ter o teu carinho, meu luar...

Não vejo mais a luz que não me queima
Não vejo mais o lume dos teus olhos
Não vejo mais a vida que se teima
Trazer o sofrimento assim, aos molhos...

Talvez não possa mais sobreviver
Sem teu amor, querida o que fazer?


59

Eu vou me expondo assim, num só soneto,
Deixando sangrar cada poro meu;
Mostrando minha face, quis ateu
Mas nada sei, nem sonhos mais prometo.

Voltando ao meu passado, me remeto
Ao princípio da noite, mas morreu
O que foram as trevas, sinto o breu
Tomando cada crime que cometo...

Asmático sentido, me sufoca...
Acendo incensos, alma fica quieta,
Procura renascer da própria toca...

Mas quem sabe meu pálido caminho,
Que se disfarça, a mesa vai completa,
Posta sobre toalhas, branco linho...
Marcos Loures


6960

Eu vou devorando árvores, pensares,
Pesadelo feroz sem ter limites.
Nas montanhas terrenas, cãs solares...
Quero sorver demais, meus apetites...

Não consigo levar aos teus altares,
Nem as dores perdão, nem meus convites
Para transmudar nossos céus, luares,
Nem por tantos lugares onde habites...

A minha serenata não tem rima,
Minha manhã, jamais renascerá.
Minha alma vai descendo, nada estima,

Eu quero simplesmente ir para o mar,
Mas se o mar já secou, morte vitima,
Não deixando mais nada, nem sonhar.

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