domingo, 17 de outubro de 2010

1001 até 2014

1001


Aberto o coração quero janela...
Eu caço teu luar à minha beira.
A fonte dos desejos foi mais bela.
Lidando com distâncias e ladeira,

O sol estando a prumo me revela
Espíritos divinos padre e freira...
Paixão improvisada fogo e vela.
Instrumentalizando mais matreira...

Nas bênçãos que proclamas não consigo
Meu sequioso espírito te via.
Esplendores de raios que persigo.

Nas terras prometidas nunca havia.
Calabares famintos, um perigo...
Dos mares que naufrago, ventania...



1002

Aberto o coração, sagrado campo
Estende na varanda a clara lua,
No brilho em que se mostra um pirilampo,
Reflexos vão tomando toda a rua.

Eu quero ser o quanto tu mais queres,
O quase; há tanto tempo sublimei
Na plenitude encontro os meus poderes,
Fazendo deste sonho regra e lei,

Numa metamorfose incansável,
Mosaicos multicores vão surgindo,
Caleidoscópio vivo, imaginável,
Adentro este cenário, perseguindo

Eu sinto o vento insano a me tocar,
E sonho com delícias deste mar.



1003





Abertos velhos portos teimam barcos,
Os erros se repetem; nada faço.
Os medos que inda trago, mesmo parcos,
Não deixam pra esperança algum espaço.

A vida ao descrever antigos arcos,
Parábolas diversas ora traço,
Hedônica ilusão, ferrenhos marcos,
Tropeço nos cordames que embaraço.

Afago as velhas feras que não domo,
E se possível, tento e ainda somo,
Mudando o resultado em meses, anos.

Velhacarias tantas cometidas,
Exércitos de luzes vãs, perdidas,
Transformam em inúteis, velhos planos..


1004


Abismo inebriante da loucura
O amor que não pudera mais conter
Ousando muito além de algum prazer
A sorte de tal forma configura

Marcando o que tentara e se assegura
Vencendo o meu caminho eu posso ver
O rústico cenário a se tecer
Gerado pela angústia, esta amargura.

Não tento contornar qualquer engodo,
E piso tão somente o velho lodo,
Num antro em súcias feito e nada mais.

Dos ermos dos meus versos, vejo o resto
E o todo se desenha mais funesto,
Prepara para os ermos funerais.


1005

Abismos percorridos, desencanto,
A gueixa traz as queixas costumeiras,
As deixas demonstrando que as bandeiras
Ficaram esquecidas nalgum canto.

Qual fosse ilusionário celacanto
As cordas arrebentam quando queiras
Os beijos desta moscas costumeiras
Bicheiras te servindo como manto.

Assíduas ilusões já não freqüentam
O velho coração de um marinheiro
Nem mesmo as fantasias atormentam

Nas sementes goradas pela vida
O medo se tornando corriqueiro
História sem memória ou despedida.



1006

Ao abarcar com fúria o quanto tento
Vencer e nada vejo, nem sinal,
O passo se desenha em ledo grau
E o dia se traduz alheamento,

Vestindo o meu caminho e desatento
As roupas vi quarando no varal,
Ousando noutro enredo, menos mal,
O tempo se mostrando alheamento.

Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento com ardis, novos luzeiros
Ardumes da esperança, vãs lanternas,

E quando se apresenta alguma chance
A voz sem ter sentido ao não se lance
E apenas o sutil tormento; externas.

1007


Aboiando o passado dolorido
Mugindo essa saudade no meu peito,
Num choro lamentoso e tão comprido,
Achando que talvez tenha o direito

De ter o meu destino, assim, cumprido
Na sorte que me deixa insatisfeito,
Por muitas vezes, nunca, ter agido,
Conforme a consciência, quando deito...

Nas quebradas da sorte te encontrei,
Com força e a coragem feminina,
Quem fora só vaqueiro vive rei,

Agradecendo a Deus, a nova sina,
Depois desta amargura que passei,
Doçura, na menina, descortina!



1008


Abortando ilusões, torpes falácias.
Erguendo um templo ao deus louco e profano,
Estrumes de nós mesmos, desengano,
Roubando vampiresco, tais hemácias

Na estúpida esperança de farmácias,
O verme que se entrega, quase humano,
Expondo o meu cadáver, tira o pano
Empáfias disfarçadas em audácias.

Egresso de outros tempos mais felizes,
Espectro perambula em cicatrizes
Do amor que tantas vezes trouxe o sonho.

E agora este flagelo me consome,
Desmembro-me da vida, enquanto some
O gozo que eu busquei; me decomponho...


1009


Aborto um roseiral em primavera.
Na fera que me toca, numa espreita,
A lua enegrecida nada espera
E foge desta noite, contrafeita.

Espinho e vergalhão, a dor desperta
Coroando um caminho com senões.
A porta que nem sempre fica aberta
De tantos e diversos corações.

Vestígios destes tempos me decoram.
Andorinhas perdendo a migração
Os dias de esperança já se foram
Tomados pela turva solidão.

Sem primaveras, flores, roseirais;
Apenas paladares canibais...



1010


Abra as portas; te juro... Vale a pena!
Estrela matutina em luz tão pura,
Deitando sobre a terra pálida ternura
Estrada deslumbrante que se acena.

A vida sem te ver já se apequena
Um porto que a viagem assegura
Encanto que me toma e que depura
Tornando a caminhada mais amena.

Durante esta alvorada em matiz nobre
Beleza que em ternura nos recobre
Virá na melodia em que busquei

Teus olhos, tua pele, teus regaços,
Tomando devagar teus calmos braços
imperceptivelmente chegarei



1011


Abraça toda a terra que domina
O rumo em desatino não me importa,
Requebra em minissaia esta menina
Batendo devagar em minha porta.

A luz que não paguei não ilumina,
E inspiração, decerto já se corta
O jeito é procurar em outra mina
Que a minha amanheceu calada e morta.

Fazer no final boca de siri
Do quanto não recebo, eu investi
E tive como paga este deboche.

Montando num cavalo sem ter sela,
Verdade tão cruel que se revela
Deixando para trás o velho coche...



1012



Abraçado contigo minha amada,
Passando pelos astros por estrelas.
Caminho sem temer as tempestades
Vivendo sem nenhum medo maior.

Decoro meus desejos nos teus olhos,
Luzeiros deslumbrantes, vida e sorte.
Douradas essas sendas que percorro,
Adentro os bons portais do meu desejo.

Querida não se esqueça um só segundo
De todo grande amor que nos nasceu.
Desvendo teus mistérios, pouco a pouco.

E vibro por poder ser teu amante
Nos olhos da esperança pude ver
O brilho dos teus olhos refletidos...


1013

Abraças os cadáveres que crias
Jazendo dentro em ti minha esperança
Sarcófago dos sonhos, fantasias,
Mordaça que me cala enquanto avança

Os versos do passado, hipocrisias,
A mão jamais seria assim tão mansa.
O amor trazendo em si, tais embolias
Matando suavemente quem se cansa.

E trêmulo, observando cada passo
Que deste pela vida, sigo os rastros
Sem ter em tal viagem sequer lastros

Os restos de nós dois, às vezes caço,
E vejo-te entranhada em cada poro,
Na fúngica ilusão qual fora esporo...



1014


Abraço a moça bela toda noite
E deste abraço sinto palpitar
O coração batendo feito açoite
Começa ao mesmo instante a disparar.

Portando o teu sorriso nos meus lábios,
Nos beijos que eu te dei, revelações.
Os dedos se tornando bem mais sábios
Começam sem limite explorações

Buscando os teus recônditos caminhos,
Vencendo os desafios, destemido.
Escuta-se na noite este gemido

Causado por audazes, bons carinhos,
Fazendo estremecer o nosso quarto,
Do terremoto intenso, eu não me aparto!



1015


Abraço essa morena, meu amor
Com gosto e com desejo persistente
Te quero, moreninha minha flor
Vem logo, o teu amor me faz contente.

Eu quero teu carinho redentor
Beijar a tua boca é mais urgente.
Eu busco o teu amor por onde for,
Não quero mais saber, nenhuma gente.

Lá longe o coração sempre te acena
Chamando para a gente namorar,
Na boca delicada da morena

O gosto do desejo acalentado.
Na fonte, no horizonte ou no luar,
Eu quero amor gostoso e acochado...



1016


Abraço o teu retrato como fora
A corda que se entrega num naufrágio.
O coração de audaz, tornou-se frágil
E nada do que tive, resta agora.

O lodo que me inunda e me decora,
Cobrando deste amor terrível ágio
Por mais que a fantasia se mostra ágil
O tempo de sonhar já foi embora.

Mas vendo a tua face em minhas mãos,
Os dias talvez fossem menos vãos
E os sonhos se fariam renovados.

Rascunhos do que fomos estampados
Na foto que deixaste, por acaso,
Trazendo um brilho insano ao meu ocaso...



1017



Abraço quando é dado com carinho
Transfere uma energia positiva,
Nos braços desse amigo já me aninho
À vida saudações, portanto viva!

Amigo nunca troca de camisa,
É sempre mais leal e companheiro
Mesmo que venta, trama calma brisa,
Fazendo da amizade seu celeiro...

Meu amigo guardado aqui no peito,
Bem sabe destas dores que sofri,
Nos laços que criamos; mais perfeito,
O belo desta vida, sempre aqui...

Natal que se aproxima, estou contigo,
Espero, com ternura, abraço amigo...


1018


Abraço-te com força
E deito sobre ti,
Amor que se reforça
No qual me soergui

Prazer que vem em poça,
Num cálice sorvi,
Vem logo minha moça
Te espero, estou aqui.

Sentindo entorpecer
Propago pelas ruas,
O mágico prazer

De nossas peles nuas,
Nos beijos converter
Delícias todas tuas...



1019


Abrão segundo as ordens de Javé
Abandonando a casa onde nasceu
Longínquas terras, ele percorreu
Guiado tão somente pela fé.

Com sua esposa segue pra Canaã
Chegando finalmente a seu destino,
Porém a fome e a seca em desatino
Levaram ao Egito, intenso afã.

Minha irmã! Disse assim ao soberano
Apresentando Sara; moça bela,
A ira de Javé, pois se revela,

E ao perceber ser vítima do engano
Faraó que os cobrira de presente,
Partida do casal, enfim consente...



1020


Abrão sem ter o filho desejado,
Numa visão escuta de Javé
Que a recompensa para tanta fé
Será um bem enorme e abençoado.

Pois Ele sendo escudo é proteção,
Fazendo na aliança um sacrifício,
Novilhas, cabras, pombas, num ofício
Trará depois de tudo a redenção.

Promessa de total felicidade
Domínio de um reinado gigantesco,
Porém escravidão e sofrimentos

Até chegar enfim a liberdade
Encerrando um período tão dantesco
Em anos, completados quatrocentos!



1021


Abrão tendo por Deus, obediência
Fazendo com Javé uma aliança
Que toca o coração com esperança
Traz da fecundidade, a consciência.

Sonhando com seu filho prometido,
Agora se chamando, pois de Abraão,
Tendo em Isaac enfim a concepção
Gerado após o tempo estar vencido,

A Sara, Javé deu fecundidade
Apesar de avançada a sua idade
E as bênçãos a Ismael também legou.

Cumprindo desde então Sua promessa,
A glória de seu povo assim começa
No sêmen que em velho útero brotou...



1022


Abrigos desvalidos e sem força
Nos préstimos negados, desalento.
Por mais que uma esperança seja moça
Não cabe no embornal do pensamento.

A pele da menina quase louça
Rachando com o sol desabamento,
Dos olhos tantas águas formam poça
Depois irei dormir neste relento.

A casa da menina tem porteira
Ponteia uma viola noite e dia.
A lua se mostrando companheira

Amor faz mais folia e não reclama,
Meu Deus como teria uma alegria
Se a moça desse abrigo em sua cama.


1023


Abrindo a minha porta, vou à rua
E vejo em ventania, a tempestade,
Rasgando o coração, ninguém mais há de
Impedir a minha alma que flutua

Tomando a direção da bela lua,
Rasgando todo o vento, em liberdade,
Andando pelas praças da cidade,
Alçando esta esperança, rara e crua.

Beijar a tua boca num momento
Vagar pelos espaços; ir ao Céu,
Montado numa estrela, meu corcel,

Chegando à fonte rara feita em mel.
Não tenho mais temor, busco emoção,
Em pleno temporal, bebo o trovão...



1024


Abrindo a velha porta
Aonde nada houvera
Senão tanto que importa
A sorte em vã quimera,
O vasto quando aborta
O sonho em turva esfera,
O todo não mais corta
A morte destempera,
Ousando em harmonia
O tanto que pudesse
O salto noutro dia,
A vida em dura messe,
O quanto não viria,
Aos poucos se padece.


1025


Abrindo estes portais
Diversos paraísos
E neles sensuais
Caminhos mais precisos,

E sei dos divinais
Anseios sem juízos
E quanto quero mais
Os templos sem avisos

Diviso a cada instante
E o todo se garante
Na foz de cada sonho

Pudesse apenas isso,
O tanto que cobiço
E o vasto onde me ponho.

1026


Abrindo então as travas, vivo o amor,
As trevas; assassino em teu jogral,
No verso em que pretendo recompor
Palavra se tornando sensual
Estendo o meu canteiro em plena flor,
Trazendo em minha cama todo astral.

Astrologicamente incompatíveis,
Na bacia das almas, vamos nós.
Vencendo as tempestades, noutros níveis
Jamais caminharemos soltos, sós.
As mãos que nos empurram, invisíveis
Entregam às tristezas, medos dós.

O vento que balança este coqueiro
Entranha o mais gostoso e doce cheiro...


1027

Ainda quando eu quero
A sorte mais sincera
O todo que se espera
Gerando este sincero
Caminho onde tempero
E nada destempera
E marca qual pantera
O sonho enquanto esmero.
Apresentando o fato
Deveras me retrato
Na sorte mais audaz,
E o canto sem declínio
Gerando este fascínio
Que tanto satisfaz.


1028


Abrindo esta porteira, coração
Não pude controlar os sentimentos.
Tomado pela força da paixão,
Deixando para trás velhos lamentos.

O tempo de sonhar, em tentação
Mudando a direção de antigos ventos
Causando neste amor transformação.
Pacificando assim, os pensamentos.

O sol nos aquecendo, intenso brilho,
No encanto em que me perco e maravilho
Permite finalmente uma alegria

Dourando o meu caminho em luz segura
Destino mais tranqüilo me assegura,
Tornando mais sereno cada dia...


1029


Abrindo estes botões eu vejo os seios
Que tanto desejei, belos romãs.
Prazeres se mostrando em seus afãs
Deixando para trás velhos receios.

Percorro vorazmente loucos veios
E quero repetir todas manhãs
Felicidades fartas, temporãs,
Do mundo seguiremos mais alheios

Da diva mais safada, em pleno sexo
Não quero nem sabre se existe nexo,
Apenas desfrutar de cada orgasmo

A gata faz de mim gato e sapato,
Ficando assim de quatro. Quero no ato
Poder usufruir de cada espasmo...


1030

Abrindo mil caminhos
Em passos bem mais fortes,
Abarcas novos ninhos,
Encontras outras sortes,
Bebendo doces vinhos,
Curando tantos cortes.

Ao erguer os teus braços,
Superas as montanhas,
Atando nossos laços,
Eu ganho enquanto ganhas,
Refaço velhos traços,
Nas luzes que tamanhas

Clareiam tempestades,
Reforçam amizades...



1031


Abrindo no meu peito esta cratera
Espero outro momento pra contar,
O verso que não fiz inda tempera
Gerando cada raio de luar

Que adentra esta tapera, novamente,
E regenera o sonho antes vencido.
Poema que se mostra num repente
Aos poucos pelo tempo corroído.

Ouvindo o que dizias; sacramentos.
Não quero conceber outra imersão.
Adubo que se faz dos excrementos
Garante um bem maior à plantação.

Nas cinzas do cigarro que ofereces
Amor faz seus leilões, suas quermesses...




1032


Abrindo no meu peito uma escotilha
Acendo da esperança, o fogo intenso.
Na sina que se fez uma andarilha,
No vago logo após às vezes penso,

Carrego dentro em mim tanta mobília,
Escombros do que fui. Mergulho tenso
E nada se percebe além da trilha
Vazia que sobrou de um mar imenso.

Erguendo um brinde à vida, morro aos poucos,
Os gritos incontidos saem roucos
Prenunciando apenas um adeus.

Porém ao ver de novo o meu porão,
Vislumbro a derradeira solidão,
Tocado pela luz dos olhos teus.


1033

Abrindo o coração que se deleita
A festa prometida não termina,
Vontade que se faz, assim, aceita
Encharca de alegria qualquer mina.

Menina; vê se nina quem te quer
Não deixe pra amanhã, festeje agora,
Nos seios delicados da mulher,
Desejo de ficar, não ir embora.

Ser pente que passeia em teus cabelos,
Serpente que te encanta, um paraíso.
Vontade de saber e de vivê-los,
Momentos sem pecado e sem juízo.

Marcando nossa pele em tatuagem,
Juntinhos, sem destino, essa viagem...



1034


Abrindo o meu jornal, notícias sempre iguais,
A morte de fulano, o roubo de sicrano...
Congresso faz a lei, pagamos nós, boçais,
O povo vai entrando, enorme, imenso, cano...

Meus versos de amor, sem dúvida banais,
Sem fibra ou poesia, e digo, sem tutano,
Um mero devaneio. O corvo diz jamais
Serás um bom poeta: esqueça qualquer plano!

Realidade volta e me incomoda tanto.
O sonho tem o encanto embora mentiroso
De assim trazer à tona um mundo mais charmoso

Não quero só lamento, e dele, dor e pranto,
Quero o gozo do falso, incrível diamante
Que possa me alentar ao menos num instante...



1035


Abrindo este caminho
Em meio aos temporais
Deserto abissais
Aonde desalinho

O tempo mais mesquinho
Ousando muito mais
Que tantos desiguais
Cenários; adivinho.

Esbanjo fantasia
E nada mais teria
Sequer o quanto eu quis.

Mergulho neste vago
Momento enquanto afago
A sorte por um triz.


1036


Abrindo tuas pernas num altar
Aonde percebendo em catedral
O gozo sem limites. Profanar
Este templo divino e sensual.

Bebendo desta fonte e me fartar
Prazer que assim percebo sem igual.
Lambendo cada parte devagar
Molhando minha boca com teu sal.

Insaciável vontade de viver,
Deixando os meus temores para trás,
Na ardência que este jogo sempre traz

Até não mais poder me entorpecer
Dos ópios, dos delírios teus incensos
Amores sem limites, fogos densos...



1037


Abrindo uma cortina, adentra o sol,
Beijando a bela ninfa delicada;
Recende tal ternura em arrebol,
Ela se entrega nua, extasiada.

Seu corpo se enrodilha, caracol,
Aos lábios deste sol, dama encantada,
Um paraíso imenso, em raro escol,
Abraça esta princesa desnudada...

Ousado, devorando esta nudez,
O astro rei derramando seu tesouro,
Cobrindo o belo corpo com fino ouro

Demonstra sua força em altivez
Fecunda com seu sêmen vaporoso


1038



Abrir o peito às forças da Natura,
Sem ter o que temer; ser libertário,
Tampouco me concebo solitário,
O amor sem ter medidas nos depura.

Matando com sorrisos, a amargura,
O canto que nos une, solidário,
As marcas mais profundas do Sudário,
Heranças enraizadas; vera cura.

Contemplo a vida como fosse um rio
Que segue; mesmo inglória, em desvario,
Até chegar à foz no mar imenso.

Na bela artilharia do Perdão,
Vencer com calmaria o furacão,
No Cristo ressurreto, assim eu penso.



1039


Acabando com mata ciliar
Assoreando os rios, erosão,
Ao destruir com tal sofreguidão
Da vida quase nada vai restar.

O duro é que apesar desta lição,
Ainda existe gente a se mostrar
Ao tentar, imbecil justificar
Em nome de uma civilização

Aonde se concede para nós
Poder tão soberano sobre a Terra.
Problema é que o vazio logo após

Pairando qual fantasma a vida enterra.
Em nome do bom Deus feito amizade,
Destroem com total iniqüidade...


1040


Acácias amarelas, roxo ipê
Lembranças que transbordam nos meus sonhos.
Momentos que passamos – eu você
Em dias tão fantásticos, risonhos.

O tempo faz da vida temporal
Arrasta tudo e nada deixa em troca.
Amor se transformando, tão banal,
Em simples solidão, já desemboca.

De tantos sentimentos, nada resta
Senão esta saudade que inda amarga,
A vida vai pesando, e assim atesta
O quanto é dolorosa a fria carga

Que trago nos meus ombros, desde então,
Saudades loteando o coração...



1041


Acácias paineiras e dracenas
Uma alameda feita de esperanças.
Enquanto em fantasias tu me acenas,
Aromas exalados nas lembranças

Crisântemos, jasmins, rosas, hibiscos,
Delírios e vontades, mago olor,
Não quero mais correr antigos riscos,
Vibrando de emoção, em tanto amor.

Pomares e quintais, sublimes quintas
Jardins feito em dulcíssimo perfume
Veredas que nos sonhos, queres, pintas
Nesta aquarela imensa, brilho e lume

Nas mãos delicadeza em tintas nobres,
De amores e delícias me recobres...



1042


Acalantos de amor em noite clara,
Dedilho um violão, e ao pontear
Deitando nosso amor sob o luar
Sonhando com teu corpo que me ampara

Estrela que num brilho, fonte rara
De todos os desejos, vem tocar
Emoldurando um sonho, devagar,
Além do que talvez imaginara

Um coração que busca pela estrela
Raiada em madrugada seresteira.
Mulher, no fogo intenso, feiticeira

Cigana que desnuda em noite bela
Adentra minha cama e vem comigo
Fazendo do prazer, o nosso abrigo...



1043

Acalantos, palavras de carinho
Ninando nosso amor em noite clara.
No peito de quem amo, eu já me aninho
E a mão de quem desejo já me ampara.

Não faça mais barulho, de mansinho
Amor adormecendo em noite cara,
Permite que se chegue de mansinho
Ao adoçar a vida tão amara

Amor; nosso menino necessita
De toda esta atenção que dispensamos.
A jóia mais perfeita e mais bonita

Que em versos e canções, tanto velamos,
Cuidando deste amor real pepita
Tesouro deslumbrante que encontramos..



1044


Acalmando a amargura, violenta,
Meus dias serão mansos, nisso eu creio.
A força dominante que apascenta
Percebe e reconhece logo o veio

Aonde ao derramar as fartas luzes
Os olhos da esperança vão sublimes,
No quanto dentro da alma reproduzes
É tudo na verdade o que suprimes.

O pranto que se seca com carinhos
Ainda nos permite ver o sol.
Tomando em amizade estes caminhos
O brilho dominando este arrebol.

Esqueça toda a mágoa que tiver.
Felicidade é tudo o que se quer...



1045

Acalme o coração, não te deixei,
Jamais me afastarei do meu caminho
Tu sabes quão profundo é meu carinho
Nas mãos de eterno Amor, a minha lei.

Por mais que esteja escura, a velha grei,
Um pássaro retorna ao mesmo ninho,
Não quero um triste canto, vão; sozinho,
Eu nunca, podes crer, te abandonei.

Apenas tão somente noutra senda
Sementes de esperanças necessárias
Vencendo com ternura uma contenda

O coração de um pobre sonhador,
Em luzes que divinas, mesmo várias,
Plantou com temperança, paz e Amor...



1046

Com estrambote


Ação que nada serve se não oca
A mor de todas dores amorosa...
O cômodo sentir que não estoca,
Augustos esses anjos, mansa rosa...

Meus fâneros feridos farta foca...
O preço que pedi não paga a prosa.
Da terra que me encerra, uma minhoca.
Ouviram do Ipiranga rancorosa...

Ação que nada serve faz mentiras,
Omissos paisanos perigosos,
As danças que torturas, mansas liras,

Os ombros que empinaste, orgulhosos,
Com mãos que me carinhas, também tiras,
Os troncos que lanhaste, são frondosos...
Cortaste tantos sonhos, de saída,

Fingiste mansidão que vai perdida,
Açoitas quem beijaste, secas vida...


1047

Acaricio o corpo de quem amo...
Devagarzinho, manso, bem suave...
A voz macia, leve já te chamo
Para a vida, voarmos nossa nave.

Ao não te ver depois, então reclamo.
Não permitindo mais nenhum entrave,
O medo de perder-te. Nele inflamo.
Retirar de teus olhos triste trave...

O corpo de quem amo, acaricio...
Suave noite cai, trazendo ardor...
Em todos os momentos deste cio,

Amo-te demais; fina e bela flor!
Amar-te é droga, nela me vicio...
Embriagado, vivo desse amor!



1048


Acaso não terei mais um minuto
Sequer de paz na vida? Não domino
O fogo que incendeia forte e bruto,
Causando o mais completo desatino,

Mesmo exaurido e insano, ainda luto,
O sol queimando pleno; segue a pino,
Meu olhar se escondendo, quis astuto,
E o meu final inglório; vaticino.

Embrenho pelas sendas mais fechadas,
Tentando vislumbrar nas madrugadas
A bela redenção da clara aurora,

As nuvens entornando intenso gris,
Avisam: se jamais eu fui feliz,
Não posso esperar nada bom; agora...




1049


Aceito a contradança que propões,
Trazendo uma alegria sem igual,
Deixando estas tristezas nos porões
Vivendo o mais sublime carnaval,

Por mais que a vida traga más lições
Eu vejo a solução mais magistral
No balançar dos corpos, seduções
Delírios deste encanto sensual.

Dançando a noite inteira, vou contigo
E saiba, quanto amor inda consigo
Trazer ao coração desta menina.

Que enquanto rebolando me conquista,
Estando pra negócio nesta pista,
Requebra enquanto em fogo me alucina...




1050


Acelerando o tempo tento a fuga,
Carinho assim, mecânico, eu não quero.
Se tudo o que queria, o medo suga,
Desejo um sentimento mais sincero.

A cada novo dia, uma outra ruga,
As rusgas vão servindo de tempero,
Esqueça, caia fora e não me aluga,
Amor merece sempre, um trato, esmero...

Quem dera se inda houvesse um meio termo,
O coração talvez sem ser tão ermo
Pudesse inda arrumar esta bagunça.

Porém a sorte sendo assim, jagunça
Não vejo solução para este caso,
No amor vejo, sem dó, um triste ocaso...



1051


Acende em brasa imensa, a velha chama,
Macabros versos solto em profusão,
Fazendo a mais completa confusão,
Na combustão dos sonhos, minha trama,

Não sendo teu escravo ou teu patrão,
Irmanado contigo, céu e lama,
Quem ama, na verdade não difama,
Nem mesmo que repita a negação.

Patrolas estas rotas podres, rotas,
Carinho que me dás em conta-gotas
Deixando vez em quando o que não deixas,

Soprando sobre nós o mesmo vento,
Usando esta cangalha, o sentimento,
Não tenho mais na vida, quaisquer queixas.



1052


Acende o mundo inteiro e chega ao céu
Pintando este horizonte em mil balões,
Abrindo quaisquer ruas ou portões
Lacrando o que devia ser cruel.

Vivendo cada qual o seu papel
Nós somos os heróis, somos vilões
Mentimos ironias dois bufões,
Porém ao bem de sermos sigo réu.

Cedendo vez em quando, outras nem tanto
Gargalho quando secas o meu pranto
E vago sem perguntas, noites, dias.

Nas mãos que me torturam, mil carícias,
Entranho no teu corpo tais sevícias,
Produtos da delícia em fantasias.



1053


Acende tão somente uma ilusão
O gosto da maçã em tua boca.
Sentindo a mais sublime tentação
Meu sonho no teu corpo já se aloca.

Amor que aromatiza enquanto cura,
Extrai todo o desejo em gozo pleno.
Cansado de viver só na procura
Encontro o que buscara – encanto ameno.

Recebo cada afeto com sorriso,
Esplêndidas manhãs se prometendo.
A sorte que chegando sem aviso
Caminho que ao teu lado, assim desvendo.

De todo o sentimento, se faz dona;
O brilho em minha vida vem à tona...




1054


Acendes a fogueira em que me lanço
Ardendo de vontades e desejos.
Não quero com certeza algum descanso
Somente lambuzar-me nos teus beijos.

Desculpe se o sinal, afoito, avanço,
Mas gosto de teus belos relampejos,
Momentos tão gostosos; quero e tranço
Bebendo os teus prazeres, sem ter pejos.

Na transparência audaz, a camisola,
Permite que se vejam teus mamilos
Que, túrgidos, me excitam num convite.

Aí um temporal voraz assola,
Meus gozos encontrando em ti asilos
Demonstram ser o céu nosso limite.


1055


Acendes a saudade no meu peito
Fazendo tempestade em copo d’água,
Não sei por que guardaste tanta mágoa,
O amor não se maltrata deste jeito.

É claro que, contudo, amor aceito,
Meu peito em teu amor cedo deságua,
Da lua que se deu e que ora trago-a
Eu vejo o belo lume, satisfeito.

Ajeito com carinho a nossa cama,
Lençóis enluarados de esperança.
Mas peço, por favor, não faças drama

Que tudo que eu queria, inda me alcança
E mesmo que eu maltrate a poesia
O amor que tanto tinha, sempre havia...


1056


Acendo alguma luz ao fim de tudo,
E meço com palavras o que digo.
Se faço do meu verso um vaso antigo,
É como se soltasse a voz no agudo,

Seria bem melhor, mas não me iludo,
Vestir a liberdade, doce abrigo,
Mas quero ser assim, e assim prossigo
Se for para mudar; eu fico mudo.

Mas mudo de repente, e vejo o sol
Brilhando fortemente no arrebol
E bola para frente, é mesmo assim.

Requebros sedutores de quadris,
Nas quadras, desenredo, e sou feliz,
Com seca ou com fartura em meu jardim.



1057


Acendo essa fogueira adormecida
Nas brasas que me queimam sensuais...
Eu quero derreter-me em tua vida
No fogo onde vertemos rituais.

Teu beijo me incendeia totalmente,
Qual fosse uma queimada na floresta,
E vejo nosso amor, tão forte e quente,
Saindo até fumaça pela fresta

Da janela deixada quase aberta,
Na sala, vizinhança até na rua,
Os gritos e o calor servem de alerta,
Deitando-me por sobre a carne nua,

E rimos tão felizes, nesse incêndio,
Selamos outro tomo do compêndio...



1058


Acendo o meu cigarro e penso em ti,
Nas espirais dos sonhos sempre estás.
Esfumaçam as dores que senti
Adentra a minha casa, chama em paz.

Os versos mais bonitos que eu já li,
Uma canção que o vento, hoje, me traz.
Vontade de te ter comigo, aqui,
Deixando uma tristeza para trás...

O dia que renasce em teu olhar
Estrela, peço a luz pra mais um dia,
É muito bom poder, a ti, amar

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Amar-te, com certeza, o que eu queria,
Saber que tu és minha... amor... enfim...



1059


Acendo o meu cigarro e penso enquanto
A noite se desenha muito aquém
Do quanto necessito e nunca vem,
E ao ver o desalento, enfim me espanto

Apenas a mortalha em vão garanto
E o rumo se aproxima do desdém
Matando esta esperança, sou refém
Do mundo transformado em queda e pranto.

Escondo minha sorte e nada vejo
Sequer o que pensara em azulejo
Amortalhando o dia mais atroz,

E o quanto poderia e não mais visse
Traduz dentro de mim lenda e crendice
Tomando este sentido atroz em nós.




1060

Acendo o meu cigarro
E vejo o teu olhar
Distante a procurar
O quanto desamarro

Das sortes, ledo sarro
E nelas vou buscar
O todo sem lugar
Voltando ao velho barro.

Espúria fantasia
De quem se fez sem rumo,
O todo que podia

Agora não resumo
No caos em utopia
Das dores, farto sumo.



1061


Acendo o meu cigarro em noite escura
E parto em solidão para o infinito.
Carente de carinho e de ternura
Ninguém pode escutar meu triste grito.

Porém ao perceber que enfim vieste
Depois de tanto tempo sem ninguém
De uma esperança nova, amor reveste
E encontra finalmente o grande bem.

De um coração deveras sonhador
Em praias tão distantes, passarinho,
Encontra finalmente o bom do amor
E nele uma promessa em terno ninho.

E a dor que outrora tive se esfumaça
Jogada feito guimba em plena praça...



1062


Acendo o meu cigarro, escuto uma canção
Dirigindo o meu carro, as curvas tão fechadas
Buscando o meu caminho encontro nas estradas
As marcas que deixaste apontam direção

Prossigo em cada andança ouvindo o coração
Batidas no meu peito estão aceleradas
Ouvindo num instante- amor – tuas chamadas
Promessa de encontrar, contigo, a salvação.

Pisando bem mais fundo neste acelerador
As luzes da cidade agora estão mais fortes,
E cada vez mais perto, eu ouço a voz do amor.

Voltando a imaginar teu corpo junto ao meu,
Cicatrizando assim antigos, duros cortes,
Parece que o desejo, enfim, tudo venceu.


1063


Acendo o meu cigarro, tiro um trago,
Olhando para trás, vejo teu rosto,
Curando a cicatriz feita desgosto
Na lúcida expressão de um doce afago.

De todas as lembranças que hoje eu trago,
A mansa sensação deste recosto
Deixando o coração quase que exposto,
Emocionado, amada, eu sempre afago.

O encanto que talvez pensei ser meu,
E um dia em correntezas se perdeu,
Marcou eternamente. Não me esqueço.

E quando uma tristeza se aproxima,
Felicidade em ti encontra a rima,
O amor que foi além do que eu mereço...



1064


Acendo os meus desejos com vigor
Palhaço sem juízo nem perdão,
Queria um fogaréu no coração,
Porém já não suporto mais calor.

Se tanto quanto existo por favor
Teria em coerência outro refrão,
Arrasto meus poemas pelo chão
E teimo ser artífice do amor.

Um ser tão vagabundo que nem eu
Que sabe com certeza que perdeu,
Um joão-teimoso cego sempre insiste.

Arcando com meus versos, um turista
Bancando sem firmeza um otimista
Até quando se mostra amargo e triste.



1065


Acendo tua chama em meu desejo
Nesta ânsia de poder te cultivar
Regada com prazer e muito beijo,
Depois numa ventura decolar...

Assim do lago azul de onde te vejo
A ninfa mais gostosa a se banhar,
Na taça dos prazeres eu prevejo
Esta vontade imensa. Embriagar...

Dançar tua nudez a noite inteira,
Depois sem ter segredos, teu descanso.
Visão desta vontade qual fogueira

Que teima em nos queimar, a pira acesa
Voluptuosamente, mas tão manso,
Tomar-te enfim comigo, com certeza.

1066

Acendo um cigarro,
Sozinho no quarto,
A vida faz sarro,
De amor ando farto,

Eu ligo meu carro,
De noite, e já parto,
Na lama, no barro,
A sorte, eu descarto.

Porém resta o brilho
De ser teu amigo,
Num velho estribilho

Um sonho prossigo,
Seguindo o teu trilho,
Encontro um abrigo...



1067


Acendo uma vontade em cada beijo
Quais seixos que recebem cachoeiras,
Querências e loucuras eu porejo
E bebo das divinas corredeiras.

Num turbilhão de fogos e desejo
Tocando tuas furnas, nas ribeiras
Dos sonhos mil prazeres eu prevejo.
Um pássaro que voa entre soleiras.

Num átimo percebo o teu sorriso,
Audácia me tomando, passo a crer
Possível adentrar no paraíso

E cada novo fruto recolher,
Do amor que se faz lúdico e preciso,
Certeza de alegria e bem querer...



1068

Acendo uma vontade
E nada mais se vendo
Sequer o medo horrendo
Aonde se degrade

O canto aonde brade
A sorte se revendo
E o medo percebendo
O fim em tal saudade.

Vacilo, mas prossigo
E venço outro perigo
Após a curva em vão,

E o charco que adentrasse
A vida sem impasse
Traduz a precisão.


1069



Acerca do que fomos, cada verso
Avesso às tempestades, vendavais,
Vagando em solidão pelo universo
Escuna dos amores perde o cais.

Não posso ter teu lábio junto aos meus,
Tampouco tu te lembras da casinha
Que um dia, pequenina disse adeus,
Na noite que julguei tu fosses minha.

Polvilhaste esperança nesta estrada
Que liga o Paraíso ao duro inferno
Não sobra deste sonho quase nada,
Nas crateras da terra eu já me interno

E colho cada gota de suor
Do amor que antes pensei ser o melhor...



1070


Acerca dos abortos que carrego
Na multifacetária poesia,
Vivendo do que o sonho, inútil, cria,
No rito da palavra, assim me apego.

Não posso disfarçar, sou quase cego,
E nisso, o diabetes faz folia,
O quanto sou somente alegoria,
Não quero ser martelo nem ser prego.

Despedaçando pétalas só restam
Espinhos do que quis ser buganvília
Ao destruir já toda esta mobília

Cadáveres dos sonhos ora atestam
O quanto se fez tolo e placentário
O canto muito além do imaginário...


1071


Acero preparado para a ceva,
O coração sublime da poeta.
Enquanto a poesia ainda neva
Encontra a forma rara e predileta.

Alheio, tantas vezes tive a treva
Nestas tramas abstratas, dor concreta
Seguindo em frágeis bandos, a alma leva
Ao destino cerzido pela seta

Arranjos tão diversos, vozes santas,
Arcanjos desfilando em asas plenas.
Os sonhos que irradias quando cantas

Erigem do vazio, catedrais,
Das mansas primaveras que me acenas,
Espero finalmente ter meu cais...


1072




Acesa esta vontade de te ter
Deitar línguas e dentes sobre ti,
Aos poucos teus segredos conhecer
Eu sinto o paraíso ser aqui

Meus dedos passeando por teus seios
Encontro logo a fonte dos desejos
Tocando com meus lábios os teus veios
Estrelas vão brilhando em relampejos...

E desce uma cascata tão gostosa
E sinto tua boca sobre mim,
Ao ver tua explosão maravilhosa
Também chego ao final, é bom assim

Compartilhamos tudo, amor e gozo,
No fogo do prazer, voluptuoso...



1073



Acesos os pavios da loucura
Que em cios e desejos se completam.
Salivas que se trocam, na procura
Dos mares que se inundam, se repletam...

Explodem multidões de tempestades
Tornando nossos ventos mais bravios.
Rondando nossos corpos, ansiedades
Nos sonhos mais gostosos e vadios...

Nas ondas do prazer as explosões
Roubando a calmaria destas noites...
Tornando bem reais as tentações
Dos lábios sensuais, nossos açoites.

Vazante desta enchente em maremotos
Nas erupções divinas, terremotos...



1074


Achando-me na selva tenebrosa
Vagando pelas sendas da tristeza
Não via no caminho uma beleza
Qualquer em vida amarga e desgostosa.

Uma esperança chega tão frondosa
Nos braços da mulher, a fortaleza,
Que mostra, num momento de incerteza
A sorte a transformar, maravilhosa.

Saveiro que me ajuda a navegar
Por mares turbulentos, procelares.
Guiado por estrelas e luares

Encontro o meu caminho devagar,
Rondando tua luz em liberdade,
Farol que me ilumina, uma amizade...



1075


Achar na treva a luz que necessito,
Achar em teu carinho a salvação,
Vivendo em cada sonho o mesmo rito
De ter nessa promessa, a solução...

Eu vivo transbordando de alegria
Sabendo que encontrei uma saída.
Não deixo mais que a noite tão vazia
Invada nossa cama assim, querida...

Vim de longe, dos ermos do passado,
Tateando, bar em bar, me embriagando,
Teus olhos me deixaram fascinado
Aos poucos me salvei em ti, amando...

Quando pude tocar-te, finalmente,
A luz cegou as trevas totalmente...



1076


Achara bem melhor eu não te ver
Depois destes momentos delicados
Em que não conseguia perceber
Toda complexidade desses fados

Decorridos de amor que sei demais.
Ciúmes que temperam trazem sal,
Agora, nunca é bom ter sal a mais;
Apenas a pitada é o ideal.

Entenda que jamais te quis mentir,
Nem ser o que não sou e nem seria.
Por essas é que tento te impedir
De ver o que esse olhar nunca olharia.

Achara bem melhor eu sempre estar
Disposto nesta vida, a te adorar!



1077

Achava meu caminho tão incerto
Perdido em fantasias, tantos medos...
Vagando sem ter rumo num deserto
Imerso em meus temores e segredos.

A sorte nunca vinha, longe ou perto,
Apenas sensação de dor,degredo...
Agora em minha vida, estou desperto
Bem sei que poderia ser mais cedo

Mas sinto que inda há tempo de lutar
E arregaçando as mangas, meu amigo,
Não deixo mais a vida me tragar.

Eu te agradeço o apoio, companheiro;
Agora sem temor, venço o perigo
E ao mundo não me nego, vou inteiro



1078


Açodam-me as vontades mais audazes
De ter uma estrelar constelação,
Desejos que se mostram mais vorazes
Permitem devorar, sofreguidão,

Ao mesmo tempo sei que são capazes
De trazer a total transformação
Deixando para trás dias mordazes
Estrelas salpicando em meu colchão.

Teu vulto passeando pelo quarto
U’a sílfide fantástica, um colírio
A quem imaginara ser delírio

Amor que me fizesse pleno e farto,
Agora uma tristeza eu já descarto
Legado ao meu passado, um vão martírio...




1079


Açoda-me a saudade de um amor
Que sei, valeu a pena totalmente,
Lembrança que em verdade a gente sente
Nos diz do sentimento o seu valor.

À luz deste sublime refletor
Caminho, peito aberto, vou pra frente,
Sabendo que vivi, que fui contente
Por isso faço aqui este louvor.

Eu sei quanto se sofre estando só,
Porém jamais eu quero pena ou dó,
Orgulho-me da vida que vivi.

Olhando para os lados, sinto ainda,
Presença sempre viva, clara linda
Daquela a quem amei. A sinto aqui.



1080


Açoda-me a vontade de saber
Aonde te escondeste, em qual cometa
Tomaste uma carona. Posso ver
No rastro feito em luz, pegada e seta

Resquícios que deixaste, sem querer.
Quem dera se pudesse ser poeta,
E ter na fantasia tal poder.
A vida mudaria rumo e meta.

Mas nada do que fomos neste espaço,
Nas sendas mais distantes, te procuro.
Ao ver o céu sombrio, amor, eu juro

Depois de tantas buscas, estou lasso,
Vencido pela ausência- noite escura,
Embrenho nas searas da amargura...



1081


Acolho o teu carinho em meu desejo,
Teus rastros pelo quarto, amor, persigo,
Querendo desfrutar de cada beijo,
Eterno companheiro, amante amigo,

A transparência exposta sempre vejo,
Servindo, com certeza de um abrigo
Momentos preciosos que eu almejo
Buscando o teu carinho, assim prossigo.

Quem fora um aprendiz amor declara
Mostrando que apreendeu a jóia rara
E traz a sua imagem sempre perto.

Amor que enlanguescendo, a paz expõe
Além do que procura e se propõe,
Tornando o coração bem mais experto.


1082


Acolho-te em meus braços na delícia
De ter tua nudez junto comigo.
Num toque sensual, tanta carícia
Trazendo o gozo intenso que persigo.

Na concha que descubro; tal beleza
Que logo me inebria e me conquista.
Adoro ser a caça, tua presa,
Sentindo tua mão que me revista

Até chegar ao ponto principal,
Aonde tu percebes meu desejo.
Mulher maravilhosa e sensual,
No fogo do querer, logo latejo

E sinto em tua pele arrepiada,
A lava de um prazer já derramada...



1083


Acolho-te querida. Estou aqui,
Espero que tu venhas mais depressa
O rumo tantas vezes eu perdi,
Mas meu amor intenso se confessa

E baila nos meus sonhos, pois em ti
Eu encontrei amor que se professa
Maior do que pensei, mesmo vivi.
E peço que jamais disto se esqueça.

Eu estarei contigo em cada passo
Na direção da tal felicidade
Que é nossa e que recobre cada espaço

Sonhado e desejado por nós dois.
Vem logo desfrutar desta verdade,
“Não deixe tanta vida pra depois”.



1084


Aconchegadamente nos teus braços,
Felicidade à mostra num sorriso.
Seguindo eternamente nossos passos
Invadem alegria sem aviso.

Passeiam pelos campos dos abraços,
Chegando ao grande Vale Paraíso,
Deitando no teu colo, meus cansaços,
Incrível: eu teu corpo em me matizo.

Ipês e quaresmeiras, matas, relvas,
Veredas, alamedas, bulevar..
Espaços, astronaves, serras, selvas...

Viajo no teu corpo e vou contigo,
Aonde o pensamento nos levar,


1085

Aconchegado estou nos braços teus,
Em tréguas sem procelas ou contendas
Nos lumes tão sutis esqueço os breus
E peço que esta senda assim; desvendas.

Levando cada cântico em fascínio
Rogando pela sorte de poder,
Estar como eu desejo em teu domínio
Desabrochando um mundo de prazer

Seguindo par em par imensa trilha
Que leva ao infinito num instante,
Saber que desfrutei da maravilha
De ter esta mulher tão radiante

Deixando os dias tristes para trás
Nos braços deste amor que tanto apraz...



1086


Acontece que eu te quero
E não me canso de dizer
Que em teus braços recupero
Alegrias e prazer.

Onde havia desespero
Felicidade a dizer
Que o amor, nosso tempero
Tão gostoso de saber.

Sentimento grandioso
Que mudou o meu destino,
Nele enquanto me alucino

Bebo à farta tanto gozo,
Este canto inigualável
É decerto inquestionável...



1087


“Acorda, minha bela namorada,
Vem ver a maravilha deste sol
Que irrompe nos trazendo esta alvorada,
Iluminando assim, todo arrebol.

Depois de tanto amor na madrugada,
As marcas estampadas no lençol,
Vontade de ficar, não fazer nada,
Apenas dos teus olhos, girassol.

A noite foi perfeita, em raro encanto,
Inesquecível mesmo, ouso dizer,
Imerso em alegrias e prazer.

Estrelas se espalhando em cada canto,
Envoltas por teu brilho insuperável,
A fonte de uma luz interminável...



1088

Acordando as almas
Dentro dos sepulcros,
Espinhos são fulcros
Xucros cães acalmas

Lamas repartidas
Repatrias sonhos
Que por mais medonhos
Representam vidas.

Ávidas estrelas
Como é bom contê-las
Mesmo que distantes

Pois já representam
Poeiras que assentam
Luas fascinantes...


1089


Acordando o fantasma que carrego
Durante tanto tempo adormecido
Eu vejo o quão devia ter sabido
Do velho desdentado, amaro e cego.

Burrego no cercado; não me entrego
Ao carcará deveras conhecido,
E mesmo que eu me sinta destruído
Poder ao protetor jamais delego.

Se às vezes eu me esqueço, não renego
O mundo há tanto tempo concebido,
Nem deixo me levar, jamais olvido

De quem mordeu tal isca, e como um prego
Fazendo da esperança um mau emprego
Matou o amor que um dia, eu quis ungido...



1090


Acorde minha amada, o sol nasceu,
E trouxe nos seus raios a esperança.
O mundo que julgava fosse teu
Renova com vigor em nova dança...

Não quero mais sofrer inutilmente
As dores de quem sabe que não tem
Amor que se tornara tão premente,
No fundo não querias mais ninguém!

Os raios deste sol nesta manhã
Trazendo tanta luz sobre meus dias.
Promessas de viver um novo afã,
Em vidas que precisam harmonias...

Talvez se tu quiseres inda veja
Os raios deste sol que não deseja...



1091


Acordei te procurando, o sol lá fora a nascer
Era só um sonho e eu tão longe de ti a te amar
Talvez quimera minha contigo sonhar
Se pelo menos meu amor quisesses ter

Essa noite sonhei com a princesa
Mais bela que encontrei nestas coxilhas.
Mostrando em cada gesto a realeza
Tornando a fantasia em maravilhas...

Chegava tão cansado da procura
Ao ver em tal castelo esta riqueza
A vida se entornando de ternura,
Fazendo-me feliz, pois com certeza

A sorte renascia para mim
Que,vindo uma vida em amargura,
Achando-me bem próximo do fim
Encontro finalmente a minha cura...

Quem dera se... Princesa... Eu fosse rei...
Mas tudo foi um sonho... Eu acordei...



1092

Acordo de manhã e te procuro,
Mas nada percebendo, vou embora
Se toda a solidão ainda aflora,
O pão do dia-a-dia está mais duro.

Por vezes, falsidade; ainda aturo,
A lua se desnuda a qualquer hora
Não quero ter teu braço e sem demora
Distante do teu corpo, salto o muro.

E parto sem destino por aí,
Os rastros deste amor, eu já perdi
E nada impedirá felicidade

De quem não se contendo, vai liberto,
Bebendo cada gota do deserto
Que vejo no horizonte, após a grade...


1093


Acordo de manhã, pão com manteiga,
Tua presença amada e lisonjeira
Mulher maravilhosa nua e meiga
De tantos desafios, companheira.

Estende a nossa roupa no varal,
Os pássaros pousando na varanda.
E descompromissada, casual,
Beleza sensual corpo demanda.

E ali depois de um rito de conquista,
A brincadeira sempre recomeça.
Delícia sem igual olhar avista
Mirar tua nudez, peça por peça

Olhando com tesão e com cobiça
O fogo sem juízo que me atiça...



1094


Acordo destes sonhos e te vejo,
A sílfide que sempre desejara.
No teu olhar um brilho de azulejo,
Tua boca perola jóia rara.

O manto que te cobre, dum verdejo
Raríssimo. Trazendo ares de Iara
No respiro suave do desejo.
Estrelas te servindo de tiara...

Quem sou eu para estar tão perto assim
Da deusa que chega e me tortura?
(A morte vem raiando e é meu fim)

Depressa, num segundo se desfaz
A imagem dos meus olhos some, pura...
Será que foi um sonho e nada mais?



1095


Acordo e nada vejo, sigo só.
Vencido pelas duras ventanias,
Roubando toda a luz dos novos dias,
Estrada me legando apenas pó.

Minha alma num moinho encontra a mó,
Rompendo-se ao final destas orgias,
Nas lúgubres promessas, fantasias,
Estilhaços espalho; fujo à dó.

Não quero mais sarcásticos sorrisos,
A vida se passou sem dar avisos,
Invade a correnteza, velho ninho.

Minha carcaça exposta em cada rua,
E o vento sem limites, continua
Fazendo da amargura o doce vinho.



1096


Acordo e não te vendo desespero...
Procuro-te nas ruas, avenidas.
Sem teu amor é vida sem tempero,
É perder, dos caminhos, as saídas...

Porém ao retornar: felicidade!
Encontro novamente o meu sorriso.
Refeito deste susto e com saudade
Voltamos num segundo ao paraíso.

Tu falas da preguiça tão gostosa
Do amor que se faz forte e sedutor.
Perfume inebriante desta rosa;
A rainha absoluta mulher/flor.

E somos tão felizes, desse jeito,
Da rosa ; eu recebendo o amor perfeito....



1097

Acordo e não te vendo
Procuro inutilmente
E mesmo que inda tente
Mistérios não desvendo
E sei que sou remendo
Do sonho onde apresente
A vida em penitente
Caminho em duro adendo.
Escárnio sou e sinto
O sonho agora extinto
Matando a primavera,
E o tanto quanto eu quis
Jamais me fiz feliz,
A vida em vão espera.


1098


Acordo no calor dos braços teus
E sinto em teu perfume a redenção
Dos dias que passei, caminhos meus,
Aonde não havia direção.

No fundo de teus olhos eu percebo
O brilho da esperança refletido,
Um mundo tão fantástico concebo
Deixando o que eu vivi já esquecido.

Chegaste em minha vida abençoando
Na glória que se faz em luz intensa.
Futuro fabuloso se mostrando
Recebo o teu amor em recompensa

E a vida assim prossegue em plena paz,
No gozo deste amor que a noite traz...



1099

Acordo no calor
Do sonho mais audaz
E nada enfim se traz
Aonde eu quis propor
Um dia em raro amor,
Mas nada satisfaz
E o passo outrora em paz
Agora em nova cor,
Agrisalhando o passo
Enquanto nada resta
Sequer o que ora traço
Em noite mais funesta,
Apenas o cansaço
E a morte dita a festa.


1100


Acordo uma esperança adormecida em mim,
Depois de tanto tempo a vida prosseguindo
O medo dominando, o dia se esvaindo
Restando simplesmente amor que sei sem fim,

O gosto de teu beijo, a boca carmesim,
O dia anoitecendo, o medo perseguindo
O quase que chegando, o nunca perseguindo
Meu verso te procura e nada encontra enfim.

Mas sei que longe vens em passo galopante
E logo chegarás, mulher que tanto eu quis.
Entrando em minha casa, em riso triunfante

Mostrando que bem sabe o quanto necessito
Do braço que distante, ao me deixar aflito
Retorna neste instante, e me faz tão feliz...


1101


Acordos celebrados nos garantem
Momento inesquecível de um mergulho,
Sementes de ternura que se plantem,
Suplantam a aridez do pedregulho.

As aves libertárias que já cantem
Enchendo o coração de raro orgulho.
Dois corpos que os desejos sempre imantem
Permitem paraíso que vasculho.

Pensando tão somente em nosso caso,
Do quanto ser feliz ora me aprazo
E vivo esta certeza dia-a-dia.

Do todo que hoje somos, as metades
Unidas preconizam claridades
E um amor inabalável já se cria...



1102


Acordos que quebramos no passado
Talvez não nos permitam mais pensar
No vento que chegando devagar
Transporte o sonho às vezes renegado.

A marca em nossas costas, como um gado,
Estampa uma verdade a se mostrar
Do mesmo amanhecer vou comungado
Usando esta esperança como altar.

Porém ao pôr do sol, o olhar vazio
Espreita a lua cheia que não vem.
Distante dos carinhos de outro alguém

Apenas ilusão, vasculho e crio.
Serpentes rastejando sobre o chão,
Amordaçado sonho: negação...



1103


Aços que ora penetrem, ponta e gume,
São riscos que hoje corro, mas me iludo
Se faço do meu verso frágil lume
Percebo que perdi, prossigo mudo.

Usando a fantasia, vão costume,
O gosto do talvez virá com tudo
Minha alma faz do amor o seu estrume
Palavra, um canivete pontiagudo.

Sem ter a panacéia, as emoções
Caricaturas frágeis, garatujas
As mãos permanecendo frias, sujas

E o verbo se dourando de ilusões
Não quero que decifres meus enigmas,
No rosto trago em mágoas vis estigmas...




1104


Acreditar no amor? Pura tolice...
Amor é qual criança sem juízo.
Por vezes imagino o paraíso,
Mas ao acordar tudo se desdisse.

Portanto; quanto amor vem sem aviso
E em pouco tempo some. Não me atice,
Te peço, por favor. Como eu te disse
Amor não tem prever, escorre liso...

Volúvel sentimento, nos decora
Depois, sem ter motivos vai embora.
Amor não sabe tempo nem lugar

No meio do deserto, amor aflora.
Nos leva, sem sabermos, ao luar.
Mas corta nossas asas ao voar...



1105

Acreditas que amor não se procura
Nas horas mais temidas desta vida
E pensas que tu vives noite escura
Em verdade és amada sim, querida...

Eu quero que tu saibas quanta luz
Existe no teu peito mavioso,
Negando tanto amor que se produz
Não sabes deste amor tão orgulhoso

De ter amor divino e possessivo,
Em tudo dominante mas sereno,
Vivendo em pleno amor conforme vivo,
Espero tanto amor em mar ameno...

Não tenha mais o medo que perturba
Amor que água serena já conturba


1106


Acredito nos sonhos; sou poeta;
Por isso é que desfraldo esta bandeira.
A vida na verdade é tão ligeira
Até ouso dizer que é incompleta.

Quem tem felicidade como meta
Não deixa de lutar a vida inteira,
Depois vem a mortalha corriqueira;
Eis a realidade mais concreta.

Salvando os meus poemas num disquete
A velha ladainha se repete,
E assim, numa rotina insuportável

Teimando ser o solo enfim arável
Cultivo a estupidez do esperançoso
Sonhando um mundo em paz... Maravilhoso...



1107

Acuda que esta festa é toda nossa
Sacramentando o quanto nos queremos.
Se tudo o que na vida nós tivemos
Com nossas alegrias ninguém possa.

Império dos sentidos, gozo empossa,
Flagelos que deveras não sabemos,
O jogo preferido; ainda temos,
Tempestas de prazeres nos empoça.

Ao ganharmos apostas, dados lanças,
Cupido tão certeiro em suas lanças
Amansa o coração, faz seu concerto.

E as liras em sublimes harmonias
Etéreos passageiros; já sabias,
No amor mesmo as tristezas têm conserto.


1108


Açudes de alegria em que sabia
Naufrágio desta tola embarcação
Carcaça do que fomos, negação
Em vão meu verso queima a fantasia.

E se não tendo o mar quer maresia
Corsário se perdeu em duro chão
Na areia movediça da ilusão
O quase se tornou monotonia.

Mereço ter alguém que seja assim?
Do beco sem saída quero o sim
E minto se não falo da destreza

Daquela que julgara caça e presa
E agora me despreza em voz sutil.
Melhor que me mandasse à que pariu...



1109

Acumulando dores e senões
Janelas e tramelas me impedindo,
Guardado nestes gélidos porões,
Os ermos de minha alma, descobrindo.

Distante do que um dia acreditei,
Nefastas garatujas numa agenda.
Qual fora um imbecil fora-da-lei,
A sorte se escondendo, traz a venda

Que impede que eu perceba alguma luz,
Aonde imaginei ter esperança.
O verso mais medíocre traduz
Funesta realidade que me alcança.

As traças devorando esta alma triste,
Que insana e solitária, inda persiste...



1110


Acusar quem tanto amou, louco mistério,
Nada mais que matar, ser qualquer um.
Preparas meu caminho, deletério,
Avanço e sou vencido, isso é comum.

Amor que tanto eu quis, fugindo etéreo,
Descarta-me sem paz ou rumo algum.
A vida que exigira mais critério
Não me deixa mais nada, vou nenhum.

Certamente, pensaste ser imensa.
Quem mata, simplesmente nunca explica,
As dores que me causas, recompensa?

O medo dilacera e tudo pui,
O tapa que me dás, luva e pelica?
Só sei que meu castelo, cai e rui...



1111


Adendos tão diversos nesta vida
Inglória que tentei ludibriar,
A noite em que pintei pleno luar
Há tanto que se foi, sem despedida...

Quisera ter somente uma saída,
Porém não sei aonde te encontrar,
Se eu vejo o teu reflexo, imenso mar,
Mergulho e nada, tendo, o sonho acida...

Acaso se eu pudesse te tecer
Em cores tão diversas, mil matizes
Talvez no amor ainda fosse crer,

Persigo a tua imagem dentro em mim,
Mas vejo as velhas frias cicatrizes,
Cevando ervas daninhas no jardim...



1112


Adentra num momento a praia e o mar
Quem faz da claridade o seu poema,
Sabendo quanto é bom, decerto amar,
Não vê mais no caminho algum problema,

Não tendo mais sequer qualquer algema
Recolhe cada fruto do pomar,
Mostrando em paz profunda um raro tema
Espreita esta alvorada a debruçar.

No sol que nos bendiz quando ilumina,
Felicidade imensa descortina
Uma esperança imersa em nosso peito.

Vivendo o nosso amor, raro e profundo,
Permito ao coração ser vagabundo
Fazendo do luar seu claro leito.



1113


Adentra num momento a praia e o mar
Saveiro dos meus sonhos, triunfante,
Caminha por um rumo mais constante
Até que em manso cais possa chegar.

Eu quero em calmaria naufragar
Ao ver tanta beleza num instante,
Vencer a correnteza provocante
Beber até o dia clarear.

Chamando para a festa esta incansável
Parceira que se mostra mais amável
Deitando o seu carinho no meu peito.

O rio que decerto me convinha
No peito sonhador, logo se aninha
Fazendo do luar seu claro leito.



1114


Adentra o infinito em teu perfume
O quanto decidira no passado,
Não tendo a vaidade por costume,
Eu sinto o vento imenso, adocicado,

De tudo o que transporto do passado,
Ainda levo aqui, teu claro lume
E mesmo que se perca de ciúme
Caminho o tempo inteiro lado a lado.

Esgarço os meus lençóis, rasgo o meu peito,
E vamos prosseguindo desse jeito
Sabendo que virá qualquer perigo.

Minha alma que é da tua siamesa,
Refoga com tempero uma tristeza,
Andando passo a passo, estou contigo.



1115


Adentra o mar imenso feito em luz
O sonho de quem ama e te deseja
A brisa da esperança é benfazeja,
No beijo que alegria reproduz.

Nos corpos que se tocam quando nus,
Felicidade e gozo, amor almeja
Não tendo vencedores na peleja
Ao bem supremo, amor sempre conduz.

No quanto nada somos sem amor,
Cerzindo um céu imenso em claridade
Negar o nosso amor, não há quem há-de

Em jade e diamante a se compor,
Unida solução feita em contraste
Seguindo cada rastro que deixaste.



1116


Adentra o nosso peito já sem trinco
Quarando uma esperança no varal
Do tempo em que se fez com todo afinco,
O sonho com certeza, magistral.

Metáforas à parte, eu sei o quanto
É necessário o sonho. Refazendo
O caminho que entranha pelo encanto
Da vida noutra vida se perdendo,

Eu posso perceber o quanto é belo
O sol que em nosso peito faz morada.
O corcel da alegria, quando selo,
Ao céu vai se elevando. Imensa estrada.

Imerso nos meus próprios sentimentos,
Expresso a força intensa destes ventos...



1117


Adentrar as veredas da esperança,
Sentir todo o Poder de quem nos ama.
Manter no coração, a imensa chama,
Fazendo do perdão; afiada lança.

Quem sabe inda veremos a mudança,
De um mundo sem sentido, noutra trama,
Sorrir no ato final do imenso drama,
Voltar a ter os olhos da criança

Que um dia nos mostrou que ingenuidade
Demonstra, com ternura e liberdade,
A luz que não se apaga, pois eterna.

No Amor, a mais possível redenção,
De um povo que; vivendo em aflição,
É barco que em tempestas, não aderna.



1118


Adentre os campos vagos da saudade,
Meu verso sem limites ou fronteiras,
O mar que se fez cedo em falsidade,
Não tem mais seus emblemas nem bandeiras

Quem dera que eu pudesse em liberdade
Falar de outras notícias corriqueiras
As horas sem saber tranqüilidade
Decerto que serão as derradeiras.

Empedernido sonho que revolta
E traz em carrossel um rosto antigo,
As mariposas seguem numa escolta

Rondando a lamparina da esperança.
Olhando o meu passado, inda persigo,
A voz que há tanto tempo não me alcança...




1119


Adentro a profundeza da masmorra,
Levado pelos braços da saudade.
Imagem do que tive já se borra
Amortalhando assim a claridade.

O quanto amor se fez autofagia,
Estremas as unções que tu me destes,
Carpindo as mais sinceras fantasias,
Epidêmicas dores, velhas pestes.

Um mantra repetido à exaustão
Um dia prometera nova sorte.
Saudade do que fora uma ilusão
Condena uma esperança, assim à morte.

O pátio dos meus sonhos vai vazio,
Mergulho no passado, insano e frio...



1120


Adentro ao mais sublime paraíso,
Teu corpo iluminando a nossa cama.
Amor que veio vindo sem aviso
Acende em brasa imensa, a velha chama.

Meu verso se tornando mais conciso
A cada nova estrofe sempre exclama,
Falando deste amor calmo e preciso,
Negando a dor solene, amargo drama.

Tendo a minha sina nos teus passos,
O coração imerso em belos paços
Fartura de esperança e de emoção.

Toada de um caboclo enamorado,
Nos raios deste céu iluminado
Vivendo, com certeza esta paixão.




1121


Adentro ao mais sublime paraíso,
Constelações; encontro a cada passo
O pensamento alçando o livre espaço
Espalha em meu caminho, o teu sorriso.

A sorte que se fez sem um aviso
Espelha no teu rosto cada traço
E a cada amanhecer de novo eu faço
Andanças tão fantásticas que biso.

Com toda esta esperança, aberto o peito,
Felicidade plena, agora espreito,
Prossigo sempre nesta direção.

Recolhendo as estrelas que espalhaste
Percebo quanto em mim tu perfumaste
Vivendo, com certeza esta paixão.




1122

Adentro as cerrações do meu destino,
Encontro teu carinho, minha amada.
O sonho mais divino e cristalino,
Conduz a nossa sina à mesma estrada...

Refaço minhas sendas nos teus braços,
Searas tão tranqüilas quero ter.
Somando nossos rumos, nossos passos,
Ajudam, com certeza, um bom viver.

Não sei sequer o nome dos meus Fados,
Mas sinto tua mão; és minha Fada.
Os pés que se cortaram, tantos cardos,
Encontram uma manhã iluminada.

Meus versos te dedico, todo dia,
Nas asas deste amor, minha alegria!



1123


Adentro cada parte de teu corpo,
Com fúria e com carinho sem igual,
Zarpando e procurando em todo porto
Ancoradouro belo e sensual.

Nas tocas e nos vales, nas reentrâncias
Nos montes, cordilheiras e montanhas,
Prazeres ecoando em consonâncias,
Colhendo teus orgasmos, nossas sanhas.

Abraço-te e depois, bebo do vinho
Que emanas em cascatas pelas fontes
Aonde ao encontrar sacro caminho,
Descobri radiantes horizontes.

Gemidos e sussurros, belo altar
Que é feito da alegria de se amar...



1124


Adentro delicado em teus caminhos,
Extasiado encontro maravilhas,
Sorvendo desta fonte em mil carinhos,
Percebo a maciez em belas ilhas...

Arranco quando houver alguns espinhos,
E perco-me em delírio nessas trilhas,
Um pássaro buscando por seus ninhos,
Ao ver-te em plena festa já me pilhas

Com néctar e manás deliciado,
Matando minha sede em bela fonte,
Sentindo este querer revigorado

Na fome de te ter sem mais segredos,
Em convulsão derramas no horizonte
Enchentes lambuzando nossos dedos...



1125


Adentro delicado
Caminhos mais gentis
E vejo o quanto eu quis
E sei aonde invado
A vida dita o fado
E gera a cicatriz
No quanto já desfiz
O tempo degradado.
Aprendo com a queda
E nada mais se trama
Além do velho drama
E nele a sorte enreda
O dia mais audaz
Buscando inútil paz.


1126


Adentro em fantasia, os lupanares,
Sedento de prazeres e de gozos,
No amor ensandecido, os meus altares
Delícias em delitos caprichosos.

Acendes tal vontade e com fartura
Entregas teus desejos para mim.
Depois de tanto tempo em vã procura,
Voluptuosamente agora eu vim

Beber deste teu rio em cachoeira,
Descendo mansamente até a foz.
Paixão que se promete derradeira
Estende ao infinito a louca voz.

Clamando por teu corpo, insanamente,
Mergulho nos teus braços, de repente...



1127


Adentro em gozo e festas tão carnais,

Em ritos, catedrais do amor divino,

Bebendo desta fonte quero mais,

Até que entorpecido, desatino.



Meu ópio, nossas noites sensuais,

Ouvindo em alegria, cantos, sino;

Eternas fantasias, carnavais,

Alegorias, jogos... Perco o tino



E vago no teu corpo sem fronteiras,

Adentro cada ponto de partida,

Chegando à perfeição dos fartos seios,



As mãos vão percorrendo mais ligeiras,

Até que a sorte seja decidida,

Orgásticos delírios, sem receios...



1128


Adentro em ilusões, mares celestes,
Apátridas estradas, rara andança.
O quanto em alegrias me revestes
Permite vislumbrar suprema herança.
De luas e de estrelas, tuas vestes,
A voz de um querubim, meu peito amansa

Não temo mais o sol, sequer a lua,
Nas luzes tão diversas, aquarelas...
Arcana fantasia se cultua
Enquanto o meu destino agora selas,
E bebo tua imagem, clara e nua.
Oníricas paisagens me revelas.

Estendo minhas mãos e ao te tocar
Mergulho em gozo náufrago no mar...



1129



Adentro esta fornalha, catedral
Luxúrias em volúpia desenhadas
Em arquejante fogo, o ritual
Das tramas, coxas pernas que enlaçadas

Numa fotografia sensual
Das marcas dos desejos entranhadas
Louvores ao prazer santo e carnal
Das fomes e das sedes saciadas

Em rósea loca, senda em umidade
Vulcânica promessa, tempestade...
Encharcas tua gruta, sal e leite,

E bebo do teu gozo, língua e dedos.
Sabendo da delícia dos segredos
Que trazem para nós todo o deleite...



1130


Adentro na paixão, dura peleja
Por vezes na batalha saciado,
Meu dia vai além do que deseja
Um sonho que se mostra iluminado.

Por mais que dura, a vida, sempre seja
Quem dera se eu ficasse – amor – ao lado
Desta mulher que tenho desejado
E pela qual meu mundo já viceja.

A natureza se molda soberana
E trama o doce amor, em tal beleza
Que às vezes o destino nos engana

Encenando outros atos de outra peça.
Mas saiba que por fim tenho a certeza
E não há nada, amor que nos impeça...



1131


Adentro nesta praia um belo mar
Que é feito de esperanças verdejantes
Ao menos vou buscando por instantes
Certezas de poder de novo amar

Alvíssaras em ter e te encontrar
Em sonhos e palavras diamantes
Estrelas que nos tocam radiantes
Audazes as vontades de provar

Da boca que sorrindo faz a festa
Abraça e tanto embala o coração.
Num acalanto manso em que se empresta

A sorte que nos chama, sedução.
Vencendo qualquer medo que aflorasse
Eu sirvo ao nosso amor sem ter disfarce.



1132


Adentro no teu quarto, em tua cama,
E roço tua nuca, em minha barba,
Provoco tua pele, nossa chama,
Tua defesa cede e assim desaba.

Subindo na parede, em viva rama,
A noite assim começa, assim acaba
No fogo que nos toma e cedo inflama,
No quarto, na tapera, lama ou taba,

Num alvoroço insano que não pára,
As mãos tocando os seios devagar,
O mapa do tesouro se escancara

E vamos num passeio ao infinito,
Sorvendo cada gota deste mar,
Na delícia deste encanto, nosso rito...



1133

Adentro nos teus mares, meus navios,
Vagando pelas costas, praias, portos.
Meus olhos te procuram, vão absortos;
Cumprindo suas sinas mais vadios.

Unindo nossos corpos, firmes fios,
Acertam meus caminhos, antes tortos.
Dos sonhos que eu julgara, há muito mortos,
Renasço em noites quentes, nos estios...

Da essência magistral deste desejo
Que forma em duas vidas, diamante.
A pele se salgando em cada beijo,

Tomando novo rumo em um instante,
Amor nos ilumina, um relampejo
Numa explosão divina e deslumbrante...


1134





Adentro os pensamentos, galerias
Profundas de tal mente pervertida,
Vences as intempéries desta vida,
Sentindo a maravilha que ora crias.

Girando em carrossel, diversos dias,
Espero a recompensa pela lida,
Na mão abençoada, a paz urgida,
Espalha pelos céus as melodias

Que um dia, sendo feitas com destreza,
Pensaram no amanhã que sem surpresa,
Traria uma saída ao labirinto

No qual ao me perder, eu te encontrei,
Vivendo cada sonho que busquei,
No amor que desejei e agora sinto...



1135


Adentro os teus caminhos, faço a festa
E bebo o teu suor em doce mel.
Percebo a tempestade em bela fresta
Avanço a noite inteira, ascendo ao céu...
Qual bandeirante em busca, na floresta,
Montado na esperança, meu corcel;

E vago entre estas pernas, grutas, fontes
Não deixo de espreitar esta beleza
Que forma com rosáceos, vales montes,
A se encharcarem logo com certeza.
Ao ver os teus sorrisos, em horizontes
Sublimes; agradeço à natureza

Que fez de mares loucos e bravios,
Furores delicados. Nossos cios...


1136





Adentro os teus desejos com tal fogo
Que insano, se transforma logo em lava
Derretida em delícias, nesse jogo
Aonde em mil anseios a alma lava,

Desvendo os teus segredos desde logo
E uma haste em tuas sendas já se crava
Amores e prazeres, prece e rogo
Na boca que me molha enquanto trava.

Recebo em tal ardor paixão em gozo,
Feitiços e desejos, entrelaces,
Torpores num caminho voluptuoso

Famintas nossas noites em suores
Hormônios aflorando nos enlaces
Causando em convulsões mil estertores.



1137


Adentro por teus olhos, coração,
Entranho meus desejos no teu peito.
Mostrando devagar, cada trejeito
Que leve para ti a sensação

De ter uma alegria, uma emoção
Que traga teu olhar para o meu leito.
Das dores do passado, estou refeito,
Já pronto para a vida em profusão.

Eu quero estar na tua companhia
O tempo que quiseres, meu amor.
Fazemos em mil versos parceria,

Mas algo além do canto eu quero ter.
Poder contigo estar e me perder,
Contigo neste mundo encantador...


1138


Adentro teus mistérios e segredos,
Fluindo por teu corpo, sede e senso.
Invado cada poro com meus dedos.
Num ato desejoso em fogo tenso.

Ajeito-me em teus braços, sinto o rumo
E nele entranharei com fome tanta.
Num movimento calmo assim me aprumo
E sei da corredeira que me encanta.

Encaixes tão perfeitos. Desfrutamos
De todos os momentos. Unos somos,
Até que em explosão juntos tomamos
Da fruta proibida, sumos, gomos...

E assim, redemoinho cessa a fúria
Em placidez repleta de luxúria...



1139


Adentro tuas selvas e teus mares,
Lasciva, regozijas e sorris.
Nas algas que escorrendo em mil lugares
Aquário que enlouquece e faz feliz.

Romãs encontro duas nos pomares
E o néctar delicado que eu bem quis.
Lúbrica, ao se abrir sob os luares,
Emanas teu perfume, flor de lis.

Penetro e com meus barcos sei do cais,
Das trevas e das furnas maviosas
Deixando como herança o querer mais.

E assim, libido a toda, um marinheiro
Perdido nesta selva encontra as rosas
Das quais se lembrará de cada cheiro...



1140


Adoças minha boca com teu mel,
Vivendo em cada instante uma alegria
Voando pelos ares, ganho o céu,
Fazendo da esperança, montaria,

Deitando nosso amor belo dossel,
Encontro toda a sorte que eu queria,
A lua vai girando em carrossel,
Tramando a cada volta, a fantasia

Que esparramando estrelas sobre o chão,
Aonde salpiquei meu pensamento
Recebo em cada beijo a perfeição

De quem sabe fazer alguém feliz.
E o dia transbordando em sentimento,
Em versos e prazeres, tudo diz...


1141


Adoço com prazer a fonte e a mina
Seduzido e feliz peço de novo
O jogo que me entranha e já domina,
E nele toda noite me renovo.

Eu provo desta insânia e quero bis,
Vencido pelo gozo que se dá
Eterna sensação de um aprendiz
Que quer e nunca mais te deixará.

Bem mais do que podia ter um dia,
Medida sempre justa feita em riso,
O amor que assim se esbalda em poesia
Resume o que pensei ser paraíso.

Esfinge que se mostra decifrada
A vida vai passando iluminada...






1142


Adolescentes sonhos que se foram,
Jogados na espiral do tempo rude.
Os olhos que gotejam não mais miram
Amor que tive em minha juventude.

As luzes do passado não decoram
É necessária sempre uma atitude,
Da minha mocidade, se depuram
Momentos onde a luz veio amiúde.

Desfecho destes sonhos? Eis aqui;
Na doce criatura amada amiga,
Toda alegria antiga encontro em ti.

Mulher maravilhosa, num instante,
No quanto esta lembrança já se abriga
Nos braços deste sonho inebriante...



1143

Adolesceste linda, frágil, mansa...
As hordas te seguiam mais sedentas;
As noites prometiam violentas.
Nas festas, a rainha loura dança.

Aprendiz de mulher numa criança.
Os risos e as lágrimas que inventas
Não deixam perceber no fundo, tentas;
Deixar as tuas marcas na lembrança.

Adolesceste enfim, chega o verão!
Os medos transfiguram belo rosto,
As garras da saudade, da paixão,

Invadem, tempestades e procelas.
Alegria cobrando seu imposto,
Um Deus pintor, fazendo suas telas!

1144


Adormecermos sonhos entre lumes
Que façam e permitam tal viagem,
Usando o coração como estalagem
Exalas entre as rosas teus perfumes.

Da imensa cordilheiras, altos cumes
Com toda uma excelência, diz miragem,
O amor que em esperança muda a aragem
Vencendo com destreza meus queixumes.

Riscando qual cometa o céu sombrio,
Extrema fantasia que ora eu crio
Usando nossos sonhos como tela.

Beleza que suprime a maravilha
Que a cada novo sonho se compartilha
E tendo o teu carinho se revela!


1145

Com estrambote


Adormeces, suave, num divã...
Nunca sonhas comigo, bem o sei.
Os teus olhos fechados. Amanhã
O sol virá beijar o que sonhei...

Vou vivendo intranqüilo neste afã.
Em toda a fantasia que criei,
Tu vens tão bela e nua cortesã.
Mal sabes quanto tempo eu te esperei...

Eu sonhava acordado, nem me vias...
Voavas transparente, num corcel,
Caminhavas, angélica, no céu...

Lambiam-te serenos, ventanias...
As rosas que choravam tua ausência,
Imploravam pediam por clemência.

Mas não ouvias, ias solitária,
U’a passageira alada, temerária...
E a noite te abraçava, solidária...

1146


Adormecida em sonhos esperando
Poemas tão diversos a buscar
Um mundo em emoções, sol, céu e mar
No amor em plenitude se tomando.

Em meio a caracóis vai se inundando,
Nos cavalos marinhos, cavalgar
Entre estrelas do mar a rebrilhar
Fosforescência imensa debruçando

Sobre quem sonhando, uma sereia
Trazendo para o mar a lua cheia,
Num prisma multicor e soberano

Dezenas de matizes sensuais
Deitando o sol por sobre estes corais,
Mergulho de cometas no oceano.



1147


Adoro amar você
a cada novo dia,
no amor que a gente crê
delícias em folia,

sem medo e sem por que,
esbaldando alegria,
quem sabe logo vê
amor que bem queria

no corpo da morena
bonita e caprichosa,
uma bela açucena

perfumando qual rosa,
a sorte que me acena,
mulher maravilhosa..



1148





Adoro amar você
sem dúvidas ou medo
E quando me concedo
Ao mundo onde se vê
O amor dita por que
A vida em paz procedo,
Desvendo este segredo
E nele esta alma crê.
O canto em harmonia
A sorte se traria
Além de mero ocaso,
E o quanto ser feliz
Vivendo o que mais quis
Deveras quero e aprazo.


1149

Adoro as sacanagens que fazemos,
Loucuras entre gozos e gemidos.
E enquanto a noite inteira nós sabemos
Os medos e problemas esquecidos.

Do mundo sem sequer saber notícia
O tempo se desenha atemporal
No jogo furioso e sensual,
Sem regras, sem pudores, sem polícia.

Sentindo a maravilha de poder
Estar dentro de ti, úmida senda.
Molhando o meu caminho em teu prazer
Mistério entre as algemas se desvenda

Num frenesi fantástico, os orgasmos,
Tomando nossos corpos, mil espasmos...


1150


Adoro com certeza esse teu jeito
Fazendo tempestade em copo d’água,
Felicidade imensa quando trago-a
Expondo sem temores, o meu peito.

O que vier de ti, decerto aceito,
Não guardo mais a dor sequer a mágoa
Meu lago se inundando com tanta água
O rio ultrapassando qualquer leito.

E nesse temporal meu barco segue,
Minha alma transparente já consegue
Saber vencer o medo e a agonia.

Depois de tanta luta; braços lassos,
A vida rememora em mansos traços,
Semblante extasiado em alegria



1151


Adoro comer churros, sabes disso.
Principalmente aqueles de goiaba.
O amor que tu me deste, era postiço
Bem antes do final, o gosto acaba.

Sou vítima imbecil deste feitiço,
A casa dos meus sonhos já desaba.
A flor deste jardim perdendo o viço
Meu palacete agora virou taba.

Restando em minha vida, este tabaco,
Do vinho que eu bebi, não me quis Baco,
Nas águas deste amor dei com os burros.

Com cara de idiota, este babaca
Quando chegou não tinha mais barraca,
Ficou sem ter goiaba e nem os churros...



1152


Adoro desnudar-te por inteiro,
Tua alma, pensamento corpo e sexo,
Amor demais querida, perde o nexo
E mostra-se sutil e verdadeiro

Nos atos deste amor, um feiticeiro
Tão simples sendo embora mais complexo,
Não temos a vontade como anexo
Pois vamos sem limites, gosto e cheiro,

Sabores tropicais, aluviões,
Vertentes que se entornam belas fozes
Desejos tão sublimes e ferozes

Retratam as fogueiras das paixões
Que são, tenha a certeza, inaplacáveis,
Em noites que em amor, insuperáveis...



1153

Adoro desnudar
Sobeja maravilha
Aonde o sonho trilha
E traça o seu lugar
De tanto caminhar
Já sei o que palmilha
E a sorte ainda brilha
No quanto a desejar,
Encontro neste instante
O todo e se garante
A sorte noutro fato,
Amor já sem temores
Cerzido sem rancores
E nestes sonhos ato.


1154



Adoro estes cenários
Em sonhos mais audazes
E quando a voz me trazes
Em tons mais necessários
Ermos itinerários
Ainda quando em fases
Diversas, temerários.
Audaciosamente
Vagando além da mente
O corpo se liberta
Ascende à eternidade
Aonde o todo invade
E traz palavra certa.

1155


Adoro quando empinas; desejosa
O sonho mais audaz e reconheço
É dádiva divina e preciosa
Além do que sonhara. Eu não mereço

A grata maravilha que orgulhosa
Escondes nesta saia. Mas te peço
Resistes e me dizes dolorosa
Esta satisfação onde enlouqueço.

Prometo mil carinhos e salivas,
Depois de muito tempo, cedes rindo.
Tu sabes deste encanto quase infindo

É o sonho que alimento todo dia.
Amada, em tua rota esta alegria
Porém só se desenham perspectivas


1156


Adoro quando a sorte se compete
e trazes cada passo em emoção
De novo, vem depressa e já repete
O fogo do desejo em explosão.

Não quero mais jogar nenhum confete,
Mas amo esta vontade e a decisão
Depois devagarzinho me arremete
E faz desta esperança o meu refrão

Até que no final, a sorte venha
E bebes todo o sonho com vontade.
Gostoso é perceber a tua senha

Gemidos, e sussurros, na verdade,
Vem logo, não consigo me conter.
Eu quero a noite inteira a percorrer.


1157


Adoro receber amor e flores,
Palavras que adoçando a minha vida
Resplendem em vigor com tais fulgores
Deixando uma tristeza na saída.

Rebentos dos amores indizíveis
Meus versos se arrepiam e sussurram.
Percorro no teu corpo os mais incríveis
Caminhos em que os medos já se curram.

Eu quero ter certezas e vontades
Completamente imersas no teu fogo,
Assim, ao preceder as liberdades
Que se permitirão em nosso jogo

Eu digo quantas vezes tu quiseres.
Eu te amo; A mais bonita das mulheres....



1158


Adoro te sentir colada em mim,

Olhando para as nuvens, sinto o vento...

Roçando tua boca carmesim

A vida se eterniza num momento.



E quase flutuando digo sim

A todos os desejos. Sentimento

Tomando, lentamente até que ao fim

Da tarde, num divino movimento;



Deitados, nos tocando e nos sentindo,

Eu ouça tua voz já me chamando

Num canto tão macio, manso e lindo



Num arrepio intenso, num sorriso,

Suspirando gostoso e me chamando;

Juntos, sem juízo, ao paraíso...



1159



Adoro te sentir colada enquanto
A vida noutro rumo se traduz
E sinto o quanto quero e faço jus
E neste desenhar tudo garanto,

Vencido por talvez algum quebranto
O medo noutro rumo nega a luz,
Mas quando se presume apenas cruz,
Liberto o coração enfim, eu canto.

Viceja dentro da alma esta esperança
E a sorte num momento em paz avança
Gerando o quanto eu quis e não sabia

Traçando o meu caminho em paz e glória
A vida que se fora merencória
Agora se transcende em fantasia.



1160


Adoro te sentir provocativa,
Sentada em minha frente, as pernas cruzas,
Decotes, transparências, belas blusas,
Delícia que se mostra agora altiva.

Por mais que a timidez ainda viva,
Decerto a mais gostosa entre mil Musas
Deixando as minhas noites mais confusas,
Nos braços da paixão radioativa!

Permita-se, fazendo da ousadia
Um toque mais sutil, doce magia
Que encanta e me provoca totalmente.

Adultos, na verdade querem mais,
Que simples namoricos tão iguais
Em beijos, tentações adolescentes...



1161


Adoro te sentir, vontade insana
De te tocar inteira, e te despir,
De noite, na delícia mais profana,
Sem nada e sem ninguém para impedir

Dois corpos que se querem, se desejam,
Em toda esta loucura, levitar;
Nas bocas curiosas, já latejam
Palavras que se tocam, sem parar...

Invado o paraíso, num segundo,
Respiro teu desejo sinto o cheiro,
De tantas maravilhas, eu me inundo,
Do amor deliciado, por inteiro...

A noite vai passando; lua e sol,
Estrelas nos olhares, um farol...



1162

Adoro teus cabelos, és perfeita,
Na boca sensual tudo se sabe
Minha alma na tua alma se deleita,
Amor que tanto tenho não me cabe...

De tanto que te quero, tão profundo
Amor, neste teu céu eu vou sonhando
Com alguém que vivendo neste mundo,
Fazendo levitar, ando pensando.

Voando com as asas que me deste,
Flutuo com teus pés ó minha amada.
Recebo teu carinho como um teste
Depois de tanto sonho serei nada?

Só sei que por teus passos tanto imploro,
Amor que mais que tudo, eu sempre adoro



1163

Adubo a consciência com virtudes
E morro sem saber se irei colher,
Encontro no pomar vicissitudes
E as velhas armadilhas posso ver.

No quanto necessito de atitudes
Que possam me ajudar a perceber,
Por mais modifiquem latitudes
Os erros, congruentes, do meu ser.

Serrando os meus navios, mesmo assim,
O porto que carrego dentro em mim
Permite este naufrágio, com certeza.

Se nada do que fui ainda trago,
Causando maremoto em manso lago,
Ainda vencerei a correnteza...




1164


Afago com carinho estas madeixas,
Ronronas como gata em pleno cio,
Olhar bem mais guloso, até vadio,
Enquanto se acarinho e nada queixas.

Prometo de mansinho, mas não deixas.
A noite vai passando em pleno frio,
O amor que a gente sente por um fio,
Prometes e me negas, ninfas, gueixas.

A roupa transparente chama à festa,
Maldosa, tu me fechas qualquer fresta
Fingindo, tudo mostra; distraída.

Eu quero ter prazer; a gata mia,
E num momento feito em poesia
Percebo, neste amor, uma saída.



1165


Afagos em delírios sem pecado,
Tomando o meu juízo. Que loucura!
O beijo mais ardente e mais molhado
Enquanto a gente quer e se procura

O gozo sutilmente anunciado,
O fogo que nos toma e nos tortura,
Eu quero toda noite ser caçado,
Teu mel que a cada beijo mais se apura.

O amor desconhecendo vis pudores
Fazendo dos prazeres seus louvores
Permite a cada orgasmo uma viagem

Aos raros esplendores de uma estrela
Que nua e desejosa se revela
A deusa que domina esta paisagem...



1166

Afagos que recebo de animais
Talvez garantam ares bem mais puros,
Meus ímpetos terríveis canibais
Destroçam ilusões, poços escuros.
Meus passos sempre são irracionais,
Os chãos em que me encontro, frios, duros.

Qual fora um simples verme temerário,
Estrume que se fez em suja lama.
Um traste quase que um protozoário
Ardendo em podridão, sempre reclama
Da sorte como fosse um mercenário
Que busca, sem limites simples fama.

Assim é que percebo o coração,
Um órgão em total putrefação....



1167


Afasto do rosal, qualquer espinho
Que possa macular teus pés tão belos.
O quanto tantas vezes fui sozinho
Arando em aridez sem ter rastelos

Castelos que criara, derrocados,
Apenas incertezas recolhidas.
Os versos que fizera, maltratados,
Expressam uma ausência de saídas.

Depois que pude ver tanta fartura
Nos braços da mulher que imaginara,
A mão que me acarinha em tal ternura
Permite que eu encontre em noite clara

A luz de uma fantástica emoção.
Carregue pelos céus, meu coração!


1168


Afasto-me dos guizos da serpente
Que mostra num sorriso tal peçonha,
Capaz de me matar tranquilamente
Feroz ao se mostrar até risonha.

Seus olhos me iludindo, tão pacíficos,
Porém os dentes picam, mais vorazes,
No fundo seus caninos são terríficos
E os dedos funcionam quais tenazes.

Além da solidão destes rochedos,
Aracnídea disforme e venenosa,
Espalha com sorrisos, tantos medos,
Depois de tudo ainda, o verme goza.

Herdei tal celerada criatura,
Ao me casar contigo... t’e esconjura!


1169


Afeiçoado ao canto que fizeste
Em plena consciência já te digo.
Amor que sempre quis e que me deste,
Aos poucos, nos teus passos, sempre sigo.

Eu vivo sem saber se terei porto
Ou paços que prometes e não dás.
Um sentimento atroz e quase morto,
Aos poucos transtornando toda a paz.

Eu peço que perdoe esse meu canto
Em forma de um alerta necessário.
Deixando pouco a pouco teu encanto
A vida vai mudando seu cenário...

Eu quero teu amor, isso não nego,
Porém, sem emoção, eu não sossego!



1170


Aferi tua centelha
Nas pobres vilas favelas
Tua morbidez espelha
As carnes poucas, magrelas

E ferroas, vil abelha
Toda carne que despelas
A terra toda avermelha
Tão sanguinário martelas

Nas bocas esfomeadas
Teu ferrão não perde tempo
Não permite contratempo

As patas enlameadas
Buscas âmago e devoras
No matadouro das horas...


1171


Afirmo-te, em firmeza, peremptório
Que a vida sem amor é como acinte,
Amar é ter na vida um oratório
E ser de Deus, fiel e bom ouvinte,
E comprazer no mesmo refeitório
Com deuses, claro céu que assim se pinte

Das cores divinais de uma festança
Em luzes amarelas e vermelhas,
Sabendo desfrutar desta esperança
Que mostra no caminho, tais centelhas,
Louvando a plenitude em que se avança
Arqueando em sorriso, as sobrancelhas;

Amar é na verdade embasbacar-se,
Levando a vida inteira sem disfarce...



1172


Aflições rebentando, nada resta,
Nas lavras que esperança não plantou.
Cismando tantas vezes, penso em festa,
Porém a solidão, o que restou...

Nos círculos das dores que corroem
Recordações de vidas tão cansadas,
As lágrimas que caem, sempre soem
Nascerem destas noites desoladas...

Eu clamo piedade, ninguém ouve...
Meus olhos empapuço, não percebes...
Amor que na verdade, sei, não houve,
Caminhos destruídos, sendas, sebes...

Angústias violentas neste mar,
Formado por tristezas, tanto amar...



1173


Aflora em minha pele repugnância
Por teus carinhos, louca cascavel,
Deixando demarcada em cada instância
As dores e os venenos, ser cruel,

Que amortalhando a vida desd’infância
É companheira amarga e mais fiel,
Legado de outros tempos, de êmese, ânsia.
Um verme que entocado, fera e fel.

À parte do que somos, sempre foste
Embuste que em herança, recebi.
Na brasa de teus erros, que eu me toste

E corte tais artérias vicinais,
Somente me matando mato a ti,
Herança de outros tempos, ancestrais..


1174


Aflora em nossa pele tal desejo
Que nunca mais sacia, nem termina.
Bebendo tua boca em cada beijo
No vinho de teu mel que me alucina.
Prazeres sem limites eu prevejo
Colhidos no pomar, mulher-menina...

Irrigando voraz cada caminho
Dos canteiros divinos, magistrais..
Recebo em cada toque tal carinho
Que peço, sem parar, querendo mais...
Entrar em tuas matas, de mansinho
Vontade de sair? Juro, jamais!

Encanto sedutor e divinal
Do pélago gostoso e magistral...


1175


África, paraíso! Em sonhos, a percorro...
Deserto, na savana, em meio a tantas cores...
Um leão corre solto... As matas, suas flores.
Um céu pleno de anil, na rubra terra, o forro...

Um peito enamorado em busca de socorro;
Buscando, na floresta, o cheiro dos amores.
Na savana angolana, estrelas multicores!
Estou apaixonado! Em braços mansos, morro...

Lembro-me da menina, uma deusa angolana!
Seus olhos, meu farol; quão bela era Luana!
A vontade de voltar, o meu coração manda.

Distante, no Brasil, um verso triste faço.
Quem dera viajar rasgando todo espaço
E num segundo só, voltar para Luanda!



1176


Agarre este cometa, coração
Cometa esta loucura, valerá.
Se queres o que sonho desde já
Uma alegria chega. Tentação.

No gozo que nos traz tal vibração
O jeito é relaxar, e saberá
Que a trama que se pinta lá e cá
Causando no meu peito, uma erupção.

O amor que é nosso pão de cada dia
No verso que te faço, mesmo cria
Um clima que convida para a noite.

As pernas são tenazes tão potentes,
Enquanto te desfruto também sentes
Delitos e pecados no pernoite...



1177



Agitando em tempesta, a mão suprema
Escreve em dissabores, existências.
Não tendo nem pudores nem clemências
Fazendo com que sonhos logo tema

Aquele em quem a vida, um velho tema
Deixado para trás, nas penitências
De amores serviçais das inocências
Se percam ao buscarem piracemas.

Assim ao caminhar sem ter sentido,
Galguei as ilusões de um tempo em paz.
A solidão, quimera triste, traz

Um dia que eu pensara em ledo olvido
De novo à baila vindo, renascendo.
Aonde vi o amor, nosso, morrendo...



1178


Agitando o coração
Que batuca qual pandeiro,
Sem caminho ou direção
Das tristezas, mensageiro

Vou vivendo este senão
Que é sutil e verdadeiro
A saudade é ganha pão,
Como a cinza no cinzeiro

Se o refrão dos versos meus
Se refaz a cada adeus,
Eu devia ter ao menos

Os meus olhos rasos d’água.
Mas amor inda deságua
Em riachos mais serenos...



1179


Agônico e disperso em frágeis lumes,
No lusco fusco da alma eu me retrato.
Afasto da alegria, seus perfumes,
E morro em ledo espaço, mas sou grato.

Do quase que não tive, vãos costumes,
Eu sorvo cada gota, e te maltrato,
Cobrindo-te de lástimas, queixumes.
Cuspindo com certeza, neste prato

Que deste, comensal de um sonho leve.
Levado pelo vento, eu te iludi.
Agora me desnudo, estou aqui

Meu verso à realidade já se atreve
E mostra sem qualquer caricatura,
Minha alma, passageira da amargura...



1180


Agora ao prosseguir, vou devagar,
As curvas se acumulam nesta estrada
Por vezes quando a tarde esta nublada
Desando o meu passado a recordar.

Aguando de esperança este lugar
Estendo o coração, abrindo entrada
Do peito, mas depois não tendo nada
É hora de partir e não voltar.

Mergulho neste mar em águas turvas
E vejo que retornam velhas curvas
Num ir e vir terrível sem saídas

Assim vendo o naufrágio bem mais perto,
Um timoneiro antigo e mais experto
Lança ao mar o seu bote salva-vidas...



1181


Agora até sorrir em paz, consigo,
Sabendo que enfrentei revoluções,
Os duros temporais, mil furacões,
Dormindo em mais completo desabrigo.

Colhendo bem mais joio do que trigo
Deixando para trás as plantações.
Nos olhos do amanhã, feras, leões
Na curva sempre em forma de perigo.

Amiga, amante, irmã e companheira,
Na mão que agora ampara mais ligeira
A paz toma lugar da tempestade.

A brisa costumeira que me acalma
Tomando num momento o corpo e a alma,
Aos céus vai penetrando e logo invade.



1182


Agora é dedicar-me ao nosso amor,
Em frases, pensamentos,atitudes...
Armando meu desejo aonde eu for,
Meus versos planejando plenitudes.
Vestindo meu carinho em tua flor,
Nao boto mais as mãos pesadas, rudes...

A lua em nosso amor sempre desvenda
Segredos que não sei e nem queria.
Deixando suas marcas, seda e renda,
Vivendo em nossa trama mais um dia,
Deitada mansamente invade a tenda
Em raios majestosos, poesia...

As pedras que atiraste são meu chão,
O piso em que tocaste, o da paixão...



1183


Agora é que percebo, meu amor
Por que tu me chamaste ventania,
Pensara antigamente ser louvor.
Depois de certo tempo. Fantasia.

De tanta coisa boa a te propor,
Apenas o que sobra, uma ironia.
Do encanto que julgara com fervor
Após ter descoberto... Esta agonia.

Um coração sofrido, apaixonado,
Por se sentir assim tão enganado,
Restando tão somente algum frangalho.

Falavas sem cuidado e sem receio.
Que homem tão pavoroso, um bicho feio,
Parece vendaval, só quebra galho...


1184


Agora irei fazer a curta pausa,
Barriga está roncando de verdade,
A moça já entrou na menopausa,
Mas tem ainda um quê que diz beldade.

De todo o sofrimento que ela causa,
No fundo irá restar a falsidade,
Do amor e da discórdia, a mesma causa:
A falta da total tranqüilidade.

A mesa me esperando pra jantar,
No prato arroz feijão sem sobremesa,
A gente se perdeu e com certeza

Do tudo quase nada irá sobrar,
Mas tenho ainda assim algum esboço,
Da carne que eu pensei, nem sobrou osso...



1185


Agora me permita se também
Puder falar do quanto nada espera
Quem mata devagar a primavera
E perde o que alegria inda contém.

Se o jeito é caminhar, o faça bem,
Depois da curva existe sempre a fera?
No palacete penso na tapera,
Nem sempre o desespero, à noite vem.

Cigarros pós cigarros, vida passa
E quando amanhecer meu caranguejo,
Amor por lenitivo, o que desejo,

Perdi o que restava na fumaça.
Matar minha esperança? Não sei como,
Se as rédeas mesmo soltas, quero e tomo...



1186


Agora proferindo aberrações
O mal que nos assola em vão concreto,
Por vezes o meu verso predileto
Trazendo as mais terríveis ilações

Professo tantas vezes os refrões
Que buscam sentimento mais discreto
Parecendo ao amor um dialeto
Criando as mais temidas confusões.

Olhares entre escombros, imundícias
Purgando a podridão falsas delícias
Na morte encontrará seu sacramento.

Carinhos entranhados de sevícias
Das garras pontiagudas, as carícias,
Do riso de ironia, o sofrimento...


1187


Agora que deveras encontramos
O rumo que talvez nos cure e sane,
O barco vai seguindo sem ter pane
Depois de tantas vezes que sangramos.

As dores que por certo; enfim, podamos
Sem nada nem tristeza que nos dane
Tampouco uma virtude que se ufane
Não deixa que podemos sonhos/ramos.

Teríamos momentos mais felizes
Valorizando sempre as cicatrizes,
Tirando a velha faca que entre os dentes

Mostramos como uma última defesa;
Poupado desta trágica surpresa
Sentindo na verdade o que tu sentes.



1188

Agora que encontrei o bem de amar
A par do que sentimos vou em frente.
Meu peito ao se mostrar assim contente
Já sabe do prazer que irá chegar.

Partilha tão gostosa de tramar
Ao ter quem com carinho nos alente
Num toque mais suave a gente sente
O mundo em esperanças mergulhar.

Na dança a contradança se garante
E tudo se transforma ao mesmo instante
Em que nossos sentidos vão imersos

Trazendo à flor da pele a sensação
De quem já descobriu a direção
Vagando nos meus sonhos, nos meus versos.



1189


Agora que já tenho o bem que quis,
Gozando esta alegria plenamente,
Morena me fazendo mais feliz,
Fazendo esta morena mais contente

Tocando com carinhos, boca e pele
Meus lábios te buscando sem receios
Amor quando em amor já nos compele
Olhares, transparências, belos seios.

Querendo esta querência o tempo todo,
Sementes que se espalham, bom cultivo
A vida prosseguindo sem engodo
Por ti, por nosso amor, eu sobrevivo

Cativo de teu corpo, eu me escravizo,
Rocio não permite mais granizo...


1190


Agora que não queres meu amor,
Dane-se em cada curva do caminho,
Que tudo que te surja tentador
Voando pra outro canto, passarinho...

Paspalho sentimento sem louvor
Vagando bar em bar se estou sozinho,
Violo os teus ouvidos sem pudor
Renasço noutra cama, noutro ninho...

Falar que és minha amiga... que resposta!
A vida não permite mais enganos.
Nos sentimentos, velhos soberanos,

A carne maltrapilha vai exposta.
Já tenho pra esta estrada novos planos.
Não quero mais te ter: amor de bosta!



1191


Agora que não trago mais meus medos
Envolvidos pela noite que me corta,
Que toda essa ilusão se mostra morta
O mundo me prepara meus degredos...

Quem dera decifrar os seus segredos,
A boca que me beija em vão entorta
O sonho que aos pecados já me exorta
Decepa com audácia os frágeis dedos.

Nas cinzas dos cigarros, na fumaça,
O olhar de quem nem liga quando passa
Apenas medo e tédio, nada mais.

Houvesse algum momento mais conciso
Aonde se teimasse, mas juízo
É barco tão distante deste cais...


1192



Agora que percebo o fim da festa,
As mesas reviradas nesta sala,
Vivendo este pouquinho que me resta,
Minha alma sem defesas, tudo fala.

A noite que eu sonhara ser de gala,
De um jeito mais estúpido me empresta
A farda que usarei; revólver, bala,
E o incêndio exterminando esta floresta.

Andando sempre em boa companhia,
Eu tive com certeza esta alegria
De ter a tua voz sempre alentando.

Tirando algum babaca de plantão,
O verso só me deu satisfação,
Deixando o meu caminho bem mais brando.



1193


Agora que percebo ser possível
Mesmo que inconstante coração
Demonstre um muro alto, intransponível,
Encontro as minhas asas na paixão.

Castelos de mentiras que criaste
Defesa em fortaleza, mas tão frágil,
O vento feito amor causa desgaste
O barco da ilusão cede em naufrágio.

Eu tenho estes momentos dentro em mim,
Recordações que vão e sempre voltam,
No amor que agora eu sei, não tem mais fim,
Supera mesmo as ondas que revoltam

Tomadas por procelas e tempestas
Amor vai adentrando pelas frestas...




1194


Agora que se acaba nosso amor,
Não quero mais contigo discutir,
Nem venho mais tolices te propor,
Outro caminho, espero, eu vou seguir...

Distante de teus olhos, bem distante...
Não quero hipocrisia nem mentiras,
Jamais vou esquecer: fui teu amante,
A corda se arrebenta em várias tiras.

O vaso que se quebra não se cola,
O passo que já demos noutro rumo,
Não quero esta palavra que consola
Sozinho é bem melhor, eu me acostumo...

Espero que não aches mais abrigos:
Não quero que sejamos “bons amigos”!


1195

Com estrambote

Agora que, decerto, já descansas,
Envolta nas mortalhas virginais.
Cabelos negros, belas, fartas tranças;
Na beleza sem par, fontes astrais.

As flores que no céu, amada, alcanças;
Emanam seus perfumes divinais...
A festa sideral promete danças,
À vinda desta deusa! Triunfais
(Cortejos da beleza pelo astral!)

Convivas comemoram tua vinda,
Os céus em reboliço, tantos brilhos...
O jardim dos meus dias já se finda,

A rosa que plantei, já desfalece...
Estrelas radiosas seguem trilhos,
Só minha alma, viúva, se entristece...



1196


Agora tão vazia a noite vem
Sem hora pra chegar quer ir embora
Embora tantas vezes sem ninguém
Agora a solidão cruel decora.

Senhora de meus dias, nada tem,
Aflora a sensação por mundo afora,
Sem hora pra cumprir eu perco o trem.
Ancora meu destino e se assenhora.

Revigora meu mundo um canto leve,
Escora cada passo que eu quiser,
La fora a solidão se mostra breve

Vigora a lei que traz extasiado
A âncora nos carinhos da mulher


1197


Agora uma obra prima, se emoldura
Nos batuques do peito em desvario.
Telefone tocando em noite escura
Convida para a dança que hoje crio.

Retrato mais fiel – felicidade
Atabaque vibrando dentro em mim
Chamando ao ritual da liberdade
Clareia o que se fez tão lindo assim.

Ao passo em que a tristeza já se vai,
Amor trazendo o sol na madrugada,
A luz virando a mãe, o riso é pai
O sonho é o rebento desejado.

Os olhos da esperança faiscavam,
Rompendo estes grilhões que nos atavam.



1198


Agora vem comigo lado a lado
Num gesto em que demonstra simpatia,
Trazendo simplesmente uma alegria
Deixando esta tristeza no passado.

O dia nascerá iluminado
Ensolarando toda cercania
Além do que imagino e mais queria
O tempo de sonhar; sinto, chegado.

Andara qual noctâmbulo, bem sei
Distante do que outrora imaginei,
Aguando uma esperança no deserto.

Tua presença amiga já negou
A dor que tantas vezes se mostrou
Levando por caminho mais incerto.


1199


Agora vou de lágrimas isento,
Passando minha vida em tal prazer;
Vivendo com ternura um sentimento,
Delícias e vontade de viver...

Amores quando soltos bebem vento
E dormem tão tranqüilos e serenos,
Deitado no teu colo, o pensamento;
Encontra tantos sonhos, mais amenos...

Em versos e desejos mais completos,
Querendo a recompensa predileta
Cobiço estes delírios mais diletos,
Aos poucos vou cumprindo a minha meta...

Vivendo, nesta vida o que se quis,
Sabendo, finalmente, ser feliz!

1200

“Agora vou mudar minha conduta”;
Eu não suporto mais tanta mentira.
Se a vida se anuncia assim mais bruta

Metade da maçã já se retira
Raposa vai morrendo tão astuta,
Meu coração batendo não atira..

Conversas que tivemos tanto assim,
São frases esquecidas no boteco.
Chamando o seu amor só para mim
Jamais escutarei sequer um eco.

Por isso nada faço sem você,
Mendigo o teu carinho pelas ruas...
Procuro minha cura, mas cadê?
As camas vão ficando sempre nuas...

1201


Agosto no meu peito, inverno que se alonga.
Quem dera a primavera... agora é muito tarde...
A espera se mostrou inútil, tola e longa
O frio na janela, a neve que cai, arde.

O gris que vem tomando, aos poucos meus cabelos
Refletem este céu, nublando uma esperança.
Como haverá florada? Intensos são os gelos.
O fim que se aproxima, o meu olhar alcança.

Apenas solidão. Única companhia.
Mergulho no passado e vejo o teu retrato...
Verdugo da ilusão. Arranco a fantasia

E exponho o coração. Ourives às avessas
Destrói assim a perla. A pedra que maltrato,
Negando o meu setembro, estúpidas promessas...



1202


Agraciado em vida pela sorte
De ter o paraíso descoberto
Antes que me beijasse a fria morte
Ficando do teu lado, sempre perto.

O coração deveras vai aberto
Trazendo para a vida tal suporte
Aguando em esperanças um deserto,
Cicatrizando em paz profundo corte.

Risonhos os meus dias ao teu lado,
Na verdadeira luz que sempre guia
Um peito que se entrega, enamorado,

Nos braços desta amada fantasia
Que traz o gosto doce do melado
Bebido em tua boca a cada dia...



1203


Agradecer por toda essa amizade
Que embora se fazendo mais distante
Permite que se entende por constante
Um lume tão suave que me invade.

Não tendo um descaminho que degrade
Os sonhos deste encanto que agigante,
Seguindo sem pensar vou adiante
Na busca da sutil felicidade...

Adornas os meus passos com firmeza,
Realizando em paz e com destreza
O que se permitiu ser permanente.

Na base disto tudo sempre estás
E enquanto tu derramas farta paz,
O coração batendo mais contente...



1204


Agridoce sentimento
Que nos doma enquanto guia
Transportando o pensamento
Beija a boca da alegria

Coração; não apascento,
Nem pretendo calmaria,
“Tua voz na voz do vento”,
Tanto apraz quanto vicia.

Moça bela, venha logo,
Quero ser teu namorado,
A tristeza, em ti afogo,

Quero estar sempre a teu lado,
Tanto amor, querida eu rogo,
Eu estou apaixonado!


1205




Agruras esquecidas num recanto
Deixadas para trás, sigo adiante,
Usando a poesia de teu canto,
Nesta sonoridade que agigante

Uma alma acostumada com quebranto,
Bebendo de uma Angústia: Inferno em Dante,
Na falsa proteção de um amianto,
Jogado enfim às traças numa estante.

Perenidade é fútil fantasia,
E quando tu derramas a alegria
Percebo que talvez eu possa ter

A mão acolhedora e carinhosa,
Tocando esta minha alma pedregosa
Moldando um novo tempo de prazer...




1206


Aguando cada flor dentro de mim
Com gotas de esperança eu passo a crer
Que o tempo tão distante de onde vim
Talvez inda me trague algum prazer.

A boca da ilusão é carmesim,
E nela tanta coisa por dizer
Amor vai gotejando até o fim
Até que uma alegria eu possa ter...

Por mais que uma tristeza inda resista,
Deixando que se aflore uma emoção,
E nessa fantasia tanto insista

Percebo que terei como colheita
Os gozos da sublime perfeição


1207

Aguando em emoções o meu canteiro
Percebo o raro sol que já me toma,
Além do brilho manso e corriqueiro,
A claridade exposta não se doma

Tomando conta agora do jardim,
Trazendo em claridade amor e dor,
Além do que eu pensara traz pra mim
Reflexos de alegria e dissabor.

Outrora em meus veleiros naufragados
A negritude em pleno dia claro;
Meus olhos em tristezas alagados
Deixando-me somente o desamparo.

Porém ao ver o sol tão deslumbrante,
Saudade dos teus olhos... num instante




1208


Aguando em esperanças o deserto
Destino transformado totalmente,
O peito em amor puro vai liberto
Trazendo alvorecer bem mais contente.

No poço em que se fez escuridão,
Amor mostra possível farta luz.
O tempo em que se deu ingratidão
Às mãos de um novo sonho nos conduz.

Na cruz em que se estampa o bom cordeiro,
O amor que assim se deu em sacrifício
Permite que se mostre verdadeiro
O amor como caminho e como ofício.

Nos olhos do judeu, em doce alento,
O fim dessa amargura e sofrimento.



1209


Aguardando notícias de quem amo
Eu tento descansar, mas não consigo,
A sombra do passado, ameno, amigo,
Podada dos meus sonhos, frágil ramo.

Por vezes, solitário inda te chamo,
A solidão responde em desabrigo,
Felicidade; em vão, quero e persigo
Teu corpo do meu lado – amor – reclamo.

Porém somente o frio me responde,
A vida se transforma em pesadelo.
O sonho que apascenta, sem sabê-lo

Procuro e nada encontro nem sei onde
Eu poderia ter um lenitivo.
Sem ter o teu amor, eu sobrevivo...



1210


Aguardo algum desfecho que inda possa
Fazer de um verso tolo, uma alegria.
Enquanto a fantasia me remoça
Realidade agride todo dia.

Agora é depressão a antiga fossa
Que perde na mudança uma magia.
Saudade de você, quando me acossa
Tua presença volta e me agonia.

Encapo o coração com as lembranças
E sei que isso é perfeita estupidez.
O amor quando convida pras festanças

Prepara estas andanças ao passado.
De tudo o que busquei nada se fez,
Mas bebo uma esperança, e de bom grado...



1211


Aguardo algum sinal: felicidade?
Talvez ainda veja os seus caminhos.
Bebendo a solidão meus descaminhos
Encontram tão somente falsidade.

O quanto quero em paz, tranqüilidade,
Sorvendo em taças claras, fartos vinhos,
Meus olhos em temíveis desalinhos
Não sabem discernir mais claridade.

Matizes em mosaicos e arabescos,
Procuram tão somente por afrescos
Que possam traduzir uma esperança.

Mas ledas emoções se dissipando,
O tempo em amargura vai passando,
Somente a fantasia inda me alcança.



1212


Aguardo calmamente este desfecho
Depois de tanto tempo na procura.
As portas quando insano tento e fecho
Trarão após a chuva a desventura.

Nas cinzas do que fomos quando eu mexo
Reparo quanto trago em amargura,
Carrego no meu peito este apetrecho
Que possa ser quem sabe, amor que cura.

Anexo; vão as cartas que mandaste
Durante esta viagem pelo tempo.
Jamais quis ser somente um passatempo

Tampouco suportei qualquer desgaste.
A minha assinatura vai borrada,
E a carta pela dor, amarrotada...


1213


Aguardo em meu jardim, tua presença
A rosa perfumada que trazendo
Beleza sem igual em recompensa
Derramará perfume que estupendo

Permitirá tal viço que decerto
Fará deste canteiro um Paraíso.
Aguando com meiguice este deserto
Trará toda a alegria que eu preciso.

Jardim há tanto tempo abandonado,
Apenas tão somente ervas daninhas
Embora com carinhos cultivado
Sonhava com momento em que tu vinhas

Mudar de minha história, a direção
Causando no meu peito, a floração...



1214


Aguardo esta chamada que não vem
Telefone em silêncio maltratando
Procuro inutilmente por alguém,
Solitária, outra noite vai passando.

Queria simplesmente ter um bem,
O sonho num vazio se tornando.
O vento da esperança sem ninguém
A fantasia aos poucos desabando.

Espero que tu ouças o meu canto,
E venhas pelo menos para ver
O quanto te desejo em cada pranto

O tempo vai passando, a dor aumenta,
Uma ilusão domina e me faz crer
Que é ela quem acalmando me alimenta...



1215



Aguardo esta chegada ansiosamente;
Soubeste dominar os meus receios,
E tudo que minha alma agora sente
Mergulha na beleza de teus seios.

O amor que se tornou assim urgente,
Conhece os meus caminhos, sabe os meios
Tomando já de assalto a minha mente
Permite os mais sublimes devaneios.

Esqueço os sofrimentos, abro o peito,
E assim, vou finalmente satisfeito
Mudando a direção do meu destino.

Aos píncaros dos sonhos, chego enfim,
No gozo deste encanto que, sem fim,
Sossega o coração de um peregrino...



1216


Aguardo esta presença no meu quarto
Deitado sob os sonhos; quero mais.
Até que eu me perceba imenso e farto
Bebendo destas fontes sensuais.

A lua se declina sobre nós
Trazendo em sua prata, um raro brilho,
Duma esperança clara, ouvindo a voz
Estampo em teus desejos, estribilho.

De teu perfume entranho o meu prazer
Ardentes emoções, calor supremo.
Do gozo alucinante; me embeber
Do amor que nos domina, nada temo.

E sigo sem pudores pelas noites,
Os lábios de quem amo; meus açoites



1217


Aguardo esta resposta prometida
Aos versos que te fiz, apaixonados...
Eu quero teu amor por toda a vida
Embora tantas vezes, enganados...

Aguardo em tal resposta; dura verdade,
Que traga uma alegria, uma esperança.
De termos, finalmente, liberdade;
No sonho que carrego, de criança...

Aguardo teu amor com tanta sede
Qual fora um peregrino no deserto.
Deitar tão calmamente numa rede
Sabendo que terei amor por perto,

Manda-me uma resposta, qualquer uma;
Senão em versos tristes, vida esfuma...



1218


Aguardo o teu carinho e sou feliz,
Meus olhos são teus olhos, simplesmente.
Do amor que me ensinaste, um aprendiz;
Que quer dançar contigo, novamente...

Numa ciranda eterna sem fronteiras
Montanhas, horizontes, nosso fado.
Palavras tão sinceras, verdadeiras
Não deixamos de dar nosso recado.

Eu sinto o teu perfume neste vento
Que fala em liberdade e da justiça
Numa harmonia imensa, o pensamento
Já não suporta mais qualquer cobiça

Que não seja por paz e por carinho,
Forrar de amor amigo o nosso ninho...



1219


Aguardo para o fim, rebelião;
O amor em tempestade dentro em mim,
Provoca nos desejos um motim,
Causando assim total sublevação.

A lua vendo tudo da amplidão
Demarca com seus raios de onde eu vim,
O porto se afastando até que ao fim
Só restem os resquícios da ilusão.

Apenas teu sorriso inda me guia,
Talvez desta esperança, a fantasia
Não deixe que eu perceba a realidade.

O mar que se fizera quase morto,
Negando ao navegante agora o porto,
Adentre os campos vagos da saudade...



1220


Aguardo que inda tenha uma guinada,
Que possa me fazer bem mais feliz.
O tempo vai passando, isso me diz
Que é curta, porém firme minha estrada.

A lua sobre os montes debruçada
Clareia este tapete onde eu me fiz
Eterno sonhador, um aprendiz
Da vida que em momentos foi sonhada.

Minha alma se espelhando no cenário
Invade num extremo temerário
E a liberdade utópica se alcança.

Aos poucos um retrato puro e lindo
Permite que eu prossiga me esvaindo;
Fumando meu cigarro, na fumaça.


1221

Aguardo tão somente a chegada do fim
Que ao se aproximar, demonstra o quão vazio
E inútil totalmente o cevar de um jardim
Que estúpido, sem nexo ainda fantasio...

Tendo numa sarjeta o abrigo corriqueiro,
Após a bebedeira, uma fuga usual,
A flor apodrecida entregue ao meu canteiro,
Rito costumeiro espúrio e sensual...

Amor custa dinheiro; a roda nunca pára
Circula eternamente, a mente ronda a sorte,
A boca que me beija em risos se escancara
Aguardo fielmente a redenção da morte...

Sozinho neste quarto, as letras se misturam...
Confusões de cetins e absintos me torturam.



1222


Aguardo teu amor, minha andorinha
E peço que não faças migração
Minha alma sem te ter, morre sozinha,
E com asa quebrada cai ao chão.

Não deixo no jardim, erva daninha
Nem mesmo me esqueci da adubação
Cevando com amor cada plantinha
Aguardo o mais depressa, a floração.

E quero o teu perfume para mim,
A rosa preferida do jardim
Rosa vermelha diz meu bem querer

Exala a sedução do puro amor,
Vermelho sempre diz total ardor
Vermelho e branco? Amar até morrer!



1223


Aguardo um telegrama, carta, e-mail,
Mas nada de notícias, vou à luta.
Apenas carregando este receio
Da vida que se deu em massa bruta.

Da brita da esperança faço a casa,
Porém ela não quer viver comigo,
Às vezes incendeia intensa brasa
Depois, virando o rosto: nem te ligo!

Amigo o quê fazer se eu gosto dela?
Perfuma mesmo longe, o meu jardim,
É filha com certeza da costela
Quebrada há tanto tempo dentro em mim.

Parece que é vingança desta moça,
Destino preparando cada troça!


1224


Aguardo uma notícia que não vem
Daquela que se fez mulher e santa,
Minha alma a cada dia mais se encanta
Na espera pela noite do meu bem.

O vento bate à porta, mais ninguém...
O grito se entalando na garganta,
Enquanto a solidão já se agiganta
Ilusão se apequena e perde o trem.

Fantasmas do que fomos fazem ronda,
Enquanto a fantasia busca e sonda
Depois de certo tempo enfim se cansa...

O frio que se abate é tão constante,
Delírio se mostrando provocante
Matando a sua sede na lembrança...


1225


Aguardo uma resposta que não vem,
Meu grito vai sem eco pelo espaço.
Tomado pela dor, pelo cansaço,
Espero aqui, sozinho, sem ninguém...

Quisera num segundo ter meu bem
Deitada, aqui quietinha no meu braço;
Não posso, não consigo e nem disfarço,
Só saudade; meu peito, triste, tem...

Silêncio me matando assim, aos poucos,
Distância, uma feroz vicissitude,
Procuro, então, tomar uma atitude

Antes que os dias fiquem todos loucos,
Lidar com tua ausência? Não consigo.
Quem dera ter-te aqui, junto comigo..


1226

Aguardo uma resposta simplesmente,
Falando do luar e do sertão
Da moça que vestida de emoção
Se entrega sem juízo, corpo e mente.

Na louca serventia de um vivente
Que crê sem conhecer toda a amplidão,
Apascentando a fúria de um tufão
No olhar plácido e calmo. Mansamente.

Aguardo o que reguei e não sabia
Que um dia colheria em tarde bela,
Bebendo a fantasia que revela

O rosto feito em paz, doce harmonia,
Eu teimo em perseguir cada cometa
Aonde a poesia se arremeta...


1227


Águas e rios; sonho em busca do meu mar
Este oceano infinito aonde eu me encontrei
Na caça sem limite o canto feito amar
Cicatriz inerente é quase que uma lei.

Tatuo que sou teu na tez a se mostrar
Rasgando o velho véu em luas procurei
O verso em que pudesse alvíssaras tramar;
Só sei, depois de tudo o quanto eu nada sei.

O mar se fez em lago – a total placidez.
Reféns de nosso sonho; adentramos a noite.
Quieto da madrugada um canto que se fez

Distante da ilusão. Lençóis – seda e cetim,
Não quero tempestade e nem sequer açoite
Apenas este lago adormecendo em mim...


1228


Águas, corredeiras, rio e mar,
Vontade de te ter aqui comigo,
A tarde inteira, à noite namorar
Além desta esperança, assim prossigo

Querendo te sentir, poder tocar
Fazendo de teu corpo o meu abrigo,
Na teia de teus braços me afogar,
Vivendo o que sonhei- amor- contigo...

Suor, salinidade, mar e pele.
Sou presa dos desejos e loucuras.
A ti, minha vontade assim compele

Queremos desfrutar cada momento,
De todas as maneiras. Branduras
Dos beijos delicados como o vento...


1229


Aguças meus sentidos, provocante
Vestida de suave transparência,
Percorro com completa paciência
A rota que traduz-se fascinante.

Num átimo me encontro assim diante
De uma beleza rara em eloqüência,
E sem nenhuma pena ou indulgência
Convidas ao banquete, radiante.

Olhar esta nudez maravilhosa,
Deitada nos lençóis, seda e cetim,
Eu sinto efervescendo dentro em mim

Fogueira me deixando em polvorosa,
Queimando-me na ardente fantasia,
Insânia que transbordas, inebria...



1230


Agüento qualquer tranco. Uma porrada
Se mostra assim por certo, costumeira.
Preparo então com fé a barricada,
Mas logo estendo, branca, uma bandeira.

Não quero que me reste quase nada,
Senão a paz divina e companheira.
Matei há muito tempo, diva e fada,
Cadáver estendido numa esteira.

Seria proveitoso se eu tivesse
Alguma companhia feminina.
Rogando em reza brava, tanta prece

Em vão. Não sei sequer se resta alguma
Chance. A sorte então já determina
Que o céu só trague, enfim, grisalha bruma..



1231


Ah! Quanto tempo temos antes de
Descobrimos a chave deste cofre
Que entranhado nos toma a claridade
E ataca-nos querida, assim de chofre?
Quem não sabe de amor ou amizade
É só não reclamar depois do enxofre.

Vassalos destes deuses poderosos
Amamos numa entrega indivisível.
Caminhos percorridos, olorosos,
Permitem novo sonho ser possível
Meus passos dos teus passos amistosos
Num canto que se mostra coercível.

Amar é com certeza dar abrigo
Além de ser teu par, sou teu amigo...


1232


Ah! Quem se ri do amor deve sofrer
Amor nos santifica enquanto cura.
Distante de um amor, melhor morrer,
Pois nele eu encontrei toda ternura.

Vivendo nosso amor, puro prazer,
Estrela que irradia não tortura,
Apenas a cadente, podes crer,
Se perde sem desejo e sem candura...

Contigo par a par, a vida inteira,
No céu tão infinito da alegria,
Avio teu sorriso companheira,

Recebo toda a glória deste amor.
No canto que nos toma em euforia,
Nas marcas deste canto sonhador...



1233


Ah! Quem me dera fosses meu amor!
Como a vida seria mais completa.
A poesia, amiga predileta,
Companheira, por onde quer que eu for;

Teria enfim, parceira mais dileta.
E nunca mais seria um sofredor,
Quem sempre teve espinhos nunca flor,
No sonho audaz, tentando ser poeta...

Se fosses meu amor, que bela a vida!
Andar buscando glória, sorridente.
Não conceber sequer a despedida...

Sentir o teu perfume que, envolvente,
Penetra nas narinas. Na sofrida
Luta por viver; sentir-me gente!

1234


Ah! Tuas mãos... Promessas de carinho
Em viagens divinas por nós dois.
Buscamos desejosos, nossos ninhos,
Nos cálidos abrigos do depois.

Eu quero te sentir mansa e dolente,
As mãos cariciosas percorrendo
Num toque tão sublime, tenramente
Aos nossos desejos, ir cedendo...

Sentindo no fluir desta manhã
O tato perfumado e sendo audaz
Saber que nos queremos com afã
De quem já sabe o quanto que é capaz

De ser amado, amar além, bem mais,
Encontro em tuas mãos, meu barco e cais...



1235



Ah! Como é bom lembrar de nosso amor!
Não foi somente um caso que acabou,
É mais do que um encanto sonhador,
Gosto maravilhoso aqui ficou...

Não deixaste senão este sabor
Delicado lembrando a quem amou
Que a vida se renova com vigor
Mas não deixa prá trás o que sonhou.

Toda a felicidade de saber
Que foste minha amada, e minha sorte,
Vivendo na alegria do prazer

Ter tido o teu amor junto comigo
Tornando uma esperança bem mais forte.
Amor que sobrevive eterno, amigo...



1236



Ah! Quando dispersei essa esperança
Em nome da certeza do futuro;
Não sabia que a vida não se cansa,
De fingir-se leal, porto seguro.

Ao tentar destruir esta aliança,
O claro sentimento fez-se escuro.
Tempestade abortando uma bonança,
A sorte se escondeu detrás do muro...

O mar que fora meu, virou deserto,
O frio de minha alma congelou.
A solidão feroz, ronda por perto,

A paz se fez distante, na batalha.
O nada simplesmente me sobrou,
No corte tão profundo da navalha!



1237


Ah! Como vais negar que foste minha
Se a boca está marcada pelo beijo.
Se a vida te desfez e vai sozinha,
Te quero com a força de um desejo.

Se a sorte no meu peito inda me espinha,
Se o tempo se perdeu, e nada vejo,
Se a morte deste amor já se avizinha,
Se nada mais percebo, e o fim prevejo.

Estás em cada verso que proponho,
Estás na fantasia que alimento.
Tu vives na verdade em cada sonho.

Embora noutros corpos me esquecesse,
Tu és o que me resta, o meu alento,
O beijo que me deste, a minha prece...


1238


Ah! Se soubessem, moços, o que eu sei...
Jamais se deixariam mais levar
Por todos estes sonhos que sonhei
Além desta esperança, naufragar...

Amores são farsantes, eu provei
Do gosto da saudade a me amargar.
Depois de tanto tempo, me entreguei
E somente essa mágoa a me tocar...

Amores mentirosos... Pobres moços...
Afastam-se do sol, buscam infernos.
Acreditam viver raros colossos,

Depois, somente a dor por herança;
Quem quiser se aquecer em pleno inverno,
Esqueça estes amores da lembrança...


1239


Ah! Tire o teu sorriso do caminho
Que eu quero desfilar a minha dor,
Se nesta vida, amada eu sou espinho,
Jamais vou maltratar a bela flor...

Agora se meu canto é tão sozinho
Distante de teus olhos, meu amor,
Percebo como a vida sem carinho
Maltrata um coração que é sonhador.

Nos espelhos meus olhos rasos d’água
Refletem toda a dor e a triste mágoa
Da vida, que sem força continua...

Não quero ser espinho em tua vida,
Mesmo que a sorte/flor se vá perdida.
O sol não viverá perto da lua...

HOMENAGEM AO GRANDE NELSON CAVAQUINHO


1240

Ah! Quem me dera estar sempre a teu lado,
Na lua tropical , boleros e canções,
Bandoleons, violas, noites, fado..
Rodando nas loucuras das paixões...

Não me canso jamais, apaixonado,
Entregue a tais desejos seduções...
A noite vem e traz o teu recado,
Na boca, doces lábios, tentações...

Ah! Quem me dera o gosto do veneno
Bebido em tua boca, nos teus seios...
Delírio me tomando, vivo e pleno,

Tremendo todo o chão sob os meus pés...
A vida se entregando aos meus anseios,
Na dama que convida... os cabarés...


1241



AH! COMO EU PODERIA TE DIZER
DA SENSAÇÃO CRUEL DESSA SAUDADE
DIZER-TE QUE, SEM TI , MELHOR MORRER!
VOU PROCURAR-TE, SONHO EM LIBERDADE..

JAMAIS EU SABERIA QUEM HÁ DE
INFORMAR A ESSE LOUCO SEM POR QUE
EM QUE CANTO, EM QUE RUA NA CIDADE
EM QUE MUNDO ELE SOUBE TE PERDER?

AGORA QUE AS PALAVRAS SÃO NEFASTAS.
AGORA QUE MEU MUNDO JÁ PERDI
QUANTO MAIS ME APROXIMO, MAIS T'AFASTAS

MAIS SINTO A ANGÚSTIA MAIS CRUEL, SORRIR.
SE, QUANTO MAIS DE DOR, MEU PEITO, ABASTAS;
SUPLICO, POR FAVOR, O AMOR EM TI


1242

Ah! Se eu pudesse... amor... não deixaria
Jamais a noite fria te levar,
E voltaria sempre em alegria
Colado no teu corpo, a procurar...

Buscando o teu amor a cada dia,
Nos raios deste sol e no luar,
Nos versos que dedico, em poesia,
No canto que te faço a cultivar.

Eu sinto que tu andas tão distante,
Mas vejo uma promessa nessa dança,
De ter o teu amor a todo instante,

Na festa em que louvamos nosso amor,
Vivendo sem deixar esta esperança,
Que é minha e me acompanha aonde eu for...


1243


Ah! Meu amigo, como dói perder
A mulher que sonhamos toda a vida.
A dor vem destruindo todo o ser
Invadindo a nossa alma distraída...

Bem sei como é custoso de se crer
Que uma pessoa amada e tão querida
Se vai. E nem sequer quer mais saber
Da nossa vida, triste e destruída...

Assim também alguém foi meu carrasco,
Deixando quase nada para mim.
Entorna a fantasia e quebra o frasco

Jogando pelo chão, um sentimento.
Vontade de morrer, chegar ao fim...
Creia: nossa amizade é bom alento...



1244

AH! COMO EU PODERIA
Falar de cada verso
Aonde me disperso
E tento novo dia

A sorte não traria
Sequer este universo
E sei que desconverso
E evito esta agonia

Matando uma esperança
A vida ora se cansa
Da luta incomparável

Vestindo a ingratidão
Os dias me trarão
Somente o degradável.

1245



“Ah! Se eu pudesse te abraçar, agora!”
Te juro, não soltava nunca mais!
Se a chuva vai caindo bem lá fora,
Saudade, no meu peito inda é demais!

Meu peito, desejoso, só te implora,
Não deixe-me sozinho, amor, jamais!
Vem cá, moça bonita. Tá na hora!
Meu barco precisando do teu cais!

Tu és a manga rosa do pomar
Que Deus celestial me preparou.
Jamais de amar demais, irei deixar,

Te quero noite e dia sem parar,
De noite balançando a rede. É gol!
Beijar, fazer amor? Só começar!


1246

Ah! Meu amor... Eu sempre lembro, sim,
Desta primeira noite que tivemos,
Um mundo em convulsão dentro de mim,
De todos os carinhos que tecemos

A noite parecia não ter fim,
O dia amanheceu, nem percebemos,
Tu eras minha... Quanto quis... Enfim...
E nunca mais, depois disto, nos perdemos...

Eu te amo e cada vez te quero mais,
Naquela camisola transparente,
Guardada na memória feito um cais

Que sempre quando estou mais vacilante
Ressurge na lembrança novamente,
E traz de novo o amor, a cada instante...


1247


Ah! Quem contigo vive é mais feliz,
Tu trazes esperança em cada verso,
Ensina que, de amor, um aprendiz,
Recebe tantas bênçãos do universo!

Tu és este meu guia pela vida...
Não deixo me enganar se tenho a ti,
Aprendo que se tenho dividida
A sorte; ganho mais do que perdi.

Aprendo a consolar quem me consola,
Aprendo tanto amar a quem não ama,
Amor não se prepara numa escola,
É fogo que nos queima em viva chama.

Tu és de minha vida, toda a verdade,
Por isso é que me encanto na amizade...


1248

Ah! Meu Deus, como é bom saber que existes!
Tu és toda a certeza que preciso
De que se findarão os dias tristes
E de que viverei no paraíso!

No rio que caminha para o mar
Levando uma esperança: ser feliz!
Contigo conheci o que é amar,
Tu és, na vida, tudo o que mais quis...

Ah! Meus Deus, eu sonhei com teu amor;
Nas noites mais geladas, solitárias.
Porquanto necessito teu calor,
Findam-se minhas dores, temerárias...

Por isso, meu amor; ao mundo clamo:
Ah! Meu Deus, eu te quero, como eu te amo


1249


Ah! Mulher do sol, como te quero;
Sem rumo sem sentido sem ter nexo...
Vencido pelo ardor que sempre espero
Vertido num desejo mais complexo...

Mulher que me irradia sem saber
Sangrando em cada poro, uma esperança;
Receba de meus braços, tal prazer;
Que aos poucos, calmamente sempre avança;

Nascidos sob a luz que não se acaba,
No brilho que sugamos deste céu.
Aos poucos um disfarce se desaba
Montamos sem sentir, mesmo corcel;

E a noite nos convida a passear
Entregues num eclipse, te encontrar...

1250


Ah! Nos teus lábios quentes, tanto amor...
Amor que procurei a vida inteira.
Sabendo que busquei a vida inteira
Em todos os caminhos, tanto amor...

Quero meu descanso nos teus braços
Deitando em nossa cama, meu prazer.
De tudo que queria, meu prazer;
Encontro aqui deitado, nos teus braços...

Eu quero tanto amor, e meu prazer,
Na busca a vida inteira, por teus braços...
O meu prazer deitado nos teus braços,
Eu quero tanto amor a vida inteira.

Ah! Nos teus lábios quentes, meu prazer,
Eu quero o meu descanso em tanto amor


1251


Ah! Como é bom poder te amar assim...
Vieste deste modo manso, breve...
Aos poucos foi chegando até que, enfim,
Minha alma se sentiu tão calma e leve.

Quem fora despertado pelo vento
Feroz e tão intenso da paixão,
Vivendo amor sem rumo, em sofrimento,
Rompendo, destruindo o coração;

Ao ter, neste momento, a calmaria;
Percebe como é belo o grande amor.
Trazendo, sem loucuras, a alegria;
Disposta a vir comigo aonde eu for...

Deitado do teu lado, tanto afago.
Na doce placidez dum lindo lago...


1252


Ah! Como é bom poder falar teu nome...
Solto por sobre as pedras, vales, rios...
Ao longe quando falo, no eco some
Percorrendo distantes, os vazios...

Teu nome, minha amada companheira,
Traduzindo as belezas mais gentis.
Dando essa sensação tão verdadeira,
A de que poderei ser mais feliz.

Amada, como adoro ter chamar,
Nas horas mais doídas desta vida.
Distante dos meus portos, do meu mar.
Nessa ausência de mim mesmo, querida...

Teu nome não me sai do pensamento,
Percorre todo o mundo, solto ao vento...



1253


Ah! Como eu te queria agora, amor...
Poder estar contigo junto a mim,
Sentir o teu prazer, o teu calor...
E tudo o que mereço, creio, enfim...

Poder cariciar teu corpo todo,
Beijar tão mansamente a tua boca...
Depois de tanta dor, de tanto engodo,
A vida se promete livre e louca...

Delírios e desejos se completam
Em cada movimento novo brilho...
Amores em prazeres se repletam
E formam nossos sonhos, nosso trilho...

Ah! Como eu te queria aqui, amada...
Entregue, se sabendo desejada...


1254



Ainda quando pude
Vencer a tempestade
E o dia ainda brade
Decerto atroz e rude,
Alheia a juventude
Marcando o que degrade
Rompante toma a grade
E ocaso ainda ilude.
Meu mundo se desenha
No todo sem sentido
E o quanto mais duvido
Traduz esta resenha
Audácia não se impõe
E a vida decompõe


1255

Ah! Como dói o amor quando distante...
As horas não se passam, vida voa...
O mundo se desaba num instante
Quem dera ser feliz... Rei e coroa...

Nos olhos derramados deste amante
As lágrimas se secam. São à toa,
Jamais renascerá o radiante
Sol... Mas um girassol louro destoa...

Floresce mais teimoso neste prado.
As cores e os brilhos são farol...
Promete ressurgir vital delícia...

Quebranto e solidão meu triste fado,
Mas, entretanto a vida, um girassol;
Promete renascer, loura Fabrícia!


1256


Ah! Se ainda tivesse alguma força,
Quem sabe, eu poderia, então lutar,
A vida se esgueirando, frágil corça
Não deixa sequer rastros no lugar.

Matando o que restou das ilusões,
Esboço num sorriso de ironia,
Depois das tempestades e vulcões
Tempesta disfarçada em calmaria.

Só resta, então seguir o meu caminho,
Distante das estrelas e dos céus.
Lavrando com tristezas cada espinho,

Dos cardos e das urzes, minha herança
Escondo o meu olhar sob estes véus
Estúpidos forjados da esperança...



1257


Ainda ecoa, ao longe, a tua voz...
Saudade exorbitando qualquer senso,
E quando em teu carinho, amada, penso
Revejo o que existiu de bom em nós.

Só sei que não deixaste nada após,
Este ar que hoje respiro é sempre denso,
Qual rio que se perde de uma foz,
Do quanto fui tão fútil me convenço.

Seria muito bom poder sonhar,
Mas como se só tenho pesadelos,
Quem dera se eu pudesse convertê-los

E ver depois de tudo, clarear
O sol de uma total felicidade
Deixando no passado esta saudade.



1258


Ainda não havia o sol se posto
E percebi teus passos nesta escada,
Sanando em mansidão cada desgosto
A tempestade em mim, apascentada.

Amiga ao conhecer teu belo rosto
A vida, num momento, deu guinada
Agora em calmaria, recomposto
Almejo percorrer em nova estrada

As flóreas sensações de primavera;
Rascunhos esquecidos do passado
Jogados na lixeira de minha alma.

Agora a placidez que me tempera
Permite que eu vislumbre um belo prado
Seguindo o meu caminho em paz, com calma...


1259


Ainda nos demonstra seus faróis
Amor alumiando toda a costa.
A força em claridade sendo exposta
Invade transformando os arrebóis.

A vida preparando seus anzóis
Na boa pescaria sempre aposta.
Ao sol de uma esperança amor se tosta,
Na noite destes sonhos, rouxinóis.

Alquímicas vontades pressupondo
Panacéias diversas, luzes fartas.
Da fonte dos desejos não te apartas

O mundo em harmonia se compondo
Nos braços entremeios e carícias.
Paixões não são somente assim, fictícias...



1260


Ajoelhado aos pés de minha amada,
Pedindo que ficasse mais um dia.
A noite que chegava, enluarada,
Montada num corcel, plena magia.

Trilhando pelos céus a bela estrada,
Num fulgor todo pleno em fantasia.
Estrelas constelares, mãos de fada,
Além de sonho que podia...

Distantes dos teus olhos, sem carinho...
Espero tua volta, estrela/lua.
Perdendo a noite clara, vou sozinho

O teu colo, os teus seios, um veludo...
Tua presença amada, bela e nua,
Agora sem amor, morrendo mudo...


1261


Alaga em fantasia, o ledo prado,
A forte correnteza deste sonho,
Audácia se mostrando lado a lado,
No barco em que esperança; cedo, eu ponho.

Futuro num momento anunciado
Mostrado mais feliz, calmo e risonho.
Do outrora tão distante e duro Fado,
Marcado por um rumo mais bisonho

Eu vejo ressurgir em mansa paz,
O quanto que jamais pude pensar.
No bem que nosso amor, em lumes, traz,

Sementes de alegria vão brotando,
O riso em farta glória se granando
Amor que não se cansa de brilhar...



1262


Alagação no peito de quem ama
Não deixam quase nada no caminho,
Dilúvio vem tomando o velho ninho
E molha com meu sangue, o chão e a cama.

Marcando o meu destino, sinto o drama
Deixando em mais completo desalinho
A vida de quem quis acesa a chama
E morre quase louco assim sozinho.

O quanto quis da vida e nada tive,
Lugares onde nunca mais estive,
Demonstram que o vazio sempre vem.

Causando no meu peito calafrios,
Meus olhos vão decerto assim vazios,
Depois de tanto tempo sem ninguém.



1263


Alago com as lágrimas teu mar,
E vejo ser possível novo sonho,
Embora tão distante, inda proponho
Quem sabe, noutro dia a preamar...

Ouvindo em burburinho, o marulhar,
Decifro cada cais aonde eu ponho
O barco que teimoso, vai risonho,
Por mais que a solidão teime em ficar.

Não quero mais apenas os resquícios
Preciso mergulhar nos precipícios
Dos braços de quem amo e quero bem...

Enaltecendo a luz que inda resiste,
O amor se derramando, e mesmo triste,
Prenunciando a glória que não vem...



1264


Alago-me nessa água que percorre
As pernas bronzeadas da morena,
Ao mesmo tempo afoga e me socorre,
Ao mesmo tempo sana e me envenena;

Riscando por um triz o mar inteiro,
Lavando a cicatriz com água benta,
No gosto deste sal um derradeiro
Desejo de paixão tão violenta...

Na proa deste barco eu sempre embarco
O mastro que quer vela e se revela
Deixando em todo porto o gozo, o marco,
Pintando no teu corpo a louca tela

Formada em aquarela, num lampejo,
Marcada ao fero fogo do desejo!



1265



Alamedas, estradas e caminhos...
Nos pinheiros e cedros, tal beleza...
Lá perdi nossos beijos e carinhos...
A mansidão perfaz a sutileza...

Nossos olhos são tristes passarinhos,
Nasceram para a dor, tenho certeza...
Buscando por sossego, querem ninhos,
A vida proibiu tal fortaleza...

Nas mansidões dos rios sem cascatas,
A corredeira leva nossa paz...
Quem dera conhecer as nossas matas,

Nas mãos que se acarinham, ser capaz
De ter a calmaria que retratas,
Brisa fresca que a nossa noite traz...


1266

Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...

Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?

Me deixas cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...

Mas Shirley, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!

1267


Alastram-se daninhas ervas, urzes,
E tomam totalmente o meu canteiro,
Pesando desde sempre tolas cruzes,
O céu jamais se fez alvissareiro...

Distante dos teus olhos, um braseiro,
Meu céu já não comporta tantas luzes,
Outrora me entreguei, fui verdadeiro,
Porém ao precipício me conduzes...

Agônico; vergastas me lanhando,
As esperanças fogem, tosco bando,
Deixando aqui somente este amargor.

Mas ébrio de ilusões, sigo tentando,
Ao menos este fogo calmo e brando
Que um dia imaginei ao meu dispor...



1268


Alavancando a vida, me agiganta
Esta certeza imensa em que se dá
O amor que deseja e desde já
Domina cada passo enquanto encanta.

Tristeza, uma canalha sacripanta
Sacrílega vilã não voltará
Se eu trago amor que manso brilhará
Na solidez que cura e nos imanta.

Sou presa sem surpresas do que prezo,
Amor que não conhece um vão desprezo
Expressa a magnitude deste sonho.

Vivenciando a glória sigo assim,
Mostrando o que melhor existe em mim,
Com dias bem melhores, sempre sonho...


1269


Alcanço a liberdade num segundo;
Enquanto o coração for timoneiro
Percorro nos teus olhos todo mundo,
O amor tão libertário, um guerrilheiro.

Rompendo estes grilhões, um giramundo
Inquieto sempre audaz e verdadeiro,
De toda esta magia eu já me inundo
Mergulho no teu corpo e vou inteiro.

Cativo deste amor; rompo as algemas
Esqueço num momento os meus problemas
Vislumbro este horizonte ilimitado,

Esqueço das masmorras do passado,
Não tendo mais atada em mim, corrente
Encontro a liberdade, finalmente!



1270

Alcanço a plenitude em raios mágicos
Que emanas, radiosa, em tom profético.
Meus dias sem te ter, díspares, trágicos,
Olhares com certeza, vãos, patéticos.

Meus dias morrerão, antropofágicos
Distantes dos meus sonhos, que poéticos
Adentram a manhã, fogos tabágicos
Tramando meus delírios anti-estéticos.

Não posso prescindir do sonho vívido,
Meu rosto se tornando duro e lívido
Distante de quem amo; nada sobra,

Quem dera se pudesse em himeneu
Ter finalmente amor que assim se deu,
Porém meu barco, insano, vão, soçobra...



1271


Alcanço em pensamento uma alvorada,
Após a mais difícil caminhada,
Seguindo a cada dia nova estrada
Não tenho em minha vida quase nada.

A sorte que se mostra abandonada,
A par da mais temível derrocada
Permite que adentrando a madrugada
Recolha sem saber cada florada.

Não creio mais em anjo, gnomo ou fada.
Um grito tão audaz, o peito brada
Recebo da esperança uma lufada.

A boca não quer ser amordaçada,
Na tua fortaleza, faço escada
Chegando à perfeição imaginada.


1272


Alcanço plenitude em fortes gozos
Embora saiba ser fútil momento.
Não guardo as procissões nem bebo o vento,
Os corpos carregados, andrajosos.

Alíquotas cumpridas, são jocosos
Os rastros que não valem o lamento,
Um pária sem destino, me atormento
Com ritos delicados e fogosos...

Conspurcar os altares, sacrilégios
Que fartam-me em farnéis outrora régios,
Arregimento o resto que inda trago

Dos vastos pantanais fátua figura
Sem mantra, prece ou reza, a cada agrura
Inóspita senzala em duro afago.



1273


Alçando ao infinito em fluorescências
Qual fora um fogo fátuo, uma esperança
Buscando da alegria providências,
Deveras persistente, não alcança.

Dos ais colecionados, luta e guerra,
Encontra os mais cruéis desfiladeiros.
O pensamento algoz cedo descerra
A seca que se deu neste ribeiro.

O mar que ensandecido não sossega,
Fazendo intempestiva, a natureza.
Uma alma desfilando quase cega
Impede que vislumbre-se beleza.

Distante da alegria se aborrece,
Nas mãos da solidão já se oferece...



1274

Alçando ao infinito em fluorescências
Estendo em nosso quarto; mil estrelas,
Sentindo a raridade das essências,
Aromas sensuais que me revelas.

Delícia que se faz; doces ardências,
Culminam no prazer de assim contê-las
Dos raios do luar, calmas dolências
Permitem que se possa conhecê-las.

Assim caminha a terna madrugada
Na espera de um sublime amanhecer.
A lua tão serena, enamorada

Abraça a tua tez; prata morena,
E em meio a tantas ondas de prazer
Felicidade imensa, enfim se acena...



1275


Alçando em liberdade um novo mundo,
Um pássaro jamais se prenderá,
Tal qual o sentimento mais fecundo,
Aos poucos com certeza brilhará

E novas esperanças, tão profundo,
Nos braços deste sonho aqui ou lá
Virão nos povoando num segundo,
E a paz em nosso ninho moldará

O quanto de desejos e prazeres,
Descendo uma vereda de esperanças,
Vagando em amplitude, belas danças,

A festa prometida, mil talheres,
O riso da menina demonstrando
A sorte deste amor se desfraldando...


1276


Alçando em minha vida tal jornada
Que possa permitir mais fabulosa,
A sorte que pensara desolada,
Ao mesmo tempo emerge gloriosa,
Decerto se fará maravilhosa,
Ao recolher do amor, divina rosa,

Distante dos espinhos, na verdade,
Pois nela tenho sempre reparado
A vida em que brotou felicidade,
Deixando o medo enfim abandonado,
Futuro se moldando em liberdade,
As dores esquecidas no passado.

Amor que meus sentidos já tomara,
Da paz feita esperança me cercara...


1277


Alçando em pensamento outro universo
Diverso do que outrora imaginei,
Passando por caminhos que encontrei
Prefiro seguir só, mesmo disperso.

Tirando os meus engodos – foram tantos,
Eu tenho dentro em mim uma esperança,
Depois da tempestade uma bonança
Trará para os viventes mais encantos.

Estudantes, corsários, guerrilheiros,
No fundo fomos todos sonhadores.
Os céus que imaginamos; multicores.

Ingênuos, mas decerto verdadeiros,
Burgueses, o que somos; nada além
A história descarrila o velho trem...



1278


Alçando em teus carinhos, o infinito,
Bendigo a vida em plena sintonia,
Do amor que há tanto tempo estava escrito,
Dourando a minha vida em alegria,

De tudo o que disser ou que foi dito,
Jamais uma palavra me traria
Um sentimento caro e sei bendito
Que se renova sempre a cada dia.

A tradução perfeita que persigo,
Falando deste amor, audaz e amigo.
Permite festejar com emoção

No teu aniversário a lua é clara
E o amor com toda força se declara
Invadindo feliz, meu coração.



1279


Alçando imensidão eu te proponho
Vivermos nosso amor sem ter limites,
Além do que pudesse ser um sonho,
No qual espero sempre que acredites.

Amar e ter assim santa ternura
deixando uma tristeza já de lado,
Um sonho mavioso se procura
Num coração que vai apaixonado.

Não temo mais as dores que virão
Nem mesmo a tempestade que não veio.
Batendo bem mais forte o coração,
Esqueço qualquer tipo de receio

E busco em cada gesto, uma alegria
Do amor que a gente canta em sintonia...


1280


Alçando imensidão eu te proponho
viver o que pudesse em fantasia
E toda a sorte assim já se faria
Tramando a cada dia um novo sonho

Destarte o paraíso em ti componho
E sei deste desejo em utopia.
Mas quando a vida dita esta alegria
O manto com ternura além eu ponho.

E vejo o vicejar da rara flor
E neste desenhar ao te propor
A eterna sensação do amor sincero

Deixando no passado o vão cenário
De um dia tantas vezes solitário
Apenas redenção em ti, espero.


1281


Alçando o pensamento, vem veloz
Erguendo o seu olhar sobre montanhas,
O tempo toma conta atando os nós
Transforma num segundo velhas manhas,

Manias que cultivo dia a dia,
Algumas; reconheço, são bisonhas,
Poeta que disfarça enquanto cria
As marcas que carrega; bem tristonhas.

Brincando com palavras, trovador
Não sabe discernir o que inda quer,
Cantando o mesmo mote, diz amor,
Pensando o tempo inteiro na mulher

Que é deusa, musa, ninfa e companheira,
Embora idealizada; verdadeira...



1282

Alçar a liberdade em cada verso,
Riscando com meu brado os infinitos,
Liberto, vasculhando os universos,
Mais fortes ecoando nossos gritos.

Matando os cães vadios e perversos,
Fazendo da amizade novos ritos,
Apascentando mesmo os mais dispersos,
Amenizando as dores dos aflitos.

O verso que se mostre com pujança
Vencendo com vigor toda trapaça,
Moldado nos buris de uma esperança.

Ganhando as mais sublimes cordilheiras,
Um novo amanhecer não se disfarça
Nas faces das manhãs alvissareiras...



1283


Alçar meu pensamento ao infinito,
Fazendo bem mais livre cada verso,
Um dia em alvorada, mais bonito,
Deixando assim distante um mar perverso.

Ecoa bem mais alto cada grito,
Agora estou na sorte, enfim, imerso,
Fazendo deste sonho um mote; um rito
Já não prossigo só, nem mais disperso

E canto essa alegria de poder,
Ver, novamente o dia amanhecer
Trazendo uma alegria que em torrente

Espalha a fantasia sobre nós
Tramando em claro amor sinceros nós
No sol de uma alvorada reluzente.



1284


Alegra do começo até o fim
O sonho que me trouxe para ti.
Se o São Francisco eu trago dentro em mim,
Descendo para o Sul eu descobri

Nas margens do Guaíba uma sereia
Embora fluvial, seu canto atrai,
Do sertanejo mote em lua cheia
Na busca deste encanto o peito vai.

Nas águas azuladas deste rio,
O coração que em secas se criou,
Aos poucos sem domínio eu me vicio,
Bebendo deste amor que me tocou.

Descendo estas montanhas das Gerais
Encontro nas coxilhas o meu cais...

1285


Alegre, o coração deveras fica
Ao ter tua presença mesmo em verso.
O mundo sem te ter queda perverso,
A noite em solidão já se complica.

Amor que não precisa de pelica,
Pois sabe transgredir todo o universo
Sentindo este desejo mais disperso,
Não quer e nem precisa, ele se explica.

Curtido com palavras mais audazes
Em frases, fases faça o que quiser.
Os lábios tão sedentos e vorazes

Procuram toda a fonte de prazer,
Tu és, mesmo distante, uma mulher,
Que é sempre tão gostosa de se ter...


1286


Alegria é companheira
De quem quer ser feliz,
A paz tão costumeira
Felicidade diz,
Mostrando esta bandeira
Do céu, raro matiz.

Tanta alegria eu sinto
Por poder ver o brilho,
A vida, que é um absinto,
Na qual me maravilho,
Nas cores que me tinto,
Nos olhos do meu filho.

Lutar pela alegria,
Batalha dia a dia...

1287


Alegria e esperança se irmanadas
Trazendo um bem imenso para quem
Encarou tempestades, trovoadas,
Fazendo para a gente tanto bem;

Eu falo por que sempre procurei
A paz nestas palavras, sentimentos,
Por vezes, sem notar me deparei
Com estranhas rajadas doutros ventos.

No fundo uma esperança se frustrada
Transforma uma alegria em canto triste.
Depois de uma esperança abandonada
Na vida, quase nada mais existe.

Por isso uma alegria cura o tédio;
Um coração alegre é um remédio...


1288


Alegria me tomando
Já faz festa meu amor,
Tanto bem comemorando,
Nosso mundo sonhador,

Coração vai decorando
Encontrando a bela flor,
Não pergunto nem mais quando,
Nunca mais um sofredor.

Meu amor, nosso desejo,
Que vontade de dançar!
Tanto quero este festejo

Gostoso poder amar
Venha cá me dê um beijo,
Hoje eu quero namorar!


1289

Alegria nascendo a cada dia
Trazendo um vento calmo de esperança
Na luta sem final contra a lembrança
De toda dor que mata a fantasia.

A cada novo tempo, a poesia
Inunda-se sem quer sombras da vingança
Rondando nosso amor em aliança
E trama contra a noite negra e fria...

Crisântemos florescem no jardim,
Eu guardo belas flores dentro em mim
Pedindo que este canto nunca engane.

Por mais que seja triste a madrugada
A vida se refaz nesta alvorada
Que trouxe o manso amor de Viviane...



1290


Alegria nascendo aos borbotões,
Formando com o sol, a claridade.
Espalha pelas ruas emoções,
Trazendo um novo canto de verdade....

As mãos que fecundaram nosso chão
Depois desta carícia milagrosa,
Também acariciam coração,
Fazendo uma canção maravilhosa...

Amor que não me deixa mais distante,
É verso que me envolve totalmente;
Versejo meu poema mais vibrante
Na busca de te amar complemente.

Tu és o meu Princípio e meu caminho.
Contigo nunca mais irei sozinho...



1291

Alegria perene eu percebo
Nestes versos que fazes, querida
Tanto amor de teus braços recebo
Bênçãos raras que encontro na vida.

Descrevendo meu sonho de paz,
Cavaleiro montado em corcel
Que esperança feliz já me traz
Navegando liberto em teu céu.

Naus, jangadas, saveiros e barcos,
Oceanos longínquos passei.
Estrelares desejos em arcos
Que nos sonhos, amor eu trarei

Os meus olhos de ti tão sedentos,
Expressando reais pensamentos...

1292


Alegria se omite e não se alcança
Depois de tanto tempo sem ninguém,
Buscando tão somente por alguém
Sabendo quem espera já se cansa.

Ferrenhas ilusões, dura lembrança,
Perdi faz tanto tempo, antigo trem,
Agora tão vazia a noite vem,
Mexendo com meus sonhos de criança...

Tartamudo, prossigo até que chegue
Um barco que outro mar inda navegue
E mude, num momento, o velho Fado.

No enfado de buscar e nada ter,
Olhando para espelho sem prazer,
Seguindo maltrapilho e maltratado.


1293


Alegria? Distante e tão remota
Imagem que perdi pra nunca mais...
Uma esperança aos poucos se desbota
O barco em desvario. Cadê cais?

Tristezas vão tomando toda a frota
Prazeres encontrados são boçais
Por companhia párias tão iguais
Apenas urze, erica, ainda brota

Legando ao meu canteiro a seca eterna
A boca que, febril, não reconheço;
Seu beijo na verdade eu não mereço.

A mão se que se apresenta assim fraterna
Espinhos encontrando se retira
A luz inutilmente em ronda gira...


1294


Alegrias me tomam ao rever
Menina delicada, moça bela.
Amor que tão sublime se revela
Embala minhas noites ao saber

Da volta de quem fora meu prazer,
Meu barco recupera a sua vela
A noite se pintando com estrela
Que vejo em meu caminho esplandecer.

Jardim se refazendo em verso e sonho
Florindo novamente para mim.
Belezas de crisântemo e jasmim

Trazendo um raro dia onde proponho
Que sempre, minha amada, seja assim,
Um mundo deslumbrante e tão risonho..



1295


Alegro-me em te ver amiga, andei perdido,
Na procura da estrela, esqueci que sou humano.
O céu está distante, aqui é outro plano.
Acho até que tive sorte, eu podia ter caído.

Mergulhado no abismo após ter derretido
O sonho de voar. Cometo tanto engano
Porque sou sonhador. Depois disso me ufano.
Fechando os olhos, vou. Perco todo o sentido!

Amiga, teu amigo aguarda um triste fado,
Depois da dura queda, o sonho sepultado.
Mas, teimoso, não paro, aguardo outra viagem.

Que vou fazer da vida, espero uma resposta.
De milagre em milagre, um dia viro posta.


1296



Alegro-me em te ver amiga, andei perdido,
buscando a calmaria noutro rumo
E o quanto dos meus erros eu assumo
Enquanto um novo passo enfim lapido

O mundo se mostrara no esquecido
Caminho sem certeza aonde o prumo
Esgota cada sonho e se me esfumo
O tempo noutro caos vejo vencido.

Esbanjo fantasias, mas sei bem
Que ao fim de certo tempo nada vem
Somente a solidão reinando aonde

O todo se pudera e não persiste
O mundo se aproxima e sinto triste
Cenário enquanto o vago não responde


1297


Alegro-me ao saber que tu voltaste,
Rendido a tanto amor, nada mais quero.
Por vezes eu cheguei ao desespero,
A vida sonegando a muda uma haste.

Cambaleante passo; provocaste,
Tornando o dia-a-dia amargo e fero,
O sentimento muito além de mero
-Saudade- faz com gozo um vão contraste.

Porém ao te saber aqui comigo,
Depois de tanto tempo em desabrigo,
Meu verso já não fala de tristeza.

O quanto desejei a cada instante,
Um tempo mais feliz e fascinante,
Banquete de alegrias sobre a mesa...



1298


Além da ventania que tocava
Teu corpo em total intimidade,
Minha alma na tua alma se encontrava
Alçando a plenitude em liberdade.

Olhar que mansamente se entornava
Trazendo para nós tranqüilidade,
Vencendo este ciúme quebro a trava
E sinto esta paixão que agora invade.

Não temo mais procelas, furacões
Nem mesmo esta terrível ventania
Que encontro bem mais forte nas paixões.

Pois sinto que este vento feito em brisa
Transporta tão somente uma alegria
E a vinda da bonança, agora avisa...



1299


Além de simplesmente fantasia,
Da sensação deste dever cumprido,
Recebo a luz em tua companhia,
De toda uma esperança, convencido,

Do quanto desejava e bendizia
O passo bem mais firme e decidido,
Moldado em santa paz e em harmonia,
Trazendo o meu destino resolvido,

Aprazo em noite clara o sentimento
Que molda a plenitude, num momento
Negando em paz perfeita o desengano.

Levando dentro em mim esta esperança
A mansidão em glória amor alcança,
O sentimento nobre e mais humano...



1300


Além de todo amor, de toda a vida,
Eu quero eternamente, ser só teu...
Tu és assim, a sorte recebida
Por quem durante a vida se perdeu.

Um dia, ao perceber-te distraída,
Olhando para o longe...O canto meu
Vibrou nos teus ouvidos. Sem saída,
Meu amor no teu peito se escondeu...

E desde então não faço quase nada
Senão viver amor tão desejado,
A voz que te chamava, enamorada

Agora te sussurra bem baixinho,
No verso que dedico, apaixonado;
Somente uma palavra de carinho...

1301

Além de tudo aquilo que buscamos
A vida não se mostra sempre cega
Enquanto noutras sendas entranhamos
O barco da ilusão, amor navega

Estrela se declina sobre os ramos
E em plena fantasia não sonega
O brilho que em belezas encontramos
Traduzindo em verdade rara entrega.

Amor ao demonstrar os seus sinais
Ancora uma esperança em nosso cais
Mudando todo o rumo destes ventos.

Perfumas alegria pela casa
E toda esta emoção que nos embasa
Permite mais felizes pensamentos...



1302


Além de uma paixão que é fátua; eu tenho
Por ti um sentimento bem mais forte
Capaz de nos mostrar um novo norte,
E proteger nas sendas que eu embrenho.

Por isso é que em meu verso agora eu venho
Falar do nosso amor, firme suporte,
Que traz ao coração um manso aporte
No qual esta esperança tem empenho.

Falar do quanto eu quero estar contigo,
Contando com teus braços como abrigo
Sabendo da amizade que nos une.

Eu te amo e nada pode mais calar
A força que entranhando devagar
Não deixa a solidão ficar impune.


1303


Além deste desejo, compartilho
Amor tão delicado e sonhador,
Não vejo neste mundo um empecilho
Que possa já conter o nosso amor.

És Afrodite e Amor, dileto filho,
Que em setas, anjo bom e tentador;
Ao ver o quanto em ti me maravilho,
Me fez de teu olhar adorador.

Nos sonhos mais gentis, estás presente,
Não deixo de pensar um só minuto,
Minha alma ao te rever, cedo pressente

O quanto és importante para mim,
Que seja assim bendito esse bom fruto
Que é feito da alegria imensa. Enfim...


1304


Além deste horizonte imaginário
Aonde a lua surge em plenitude,
Dos sonhos mais felizes um açude,
Caminho que desejo, belo e vário.

O amor quando demais e solidário
Permite que se veja a juventude
Bem mais do que eu sonhara e mais que pude,
Deixando o meu destino, solitário.

Embaralhando pernas, pensamentos,
Eu quero sem limites os momentos,
Vivendo na perfeita comunhão

Com quem sabe os segredos desta vida,
Mostrando com carinhos a saída,
Vencendo em calmaria, o furacão...


1305


Além deste horizonte que hoje vejo,
Montanhas tão longínquas, ouço a voz
Que entranha meus ouvidos num atroz
Resquício do que outrora foi desejo.

Perdido sem destino, entregue ao pejo,
O amor este temível, duro algoz,
Tortura quando invade e vem veloz,
Carrasco que se mostra mais sobejo.

Meu peito em pleno alerta não consegue
Cessar a força intensa que prossegue
Atando nos meus pés frios grilhões.

Depois de tantos erros, aprendi?
Que faço se me entrego então a ti,
Matando o que restara de ilusões...


1306


Além deste horizonte se permite
Um raro amanhecer em luzes fartas,
Enquanto a poesia já descartas
O amor não ultrapassa o seu limite.

Não tendo quase nada em que acredite,
Guardando em minha manga algumas cartas,
Desejo num segundo que tu partas,
Porém a mão segura e quer que evite

A tua debandada em outras brenhas,
E pede que, retornes e que venhas
Trazendo os teus sorrisos costumeiros.

Teu gosto permanece nos meus lábios,
E perco, timoneiro, os astrolábios
Errante mergulhar despenhadeiros...



1307


Além deste universo, além da morte,
Vagar pelos escombros do que fui,
A vastidão esconde o velho corte,
O sangue apodrecido, agora flui.

As mãos que sempre empunham a velha arma,
As mesmas que acarinham o meu rosto,
Viver em solidão além de um karma,
Deixar o peito aberto, amargo e exposto.

Perenes desventuras, me acostumo...
O riso em ironia não bajula,
Procuro no vazio rota e rumo,
Imensa esta volúpia feita em gula...

Metálicos sorrisos são avisos
Do fim que se aproxima em toscos guizos...


1308


Além do japonês tem alemão
Suíço, até francês nesta parada,
Não quero então ficar assim na mão
Depois de tanto tempo, sobra nada.

Estranhos os meandros da paixão,
A gente mal mergulha, perde a estrada
Cevando com carinho cada grão
Plantando este centeio vem cevada.

Eu sei que toda flor tem seus espinhos.
Quentão sempre precisa de gengibre
Problema, meu amor é o calibre.

Eu soube de outras fontes que este cabra
Não usa pra arrombar nem pé de cabra
Meus dotes, disto eu sei, pequeninhos...



1309


Além do pensamento e do sentir,
O amor vai pouco a pouco me elevando,
De um sonho que se fez outrora brando,
Vislumbro um Paraíso no porvir.

Podendo desde sempre pressentir
O templo em alegrias se formando,
No corpo da mulher desabrochando
Vontade de tocar e repetir.

Mirando o teu olhar, minha alma lê
Fantástico caminho em que se vê
Um tempo de alegrias tão imensas.

Meu corpo se entregando, vou inteiro,
De todos os prazeres, timoneiro
Roubando da alegria, as recompensas...


1310


Além do que a saudade reproduz
Eu necessito sempre o que há em ti
Não digo que meu rumo eu já perdi
Apenas o teu rastro me conduz.

Não quero carregar pesada cruz
E nem saber o que jamais eu vi,
Ao penetrar um sonho amargo aqui
Nas mãos que acarinhavam; um obus.

O tempo traz ciladas disso eu sei,
Palavras são as armas preferidas
Eu estarei contigo noutra grei

Mesmo sabendo que não queres mais
Encontro a claridade em nossas vidas
Embora eu saiba, não terei um cais...



1311


Além do que fizemos ou sonhamos,
Os jardins da esperança, um amor rega,
Por mares tão distantes navegamos,
Paixão que nos domina louca e cega.
Alegrias, tristezas; encontramos.
Amor que sem limites não se nega.

Tantas vezes distantes deste cais,
Os barcos em tempestas, num naufrágio,
Entregues aos terríveis temporais,
Momentos tão difíceis, peito frágil,
Porém amor tão forte foi capaz
De permitir a fuga e bem mais ágil

Recorrendo ao canteiro da esperança
A liberdade em flor, mais cedo alcança...


1312


Além do que pensamos que amor fosse
Num átimo desvenda os meus segredos,
No canto que me encante e me remoce
O doce de viver afasta os medos.

Meus credos já deixados no passado,
Em meio às mais insanas inverdades.
Agora em placidez sigo ao teu lado
Rompendo da gaiola, velhas grades.

Amar e ser feliz, o que me resta.
E nada mais procuro em minha vida,
Da solidão amarga, faço a festa
Enquanto a morte dorme, distraída...

Lamentos esquecidos, relegados,
Os sofrimentos mortos, renegados...


1313


Além do que pensara, até sabia,
Não tenho mais o olhar da ingenuidade
Querendo me inteirar do que não via
Havia a poesia sem verdade.

E o beijo da mulher já não sacia,
Romper dos preconceitos qualquer grade,
Lastimo o que restou da fantasia
Jogada nos esgotos da cidade...

Serrando estes andaimes, salto o prédio,
E morro muitas vezes, sem remédio
No tédio inestimável de um poema.

Pereço nas esquinas e botecos,
Os dias não seriam repetecos
Da fome que destrói do sonho, a gema...


1314

Além do que sonhei que já tivesse
Do encanto que se fez contentamento.
É como se deveras, numa prece,
Amor de dores fosse assim isento.
Porém o duro Fado não esquece
Sequer por um segundo ou um momento.

Às ordens deste amor, estou sujeito,
E assim se fazem cantos mais diversos.
Professo mesmo embalde o meu direito
Na busca da alegria nestes versos.
Tu queres e bem sabes que eu aceito
Oferecendo a ti meus universos.

Enganos proferidos sem descanso,
Teu mundo que procuro e não alcanço...


1315



Alguém gritando ao longe, grito forte,
Envolto nas penumbras, tanto frio.
Se meu olhar seguisse esse teu norte,
O mundo não seria tão vazio...

Escuto cada vez mais forte o grito
Da voz que pouco a pouco reconheço.
Se meu amor não fosse tão maldito,
Talvez a salvação tivesse apreço...

A voz que tanto grita, alucinada,
Por um momento chego a confundir...
E foste, meu amor, na madrugada,
Deixando quase nada a repartir...

Agora reconheço essa aflição.
Eco de sua voz, meu coração...


1316


Alguém já viu um coração sangrar?
Rasgado pelas garras das paixões
Causando hemorragias sem parar,
Levado pelo ardor das emoções.

Na chama deste amor tento buscar,
Quem sabe encontrei as soluções?
Um sonho tão gostoso de sonhar
Trazendo em pleno inverno, bons verões.

Sabendo deste lume que me guia,
Estrela redentora em fantasia,
Deixando o meu caminho iluminado.

Mudando o meu destino, num rompante,
Detendo o sangramento, que estancado
Liberta um coração que foi sangrante...



1317


Algum sopro de vida ainda existe
Amortalhado amor segue seu rumo.
Enquanto em noite fria me consumo
O verso nascerá deveras triste.

Sem cais ou porto ao menos que se aviste
O tempo rei, senhor, o supra-sumo
Uma esperança esvai-se em fino fumo,
Vencida pelo medo, não resiste.

Eu quis amar demais, mas nunca pude
A seca vai tomando cada açude,
Mudança que previ, bem sei não veio.

E tento, mesmo inútil, ver razões
Que possam provocar revoluções,
Porém soçobra o sonho sem esteio...



1318


Alguma coisa a mais que uma esperança
Alguma coisa a mais que só carinho.
Alguma coisa a mais senão se cansa
E volto, novamente a ser sozinho...

Alguma coisa a mais que essa promessa
Alguma coisa a mais que meu soneto.
Alguma coisa a mais que essa conversa
Eu não te peço nada e nem prometo...

Alguma coisa a mais que poesia
Alguma coisa a mais que simples sexo
Alguma coisa a mais que fantasia.
Amar; tenha certeza, é bem complexo...

Se queres ser assim, ó doce amada
Com certeza serás m’a namorada!


1319

Alguma coisa a mais que uma esperança
o coração buscando em desafio
E quando se aproxima um novo estio
Meu passo noutro rumo ora se lança

E o canto se desenha em rara dança
Moldando o que pudera e assim desfio,
Descendo em sutileza o raro rio
Gerando a cada curva a confiança.

Mergulho nos teus braços e sou teu,
Meu mundo no teu mundo se verteu
Fazendo deste amor nosso estuário

E o tempo se aproxima deste eterno
Cenário aonde o mundo em paz externo
E vivo o sonho raro e solidário.



1320


Algumas vezes jóias lapidadas
No ourives predileto, o coração,
Se mostram quase sempre iluminadas
Mas outras vezes negra escuridão.

Tiaras, gargantilhas ou anéis
Rubis ou esmeraldas, perla ou jade,
Assim amores feitos mais fiéis
Durando por quem sabe eternidade.

Opalas, turmalinas e corais
Dourando minha vida em teu abraço.
Nos teus cabelos brilhos, sempre mais,
Acaricio e assim desembaraço.

No fundo em tanta jóia, em tal matiz,
O que mais quero, amor é ser feliz!



1321


Algumas vezes tive o sentimento
De que nunca gostaste assim de mim.
Nas horas mais difíceis, no tormento,
Cravavas tuas garras, ‘té o fim.

Achava isso terrível covardia,
Queria uma palavra de carinho,
Mas vinhas afiada, todo dia,
Deixando-me pensar que sou sozinho...

Querida companheira, me perdoe,
Eu sinto que fizeste todo o bem.
Quem ama, não se importa quanto doe,
A verdade não se esconde de ninguém.

Por isso, cada vez mais te desejo.
As lágrimas que deste, como um beijo...


1322


Alheio aos disparates que propagas,
Estúpido fantasma de si próprio,
O mundo não trará em dores pagas
A quem se mostra sempre tão impróprio.

Dos ópios que procuro e experimento
Opalescentes céus não satisfazem,
Se à luz de meus desejos ainda tento,
Verdades tão inúteis sonhos trazem.

Ouvir da voz do vento este chamado,
Escarro sobre os vermes que me deste,
Não quero mais meu verso disfarçado,
Nem mesmo me entregar à louca peste

Vestida de imbecil que me atormente,
Que morra este idiota, vil, demente...



1323


Alheio aos mais temíveis sentimentos,
Vaguei pelas calçadas da ilusão.
Por vezes, esboçava movimentos
Tentando me afastar da tentação.

Embora noutros braços, os ungüentos
Traziam uma outra forma de emoção
Depois de certo tempo, vis tormentos,
E à noite, novamente escuridão...

Pudesse decifrar os teus sinais
E a vida talvez fosse diferente.
Envolto nos lençóis, amor pressente

Movimentos audazes, sensuais,
Forrando nossos sonhos plenamente
Adentra o coração, saltando umbrais...



1324


Alheio às tempestades, nada temo,
Sequer os maremotos que virão.
Às portas que se fechem, solidão,
Eu teimo e navegando encontro o remo.

Nos olhos da ilusão; fogueira e Demo,
Permissivos em busca do perdão,
Os passos se perdendo na amplidão,
Os medos e temores, enfim cremo.

E cato os estilhaços, me refaço,
O amor que cometemos; tão devasso,
Não deixa que se arrumem mais pecados.

Eu vejo no céu riscos azulados,
Fogos fátuos, demônios disfarçados.
As sombras me perseguem passo a passo...



1325


Alheios aos tormentos da paixão,
Seguimos pareados; vida afora,
Brindemos com volúpia esta emoção
Que envolta em nossos sonhos, cedo aflora.

Cedendo pra avançar noutro momento,
Sabemos do caminho, com certeza.
Estando a cada dia mais atento,
Superaremos sempre uma surpresa

E erguendo os nossos olhos no horizonte
Aprendo a navegar em mar revolto.
Por sobre as turvas águas, criar ponte,
Mantendo o coração liberto e solto.

O amor que construímos; a ancoragem
Que é feita dia-a-dia: aprendizagem..



1326


Alice no país das falcatruas
Pensava ser a moça mais gostosa
Das bundas/melancias, orgulhosa
Mostrava suas carnes semi nuas.

Enquanto se vendia pelas ruas
A moça tão vazia quão cheirosa
Ao mesmo tempo insípida e formosa
Sonhava com paixões que fossem suas.

Depois dos botequins, tantos motéis
As noites se passando em carrosséis
Pensava em maravilhas que não vinham.

Do amor que se alugava, nas revistas,
As mesmas asneirices e entrevistas
Retratos culturais, assim continham...


1327


Alijo-me dos sonhos, sigo em frente;
Talvez eu merecesse melhor sorte,
Sem ter das ilusões qualquer aporte
Quem mais promete; aquele que mais mente.

Poeta me dizia: sempre tente,
A vida cicatriza um velho corte,
Fazer do sofrimento o seu esporte
Soldado um dia chega até tenente.

Com pulso firme e sangue frio é fácil,
Estúpido é quem deixa-se levar
Pela alma que cordata ou mesmo grácil

Envereda por mares mais gentis,
Apagando as estrelas e o luar
Quem sabe; finalmente sou feliz.



1328


Alinhavando os sonhos e vontades
Amor vai construindo um novo dia.
Ligando ponto a ponto, a fantasia
Trará ao fim da tarde, as claridades.

Enquanto em maravilhas tu me invades,
Tecemos nosso amor com poesia,
Própria magnificência já cerzia
Rompendo do passado, velhas grades.

Assim, num arremate em perfeição
A glória deste encanto, sedução
Trazendo em profusão, cetins e sedas.

Adentro os teus segredos noite afora,
A lua soberana, o céu decora
Deitando sua prata nas veredas....



1329


Alio meu amor ao teu carinho
E assim viajo ao céu em um momento.
Queimando em fogo ardente, eu já me alinho
Ao canto que me dás em forte vento.

Sou teu, nunca neguei quero o teu ninho,
Deitado no teu colo, um sentimento
Aonde com fulgor vou de mansinho,
Queimando em fogo intenso cada intento

De ter teu corpo atado junto ao meu,
Dois caminheiros sabem da partilha
Da vida que mostrara-se andarilha

E agora nos teus braços conheceu
A luz que me dá força pra viver,
Delicioso amor, nosso prazer...



1330

Alio meu amor ao teu carinho
e sigo sem saber de outro momento
E quando o coração exposto ao vento
No tempo mais audaz eu adivinho

Vertendo este sentido em desalinho
Apenas um cenário em paz eu tento,
Vestindo a solidão, sempre alimento
Amor em tom atroz, feroz, mesquinho

E morto em plena vida, nada resta
Sequer o que pudesse ser a fresta
Por onde percebera qualquer luz

Depois de certo tempo nada vejo,
Somente o desdenhar de algum desejo
E o tempo na verdade ao não conduz.



1331


Alíquotas de glórias divididas
Por mais de cem mil anos, te busquei.
Decerto percebi que tu duvidas,
Mas tenho nos teus olhos, minha grei.

Bruxuleante vela que apaguei
Fechando dos meus passos, a saída.
Estúpido fantasma que criei
Aguarda nova sorte noutra vida.

Inglório, sem saber sequer do fim,
Afim de ter, talvez, uma emoção
Que justifique, ao menos a intenção

Florindo sem se rir do meu jardim.
As jarras que partiste, ainda tenho
Mostrando este irrisório desempenho...



1332


Alíquotas sensíveis repartidas
Entre milhares sonhos e verdades,
Ao ver proliferarem liberdades
Percebo que valeram nossas vidas.

Servis jamais seremos, as saídas
São feitas de maiores claridades,
Não posso suportar algemas, grades,
A mão que nos fascina nega Midas.

Sem ilhas; continentes dão a tônica,
A Terra quando em voz clara e harmônica
Talvez trague no fim, a redenção.

Usando como mote os Evangelhos
Do antigo Apocalipse, os joelhos,
Erguidos com olhares na Amplidão...



1333


Alívio para a dor de quem sofreu,
O amor jamais se cala, simplesmente
Vivendo esta alegria plenamente,
Eu quero a cada dia ser mais teu.

Enquanto em mar suave se verteu
O gozo desta vida em que se sente
A força sem igual, rara e premente
De ter o que sem rumo, se perdeu,

Deixando no passado velhas mágoas,
Rompendo tais barreiras fortes águas
Adoçam oceanos com carícias.

Do amor que nos guiando já suplanta
Uma alma transbordante em glória tanta
Expressa em poesia estas delícias...



1334


Alma não morre, nunca morrerá;
A eternidade da alma de um poeta
Que sempre pelo mundo vagará,
Na poesia um sonho se completa,

Com toda força eterna brilhará
Mostrando como a vida é tão dileta,
Eternizada na alma, ficará.
Numa eterna emoção. Viva e repleta.

Na fantasia e sonhos, mundos tantos...
Na alegria e na dor, quantos encantos.
Nesta alma que se eleva sobre nós...

Nos laços que nos unem, tantos nós;
No medo e na incerteza, estamos sós,
Sinceros e reais, os nossos prantos...



1335



Almejo a liberdade redentora
Qual pássaro canoro em migração.
O verso em lantejoula te decora,
Rasgando num momento esta emoção.

O quanto que te quero sempre aflora
A cada novo dia ou estação,
Abrindo o peito à sorte, vem agora
Fugindo da armadilha em alçapão

Prazeres e desejos são indômitos
Deixando os pensamentos quase atônitos
Nos recônditos da alma cada traço

Permite me falar do amor sincero
Que a cada novo dia sempre espero
Na senda tão suave que assim traço...



1336


Almíscar de tua alma inebriante,
Nas lentas sensações desse carinho.
Divago por caminho extasiante,
Emergindo do sonho, mar e vinho...

No ancoradouro quero meu saveiro,
No cais destes teus braços tão macios...
Esteio do meu barco. Derradeiro...
Desejo de fugir dos ventos frios...

Eu te amo tanto, tanto quanto posso.
Talvez mais que a mim mesmo, não duvido.
Quando estou contigo, me remoço,
Esqueço tanto porto já perdido...

Impregnado de pura juventude,
Amor que se renova em atitude...



1337


Almíscar: meus desejos, teu perfume;
Penetrando as narinas, me conquista.
E não há, na verdade, quem resista,
Nem quero e nem concebo mais queixume...

A vida sem teus olhos, não tem lume,
Meu caminho se perde. Não desista:
Grito contido, perco-te de vista.
Mas teu olor suave, qual costume,

Denuncia teus passos, minha amada...
Não perderei jamais a tua estrada,
Nem quero mais sentir outro desejo.

Teu perfume causando, nesse ensejo,
A doçura suave de teu beijo,
Presença do Senhor, glorificada...



1338


Almôndegas ao molho de tomate
Combate que não canso de lutar,
Enquanto no teu corpo um arremate
Gostoso de beber e de provar.

Aqueça esta mistura devagar,
Depois de sobremesa um abacate,
Cerzindo uma esperança de ficar,
O amor se mostra assim, bom alfaiate.

Mascate da ilusão, o velho peito,
Orégano, pimenta e manjerona
Depois deste banquete, satisfeito

Amor acende a chama do fogão,
Porém logo o desejo me abandona
A culpa é desta tal indigestão...



1339


Altares dos meus sonhos, são imensos
Imersos em vazios sentimentos,
Remeto meus desejos nestes ventos
Amparo tantas dores, alvos lenços.

Tantos fiascos tive, tempos tensos,
Nas lâmpadas das almas nos tormentos
Envolto pelas trevas, sofrimentos
Amores são meus templos tão intensos.

Os gládios que levanto na batalha,
As hastas empunhando sem temor.
O canto de terror quando se espalha

Conclama tantas vezes, nunca pensa.
Porém já me avisando que este amor,
No fim da vida traz a recompensa.

1340


Altares maltratados pelo gozo
Histriônico, audaz e sempre hedônico
Daquele que se fez maravilhoso
E morde um moribundo quase agônico.

Falar desta canalha é tão gostoso,
Não nego que isso seja só platônico,
Mas veja o quanto dói ser melindroso
Ou sinta a minha faca em corte harmônico.

Amar é ser liberto totalmente
De toda estupidez ou convenção,
Cravar na hipocrisia um fino dente,

Rasgando a carne em decomposição.
Beijar na boca fria da serpente,
E ter, além de tudo, compaixão!

1341


Altares que erigimos ao deus Eros,
Num cântico sincero; eternidade...
Sentidos e sabores, todos veros,
Sem faca nem adaga. Liberdade.

Parceiros e comparsas, corpos, pele...
Deixando os viperinos malquereres
Que a cada novo verso se revele
A plenitude em sonho de dois seres...

A par do que queremos; nada cessa
Força quase vital que nos comanda
Com vital magnitude se professa
Repleta o peito amante que, de banda

A cada passo expressa e denuncia
Aquele a quem a vida se anuncia...



1342

Altares que erigimos ao deus Eros,
Num cântico sincero; eternidade...
Sentidos e sabores, todos veros,
Sem faca nem adaga. Liberdade.

Parceiros e comparsas, corpos, pele...
Deixando os viperinos malquereres
Que a cada novo verso se revele
A plenitude em sonho de dois seres...

A par do que queremos; nada cessa
Força quase vital que nos comanda
Com vital magnitude se professa
Repleta o peito amante que, de banda

A cada passo expressa e denuncia
Aquele a quem a vida se anuncia...



1343




Alva, vinhas; veloz alvorecer...
Beijo embarco na bela doce boca...
Trago o tato, temi tirar a touca
Adoço o sonho, quem me dera ser!

Não sei se sabes sinto não saber,
Aporto portos pútridos. Espoca
O meu medo, penedo a percorrer.
Meu trabalho foi falho, fel desloca!

O rombo dos arroubos foi rebento.
O traço dos meus passos foi errado.
Varais, vestidos, vértices do vento...

O que não sei serei ou desfaço...
O canto que cantei nunca encantado.
O resto que traguei, um simples traço!


1349

Alva maravilha em noite rara
A lua se desenha; bela prata
O sonho mais audaz já me arrebata
E a sorte se desenha e me tocara,

Vagando sem sentido, desampara
A sorte que deveras nos maltrata,
A vida muitas vezes mais ingrata
Matando o quanto quis desta seara.

Mas quando percebendo a sertaneja
Rainha dos meus sonhos clara e nua,
Delírios invadindo, a deusa nua

Além do que pudesse e se deseja
Desenha nestes céus trilho diverso
E doma sem sentir todo universo.



1350


Alvíssaras ao belo e raro amor
A florescer em sonhos e delírios
Encantadora e frágil, esta flor
Se faz em rosas, dálias, jasmins, lírios...

Eternidade feita encanto e festa
Florindo a cada verso, amor sereno
Enaltecendo a vida, em si já gesta
Um gesto de alegria; vivo, aceno

Na vibração conjunta, um diapasão,
Orquestrando o futuro em paz e gozo.
Arpejos e sonatas, coração...
Deixando para trás mar revoltoso...

Canteiros e quintais, beirais, sobrados;
Aramos esperança, enamorados...



1351


Alvíssaras ao louco trovador
Que canta e que decanta sem descanso
Em versos de amizade mostra amor
Que em sonhos delicados eu alcanço
Um coração só mostra seu valor
Quando nos traz a paz feita em remanso.

Outrora em serenata ou madrigais,
Os bardos imploravam com destreza
Louvando uma amizade feita em cais,
Rompendo a madrugada na incerteza
Do amor que talvez fosse nunca mais,
Porém em canto livre tal pureza

Que mesmo que distando tantas léguas
Às guerras e desgraças trama tréguas..



1352


Alvíssaras aos sonhos delicados
Ourives da esperança, belo amor,
Cevando em alegria, cada flor,
Adorna com magia, raros prados.

Não quero tão somente os altos brados
Somente a liberdade do condor,
Por sobre as cordilheiras te propor
Caminhos em ternuras decorados.

Amar é ter a glória de saber
Colher os méis que a vida nos prepara
Deixando para trás cada ferrão.

Quem ama percebendo o seu poder
Por mais que a sorte seja dura, amara
Sabe polinizar o coração...



1353


Alvíssaras àquela que se exponha
E mesmo sendo frágil nada tema.
Rompendo sem saber qualquer algema,
Terá satisfação em ser risonha.

Uma alma que se entrega sem vergonha
Trazendo uma alegria como emblema,
Vencendo em calmaria algum problema
Deitando tão tranqüila sobre a fronha...

Quem crê sem perguntar, apenas crê
A Deus sem qualquer máscara já vê
E nisso se consiste eternidade...

O Amor quando se mostra sem medidas
Detém em suas rédeas nossas vidas
Sob égide sublime da amizade...



1354


Alvissareiro sonho em que me perco,
Vestido de horizontes tão diversos.
Das luzes e das trevas eu me acerco
Perdendo com certeza sons e versos.

O vento ao espalhar o farto esterco
Aonde tantas vezes vão imersos
Os dias onde as luzes não mais cerco
E vivo tão somente em grãos perversos...

A lida deste velho agricultor
Antigo jardineiro que do amor
Prepara a sementeira, dia-a-dia.

Adoçando os meus lábios, fantasia,
Na qual sinto o caminho redentor,
Porém a realidade cala, esfria...



1355


Alvissareiros dias que se foram,
Nas hordas dos amores, castidade...
As flores que plantamos se descoram,
Pois tentam encontrar eternidade...

Espinhos e torturas já se afloram,
Expostos aos riachos da saudade.
No lodo de minha alma rememoram
Um tempo mais feliz, tranqüilidade...

Imaculado gozo do guerreiro,
Nos colibris etéreos, pirilampos...
Sacrário desse amor, desfiladeiro

Por onde se perderam ilusões...
As cores outonais do belo campo,
Finas fragilidades, corações...



1356



Alvorada que busco, meu desejo..
Nos braços das estrelas, adormeço.
O canto que dedicas, não mereço,
O medo de morrer me enche de pejo!

Na palidez tristonha, nada vejo,
A vida me transmuda sem tropeço.
Espero fantasias, adereço,
Em meio a tempestades, peço um beijo!

Nos campos procurando uma açucena,
A cor maravilhosa da verbena
Encanta meus olhares, me alucino...

Por quantas noites vago solitário
Amor é sentimento em desatino.
guardado no meu peito, em relicário...



1357


Amada, com certeza, não se mede
Amor por horas tontas que passamos.
A porta que me fechas não me impede,
De termos divinais como sonhamos...

Vivemos capturados mesma rede,
O mar que poluímos não lavamos,
No canto que te canto vejo a sede,
Notícias, novidades, nos reclamos...

Amada, com certeza, não te quero.
Vendeste por tostão o que era nosso...
Refúgios que procuras, no teu clero,

São contas que não pago e nem endosso.
Transformas em venéreo o que venero,
Quebraste finos pratos onde almoço...



1358


Amada, minha ninfa, meu tormento
Verdade que se esconde sob a manga,
Das praias arenosas, a baranga
Fazendo tempestade em pouco vento.

Terrível jaburu quando usa tanga,
Causando a quem repara, sofrimento.
Eu vejo o teu olhar e me atormento
Sabendo ser a minha orangotanga.

Nem mesmo esta cegueira me socorre,
Quando eu te conheci ‘tava de porre
Não vejo outra desculpa. O que fazer?

A planta que teimosa cultivei,
De certo agora eu vejo quanto errei.
Charanga desafina pra valer...

1359

Amada, faz um ano... Lembro bem,
Que a gente começou a namorar.
Durante tanto tempo sem ninguém
Sozinho, sem ninguém para encontrar!

Alguns dias depois, quase brigamos,
Ciúmes de quem fora teu amor.
Por mares tão difíceis navegamos,
Em busca deste cais encantador

Um ano de namoro e muita história,
Felizes, somos dois apaixonados.
Amar é se render a toda glória

É prova de que existe um Deus no Céu,
Muito obrigado e que sejam nossos fados,
Eterna seja assim, lua de mel!



1360


Amada, não me trate deste jeito
tu sabes que eu desejo estar contigo.
Felicidade? Tenho este direito?
Um sonho que – faz tempo – assim, persigo.

O medo de ser só, de fato espreito
e vejo tão distante um bom abrigo.
Quem dera se eu pudesse, satisfeito;
mas juro, eu tanto tento e não consigo...

Eu quero ter ao menos uma chance
de ter uma alegria, num romance
que faça de meu mundo um Eldorado.

Desculpe, minha amada, eu não te engano.
Se a vida me prepara o desengano
a salvação encontro do teu lado...


1361

Amada, por estrelas nós andamos,
Meu barco, nos teus mares já navega,
Aonde tantas vezes mergulhamos
Paixão vai me tomando, louca e cega.

Neste arvoredo imenso, tantos ramos,
Florestas de ilusões, amor não nega
Além do que pensamos ou sonhamos
O pensamento trama e nos carrega

Portando em suas mãos estrelas várias
Tocando bem mais fundo as coronárias
E na taquicardia, amor demais.

Das rotas que percorro; luminárias
Deixando a cada passo, os seus sinais
Divinos e decerto sensuais...



1362


Amada, depois desta noite intensa
Eu tive que sair pra trabalhar,
Porém à noite espero a recompensa
Do tempo em que não pude te adorar.

Espero que este amor já te convença
E nada possa então nos afastar,
Embora esta distância tão imensa,
Meu sonho atravessando céu e mar

Depressa vai chegar, e de surpresa,
Tirando a tua roupa novamente,
Revendo em tal nudez tanta beleza,

Recomecemos logo o louco jogo
Do amor que nos tomou e de repente,
Deseja que eu retorne logo, logo...



1363


Amada, como é bom saber de ti,
Serena sensação que já me toma,
Contigo uma certeza que se assoma,
De ter tudo na vida que pedi,

Eu quero que tu venhas para aqui
Contigo, meu amor sempre se soma,
A vida benfazeja se retoma
E traça todo amor que recebi.

Vem logo não dispenso o teu carinho,
Eu quero me esconder neste aconchego,
Sem véus, permita Deus que este sossego

Prossiga em nosso canto em que me alinho,
Minha alma agradecida, já se ufana,
Da glória de ser teu, e não se engana...


1364

Amada, ao te sentir aqui presente
Em todos os lugares, quarto e sala,
Percebo quanto é bom poder cantá-la
Em versos e no sonho que pressente

Um mundo bem melhor, bem mais contente.
Queria, se possível, ao tocá-la;
Mostrar o quanto quero, numa escala,
Sentir o teu carinho mais premente.

Saber destas carícias que me ofertas
Com uma inimitável sedução;
As portas permanecem sempre abertas

Na certeza absoluta que virás
Depois da tempestade de verão
Trazer à minha vida, toda a paz...



1365


Amada, se me calo alguma vez
A culpa é dos meus olhos sonhadores.
De tanto amor a vida assim se fez
Que fico embevecido vendo as cores.

Tu sabes que eu andei adoecido,
Cansaço me tomando por inteiro.
Mas sigo sempre em ti tão decidido
Na busca deste amor mais verdadeiro.

Desculpe se pareço mais distante,
Meu corpo está, portanto; bem mais frágil.
Eu quero ser de ti o par constante,
Mas sinto: não estou assim tão ágil.

Amar-te é ter um bálsamo divino,
Tu és a minha sorte, o meu destino...



1366


Amada, és redentora de uma vida
Que fora em desespero, um quase nada...
Por isso é que te peço assim querida,
Apoio bem mais firme na jornada

Que sabe que esse amor traz a saída,
Da sorte que pensara abandonada.
Vivendo teu amor, sem despedida,
Percebo uma janela escancarada

Aos sonhos dedicados do menino
Que um dia se perdeu sem alegrias.
As noites que encontrei, amargas, frias,

Apenas pesadelos, desatino...
Por isso é que este amor se fez em glória,
Mudando todo o rumo desta história....



1367


Amada, não estou de ti distante.
Não deixo um só segundo de pensar
No amor que tenho e sei que é tão constante.
Somente em teu amor, vivo a pensar!

A tua voz mais meiga e cativante
Não canso de querer logo escutar.
Tu sabes que sou teu fiel amante
Que vivo por amor a te adorar.

Tu és o meu oásis! Beduíno
Encontro em meu deserto, amada fonte
No sonho mavioso descortino

Teus olhos, diamantes perlas raras;
Em ti somente vejo um horizonte
Nas vezes em que sinto que me amparas...


1368


Amada, ao descobrir em ti esta tristeza
Inerente a quem ama enfim eu percebi
Toda a profundidade imensa da beleza
Que agora, finalmente encontro, plena em ti.

O sofrimento gera expoente grandeza
E nele amadurece o bem que descobri
Bem maior que pensara. Enfrentar correnteza
Sabendo do perigo existente, eu te vi.

Das mágoas, o sorriso expressará vitória,
Assim ao aprender a ser mais tolerante
A vida se fará em plenitude e glória.

O amor nos ensinando em dor, perdão e riso
Mostrando o quanto a vida é sempre assim, mutante,
O nosso amor permite um passo mais preciso...



1369



Amada, como espero esse momento
com tal felicidade no meu peito.
Entrego todo amor e sentimento
pois sei que ser feliz é meu direito.

Não quero mais do fel, tormento
nem quero mais seguir insatisfeito.
Teu nome vem chegando pelo vento,
tocando o coração. Amor,aceito

o teu carinho, sempre redentor,
é lume que me guia pela vida.
Destrói o que se fora triste dor;

refaz minha esperança dia a dia,
por isso é contigo amor, querida,
pretendo me entregar à fantasia.


1370

Amada, se me calo vez em quando
Escuto mesmo ao longe a tua voz
E o tempo que pudera ser feroz
Agora se desenha claro e brando

Assim a fantasia nos tomando
E o passo aonde fora mais atroz
Risonho se permite e logo após
O mundo noutro tempo se moldando.

Vestindo a fantasia de poder
Ousar e perceber raro prazer
No vicejar de um sonho em nós composto,

A vida se desnuda e nisto eu ponho
Cenário tantas vezes mais risonho
No amor a cada passo sendo exposto.



1371

Amada, há quanto tempo te procuro
Em todas as estâncias, campos, praças...
O chão em que plantei deveras duro,
Perdeu-se de teu rumo nas fumaças
Mas venho te pedir, em céu escuro
Que voltes e perdoes minhas farsas...

Querida, há tanta coisa por dizer,
Sou resto que caminha sem teu braço,
Não posso mais, por isso, me conter,
E falo em cada verso em que refaço
Meus passos pela vida, por saber
O quanto necessito teu regaço...

Volte minha amada, eu te proponho,
Sonharmos novamente o mesmo sonho...


1372

Amada, a minha dor é da saudade
Que invade e não me deixa respirar.
Buscando pela luz, por claridade,
Me diga, meu amor, onde encontrar?
A vida pra ser boa de verdade
Precisa de teus raios,ó solar!

Vem logo que esta cama enfim te espera.
Vem logo que meus lábios sempre anseiam
A boca da morena primavera
Vontades; todas elas, me incendeiam,
Te ter comigo agora, quem me dera!
Em meus olhos, teus olhos fogo ateiam...

Amada, vem depressa, e junto ao riso,
Me leva com certeza, ao paraíso...


1373


Amada como posso
Sentir tua presença
No sonho aonde é nosso
O tanto que compensa
A sorte aonde endosso
O dia quando vença
A dor de algum destroço
Gerando a recompensa
Ativa dentro em mim
O todo de onde eu vim
Marcando em melodias
O quanto se pudera
Traçar além da espera
O amor que me trarias.


1374


Amada, minha amiga verdadeira
Das horas complicadas e ferinas.
Minha alma dolorida e caminheira
Encontra tuas mãos quase divinas.

Na mesa que partilho uma esperança
O pão desta alegria que me trazes
Garante, com certeza uma festança
Além do que sabemos ser capazes

Se vamos isolados pela vida,
Se estamos divididos, passo a passo.
Por isso, amada amiga tão querida,
Atemos bem mais forte nosso laço

E vamos, destemidos, té o fim,
Regando cada flor deste jardim...


1375


Amada, estás aqui dentro de mim,
Tu és minha metade da maçã,
Entraste em minha pele até no fim,
Na cicatriz risonha, em cada afã,
Um mesmo coração batendo assim
Numa cumplicidade de alma irmã.

Espelhas o meu rosto, minha face,
Espelhas o meu gozo, minha dor.
É como se uma vida se atrelasse
Numa imantada luz, num esplendor.
Meu corpo no teu corpo, um bom disfarce,
Na conjunção divina deste amor

Em total resplendor, rara centelha
Mostrando que minha alma em ti se espelha



1376


Amada; mal percebes quanto quero
O teu amor comigo, eternamente.
Meu mundo em teus braços eu tempero
E vivo por te amar, tão simplesmente...

Rever o teu sorriso eu sempre espero,
Aguardo esta chegada, de repente.
O meu amor, querida, tão sincero,
Eu te dedico, carinhosamente.

No frio desta noite sem te ter,
Meus versos vão embalde, sem sentido.
Não tenho nem mais sombra de prazer,

A vida continua... falam tantos...
Porém tudo se vai. Estou perdido
Distante de teus beijos, teus encantos...


1377

Amada, ao conceber amor supremo,
Que forma o diamante deste canto,
Já nada neste mundo, amor, eu temo,
Apenas me embeveço em teu encanto.

Que nunca permitamos que o ciúme,
Enodoe este amor que é nossa meta.
Bebendo em alegria o teu perfume,
Na glória que te faz assim, poeta.

Os nossos passos céleres, sem medo,
Os nossos dias nascem mais felizes.
Amor é nosso lema, este segredo,
Que cura qualquer dor e cicatrizes...

Igualdade liberta das correntes,
No sonho fraternal vamos contentes...



1378

Amada, ao te sentir aqui presente
embora tão distante ou mesmo além
O quanto deste amor já nos contém
E nisto cada passo se apresente

Invisto neste sonho e em tal vertente
Traduzo o que desejo e muito bem
Vagando sem destino eu sou refém
Do amor quando se fez tão envolvente

Aprendo com anseios quanto pude
E sei do renovar da juventude
Desta alma sonhadora em cada verso

E quando a solidão adentra a porta,
A sensação depressa a vida aborta
Olhando para trás eu desconverso.


1379


Amada, como espero esse momento
aonde pude em sonhos te tocar
Vagando sem saber qualquer lugar
A cada instante o medo enfim enfrento

E sei do meu cenário e sem tormento
Aprendo contra as fúrias navegar
Alçando com ternura o imenso mar,
E nisto não temendo o forte vento,

Aprendo a direção em norte rumo
E quando a sensação mais plena assumo
Entrego o coração e sigo em paz

Do quanto poderia em ato e glória
Amor ao transformar a minha história
Somente mais amor, decerto traz.




1380



Amada, não percebes meu desejo...
Eu quero o teu carinho aqui comigo,
Roçar a tua boca com meu beijo,
Ser muito mais que simples, bom amigo...

Teu corpo do meu lado é o que eu almejo
Ávido de viver ao teu abrigo.
Em todos os lugares eu te vejo,
Procuro te tocar... mas não consigo...

Quem dera se me desses atenção,
Virias como quero em tua chama
Arder intensamente em sedução.

Tu és minha vontade sem juízo...
Vem logo que meu corpo já te chama,
Pra, juntos, encontrarmos paraíso...



1381


Amada, faz um ano ou pouco menos
A vida não pudera ser diversa
Meu sonho no teu sonho agora versa,
Embora saiba sempre dos venenos

Os dias que tentara mais amenos
A sorte noutro rumo o tom dispersa
E a morte se aproxima e nela imersa
Os dias em temores raros, plenos.

Vencido pelo sonho nada trago
Senão este caminho aonde o vago
Cenário se apresenta em dor e tédio

Ousando muito mais do que já pude
A vida não permite esta atitude
Negando o que pudesse ser remédio.




1382


Amada, me perdoe se eu saí
E nem me despedi de ti, querida;
No teu rosto; um sorriso lindo eu vi
E não quis te acordar. A despedida

Iria interromper teu doce sonho.
Tu sabes que eu te adoro, minha amada;
Ao ver teu rosto belo e tão risonho
Não quis atrapalhar. Não falei nada...

A noite que passamos... Que delícia.
De tudo desfrutamos sem temor.
Nossos corpos com arte e com perícia
Nesta entrega divina ao deus do amor...

Falar o que? Prefiro ficar mudo,
Teus lábios já disseram quase tudo...


1383


Amada, vou tocar os teus cabelos
E manso sussurrar em teus ouvidos.
Teus braços e meus braços nos novelos,
Na saga o sol assanha meus sentidos...

Mirando nos teus olhos posso vê-los
Tão belos sensuais enlanguescidos
Quero saber dos lábios e bebê-los
Inebriado em goles repetidos

Do corpo e da ternura que me trazes
Nas danças embaladas por amor
A vida se refaz em tantas fases

E vejo-te comigo em todas elas.
Em cada novo beijo redentor,
Meu barco no teu mar, abertas velas...

1384


Amada, em cada frase que me dizes
Tua beleza imensa só se aumenta,
Meus versos são, por ti, sempre felizes,
A tua mansidão, amor; fomenta...

Ao pôr do sol milhares de matizes
Minha alma, de contente, vai tão lenta,
Na vida, cicatrizes, tantas crises
Passadas, tempestade, uma tormenta...

Agora, ao vir no vento essas mensagens
Banhadas no dourado da ternura,
Sentindo a doce brisa; tais aragens

Fazem-me ser mais forte a cada dia,
Matando o meu passado de amargura,
Na glória deste amor em poesia...


1385

Amada, nem a morte nos separa,
Pois temos os compósitos iguais,
Entenda que a união se fez tão rara,
Que a perda nos fará sermos jamais.

Tua presença amiga me é tão cara
Que sempre representa a minha paz.
Meu sonho nos teus pés já se antepara
Tu fazes o meu canto ser audaz.

Não fale de saudades nem tristezas,
Nos atam tão profundo e grande laço
Que mesmo que nos venham incertezas

O tempo me mostrou que este vigor
Mais forte que a distância, que o espaço
É a pura tradução do nosso amor.



1386



Amada, estás aqui dentro de mim,
reinando sobre cada pensamento
O todo que pudera num alento
Agora traduzindo este estopim

Aonde se acendo até o fim
O tempo traduzindo o que mais tento
Vencendo o mais temível sofrimento
Gerando o que pudesse sempre assim.

Marcando em consonância cada instante
E nisto nossa sorte se garanta
Audaciosamente sem defesas,

E as tantas maravilhas desejadas
Enquanto em fantasias tu me invadas
Meus sonhos de teus braços, meras presas.


1387


Amada, minha amiga e companheira
Traduzes o que tanto desejei
Reinando determina a clara lei
Aonde todo o mundo em paz se queira

A vida não presume uma rasteira
E nisto muitas vezes estranhei
A queda que deveras traça a grei
Dispersa desta sorte, a derradeira

Mergulho neste lago em turva tez
E o quanto se desenha e nada vês
Transforma a minha luz em treva apenas

E sei do meu caminho em dor e medo
E quando algum carinho eu te concedo,
Tuas palavras soam mais amenas.



1388



Amada, no teu canto tão sensível,

A voz de uma esperança se faz forte.

Por vezes, não percebo quão incrível

A mansidão que traz amor e sorte.



Querida a tua mão toca, invisível;

Não há nada no mundo que conforte

Mais do que este carinho. Incorruptível

Sensação de alegria não comporte



O mundo. Minha amiga eu tanto te amo

Que nada levará meu sentimento.

Talvez esta emoção com que conclamo



A luta benfazeja pela vida;

Reflita nestes versos num momento;

Que a paz no amor jamais seja vencida!



1389



Amada, como espero
Um dia feito em paz
O todo satisfaz
Quem foi claro e sincero

E assim eu me tempero
No sonho mais audaz
E o canto onde tenaz
O rumo fora fero,

Desenho sem temor
A sorte em teu calor
Transcende ao quanto eu quis

E sei do que me ilude
E tanta magnitude
Fazendo-me feliz.



1390


Amada, eu percebi o quanto sofres
Pensando no que foi, no que passou,
Não guardo uma saudade nestes cofres
Que o coração há tempos te entregou.

Já tive outras mulheres não te nego,
Passaram como as águas deste rio.
Na ponte que atravesso, eu carrego
Somente o meu amor-tempo de estio.

Tu trazes o calor desse verão
Esqueça deste inverno em minha vida.
O futuro vivendo da paixão,
Deixa o passado, página vencida.

Então venha desfrutar destes carinhos...
Águas passadas não movem moinhos!


1391


Amada, teu retrato na parede
Mostrando como é bom ser mais feliz.
Dessa alegria imensa tenho sede
Do amor eu sei que sou um aprendiz...

Ao ver quanta beleza em ti transluz,
Me sinto em privilégio frente a Deus,
Teus olhos; duas fontes, forte luz,
Não diga nunca mais sequer adeus...

Ao te perder senti como era triste
A vida sem amor e sem carinho,
Amor é fortaleza que resiste,
Gaiola que encantou um passarinho...

Ao ver o teu retrato, me lembrei,
Do tempo em que vivia como um rei...


1392

Amada tanto sonho
A vida se promete
E nada me arremete
Além do que proponho

A sorte se repete
E o tempo mais risonho
Aonde o barco eu ponho
Embora um vão grumete

Adentro este oceano
E quando além me dano
Já não presumo o fim,

Um cais se avizinhando
Um dia bem mais brando
Amor dentro de mim.



1393


Amada, não preciso te falar
Das ondas tão distantes, do oceano.
Nem dos raios mais belos do luar.
Não preciso falar do abandono

Nem tampouco, querida, do carinho...
Nem do medo de ser um ser tristonho.
Nem da noite que se abate sobre o ninho
Coberto por um céu negro, medonho...

Não preciso te falar deste prazer
Que sempre me trouxeste, sem cobrança;
Nem de todas as alegrias; vou dizer.
Pois entre nós, querida, mais que aliança.

Tudo que nós queremos, tanto amar,
Traduz-se simplesmente num olhar!

1394


Amada, que tu ouças minha voz,
Meu canto sem limites, de loucura.
A vida se mostrando, mesmo atroz,
Permite uma doença ou uma cura...

Ouvindo o que te falo, não se esqueça,
Meu canto vem do fundo da saudade,
Não deixe que este canto te enlouqueça,
É feito deste amor em liberdade.

É canto que não pára de sonhar,
Nas urzes do caminho, faz seu eco.
Nas ruas, nas estrelas, no luar.
Ao mesmo tempo salva enquanto peco.

As vozes que te falam, com paixão,
Só nascem neste louco coração!


1395


Amada, como é triste uma saudade
No peito de quem ama e sempre sonha
Viver o que me resta em liberdade,
Sem medo de encarar a dor medonha.

Eu desço, como o rio, peço o mar
Navego em calmaria ou em procelas.
Na mão direita sempre irei te amar,
Nas primaveras, rosas que revelas...

As hostes incontidas, pedra e espinho,
Tentando me impedir de ser feliz.
Quem teve tanta perda, vai sozinho,
E sabe que de amor um aprendiz.

Nas mãos que te carinham, um perfume,
Que faz com que essa dor toda se esfume...


1396

Amada, nas divinas brasas, fogo,
Ardendo no desejo que reveste
Amor que sempre trama novo jogo,
Com vigor, esperança assim, celeste.

Numa ânsia de outra vida, misteriosa,
A nossa alma aspirando novo espaço;
Beleza sem igual; densa e formosa,
Por mais que seja incerto nosso passo.

Foste feita de brilho em tal beleza
Em forma de carinho tão ardente,
Estrela que transmite tal clareza,
Amar-te com certeza é tão urgente...

Pantera, teu amor é sem igual,
Reflete nosso bem, esquece o mal...


1397


Amada, nesta noite fomos tantos,
Nas delícias marcadas dos teus beijos...
Curvado pelo peso dos encantos
Vivendo meus amores e desejos...

Nessa noite tão rara quanto bela,
Morrendo calmamente nos teus braços...
Amores quando amor já se revela,
Aos pouco ocupando meus espaços...

Detenho tantos potes de amargura,
Tocados por teus lábios tão sedentos.
Renascem em fomentos de ternura,
Soltando minha voz aos quatro ventos...

Nos nossos corpos roça tal prazer
Que faz a noite enfim, sobreviver...


1398


Amada, nossas roupas pelo chão,
Jogadas, testemunhas deste sonho,
Te beijo com total sofreguidão,
E tantas aventuras te proponho...

Deitados, nossa cama, como é bom,
Poder te carinhar a noite inteira,
Por debaixo ou por cima do edredom
O dom de te queimar, minha lareira...

Fazendo-te em meus braços, minha musa,
Aos poucos desnudar-te, e perceber
Os seios por debaixo desta blusa...
Vontade de poder, toda, te ter...

Dançarmos nossa dança predileta
Amor em tentação já se completa...


1399


Amada amiga amante, rosa rara,
Aguardo o teu carinho em ansiedade
Nesta emoção que espero, bela e cara,
Poder usufruir felicidade

Ao lado de quem sempre me antepara
Com braços e sorrisos de verdade,
Adoça a minha vida tão amara
Mostrando este prazer da liberdade...

Beijando tua pele, cara amiga,
Tornando cada olhar mais prazeroso,
Que a sorte ao nosso lado assim prossiga

Trazendo uma alegria que é sem fim.
No gesto mais amigo e carinhoso,
Onda do amor que veio para mim..



1400


Amada amiga amante
carinhos e desejos
tomando num rompante
bebendo doces beijos,

acerco-me de ti,
estrela que me guia,
há tempos percebi
o quanto és alegria.

Aremos neste chão
sementes benfazejas
o quanto em sedução
percebo que desejas

e siameses vamos,
gritar que nos amamos...

1401


Amada amiga amante e companheira
Nós somos as metades da maçã
Versando neste sonho a vida inteira,
Promessa tão serena de manhã

Que seja mais bonita e verdadeira
No ensejo tão divino deste afã
Que faz de uma alegria, essa bandeira
E torna uma tristeza, cousa vã;

Prazeres são palavras e carinhos
Trocados mesmo quando silencio.
Nos beijos insensatos, louco cio,

Ou mesmo na oração. Dois passarinhos
Que seguem em amor e na amizade
Em busca da esperada liberdade!




1402


Amada amiga amante, rosa rara,
Aguardo o teu carinho em ansiedade
Nesta emoção que espero, bela e cara,
Poder usufruir felicidade

Ao lado de quem sempre me antepara
Com braços e sorrisos de verdade,
Adoça a minha vida tão amara
Mostrando este prazer da liberdade...

Beijando tua pele, cara amiga,
Tornando cada olhar mais prazeroso,
Que a sorte ao nosso lado assim prossiga

Trazendo uma alegria que é sem fim.
No gesto mais amigo e carinhoso,
Onda do amor que veio para mim..



1403


Amada amiga é saber que alguém
Caminha passo a passo, destemida.
Mesmo que a tarde venha sem ninguém
Contigo é bem mais fácil uma saída

Que venha no final do labirinto,
Pois tantas vezes sigo impaciente
Na espreita de outro dia mais bonito,
Que torne o meu viver calmo e contente.

A chuva que desaba no meu peito
Em lágrimas se fez, e não mais cessa.
Mas sigo, depois disso, satisfeito
A luz de uma esperança, na promessa

De um dia mais amável vem chegando
Na tua voz que escuto, me encantando...



1404



Amada amiga, peço; não te vás...
Saudades sentirei a cada dia.
Meu mundo sem te ter, perdendo a paz,
Aos poucos me tomando esta agonia.
De tudo que pensei, não fui capaz
De ter tua amizade e alegria.

A dor que sinto agora , minha amiga,
Por certo multiplica-se distante.
A benfazeja sorte se periga
O meu futuro negro e degradante
Espero que contigo, já prossiga
A vida concebida num instante...

Mas saiba que jamais te esquecerei.
No canto da amizade, nossa lei...


1405


Amada como é bom saber-te amiga,
Amiga, como é bom poder te amar.
Que a vida para nós, assim prossiga
Nos raios mais brilhantes sobre o mar,
Nesta ternura imensa e tão antiga
Meu verso sempre vai te procurar...

Deitando nesta praia enlanguescida,
As ondas te molhando lentamente.
Razão mais importante desta vida
É ter o teu carinho totalmente.
Jamais permita Deus, a despedida,
Sigamos noite e dia, para frente..

E vãos nesta essência do desejo,
Tramar o nosso amor a cada beijo...



1406


Amada eu te proponho, temeroso,
Que nada nos impeça de sentir,
Da vida esta delícia feito gozo,
Que faz nosso o nosso sonho repetir
O gesto mais divino e primoroso
Que chama para a chama dividir...

Fazendo em cada toque um novo sonho,
Matando nossa sede, sem fronteiras.
Amar demais, intenso, te proponho,
Pulsando estas loucuras verdadeiras,
Depois deitar em ti o meu risonho
Desejo de te ter assim, inteira...

Desculpe se te quero toda nua,
Coberta pelos raios desta lua...



1407


Amada me perdoe este vazio;
Eu sei que errei demais agindo assim;
Tu sabes quantas vezes, tanto frio
A vida já partindo, perto o fim;

Vieste como um vento em arrepio
Num canto mais suave, para mim.
Sentindo esta distância, um calafrio,
Depressa, novamente, amor; eu vim.

Bem sabes que eu não canso de querer-te
Bem sabes que jamais te deixarei.
Meu passo sem apoio vai inerte,

Vasculha cada grão da fina areia,
Tentando ouvir a voz que imaginei
Da minha namorada... Uma sereia..



1408


Amada não permita que ambição
Destrua cada sonho que tivemos,
Vivendo tanto tempo; uma lição
Depois de certos dias aprendemos.

Quem cega com desejos, coração,
Não sabe quanto amor; na vida, temos;
Tomados por imensa sensação
Dessa alegria toda que vivemos

Quando não queremos nada além
Da doce recompensa do prazer
Que damos para quem nos quer também.

Querida, nosso amor merece tanto,
Por isso é que não posso te perder;
Abrindo o coração, ouça o meu canto!


1409


Amada não se faça de rogada,
Bem sei que nada faço sem te ter.
Jogada sobre a mesa está marcada
A carta que querias prá vencer.

Entrego meu baralho da saudade
Nas mãos de quem sonhara assim comigo.
Voando te procuro em liberdade,
Por vezes imagino que consigo.

Mas tramo tantos rumos mais ruidosos
No fundo não percebo por quem sou.
Sou frágil tantos músculos vaidosos,
De tudo uma saudade me restou...

Mas amo teu amor sem caridade
Sabendo santo amor em liberdade!


1410



Amada neste sonho se pressente
Toda a maravilha da jornada
Que tramas já fazendo mais contente
Aquele que escutou tua chamada
E o coração outrora renitente,
Persegue cada rastro, uma pegada

Deixada pelo amor mais verdadeiro,
Envolto nas magias, no mistério
De ser, na minha vida, o derradeiro,
Rompendo o coração tem por critério
Um canto mais feliz e alvissareiro.
Amor que se tornou um caso sério,

A sorte em minha vida, iluminou,
Estrela que a minha alma emoldurou...


1411


Amada quando eu vinha de outras dores
Marcantes nesta vida que tivera,
Nas cicatrizes fundas, meus temores,
De quem não conheceu a primavera

Amor se transformando em mil horrores,
A boca da saudade, triste fera,
Dos sonhos abortados, meus amores,
Apenas a tristeza é o que se espera...

Sentindo tua mão a me afagar
Com toda a mansidão inesperada;
Vontade de contigo navegar

Os sonhos mais distantes, madrugada,
Tomando cada raio do luar,
Até te perceber, imaculada...



1412



Amada que se foi há tantos anos,
Deixando tão somente um grande amor.
Mudando minha sorte, velhos planos
Apodrecendo, ledos, sem valor.

O gosto de uma morte feita em vida,
Quem dera amor morresse de uma vez!
A sorte então de novo revivida,
Matando esta cruel insensatez.

No inferno em que padeço, busco o céu,
Vivendo tão somente por viver.
Mortalha se fazendo triste véu,
Apenas a lembrança traz prazer.

Que vá diretamente para o inferno
Aquele que disser: AMOR ETERNO!


1413


Amada que te quero namorada
Fazendo dos meus dias uma espera
No amor de quase tudo em quase nada
Que acalma e que delira, gozo e fera...

Não sabes quem eu sou mas te prometo
Os sonhos que me dás em sedução.
Os erros que talvez nunca cometo,
Esperam minha amada, o teu perdão.

Namoro, na verdade, nunca tive
Se bem que sempre expus toda a minha alma.
Andando por poemas onde estive,
A lua redentora, sei na palma.

A minha namorada verdadeira
Se esconde por detrás da vida inteira...



1414


Amada quem me dera se não fosses,
A noite que te trago é plena festa.
Os lábios se desejam tantos doces
E nada do sofrer, conosco resta.

Não deixe que essa noite te carregue
Nos braços deste sonho sem me ter.
Amor quando de amor já morre entregue
De tanto amor merece se fazer.

Saber que tu partiste, minha amada,
É quase que morrer na solidão,
Por isso não responda e fale nada
Acorda com carinho o coração.

E fique do meu lado, minha lua,
A noite após a noite, continua...



1415


Amada sei que existe algum jumento
Não sei se macho ou fêmea, ou ser incerto,
Que surgindo do inferno, ou do deserto
Não deixa a gente em paz nenhum momento.

Só sei que este aprendiz de um excremento,
Rondando a minha casa, aqui por perto
Rumina o tempo inteiro. Eu estou certo
Que o prazer do canalha é meu tormento.

Cuidado, feche as grades da janela,
Que a fêmea disfarçada na cadela
Não pára de latir a noite inteira.

Sem bossa o tal do bosta, um ser boçal,
Fedendo como a peste cheira mal,
Adora encher o saco, esta toupeira!



1416


Amada te tocando em pensamentos,
Sentindo o teu perfume, a tua cor
Meus olhos te sentindo, beijos lentos
Em plena fluorescência deste amor.
Querendo te saber, tantos momentos,
Meus versos, nossos toques... Tentador...

Vencendo tantas léguas, mares, milhas,
Traçando novo rumo em teu destino,
Querendo conhecer as belas ilhas
Do sol que sempre brilha cristalino,
Morena, em ti promessas, maravilhas...

Eu quero amor amigo aqui, bem perto...
Oásis mavioso num deserto...


1417

Amada te tocando em pensamento
Ousando ser feliz mesmo se tanto
Pudera procurar e não garanto
Sequer o deveras inda tento,

Olhando para trás, o sofrimento
Apenas se desenha em desencanto
E o quanto deste mundo diz quebranto
Devasta qual se fora em fúria, o vento.

Desvendo cada engodo, outro mistério
E o mundo que pudera em novo império
Agora se transforma em vil senzala

Cativo deste amor, nada mais vejo
Somente este cenário malfazejo
E a vida neste instante em vão se cala



1418

Amada valerá toda esta espera,
O dia em que contigo aplacarei
O fogo que nos queima, essa quimera,
Deitado do teu lado ficarei,
A lua penetrando na tapera,
Nosso castelo imenso, amor é rei.

Desde o princípio estamos tão unidos,
Que nada neste mundo levará
Destinos tão atados e cumpridos
Aos olhos deste sol que brilhará
Em todos os momentos bem vividos,
Aqui, aí, além ou acolá...

Seremos, depois disso, na verdade,
Amantes para toda a eternidade...



1419


Amada, depois desta noite intensa
Eu tive que sair pra trabalhar,
Porém à noite espero a recompensa
Do tempo em que não pude te adorar.

Espero que este amor já te convença
E nada possa então nos afastar,
Embora esta distância tão imensa,
Meu sonho atravessando céu e mar

Depressa vai chegar, e de surpresa,
Tirando a tua roupa novamente,
Revendo em tal nudez tanta beleza,

Recomecemos logo o louco jogo
Do amor que nos tomou e de repente,
Deseja que eu retorne logo, logo...


1420


Amados mestres, trago um agradecimento
Em forma de poema a quem, a vida inteira,
Em luta tão feroz, carrega uma bandeira,
Muita vez desfraldada em vão e contra o vento...

Depois de tanto luta amargo esquecimento
De quem não percebeu a base verdadeira
De tudo que consegue uma vida altaneira.
O mundo não seria assim tão violento,

Se ao mestre fosse dado o valor que merece.
Nestes versos que faço, a Deus rogo uma prece;
Um canto mais audaz e pleno de esperanças!

Que exista nessa terra, a plena educação.
Para que não precise existir punição,
Só tem uma maneira: educando as crianças!



1421


Amamos tantas vezes nessa vida!
Por certo muitas vezes sem saber
Que por mais que conheçamos despedida
Amor a cada dia, faz crescer...

Recebo teus sorrisos como um canto
Que em plena tempestade nos acalma,
De tanto que te quero, meu encanto
Penetra calmamente, sedando alma...

Amiga, não me deixes ser cruel
Com quem não merecia meu carinho.
Permita que te traga o mesmo céu
Que sempre me deixou bem mais sozinho...

Receba o meu afeto mais sereno,
Que salva em amizade, do veneno...



1422

Amando construí os meus castelos
Esperando que foste ali morar.
Os meus sonhos de amor eram tão belos.
Feitos da esperança de, enfim, amar...

Vieste como um sonho iluminado.
Trazendo em tuas mãos tanta beleza.
Pensava que essas sombras do passado
Estariam perdidas, com certeza...

Porém o vento forte que te trouxe
Em meio a tanta luz já se desfez...
E tanto sonho que tinha acabou-se
Saudade, o que sobrou, por sua vez...

Tristezas tão somente vou achar;
Castelos que sonhei, feitos no ar...



1423


Amando desde cedo
Cedendo ao doce amor
Amar, saber segredo,
Segredo a se compor

No verso, nosso enredo,
Enredo-me em calor,
Calando todo o medo
Moldura a se propor

Em raio fulgurante
Diante do que sou,
Um sonho deslumbrante

Avante sempre vou
Contigo neste instante
Amor nos abrigou..



1424


Amando desde quando
A vida se fez qual
Momento sensual
E nisto me toando

A voz se retumbando
Moldando um desigual
Caminho onde o final
Já vejo desenhando.

Mergulho neste encanto
E sei do amor que é tanto,
Mas sei do quanto pude

Vestindo a fantasia
Apenas não teria
De volta a plenitude.



1425


Amando eternamente posso crer
Que estúpido perdi a minha vida.
Colhendo no final a despedida,
Já sinto quão inútil percorrer

Estrada que pensara ser florida
E posso num segundo, perceber
Que nada adiantou crer na saída
Se a sina de quem sonha é se perder...

O beijo delicado de quem ama,
A fonte inesgotável gera em drama
Um ato que julgara culminante.

Aprendo a cada dia ser mais fútil
Sabendo quão é vago, pois inútil
O fardo que carrego a cada instante...



1426


Amando quem vivera em agonia
Na busca tão amarga pela vida.
A noite se promete tão vazia
Vivendo em cada canto a despedida...

Um passageiro triste não suporta
A dor de se saber bem mais sozinho,
Amor quando demais arromba a porta
Revolve totalmente um velho ninho...

Nas sombras e nos troncos do carvalho
Na proteção dos galhos da figueira,
Por tanto tempo trago um fundo talho
Que brota da paixão, a derradeira...

Não sei se me diviso com a sorte
Que leva, finalmente, à minha morte!



1427


Amando sem palavras, sem discursos,
Apenas se entregando, tão somente.
Lançando em belo campo uma semente
Os rios vão seguindo calmos cursos.
Nós temos neste amor, tantos recursos
E nada nos impede, certamente,

Explodindo em vontades, peito aberto,
Decerto não precisa se mostrar,
Sabendo toda a força a dominar
Aguando de desejo este deserto.
Eu quero nos teus braços, sol e mar,
Estar contigo imerso, e sempre perto.

Amar e não perder jamais o prumo,
Meus lábios já conhecem todo o rumo...
Marcos Loures



1428


Amando sem saber desta loucura
Que encerra tanto pranto de per si,
Não canso de viver nesta procura
Amores que por certo já perdi...

Assim como encontrei o meu caminho
Em meio a tantas flores sem perfume.
Vivendo quase sempre tão sozinho,
Sentindo a solidão, intenso ardume...

Cardumes de esperanças me povoam
A cada novo dia que refaço,
Os olhos desbotados sobrevoam
Amores escondidos no regaço.

Amei tão simplesmente sem cobranças
Que o céu vai se inundando de esperanças!



1429


Amando sem ter hora de parar
Vibrando de desejo e de vontade.
Chegando sem limite à saciedade
Até o mel do pote se entornar

Deitar-te em solo quente, devagar,
Num gesto de total insanidade,
Vertendo em cada poro a deslumbrar
Enfim o que parece liberdade...

Nesta avassaladora tentação
Que faz de cada beijo uma erupção
Uma explosão de fogos de artifício...

Morena, nunca mais me deixe só,
As pernas que se tocam... Louco nó
Atado neste amor que é nosso vício...



1430



Amando sob a noite enluarada,
Dos raios, da pureza, quero o fogo.
Não deixe que esta lua enamorada,
Teimosa, queira entrar no nosso jogo.

Sentindo teu amor se palpitar
Prendendo, nos teus braços, meu amor...
Os olhos começando a revirar,
Delícias de prazer, manso calor...

Depois de tanta vida sem saber
De tudo que mereço, e que mereces...
Querendo o nosso amor agradecer,
Em todas orações e minhas preces...

Mas logo, vejo a lua ciumenta,
Em lágrimas de chuva se arrebenta...



1431


Amando sob a noite em clara lua
Desenhos mais audazes, nosso sonho
E quando em tal desejo eu me proponho
A sorte de tal forma continua

Moldando o quanto quis sobeja e nua
A bela ninfa aonde o verso eu ponho
E sei deste cenário que é risonho
E a vida com ternura se cultua

Recebo este momento de tal forma
E quando a fantasia assim me informa
Do topo das diversas cordilheiras,

Audaciosamente busco em ti
O que já tantas vezes presumi
Ainda que talvez não mais me queiras.




1432

Amando tanto a terra como o mar
O céu, tantas estrelas, o velho sol,
Amando quem quiser enfim amar,
Fazendo deste amor o seu farol...

A noite embevecida deu a lua
Aos braços de quem sempre quis amor.
Entregue nos seus raios toda nua
Flutua nos meus olhos, seu fulgor...

Amo os rios, cascatas e montanhas,
As horas que passamos a sonhar,
Amores suas fontes são tamanhas,
Vivendo em farto sonho desse amar.

Eu amo cada canto em poesia
Amando meu amor por noite e dia...


1433



Amando tanto amor quanto pudesse
Nas minas que porejam tantos sonhos,
Amor que tanto amor em amor cresce
Tramando tantos dias mais risonhos...

Quem nasce com amor e poesia
Já sabe desfrutar de amor imenso,
Fazendo deste amor a fantasia,
Nos olhos, tanto amor eu recompenso,

Meus versos que dedico sem demora,
Vivendo destes olhos tão profundos.
A plena poesia, sei agora
Invade nossa vida, nossos mundos.

Eu amo tanto amor que merecia,
Minando em cada canto e poesia...


1434

Amando-te à distância, sem te ver,
Não podendo tocar nem o teu rosto.
Sentindo tão distante o teu prazer,
Vivendo eternamente, pleno agosto...

Sem ter nem perspectiva em primavera,
À sombra do que fui e já morreu...
Meus versos escondidos; dor, quimera,
O resto do que somos se escondeu...

Neste meu desabafo em agonia
Escolho meus cascalhos e meu rio...
A noite se promete dura e fria...
O peito que te dei segue vazio...

Amor! Tua distância, eu tão sozinho...
Um pássaro em procura, perde o ninho


1435


Amanhã; com certeza, outros virão
Falar em teu ouvido mansamente,
De novo tu terás a floração
Do amor que nos transtorna totalmente.
E versos tão diversos falarão
Do quanto é bom se dar completamente...

Enquanto inda tiver, isso eu garanto,
A força que permita-me seguir,
Irei buscar estrela em cada canto,
Desejos de lutar e prosseguir.
A vida se perdendo num quebranto,
Ausência de ternura no porvir...

O caule da esperança é quebradiço,
A flor de uma ilusão morre sem viço...


1436


Amanhecer ao lado da mulher
Que tanto desejei a vida inteira,
Em todo o sentimento que vier
Minha alma se entregando verdadeira.

Esse momento, amor; não é qualquer;
Na vida que se mostra passageira
Eu trago esta certeza que se quer
De ter bem perto, enfim; a companheira...

Meu peito descortina o teu abraço,
Deitado do teu lado; sou feliz.
Não sinto mais sequer nenhum cansaço

E quero a todo instante o mesmo afã,
Neste dia bonito e que se quis
Renascer num café, nesta manhã...



1437


Amanhecer, raiando um novo dia....
Passarinhos cantando na janela,
A boca escancarada, poesia...
Sonhei a noite inteira só com ela!

Nos sonhos tão feliz, a fantasia...
Aurora desfilando cor mais bela,
Acordes dissonantes, melodia...
A vida repetindo essa novela!

Amores são mentiras que sustentam,
Meus sonhos são remotas cachoeiras.
Nas horas mais tristonhas já me alentam,

As asas que voavas, verdadeiras!
Não quero decifrar o teu mistério.
Apenas não me tragas adultério!



1438


Amanheceu. Peguei minha viola
E fui estrada afora a procurar
Amor que eu sei demais, pus na sacola
Na busca de quem possa me ajudar

Encarar cada curva desta estrada
Que embora tão difícil; pedra e cardo,
Com uma companheira vira nada,
Mais leve carregar, assim, o fardo.

Um coração moleque e sem maldades
Trazido do sertão cria coragem
Ao encontrar teus olhos, claridades
Que são belos faróis nesta viagem.

Eu sinto em cada curva do caminho,
A força de quem nunca vai sozinho.


1439


Amante que se faz audacioso
Mergulho neste rumo mais feliz
E todo este caminho agora diz
Do quanto se pudera majestoso

E sei deste cenário mavioso
E nisto outro momento já me diz
Do todo que pudera e eu peço bis,
Embora amor se faça caprichoso.

Vencer os meus temores e ir em frente
Aonde cada sonho se apresente
Mudando a direção da ventania

E o peso do passado se alivia
Vestindo com ternura a fantasia
O amor se mostraria onipresente.

1440

Amar-te é perceber a glória extrema
Da vida sem distúrbios nem embates,
Percebo quantas vezes nosso lema
É feito bem distante dos combates,

Seguindo calmamente sem problema,
Não quero que estes laços tu desates,
Apenas que este amor, querida; acates,
Pois nele a placidez de um diadema

Permite que sejamos mais felizes,
Na calmaria, às vezes de um vulcão,
Porém já bem curadas cicatrizes,

A vida vai serena em atitude,
Mostrando, muito embora, a sedução
Que sempre proporciona juventude...


1441


Amar-te sem saber se existe a dor,
Viver cada momento como fosse
Eterna a nossa vida. O sonho trouxe
A festa eternizada num torpor.

Serenamente erguer ao bem do amor
O brinde que em delírio transformou-se.
Na boca sensual, um beijo doce
Marcando com delícias meu louvor...

Viceja em nossa vida a flor bendita
Que traz em seu perfume delicado
Dos deuses o desejo que em bom grado

Minha alma se transborda. Amor nos dita
O rumo que teremos d’ora em diante;
Futuro cristalino e triunfante!



1442


Amar, beijando cada dia estios...
Forjando glória, hedônica ilusão..
Jorrando luzes, mágicos navios
Ouso pavios, quero redenção..

Sentimentos torturam, uivam vozes
Crepuscular estrela que não vem,
Os olhos desta lua, meus algozes
Prometem o retorno deste alguém

Que um dia em luz tão frágil foi embora
Deixando apenas trevas no lugar.
Quem dera se eu tivesse, sem demora
A estrela que partiu pra não voltar

Fim de tarde seria diferente,
Porém, céu sem estrelas se pressente...



1443

Amar: uma divina providência
Que enquanto nos maltrata, nos alenta.
Por mais que seja insana ou violenta
Nos braços da paixão busco a clemência.

Sutil, em formas tantas, com cadência
Na fúria que provoca me apascenta
Os elos com firmeza ele arrebenta.
Distante em liberdade, a penitência.

O amor, este insensato caminheiro,
Dominando corpo, alma, um feiticeiro
Fazendo da emoção, rara alquimia

Na qual os beijos servem de cadinhos,
Em meio a tantos toques e carinhos,
Enquanto traz a sede, nos sacia...

1444

Amar-te com presteza e com perícia
Fazendo-te feliz, se Deus quiser.
Prometo devolver toda carícia
Que recebi de ti, minha mulher.

Num toque tão brejeiro de malícia
A gente topa tudo o que vier.
O nosso amor em si traz a delícia
De ser sem ter limite, o que puder.

Declaro que te quero aqui comigo
E disso vamos ambos convencidos.
Os passos com certeza decididos

Fazendo deste amor um nobre artigo
Que não se encontra sempre por aí
E disso meu amor, me convenci.



1445


Amar-te é minha sina, jamais nego
O fato de ser teu, nem negaria.
Sem teu olhar caminho quase cego,
Eu perco-me sozinho em agonia.

Por mares mais serenos eu navego,
Tu és o ancoradouro que eu queria,
Por isso em teu amor, tanto eu me apego,
Em tua perfeição, a poesia.

Não quero me perder mais deste norte
Que é sempre benfazejo e me traz paz.
Permita que meu barco então se aporte

No teu corpo divino, magistral,
Assim querida amada, eu sou capaz
De achar felicidade natural...


1446

Amar-te é simplesmente ser feliz,
Nos córteces sublimes da emoção.
Reflito o paraíso em que me diz
Amor em plenitude. Tentação.

Astutas minhas mãos, por onde eu quis
No dia em que te vi. Tal sensação
Moldando no meu céu outro matiz
Causando em minha vida um turbilhão.

Desejos satisfeitos, nosso jogo
É feito nos buris de um escultor,
Usando para tanto ardente fogo

Do amor que a gente vive, um arsenal,
Criando com ternura e com vigor
Imagem tão sublime e sensual.



1447


Amar! Felicidade imensa e plena
Que faz a nossa vida se mostrar
Tão mágica, sublime e mais serena
Dourando sob os raios de um luar

Que em noite luminosa nos acena
Delícia de viver e de sonhar
É vida que se mostra mais amena
Embora sempre venha transtornar.

Abrigo que encontrei só teu colo
Morena tão bonita e magistral,
Estando nos teus braços eu decolo

E vôo sem ter asas, pensamento.
Teu corpo tão gostoso e sensual
Certeza de que tenho, enfim, alento


1448


Amar-te bem além do que te amei
Eu gestos delirantes me entregar.
Se teu caminho, amada eu decorei
Não tem sequer mais como amor errar.

Meu verso mais sincero eu dediquei
E nele já te expus o tanto amar
Que sinto e que pra sempre eu sentirei
Meu barco no teu mar a navegar...

Minha alma desnudada solta ao vento
Palavras e sentidos envolvidos.
Amor que não me sai do pensamento

Encharca meus caminhos de perfumes,
Eu quero me entregar – cinco sentidos-
Deixando para trás quaisquer queixumes...


1449


Amar. Mares, marulhos e marés
Somos dois artífices dos sonhos.
Eu sou o que tu pensas, pois tu és
O ser que me inundou, ares risonhos.

As fantasias alçam o infinito
E ali, entre as estrelas, dois mortais
Fazendo da emoção seu maior rito,
Em frases e delírios sensuais

Caminham sem ter asas, voam leves,
Libertos das amarras, sem temor.
Ao mesmo tempo vida em que te atreves
A ser além do céu, imenso amor.

Nós vamos irmanados, espelhares,
Louvando em nossos corpos, tais altares.



1450


Amar-te para sempre e sem juízo
Vou bêbedo de ti, louco e sedento.
Tomando em tua boca o paraíso,
Vibrando dentre em nós tal sentimento
Que aos poucos, nos roubando todo o siso,
Se faz em mansidão, tão violento....

Vivendo esta vontade que não passa
De ser o teu amante, amado amigo,
Sabendo que serei pra sempre a caça
Na luta sem vencidos, eu prossigo,
Teu corpo sedutor, vitória e taça
Ofertas de prazer em doce abrigo.

Volúpias e desejos soberanos
Nos gozos e nos risos mais insanos...

1451




Amar-te, tal certeza move a vida...
Âncora e leme, vela, luz, pavio...
És princípio, caminho, rumo, fio...
Teus lábios, astrolábios. Despedida

E começo; certeza que duvida...
És chuva, tempestade, luz, estio.
Desejos delirantes, cama e cio...
Apascentas, me acalmas. Renascida

A cada dia, trazes tal frescor,
Que nada mais me importa, nem o quero...
Suavemente, acalmas o que é fero.

Tens a palavra certa; és tão bonita...
Meu coração feliz te grita: Rita!
Tradução mais fiel do termo Amor!



1452



Amar:belo concerto em duas vozes,
Que fazem da harmonia doce encanto,
Na mesma melodia este bel canto
Apascentando dores mais atrozes,

Deixando mais distantes seus algozes
Amores encetando um sonho santo
Distante do talvez e do entretanto,
Encontram-se comuns, as mesmas fozes.

Amar é ter certezas e verdades
E ter nas incertezas, mansidão.
Sonhar etereamente veleidades

Pegar o sentimento com a mão
Saber que a cada dia bem regado,
Amor será bendito, eternizado.


1453

Amar-te além do cais em porto manso,
Viperinas palavras que trocamos
Ao mesmo tempo finjo que te alcanço
Entrementes mentimos se negamos

Que em meio a tantos passos não avanço
Ou mesmo que a verdade sufocamos.
As chaves que me entregas, corte e ranço,
Do cofre em que se lacram; servos, amos...

Amar, uma finita imensidão
Que é feita em intempéries, calmarias.
É sim que se desnuda num senão,

É não que se afirmando nos confunde.
O quanto não me trazes nem farias,
Parede que com zéfiro se funde..



1454


Amar-te noite afora
Sem tréguas, sem parar,
Meio jogados fora
Na rua, sob luar

Vestidos da nudez
Do sonho que virá
Amor que a gente fez
Do novo brilhará

Mas saiba que os mistérios
Entornam sensações
Quebrantos, ministérios,

Fogueiras, turbilhões.
Que se danem critérios
Viva às inundações...



1455


Amar-te como amei? Somente um louco...
Além das minhas forças, foi demais...
Meu coração morrendo pouco a pouco
De amor além de tudo, e muito mais...

Insensatez total, amar assim...
O sofrimento, eu sei, amor me traz
Sangrando sem parar até meu fim
Tomando o meu juízo, perco a paz...

Pensara que sabia o que era amor...
Agora me percebo um aprendiz.
Somente o amor, ingrato professor

Ensina, nos ferindo e maltratando.
Fazendo um coração tão infeliz
Que aprende tão somente assim, amando...

Baseado em Só Louco de Dorival Caymmi



1456


Amar! Templo distante dos meus dias,
Audazes maravilhas que perdi,
Enquanto a solidão tem suas crias
Apenas o vazio, eu recolhi.

No céu em que se espraiam fantasias
O vento desairoso traz em si
O quanto inda soçobram agonias,
Retorno volta e meia e vejo em ti

O quanto restaria de emoção.
Porém do sofrimento uma lição
Que teima em residir na minha mente.

Lutar? Se é tão inglório o meu futuro,
À frente tão somente o mesmo muro
Que há tempos a alma frágil em vão pressente...


1457

Amar a cada dia, sem dar tréguas
Ao mal que sempre assola em desamor.
Um sonho a percorrer distantes léguas
Que contagia sempre, sedutor..

Felicidade é feita em harmonia
E jóia reluzente, perla bela.
Um canto que se faz em sintonia,
Em uníssona voz, coral, capela...

Eu sei o quanto é forte o teu cantar,
Eu sei o quanto é bela tua luta.
Por isso, para sempre eu hei de amar,
Quem cala não consente, só escuta

O nosso amor se torna mais potente
E a cada novo dia é mais urgente..
Marcos Loures



1458

Amar a cada verso que eu fizer
Além de todo o cais onde aportar.
Amar além de tudo o que eu quiser
E simplesmente, sempre e tanto amar.

Amar tua malícia de mulher,
Amar tua delícia, ser teu mar,
Amar demais, bem mais do que puder,
E novamente amar até sangrar

E nesta hemorragia, renascer
Para poder de novo ter teu braço.
Voltar e refazer cada prazer

E decorar caminhos, todo traço.
É tudo o que resume o meu querer,
E cada vez mais forte; assim, renasço...


1459


Amar a luz de todos, cada brilho
Diverso do meu brilho, do meu breu.
E saber perdoar quem me esqueceu,
Cada qual reconhece o próprio trilho.

O velho coração qual andarilho
Que há tanto sem destino se perdeu,
Durante a caminhada concebeu
O amor que em poesia, maravilho.

Sem ter sequer temor eu vejo em volta
O mar que em tantas ondas se revolta,
Galopa entre procelas, meu corcel.

Sereias desnudando minha praia,
O vento que em ternuras já se espraia
Dourando em fantasia sol e céu...


1460


Amar: a mais sublime e bela lei
Tornando a nossa vida mais humana,
Do quanto tantas vezes desejei
Ternura sem igual teu braço emana;

Adentro as paisagens mais perfeitas,
Cenário inesquecível, riso e glória
Enquanto em poesias tu te deitas
A vida renovando a mesma história

Amor que se percebe um andarilho,
Deitando em mansa esteira, faz a festa,
Não tendo, com certeza um empecilho
Felicidade plena nos atesta.

Teu corpo minha cama e minha rede,
Nos lábios de quem amo mato a sede.


1461

Amar a nossa pátria: ordem,progresso.
Virtudes desenhadas desde a infância.
Porém as ilusões deixam vacância
Nas lamas e derrames do Congresso.

Nacionalista extremo, eu me confesso,
Ao ver, na minha tarde a discrepância
Que forma o material da militância
Revejo o mesmo espelho, mas do avesso.

As margens do Ipiranga não sabiam,
Das falsas pedrarias da esperança.
Enquanto na verdade se embebiam

Meus olhos profanaram tais altares.
Desordem, desalento sem pujança,
Fechando os portos, sonhos, risos, bares...



1462

Amar a vida inteira é meu destino
e tenho com certeza uma parceira
que canta tão sincera e verdadeira
fazendo deste amor um sagrado hino.

Um coração moleque, qual menino
encontra nesta flor de laranjeira
perfume tão sutil, e mais divino,
paixão que espero ter a vida inteira.

Não deixe que este canto um dia cale,
é nele que embasei felicidade,
caminho que me leva à divindade.

Teu braço toda noite já me embale
e seja assim eterna juventude
amor que se faz pleno e amiúde...



1463


Amar a vida intensa e bravamente,
Talvez seja difícil perceber
Que embora se procure ver de frente
A vida muitas vezes nos faz crer

Que tudo que acontece de repente
Faz parte desta luta por viver,
Embora se destine cruelmente,
Em meio a tempestades, dá prazer...

Se faz nesta mulher tão deslumbrante
E mesmo que não seja, assim será.
O verso que te faço minha amante

Endeusa retirando teus defeitos,
A morte num segundo chegará,
Vivamos sem temor os nossos leitos...



1464


Amar além da vida, do infinito
Num cais que é feito em terras não tocadas,
As mãos que se aventuram, desfraldadas
Neste profundo pélago bonito.

Ourives que se faz em cada rito
Perfeitas as imagens peroladas
Das horas que se foram demarcadas
Em horizontes santos que assim fito.

Mergulho em sondas, sendas abissais,
E vejo o teu retrato em cada passo.
Não sei se inda consigo, nem disfarço,

Eu quero deste bom e sempre mais,
Em minha carne exposta, fome e verso,
Em cada nervo e músculo. Universo...



1465

Amar além de todo vendaval
Forjando um cais sereno a cada dia.
Fazendo da alegria um ritual,
Derramas pela casa, poesia.

Há tempos, não sabias; eu queria
O corpo desta deusa magistral,
Na tenra sensação, maga alquimia
A pedra, encontro enfim, filosofal.

E lúdicos caminhos que percorro,
Tomado feito presa pela fera
Que nua, atocaiada, insana espera,

Porém jamais desejo algum socorro,
No louco emaranhado, pernas, braços,
A aranha estreita; assim, divinos laços...



1466

Amar além de tudo o que pensara
Fomentos de desejo em glória pura.
Vibrando no teu corpo com ternura,
Vontade que me toma e nunca pára.

É ter uma verdade que antepara
E forma no teu corpo uma escultura
Deitada em minha cama, me tortura
Com emoção divina e sei bem rara...

Sentindo tua boca em meus ouvidos,
Palavras que sussurras... Tentação!
Chegando bem depressa ao coração

Tomando num segundo, os meus sentidos.
Saber que estás aqui junto comigo,
Certeza: não terei mais desabrigo....



1467


Amar além de tudo o que percebo,
Numa emoção diversa e salutar.
Do vento que mais quero e que recebo
Vontade de voar, ganhando o ar
Com asas que não tenho, mas concebo,
Nos braços da esperança vou vagar....

Alados como sonhos, versos leves
Levando para estrelas, infinitos...
Pedindo que sem tréguas já me enleves
Sabendo dos louvores mais benditos
Nos sentimentos puros e tão breves
Soltamos pelos céus os nossos gritos

De intensa sintonia e liberdade
Nas ânsias de saber felicidade!



1468


Amar além de tudo, o que desejo,
Tocando a tua pele tão macia.
Roubando desta boca um doce beijo,
Vivendo assim um mar de fantasia.

No toque delicado que prevejo,
Quando estiver em tua companhia;
Toda a beleza rara num lampejo
Do amor que se faz belo em harmonia...

Num sonho de alegria em frenesi,
Recebo o teu carinho, sedução.
Na essência deste amor, a tentação...

Querer-te sem limites, ter-te aqui,
Mulher, dona dos sonhos que eternizo
Num beijo tão suave, num sorriso...



1469



Amar além do mar em fortes vagas
Um vício necessário e mavioso.
Quem veio, como eu vim de tristes plagas
Percebe quanto amor é valioso.
Nas mãos mais delicadas; mansas, magas
Percorro o meu caminho, vou ao gozo

De todas as venturas que mereço.
De todas esperanças que cultivo.
Amar não é vestir-se em adereço
Nem mesmo se mostrar demais altivo,
Amar é meu destino e nele vivo,
Meu coração em ti tem endereço.

Amada amiga, venha pro meu lado,
Estou aqui, sozinho, apaixonado...


1470

Amar além do mar, de procelas tantas
Buscando te encontrar, antigas vielas
Seguindo para o Porto em asas me agigantas
Fomentas a alegria, esparramando estrelas.

As horas passarão em brilhos onde encantas
Deixando as sombras; longe, eu não quero mais vê-las...
Ao ver tua beleza e tuas mãos tão santas
Vontade de tocar e enfim ao recebê-las

Saber que vale a pena a vida em tanto amor,
Fazendo da esperança um canto a te propor
Mesmo que o mar imenso afaste um pouco mais

Estou sempre contigo e o tempo inteiro assim,
Guardando o teu amor, bem perto e junto a mim
Para tão grande amor, nada é longe demais...


1471


Amar além do quanto imaginara
E ter no amor o mote principal,
Delírio que se faz consensual
Lapidando esta perla além de rara.

A fonte interminável se escancara
E molda um paraíso sem igual,
Fazendo do desejo um ritual,
A poesia vive se escancara

As portas sem temores nem reservas,
As almas que de amores seguem servas
Encontram; ao final, libertação.

Romper qualquer fronteira, ser inteiro,
Do amor o mais constante companheiro
Saber conter em si, farta amplidão...



1472



Amar além do tempo, além do espaço...
Sem nada que limita esta emoção.
Querida, nem mais tento e nem disfarço,
Apenas me entregando à sensação
Cada carinho, amada, que te faço
Demonstra toda a força da paixão

Que acalma e não me deixa mais sofrer
Trazendo para nós, tranqüilidade...
Invade totalmente nosso ser
Traduz-se por amor, felicidade
Um sentimento lindo de viver
Matando o que restou de uma saudade...

Querida; em nosso mar de amor imenso,
É tudo o que desejo e sempre penso...



1473


Amar ao Deus perfeito em redenção,
Fomento de esperanças e de glórias.
Fugindo da perfídia em tentação
Certeza de conquistas e vitórias.

A vida tantas vezes segue em vão
Nas horas mais difíceis, merencórias
Amor que se faz manso e traz perdão
Mudando o rumo torto das histórias.

Amar ao Deus amigo e companheiro,
Aquele que se deu como cordeiro
Num momento de amor que é sem igual.

Um Deus que sendo Pai é verdadeiro,
Que vence por amar a dor e o mal
E, silente, se mostra triunfal.



1474


Amar assim a quem jamais amei,
Seria muito bom não fosse o risco
De quem se anunciando tão arisco,
Sem ter qualquer desculpa, mergulhei.

O quase ser feliz, não escapei,
E mesmo que inda fosse não confisco,
Usando da alegria qual petisco
Que um dia foi além de simples lei.

Pereço quando tento alguma chance
Enquanto a solidão não mais me alcance
Ferrenhas ilusões são meus troféus

Arcanas melodias quando escuto
O coração voraz se mostra astuto
Fartando-se de insanos fogaréus...



1475


Amar bem mais que amar, amar demais,
Vencendo as intempéries, ser mais forte.
Os sonhos que em verdade são reais,

Tramando em calmaria um raro aporte.
E mesmo que distantes, virtuais,
Cicatrizarão sempre o velho corte.

Estás junto comigo, tenho a certeza,
E disso faço um raro e bom triunfo,
As cartas espalhadas sobre a mesa,
Guardando em nossa manga um raro trunfo.

Por mais que a vida sangre, nada tema,
Não temos mais grilhões em nossos pés.
Rompendo em poesia a fria algema
Num cântico, me afasto das galés...



1476


Amar cada palavra que me dizes,
Fazendo da alegria nosso canto.
Amor vai nos trazendo as diretrizes,
Mostrando em cada verso, o seu encanto.
Garanto que seremos mais felizes,
Nos braços deste amor que eu quero tanto.

Ousar e ser feliz. Eis a verdade,
É necessário o sonho, mas te digo,
Procuro vislumbrar felicidade
No colo da mulher que assim persigo,
Na melodia trago imensidade,
Quem sabe o teu carinho, enfim consigo?

Em palavras concretas, eu te clamo
Ao grito mais potente: pois, eu te amo!



1477

Amar com toda urgência necessária
Salgando nossos corpos, maresia...
Toda procela sempre temerária
Há muito em dissonância mostraria

O quanto uma paixão tão visionária
Transforma nosso canto em agonia
Mas vale a pena mesmo com sangria
Esta emoção do caos embrionária...

Lutando muitas vezes contra nós
Sentindo em avidez a resistência
Nas gargalhadas soltas, paciência

A fúria de inimigo mais atroz
Porém se o rio desce para o mar
Inexoravelmente irei te amar...


1478


Amar como eu te amei, a vida inteira...
Sem medo e sem vontade d’um adeus.
Em cada noite, a lua mensageira
Trazendo claridade nos meus breus.

A tarde das angústias, derradeira,
No amor, meu sacrifício, louva-deus!
Não canto despedida, faço esteira
Dos raios, dos luares, louvo a Deus...

Embora já temi o meu destino,
A morte não trará essa incerteza.
A vida noutra vida outra beleza!

Eterno coração, velho menino...
Amor igual ao nosso, mansa fera,
Só Célia me traria, tão sincera!




1479


Amar como quem sabe que perdeu
Intimidade louca com estrelas,
Rateio uma esperança, morro ateu
E vivo sem querer poder revê-las.
Estrelas que sabiam quanto o breu
Ajudaria sempre percebê-las...

Habito a noite vã, o frio amigo,
A lua cortesã, o resto é gelo;
Se caço o que queria, não consigo
Nem sombra deste amor, quiçá revê-lo.
Na busca desta estrela, assim prossigo.
Coração; como faço p’ra contê-lo?

Amar além. Somente o que proponho,
Estrela a pontuar, com brilho, o sonho


1480



Amar demais assim nunca faz mal,
Se sabes que este amor também te quer.
Porém como uma regra universal,
Precisa ter amor se amor quiser.

Delícias que senti nas nossas noites,
Ligeiras esperanças se mostraram.
Chamando nossas almas pr’a pernoites
Que sempre em tantos dias demoraram...

Queimando nossas faces, os prazeres,
As bocas se procuram, sem parar.
Amada como é bom sabor, saberes,
Banquete dos desejos de te amar...

Eu quero teu amor pra sempre assim,
Amor quando é demais nunca tem fim...


1481

Amar demais trazendo a sensação
Tão louca de querer e se perder...
Vivendo em nosso amor com tal prazer,
Às vezes eu me perco em emoção...

Teu canto, minha amada, em sedução;
Aloca-se profundo no meu ser.
Não posso nem pretendo mais viver
Distante deste amor. Viva ilusão...

A mão que te procura, num momento,
Tão trêmula, deseja te tocar...
Meu mundo sem te ter, morrendo lento...

A vida se tornando tão confusa...
Desenho o teu retrato no luar
Seus raios me abraçando... És minha musa!!!



1482


Amar demais, loucura que padeço,
Em tantas ilusões já me perdi
Será Meu Deus que é isso que mereço?
Perdão pelos meus erros, já pedi...

Porém, se cada vez que amor chegar
Em atos mais insanos me perder
Vontade de voar, ir ao luar
E as leves alvas alas derreter...

De tanto que esse amor já me maltrata
Deitando nesse braço mais macio...
Perco-me no amor, na densa mata
Nas águas revoltosas desse rio...

Amor tanta tortura na ternura.
Amor; estranha e divinal loucura!


1483



Amar é coletar rosas e espinhos,
Cuidados com o adubo da esperança
É ter no mesmo olhar, carinho e lança
Bebendo os agridoces, fartos vinhos.

Fazer um vendaval dos burburinhos,
Seguir a tempestade audaz e mansa,
Usando do carinho por vingança
Entroncamento em vão de mil caminhos.

Sabores tão diversos, mel e fel,
Indefinido assim, o seu papel,
O amor é como um parto em dor e luz,

Saber das suas manhas, seus engenhos,
Enquanto nega, afirma seus empenhos,
Ao fim ou recomeço nos conduz...




1484


Amar é com certeza um santo dom
Que torna nossa vida mais gostosa,
Reflete uma emoção maravilhosa,
Mantendo da canção, o mesmo tom.

Amar é transbordar instinto bom
Coíbe uma tristeza mais raivosa,
Acalma qualquer alma belicosa,
Adoça o paladar, doce bombom.

Amar é ser feliz o tempo inteiro
Se rir sem ter motivos aparentes.
Dos dias frios nascem noites quentes

Repartir alegria, sentir o cheiro
De quem nós desejamos no jardim,
Florindo a fantasia dentro em mim....



1485

Amar é com certeza um sacro encanto
Gerado por sensível fantasia
E neste desenhar o quanto havia
Ao longo da existência em paz, garanto,

Explode esta emoção e quero tanto
O mundo se aproxima e se desfia,
A sorte noutro rumo desafia
O quanto no passado era quebranto,

Dourando cada passo além de tudo
Deveras muitas vezes desiludo,
Mas sei que ao fim serei feliz. Quem sabe?

O sonho se aproxima em tons reais
E sinto que te amei e até demais,
Bem mais do que decerto ainda cabe.



1486


Amar é com certeza um vício bom,
Que toma nosso corpo em aflição,
Inato, todo amor, por si é dom
Que invade nosso mundo, em sedução.

No gosto desta boca, todo o tom
Perfeito que nos toca o coração,
Dum canto enamorado, chega o som,
Que forma a sinfonia da paixão.

É droga que não tem como escapar,
Num êxtase divino nos comanda.
Do amor eu já nem sei como escapar,

A vida sem amor,perfeito tédio,
O mundo sem querer, todo desanda.
Na doença se encontra o seu remédio....


1487


Amar é como estar num mar de rosas,
Ao mesmo tempo ter tantos espinhos.
As noites nesse amor, maravilhosas...
Depois calamos tristes e sozinhos...

Mas sabes que te quero; isso não nego,
Se tu és como uma onda, eu sou areia,
Nos sonhos em que vivo; te carrego,
Tu trazes esperança em lua cheia...

Ouvir teu canto sempre revigora,
Trazendo para mim, um doce alento.
De espinhos, bela rosa se decora,
Mas sinto seu perfume solto ao vento...

E gosto deste jogo, rosa e espinho,
Um manso beija flor pede carinho...



1488




Amar é conduzir uma alma leve
Em um momento manso e soberano,
Sentindo uma emoção que já se atreve
Matando a sensação de desengano.

Eu quero estar contigo o tempo inteiro,
Fazendo da esperança quase um hino,
Amor que a gente sente é verdadeiro,
Eu creio na verdade ser destino.

Espero que tu venhas, não demore,
Aguardo-te querida, em cada noite,
Que a sorte de te ter já revigore
E cale para sempre a dor, açoite.

Amor que nos tomando faz a festa,
Felicidade imensa, o que nos resta...



1489



Amar é construir a cada dia
Castelos de invejável compleição
E quando exposto às tramas da paixão
Resiste à mais complexa ventania.

É cultivar o sonho e a fantasia
Sabendo da procura e perdição,
Mergulho que se faz sem direção
Causando, mesmo em paz, melancolia.

Amar é ter as mãos decerto atadas,
E ter na maravilha das floradas,
A percepção dorida dos acúleos.

E crer na força inata, mas tão frágil,
Ao mesmo tempo inepto, porém ágil,
Bebendo em placidez mares hercúleos...


1490


Amar é decifrar enigma vário
E ser, ao mesmo tempo decifrado.
Viver noutro planeta imaginário
Sem ao menos sair, ficando ao lado

De quem jamais pensara temerário,
Sem medo do futuro ou do passado,
Perdendo o já traçado itinerário,
No passo, um descompasso bem marcado.

Amar é não saber nem mesmo o nome,
E deturpar palavras e sentidos.
De tão gigante fica, às vezes some,

Em meio à multidão morrer de rir,
Abrir o coração, fechar ouvidos,
E não saber sequer para onde ir...



1491


Amar é descobrir, criar o belo,
Fazer da simples fonte, mar imenso.
Assim como te vejo e te revelo
Além do que tu és, eu sempre penso.

O meu futuro em ti, pra sempre selo
Do jeito e do formato mais intenso
Meu sonho nos teus passos; quando atrelo,
Certezas de que assim me recompenso.

Tu és o que tu és e nada mais,
Não vejo desta forma, és muito além...
Hiperbolicamente; amor demais

Te torna divinal, embora humana,
Na força que transforma todo o bem
Tu és dentre as mulheres, soberana!



1492


Amar é desfrutar do paraíso
Criado pela nossa fantasia,
Embora tantas vezes sem aviso
A solidão tenaz já se procria.

Agrisalhando a sorte eu me matizo
Nas cores que o amor jamais sabia,
O vaso se quebrou sem prejuízo
De quem aguou a vida em valentia.

Bem sei que no final vou merencório
Voltando de onde vim, meu purgatório,
Rasgando as velhas frases tão sem nexo

O fato de saber dos descaminhos,
Permite que eu me entregue em falsos ninhos,
Pensando ser amor o que é só sexo...



1493


Amar e mergulhar sem ter vergonha
Num mar de imensidão em louco gozo.
Jogando pelo chão, lençol e fronha,
Deitando em teu calor, é tão gostoso.

Depois ao pressentir cada vontade
Sem tréguas navegar teu corpo inteiro.
Aos poucos perceber eternidade
Que invade nossa cama, um bom luzeiro.

Enlevos e ternuras que trocamos.
Certeza neste idílio da paixão.
Não é somente um mundo que sonhamos
É mais do que querer: é tentação.

Vem logo: estou chamando, vem depressa.
Que toda esta vontade está confessa.



1494


Amar e não saber se sou amado
Amando e prosseguindo quase a esmo.
O tempo que domina, meu passado,
Carinho que me negam, sempre o mesmo...

Vencido pela horrenda solidão,
Espero nos teus braços, ser feliz.
Quem dera se tivesse novo chão,
Andando por estradas que já quis...

A noite sem teu beijo desgoverna
Errante como um náufrago sem porto,
A vida nesse amor é sempre eterna
Viver sem teu amor, ser quase morto...

Por isso minha amada, alma te implora,
A volta de quem amo, redentora...


1495


Amar é necessário ter coragem,
Saber que muitas vezes nos magoam
E mesmo assim, sentimentos maus revoam
E impedem que façamos tal viagem.

Amar sem ter coragem, tanto medo,
Traduz-se em sofrimento no final.
Quem ama deve ter esse ideal
Não temer intempérie nem degredo.

Mas tanto que te amei, minha querida,
Que agora a vida mostra outro sentido.
Das forças deste amor fui dividido

E quase, nos teus braços, perco a vida...
Refém deste querer; quero e prossigo,
Sabendo em teu regaço, meu abrigo...


1496


Com estrambote

Amar é necessário, não invento
Quem sabe deste amor enfrenta a trava
Que traz a nossa vida num momento
As dores em que a sorte já se trava.

Que a vida sempre seja bem mais leve,
Que o sonho se refaça em esperança.
O mundo feito em paz, em que se atreve
Uma alegria imensa, temperança.

Vivendo a cada dia um novo sonho,
Singrando mares calmos e serenos,
Distante das tempestas e procelas,

Os dias se passando mais amenos,
Teus barcos com tranqüilas, mansas velas.
Destino que não seja procelário
Desejo neste teu aniversário...


1497


Amar é perceber doce fragrância
No corpo desta sílfide perfeita.
Enquanto a fantasia se deleita
Desfila esta nudez, com elegância.

Suaves os perfumes em que entranhas
A pele deste amante que te quer.
Trejeito delicado da mulher
Movendo com vontade mil montanhas.

Nas sanhas entre enredos, nossas tramas,
Arando com prazer, quartos e camas,
O gozo por colheita, amor intenso.

Revirando os lençóis o fogo espalha,
Decerto o fogaréu não é de palha,
Maior do que o do sol, um brilho imenso...



1498


Amar é permitir livre horizonte
A quem tanto queremos. Ser feliz
Bebendo da alegria em farta fonte,
Respeitando os enganos do aprendiz.

Por mais que amanhecer não mais desponte
E o céu inda pareça escuro ou gris,
Que sejas do Senhor a mansa ponte
Fazendo o que Ele um dia tanto quis

Cevar cada canteiro da esperança
Trazendo em tuas mãos esta semente,
Quem luta com vontade sempre alcança

Colhendo a cada dia a claridade
E o tempo de voar já se pressente
A quem concebe em paz, a liberdade...



1499


Amar é permitir-se. Nada mais.
Singrar qualquer deserto imaginando
Oásis que se mostre manso e brando
Servindo ao sonhador qual fosse um cais.

Em meio a tantos ventos, temporais,
Arribação de sonhos. Vão num bando
Tão pérfido e voraz, anunciando
O fim dos pesadelos magistrais.

Desígnios mais diversos, sorte/azar.
Caminho que teimamos em trilhar
Sabendo que ao final, a solidão...

Amar, amar, amar... Ah! Quem me dera,
Ainda houvesse flor e primavera,
O inverno inda veria algum verão...



1500

Amar é poder ver semente germinando
Em solo outrora duro; arado com carinho.
É sempre caminhar olhando e vislumbrando
Qual o melhor lugar para fazer teu ninho.

Sorrir da tempestade e nela maturando
As frutas do amanhã plantadas no caminho.
Jamais se lamentar do que não veio quando,
A manhã nascerá e colherás teu linho.

Mas não se apegue muito ao bendito dinheiro,
Ele ajuda, decerto, embora nada valha
Tu vencerás com ele uma ou outra batalha.

A guerra só se vence em plena honestidade,
Pois sendo sempre assim, sincero e verdadeiro
No amor encontrarás, enfim, felicidade!


1501


Amar é se perder em mansa chama
Na cama que se inflama do desejo.
Vencido pelo urdido enredo e trama
Formoso sentimento traz lampejo...

Nas labaredas queima, já me abrasa,
Das flores mais gentis, cravando espinhos.
Bagunça totalmente a minha casa,
Já me embriaga em sangue, tintos vinhos...

Consagro meu amor a quem me queira
Da forma mais serena e mais sedenta.
Deitado nesta rede, nossa esteira;
Voracidade intensa, me arrebenta...

São puros e profanos, sem pecado,
Nos dedos e na boca, meu recado...


1502

Amar é se perder em mansa chama
Na cama que se inflama do desejo.
Vencido pelo urdido enredo e trama
Formoso sentimento traz lampejo...

Nas labaredas queima, já me abrasa,
Das flores mais gentis, cravando espinhos.
Bagunça totalmente a minha casa,
Já me embriaga em sangue, tintos vinhos...

Consagro meu amor a quem me queira
Da forma mais serena e mais sedenta.
Deitado nesta rede, nossa esteira;
Voracidade intensa, me arrebenta...

São puros e profanos, sem pecado,
Nos dedos e na boca, meu recado...

1503

Amar é se saber pobre refém
Ao mesmo tempo algoz e vil carrasco,
Amar é perseguir o mesmo bem
Que leva e que nos salva do penhasco.

Amar é conseguir o nada feito
Depois sair sorrindo, sem saber
Que tudo neste mundo contrafeito
Por vezes nos ajuda e faz viver...

Amar é não querer a liberdade
Embora nos dê asas p’ra voar.
Amar é se esquecer de ter saudade
Depois a vida inteira quer chorar...

Amar é nossa força que resiste,
Embora todo amar, seja bem triste...


1504


Amar e ser além do quanto pude,
Países tão distantes, tua imagem,
A luz que refletindo esta paisagem
Permite nos amar tanto e amiúde.

Manhã que ensolarada nos ilude,
Das luzes nos traduz cada mensagem,
Ao infinito tento esta viagem,
Mesmo que este cenário ainda mude.

Seguir cada cometa. Um bumerangue,
Do lume à podridão, pântano e mangue,
Matizes que perfazem a emoção.

Vibrando num delírio inconcebível,
E do inimaginável, crer possível,
Morrer na placidez de uma paixão


1505

Amar e ser amado, empresa grata
Moldando cada sonho que aprouver
No canto em louvação a ti, mulher
O coração em febre se arrebata,

A dor já bem distante nem maltrata
Vencida pelo amor. Ao perceber
Nos braços de quem ama tal prazer,
A lua se derrama imensa, em prata.

Não deixo de saber quanta avidez,
Amor já se permite ao desejar
Fazer deste teu corpo o seu altar,

Provido de insânia, insensatez,
Aguarda num momento feito em méis,
Tramar nas ilusões, claros corcéis...


1506


Amar e ser amado é como um jogo
Aonde ao nos perder logo ganhamos,
Não reconhece preces nem um rogo,
Uma árvore frondosa em tantos ramos.

Preciso deste amor que venha logo
Decerto neste sonho nos achamos,
Querida se brincarmos mais com fogo
Depois que formos ver já nos queimamos...

Um grande amor é sempre uma ilusão
Que vale muito a pena ser tentada.
Um risco que se corre em tentação,

Vagando sem limites pela estrada
Que às vezes nos trará tanta emoção
Porém em outras vezes dá em nada


1507

Amar e ser amado. Perfeição
Que encontro em cada verso que me fazes,
A vida como a lua, tem as fases
Diversas onde mostra que afeição

É feita em verdadeira sedução.
Carinho e tanto amor, querida, trazes,
Desejos e vontades tão vorazes
Que formam nosso canto em devoção.

O tempo não me importa, quando ou onde,
Apenas sei um sonho já se esconde
Nos olhos da morena mais fogosa.

Vivendo o nosso amor, tanta beleza,
Eu sinto nos teus braços, fortaleza,
Tornando a vida, enfim, maravilhosa...




1508

Amar e ser feliz: sonho perfeito,
Embora tantas vezes impossível.
Fazendo da alegria um grande feito,
Percebo a tua luz, mulher incrível

Mostrando que o amor é meu direito,
Felicidade é um sonho bem plausível.
Desejo desde agora satisfeito
Alçando os sentimentos noutro nível.

Eu quero te louvar a cada verso,
Jamais de teu caminho, irei disperso.
A chama que me guia e me conduz

Imerso em fantasias posso ver
Que,deusa da alegria e do prazer
Tu és a minha glória feita em luz.



1509

Amar é ser feliz e sofrer tanto,
Vencido pelo gozo e pela dor,
Em faces pavorosas, meu encanto,
Trazendo paz em forma de furor.

Amar é ter na vida, doce espanto,
E ser astucioso e sedutor,
Desafinar enfim em cada canto,
Depois de tudo, ser um amador.

Amar é ser qual cego em luz intensa,
Beber da tempestade, com sorrisos,
Descer em pleno inferno aos paraísos,

Querer do nada eterna recompensa,
Amar é ter; portanto, e nada ser,
É mesmo derrotado, assim, vencer...




1510

Amar e ser feliz:
Jamais eu consegui
E vendo então aqui
Diverso do que eu quis
O todo em cicatriz
E nisto tramo em ti
O tanto que perdi
E sigo por um triz
Vagando sem saber
Aonde possa achar
Sem sol e sem lugar
Ausente do prazer,
Aos poucos perceber
O quanto é vão sonhar.


1511


Amar é ser fiel à perfeição
Que a vida esculturou em sonho e glória.
É ter por outro alguém dedicação
Vivendo intensamente, a louca história

Que traz, todo momento, uma emoção,
E mesmo que não seja só vitória
Amar é perceber quanto o perdão
nos apascenta em vida merencória...

Eu quero estar contigo, sem disfarces,
Amando sempre mais e bem mais forte
E mesmo que em algum dia isso se acabe

Sejam felizes nossos desenlaces,
Amar é ter sublime nosso norte,
É saber conter mais do que nos cabe...



1512

Amar é ser insano
E nisso boto fé,
Um gozo soberano
Depois de um cafuné
Querida, eu não me engano
Amar sempre dá pé,

Bailando sem cansaço
No corpo mais gostoso,
Saber que cada abraço
Num toque fabuloso
Estreita mais o laço
Em promessas de gozo.

Vem logo e assim decida,
O bem em nossa vida...



1513

Amar e ser liberto a cada dia,
Sedenta sensação: felicidade.
Arguto coração já percebia
Nos olhos de quem amo; a falsidade.

Por vezes embaçando a claridade
Olhar enamorado nada via,
É duro perceber a realidade
Misturas que compõem a fantasia.

Cativo coração, teu prisioneiro,
Não deixa nem sementes sobre o solo,
A morte não me serve de consolo,

Distante de um amor mais verdadeiro
Sabendo no teu peito, este deserto,
Do amor que não tiveste; já deserto...


1514
Amar é ser mais dócil e mais audaz,
Guardar-se com as garras afiadas.
Embora num carinho pertinaz
Mansas docilidades reveladas...

Amar é ser revolto e buscar paz
Com formas e vontades demarcadas.
Loucura em mansidão amor me traz
Nas nossas incursões nas madrugadas...

Amar é ser o bem, saber o mal,
Viver e se entregar, mostras as presas.
É quase que uma prece sensual...

Amar é não portar nenhum pecado,
Abrir as portas sempre com defesas
Tão doce quanto o mar Morto e salgado...


1515

Amar é ser prazer e sacrifício.
Verter uma ilusão e ser feliz
Saber o que se quer. Do chafariz
As lágrimas imitam, precipício.

Além de simplesmente um tolo vício,
Amar é procurar o que se quis
Nos olhos de outro alguém que se desdiz
Roubando da emoção, profano ofício.

Viver e renascer, eternidade,
Que às vezes, transgredindo a liberdade,
Transforma a escravidão em bem supremo.

O olhar que me afagando, busco e temo,
Aguando sutilmente o meu canteiro,
Por certo, transgressor e milagreiro...



1516

Amar é ser; por certo, venturoso,
Embora uma tristeza seja a paga.
A fonte da alegria traz o gozo,
Porém toda uma mágoa nos afaga.

Na mão que mostra um sonho mais formoso,
Se esconde bem guardada dura adaga,
Do rosto que se mostra belicoso
Uma doçura imensa nos alaga.

Amar é padecer em alegria,
Unindo duas vidas tão estranhas.
Na nuvem que por vezes nos cobria,

Visão maravilhosa das montanhas.
Não tema o sentimento, a fantasia,
O jogo, belo amor, tu sempre ganhas!



1517

Amar é suportar as diferenças,
Dançar conforme a música e sonhar...
Saber que tantos mares tantas crenças
E cada vez que cai, se renovar.

Amar é se saber bem mais distante
E perto ao mesmo tempo em que se esconde.
Trazer uma esperança radiante,
Pensar que se perdeu sem saber onde.

Em fartas emoções não se fartar,
Em loucas ilusões saber o rumo.
Vivendo o que pensara ser luar,
Ao mesmo tempo em que triste me arrumo.

Amar é não saber qualquer pecado,
Trazendo um paraíso ao ser amado...


1518

Amar é tão gostoso
Não nego minha cara,
Carinho mais zeloso
Na cama nunca pára,
Corpo delicioso
Um coração dispara....

A festa que alucina,
De amor e de prazer,
Brilhando na menina
Vontade de fazer
Do amor certeza e sina,
Sentindo o bom de ter

Desnuda em minha cama
Revigorando a chama...



1519

Amar e ter a paz que necessito,
Depois de tantas vezes seguir só,
Um sonho realmente, mais bonito,
Tratar este carinho à pão de ló...

Há tanto que este sonho fora escrito,
Das dores e tristezas, nem o pó.
Felicidade enfim, não é mais mito.
Nem quero estar exposto à pena e à dó.

Jamais me arrependi de ser contigo
Além de simplesmente um companheiro.
O amor quando se torna mais amigo

Servindo ao caminheiro como abrigo,
Permite que se veja por inteiro
O apogeu da glória que eu persigo...


1520

Amar é ter certeza do que quer
Seguir a correnteza até a foz
Ouvindo da emoção em paz a voz
Sem medo da tempesta que vier.

Sentindo este perfume da mulher
Que um dia ao realçar supremos nós
Matou um pesadelo tão atroz
E faz do sentimento o que quiser.

Ouvindo este chamado eu não descanso,
Aos braços deste sonho enfim me lanço
Nas setas de Cupido eu me feri.

Mas sei que agora vivo plenamente,
No gozo da alegria que se sente
Somente quando estou junto de ti...




1521

Amar é ter certeza
Dos passos que se dão,
Saber que a sobremesa,
Já vale a refeição,
É crer nesta beleza
Que envolve uma paixão...

Eu quero te sentir,
Deitada em minha cama,
Desejos a pedir,
Acendendo esta chama,
Que vem nos invadir,
Mostrando o quanto se ama.

Nos astros que nos cobrem,
Prazeres se descobrem...




1522

Amar é ter os olhos no futuro,
Vencer os meus cabelos já grisalhos,
Sabendo desfrutar destes atalhos
Saltando como um jovem, qualquer muro.

Nos laços deste amor eu me depuro
Fazendo dos carinhos, agasalhos,
Revendo os passos ermos, atos falhos,
Tornando o caminhar bem mais seguro.

Voltar à mocidade de repente,
Na fonte de uma eterna juventude.
No abraço carinhoso, a gente sente

Que pode reviver adolescências.
Ao permitir que a sina agora mude
Espalha em minhas sendas florescências...



1523




Amar é traduzir em sentimento
A fonte inesgotável da esperança.
Quem ama não esquece um só momento
E o sonho mais gostoso já se alcança

Tornando bem mais forte o pensamento,
Chamando a companheira para a dança,
Amar é vislumbrar mesmo em tormento
Delícia que não sai mais da lembrança.

Amar é ser menino eternamente
E ter das incertezas o seu mote,
Beber a vida até que seque o pote

Depois querer bem mais e novamente,
Amar é ser feliz e não saber
Do quanto amor permite um bem viver...



1524


Amar é transbordar felicidade
Não é ser singular, é ser plural.
É conhecer a vida de verdade,
Vagar, com pés no chão, por todo astral.

Amar é conceber a liberdade
E sempre querer bem, negar o mal,
Potência que se faz força e vontade,
Sem artifícios ser mais natural...

Eu quero todo encanto deste amor,
Que é por apenas ser e nada mais.
Um paraíso em canto, salvador.

No versejar alegre e tão festivo,
Trazemos nosso amor, que é feito em paz,
Do qual e pelo qual, respiro e vivo!



1525

Amar é transbordar
Além do sentimento
O quanto mais atento
Pudesse caminhar

E sei quando vagar
Vencendo qualquer vento
Sabendo deste alento
Aonde possa arcar

Com erros, desengano
E mesmo quando dano
O mundo se refaz

No amor eu quero e posso
Viver além destroço
Vagando em plena paz.



1526



Amar é transfundir uma emoção
Qualificando a vida em força plena
Sentir bater mais forte o coração
Em tempestade imensa que serena.

Vagar quase sem rumo na amplidão
É benção que tão mágica, envenena,
Beber do sofrimento e ter em vão
A sensação cruel e mais amena.

Segredos que trocamos; quais mistérios
Implícitos em versos e palavras,
Amar é descuidar-se dos critérios,

Colher uma alegria em dor que lavras,
Percebo nas mensagens que me mandas,
Que amor em si já traz cura e demandas...


1527


Amar é transgredir as várias normas
Impostas pela tal serenidade.
Eu quero ter amor de tantas formas,
Vivendo em absoluta liberdade...

Não posso desprezar tua fiança
Nem posso discutir mais meu futuro.
Amando teu amor, aventurança,
Que faz iluminar meu mundo escuro...

Escuto tua voz solta no vento,
Chamando para a festa mais insana.
Mergulho sem temer ressentimento,
A noite em teus carinhos, já me ufana...

E sinto como é bom ser tão amado,
É como ser por Deus, condecorado!



1528


Amar e viver tudo o que eu puder
Num sonho que se encharca de alegria,
Nos braços carinhosos da mulher
Que tanto desejei, tanto queria.

No gozo da alegria que vier,
Roubando a claridade deste dia.
Amar e ser feliz, raro prazer;
No vento tão suave... Fantasia?

Minha alma na pureza diamantina
Aguarda o teu sorriso sensual,
No fogo da paixão que me alucina

A doce sensação de eternidade.
Estrelas carregando no bornal
Irradiando paz e claridade...


1529


Amar eternamente esta menina
Na terna sensação de plenitude
O gosto de um desejo já domina
Renova o coração em juventude.

Bebendo da alegria em justa fonte
O sonho mais gostoso se permite.
Abrindo uma esperança no horizonte
Amor se renovando, sem limite.

A cada novo dia, um raro encanto
Demonstra a perfeição do amor tão belo.
Desejo em todo verso, o doce manto

Que é feito deste sonho em quer revelo
Amor em emoção/felicidade,
Alento ao coração. Em mocidade...


1530


Amar eternamente,
Um sonho delicado,
Vivendo calmamente
Pra sempre do teu lado.

Amor como o da gente,
Pra ser comemorado
Transforma, de repente,
Num mundo iluminado.

Querida eu te encontrei
Nas curvas do caminho,
Nas noites que varei,

Distante e tão sozinho,
Agora, amor eu sei
Coberto de carinho.



1531


Amar eternamente... doce sonho
Verdade é que teimamos em tentar.
Em cada poesia que componho
Mergulho num distante e belo mar.

Se o tempo se tornou frio e medonho,
Não custa, eu te garanto, assim, sonhar.
Plantar neste canteiro tão risonho,
Colher cada bom fruto do pomar...

Mas tudo tem seu preço? Isto é mentira!
A mão que acarinhando não atira
Quem sabe ser feliz quer e permite

Que tudo possa ser muito mais calmo,
O amor louvando a vida, feito um salmo,
Jamais conhecerá qualquer limite!



1532


Amar intensamente e sem limites
No cálice dos corpos que se brindam,
Belezas em que quero que acredites
Nos olhos deste amor, já se deslindam.

Sentindo o teu calor, amada amante,
Somamos esperanças e alegrias,
Olhar que se mostrando fascinante
Estampa em nossos sonhos, poesias.

Nas tramas que se entregam sem temores,
Arcanjos, querubins sons de trombetas,
Enquanto se misturam tais sabores,
Nos olhos percorrendo mil cometas.

Amor sem ter fronteiras nem espaços
Atando agora em nós, mais fortes laços...



1533

Amar jamais será algum pecado,
Pelo contrário: bênção redentora!
Quem sabe quanto amar nos revigora
Matando toda a sombra de um passado

Deixando qualquer crítica de lado
Percebe que quem sabe faz agora
E deixa uma tristeza, assim de fora,
Promove um novo mundo iluminado.

Vem logo e não dê trelas a quem fala
Abrindo o nosso peito, o quarto, a sala,
E o nosso apartamento, pela fresta,

De uma felicidade, este escudeiro,
Amor, sincero e franco, verdadeiro,
Um paraíso imenso que se gesta...



1534


Amar maracatus, jongos, folias,
Polidas estas pedras me machucam,
Ourives das verdades que caducam,
Não vejo mais no amor, tais serventias.

Escuto o que dizia a minha avó,
A velha solidão não terá vez
Se a gente se vestir de insensatez
Nem mesmo procurar voltar ao pó.

Amar você devia ser tão bom,
Porém delicatesse sem bombom,
Não faço mais um verso em homenagem

Àquela que se foi e levou tudo,
Nem mesmo esta mentira; ainda ajudo
Amar sem ser amado é sacanagem...



1535



Amar na plenitude dos sentidos,
Forrando os meus castelos nestes sonhos,
Caminho em passos firmes, decididos
Em busca de outros dias mais risonhos.

O tempo vai passando e as palavras
Se tornam bem mais fortes, minha amada,
Produtos das capinas, roças, lavras
Que fazem nossa vida bem marcada

No solo cultivado com amor
Na luta por justiça, no carinho,
Nos calos, nossas mãos de lavrador,
Valorizando o pão, também o vinho,

Numa alegria rara que se diz
Em cada cicatriz: amor feliz....



1536


Amar não é loucura ou fantasia
É verbo que se faz felicidade.
É canto que nos toma em alegria
É sonho que nos guia à liberdade.
É vida que se entorna em poesia,
É rumo que nos leva à mocidade.

Loucura é desamor, tanta tristeza,
É verso em que se dá desilusão,
É rio que se perde em correnteza
É chuva que não veio no sertão,
É lágrima sentida em impureza
É tosca e tão cruel ingratidão.

Amor nos alimenta e agiganta,
É força que nos salva e nos encanta...



1537

Amar não é loucura
Tampouco uma heresia
É ver bem mais segura
A mera fantasia
E assim tanto perdura
Enquanto isto me guia
Vagando em noite escura
Além desta agonia,
Vislumbro amanhecer
E nisto estou contigo
Vencendo o desprazer
Além tanto persigo
O amor e o bem querer
No colo mais amigo.



1538

Amar não é loucura, insensatez,
É fogo que nos queima num momento,
Vibrando bem mais forte o sentimento,
Tomando nossa vida de uma vez.

Toda a beleza imensa em que se fez
Permite ser amor alumbramento,
Deixando para trás ledo tormento
Mudando nossa sorte em bela tez.

Amar é ter certezas inexatas
Fazendo-se possível o inalcançável,
Uma alma outrora fera queda amável,

Os raios do luar virando pratas
Que descem do infinito em alva areia,
Fazendo da mulher, bela sereia...



1539


Amar não é pecado saiba disso.
É fogo que nos queima e nos redime.
Quem sabe da beleza e do feitiço
Se entrega sem pensar ser isso um crime.

Se um Deus que se fez pleno em tanto amor,
Nos deixou a lição primordial,
E nisso se baseia o Salvador,
Entregue-se sem medos. Afinal

Amar é conceber vida mais pura.
Quem vive esta emoção se purifica.
No amor é que se cria e se edifica

Um mundo bem mais nobre e verdadeiro.
Recebo teu carinho, com ternura,
De DEUS, o mais perfeito mensageiro...



1540


Amar não é pecado, minha cara,
Também desejo ter tua nudez.
A vida sem amor se torna amara
Vem logo e não se prenda à lucidez.

A pele mais macia se declara
Imersa na loucura em que se fez
Eu quero desfrutar da jóia rara
Da bela silhueta. Insensatez

É não poder seguir nossos instintos,
Deixar de inebriar-se em vinhos tintos
Dos gozos e prazeres que são nossos.

Tocando tua pele, boca e sexo,
Amando sem ter culpa, medo ou nexo,
Mergulhos sem limite em belos poços...



1541

Amar não tem medidas. Na verdade
Um sentimento belo não se mede,
Apenas se recebe e se concede,
Pois guarda dentro dele imensidade.

Amar é desejar felicidade,
É dar e não cobrar o que se pede,
Quem ama tantas vezes não impede
Que o outro tenha luz e claridade.

Eu te amo, não neguei e nunca nego,
Teus olhos me impediram de estar cego,
Já que neles achei o meu farol.

Estrela maviosa que me guia,
Nos passos deste amor, tanta alegria,
Resplandecendo a vida como um sol...



1542


Amar o céu imenso em nuvens várias,
O vento que balança os teus cabelos,
As aves em visitas temporárias,
As cores da pantera, belos pelos,

Amar a plenitude do viver,
Saber em cada estrela eternidade,
Minúcias da natura; perceber,
Buscar o bem da vida na amizade.

Vivenciar o dia que após dias,
É novo e que jamais retornará.
Trazendo, se possível, alegrias,
Aqui tu tens o que tiveste lá.

Jamais perder seu rumo, uma esperança,
Fazendo com amor, firme aliança...



1543


Amar o doce seio da sereia
Que trouxe para a praia o seu canto.
Deitando meu amor em quente areia
Tragando com carinho o seu encanto.

Sereia como é bom te ter comigo,
Bebemos tantas luas e desejos...
Pressinto em nosso amor, tanto perigo;
Vivendo a plenitude em loucos beijos.

Eflúvios desta tua formosura
Decoram os meus versos totalmente.
Amada, em nossa vida, essa ternura,
Nos traz toda a certeza de repente

De que nada na vida tem valor
Se não vier em nome de um amor!


1544

Amar quando foi doce, já faz tempo
Agora me amargando tanto engana
Forjando uma esperança, contratempo,
Que sempre se demonstra soberana.

Soberba desse amor que tramo tanto.
Deságua na tristeza deste mar.
Que morre sem saber de amor que espanto
Nas ondas e na areia sem parar...

Quem pensa que esse amor já traz mudança
Se cansa, na verdade, magoado...
Amar quando não some da lembrança
Melhor deixar ficar lá no passado.

Passados tantos anos sem te ter,
Amor me acostumei, que vou fazer?



1545


Amar sem ter vergonha nem temores,
Colhendo as maravilhas que plantamos,
Deslindam-se sublimes, raros ramos
Promessas de diversas, belas flores.

Seguindo-te querida, aonde fores,
Se cada novo sol; comemoramos,
Não temos nem escravos, servos, amos,
Tampouco restarão quaisquer pudores.

É simplesmente tudo o que mais quero,
Por mais que o amor pareça fútil, fero,
Não posso resistir ao seu fascínio.

Indômita loucura que nos toma,
Enquanto multiplica simples soma,
Jamais terei a fera em meu domínio...



1546

Amar sem ter limites,
Vivendo a fantasia,
Amada não me evites
Te quero todo dia.

No gozo que permites,
Encontro uma alegria
Meu coração palpites
No amor que nos vicia.

Teu homem; quero ser,
Sem medo algum de errar,
Tocando devagar,

Amor, meu bem querer,
E sempre me entregar
Loucuras do prazer...



1547


Amar sem ter medidas,
Medida necessária
Traz fogo em nossas vidas,
Em luz que temerária

Curando estas feridas,
De forma santa e vária,
Audaciosas idas
Da sorte procelária

Que um dia se perdendo
Teu corpo ela aportou,
E nele enfim desvendo

O bem que segredou
O mundo que a contento,
Depressa iluminou...


1548

Amar sem ter pudor é jamais ter
Os olhos do pecado nos rondando,
Por mais que o fogo seja calmo e brando,
Decerto ele virá, audaz, arder.

A fonte tão gostosa de beber,
O rio entre cascatas desabando,
Sem ter nenhum porquê, nem mesmo quando,
Vivendo tão somente por viver.

Fascínio de teus olhos sobre os meus,
Delírios vastos, lúbricos, ateus
Carinhos que não pedem nem licença.

Vorazes caminheiro da alegria,
Os corpos indomáveis, poesia,
Colhendo no infinito, a recompensa...



1549


Amar tem merecer, tenha certeza,
E disso ninguém pode duvidar.
Vencer com calmaria a correnteza
Sabendo que ao final virá o mar.

Sem caça ou caçador, minha alma presa
A tal fascínio vive a desfrutar
A mágica e sublime fortaleza
Que é feita em cores belas, céu e ar.

No quanto o teu perfume me inebria
Estampa nos meus olhos a magia
De um templo inigualável, sacra orada...

Qual helianto busca cada raio
Na lânguida emoção, quero e desmaio
No enlevo desta fonte ensolarada...



1550



Amar tranquilamente, doce sonho
De bocas que se buscam tão suaves.
Os corpos que se tocam são quais naves
Onde o desejo imenso eu sempre ponho.

No verso que te faço em que componho
Retiro do caminho velhas traves.
No céu de nossos mundos voam aves
Libertárias num mundo mais risonho.

Brindamos com carinhos, a paixão,
Que é dona dos meus passos, dia a dia.
Nas forças incontidas da emoção,

Espalho em nosso mundo a fantasia
Que é mote que nos leva, em tentação,
Amor que a gente faz com maestria..



1551



Amar tranquilamente
E ver noutro momento
O quanto me alimente
E nisto eu me fomento
De sonhos, plenamente
E tudo em paz; enfrento
E sendo coerente
Amor, um manso vento
Proveito mais sincero
Do quanto almejo e quero
Vencendo a tempestade,
Meu canto configura
Na sorte mais segura
No sonho que me invade.



1552

Amar é simplesmente
Vencer qualquer temor
E seja como for
A vida não desmente
O todo redentor
Aonde se atormente
E mesmo o que se sente
Traduz o bem do amor,
Vestindo esta ilusão
A sorte poderia
Dos dias que virão
Apenas fantasia
Cevando cada grão
Imenso da alegria.



1553



Amarelada flâmula: carinhos
Esquecidos no passado mais remoto.
O quanto de desejo vejo roto
Trazendo hibernação aos nossos ninhos.

Sabendo que andaremos mais sozinhos,
A vida se perdendo num esgoto,
Lutando, minhas forças eu esgoto,
Não adiantam tantos burburinhos...

Purpúreas violetas na janela,
Do amor que arrebatou Duran, Florbela
Meu verso se embebeda e me inebria.

A noite solitária não avança
A morte passa ser uma esperança
Tomando a minha vida e a poesia...



1554


Amares e marés, ondas gigantes
Quebrando desde sempre, preamar.
Tomando toda a cena a divagar
Vagando entre as areias escaldantes.

Mergulho nos teus braços fascinantes,
O vento se esparrama devagar,
Agarro cada estrela, vejo o mar
Fumaças se formando por instantes.

Esgueiras entre as ondas qual sereia
E enquanto a vida chega e me incendeia
Escuto o teu cantar e me inebrio.

Fagulhas ganham força no cenário,
E o velho coração tão solitário
Esquece o seu passado ausente e frio...


1555


Amarga sensação que me legaste,
Vazios que percorro noite afora;
A fonte dos desejos? Nada agora
Somente a cada dia, mais desgaste.

Quem dera se eu tivesse, num contraste,
A sorte de sonhar que revigora,
Porém no frio intenso, o peito chora,
O bom da minha vida, tu levaste...

Os copos se acumulam, a aguardente,
Dileta companheira, me inebria,
A derradeira e insana companhia

Transtorna, num alívio, a minha mente.
Espero, inutilmente, a tua volta,
O pensamento vaga, e segue à solta...


1556


Amarga solidão, querida amiga,
Há quanto tempo vivo em desamparo
Apenas o vazio inda me abriga,
E apura a cada dia mais o faro.

Tocado pelo vento da saudade
À noite não consigo mais dormir,
Quem dera se tivesse uma amizade,
Com quem pudesse ao menos repartir

Ou mesmo e tão somente me escutar.
Mas nada do que tive inda resiste,
Distante de qualquer estância ou mar
O coração seguindo em noite triste

Cumprindo a sua sina, o seu destino,
Esperando o dobrar do último sino...


1557


Amargo em belos versos, doces méis,
Uma expressão deveras valorosa
Que forja com vigor, maravilhosa
Estrela radiante em carrosséis.

Atando estas palavras com cordéis
De força deslumbrante e vigorosa,
Por mais que a vida seja caprichosa
E morda e dilacere com seus féis

A par desta beleza matemática
Que usando de qualquer outra temática
Expressa com fineza e poesia,

A métrica perfeita de um soneto,
Enquanto sei dos erros que cometo,
Louvar-te não seria uma heresia?

PARA O GRANDIOSO POETA AMARGO, COM RESPEITO E ADMIRAÇÃO.



1558


Amargo sentimento, a solidão
Que faz as minhas noites tão compridas.
Buscando inutilmente tais saídas
Encontro novamente o mesmo não.

Quem teve o seu amor e segue em vão,
Trazendo ainda vivas, despedidas,
Nas lágrimas decerto tão sofridas
Percebe o descaminho, escuridão...

Morrer é libertar-se das algemas,
Por isso, minha amiga, nada temas,
A vida sem ninguém que inda nos queira

É nada tão somente, e sem valor;
Carrego nos meus braços, desamor,
Paisagem tão cruel, mas verdadeira...



1559



Amargurada tramas com a lua
Maneiras de forjar loucos desmaios,
No cio que te encontro, seminua,
De todos os desejos, mansos raios...

Desfruto dessas flóreas emboscadas
Que tramas sem saber que te tocaio.
As prendas que me deste, vão guardadas
Nas flores que escondeste, logo caio.

Pairando nossos sonhos mais secretos,
Em torno desse mar que já se orvalha.
Os dedos competentes seguem retos,
Cortando teu prazer, doce batalha...

Te quero desejando sem ter medos,
Amor que já desvenda teus segredos...



1560


Amarmos como dois desesperados
A noite inteira imersos nos desejos
Que trazem em milhões de toques, beijos,
Carinhos e delírios compassados.

Gritar amor querida, em altos brados
Nos céus brilhando fogos em lampejos,
Mostrando nos trejeitos, os traquejos
Dos sonhos que vivemos pareados.

Provando cada gota de saliva
Queimando de vontade de te ter.
Teu corpo, meu calor por certo criva

De convulsas vontades em fogueiras
Formando uma corrente de prazer
Em mãos, olhos e bocas feiticeiras...



1561


Amarras e galés, correntes, vícios.
Delírios necessários e ferozes.
Arrancas meus desejos, precipícios,
E vamos paraísos mais atrozes.

Fogueiras e vaidades, ventanias.
Ouriças as vontades mais profanas.
Refletes todas luzes, cercanias,
Fagulhas, labaredas cedo emanas.

Hedônicas insânias, na nudez
Expressas sem pudores, as guerrilhas,
Não quero descobrir sequer porquês
Apenas naufragar em tuas ilhas.

Abarcas maremotos e procelas,
Enquanto o garanhão dos sonhos selas...


1562


Amarras que nos unem qual algemas
Serenas madrugadas já tivemos.
Vivendo neste amor, sublimes gemas.
Diamantinos sonhos concebemos.

Por isso é que eu insisto, nada temas,
Destinos tão iguais sei que teremos
Fazendo da emoção nossos emblemas,
Os tolos desafios venceremos.

Se temos a saudade, lema e rumo,
Problema na verdade desconheço.
O quanto em tanto encanto quero, assumo

Já temos o timão em nossas mãos.
Ao termos tanto amor como endereço
Os medos se tornaram, tolos, vãos...



1563


Amassarias massas fazes pão.
As velhas massarias manipulam...
As fontes que fornalhas seu fogão,
As pontes que atravessas, estipulam...

As massas que, sofridas, vão ao chão,
Nas dores que conferes já pululam...
As portas que fechastes sem perdão,
Nas perdas que carpiram não ovulam...

Os termos que confesso são perdidos,
Os álibis que tive, distorcidos...
As massas que seguiram multidão;

Os mártires já foram esquecidos...
As massas procurando ouvindo o não,
Distante das maçãs; sem vinho ou pão.



1564



Amassarias massas
Matando uma esperança
A assim quando se lança
A vida sobre as traças

O quanto além tu passas
Vagando em tal mudança
A sorte se afiança
E em vão tudo repassas

Ousando noutro verso
Aonde se é perverso
O medo dita a norma,

E o pouco que se resta
Além da voz funesta
Deveras nos deforma



1565

Amaste cada sonho como fosse
Um derradeiro canto de esperança.
Do gosto mais amargo fez-se o doce;
No passo em desencontro a tua dança.
O vago no teu peito, sei, repôs-se
Em plena juventude sem tardança.

Fizeste deste encanto riso e gozo,
Em formas diluídas refratárias,
O manto em que cobrias, generoso,
As noites não mais eram temerárias.
O sol de cada dia mais formoso
Em cores misturadas, belas, várias...

Depois de tanto tempo abandonado,
Tu percebeste amor, bem do teu lado...



1566



Amei-te com certeza e muito mais
Do que podia amar. Foi o meu erro...
Pensei que amar assim nunca é demais.
Cravei meu coração num triste aterro!

Tu foste logo embora. Fiquei só.
É bruxa o que restou de uma rainha.
De tudo o que sonhei nem restou pó,
A rua que eu pensei, nunca foi minha...

Ladrilho de esperança? Já gastei...
O bosque solidão foi minha herança.
Quem quis desta donzela virar rei,
Morreu sem conhecer sequer a dança...

Mudaste meu amor, ou mudei eu?
Só sei que hoje te odeio. Amor morreu!



1567


Amei sem ter nem eira nem ribeira
Durante tanto tempo, vagamundo.
Se amor é quase sempre um vagabundo
Que gira em carrossel, mas há quem queira.

Quem dera a primavera companheira?
Talvez tudo mudasse num segundo.
Porém quando no inverno eu me aprofundo,
A paz que tanto quis, se vai. Ligeira.

Amei mais do que pude? Talvez não.
Limites? Desconhece o coração,
Otário que não sabe discernir

As luzes ofuscantes da paixão,
Que queimam, mas não trazem solução
Ardência tão gostosa de sentir...



1568


Amei-te muito além do que podia,
Ao ver a tua imagem mais distante,
A noite pouco a pouco te engolia,
Por mais que o rastro fosse fascinante,

Ao derramares tanta poesia
Estrelas que surgiam num rompante,
Num frágil candelabro traduziam
Cenário amortalhado e deslumbrante..

Erguendo o meu olhar sobre o horizonte,
Ao ver o sol se pôr, longínquo lume,
Fiz com o Criador sublime ponte,

Emocionante e bela paisagem.
Entornas sobre a Terra o teu perfume,
Dos céus e paraísos, a mensagem..



1569



Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo.
Jamais esquecerei cada momento,
E mesmo ora distante, vou seguindo
Bebendo da alegria, doce alento.

O tempo vai aos poucos se esvaindo,
Mas sinto que valeu tal sentimento,
O amor que se eterniza renascido
Acalma um mundo amargo e violento.

Não vejo-te faz tempo, mas te adoro;
E quando em solidão eu rememoro
Cada segundo em paz que nós tivemos.

Espero que tu ouças minha voz,
Revivendo o que outrora fomos nós
Unindo nossos passos; venceremos!



1570

Amenizando o tom de minha voz,
Falar de uma amizade soberana,
Num mundo em que vivemos, tão atroz,
Quem pode já domina e sempre engana.

Não uso o meu cantar, nem sou feroz,
Apenas na verdade que se explana
Jamais me curvarei ao meu algoz,
Nem brados, nem mentiras, nada ufana.

Sou manso qual cordeiro mas bem sei
Da faca que escondeste, meu pastor.
Não quero ser escravo nem ser rei,

Apenas na amizade entre os humanos,
Que é feita de respeito em muito amor,
Nos sentimentos mais nobres, soberanos...



1571

Amiga, em cada verso que tu fazes
Encontro tal verdade que não nego,
Por mais que a vida mostre novas fases
A ti eu me dedico e nunca nego.

Tu sabes quantas vezes já me aprazes
Por isso tenho sempre tanto apego,
Nas curvas do caminho, tão audazes,
Jamais eu estarei de novo cego

Pois tenho nos teus olhos o farol
Que iluminando o rumo que persigo,
Cicatrizando a dor que em arrebol,

Feriu demais um peito tão amigo.
Andando sob as marcas deste sol,
Eu vibro quando estou,assim, contigo...


1572

Amiga; a cada passo sem tropeço
Que damos rumo a tal felicidade,
As ordens deste amor, sempre obedeço,
Vibrando o coração em amizade.

Somamos nossos sonhos e assim peço
Eterna sensação de liberdade
No canto que trazemos, te confesso,
Encontro enfim a solidariedade

De quem já sabe o quanto vale a pena
A vida se em perfeita sincronia.
Raiando com ternura cada dia

Marcando com carinho toda cena,
Acenas com teu braço forte e puro
A glória em esperança: um bom futuro


1573

Amiga, um coração tão descuidado,
Entregue à fantasia já não vê
Sequer a sombra, andando assim de lado,
No amor em plenitude sempre crê
Quem dera se pudesse, livre, alado,
Viver tão simplesmente sem por que.

Seguindo o meu destino, solitário,
Não posso mais falar de uma esperança,
Um vento tão amigo e solidário
Meu coração cruel jamais alcança.
Eu vivo, isso eu não nego, temerário,
Sonhando com promessas de uma dança

Em noite imensa bebo a tempestade
Navego a cada sonho, liberdade...



1574


Amiga, se preciso estou aqui,
Não temas a saudade que maltrata,
Enquanto a poesia já nos ata,
Eu sei o quanto é bom saber de ti.

Durante tanto tempo eu me esqueci
Da vida que tentei ser mais sensata,
Palavra abençoada, sempre exata,
Permite desvendar o que pedi

Aos deuses em mil preces, romarias,
Vivendo tão somente as alegrias
Que a fonte feita em luz e claridade

Espelha com vigor inesgotável,
Minando este pendor insuperável
Que sei fluir nas tramas da amizade...


1575


Amiga; o meu amor faz tempestade
E trama toda noite este incerteza,
De ter apenas simples amizade
Ou poder desfrutarmos mesma mesa.

Seria assim dizer felicidade,
E a vida com mais charme em tal beleza,
Preciso te falar: sinceridade,
Eu quero penetrar cada defesa

E ser, amante amado de quem chamo
De amiga por sincera timidez.
Quem dera se real insensatez

Tomasse nossa vida, num instante,
Liberto deste medo, aos céus eu clamo
Num sonho- quem me dera – deslumbrante...

1576

Amiga, tantas vezes o passado
Rondando a nossa cama, o nosso leito
Fazendo da tristeza um velho pleito
Deixando pouco a pouco, transtornado

A quem viveu um sonho iluminado
Que morre a cada dia insatisfeito,
Amar será talvez, algum direito
Que foi há muito tempo descartado?

Eu quero que tu saibas, cara amiga,
Que a vida nos maltrata e nos destrói
O mundo em solidão tanto corrói

Deixando o quase nada por herança,
Só creio na esperança que me abriga,
Na força que nos une, esta aliança...



1577


Amiga, este planeta que habitamos
Foi feito em sangue e guerra, sem descanso.
O coração de quem vivera manso
Encontra em duras feras, velhos amos.

Por vezes se eu fraquejo, encontro em ramos
Apoio contra a queda. Assim alcanço
A força necessária sem ter ranço
Alçando o que queremos e sonhamos.

Não vejo minha amada outra saída
Senão atarmos sempre nossos laços.
Depende do furor de nossos passos

A sorte já lançada e distraída.
Vencendo as tempestades e procelas,
A noite se promete em lua, estrelas...


1578


Amiga, não se esqueça de que estou
Aqui a te esperar, embora exista
Uma distância enorme. Não desista,
Pois saiba que contigo sempre vou

Meu braço se fazendo companheiro
Daquela a quem adoro e na verdade
Tu sabes que te quero por inteiro,
Desejando algo além de uma amizade...

Eu sei que tens saudades de quem fora,
Durante muito tempo o teu amor.
Mas veja que um caminho novo, agora;
Se mostra totalmente ao teu dispor.

Vem logo não se entregue à solidão
Aqui terás momentos de paixão...


1579


Amiga, não permita que se faça
De ti gato e sapato, erga a cabeça.
Não há quem neste mundo isso mereça
O amor se perderá numa fumaça;

Mantendo com firmeza tanta graça
Futuro em maravilhas que se teça
Farto carinho, em brilhos recomeça
Porvir bem mais risonho, amor já traça

Pra quem em aquarelas viu a vida,
Num prisma diferente do que vês.
Não tente perguntar tantos porquês

Quem crê numa esperança não duvida
E sabe recolher ao fim do dia,
A flor que uma amizade bendizia...


1580

Amiga,na verdade tudo passa
Até mesmo a saudade não suporta
Felicidade bate em tua porta
E o resto se perdendo qual fumaça.

O risco de viver, riso ou desgraça,
Aos velhos sentimentos se reporta
O coração que em novo cais aporta
Aprender permite que renasça.

Os velhos cacoetes do passado
Não podem mais guiar nosso futuro.
Não há céu que se mostre sempre escuro,

E mesmo se quando o sonho é malogrado
A gente tem direito de voltar
E sempre, sem temor, recomeçar...


1581


Amiga; a cada passo
Um novo amanhecer
Assim ocupa espaço
Dos sonhos, o sofrer
E o vago aonde traço
Meu mundo eu posso ver
Marcando o meu cansaço
Em raro desprazer,
Vestindo esta emoção
Deveras poderia
Alçar dos que virão
Meus sonhos, alegria
Gerando a precisão
Do encanto dia a dia.


1582

Amiga, quando pego-me a sorrir
Olhando pros teus olhos, mansos cais,
Percebo o quanto Deus foi bom demais,
Ao te trazer pra mim e permitir

Que a vida se transforme sem mentir
Num sonho que pensara ter jamais,
Meu mundo num segundo em plena paz
Sorriso que se mostra sem pedir.

Vieste, companheira, em claridade,
Moldando o meu futuro nos teus passos,
Na força tão sublime da amizade,

Seguimos mesmo rumo, em bons compassos,
No fogo que se emana sem parar,
Amiga, tanto bem, compartilhar...



1583


Amiga, não se esqueça que a saudade
Já pode eternizar um sentimento.
Quando ela chega, eu juro que a arrebento,
Algoz de uma sutil felicidade.

Não posso mais viver sem liberdade,
Caminho, coração exposto ao vento,
Tu não verás em mim qualquer lamento,
Ó prenda isso é total barbaridade

Não deixe nenhum rastro do passado,
Resquícios não ajudam, valem nada,
A curva mais fechada de uma estrada

Traduz um caminhão que capotado
Deixou cair na pista toda a carga,
Saudade, não adoça, sempre amarga...



1584


Amiga, é tão difícil caminhar
Não tendo mais estrela que me guie,
Por mais que uma ilusão ainda fie,
Eu sinto a cor dos sonhos desbotar.

Mergulho no oceano sem pensar,
E enquanto a solidão não se extravie
E nem o pesadelo, o amor adie
Não vejo aonde eu possa me ancorar.

Carpindo esta amargura que não cessa,
O amor se torna vaga e vil promessa
Um canto em agonia vem e invade

O verso deste louco trovador,
Que um dia se perdeu em tanto amor,
E busca a solução: tua amizade!


1585

Amiga, eu tento disfarçar em vão,
Antigos pesadelos são constantes.
Por mais que ainda veja por instantes
A claridade morta, resta o não...

Cevando da esperança cada grão,
Pensei em ter momentos fascinantes.
Espectros do passado, quais gigantes
Retornam numa eterna punição.

Sonhar é libertar, romper a grade...
Mas onde se escondeu a liberdade?
Procuro e nada vendo, passo a passo,

Lunático ao uivar, escondo a lua
A saga solitária continua,
Fantasmas do que tive, ainda caço...


1586


Amiga, muitas vezes nossa vida
Prepara em armadilhas, tais surpresas,
Nas quais envoltos pela dor, tristezas,
Sentimos dissabor da despedida.

Nossa alma se encontrando vã, perdida,
As mãos ficam paradas, indefesas
As pernas bamboleiam, restam tesas
O coração poreja, o dia acida.

Ao crermos na cristã eternidade
Devemos ter total serenidade,
Jamais deixar que apague em triste olvido

A imagem de quem tanto amamos, pois
Sabendo que a veremos no depois.
“Pior do que perder, é não ter tido!”


1587


Amiga, a liberdade não tem preço,
E é nela que encontramos nosso Norte.
Colhendo da amizade puro apreço
Podemos vislumbrar a melhor sorte.

Erguemos personagens do vazio,
Damos vida aos espectros que nos rondam,
Portanto tudo aquilo que ora crio
Pertence aos sentimentos que se sondam

Nas mais profundas sendas do meu eu
Recônditos caminhos percorridos,
Que tendo em poesia um apogeu
Descrevem o que dizem os sentidos.

Na máscara que usamos, eu retrato
O que trago guardado, aqui. De fato...



1588


Amiga, sente à mesa, tome um gole
E vamos mergulhar neste vazio.
Que mesmo sem sentido logo eu crio
Vagando enquanto a vida nos engole.

Por mais que uma esperança vã decole,
Ainda há primavera,, e mesmo frio
Prevejo ao fim da tarde algum estio,
Por mais que a fantasia inda decole.

Não acho os meus pedaços nem os cacos.
Os argumentos sei são muito fracos
Mas vale a tentativa. Não me canso.

Não feche este boteco, senhoria,
Que a gente toma um porre de alegria,
Fazendo da ilusão nosso remanso...



1589


Amiga, não desista do teu sonho,
Pois nele tu verás digno retrato,
A mansidão tão terna de um regato
Adentra um oceano mais medonho!

Vencer as corredeiras do caminho,
Com toda placidez é poder ter
Nas mãos além de um mero e vão prazer
As chaves do futuro no carinho.

A voz tão delicada e poderosa
Do amor que ora domina os teus momentos
Embora te demonstre vis tormentos

Somente mostra a sorte caprichosa.
És forte e vencerás qualquer tempesta,
Mantendo o coração tranqüilo e em festa

1590

Amiga, me permita um comentário
Que eu faço com total tranqüilidade
O amor sem ter resposta é necessário?
Impede nos teus passos, liberdade.

O amor desconhecendo um adversário
Supera os pedregulhos. Na verdade
Resiste, porém quando temporário
Melhor romper com força qualquer grade

Um pássaro liberto vence o medo
E ganha na amplitude do horizonte
Sabendo desvendar da sorte, o enredo

Alçando com firmeza este infinito
Bebendo da alegria, em sua fonte,
Na consistência plena do granito...



1591


Amiga, na verdade os teus queixumes
Celebram a grandeza de um amor
Que um dia se perdeu em vãos ciúmes,
Porém irá das cinzas recompor

Trazendo novamente estes perfumes
Que tocam o teu peito sonhador,
Moldado na potência de teus lumes
Numa expressão tão mágica: calor...

Aguardo o desenlace desta trama,
Sabendo o quanto queres ser feliz.
O coração tão frágil de quem ama

Exposto à violência da tempesta
Terá, ao fim de tudo, o que mais quis.
Só quero o teu convite para a festa...



1592


Amiga; eu não farei, te juro, caso
De todas as mentiras que disseste.
O quanto em desafio se diz peste
Não proporcionará nenhum ocaso.

A vida no seu curso esquece o prazo,
O vento que chegou, do sul ou leste
Importa, na verdade é que vieste...
De qualquer forma nele eu já me aprazo

Sentindo a mansa brisa da chegada,
Esqueço o que passou, não restou nada
Senão algum gracejo, como um broche

Que trago, disfarçado na lapela.
Na força da amizade, tão singela,
Teu erro não serviu nem de deboche...



1593


Amiga, o nosso amor é feito em paz,
Palavras significam sentimentos
Que em ondas de internet, ou pelos ventos
Sobeja maravilha sempre traz.

Um sonho se permite ser audaz
E toma nossos dias por momentos,
Na rapidez dos sonhos, pensamentos
Eu digo que este amor nos satisfaz,

Pois temos a ternura como lema,
Pois temos emoção como estandarte,
Amor em amizade por bandeira.

Vera felicidade é nosso tema,
Quem dera se ecoasse em toda parte,
A vida enfim, seria alvissareira...



1594


Amiga; eu trago em mim como farnel,
As dores que acumulo pela vida.
O reino prometido lá do céu
Talvez seja a vingança, uma saída

A quem se permitiu sentir cruel
O vento que já trouxe a despedida,
Meu peito vagabundo segue ao léu
Distante do que fora. Interagida

Minha alma de tua alma tão bondosa,
Agradecendo sempre o teu apoio,
Menina delicada e maviosa.

O mar de uma esperança vira arroio
Mas segue até chegar aos olhos meus,
Vazios, sem destino, quase ateus...



1595

Amiga, como a vida nos maltrata!
Por vezes nós pensamos ser felizes,
Depois de certo tempo, novas crises,
A sorte se mostrando enfim, ingrata.

O amor que se perdeu em densa mata,
Deixando em nosso peito cicatrizes,
Eu sei quanta verdade tu me dizes
Enquanto a solidão nos arrebata.

De tudo o que eu sonhara; nada existe
Apenas este frio intenso e triste
Dizendo desta ausência de prazer.

Não fosse esta amizade tão sincera
Sem nada do que sonha e que se espera
Nem forças eu teria pra viver...


1596


Amiga, eu necessito confessar
Os erros que cometo pela vida,
A rua que encontrei não tem saída,
Não posso sair mesmo do lugar.

Qual fora um avião em seu hangar
Olhando para o céu inda duvida
Se um dia preparando uma caída,
Faz logo o seu desejo capotar.

Metade do que somos, apodrece
Enquanto nas mentiras a alma desce
E volta a ser tão baixa e sorrateira.

Se o tempo assim fechado continua,
Não posso me perder na falcatrua
Que toma a nossa vida por inteira...



1597



Amiga, para que tanta tristeza?
Existe com certeza algum caminho.
Vencendo com vigor a correnteza
Terás numa esperança um bravo ninho.

O tempo é conselheiro, com certeza,
E sabe retirar da flor o espinho,
Aguarde outro momento e com destreza
Encontrarás a paz, sem desalinho.

Eu sei que a vida traz perplexidades,
Complexas são as causas desta dor,
Rompendo com firmeza, frias grades

Terás todo horizonte em tua frente.
Retire de teus lábios o amargor,
Que o dia nascerá bem mais contente.



1598


Amiga, tantas vezes persegui
Os rastros desta amarga liberdade,
Se o nada, com tristezas, descobri,
A vida me legando entrave e grade

Depois de procurar eu chego a ti,
E vejo ser possível claridade,
Resposta que buscara estava aqui
Na força mais sublime da amizade.

Assim, depois de fartas aventuras
As noites quase sempre tão escuras,
As sendas tão vazias da esperança;

Descanso nos teus braços benfazejos,
Sentindo da alegria os seus bafejos
E um templo libertário, o peito alcança...



1599


Amiga, tantas vezes procurei
Alguma solução que me dissesse
Do quanto em alegrias frágeis tece
O mundo que, decerto, eu vislumbrei.

Fazenda da esperança a nossa lei
Na força da amizade, imensa prece
Que quando necessário, sempre cresce.
Trazendo esta esperança que busquei.

Contigo caminhando passo a passo
Vislumbro um raro e belo amanhecer
Sabendo quão enorme este poder

Um tempo em calmaria, agora eu traço.
Alvissareira luz que enquanto guia
Espalha pelas sendas, poesia...


1600

Amiga, como é boa a companhia
Que traz em meus caminhos rara estrela
O quanto com meu sonho parecia
Caminho que em beleza se revela.

Fartando com sublime fantasia
Meu barco em teus braços ganha a vela.
Retendo em mansidão, farta sangria,
Destino em placidez, amor atrela.

Na força da amizade se permite
Viver além do medo, sem limite
Seguir ao paraíso, peito aberto.

Ao lado deste encanto sem igual
Meu passo se tornando triunfal
Num ritual sublime o rumo acerto.

1601

Amiga, o meu desejo já te abriga,
Mulher em sonho claro manso e leve,
Meu peito em plenitude assim me obriga
Enquanto a voz audaz, cedo se atreve

Falar de uma emoção que é tão antiga,
Palavra de carinho se faz breve,
Estio dentro da alma que prossiga
Negando o duro inverno e a fria neve

Amor este moleque peregrino,
Na ceva da esperança um ser divino,
Que os olhos sonhadores procuraram

Porém quando me vi mais distraído
Olhar sempre distante, vão, perdido
As suas lanças, setas, me tocaram.


1601


Amiga, amada amante e companheira,
Eu quero estar contigo o que me resta
Da vida na emoção que derradeira,
Reflete no meu peito plena festa,

Amor que procurei a vida inteira,
Uma esperança imensa agora gesta
Abrindo no meu peito esta clareira
Felicidade intensa já se empresta

De um tempo em que o amor feito amizade,
Denote aos dois cativos, liberdade
Que a sorte de sonhar sempre prossiga

Tornando realidade o nosso sonho,
A paz sem falsidade eu te proponho
Amiga, o meu desejo já te abriga.


1602

Amiga, há quanto tempo não te vejo!
A vida nos afasta sem querer
Tu sabes como é grande o meu desejo
Ao meu lado, é tão bom poder te ter.

Tivemos quase sempre bem juntinhos
Em todos os problemas desta vida.
Trilhamos diferentes, os caminhos,
Mas nunca imaginamos despedida.

A sorte que te leva, agora traz,
Fazendo do meu dia, mais brilhante,
Encontro finalmente a minha paz,
Depois de tanto amor titubeante.

Sabendo que virás. Felicidade,
Amiga tô morrendo de saudade!


1603

Amiga, vislumbrando o teu poder,
Eu deixo o vento manso me tocar,
Entregue tão somente ao bel prazer
Enfrento as tempestades, devagar.

O quanto que já tive em meu viver,
Secando na verdade todo o mar,
Agora nos cascalhos recolher
Beleza tão difícil de encontrar.

No toque mais suave de teu braço,
Nas mãos que me apoiando são tão ternas,
As horas com certeza vão eternas

Contigo caminhando passo a passo,
Eu sinto que afinal chegou a paz,
Na brisa que amizade agora traz.



1604


Amiga, um coração
Deveras tanta vez
Além do que se fez
Buscando uma emoção
Do todo a tradução
Aonde o nada vês
E sei que a insensatez
Traz sonhos que virão
Olvido cada engano
E mesmo quando dano
A sorte não transmuda
Uma alma se detendo
E nisto sem remendo
Procura a paz e ajuda.



1605



Amiga, ao ver que estás sempre por perto
meus dias com certeza vão serenos.
Amanheceres belos, mais amenos,
oásis que encontrei neste deserto.

Meu passo que já fora bem incerto
encontra nos teus braços, dias plenos,
a vida que se encharca de venenos
demonstra um bom caminho, sempre aberto

aos sonhos delicados e gentis
de quem sabe que tem uma amizade
imensa e solidária companheira

Que a vida seja então bem mais feliz
banhada pela luz de uma verdade,
que sempre se mostrou alvissareira...


1606

Amiga, de mãos dadas, vamos juntos
Seguindo nosso rumo, nossa estrada,
Não vamos nos perder, outros assuntos
Não vão gorar a nossa caminhada,

Iremos sem temor pelos caminhos
Ao lado da esperança e da amizade.
Fazendo com amor os nossos ninhos,
Sabemos da importância da verdade.

Assim sem empecilhos, vamos nessa,
Que a vida não permite mais demora,
Felicidade, amiga já tem pressa,
A solidão cruel tanto devora

Aquele que não tem um bom amigo,
Por isso, minha amada, vem comigo...


1607

Amiga, me proteja da tempesta
Que surge em dia triste e tão adverso.
Quem dera se eu pudesse ter a festa
Mudando todo o rumo de meu verso.
Apenas uma angústia, aqui, me resta,
Algoz, um sentimento mais perverso.

Viver um sonho novo de alegria,
Feito em mil carinhos, na verdade
É tudo o que meu peito mais queria,
Porém ao pressentir a tempestade,
A noite vai ficando bem mais fria,
Só me resta, talvez, tua amizade.

Não deixe que retorne a solidão,
Mortalha que maltrata o coração...



1608

Amiga, na amizade um diamante,
Um porto que se mostra mais seguro.
Seguindo cada passo, vou adiante,
Num sentimento nobre, raro e puro.

O sol desta alegria, penetrante,
Trazendo o brilho intenso em que eu apuro
E sigo em passo firme e mais constante
Atravessando um mar mesmo que escuro.

O canto mais sublime demonstrado,
Mudando, num momento, um duro fado
Permite amanhecer das esperanças

Nas horas mais difíceis, companheira
A mão que me acalenta, alvissareira
Demonstrando o poder das alianças.



1609


Amiga, tantas vezes o meu verso
Que é feito qual repente sertanejo,
Saindo do meu peito vai disperso
Sozinho, demonstrando o que eu trovejo.
Vagando sem ter eco no universo
Distante do que eu canto, sem desejo...

Amar a própria vida sem temor
De um dia ter partida como guia
Coração repentista e trovador,
Ao verso delicado já dizia
Da doce sensação de ter amor,
Meu mote preferido em poesia.

Nascendo, devagar, com emoção,
Banhado pela cor do coração...



1610


Amiga, em cada verso
Ainda poderia
Ousar na fantasia
E nisto sigo imerso

E tento e me disperso
Em tons de alegoria
Vencendo esta agonia
Num mundo mais perverso,

Apenas aprendendo
A ser além do adendo
O todo necessário

Amar e ser feliz
É tudo o que mais quis
Num mundo solidário.

1611



Amiga, eu te agradeço cada verso
Pois neles encontrei tanta beleza.
Vivemos neste mundo tão perverso,
Sem luz, em tempestades, sem clareza.

Saber que existe alguém neste universo
Que traz no coração esta certeza
De um mundo diferente, assim diverso,
Traduz uma esperança, uma leveza.

É bom saber que existes, minha amiga,
Há muito tempo eu sigo cada passo
Na direção de um mundo mais feliz.

Não deixo de querer que assim prossiga
Nossa amizade imensa, no compasso
Perfeito que este verso já me diz...

1612


Amiga, nos meus braços, vida afora
Iremos par em par, sem ter cansaço.
Receba com carinho o meu abraço,
Não tema, pois sabemos ser agora

O tempo aonde o broto já se aflora
E traz um bom perfume, firma o laço.
Assim e bem mais forte, quando abraço
Percebo que no fundo, a vida adora

Quem ama deste jeito, minha amiga,
Sem ter um egoísmo como enredo.
Quando nos teus braços eu me enredo

A vida bem mais forte nos abriga,
Sabendo, minha amada, do segredo,
Jamais impedirá que assim prossiga...



1613

Amiga, assim pretendo
Querida companheira,
O mundo nos contendo
Desfralda esta bandeira

Aos poucos percebendo
A sorte derradeira,
Teus versos; sigo lendo,
Na paz mais costumeira.

Falando de amizade,
Que é dom mais verdadeiro,
Eu canto esta saudade.

Tua felicidade,
Meu sonho derradeiro;
Amiga de verdade!



1614


Amiga, em noite turva eu encontrei
Apoio pra difícil caminhada
Em senda por espinhos demarcada.
Por isso, desde quando disso eu sei

Eu percebi que tenho o que busquei
Pessoa tão querida e mais amada,
Presença bem mais forte e iluminada
Fazendo da amizade a tua lei.

Não temo mais as urzes nem espinhos,
Pois sei que sempre estás nos meus caminhos
E ajudas com teu braço e lealdade.

Contigo encontrei felicidade,
Meus dias não serão jamais sozinhos,
Pois tenho em ti a amiga de verdade.



1615


Amiga, estamos juntos na batalha
Dolorosa que a vida nos apronta.
“Te dei meus olhos prá tomares conta”
Contigo enfrento o mundo que retalha

E corta como a fio da navalha.
Penetra tal qual faca em fina ponta
Quando ao passado triste nos remonta
A dor sem ter limites, logo espalha.

Nesta junção que temos, esperanças
De um dia mais feliz, sem empecilhos.
Que o sol brilhe pra todos nossos filhos.

Se a vida se fizer em alianças
Mais fácil conceber tranqüilidade.
Nisto se vê valor de uma amizade!



1616


Amiga, eu te desejo noite e dia,
Beijar a tua boca delicada,
Depois, em cada nova madrugada,
Uma explosão de amor e de alegria.

Durante tanto tempo eu te queria,
E tu não me dizia quase nada,
Agora que te encontro enamorada,
Me entrego nos teus braços: euforia!

Afetos e carinhos, tanto afago,
Em beijos mais vorazes, nossa entrega,
Se o corpo desejado amor navega

Um mundo mais gostoso, amiga eu trago.
E vamos sem juízo nem cobranças,
Romper uma alvorada em nossa danças...


1617



Amiga, um aconchego
Encontro nos teus braços,
A vida em paz, sossego,
Firmando-se nos laços

Pois sempre que aqui chego
Recebo os teus abraços,
Amor nos mostra apego
E guia nossos passos...

Encantos que me trazes
Em cada verso teu,
Mostrando em doces frases

O tom que convenceu
Que a vida segue em fases,
Num sonho teu e meu...


1618


Amiga, tantas vezes me dizia
Ao mesmo tempo quase respondendo
Que a vida necessita de alegria,
Carinhos que nós damos, recebendo.

O quanto que se quer e se podia
Aos poucos; meu caminho eu vou tecendo
Trazendo para a vida a poesia.
Enquanto meu amor te enaltecendo.

A sorte- ser feliz se faz presente
Tomando o coração sempre pressente
Um mundo mais gostoso de viver.

Sorrisos e palavras benfazejas
o quanto que te quero e me desejas
refletem tão somente no prazer...


1619


Amiga vamos nessa
E deixe para trás
O tempo onde se traz
O quanto em vão tropeça
A sorte recomeça
E gera em nós a paz
Aonde já se expressa
A vida em tom audaz
Vestindo esta ilusão
Em nada poderia
Viver e desde então
Singrar a fantasia
Nos dias que virão
Reflexos deste dia.


1620

Amiga, eu te desejo
Além do que pudera
A vida nesta esfera
Traçando a cada ensejo

O quanto agora vejo
E a sorte se tempera
No caos onde a quimera
Engana em vão lampejo,

Mas quando me aproxima
A dita noutro clima
Fortuna dita o quando

Meu mundo sendo teu
Aos poucos se perdeu,
Minha alma está nevando.



1621


Amiga, assim pretendo
saber do nosso rumo
Vivendo cada adendo
Aonde o bem resumo,
O tempo se tecendo
E nisto em paz me aprumo
Gestando o dividendo
E o tempo em paz assumo.
Vestindo esta emoção
Sobeja realidade
E nela se verão
Os dias em saudade
Do tempo; a precisão
Suave que me agrade.


1622


Amiga, em cada passo desta estrada
Na busca pela glória da alegria.
A carne tão doída e maltratada
Refaz-se em esperança todo dia.

A luta que não pára, nos tomando;
Mostrando que o futuro chegará
O dia a dia sempre demonstrando
Que ao fim desta batalha brilhará

A estrela que julgávamos perdida,
Que não se submeteu ao jugo insano.
Verás com que alegria a nossa vida,
Supera todo o triste desengano.

Amiga, minha amada companheira,
A mão do amor nos guia, mais certeira...


1623


Amiga, há quanto tempo quero te dizer
Do quanto nada tive antes de ti
Mergulho no oceano de prazer
Deixando para trás o que vivi.

No fundo de teus olhos posso ver
Beleza que decerto eu nunca vi.
Na claridade imensa, receber
O fogo da emoção que tenho aqui

Atando meus quereres em teus braços,
Estrelas luzidias matinais
Estreito nos meus versos nossos laços

E sinto que te quero bem demais,
Unidos caminhando os mesmos passos
Iremos às eternas catedrais...


1624


Amiga; que me dera se assim fosse,
O fogo que se foi não queima mais.
Quebrada esta compota acaba o doce
Amor que já se foi, volta jamais.

O vento que alegria, um dia trouxe
Perdido noutros cantos tão distais,
Navio de esperança que afundou-se;
Um náufrago distante de outro cais...

Somente a correnteza que me leva
À morte com seu passo que é veloz,
Restando a solidão, amarga treva.

Um rio vai secando antes da foz.
A morte, ao crocitar, inda me enleva
Qual companheira amada, minha algoz...


1625

Amiga, a vida mostra a cada novo dia
O quanto és importante, embora sejas frágil.
O riso permanente expressando alegria
Pensamento liberto impedindo o naufrágio

Do barco da esperança, estrela que luzia
Na noite mais escura. A resposta sempre ágil
Permite que refaça o rumo em noite fria.
Depois da tempestade, a bonança do adágio.

Aprenda que a velhice é necessária, amiga,
Porém nunca envelheça a tua alma, querida.
Nem envileça. Em ti, mocidade se abriga

E busca o teu apoio, uma orientação.
Na morte se refaz e se preserva a vida.
Paute-a em amor, amizade e perdão!



1626


Amiga, me desculpe se me calo
Diante deste mal que te domina.
Não sabes, mas agora aqui te falo.
Querida, desde os tempos de menina,
Ao ver-te, coração sofrendo abalo,
Tua presença sempre me alucina...

Queria que soubesses disso agora,
Pois guardo dentro em mim este segredo.
A solidão terrível que se aflora
Termina se quiseres bem mais cedo,
Escute este infeliz que já te adora,
Embora tanto tempo teve medo

De gritar bem mais forte o quanto quer,
Amiga, venha ser minha mulher!



1627


Amiga, estas feridas de minha alma,
Quais profundas escaras me maltratam,
Apenas teu carinho já me acalma,
Teus olhos no meu peito se retratam...

Vencendo o desamor com atenção,
Demonstras quanto és bela, companheira,
Afloras tal beleza em coração,
Estarei ao teu lado a vida inteira.

Na paz que proporciona a cada dia
Com tal satisfação que sempre encanta,
Mostrando quanto é bom ter alegria,
Numa alma que em pureza se agiganta.

Curaste tais feridas. Cicatrizes,
Respaldos para dias mais felizes...



1628

Amiga, tanto quero esta contigo,
Meus olhos sempre buscam teu afeto.
Verias que, em verdade, se prossigo
Meu mundo sem te ter , mais incompleto.

Depois de tanto tempo, eu não consigo
Andar sem teu carinho, predileto.
Por mais que me imagino teu amigo
Somente em teu amor, eu me repleto...

Viver esta esperança é o que me resta,
De um dia ser teu homem, minha amada.
Meu coração liberto em tanta festa

Vibrando a nova vida em alvorada,
Nesta emoção de ser teu companheiro,
Amiga, meu amor mais verdadeiro...

1629


Amiga, não permita que esta dor
Acabe com teus sonhos preciosos,
Tu tens um coração tão sonhador
E dele nascerão maravilhosos

Momentos em que a vida ao teu dispor
Trará os seus prazeres, risos, gozos.
Nos sonhos mais febris de um novo amor
Caminhos percorridos, caprichosos.

Não deixe que se acabe esta alegria
Da qual é feita a luz que se irradia
Dos olhos de quem ama, florescências.

Receba estes meus versos com carinho
Que Deus sempre ilumine o teu caminho
Deixando no passado as penitências...



1630

Amiga, em paisagens diferentes
No furta-cor dos olhos, céu e breu,
Tu sabes quantas vezes já pressentes
O mar do amor imenso que perdeu

Navego pelas fozes que entre dentes
Destino sem cadência enfim mordeu.
Prazeres nesta vida são urgentes
Demente, o meu olhar procura o teu.

Apunhalando a sorte de não ser
Açodo o doce açude da ilusão
Olhando de soslaio posso ver

O quanto é necessária esta emoção
Que mata, tão somente por prazer
E molda na amizade a solução...



1631


Amiga, eu te agradeço a paciência,
Pois tantas vezes, cego, eu maltratei
Tomado por loucura ou inclemência
Espinhos, no caminho eu espalhei.

Às vezes, egoísta, ou insensível,
Pensando só em mim, não reparava
Na mão que me apoiara, amor incrível,
E eu tantas vezes, duro, machucava.

Louvando o sentimento da amizade
Que ajuda-nos na marcha pela vida.
É necessário ter sinceridade
Na marcha que se faz ser tão querida.

Eu sinto-me feliz por ter-te amiga,
Certeza de que a sorte assim, prossiga



1632


Amiga, tantas vezes eu queria
Falar desta amizade num instante
Ao lapidar a bruta pedraria
Encontro o mais formoso diamante.
Libertário, trazendo em alforria,
O sentimento nobre e mais prestante

Moldando no meu canto o desejado
Caminho onde eu pudesse ser feliz.
Meu verso prosseguindo deslumbrado
Encontra nos teus braços o que eu quis.
Futuro num momento vislumbrado,
Trazendo para a vida tal matiz

No qual, uma amizade se faz clara,
A pérola mais nobre posto rara...



1633

Amiga, a mansidão é boa guia,
Não deixa que percamos nosso rumo.
A vida baseada na alegria
Percebe e já consegue o supra-sumo.

Depois de tantas curvas, linha reta
Surgindo nesta estrada que tem fim.
Uma alma que noutra alma se completa
Ajuda a percorrer. Mais fácil assim.

Ao vermos os perigos deveremos
Manter toda a firmeza necessária.
No barco da esperança, nossos remos,
Vencendo uma tristeza, esta adversária.

Assim, nos laços firmes da amizade,
Sabemos encontrar tranqüilidade..



1634


Amiga, o coração extravasando,
De tanto sentimento que não cabe,
Aos poucos pela boca vai vazando.
De toda esta emoção que a gente sabe.

Eu quero te falar do amor que sinto,
Demais, extrapolando e se emergindo,
Nas cores que matizam eu me pinto
E trago um pensamento raro e lindo.

Sentindo quanto eu quero o teu querer,
Amiga, não concebo outra verdade,
Além do que percebo em meu prazer
Razão que se transforma em amizade.

Na força deste encanto, não me canso,
E encontro depois disso, um bom remanso...


1635


Amiga, ao deparar-me com as dores
Causadas pelas urzes do caminho,
Percebo que deveras tão sozinho
Não pude conhecer as belas flores

Apenas me restou a pedra, espinho.
Porém quando me exponho aos refletores
Pressinto que talvez nos arredores
Encontre novamente um sacro ninho

Que é feito de pureza e lealdade
Não tendo mais as dores que encontrara;
A vida que decerto se antepara

Nos laços bem mais firmes da amizade
Esquece o sofrimento, adentra o céu,
Nas asas de um bom anjo em alvo véu...



1636

Amiga, eu te agradeço
O quanto que me dás
Traçando o rumo em paz
Bem mais do que eu mereço
Amor sendo adereço
A sorte mais audaz
No canto tão tenaz
O gozo em luz eu teço.
Acordo a cada instante
E o passo me garante
A sorte desejada,
Depois de certo tempo
Vencendo o contratempo
Alçando a bela estrada



1637


Amiga, não perguntes por que choro!
A vida não me deu sequer escolha...
O vento me carrega, junto à folha
Onde escrevi meus versos. Hoje imploro

À solidão que deixe-me, recolha
Os restos que largaste sem decoro...
O mundo me trancou na triste bolha
Onde emolduras... Onde me demoro!

Amiga, não te peço que me escutes,
Apenas não desejo que me esqueças...
Das jóias que ganhei na triste vida,

Nas guerras que pedi, comigo lutes...
Batalhas que perdi, me convalesças..
A luta que forjei, já vai perdida...


1638


Amiga, mal disfarço o meu desejo
De em tua bela boca repousar
Toda a ternura mansa deste beijo,
Que faz a minha vida, eu suportar.

Tu és o sol guia onde me vejo,
Depois da triste noite sem luar;
Um sonho, ser feliz, contigo almejo
Amiga, como é bom poder te amar...

Eu sinto em ti o brilho que me alcança
Depois de tanto tempo, vão, sozinho.
Teus olhos irradiam esperança.

Amiga, não me deixes, por favor.
Não quero mais distante o nosso ninho,
Me entrego de cabeça ao nosso amor...


1639

Amiga, minha amada, nesses versos,
Traduzo uma emoção sem ter limites.
Os sentimentos belos e diversos
Nos quais te peço amor, quero acredites

Que és mais do que somente companheira,
És mais do que desejo, que não nego.
Um sonho que procuro a vida inteira,
Uma esperança rara que carrego.

Da minha camarada, bela e rara,
Da flor, puro perfume em meu jardim.
Daquela que meu sonho já antepara
O melhor sentimento dentro em mim...

Eu te amo desse amor que é mais completo,
Pois nele me sustento e me repleto


1640



Amiga, um sonho bom
Que a vida traz pra gente
Cantado em mesmo tom,
Fazendo-nos contente

Amar não é um dom,
Nem mesmo se pressente,
Ouvindo o mesmo som,
Uníssono se sente

Aquele que percebe
A luz de uma amizade
Percorre senda e sebe

Na busca da verdade,
A vida se concebe
Então, em claridade...



1641


Amiga; ao percorrermos o caminho
Cercado por divinas, belas rosas,
As dores vão morrendo, silenciosas,
Feridas tão somente por carinho.

Bebendo da alegria, o doce vinho,
As mãos vão se mostrando carinhosas,
Decerto sempre assim, cariciosas
Permitem que sonhamos com um ninho

Aonde não teremos mais outonos,
Eterna primavera chegará
Portando em belas flores, claridade.

Distante dos terríveis abandonos,
O sol em nossa vida brilhará
Esculturado ao brilho da amizade...


1642


Amiga, não percebes quanto quero
Poder te dar a mão e dividirmos,
Bem antes que a tortura e o desespero
Nos tome, e não deixe prosseguirmos

O caminho que escolhemos nesta vida,
Em busca do farol/felicidade.
Por isso eu te proponho, enfim, querida
Que o laço que nos une, essa amizade

Nos sirva de um apoio bem mais forte
Para que nós possamos prosseguir,
Por mais que já desande nossa sorte,
Em busca de um futuro, de um porvir

Que seja mais feliz e sem segredos,
Deixemos para trás os nossos medos...



1643


Amiga, por favor, por que tu mentes?
Mentiras são disfarces dos temores.
Prefiro que me digas o que sentes,
Se trazes no teu peito dissabores;

Se as dores que te tocam são urgentes
Ou mesmo transformadas em horrores
Não traga a faca sempre entre teus dentes,
Perceba que inda restam, mesmo, flores.

Estou sempre contigo e nunca nego,
Meu passo é par em par, junto com teu.
Perceba que te tenho uma amizade

Que jamais deixará teu rumo cego,
A noite se escondendo em triste breu
Encontra um claro lume na verdade...



1644


Amiga, quando sento-me no banco
Da praça aonde fomos tão felizes,
Permito reviver um sonho branco
Deixado em nosso peito, cicatrizes.

Sorriso de menino é bem mais franco,
Da vida dois pequenos aprendizes,
A dor desta saudade, se inda estanco
É por não mais querer sangrar em crises.

Às vezes outros moços, mesma praça,
Jardins onde vivemos tanto amor.
Pardais nos arvoredos, tempo embaça

E nada do que fomos; nos restou,
Apenas amizade em seu fulgor
Relembra a maravilha que passou...


1645


Amiga, mal chegaste a perceber
As luzes que se emanam do luar.
Quem dera se pudesses conhecer
Os passos que teimoso, cismei dar

Em busca da certeza de saber
Se a vida poderia iluminar
Aquele que jamais viu florescer
A flor do pleno amor. Virá chegar

Decerto um dia feito de esperança
Que possa me trazer simples sorriso
E o toque mais amigo e tão preciso

De quem com toda força, já me apóia.
Um grito, o coração ao éter lança
Na busca da amizade, rara jóia...


1646

Amiga, quantas vezes vi teu nome
Jogado pelas ruas, em conversas.
Mal surge a madrugada, a noite some
E deixa estas palavras tão perversas.

Não posso mais calar sobre este fato,
Pois tanto tenho orgulho de poder
Saber que no teu rosto eu me retrato
E sinto em teu apoio, o meu prazer.

Agora não permito mais que falem
Daquela companheira tão dileta
Que a vida me deixou. Pois que se calem
Senão, ao desferir a dura seta

A todos mostrarei quão, na verdade,
É forte e bem leal nossa amizade...


1647

Amiga, qual fantasma que sem rumo
Vagueia pela noite em hora morta,
Batendo firmemente em tua porta
Na busca por apoio e certo prumo.

Meus erros reconheço, enfim, assumo
Nem mesmo esta certeza me conforta,
Mesmo arrependimento também corta,
A vida vai perdendo assim seu sumo.

Temendo que me atinja tal desgraça
Tocando bem mais fundo em minha pele,
Sobrando tão somente os meus destroços,

Fantasma que se esconde na carcaça
E a quem a própria vida já repele
Agarra tuas mãos em ermos poços...


1648



Amiga, eu bem sei do sofrimento
Que atinge, de maneira violenta
Aflorando em qualquer duro momento
E sempre no teu peito assim se assenta.

O tempo vai passando calmo e lento.
Eu sei que a realidade te atormenta
Trazendo em tua vida um sentimento
De dor e de prazer. Mas, falo: agüenta!

A tua liberdade, não se olvide,
É feita dia a dia, imensa luta.
Permita-se viver a fantasia

Que queres, e te peço: Quem decide
Jamais se vergará com força bruta.
Pratique se quiser, a urofilia!



1649


Amiga, Deus permita o teu deleite
Flambando uma emoção no dia a dia.
E peço, encarecido que me aceite
Revigorando um canto em fantasia.

Não quero ser somente o teu enfeite
Nem ser teu acalento quando esfria
Dos céus que se esparrama em branco leite
Percorro uma ilusão, seguindo a via

Que desemboca sempre no teu mar
E forra com estrelas piso e chão,
Desculpe se aprendi tão cedo amar

A quem se fez amiga e companheira.
Há tempos vou contendo esta ilusão
Que aflora, num momento, e vem inteira...



1650


Amiga, me agasalhe nos teus braços,
Do amor que não mais tenho e me perdi,
Espero que se estreitem nossos laços
Bem sei que o bom da vida estava aqui.
Permita-me Meu Deus que nossos passos
Mais firmes do que todos que já vi.

Lá fora estão cantando umas cigarras
Fazendo uma algazarra sem tamanho.
Panteras afiando suas garras
Do tempo em que vivemos perco ou ganho,
A liberdade plena sem amarras,
Se faz em cada verso e nem estranho

O dia que nasceu sem claridade,
Depois de sepultarmos a amizade...



1651


Amiga, a nossa luta,
Que é feita sem cansaço,
Encaro a força bruta,
E tramo um novo passo,
Silêncio não se escuta,
Meu futuro eu já traço

Nos braços varonis,
De quem não tem mais medo,
Batalhar, ser feliz,
Da vida, o seu segredo,
A sorte por um triz,
Na luta o meu enredo...

E nunca mais parar,
Sequer pra descansar...



1652

Amiga, em cada verso
Que faço para ti,
Um mundo mais perverso,
Contigo eu já venci,

Um passo no universo
Reverso do que vi,
Amor assim diverso
Encontro sempre aqui.

Prometo uma manhã
Que seja mais bonita
Vivendo neste afã

Minha alma é tão bendita
Pois eu sei que amanhã,
Não terei mais desdita...


1653

Amiga, se vieres de tardinha,
Verás que já venci os meus cansaços.
Acolho uma esperança nos meus braços,
A sorte no meu peito já se aninha.

Revejo cada sonho dos que eu tinha,
E sigo mansamente velhos passos
Que deixas no teu rumo, ganho espaços.
Coloco a tua mão por sobre a minha

E beijo, calmamente o lindo rosto,
Deixando um sentimento assim exposto,
Muito além de um desejo, da vontade.

Sabendo que contigo eu me perdi,
O mundo mais gostoso encontro em ti,
Que é mais que pleno amor, pura amizade...



1654


Amiga, irei contigo até o fim,
Assim como bem sei também irás.
Plantando calmamente este jardim,
No fundo uma alegria já me traz.

O mundo parecendo mais chinfrim
Distante de teus braços, corro atrás;
Abraços que me dás de um querubim,
Querida; certamente, tenho a paz.

Tu és a companheira predileta
De quem sabe que a vida tanto engana,
Minha alma na tua alma se completa

Pois mostras alegria soberana,
Não temo mais as dores, solidão,
Entrego em tuas mãos, meu coração...



1655


Amiga; me desculpe se te enfado
Com tais quinquilharias; eu bem sei
Que são somente sombras do passado.
De um tempo bem distante que passei
Buscando reverter meu triste fado
Sabendo o sofrimento como lei.

Meu ar tão rarefeito, sem promessas,
Morrendo em cada verso, em cada dia.
A vida nos pregando tantas peças,
Matando o que se fora em poesia,
A sorte me virou, fui às avessas,
Somente me restando a fantasia

Que visto nesta tarde de faxina,
Restolhos de uma luz diamantina...



1656

Amiga, tantas vezes vou incerto
Em rumos que não sai para onde vão.
Bebendo desta vida em tal deserto
Encontro tantas vezes, solidão...
Um dia, assim quem sabe, amiga; acerto
Restando, neste instante, a solução...

Aos Céus, enfim por certo, irei chegar,
Nas asas da amizade angelical.
Nos olhos carregando luz solar,
Estrelas escondidas no bornal.
Mil anos te buscando sem parar,
Amiga, em tua glória, meu final.

Serei qual caminheiro bem ditoso,
Nos braços divinais, tão orgulhoso...


1657

Amiga, quando andaste entre serpentes
Que formam estas plêiades doridas,
Adaga que prendeste entre teus dentes
Mostrando nesta força uma saída,
Em meio a tantas gentes maldizentes
Achaste a solução da despedida...

Agora em teu retorno, doce mel
Deixado após ferrões destas abelhas,
O brilho descortina-se no céu,
O fogo se faz manso, sem centelhas.
Trotando calmamente o teu corcel
Eu bebo a maciez que em mim espelhas.

O sonho que espalhaste continua;
Amiga sê bem vinda, a casa é tua.


1658


Amiga, tantas vezes fui sozinho
Em busca desta estrela que perdi,
Um pássaro se perde sem ter ninho,
Por isso, companheira, estou aqui,
Na busca deste afeto, teu carinho,
Felicidade sei que existe em ti.

Cansado de saber que nada vinha,
Adormeci meus sonhos sem remédio.
A sorte benfazeja que não tinha,
Distante não procura mais assédio.
Apenas solidão, velha vizinha,
Salva-me em versos tristes deste tédio.

Um sonho que trouxer felicidade
Apenas tão somente em amizade...



1659



Amiga; que me dera se assim fosse,
O fogo que se foi não queima mais.
Quebrada esta compota acaba o doce
Amor que já se foi, volta jamais.

O vento que alegria, um dia trouxe
Perdido noutros cantos tão distais,
Navio de esperança que afundou-se;
Um náufrago distante de outro cais...

Somente a correnteza que me leva
À morte com seu passo que é veloz,
Restando a solidão, amarga treva.

Um rio vai secando antes da foz.
A morte, ao crocitar, inda me enleva
Qual companheira amada, minha algoz...


1660

Amiga, neste mundo triste e vão,
Toda a tristeza imensa, quase nada,
Matando pouco a pouco o coração,
Na sorte que se mostra abandonada...

As flores espalhadas pelo chão,
Na vida que se foi, despetalada...
Envolto pelas garras, solidão,
Amor, uma palavra assim riscada...

Amiga, me perdoe se não falo
Das coisas tão bonitas desta vida.
Destino se tornou um forte abalo

Trazendo para a vida, a tempestade...
A tarde vai morrendo, a dor cumprida,
Restando tão somente essa amizade...



1661


Amiga, percebendo que chamaste
Por meu nome no vento que te trouxe,
Em alegria imensa transformaste
Um sonho que jamais pensei ser doce.

A sorte que por certo já banhaste
Muito mais que pensei que um dia fosse;
Quem antes se julgara um simples traste,
Num segundo mais forte iluminou-se.

Amiga assim tocando uma triste alma.
Em benção divinal por certo acalma
Quem antes só sofrera ansiedade.

E assim, pouco a pouco, vai surgindo,
Um dia mais feliz, decerto lindo,
No peito renasceu felicidade...



1662


Amiga, companheira ,par constante
No dia a dia sempre tão dileta,
Mostrando uma alegria deslumbrante
Que faz a nossa vida ser completa.

Estar ao lado teu a cada instante
É sorte em que esta vida se repleta,
No olhar tão mais profundo, radiante,
Indica a direção sempre correta.

Amiga em cada verso, amanhecer
Desta certeza plena que se faz,
O rumo onde pretendo percorrer

Caminhos mais tranqüilos pela vida.
Na força da amizade, imensa paz,
Pra todas desventuras ,a saída...



1663


Amiga, se pudesse por instantes,
Falar de tantos sonhos que tivemos,
De todos os momentos mais constantes
Que em busca da verdade, nós vivemos.

Falando sem temores nem rompantes
De tudo o que bem sei que enfim queremos,
Do mundo onde sejamos viajantes
Dos sonhos que mais forte, saberemos...

Mas, tolo, mal percebo tais disfarces
Usados por aqueles que nos guiam.
Um lobo que se esconde em calmas faces

Devora uma esperança sem perdão.
Coitados dos cordeiros que se fiam
Nas mãos de tal senhor, vil e ladrão...



1664

Amiga, verdejante é o caminho
Que leva quem se adora para o céu,
Envolto neste traje, um passarinho,
Se mostra bem mais forte, foge ao léu.
Montando neste sonho de carinho,
Galopo em liberdade este corcel...

Amiga, nova sorte se segreda
No vento em que se julga mais liberto
Qual chama que se espalha em labareda
Qual chuva que se mostra num deserto,
De toda esta esperança, que se enreda,
Da paz tão desejada, estou bem certo....

Amiga o que traduz felicidade
Já passa pela força da amizade!


1665


Amiga, não me guardes mais rancor,
Sacuda esta palavra que falei
Neste momento insano sem valor
Onde em erros gigantes mergulhei

Num momento mais duro, insensatez,
Instante adormecido e sem sentido.
Inerte sem juízo ou lucidez
Melhor jamais por certo ter bebido

Das dores esquecidas do passado,
Há tanto sepultadas, coração.
Se num momento torpe, enviesado
Voltaram sem motivos, explosão,

Tu sabes, nada dizem, nem intriga,
Peço-te, esqueças isso, minha amiga...


1666



Amiga, muitas vezes me pergunto
Se a vida foi cruel ou se eu errei.
A sorte se perdendo num conjunto
Mostrando que por vezes, vacilei.
Mergulho tantas vezes noutro assunto
Já que de amor, por certo, nada sei.

Sou ermo, vou sem rumo, perco o norte
Se escapo,não sei nunca refazer
Caminho que talvez mudando a sorte
Me mostre um bom destino onde vou ter
O canto que julgara sempre forte
E agora já pôs tudo a se perder...

Teu braço, minha amiga, a salvação
De quem amou demais, em perdição...


1667

Amiga; não debruces no passado,
Janela apodrecida desta casa.
O rosto destruído e bem marcado
Um fogo que, jamais, de novo abrasa.

Vestido já puído, abandonado;
A vida qual a traça assim defasa
O que se foi perdido e destroçado,
Relógio da esperança não se atrasa.

Perceba quanto amor te trago aqui,
Perceba quanta dor ele te trouxe.
Promessa que te fiz não esqueci

De estar ao lado teu haja o que houver.
O mel que tens na boca mostra, doce,
Amiga, as tuas ânsias de mulher...


1668

Amiga, nunca impeça que a montanha
Não seja bem mais forte que este vento,
A dor por mais difícil assim, tamanha
Não pode superar o pensamento
No fim de toda luta quem mais ganha
Por vezes também tem o sofrimento.

Amiga, venha agora a estrada é dura
Mas vale cada curva do caminho.
Nos braços mais tranqüilos da ternura,
Jamais renegue a força do carinho
Que traz a claridade em noite escura,
Mas mostra um acalanto em qualquer ninho...

Teu braço bem mais forte se fará
Na paz que finalmente chegará!



1669


Amiga, tanta angústia a me ferir..
Meus versos são navalhas contundentes
Não posso mais calar, nem vou pedir,
Os dias são adagas mostro os dentes
Mas nada do que faço faz surgir
Aquelas emoções mais envolventes...

Eu bebo, fumo, trago, estrago e aí?
Problema meu, a morte vem ligeira...
Se tudo o que queria despedi,
A dor que me acompanha, costumeira,
Meu rumo, minha estrada eu já perdi,
A lua não achei, partiu-se inteira

Teu gesto de amizade, o que me resta


1670

Amiga, com certeza um passo cego
Impede que proclames esperança.
Errei, posso dizer, eu nunca nego,
Minha memória triste já te alcança
Bem perto de teus olhos, eu me achego
E sinto que está vivo na lembrança

Todo este desvario cometido,
Na insensatez terrível de um momento.
O vento de meu passo distraído,
Feriu quem não devia, em sentimento.
Agora chego a ti, vou resolvido,
Falar desta amizade, num alento...

A falha que na vida me acompanha,
Desculpe se te trouxe dor tamanha...




1671


Amiga, uma amizade que deseja
Que o outro seja sempre mais feliz.
Mostrando que o futuro se azuleja
Tomando da esperança o seu matiz.
No Fado delicado relampeja
O brilho deste sonho em que se diz

De toda a sensação mais deslumbrante
Dos raios dum porvir bem mais brilhoso,
Que Deus sempre permita doravante
Que a dor já se transforme em pleno gozo.
Tornando este passado discrepante
Com o futuro belo e mavioso...

Afeito deste sonho mais sincero,
Amiga estar contigo, sempre espero...



1672


Amiga, não penteie solidão
Nos bares e nas ruas, sem sentido.
No vasto desenhar, teus pés no chão,
As marcas de um destino mal cumprido.
Carpindo tua dor sem solução,
Amor é sentimento distraído...

No mar que tu guardaste dentro em ti,
Nas ondas, tempestades e marés.
O mundo em que mergulhas bem que vi,
Em vales, precipícios aos teus pés;
O mesmo em que, faz tempo, me perdi,
E guardo em minha vida, qual revés....

Amiga se perceba bem mais forte,
A cicatriz valeu o fundo corte...



1673


Amiga, eu te esperei na lua nova;
Depois de tantas nuvens, não vieste.
Gripei meu coração que não renova
Vestindo esta saudade em velha veste.
A boca que negaste não se prova
Nem mesmo o pobre anel que não me deste.

Amiga, desalinhas nosso prumo
E crias estruturas bem mais fracas.
O parto dos amores perde o rumo,
Carrego nossas dores, velhas macas,
Da seiva prometida seco o sumo,
O peito da amizade sangra estacas...

Tu és o meu remédio, nega cura,
Sem ti como viver sem estrutura?




1674

Amiga, nesta luta que travamos
Contra as injustiças desta vida.
Nos elos que felizes, nós criamos,
A solução se mostra na guarida

Que em conjunto sabemos que nos damos,
A voz que não se mostra dividida,
Não se submeterá aos torpes amos
Sabendo que unidade é a saída.

Não deixemos que o vento em tempestade
Nos cale ou intimide nosso canto,
Devemos entre nós a lealdade

Material que nos une em liberdade,
Tentando transformar em puro encanto
O brado que ecoamos, amizade...


1675


Amiga, estas feridas de minha alma,
Quais profundas escaras me maltratam,
Apenas teu carinho já me acalma,
Teus olhos no meu peito se retratam...

Vencendo o desamor com atenção,
Demonstras quanto és bela, companheira,
Afloras tal beleza em coração,
Estarei ao teu lado a vida inteira.

Na paz que proporciona a cada dia
Com tal satisfação que sempre encanta,
Mostrando quanto é bom ter alegria,
Numa alma que em pureza se agiganta.

Curaste tais feridas. Cicatrizes,
Respaldos para dias mais felizes...



1676

Amiga, por favor ouça este canto
Que faço sem demora a te pedir,
Na cobertura extensa de teu manto
O quanto for capaz de dividir.

Depois de ter sofrido tanto, tanto.
A voz já bem cansada a repetir
Em tantas situações eu já me espanto,
Por isso é que desejo o teu ouvir.

Amor como quimera maltratando,
Na fera que gargalha, a garra exposta,
Aos poucos todo o bem vai lacerando.

Só resta algum sentido disso tudo,
Amor vai me deixando quieto, mudo,
Só resta este pedido a quem me gosta..



1677

Amiga, quando a dor vem, se aproxima;
O sopro da tristeza nos alcança
A sorte da amizade, a gente estima
Com toda a plenitude da esperança.

Nas horas mais difíceis quando arrima
Meus pés já tão cansados desta dança;
Meu verso no teu peito encontra a rima
Numa felicidade que se alcança.

Amiga, companheira dos meus dias,
Na febre que me toma, mais antiga,
Permita; em nosso canto, as alegrias

Que sabes, divinizam minha estrada
Por isso é que te digo, cara amiga;
Para sempre serás por mim amada...


1678


Amiga, sei que o tempo nunca pára

Que as rugas são as marcas desta luta.

Nos preparamos sempre, amiga para

Saber desta verdade crua e bruta?


Bem sei que não. A pele logo enruga,

E disso ninguém foge nem consegue

Saber qualquer caminho para a fuga

A vida, desse jeito, se prossegue.


Mas sei de uma verdade que me acalma

Minha alma não deixei envelhecer,

Conheço cada mão palma por palma,

Amar é sempre rejuvenescer.


Por isso, sem temor e sem marasmo

Tomar a vitamina: entusiasmo!


1679


Amiga, estou aqui para te ouvir
Bem sei que um grande amor quando se vai
A casa nos parece, vai ruir,
A sorte desejada já se trai...

Não pude, minha amada, resistir
Ao ver que tua vida já se esvai
Na dor que sei, difícil, repartir,
Mas sei que sou p’ra ti como um bom pai.

Se quer desabafar, conte comigo,
Eu bem sei da importância que ele teve;
Por isso estou aqui. Sou teu amigo.

Não deixe que a ternura que te abriga
Desabe. Boa parte ele reteve...
Mas conte com meu braço, minha amiga...



1680


Amiga, na pureza de tua alma
Encontro uma alegria pra viver.
Tua presença sempre me traz calma,
Nas horas mais difíceis. Posso crer

Num Deus que te mandou, pois com certeza
Ao fazer isso teve tanto amor
Em forma de ternura e de beleza,
Mostrando por que é Nosso Salvador.

Amiga, muitas vezes nós erramos,
E nisso corrompemos nossos sonhos.
Por sorte, minha amada, te encontramos.
Certeza de futuros mais risonhos.

Pois na tua alma, em forma de pureza,
Deus nos demonstrou Sua grandeza.

Este soneto foi feito em homenagem à Carmita Loures,
Uma das almas mais puras que já passaram pela face da terra.



1681


Amiga, semeando uma alegria
Por certo encontrarás felicidade.
A vida se refaz a cada dia,
Arar é retratar a realidade.

Semeias ventos, colhes tempestade;
Tendo coragem, beba todo o vento.
Mas se quiser viver tranqüilidade,
Semeie só carinho e sentimento.

Plantando tantas árvores querida,
Algumas urzes sempre brotarão;
Não faças destas pragas sua vida,
Arranque na raiz, não deixe não...

Nos frutos, as delícias que provou
Resultam das sementes que plantou...



1682


Amiga, sei da dor de uma paixão,
Que queima, nos transtorna e nos desarma.
Envolto na terrível sensação
Amor mal resolvido,vira uma arma.

E sangra, sem sequer pedir licença,
Maltrata, nos corrói e nos castiga.
Amar é ter, por certo, a recompensa,
Que traz uma ternura, tão amiga.

Eu sei que tantas lágrimas derramas,
Por quem jamais devias ter amado.
Latejam as feridas, ardem chamas
Trazendo, um pesadelo des’perado.

Mas quando tu lagrimas, tu te curas,
Pior guardar no peito, as amarguras!


1683


Amiga, não desista desta luta.
Pois saibas, ela sempre vale a pena;
Não deixe se vencer por força bruta
Não guarde, na lembrança, triste cena...

Eu sei que valerá toda a batalha,
Pelo futuro em paz que já sonhaste.
O corte tão profundo da navalha,
Por mais que cicatrize, traz desgaste.

Mas sinta que este vento nunca pára,
A força com que vem nunca termina.
O vento da esperança te antepara
A força de vontade é tua mina.

Querida, estou contigo, vais vencer.
Ninguém, no mundo, irá, mais, te deter!



1684


Amiga, me perdoe se eu te adoro.
Bem mais do que devia te querer.
Distante dos teus olhos, eu imploro
Que Deus nos ilumine, bem querer...

Eu sinto como fosse traição,
Amor que tanto sinto, mas eu nego.
Conheço, tão de perto o coração,
Por isso mesmo, amiga, fico cego.

Não posso desejar-te, mas que faço?
Se tenho nos teus braços, meu amparo.
Às vezes, solitário, mal disfarço.
Não quero destruir amor tão raro.

Por isso, me perdoe minha amiga,
Minha alma na tua alma já se abriga!



1685


Amiga, me perdoe se te deixo
Em meio a tempestade, no caminho.
Eu sinto essa saudade e não me queixo,
Bem sei que neste amor, ando sozinho.

Vasculho pelas ruas, os teus passos
Teus rastros se perderam, minha amiga.
Depois de tanto termos, firmes laços,
A solidão terrível já periga.

E quero que tu saibas de repente
Que a vida se refaz a todo dia.
Amor é sentimento tão urgente,
Por isso te dedico a poesia

Que fala deste amor em sofrimento,
Que mata uma amizade, num momento



1686


Amiga, quantas vezes necessito
Do colo mais sereno e mais suave.
A vida se refaz em cada rito,
As asas que pretendo, perdem nave.

Sabendo que voar num sentimento
É queda pressuposta e sem perdão.
Não pude suportar um só momento,
Tão cedo se acabou uma ilusão...

Não fosse pelo apoio que me deste,
Meu rumo não teria mais descanso.
A vida necessita que se ateste
Quanto irá suportar coração manso,

Não fossem tuas redes, morreria.
Nas mágoas deste amar, afogaria...



1687


Amiga; não precisas deste nada.
O vão que nunca veio nem virá;
A vida que vivemos foi passada
Agora nova vida viverá.

Vestidos esquecidos nos armários
Jogados, viram colchas de retalhos.
E sabes, nada servem, rasgos vários,
Remendos não esquecem velhos talhos...

Amiga, não precisas do que fora,
Se fora não te serve mais, esqueça.
A vida recomeça sempre agora,
Não há eternidade que padeça...

Deixemos nossos ontens para trás.
Apenas o virão nos satisfaz...



1688


Amiga, tu jamais estará só.
Não sinta que o abandono te persegue.
Viemos e voltamos neste pó
Quem luta, muitas vezes já consegue...

Não deixe que a saudade te perturbe
Não veja a solidão que não existe.
Por mais que a tempestade te conturbe
Por mais que tua vida esteja triste...

Amiga, nunca estás assim sozinha,
Por certo sempre alguém contigo vai.
Nós somos nesta vida, uma andorinha
E temos com certeza nosso Pai.

Receba meu sorriso minha amada,
Decerto não estás abandonada!



1689


Amiga, tantos versos dediquei
Aos nossos sentimentos mais fiéis.
Sabendo que viver é dura lei,
Nem sempre das abelhas, doces méis...

Mudanças que bem sei em nossos rumos,
São coisas que encontramos no caminho.
Bebendo desta dor,amargos sumos,
No colo desta amiga, meu carinho...

É porto que imagino mais seguro,
É barco que me ajuda a navegar.
É lume que clareia mar escuro,
É sonho tão gostoso de sonhar...

Amiga, te agradeço de verdade,
Bendito teu amor, tua amizade!


1690


Amiga, nestes versos que te faço
Não traço nem caminho nem desdita
Se passo tanto tempo e me esfumaço
Talvez seja por sorte tão maldita.

Se aflita te encontrei sem ter ninguém
Se vem essa vontade de chorar
Se imploras pela vinda deste alguém
Que teima e não se cansa de chamar.

Amiga, o meu destino é sempre a esmo,
Se mesmo de te amar não bastaria,
Se alegre ou se estou triste, sou o mesmo,
Na dor meu coração já te sorria.

Amiga, contarás sempre comigo,
Eu sou, tenha a certeza, teu amigo!


1691


Amiga, nesta canção
Que te faço com carinho;
Venho te pedir perdão
Pelas pedras do caminho...

Eu sei que tanto fizeste
Pensando no nosso rumo
‘stou errado, inconteste;
Mas acertarei meu prumo...

Se meus versos não valerem
Aceite então meu penhor
Bem antes de se perderem
Tanto afeto e tanto amor...

Me dê tua mão amiga,
Que nossa vida prossiga...


1692


Amiga, mergulhando em tantas trevas
Que sempre se parecem não ter fim,
As dores invadindo vêm em levas
Não deixe o sofrimento vir assim.

Na luta contra o mal, o pulso forte,
A força de vontade e de vitória;
Refazem teu caminho e tua sorte,
Depois da tempestade, vem a glória.

Não tenha mais o medo da derrota,
Confie em tua garra e vencerás.
A vida simplesmente se conforta
Por mais que seja incrível, ganharás...

Vontade de vencer, eis o segredo.
Não deixe que te inunde o torpe medo!



1693


Amiga, quando vejo tua dor;
Que estampas, nem procuras esconder;
Procuro assim ficar ao teu dispor,
Tentando das tristezas, proteger.

Eu quis vencer o mal, mas fui vencido;
Eu quis te dar meu colo, nada feito.
Depois de tanto tempo percorrido
Eu sinto que não soube dar um jeito.

Mas tenha uma certeza, companheira,
Que tudo que estiver ao meu alcance;
Minha amizade sempre verdadeira
Não deixará que a dor em ti se avance;

Pois mesmo que pressintas triste sorte,
Elo de uma amizade é bem mais forte



1694


Amiga, tantas vezes, não se esqueça
Que a vida nos maltrata e nos magoa.
Não deixe que a tristeza te aborreça,
Um belo pensamento, livre, voa...

Não sinta que essa vida é tão sem rumo,
O melhor deste mundo está por vir.
Com o tempo por certo encontras prumo,
Impeça que essa dor possa surgir.

A nave que flutua sobre o tempo
Me avisa que serás bem mais feliz.
Enfrente sem temor o contratempo,
Terás, assim decerto, o que bem quis.

Não tema qualquer mal, qualquer perigo,
Eu sou, com muito orgulho, teu amigo!



1695


Amiga, um sentimento se levanta
Tornando nossos dias fabulosos,
Amor quando é demais já me agiganta
E trama tantos dias dolorosos...

Embora, depois disso, eu já sossegue,
Após a tempestade, vou sereno.
Uma amizade plena que carregue
Transforma nosso mundo. Fica ameno...

É força que nos traz a liberdade,
É mansa serenata em noite breve.
Nos garante total seguridade.
E faz a nossa vida ser mais leve...

Amiga, em nossa vida, claridade;
Na força e na altivez d’uma amizade!



1696

Amiga, como é dura uma saudade,
Tremula em nosso peito qual procela.
Da vida que passei ,diversidade
Em cada sentimento se revela...

Nunca imaginei sentir a dor
Que sinto quando lembro deste caso
Pensando ser, em paz, um amador,
Depois de tantos medos, meu ocaso...

Desfraldo essas bandeiras: solidão
Bebendo desta lua vou calado.
E tramo nos meus versos a paixão
Que sempre me deixara abandonado.

Amiga, timoneira mais querida,
Entrego, nos teus braços, minha vida


1697


Amiga, quanto tempo em nossa vida,
Sentindo o sentimento quase morto.
A porta da saudade construída,
O mar, pura falésia, nega porto.

Buscando se encontrar, distante mar...
Sabendo que não temos quase nada.
Vencido por procelas, sem parar,
A noite se mostrando des’perada...

Amiga, quando os ventos atormentam,
E toda uma tristeza desce brusca.
As mãos abandonadas não esquentam,
A gente se perdendo nesta busca...

Amiga, tanto amor que já perdi...
A sorte é que estavas bem aqui!



1698

Amiga, se permita a fantasia,
Pois ela quase sempre nos ajuda.
A dor em sua enorme tirania
Fazendo nossa vida mais miúda,

Não pode com a força da alegria.
Às vezes é melhor que nos iluda,
Viver a plenitude por um dia,
Do que não ter mais nada, enfim, que acuda.

Amiga ser feliz é só momento,
O tempo, qualquer tempo, sempre passa.
Amor é tão divino sentimento,

Porém por tantas vezes se esfumaça.
Mas sinta-se feliz, mate o tormento,
E dance todo amor em plena praça!


1699

Amiga, não permita que a saudade
Destrua o sentimento que te move.
A vida sempre foi contrariedade,
Porém uma tristeza se remove...

Os olhos embaçados nada vêm,
Afaste, então, as lágrimas temíveis.
As noites sem carinho, sem ninguém;
Eu sei o quanto pesam, são terríveis...

Mas saiba que estarei aqui, contigo;
Não quero que tu sofras, não mereces...
Permita que eu te fale como amigo,
Não bastam tão somente tantas preces...

Pois saibas, não estás assim sozinha,
Tua alma se reflete, em paz, na minha...



1700


Amiga, nunca tema este deserto,
A vida sempre mostra uma saída...
Às vezes ela está sempre por perto,
Tantas vezes, não vês, tão distraída...

O medo que se assoma com tristeza,
Traz lágrimas que tantas vezes cegam.
Não deixe de buscar uma beleza
Nos mares que teus olhos já navegam...

Por tantas madrugadas somos sós,
Depois ao renascer o velho sol;
Seus raios sobre a dor que é tão atroz,
Nos traz a claridade de um farol...

Em meio a tempestades, um abrigo...
Em plena solidão, meu colo amigo...


1701

Amiga, como é belo este teu canto
Que espalhas pelos cantos da cidade...
Encontro finalmente, tanto encanto,
Neste manto que me cobre, liberdade!

Amiga, como é bom saber de ti,
Com toda essa meiguice que conquista.
Por vezes enxergando o que perdi,
Só tenho teu carinho que me assista.

Peço-te, minha amiga, que se faça
Da noite que se parte, tão sentida,
O vento que por mais que se disfarça
Caminha pro final de nossa vida...

Amiga, não me deixe essa descrença
Mostrando deste amor, a recompensa!


1702

Amiga, minha vida foi depressa
De pressa e de pressão perdi meu rumo...
A noite em tantos versos se confessa
E nada do que tive mais arrumo...

Na sombra que vagueio sem paragem,
Imagem da mulher que nada quis,
E fiz desses meus sonhos a viagem
Em busca de outro porto mais feliz...

No triz que representa quase tudo,
O tanto que não fui já vai disperso.
Sabendo que talvez, porém, contudo,
Moeda que ganhei, puro reverso...

Amiga no teu trilho, maravilho,
A sorte que estampaste em nosso filho...



1703


Amiga, nossa noite já promete
Portanto não se esqueça do detalhe
Que quando tanto amor já se intromete
Promessas de desejos fundo entalhe.

Amiga como é bom saber que vens
Trazer quem sabe a luz que necessito.
De todos os meus toscos, pobres bens,
A noite que vieres, nosso rito.

Amiga me fartando de teus beijos,
Não deixo de sentir certo ciúme
Sabendo que repartes teus desejos,
Quais flores que se encharcam de perfume.

Mas venha, nessa noite, minha amiga,
A mão que acaricia, em si me abriga...



1704


Amiga, há quanto tempo não te vejo!
A vida nos afasta sem querer
Tu sabes como é grande o meu desejo
Ao meu lado, é tão bom poder te ter.

Tivemos quase sempre bem juntinhos
Em todos os problemas desta vida.
Trilhamos diferentes, os caminhos,
Mas nunca imaginamos despedida.

A sorte que te leva, agora traz,
Fazendo do meu dia, mais brilhante,
Encontro finalmente a minha paz,
Depois de tanto amor titubeante.

Sabendo que virás. Felicidade,
Amiga tô morrendo de saudade!



1705




Amiga, todo o tempo deste mundo
Se passa sem que saibam que existi.
A vida se passando num segundo.
Ninguém sabe isso é certo, estou aqui...

Distante dos amores, das paixões,
Vivendo tão somente por viver...
Na vida nunca tive corações
Que ao menos um amor pudessem ter....

Jogado neste canto, abandonado...
Perdido sem talvez ter um alento.
O mundo que sonhara vai jogado
Restando tão somente sofrimento...

O tempo se passou sequer saudade...
E tudo o que restou: tua amizade...



1706


Amiga a dor se espalha em cada beco,
A fome da criança, o desamparo,
O humano coração, deveras seco;
No verso que me mandas, nobre, caro,
Quem dera se tivesse em outros, eco...
O amor nunca seria, assim tão raro...

A vida que se entrega e se partilha,
Traz um milagre: multiplicação.
Ninguém que neste mundo se faz ilha
Encontra noutro ser a sedução,
Por isso este egoísmo nega a trilha
Assim como jamais reparte o pão.

Amada, nosso canto de amizade,
Agora se traduz: fraternidade!


1707


Amiga ao caminharmos lado a lado
Escuto o canto leve em voz macia.
O sonho de viver esculturado
No gozo mais perfeito da alegria.

Sabendo quanto estou abandonado
Percebo em tua mão esta magia
Deixando o sofrimento já de lado,
Encontro em tuas mãos esta magia

Que mostra bem possível ser feliz,
Em riso franco, abrindo o coração.
No verso que te faço, já se diz

Da sorte de te ter sempre comigo.
Vencendo a tão cruel desilusão
Permita-me que seja teu amigo.



1708



Amiga certamente
A vida nos fará
Num gesto mais clemente
O sol que brilhará,

Quem veio tão descrente
Enfim saberá já
Do sol que no poente
Pra sempre chegará.

Meu verso se faz triste
Distante de teus braços,
O tempo não existe

Seguindo tantos passos,
Um canto que persiste
Estreita nossos laços...



1709


Amiga como é bom poder ouvir
Teu canto carinhoso e tão gentil.
Por mais que seja triste meu porvir
Eu conto com abraço mais febril.

Que nada nos impeça de seguir
Com passo bem mais forte e mais gentil.
Eu venho nestes versos te pedir
Um sonho, nosso sonho em céu anil

Que espalhe esta alegria sobre a Terra
Criando um mundo novo para nós.
Na sensação divina que se encerra

No peito de quem ama a humanidade.
Unindo nosso canto e nossa voz
Com toda a plenitude da amizade...


1710


Amiga como é bom poder saber
Que estás enamorada. Eu te desejo
Momentos tão sublimes de prazer.

O amor já se mostrando em raro ensejo.
Ouvindo a tua voz eu passo a crer
Que é mais do que somente um relampejo.

Felicidade toma o teu olhar
Num brilho que jamais havia visto.
Transformação intensa a provocar,
Um canto assim sublime e tão benquisto.

Permita que eu também fique contente,
Pois sei o quanto amor nos torna fortes.
Mudando nosso rumo totalmente,
Cicatrizando em paz, os velhos cortes...



1711


Amiga como é bom poder sentir
O vento do prazer que sempre traz
De tanto que passei venho pedir
Um pouco de esperança e mansa paz.

Nas guerras mais bizarras tão estúpidas,
Nas bocas mais carnudas do desejo.
As horas que vivi; decerto cúpidas,
Sentindo a precisão do falso beijo.

Se tanto me negaram um afeto
Senti como tais dores são incríveis.
Jogado neste canto qual inseto
Em meio a tantos risos impassíveis...

Não fora essa amizade que cultivo,
Cativo sempre fui: não sobrevivo!



1712


Amiga como é bom saber que estás
Feliz por que encontraste um novo amor.
A vida solitária sempre traz
Um gosto tão cruel, um amargor.

Pois que este amor te traga muita paz,
E um futuro melhor, encantador.
Quem ama se imagina mais capaz
Pela força que emana um grande amor.

Brindemos ao caminho de esperança
Que se abre a cada dia para ti.
Estreitemos assim nossa aliança
Sabendo que és feliz me convenci

Que Deus te clareou neste momento
Soprando em tua vida, um calmo vento...


1713


Amiga como é bom saber-te aqui,
És lua que ilumina meu caminho.
Dos sonhos mais felizes que vivi,
Teu canto tão suave, passarinho.

Brilhando nas Gerais, ó lua cheia,
Teus versos sempre encantam quem te lê;
Tu tens toda a magia da sereia
Na garra que demonstras um por que.

Amiga como é bom poder cantar
A liberdade plena desta vida,
Teus raios são tão fortes qual luar
Por isso falo em versos, és querida...

Elisabete mãe e professora,
Na tua poesia, redentora!

Para Luna MG, uma amiga muito querida


1714


Amiga como é bom ter amizades!
Meus versos te enaltecem, com certeza,
São formas de dizer tantas verdades
Envoltas num carinho e na beleza.

Por ti tenho profunda admiração,
Teu canto apascentou as minhas dores.
Te trago no formato de canção
No buquê destes versos, belas flores.

Sabe, muito obrigado pelo afeto
Que sempre recebi de ti, amiga.
Por isso, neste canto mais dileto
Eu quero que emoção sempre te diga.

Se queres tanto alento em noites frias
Abrace uma amizade em alegrias




1715


Amiga como encantam-me teus versos!
São doces como um sol do fim da tarde,
Trazendo tal beleza em universos
Distantes de alegria e de saudade...

Eu reconheço em ti a poesia,
Que fazes com afinco e com presteza.
Trazendo tão suave melodia
Num canto de carinho e singeleza.

Eu quero agradecer teu manso canto
Que encanta que o lê, pode estar certa,
Eu tenho a agradecer, de certo, tanto,
A força que me dás pra ser poeta..

Rita, no teu canto descortino,
O vento que soprou lá em Quintino!



1716


Amiga compartilho do desejo
De estar sempre contigo, passo a passo.
No véu de um céu pressinto em azulejo
A claridade imensa ganha espaço.

Um mundo sorridente te prevejo,
Pois sei que tens carinho um traço
Vital aonde vives tal ensejo
De ter felicidade em forte laço.

Às vezes nas tempestas esquecemos
Do dia benfazejo que virá.
Trazendo uma bonança salvadora.

A força pra lutar, decerto temos,
Por mais que a noite venha brilhará
A luz que na amizade sempre aflora...



1717

Amiga das palavras, companheira
Versando cada verso sobre ti
A porta que se abriu, decerto queira
Bebendo do calor que percebi

Existe na palavra costumeira
Formando o laço firme em que senti
A manta que é formada da bandeira
Mudando o meu destino desde aqui.

Balança este coqueiro, minha amiga
Não deixa restar pedra sobre pedra,
A sorte benemérita prossiga

No rumo em que a saudade sempre medra.
Vencido pelos óstios da ilusão,
Perfundo com perfume, o coração.



1718

Amiga desconfie de elogio
Se dado sem sequer ter um motivo.
Sem água morrerá decerto o rio,
Mantenha, neste caso, um olho vivo...

Não ceda a tentação de quem te ufana
Às vezes nesta ceva uma armadilha.
A mão que te carinha já te engana
Promessas ilusórias mudam trilha...

Assim como o balão explodirás
Então de ti teremos só os cacos.
Da forma com que cedo iludirás
Os teus pilares sempre estarão fracos...

E a queda gigantesca se prepara
Sem nada que defenda, que antepara...



1719

Amiga Deus nos trouxe esta ventura
Que sempre se renova a cada dia.
Passamos por estrada mais sombria
De tais procelas, mar em noite escura.

A solidão, pantera que murmura
Matando uma ilusão que esperaria
Quem; por vezes, se enfurna na clausura
Distante de sonhar com alegria.

As dores nos tomando sem parar,
Fechando estas janelas, nega o mar,
Sem chances de escapar de tal tormento.

Em meio à temerária escuridão,
Encontro na amizade a solução
Que aplaca a tempestade e acalma o vento...



1720


Amiga é bom poder contar contigo
Nas curvas tão difíceis do caminho.
Na solidão de outrora não consigo
Encontro em cada passo novo espinho.

Buscando tão somente algum abrigo
Que possa me trazer refúgio, aninho
Meus braços nos teus braços e prossigo
Nesta procura imensa por carinho...

Os dias que se foram quais hereges
Agora, ao mesmo tempo em que proteges
Permites que enfim sonhe quem sofreu.

Amiga, tal poder tem a amizade
Trazendo para nós a claridade
Gerada nestes sonhos – teu e meu...



1721

Amiga e companheira, como é duro.
Saber que nada mais nos faz contentes...
O mundo nos criou um torpe muro
Mostrando tantos rumos diferentes...

Mas sei que sempre estás comigo, irmã.
Não temo essas passadas mais ousadas.
Embora nossa ponte pr’o amanhã
Muitas vezes, tem bases abaladas...

Viemos dos temores, inseguros,
Viemos do passado mais cruel
Passando por caminhos mais escuros,
Aos poucos vislumbramos lindo céu...

Por mais que negra a noite, meu amor,
Nossa amizade encara, sem temor...



1722


Amiga e companheira de viagem,
Eu sei que a vida pode maltratar
Quem vive para amar, leda miragem.
Por isso é que te busco sem parar
Pois sem que sempre trazes na bagagem,
Num brilho mavioso a nos banhar,

Um sonho mais correto e tão perfeito,
Estar contigo é sempre ter afeto.
Se estou querida assim, mais satisfeito
Se o mundo que pretendo está completo.
Eu sei que isto se deve ao manso jeito
Com que fazes amor ser tão dileto.

Na força da amizade é que se vê
O tempo de esperança em que se crê....



1723



Amiga e companheira estás de volta aqui!
Há tanto que eu pensara: Ah! Se esqueceu de mim...
Cansando de lutar, por vezes me perdi
Penando, o lavrador arando o seu jardim.

Porém até jurava- eu me livrei de ti!
Mas nada, ei-la gigante em fúria sem ter fim
Rondando novamente, aguando o que vivi...
Ao vê-la de tocaia o mundo cai enfim...

Embora tão tranqüila, o riso em ironia
O bote preparado a boca escancarada,
Matando o ancoradouro, estraga a fantasia...

Te peço: vá-se embora antes do sol se por,
Talvez inda consiga em noite enluarada
Algum sorriso breve. Amada amiga... dor.



1724


Amiga e companheira neste canto
Demonstro quanto quero o teu querer,
Vencendo as dores frias, posso crer
Que a noite nos mostrando um leve manto

Permite se encontrar tamanho encanto
Aonde o bem decerto há de vencer
Fazendo da alegria um bom prazer,
Secando com carinho cada pranto

Descubro em teu olhar, belo farol
Guiando cada passo que for dado
Em busca da esperança, um girassol,

Ao olvidar as dores do passado,
Perfaz em nossos dias, claridade,
Nos passos mais perfeitos da amizade.


1725

Amiga e companheira
Persigo pela vida,
A sorte derradeira
Encontro esta saída

A dor é feiticeira,
Ninguém disto duvida,
A sorte verdadeira
Encontro em ti, querida.

Vem logo, sem demora,
Te espero sempre aqui.
Quem sabe faz agora,

Preciso, enfim de ti;
Da amizade, senhora,
Jamais eu te esqueci...



1726


Amiga é sempre bom poder falar
Com quem, mesmo distante, traz alento.
A vida que se fez em sofrimento
Já tem onde por certo se apoiar.

Eu sei quanto agonia amor me trouxe,
Saber que quem amei não me quer mais.
Quem dera se, talvez, ainda fosse
Os braços de quem quero, manso cais.

Porém aqui sozinho, do outro lado
Da tela não me resta nada além
Do sonho virtual que ainda vem

Trazer algum sorriso pra minha alma
O tempo foi cruel e, abandonado,
Apenas teu carinho inda me acalma...



1727


Amiga em cada verso que me encantas
Parece que redimo o meu passado.
Andar o tempo todo do teu lado,
Ajuda a me esquecer das dores tantas.

A dor que me cobrira em negras mantas
Fazendo de meu passo, um ledo Fado,
Ao ter teu braço amigo, faz alado
Um sonho onde meus medos já espantas.

Por isso, te agradeço e aceito o fato
De ter uma certeza em minha vida,
Guardando dentro em mim o teu retrato

Retrato minha sorte mais querida,
Quem teve uma manhã tão desvalida
Agora em mãos macias, enfim, me ato...



1728



Amiga em cada verso que te faço
Eu trago mais um pouco de mim mesmo,
Andara tanto tempo sempre a esmo
Fazendo meu caminho passo a passo,

Às vezes, tantas vezes me ensimesmo
E tropeçando; caio, e mal disfarço
Quando levanto, amigo qual me lesmo,
Dificilmente, um rumo novo eu traço.

Mas podendo contar com teu apoio,
Percebo ser possível caminhar.
Aprendo a separar trigo do joio

E bebo desta fonte sem secar,
Já sei pra onde segue o calmo arroio,
Um dia desaguando morre mar...



1729




Amiga em nossos passos a firmeza
Moldada em tanta dor que conhecemos,
Deslinda uma esperança com grandeza
Que é tudo o que sonhamos e queremos.

Que o tempo sempre aumente a fortaleza
E traga para as mãos mais fortes remos,
No intuito de vencer a correnteza
Da resistência intensa que sabemos

Nasce de quem não sabe do carinho
Com o qual traçamos sempre nossas metas.
As atitudes sábias? As corretas.

As que permitirão forrar o ninho
Para que aqueles que virão saibam que existe



1730


Amiga em tuas asas,
Por certo irei voar,
No fogo em que me abrasas,
Querendo me abrigar,
Na sorte que te aprazas,
Contigo sempre estar...

Eu vejo este futuro
Em dias deslumbrantes,
Saltando sobre o muro,
Das dores uivantes,
Clareia um céu escuro,
Dourando por instantes.

Prateias amor pleno,
Num mundo mais sereno...



1731


Amiga enamorada, eu tanto quero
caminhar pareado com teus passos,
lançando os sentimentos nos espaços
matando o sofrimento vil e fero.

Do amor que tanto tens, querida, espero
que estreitem-se mais fortes nossos laços.
Teu canto que idolatro e até venero
exprime com certeza, em belos traços

o mundo benfazejo feito em paz,
que todo este carinho já nos traz
fazendo da alegria nosso canto

Vencer a solidão, amada amiga,
permite que esta vida enfim, prossiga
ao espelhar amor em seu encanto..


1732


Amiga escuridão, quanta saudade!
Nos sons deste silêncio eu procurei
Em sonhos agitados, a verdade
Que em luzes de néon, eu encontrei.

A cada novo passo, em liberdade
O quanto do que quis e enfim busquei,
Num flash eu percebi a claridade,
E em sons silenciosos mergulhei.

Milhares de pessoas conversando
E o silêncio total já se espalhando
Nas vozes misturadas, tolos ecos

Do quanto repetiam sempre o nada,
Palavra dos profetas espalhada
Sussurros escutados nos botecos...


1733


Amiga esteja certa de que eu quero
Tua felicidade em plena glória.
A cada novo dia eu te venero
E mudo com certeza a minha história.

Quem teve seu passado duro e fero,
Guardando tanta dor, triste memória,
Nos braços benfazejos me tempero,
E vejo assim chegar, farta vanglória.

Não vejo nos caminhos que teremos,
Tristezas resumindo um abandono,
O canto feito encanto, pois cantemos

E iremos conhecer real abrigo.
Tanto carinho assim, querida eu clono
Contando com teu ombro sempre amigo...



1734


Amiga estende a mão
Que plenamente aceito,
Invade o coração,
Teu canto satisfeito.
No amor e no perdão,
Carinho é nosso pleito.

Em nossa sinfonia
De amor e de amizade,
Versando todo dia
Tramando em liberdade
Além do que dizia
A vida, com saudade...

Eu quero teu encanto,
Aqui nesse recanto...



1735

Amiga eu compartilho desta estrada
Que leva ao infinito num segundo,
Deixando que a manhã prenunciada
Invada e ressuscite um triste mundo

Perdido no caminho sem ter nada,
No qual em fantasias eu me inundo,
O peito que sofrera, vão, imundo,
Percebe no teu canto uma alvorada.

Sentir tua presença aqui comigo,
É ter um doce alento em minha vida,
E poder ser além de teu amigo

Um companheiro em rumos tão iguais,
Adoça, apascentando assim querida,
Florindo a nossa senda, o mesmo cais...



1736


Amiga eu não pretendo com meu verso
Falar destas saudades, nem dos breus.
Rondando, no teu corpo, um universo
De sonhos que matassem nosso adeus.
No campo dos desejos, mais diverso,
Aguardo teus carinhos; todos meus...

Mas vejo que não tenho outro sorriso
Que seja além de amigo, além do cais...
Com mundos imprecisos já diviso
E sinto que perdi amor demais.
O solo que pensara ser mais liso,
Não posso mais seguir, bem sei, jamais...

Tu és a minha amiga predileta...
Amor, porém, distante não completa...



1737

Amiga eu te agradeço em simples versos
O quanto tu fizestes para mim,
Bebendo destas fontes, mais diversos
Os mundos que vaguei até que, enfim,

Depois de dias duros e perversos
Revejo o sol brilhando em ti, Pupin,
Juntando meus caquinhos tão dispersos
Eu canto em teu louvor, flor e jardim.

Bebendo com fartura doces méis
Que tramas em delícias, teus rondéis,
A poesia invade e me transforma.

Quem teve em sofrimento, vida amara,
Agora em esperanças traça a norma
E sabe agradecer a ti, ó Mara!



1738


Amiga eu te conheço
E sei tuas vontades,
Da solidão avesso,
Valor das amizades
É mais do que mereço
saber de tais verdades

Querida companheira,
Mesmo se estás distante
Te encontrarei faceira
Comigo a cada instante,
A nossa vida inteira,
Raro prazer constante...

Espiritualmente
Tão perto e mais contente...


1739


Amiga eu te percebo tão tristonha,
Guardando no teu peito tal rancor
De quem tanto sofreu e mais não sonha
Achando que perdeu um grande amor.

A solidão, quimera tão medonha
Dissemina tristeza e tal horror
Porém uma esperança mais risonha
Demonstra que é possível ter calor...

Estou aqui contigo, não se esqueça
Que eu quero que tu sejas mais feliz.
Teu nome não me sai mais da cabeça

Tu és o que, por certo, eu sempre quis.
Deitando uma alegria nesta estrada
Sempre te quero, amiga; és minha amada!



1740


Amiga eu te proponho aqui um trato
Vamos fazer a festa da gentalha
Enquanto a safadeza assim se espalha
Dinheiro de político? Qual mato.

Não vá dizer que eu seja algum gaiato
Senão meu pensamento se atrapalha,
Repare aqui a mão de quem trabalha,
Porém já se cansou de ser um pato.

Eu vou vender meu voto! E só à vista,
De preferência vendo pro cambista
Quem vende e valoriza não se engana.

Mas sendo urna secreta, sem perdão
Roubando sem barulhos, o ladrão
Votando nulo, engano este sacana!



1741



Amiga eu te proponho
Seguirmos por aí,
Vencendo um mar tristonho
Aonde eu me perdi.

Um dia mais risonho
Exala-se de ti,
De um tempo tão medonho
Eu juro, me esqueci.

Vencemos os problemas,
Na força de vontade,
Trazemos novos lemas,

Achar felicidade,
No peito estes emblemas,
Poder desta amizade!


1742




Amiga me permita num soneto
Falar desta amizade soberana,
Os erros, e são tantos que cometo,
Em noite que se fez tão cega, insana,

Às vezes, sem limites me arremeto
E a vida maltratando, desengana.
Felicidade encontra um duro veto
Causando esta agonia desumana.

Mas vens com teus afagos e carinhos,
E mostras ser possível novo dia
Forrando meu caminho de alegria,

Retiras; das estradas, os espinhos
E deixas tão somente a bela flor,
Fazendo renascer em mim, o amor..



1743


Amiga muitas vezes
A vida nos propõe
Em lutas, mil reveses,
E nisso se compõe
As forças destas teses
Aonde amor se põe

Qual fora solução
Que tanto procuramos,
Nessa vegetação
Nascendo em novos ramos,
Seguindo a direção
Pra onde preparamos

Os sonhos mais falazes,
Em dias mais audazes...



1744


Amiga na verdade
Eu nunca te esqueci
Pois sei que a claridade
Está junto de ti,

Viver esta verdade
Que sei que existe aqui,
Poder de uma amizade
Sempre reconheci.

Agora não me canso
Jamais de te dizer
Que a sorte em que eu avanço

Mostrando o meu prazer
Transmudado em remanso
Jamais vou esquecer...


1745


Amiga não há dor que seja eterna
Assim como também felicidade.
A vida se mostrando amarga e terna
Nos mostra com certeza, a realidade.

Porém um coração quando se hiberna
Se esquece de viver: fatalidade!
Por isso muitas vezes alma inverna
E morre sem ter tido qualidade...

Da dor que nos tocou raiou o sol,
Vibrante, irradiando a terra inteira.
Servindo como lema, qual farol,

Porém a chuva veio sem clemência.
O sol renascerá de outra maneira,
Bastando ter somente paciência...



1746

Amiga não invejes mais ninguém,
Às vezes um sorriso só disfarça
Do nada tanto nada sempre vem,
Fingindo ser feliz quem já se esgarça;

Vazio sem sequer saber um bem,
Tentando se esconder de uma desgraça
Na busca da alegria, que não tem;
Volúvel e tão frágil se esfumaça...

Assim há tanta gente neste mundo
Que tenta demonstrar felicidade.
Se perdem da verdade em um segundo,

Sorrisos mentirosos, todos falsos,
Distante do que for sinceridade,
Preparam os seus próprios cadafalsos...


1747


Amiga; não mais falas
Das ânsias que me trazes
Das sortes tão vassalas
Da vida em tantas fases
Dos passos mais audazes
E o tanto que avassalas
Tocando com mordazes
Caminhos, sortes, salas.
Esqueço o que pudesse
E vejo esta benesse
Ousando muito além
Do passo sem sentido
E quando amor; lapido
O tempo em sonhos vem.




1748

Amiga não me importa o que fizeste
Tampouco o que fizeres pela vida.
Carinho gigantesco nos reveste
E tenho em ti a sorte mais querida

De ver quanto poder de ti se emana
Decerto, uma pureza que é sem par.
Na força da amizade, soberana,
Eu posso te dizer: é bom te amar

Em cada novo dia, reconheço
O quanto que és leal e boa amiga.
Deixando já de lado este tropeço
Minha alma na tua alma enfim, se abriga.

E vamos de mãos dadas sem temores,
Aguando este jardim em belas flores...



1749


Amiga não permita a tirania
Que certas amizades nos impõem.
Castrando assim a nossa fantasia,
Aos poucos asfixia e decompõem.

Mordazes sentimentos não combinam
Com doces emoções e tanto apego.
As vidas tão unidas se destinam
A transmitir a paz e o sossego.

Eu quero teu carinho libertário,
Não quero teu amor que me sufoque.
A lágrima não cabe no cenário,
Uma amizade busca um outro enfoque.

Eu quero a plenitude sem tormento,
Não quero uma fogueira em fogo lento...



1750


Amiga não permita que esta dor
Invada um coração deveras puro.
O mundo em que trafega um sonhador
Não pode ser cruel, tampouco escuro.

Eu quero que tu saibas do valor
Do sentimento imenso em que procuro
Rever a nossa vida e recompor,
Amaciado um chão deveras duro.

É preciso paciência pra lutar
E também esquecer o sofrimento.
Às vezes nem o brilho do luar

Clareia nossa vida num momento.
Mas saiba que é preciso sempre amar
Calando com vigor cada lamento...




1751


Amiga não se deixe derrotar
Pelos medos da luta e da batalha,
Teus raios são tão fortes, um luar,
Que em mansidão e paz, ao longo espalha.

Em ti tanta certeza de lutar,
Que invejo tua garra que não falha,
Não deixo minha amiga de te amar,
Para isso meu amor sempre trabalha.

Não deixe de saber quanto te quero,
E tanto que confio nos teus braços.
Por mais que o desafio, negro e fero,

Às vezes não concede um só segundo
De paz; eu estarei; estreitos laços,
Contigo nem que seja em outro mundo...



1752


Amiga não se esqueça da bonança
Que toda tempestade já promete.
Um laivo de alegria e de esperança
Na história que pra sempre se repete.

Cansaço que surgir depois da dança
Deixando na cabeça só confete,
A noite sem parar, depressa avança,
Mas que isso nunca fira nem afete

O gosto do prazer que tens agora,
Quem sabe guardarás raro confeito,
Se toda uma alegria não demora,

Durante certo tempo satisfeito,
Teu mundo na saudade revigora,
Amar será pra sempre, teu direito!



1753


Amiga não se esqueça de que o bem
Deve ser pela terra semeado,
Por vezes caminhamos sem ninguém
Somente da esperança ladeado.

Amiga não duvides de que o mal
Tem raízes no bem que não se fez;
Fazer o bem de modo natural
Sem dúvidas, perguntas ou talvez.

Nós somos tão culpados da omissão
Que causa o sofrimento de quem pede
Apoio. É necessária a solução
Dos problemas que a vida não impede...

Amar;fazer o bem é conceder
Uma esperança nova de viver...


1754

Amiga não se esqueça quanto vale
A doce fantasia em que mergulho.
Não tendo na amizade algum orgulho
Não temos quem nos vença ou mesmo cale.

Sem ter qualquer problema que me abale,
Supero em mansidão um pedregulho,
Por mais que tumultuem, do barulho
Escuto a calmaria que assim fale

Dos dias que teremos pela frente,
Sem medos ou segredos, vou contigo.
Ao ter esta alegria que acalente

Terei a força plena que me invade
Servindo no final de calmo abrigo,
As mãos desta fantástica amizade...



1755


Amiga não se esqueça
Que o verso que te faço
Passando na cabeça
Estende-se em meu braço

E faz com que se aqueça
O corte feito em traço
Navega cada peça
Causando este embaraço

Aonde amor tropeça
E rompe cada laço.
Não há nada que impeça

Nem mesmo o meu cansaço
Que o tempo enfim se meça
Moldando cada passo...


1756


Amiga não te sinta assim tristonha
Quem sabe novo dia nascerá!
Deitada mansamente já se enfronha
A noite que por certo passará.

Eu sei do teu amor, foi gigantesco.
Decerto não sabias do final.
Agora a madrugada traz dantesco
Pesadelo vagando todo o astral...

Cresceste enamorada desta sombra,
Do príncipe sonhado nada sobra.
Fantasma deste amor inda te assombra
A vida tanto dá quanto te cobra.

Me resta, disto tudo, uma certeza.
Não houve sequer príncipe; princesa!



1757


Amiga nesta data em que completas
Um ano a mais de vida eu te desejo
Estradas tão perfeitas e diletas
Num vento sempre forte e benfazejo.
-
Que cumpras teus destinos, tuas metas.
Aproveitando, agora deste ensejo
Que o amor que com certeiras finas setas
Inunda a tua vida sem ter pejo.

Que a sorte assim prossiga iluminando
Caminhos que escolheste para ti.
Que sempre tu persistas, triunfando

No sonho que se faz tão necessário,
É tudo o que desejo, amiga aqui,
Nos votos de feliz aniversário.




1758


Amiga no teu passo um caminheiro
Encontra todo apoio necessário
O vento que batendo, vem contrário
Não move sequer palha no palheiro.

Além deste prazer que é costumeiro
Tua amizade mostra quanto é vário
Um sentimento nobre e verdadeiro
Unindo estes dois rios no estuário.

A força da amizade verdadeira
Consegue desmontar qualquer tocaia
Por mais que num momento a gente caia

Mais fortes ressurgimos, isso é fato.
Por isso eu te agradeço, companheira
E cada vez mais forte em ti eu me ato...



1759


Amiga nos teus versos belo canto;
Espelham tanto amor sem alegria...
São tristes e me falam deste pranto
Que em puro desencanto, chora o dia.

Nas nuvens que pintaste no teu céu,
Virá por certo, um dia, a solução
Nas asas tão benignas do corcel,
Que sempre te trará uma emoção.

Não mate essa ilusão de ser feliz,
O mundo se arremata em lua nova.
Nem sempre se perder o que bem quis
Impede uma alegria posta a prova.

Renove teu sorriso, se preciso.
Nos rastros deste amor, o paraíso!



1760


Amiga numa química divina
Tu sabes quão te quero e nunca nego.
Por ondas telepáticas navego
Na busca de um tesouro em rara mina.

Às vezes imagino que outra sina
Me levará incerto e quase cego
A um mundo sem futuro. Mas carrego
Teu canto que me apóia e me fascina.

É bom saber que estamos lado a lado
Tentando mitigar os desenganos
Fazendo que se aflore a liberdade

De quem teve seu sonho destroçado;
Que sejam sete mil em duos planos
Para selar com fé nossa amizade.



1761


Amiga nunca segue em solidão,
Tampouco se adianta numa andança
Ao lado na perfeita proteção,
Aonde o braço firme sempre alcança

Conhece o bom sentido do perdão,
Espelha em seu amigo uma esperança.
Garante com firmeza, a floração
Promessa de alegria e de mudança

Uma amizade feita em pulso forte,
Aponta com firmeza para o norte
Rompendo desde já velhas algemas.

Porém se caminhamos solitários
Em passos inseguros, temerários
Por vezes, encontramos os problemas.



1762


Amiga o meu versejo mais ousado
Se faz em amor pleno e sem limites
Pois sei que tanto amor a ser louvado
Demonstra o que mais quero que acredites.

Num coração tão puro e benfazejo
Amiga me trouxeste qualidade
Além do que pretendo, e que desejo,
Versificando sempre uma amizade...

Vibrante sensação em esplendor
Ao canto sonhador já dá guarida.
Mesmo que nos transtorne a dor da vida,

Acima deste sonho, vivo amor,
Esplêndida emoção que se divida,
Brotando em nosso peito sonhador....

1763


Amiga o teu cantar me faz liberto
De todas as algemas do passado,
Um passo que já foi um tanto incerto
Encontra-se em teus passos aprumado.

Aguando em tempestade este deserto
Formando cachoeira encontro o Fado,
Deixando o coração pra sempre aberto,
Num sonho tão feliz, imaginado.

Agora realidade se faz nobre
E deixa a fantasia por um triz.
Mal chega a tarde, a luz que assim me cobre,

Permite uma esperança em cada verso,
Amiga, na verdade eu sou feliz,
Buscando o paraíso no universo...



1764


Amiga passo a passo caminhamos
Em trevas e medonhas tempestades.
Nas pedras do caminho nós achamos
As forças tão contrárias das maldades.

Às vezes pedregulhos desviamos,
Em outras sobressaem calamidades
Não temos nem senhores, donos, amos,
Nossas lutas procuram liberdades.

As mãos não levam armas, calejadas,
Pois sabem que esta força está conosco.
Por mais que o dia surja opaco e fosco

Nossas almas irão mais desarmadas
Poder que nos uniu já traz potência
É feito de amizade, amor, clemência...


1765

Amiga poetisa de primeira,
Teus versos poderosos sempre agradam;
Além de ser a boa companheira
Que todos que precisam, sempre aguardam...

Tens a magia intensa que conquista
Com força e com vontade e mais tenaz.
Tu tens poder intenso duma artista
Que sabe bem por que, como se faz...

Eu rendo-te homenagens bem sinceras
De quem sempre te lê e sempre gosta;
Palavras, alquimia que temperas,
Teus versos iluminam toda a costa

Do Paraná e, um dia, do Brasil,
Ledalge, Núria, és mais, bem mais de mil!



1766


Amiga que encontrei nesse recanto
E trouxe para mim, muita alegria.
Receba com carinho este meu canto
Em forma de canção e poesia.

Tu trazes em teus versos tal leveza
Que sempre me encantou, amiga minha.
É bom ser teu amigo, com certeza,
Eu gosto do teu canto linha a linha...

Por isso te ofereço este soneto
Que faço neste dia em pleno sol,
Desculpe-me esta audácia que cometo,
Pois sei que merecias um de escol.

Mas saiba que traduz toda alegria
De ter-te como amiga, Ana Maria.



1767


Amiga que te quero bem amada,
Nas fímbrias deste amor, caminho vago.
Sorvendo cada gota imaculada
Deste carinho imenso, bom afago.

Benesses recebidas, adorada,
Nossa amizade bebo em cada trago.
Vencendo cada dia, uma alvorada,
Corrige esta tristeza, duro estrago...

Não vejo outra saída, senão ser
Amigo que tu queres, companheira.
Nas horas em que queres meu prazer,

Tomando as tuas mãos, tanto carinho.
Bebendo tua fonte, sede inteira,
Convido a conviver no mesmo ninho...


1768



Amiga que te quero
A cada nova sorte
Aonde se conforte
O mundo onde é sincero

Caminho onde tempero
Deveras nosso norte
E o quanto me conforte
Vivendo o quanto espero

Quando alusivamente
A dita não desmente
O sonho mais feliz.

Imola-se o sondar
Da vida sem luar,
E o passo onde não fiz.



1769


Amiga quem me dera um nadador
Nadasse pelos rios da saudade
Mostrando que este mar revelador
Não guarda nem a sombra da verdade,
Fazendo o que quiser de um velho amor
Morrendo por demais salinidade.

A língua que passeia nesse seio
Mordendo o céu da boca da alegria.
O fogo que não sei se mais ateio
Marejo nesta mesma melodia
Que fala deste amor onde incendeio
E morro sem saber, dia após dia.

Vem logo, não disfarça minha amiga,
Que o amor que já se foi nunca me abriga...


1770


Amiga querida
Dos tempos de guerra
A noite descerra
Por sobre esta vida,

Que fora perdida,
Sem rumo, já berra
A noite se encerra
Em paz repartida.

Viemos do nada
Jardim morreu flor,
A noite cansada

Matando um amor,
Mas vem alvorada
Tudo recompor...



1771


Amiga quero o beijo mais gostoso
Da boca tão divina que promete
A sensação perfeita feito um gozo
Que à eternidade logo me arremete.

Sabendo deste sonho caprichoso
De ter amor ao qual vida acomete
Fazendo este carinho tão dengoso,
Que venha e que decerto amor injete.

Não quero ser somente amada amiga,
Aquele que redime tuas dores,
Permita-me colher em teus amores,

A sorte que se tem e que me abriga,
Vem logo e vê se pára de frescura,
Que eu quero o teu amor, doce ternura.



1772


Amiga refazendo em cada verso
Aquilo que sonhei, em luz serena,
Carinho, eu nunca soube que envenena,
Muito ao contrário, salva este universo.

Não deixe que algum sonho mais perverso
Transmude uma palavra mais amena,
A sorte em tua vida, sempre plena,
Jamais permitirá sonho diverso

Daquele que decerto foi o guia
Que leva ao teu olhar a mansidão,
Prefácio de uma vida em emoção,

Que nos redima e trague a cada dia,
O verso mais perfeito, o do perdão,
Que emana de um amor, e o irradia...



1773


Amiga se teu bem já foi-se embora
Deixando a solidão por triste herança,
Meu colo eu te ofereço desde agora,
Palavras que te digo, de esperança.

Uma alma tão tristonha sempre chora,
Guardando tantas coisas na lembrança.
Porém quando amizade já se aflora
O dia se decora em esperança...

Vencer a dor cruel de uma saudade,
Trazendo um doce abrigo como amparo,
Nos braços tão mais firmes da amizade,

Percebo ser possível ser feliz.
Embora sei que o mundo reste amaro,
Terás comigo, amiga o bem que quis...



1774


Amiga tais feridas nos revelam
Que a dor se fez cruel em outros dias.
Por vezes pensamentos que se atrelam
Não mostram na verdade o que querias.

Nos alazões do sonhos que se selam
Percorro com certeza, fantasias.
Nas mortes de esperanças que se velam
Fracassam novamente as alegrias...

Mas saiba mesmo em fúnebre cortejo,
Uma amizade sempre sobressai.
Guardando no seu cerne este desejo

De ser além de tudo, sempre mais.
Porém uma amizade, quem a trai
Não terá novamente paz jamais...



1775


Amiga tantas vezes esbocei
O teu retrato em formas tão diversas
Bem sabes que no fundo eu procurei
Te conhecer usando estas conversas

Que já tivemos. Nunca te encontrei
Quebra cabeças mostra em suas peças
Além do que num dia imaginei
Em palavras e frases tão dispersas.

Os pântanos guardados dentro da alma
As rochas que protegem teu recanto.
Um poço já lacrado no passado

Porém tua presença sempre acalma
E venho agradecer, mas; entretanto,
Queria amiga estar sempre ao teu lado....



1776




Amiga tantas vezes trucidamos
Vestígios da pantera solidão,
Rasgando o ventre imundo penetramos
Roubando desta sorte o meu quinhão

Marcados pelos dias que passamos,
Adentro com vontade o furacão
E rasgo os seus olhares, velhos amos,
Que impedem a total revolução.

Não quero mais o gozo em falso guizo
Tampouco quero ver sua outra face
Deixando para trás qualquer aviso

Do podre que bebi insanamente
Que a vida assim jamais de novo embace
Na trôpega ilusão, divina mente...



1777

Amiga tão amada e tão querida
Meus versos necessitam do carinho
Do corpo delicado que em guarida
Não deixará decerto eu ir sozinho,

Achando no momento uma saída
Vibrando de prazer em nosso ninho,
A noite sem você, tão dolorida,
Vem logo me aquecer neste cantinho.

O beijo delicado em alvoroço,
A mão que sabe dar muito prazer.
Sentindo o seu respiro em meu pescoço,

Amiga, venha logo, estou aqui,
Buscando todo o sonho que vivi
À espera, novamente, de viver.


1778

Amiga tão amada
A vida dita o prumo
E quando eu me acostumo
Seguindo a mansa estrada
Adentro esta alvorada
Da sorte inteiro o sumo
Deveras não resumo
Aonde fiz a estada.
Meu passo se redime
Em tom claro e sublime
Vagando sem temores,
Cerzindo esta esperança
Meu sonho agora avança
Por onde tu te fores.



1779


Amiga te encontrar em meus caminhos,
Teu braço benfazejo e companheiro.
Dois corações buscando pelos ninhos
Num dia mais feliz, alvissareiro.

Nos dedos salpicados de carinhos,
Teu colo, tão macio travesseiro.
Bebendo essa alegria em raros vinhos
Do bem que se tornou mais verdadeiro.

Atravessar as pontes da esperança
Unidos para sempre em doce encanto.
Nos olhos que se fixam a aliança.

Palavras de consolo e de alegria
Secando para sempre o triste pranto,
Nascendo neste amor do dia a dia...



1780



Amiga te encontrar
Aonde nada havia
Sequer a fantasia
Imersa num luar
Vagando céu e mar
A sorte eu poderia
Além do que traria
No todo mergulhar,
Servindo a quem eu amo,
O tanto dita o ramo
E a fronde da esperança,
No passo mais sutil
O amor que já nos viu
Ao todo em paz se lança.




1781


Amiga tua mão tão carinhosa,
Em dádivas diversas, se apresenta.
Arranca mil espinhos de uma rosa,
E traz uma emoção quando se assenta

Nos ombros de quem pena pela vida,
As dores tão cruéis que se ofertaram,
Ajuda a encaminhar quando perdida,
As sendas dos que tanto amarguraram

Os erros cometidos no passado,
As quedas e os tropeços no caminho,
Amiga, no teu passo, emoldurado,
Os símbolos tão puros do carinho...

As dádivas se feitas com amor,
Já dobram, com certeza, de valor...



1782


Amiga tua voz calou bem fundo
Dentro do meu peito sem alento.
Um sentimento belo e tão profundo
Vibrou no coração neste momento.
Vagando do teu lado me aprofundo
Dou asas ao liberto pensamento...

E quero que tu venhas nesta estrada
De sorte que não tenhas mais segredos,
Refaça nossa vida em alvorada,
Distante dos antigos, maus enredos,
A vida que se mostra anunciada
Se faz em fantasia, mata os medos...

Amiga vem comigo pr’esta estrela
Que feita de teus olhos; como é bela!


1783


Amiga tua voz
Gerou em concordância
A vida em tolerância
Aonde fora atroz,
E sei agora em nós
O tanto em elegância
Da enorme discrepância
Agora a mesma foz.
Viceja em claridade
O quanto nos invade
E gera o que se fez
Marcando cada passo
Enquanto o rumo eu traço
Na vaga sensatez.



1784


Amiga uma alegria assim me invade
No canto em que demonstras que um jardim
Brotando deste amor que existe em mim
Transcorre no perfume da amizade.

Espero sempre ter felicidade,
Embora sei que a dor existe enfim,
A vida tantas vezes traz maldade
Mas vale sempre a pena, até o fim.

Renovo meu amor em cada verso
E faço deste sonho, o meu quinhão.
Por mais que o mundo seja tão perverso

Amar, traz todo dia uma lição.
No grito que hoje solto, um universo
Que é feito em alegria, em emoção...



1785

Amiga verdadeira
Eu peço num segundo,
O sonho mais fecundo
Que tive a vida inteira.

Num vale tão profundo
A sorte derradeira,
Se mostra companheira
No amor no qual me inundo.

Eu vejo uma esperança
Em cada verso novo,
Nos olhos do meu povo,

A sorte enfim avança,
Salvando esta criança
Na qual amor renovo...



1786


Amiga, eu me recordo de uma história
Contada sobre um velho fazendeiro
Se é pobre no saber; rico em dinheiro
Por isso mesmo imerso em tanta glória,

Se não me falta enfim, minha memória
O caso foi no Rio de Janeiro,
Depois de ter passado o dia inteiro
Com fome insuportável, merencória,

No centro da cidade, num domingo,
Após ter apostado algum no bingo,
Só encontrou, pra sua decepção

Barraquinhas do tal cachorro-quente,
Comer um bicho desses! Fome é urgente,
Porém este pedaço? Quero não...


1787


Amiga, me proteja da tempesta
Que surge em dia triste e tão adverso.
Quem dera se eu pudesse ter a festa
Mudando todo o rumo de meu verso.
Apenas uma angústia, aqui, me resta,
Algoz, um sentimento mais perverso.

Viver um sonho novo de alegria,
Feito em mil carinhos, na verdade
É tudo o que meu peito mais queria,
Porém ao pressentir a tempestade,
A noite vai ficando bem mais fria,
Só me resta, talvez, tua amizade.

Não deixe que retorne a solidão,
Mortalha que maltrata o coração...


1788






Amiga, tantas vezes o meu verso
Que é feito qual repente sertanejo,
Saindo do meu peito vai disperso
Sozinho, demonstrando o que eu trovejo.
Vagando sem ter eco no universo
Distante do que eu canto, sem desejo...

Amar a própria vida sem temor
De um dia ter partida como guia
Coração repentista e trovador,
Ao verso delicado já dizia
Da doce sensação de ter amor,
Meu mote preferido em poesia.

Nascendo, devagar, com emoção,
Banhado pela cor do coração...



1789


Amiga, me trouxeste essa amargura.
Tristezas e saudades me roubaste...
Nas horas que passei, a vida escura,
Meus beijos sem malícias, me levaste...

A vida se passava sem ternura...
Num átimo num lúdico contraste,
Cobriste minha vida, vida dura.
Fizeste dessas dores, ledos trastes...

Amiga, que farei sem poesia?
Não deixaste sequer um só tormento.
Acabaste com todo sofrimento.

Minha vida morreu, sem fantasia...
Baios, os meus cavalos, num momento...
Cavalgam tua bela melodia!



1790


Amigo, é sempre bom falar contigo
Vieste em redenção a nos mostrar
Que o sonho mais feliz traduz abrigo
Justiça com bondade em novo amar.

Distante do que pensas, não consigo
Muitas vezes sequer já perdoar
Aqueles que vestindo um deus antigo
Insistem tão somente em deturpar

Cada ensinamento que trouxeste
Em paz, amor, perdão e caridade.
No teu aniversário vendem tudo,

Brinquedos, aguardentes... Faça um teste,
Procure se inda existe uma amizade...
Desculpe bom judeu. Eu não me iludo.


1791


Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.

Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.

Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...

Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!



1792


Amigo, eu te confesso este deslize,
A gente deve ter bom apetite,
Mas saiba que passando amarga crise
A fome desconhece seu limite.

Por mais que a fantasia ainda alise,
Estômago feroz com força grite
Mais rápido que toda imensa lise
Não quer obedecer, ouvir palpite...

Incrível que pareça não consigo
Parar de desejar a sobremesa,
Eu sei quanto isso traz tanto perigo

A quem com diabetes não devia,
Porém sem ter juízo, farta mesa
Empaturrado esqueço até da azia...




1793


Amigo, é sempre bom poder contar
Com apoio na dura caminhada,
Vencendo sem temor cada jornada
Buscando em tantas trevas, o luar.

Difícil de poder se imaginar
A mais distante e lúdica alvorada
Sabendo tantas urzes nesta estrada,
O tempo sei que não pode parar...

Meus versos tão comuns e maltrapilhos
Porém os sonhos seguem andarilhos,
Bebendo deste bálsamo supremo

Que mostra o real valor de uma amizade,
Da qual se emana a luz da liberdade
Maná do qual encontro o bem extremo...



1794


Amigo, tantas vezes, complicado
Saber dos nossos erros, mas permita
Que a vida depurando a dura brita
Demonstre o diamante lapidado.

Ouvir do coração, cada recado,
Cevando a flor mais rara e mais bonita,
Vestindo mil estrelas sobre a chita,
Na doce sensação de acetinado.

Semente transformada em alimento,
Momento de ternura, dança e festa,
O amor que nossa vida reina e gesta

É fruto da alegria, nosso ungüento,
Curando qualquer chaga; cicatriza
Soprando sobre nós a mansa brisa...



1795


“Amigo, por favor leve esta carta”
Heróico decassílabo, tal verso
Que mostra o soberano mar diverso
Do qual a poesia não se aparta.

A mesa dos poetas sempre é farta.
O canto, mesmo às vezes tão disperso
Permite mergulhar e estando imerso
No amor, felicidade não descarta...

Este verso: “eu não sou cachorro não”
Redondilha maior: eu te garanto,
Que toda a maravilha deste canto

É feita com exata precisão.
Por isso jamais torça o teu nariz
Pra quem soube expressar o que amor diz...



1796


Amigo, na verdade, o tempo passa
E nada modifica-se na Terra.
Imagem carcomida pela traça
Insânia feita em fome, medo e guerra.

Miséria no planeta ainda grassa,
Lobo engole o cordeiro que não berra,
O povo se confunde, mesma massa,
A mão destes padeiros jamais erra.

Iguais nas injustiças, poderosos,
Senzalas modernistas, as favelas,
Abutres, urubus, tocaia, espreita.

Os corações são solos pedregosos,
Que faço destes barcos que sem velas
Naufragam, quando a súcia se deleita...



1797


Amigo, que ironia a dessa vida
Que faz com que percamos a estribeira,
Não há sequer verdade derradeira
Nem mesmo o labirinto traz saída.

A sina sendo sempre descumprida
Aumentando o piston na gafieira
Eu luto sem ter luto a vida inteira
E a cada novo encontro outra ferida.

Ricaço quando preso não algemo,
Porém pobre ladrão é na porrada.
As ordens que são dadas no Supremo

Demonstram que a justiça além de cega
Agora tendo a mão sempre algemada
Em mar tempestuoso se escorrega...



1798


Amigo, na verdade o que me importa
É ter tanta amizade em poesia.
Abrir do coração, somente a porta
Acórdãos de emoção, farta alegria.

O sonho, o dia-a-dia, já se aborta
De ter além do verso, a galhardia,
Eu quero ter somente o que se aporta
Do braço que amizades irradia.

Abraço em cada verso que tu fazes
Completa sensação que vale a pena
Correr em peito aberto, a minha pena

Podendo vislumbrar em fortes bases
Futuro que ora almejo. Tão somente
Colhendo o que plantei, mansa semente...



1799


Amigo, não destruas tua vida,
Permita que se vá quem te magoa.
O sol sobrevivendo à tal garoa
Trará em luz intensa, uma saída.

Nos braços desta sórdida falena
Decerto sofrerás e não mereces,
Escute companheiro, minhas preces,
Aonde uma esperança já se acena

Mudando a direção dos sentimentos,
Raiando um novo dia, com certeza.
Calando em calmaria estes tormentos,

É tudo o que desejo, meu amigo,
Ouvindo sempre a voz de quem te preza,
Pois ela, há muito tempo está comigo...


1800

Amigo, desse jeito não dá certo
A gente não consegue ser feliz
Mantendo o coração sempre deserto
Restando tão somente a cicatriz.

Se eu tento e quase louco assim desperto
O céu renascerá, decerto, gris.
Porém mantendo o peito enfim aberto
Terás tudo o que sonhas. Até bis.

Roubando da alegria seus cristais
O sonho não voltando nunca mais
O fim será terrível, eu garanto.

Por isso, companheiro, nunca mude
Não deixe o coração ficar mais rude
Não legue à fantasia um vão quebranto...

1801

Amigo, há quanto tempo não te vejo.
Eu tenho tanta coisa pra dizer,
Do sonho de um amor que sem prazer
Deixou já bem distante o meu desejo.

Aproveitando o raro e bom ensejo
É necessário sempre perceber
Que a vida nos tomando me faz crer
Que esta amizade é feita sem ter pejo.

Apego-me ao passado vez em quando
Tentando um ar que seja ao menos brando,
Embora o coração esteja aberto

Ao vento que virá em temporal,
Porém nossa amizade, sem igual,
Garantirá o oásis, estou certo...


1802

Amigo, beba um trago, vem comigo,
Depois de tantos anos te encontrei.
Mal posso te dizer do que passei,
O amor que um dia eu quis, virou castigo.

Um velho camarada, o desabrigo,
Voltando à minha vida dita a lei,
De tudo que aprendi mais nada sei,
A paz é tudo aquilo que persigo.

Querendo ou não querendo, dei azar.
Sabendo quanto é duro procurar
Por quem nos dê carinhos e atenção.

A lua que eu sonhava, devolvi,
Eu peço meu amigo, a ti perdão,
Sabendo que um amparo encontro aqui...



1803

Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro


1804


Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.

Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.

Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...

Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!


1805

Amigo, eu te proponho novos versos
Que falem de esperança e de alegria.
Por mais que sejam tristes e diversos
Os dias se renovam, fantasia...

Passando pelos astros, universos
Se mostram encantados, poesia.
Se os medos se perderam, tão dispersos,
Um novo mundo, a sorte prometia...

Palavras que vão soltas, liberdade.
Nas asas dos sonetos que tu fazes,
O sonho se mistura à realidade.

Por isso, companheiro se permita,
Que a vida te trará em outras faces
A vida na verdade, mais bonita...


1806


Amigo, quando a vida enfraquecer
Teus passos e estiveres mais cansado,
Vontade de parar e de morrer
Verás que estarei sempre do teu lado.

Quando não tiveres mais prazer
E te sentires só e abandonado
Teu peito por tristezas maltratado,
Neste momento irás já perceber

Meus braços estendidos como ponte
Por sobre um mar em plena tempestade.
Abrindo ao teu olhar belo horizonte

Secando cada lágrima escorrida,
Verás todo o poder desta amizade,
Trazendo tanto alento para a vida...


1807



Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro



1808


Amigo, uma esperança traiçoeira
Por vezes nos maltrata mais que tudo.
Buscando esta ilusão a vida inteira
Sentindo o coração assim, miúdo,

Quem sabe se esta sorte costumeira
Derrame todo o sonho em que me iludo,
Nos mostre uma outra luz mais verdadeira
Que nunca nos pergunte: se, contudo...

Apenas a certeza salvará
Um coração que esvai-se, amor incerto.
Mas veja que outro dia chegará

E a chuva da promessa então nos traga
A solução perene pro deserto
Na mão que nos sacia enquanto afaga...



1809



Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanimes, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro



1810

Amigo; esta cadeira te pertence
É nela que escrevi meus versos duros.
O sonho de viver já não convence,
Os dias com certeza, mais escuros.

Por isso tantas vezes peço, pense
No quanto que enfrentamos altos muros.
Por mais que algum prazer nos recompense,
Não vale mais viver tantos apuros.

Mas deixo-te a cadeira como herança
Apenas um resquício de lembrança
De quem amou demais e não sabia

O quanto era importante o novo dia
Que é feito em harmonia, em esperança,
Palavras que esqueci, sem poesia...



1811

Amigo, a podridão já se descobre
Debaixo deste amor que não mais quero,
Por mais que na verdade amor me sobre
No sabre que ela esconde, eu me tempero.

Amor que não valeu sequer um cobre,
Restou inerte e frio, cego e fero.
E enquanto resistindo, já me cobre
Cadáver insepulto que venero...

Amigo, como é bom saber que existes,
Meus dias não serão, decerto tristes
Existe a lealdade, isso é o que conta.

Os olhos que ela um dia tomou conta,
Ainda resistindo podem ver
Apoio que me faz sobreviver...



1812


Amigo, é bom saber que tu existes,
E eu agradeço a Deus pela presença
Em dias que passei, outrora, tristes
Encontro nos teus versos recompensa
Um pássaro sonhando com alpistes,
Canto que satisfaz; ternura imensa,

Poeta de mão cheia, camarada,
Admirando teus versos num soneto.
Amigo, companheiro de jornada,
Em sonhos ao que cantas me arremeto
E vejo quão é bela uma alvorada
Completo emocionado este sexteto,

Dizendo neste dístico final,
Gonçalves, dentre os Reis, o maioral!



1813

Amigo, tantas vezes ilusões
Nos tomam e transtornam nossos passos.
Roubando a sensação destes abraços
Perdidos em antigas emoções...

Marcados pelos crivos das paixões,
Sequer sobraram sonhos nem mais laços,
Os olhos fugidios, tristes, baços,
Na seca que nos toca os corações.

Mas vejo uma esperança além do cais,
De um dia renascermos bem mais fortes.
Amores que se foram sem ter nortes

Talvez ressurgirão no fim do dia.
Não reconheço a dor do nunca mais,
Restando dentro em mim, a fantasia..



1814

Amigo, em cada passo, uma certeza
Que o torna insuperável, não discuto,
Amar é se levar em correnteza,
Amor, material decerto bruto

Aonde é necessário o lapidar
Pra que surja essa jóia nem mais rara,
Amigo não precisa perguntar,
Por si, sem ter cobranças nos ampara.

Assim, querida eu vejo esta distância
Que pode ser, garanto, superada,
Do amor ao se matar toda a ganância
Uma amizade surge em alvorada

Que queima, mas não corta ou dilapida,
E assim já glorifica nossa vida...


1815

Amigo, eu sei que é dura uma saudade

O amor nos conduzindo, muitas vezes

Nos rouba sem saber, felicidade

Por dias, por semanas ou por meses...



Eu também já passei por dissabores

Bem sei quanto é cruel a solidão!

A vida vai chegando aos estertores

A morte nos parece solução!



Amar demais traz sempre este tormento,

Cortando em nosso peito, a desventura.

Sangrando vilãmente em sofrimento

A vida nos parece uma tortura.



Porém não desanimes, companheiro,

Um novo amor virá, mais verdadeiro


1816



Amigo, me proteja quando a vida
Trouxer em artimanha encruzilhadas
Ao permitir que eu siga por estradas
Aonde a luz perene enaltecida

Não deixa sua marca ser sentida
E as trevas falsamente iluminadas
Levando para os ermos, disfarçadas,
Fechando para nós toda a saída.

Somente a tua mão conduzirá
Com firmeza ao portal do paraíso,
E toda uma alegria que há por lá

Mostrada em amizade soberana,
No passo decidido e assim conciso,
Toda a felicidade enfim, se explana...



1817


Amigo, com certeza são terríveis
Os dias em que, duro e circunspeto
Trazendo em nosso peito um mal secreto
Ficamos ao revés, bem mais sensíveis.

Bizarras sensações incoercíveis
Tomando e maltratando todo afeto
Tornando-nos piores que um inseto
Entregue às tempestades mais incríveis.

As feras nos ferindo em suas garras,
A dor vai se espalhando e nas fanfarras
Aumentam seus estragos, tristes trevas.

Porém ao percebermos que amizade
Acena com carinho e liberdade
As dores vão fugindo em várias levas...


1818


Amigo, não permita que teu verso
Se perca sem sentido, pois somente
Um canto que se mostre mais perverso
Atando em frios braços a corrente,
Deixando um horizonte tão disperso,
Ferindo o coração de toda gente...

A fonte da alegria deve ter
As cores da ilusão da poesia,
Atado nestes sonhos, meu prazer
Enxágua minhas dores, na alegria
As águas frescas quero, então beber,
Nos versos que trouxeres fantasia...

Amigo a vida vale sempre a pena
Quando um sorriso em paz, decerto acena..



1819


Amigo; na verdade uma verdade
Já morre na inverdade de assim ser.
À parte do que sei se a dor não arde,
Não vale a pena, mesmo assim sofrer.

O caos em que semeia iniqüidade
É feito do talvez ou sem querer,
O passo sem compasso na amizade
Condena o que não temos a perder.

E sigo num vazio feito em vão,
Na busca do quem dera, mas morreu,
Aos poucos vai se abrindo imenso chão

E o que eu pensara ter; jamais foi meu.
Ausência do não houve em desencanto,
Apronta e desnorteia qualquer canto...



1820


Amigo; bem mais fácil que tu pensas
Criar da podridão a flor perfeita,
Precisa-se; entretanto, ser aceita
Nas faces deformadas, recompensas.

A morte agradecida se às expensas
De todo misticismo sendo feita
Na cama que criares, já se deita
A lama das injúrias, das ofensas.

Assim são feitos todos os heróis,
Brilhando sobre nós como mil sóis,
Os homens mais perfeitos destes mundos,

Moisés, Jacó, Davi, são exemplares,
Capazes de traições em lupanares,
Consagrados, porém; no fundo, imundos...



1821


Amigo, compartilho do teu riso,
Pois vejo na alegria, mantimento,
Um mundo mais sagaz assim diviso
Palavras vão perdidas pelo vento

Mas vivo com certeza, tendo o siso
Que faz em cada frase, julgamento.
O tempo de viver vai sem aviso,
Por isso ser feliz, eu sempre tento.

E louvo em cada passo, todo segundo
Que é feito em fantasia e que se sente.
Nos passos que persigo, da amizade.

Eu posso caminhar por todo o mundo
Em companhia amiga que é excelente
E porta por si só felicidade...


1822


Amigo, tantas vezes em audácia
Mal percebia o rumo que entranhava,
Às vezes me perdendo na falácia
Nada do que quis eu encontrava,

Pensando ser feliz a queda vinha
E tudo o que eu tivera, simples sonho,
Mostrava que em verdade eu nada tinha
Senão um falso mundo tão bisonho.

Agora é que percebo que os conselhos
Que deste, com certeza com carinho
Não eram simplesmente torpes, velhos,
Alumiavam sempre o meu caminho.

E assim com dor e corte eu aprendi
Que o bem da lealdade encontro em ti.



1823


Amigo, no meu peito irei guardar,
Protegendo de tantas intempéries,
Não importando a luta a se lutar.
Amigo é coisa rara. Nunca em séries...

Nas noites tenebrosas, sem luar;
Nas horas mais difíceis dessa vida,
Quando não há mais porto pra atracar.
Quando não há sequer uma saída!

Quando esta vida sangra sem perdão...
Quando a dor vem, penetra com maldade
Quando estamos perdidos, solidão.

Quando estamos vagando na cidade.
Quando as portas se fecham... A amizade
Conhece as sete chaves, coração!



1824


Amigo, procurei tua navalha,
A carne necessita ser profana...
Não permita de Deus a nova falha,
Prefiro a podridão à doce cana.

Tua voracidade que trabalha
Esmagando meus ossos na roldana,
A morte enfrentarei, letal batalha,
Na lividez cadáver podre emana...

O câncer me consome metastático,
Espero meu final, parado estático...
Sorriso ameaçante finge cálido...

A mente não suporta essa exaustiva
Luta. Só me restando ficar pálido...
Nem a puta esperança resta viva!


1825


Amigo, é muito bom saber que existes,
Durante muito tempo imaginara
Não ter mais solução, os mundos tristes
Que sempre, em minha vida freqüentara.

Pensando que jamais encontraria
Alguém em quem podia confiar,
Uma amizade pura? Fantasia...
Ao ver-te comecei a imaginar

Que isto fosse possível, companheiro.
Um coração tão puro quanto o teu,
Difícil de se achar no mundo inteiro.

De tudo o que sonhei, célula máter,
Amor que se inspirou em Prometeu,
Um símbolo perfeito: bom caráter...



1826


Amigo, eu percebi o teu valor
Na hora mais exata em que caía
Por terra meu castelo encantador.
Aí eu percebi, pois logo via

Que todos me deixavam. Morta a flor
Nem mesmo o meu canteiro resistia.
De todo o bem que sei que ainda havia,
A seca foi demais, morreu amor

E tudo o que chamavam de amizade.
Pois foi nesse momento, quase vão,
Que eu encontrei decerto esta verdade

Que mostra bem de perto a realidade.
Vieste com apoio ou compaixão,
Tal qual fosse um parente, mais que irmão...


1827


Amigo, há quanto tempo necessito
Falar deste carinho que perdi...
Amor que se fizera tão bendito,
Depois de certo tempo... nem mais vi...

O canto em que louvara, mais bonito,
Perdendo todo encanto. Nada aqui
Senão meu triste olhar que no infinito
Procura pelo amor que recebi.

Na mortalha que cobre, solidão,
Percebo uma esperança de verdade.
Quem teve nesta vida, uma ilusão

Já sabe quanto é bom ter um abrigo,
Depois de toda a fúria, tempestade,
O braço solidário de um amigo...



1828


Amigo, reconheço meus defeitos,
São vários e jamais irei negá-los.
Por mais que nós tentamos ser perfeitos,
Sabemos onde apertam nossos calos.

Quem traz todos os sonhos satisfeitos
E sabe do poder de decifrá-los
Conquista seus amores todos feitos
Com jeito, preparou-se pra encontrá-los.

Mas sabe que ninguém é tão correto
Que possa, todo mundo criticar.
Perdão nunca é demais, e mostra afeto.

Eu não procuro amigos sem pecados
Isso eu bem sei jamais irei achar,
E os erros dos amigos? Perdoados....



1829


Amigo, tantos erros cometidos
Impedem se pensar que a solução
De todos os problemas envolvidos
Seja dada por velha explicação.

Os tempos que se passam, corrompidos
Em bases tão cruéis; escravidão,
Impedem que outros dias construídos
Demonstrem o caminho e direção.

Recomeçar em bases mais saudáveis
Caminhos que nos tragam igualdade.
Criando assim pessoas mais amáveis,

Desigualdades são insuportáveis,
Um novo mundo pleno em liberdade
Na fonte insuperável da amizade!


1830


Amigo; nos teus ombros me apoiei
E pude, desta forma ter visão
Maior do que jamais eu esperei
Podendo ver, do mundo, a amplidão.

Teus braços me guiaram pela vida
E sempre me ampararam; meu amigo,
Até quando a minha alma anda perdida,
Eu posso sempre estar; contar contigo...

Por isso, camarada e companheiro,
Eu tenho esta certeza da vitória,
Quem encontra um amigo verdadeiro
Já pode agradecer a Deus, a glória

De ser bem mais capaz e preparado
Pois tem um anjo bom, sempre a seu lado...


1831


Amigo, mesmo longe, tempo/espaço,
Eu tenho a sensação de que te vejo
E sinto toda a força do teu braço,
Na hora e no momento que desejo.

Por vezes quando a luta traz cansaço
E os olhos se perdendo em relampejo,
E a dor tão perigosa que prevejo,
Eu sinto que o calor de teu abraço

Não deixa a nossa vida se perder.
Amigo como é bom saber que existe,
E ti a sensação deste poder

Que faz a nossa vida alvissareira,
Nos enche de alegria em dia triste
Uma amizade pura e verdadeira...



1832


Amigo, neste teu aniversário
As festas não são nada, pode crer.
Tu és mais importante. Nada é páreo
Para a alegria intensa em te rever.

As datas só refletem calendário;
Porém uma certeza; posso ver.
O rio que procura um estuário
Não deixa nem as pedras o conter.

Por isso estou aqui para abraçá-lo
E desejar que tenhas noutros anos
A boa sorte sempre a contemplá-lo.

Viver não é só ter felicidade,
Quem pensa assim; sofrendo desenganos,
Reconhece o valor de uma amizade!


1833


Amigo, nunca tema ser feliz,

Felicidade; um bem que não tem preço.

É tudo o que na vida, eu sempre quis.

Talvez bem mais que tudo o que eu mereço.


No amor que não me quer qual aprendiz

Buscando qual a causa do tropeço.

Que fez com que perdesse seu matiz

Meus erros, eu bem sei cada tropeço.


Amigo, por favor; diga a quem amo

Que tudo que mais quero é seu carinho.

Por isso tantas vezes eu reclamo


Saudade de quem quero e me quer bem.

Quem dera se pudesse; um passarinho

Chegando ao seu ouvido, dizer: Vem!



1834


Amigo, tantas vezes me perdi
Em meio às mais diversas claridades.
Desculpe se magoei ou te feri
Mentindo ou te dizendo as inverdades

Com toda estupidez, só peço a ti
Que tenhas paciência. Sem maldades
Apenas me enganei e venho aqui
Pedir tua clemência. As liberdades

Permitem que te fale deste jeito,
Abrindo o coração e sendo franco.
Bem sei que não estás mais satisfeito

Mas peço-te perdão, querido amigo.
No lenço que te estendo, todo branco,
Vontade de viver em paz contigo.

1835

Amigo, nossa vida é uma batalha
Que sempre nos provoca e nos maltrata.
Vivemos neste fio da navalha,
A dor que nos entranha quase mata.

A vida não permite tanta falha
A queda violenta da cascata.
Na carne tantas vezes já se entalha;
As marcas que ficaram nos retrata.

Mas conto com teu braço e teu apoio,
Nas lutas que vierem, companheiro.
Com o tempo sabemos quem é joio

E também quem é útil e bom trigo.
Assim se reconhece o verdadeiro
Eterno companheiro; meu amigo...


1836

Amigo, sei tampouco de teu dia,
Mas sinto que tu tens honestidade,
Aprendo que viver em harmonia
É princípio vital de uma amizade.

Embora tantas vezes a alegria
Nem sempre quer dizer felicidade
Assim como uma plena sintonia
Não pressupõe qualquer sinceridade.

Porém sinto o bafejo dos bons ventos
Trazendo esta presença tão suave.
Espero que também esses momentos

Sejam de total aprendizagem.
Peguemos amizade, boa nave,
Que possa traduzir boa viagem...


1837


Amigo, não permita que a avareza
Tome conta da vida que terás.
Tomando-te, roubando uma clareza
Depois de certo tempo, matarás

A razão que nos permite ver beleza
Nas coisas que este mundo sempre traz.
Quem vive sem se dar, terá certeza
De como é impossível se ter paz

Aquele que não vive prá se dar
Não merece viver felicidade.
Tentando se esconder da luz solar

Mal sabe que sozinho, ninguém brilha.
Esquece que somente uma amizade
Constrói em fina troca, a bela trilha...


1838


Amigo, me desculpe, mas não posso
Deixar de te dizer que esta mulher
Que tanto desejamos cria um fosso
Enorme entre nós dois. O que vier

Será por mim aceito de bom grado,
Eu sei que talvez isso seja um fato
Que possa parecer bem complicado
Mas nada que nos traga um desacato.

Amores são assuntos bem diversos
E neles nunca fala uma razão.
Por mais que nossos sonhos vão dispersos
As ordens que nos dá é o coração.

Por isso, ao esperar que ela decida,
Mantenho esta amizade, tão querida...



1839

Amigo, nunca estamos mais sozinhos,
Os laços da amizade fortalecem
Aqueles que buscando os seus caminhos,
Conosco as esperanças, mesmas, tecem.

Sabendo que isolados, somos fracos,
Devemos nos unir, sem mais temer,
Por mais que nos pareçam serem parcos
Os recursos que trazem nosso ser.

Unidos venceremos as batalhas
Que a vida nos prepara, mil percalços,
Por mais que estas montanhas sejam falhas
Mesmo que nossos pés ‘stejam descalços...

A vida nos demonstra essa lição,
A força sempre vem de uma união...




1840



Amigo, não existe a perfeição.
Apenas procuramos lealdade
Que é feita do carinho e do perdão,
As bases para haver uma amizade.


Quem busca um ser perfeito ao ouvir não
Se perde sem saber toda a verdade.
Viver uma amizade, sensação
De ter e conceder a liberdade.

Não quero neste amigo uma influência,
Apenas confluência de caráter.
Uma amizade é feita em inocência

Sem ter outra intenção senão amor.
Da sociedade célula que é mater,
Mostrando a sua face e seu valor...



1841



Amigo, quando a dor nos toma assento,
Na frustração terrível nos perdemos.
Aquilo que se foi; perdeu-se ao vento;
Distantes; quase nunca mais sabemos.

O que era desejado num momento,
Perdido, talvez nunca mais queremos.
Um pulo, da alegria ao sofrimento,
Depois, passando o tempo; nem sofremos.

Mas quando conseguimos nossos sonhos,
Que tanto desejávamos; amigo,
Tornando-nos decerto mais risonhos,

E depois os perdemos, vão ao largo,
O doce que vivia aí contigo
Transforma-se num gosto mais amargo...


1842


Amigo, como é bom saber que temos
A sorte de encontrarmos raridades.
Por vezes me pergunto se sabemos
Cuidar com precisão das amizades...

Há tempos que quase não nos vemos,
Mas sei que em nossa vida, as liberdades
Sempre serão as mesmas que tivemos
Por tanto tempo. Vivas claridades,

As mesmas que guiaram nossos passos,
Trazendo tanta paz, tanto carinho,
Não deixam para a dor sequer espaços.

Por isso, nesta data natalícia,
Não quero mais te ver; assim sozinho.
Nossa amizade agora, é tão propícia.


1843


Amigo; é necessário que respeites
As nossas diferenças. Liberdade
Traduz necessidade que me aceites
Com todos os meus erros. Na verdade

Jamais seremos feitos pros deleites
Daqueles que nos trazem a amizade.
Não digo que sejamos água-azeite,
Porém quando quiser tranqüilidade

Aprenda que nós somos diferentes,
Embora nos gostemos, meu amigo.
Por tantas vezes somos confluentes

Mas não quero afluentes nem ser foz,
A liberdade ajuda no perigo,
Às vezes precisamos de outra voz!


1844

Amigo, muitas vezes nos pegamos
Cometendo injustiças com outrem;
Depois, quase calados, disfarçamos;
Mas, porém; o perdão nem sempre vem.

Às vezes, sem querer, nós maltratamos
A quem, por certo só nos faz o bem;
Outras vezes, das árvores, seus ramos,
Ferimos sem querer. Isso também

De forma corriqueira; dia a dia,
Acontece. Melhor ficar calado
Do que quebrar encanto e fantasia

Das pessoas que são nossas amigas.
Ao falares, te peço, tem cuidado,
Palavras ofensivas quebram ligas...



1845


Amigo, eu não pretendo atrapalhar
Teus planos nem causar um desconforto.
As pernas necessitam caminhar
Distantes, procurando um outro porto.

Eu sei que tu pretendes a mulher
Que um dia já me quis, unhas e dentes.
Te juro, se ela um dia me quiser,
Meus braços não serão mais envolventes.

Pois ela, que já fora a companheira
Que sempre desejei, pros dias meus,
Depois em certa altura, quer não queira,
O nosso caso teve fim. Adeus...

Por isso não se perca mais amigo,
Eu nunca te trarei qualquer perigo...



1846


Amigo, somos ecos do passado,
Por isso nossas bases asseguram
As luzes de um futuro sonhado
Aonde nossos males já se curam.

Do que tivemos, tudo o que valeu
Estará no futuro e nos trará
O melhor. Claridade em pleno breu
O que fomos; o futuro mostrará.

Não pense que o que fomos já não vale,
Apenas aprendendo, se renova.
Montanhas são promessas: calmo vale.
Nunca leve seus erros para a cova,

Aprenda com que foi para o virá,
Somente assim a vida brilhará!



1847

Amigo, não se deixe mais levar
Por ondas tão distantes e profanas,
Ao mesmo tempo enfrentas céu e mar
Depois tão calmamente desenganas.

Bem sei que estas tempestas passageiras
Assustam quem jamais enfrenta a vida,
Mas saiba que amizades verdadeiras
Encontram facilmente uma saída.

Eu sou o mesmo que ontem te dizia
Das ondas tão difíceis, das marés,
Viver não é somente fantasias,
No chão é necessário fincar pés.

Tu sabes quem nós somos desde infância
Por isso não entendo essa inconstância...



1848

Amigo, como é dura esta batalha!
A vida sempre traz uma surpresa,
Andamos neste gume da navalha
Coragem pode ser nossa defesa!

Quem sobe uma montanha já se talha
Com pedras e com cardos. A riqueza
Exige muita luta; mesmo a falha
Não deve ser devida a uma fraqueza.

As urzes do caminho valorizam
Tua conquista e glória nesta luta.
As dores em tocaia não avisam

Por isso com cuidado e destemor,
A cada novo dia uma disputa,
No final, tu serás um vencedor!

1849


Amigo, quando a musa te encontrou
Por certo ela ficou apaixonada,
Sabendo dos teus versos se encantou
E desde então não foi abandonada.

Tu tens na poesia tanta verve
Que a musa se perdeu nos braços teus.
Beleza enamorada sempre serve
A quem traz claridade em tristes breus.

Amigo, teus sonetos e poemas
Brilhando no recanto são gigantes,
Versejas sobre os mais difíceis temas
Com formas e palavras deslumbrantes.

Ternura como tal só tem nas mães
Caro Mario Roberto Guimarães!



1850


Amigo, nem preciso te pedir,
Tampouco é necessário te falar.
Nem menos, um desejo, repetir.
Tu já sabes, bem sei, adivinhar.

Conheces meus segredos, companheiro,
Contigo nada tenho pr’esconder.
Tu sabes como sou, e por inteiro,
Te falo desta dor e do prazer.

Eu posso, camarada, sem temor,
Falar do sentimento mais profundo,
Não tenho nenhum medo de me expor,
Por certo, com teu braço, enfrento o mundo.

Por isso, te agradeço, e sinto falta.
Exponho os pensamentos, em voz alta!



1851

Amigo, eu sou sincero, não te engano.
Tu queres impossível realidade,
Assim tu viverás neste abandono,
Sem luz, sem fantasia, só saudade...

Amigo não se cobra a perfeição
Os erros cometidos são humanos.
Assim quem procurar ouvirá não,
E tu te embrenharás nos desenganos.

Amigo, somos parte deste mundo,
Por isso é que nós temos tantas falhas,
Não tente vigiar cada segundo
Senão, na tua vida, só batalhas...

Amigo quando exiges perfeição,
Só baterá na porta, a solidão...



1852


Amigo, reparaste numa coisa?
A cada dia estamos mais unidos.
Uma alma que em dois corpos sempre poisa
Traçando rumo em corpos divididos...

Sentindo uma emoção abençoada,
Vivemos nossas vidas lado a lado.
Por mais que tantas vezes vai calada
A sorte de viver recompensado.

Um coração nos une, em nossas almas,
Somente um coração, que bate junto.
Nos vemos refletidos, mesmas palmas,
As almas se completam, no conjunto.

Amigo, se no espelho, és diferente,
As almas se completam totalmente...



1853


Amigo, há quanto tempo! Que saudades.
A vida nos afasta e aproxima.
Decerto conheci felicidades
Momentos de maior, menor estima.

Distantes os caminhos se cruzaram
Mas foram poucas vezes meu amigo.
Meus braços nos teus braços se ampararam
Mas pude enfim contar sempre contigo.

Casei, joguei, remei contra o destino,
Vencido tantas vezes, não desisto.
Mas guardo o velho sonho de menino,
Bem sabes como é bom saberes disto.

Que temos a certeza da amizade,
Que pode assegurar tranqüilidade.



1854


Amigo, não permita que a distância
Destroce um sentimento tão feliz...
Espero que tu tenhas tolerância
E saiba que amizade sempre quis.

Nos trôpegos caminhos pela vida,
Por vezes estaremos mais sozinhos.
Assim uma presença tão querida
Liberta das tristezas, os caminhos...

A vida vem em ondas e maltrata,
Espero teu amparo tão sincero.
Uma amizade nunca se desata,
Num sentimento triste, duro, fero...

Eu quero encantamento que me traz,
Nosso companheirismo, sempre em paz...



1855


Amigo, não critique tanto assim,
Ajude sem tentar me magoar.
Por vezes a ferida sangra sim
E pode demorar cicatrizar...

Quem tanto me critica não percebe
Que aos poucos solidão faz seu reinado.
Quem nunca dá também nunca recebe,
Aos poucos vai ficando, assim, de lado...

Se gostas, meu amigo, como falas,
Me mostre em teu caminho como agir.
Ajude a carregar as minhas malas,
Nós temos um caminho pr’a cumprir...

E digo, sem qualquer contrariedade,
Demonstre, nos teus atos, a amizade...



1856

Amigo, nunca espere pela sorte.
A sorte, uma ilusão que logo cessa.
Erguei; nessa batalha, o braço forte.
A luta todo dia recomeça...

Não tema se a verdade não se aflora
No fim ela virá e te liberta,
Quem sabe nunca esquece quando é hora,
Por isso, nesta vida, sempre alerta...

Por vezes a mulher que não sonhamos
Aquela que nos tira do buraco.
Enquanto a quem tanto dedicamos,
Aos poucos te tornando bem mais fraco...

Se queres para as dores, solução,
A chave sempre está no coração...



1857


Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.

Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.

Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...

Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!



1858



Amigo, em nossas lutas pela vida,
Tantas vezes pensei que estava só.
Acumulando dor e despedida,
Esperança morrendo, feito pó...

Demorei certo tempo sem saber,
Que jamais encontrara solidão...
Nesta espera terrível por viver
Tanto amor; ou quem sabe, uma paixão;

Eu confundia tudo, meu amigo...
Solidão com tristeza e com saudade,
Saudade desse sonho que persigo,
Que um dia possa ter, em liberdade...

Porém, quem tem amigo; tem irmão!
Por certo, nunca teve solidão!



1859



Amigo ao me trazer um novo dia
Que porte uma esperança mais acesa,
Virando deste jogo, logo a mesa,
A sorte em minha vida principia.

A mão que tantas vezes já me guia
Mostrando um novo mundo com clareza,
Em honras me cobrindo de riqueza,
Transforma minha dor em alegria.

Estampa uma certeza em caridade,
Forrando todo o céu com claridade
Trazendo idéias sempre fascinantes.

Estar contigo, amigo, por instantes
Demonstra como são tão importantes
Os raios que fulguram na amizade...


1860


Amigo chegue cedo
Que a morte vai chegar
Mudando todo enredo
Invade sem pensar

Conhece o teu segredo
E gosta de mostrar
Poder que traz degredo,
E nada faz mudar.

Por isso venha, amigo
Que a festa determina
Não tema mais perigo

No solo em cada mina,
O sonho que persigo
Por si nos ilumina



1861

Amigo compartilha uma tristeza,
Duplica uma alegria, esteja certa.
Divide o que encontramos nesta mesa,
Ajuda a penetrar na porta incerta.

Numa amizade feita em tal certeza,
A vida não será jamais deserta,
Vencendo com vontade a correnteza,
Abrindo o coração, e dando o alerta

Se a tempestade chega e nos conturba,
Amigo nos acalma e nos protege,
Deixando bem distante de uma turba,

Caminho mais airoso nos concede,
Jamais se submetendo a um herege
Oferecendo muito mais que pede...


1862


Amigo de verdade não precisa
Falar de uma amizade o tempo inteiro.
Palavra mais sincera e mais concisa
Não vale qualquer ato verdadeiro.

Andando nesta estrada tão distante,
Amigo não faz sombra nem recebe.
Ajuda numa queda ao mesmo instante
Em que um apoio firme já concebe.

Nas sebes espinhentas desta vida,
Quando a tristeza fica de tocaia,
A mão dos bons amigos é sentida
Levando o nosso barco para a praia

Aonde poderemos refazer
A vida, com mais fibra e mais prazer...


1863


Amigo dentre tantos companheiros,
Seguindo cada passo lado a lado,
Nos sentimentos nobres, verdadeiros
Por certo cada rumo foi trilhado;

Fazendo da humildade seus canteiros
No verso mais gentil, extasiado,
De uma esperança nobre tem os cheiros,
De um canto sempre vivo, acompanhado.

Amigo que se faz no dia a dia,
Nestes momentos duros; mais fiel.
Um mensageiro eterno da alegria,

Com todas as serenas humildades
Nos traz em horas tristes, todo o céu.
Mostrando em tal poder, as santidades...



1864


Amigo deste amor que não me quer,
Sabendo que cantei por tanto tempo
O rosto tão bonito da mulher
Vencido por imenso contratempo...

Bem sei quanto negar não adianta,
Amor que se incrustou dentro do peito;
A voz desta saudade se levanta
E traz um sentimento insatisfeito.

Amigo deste amor, eu não desisto...
Lutando contra as dores sem ter tréguas.
Eu sei que deste amor eu não desisto,
Embora tão distante, tantas léguas...

Beijando a fantasia, peço ao vento,
Que beije tua boca, em pensamento...


1865






“Amigo é coisa pra se guardar”,
Protegendo de tantas intempéries,
Não importando a luta a se lutar.
Amigo é coisa rara. Nunca em séries...

Nas noites tenebrosas, sem luar;
Nas horas mais difíceis dessa vida,
Quando não há mais porto pra atracar.
Quando não há sequer uma saída!

Quando esta vida sangra sem perdão...
Quando a dor vem, penetra, maldade...
Quando estamos perdidos, solidão.

Quando estamos vagando na cidade.
Quando as portas se fecham... A amizade
Conhece as sete chaves, coração!



1866

Amigo e companheiro, esses meus versos
São feitos para ti, bom sonetista.
Tu sabes traduzir teus universos
Com mão e com fineza de um artista.

Abraços lusos sempre te darei
E sorte em tua vida, o que desejo.
Confesso tantas vezes me espelhei
Na qualidade imensa que, em ti, vejo.

Receba deste simples trovador
Um canto em homenagem bem sincera.
Nos versos sei tu és um professor,
Falando em “brasileiro” tu és fera!

Desejo-te felizes, belos dias.
Repletos de alegria e poesias!

Ao grande amigo e poeta português
Henricabílio.



1867


Amigo é muito mais que imaginário
O canto que te faço neste dia,
Não diga, pois que eu seja um visionário
Mas vejo como é bom ter fantasia.

No canto que te faço, embrionário
De um sonho que é mais pleno em harmonia,
Dizendo deste teu aniversário,
Te falo com carinho e alegria

De um tempo que virá bem mais sensato,
Em que todos seremos mais felizes,
Pintando da alegria um bom retrato,

Usando em aquarela mil matizes
Que falem deste sonho com certeza.
Mostrando-te perfeito na grandeza...


1868


Amigo é necessária a persistência
Se queres conquistar esta mulher.
Embora eu já perceba; a paciência
Não é característica qualquer

Em quem jamais passou por penitência
E trama em desespero o que mais quer,
Não é tão simplesmente competência
É mais do que se pode, se vier.

O rumo de teu canto andando a esmo,
Se perde dos caminhos mais sensatos.
Te falo, pois dos erros sempre o mesmo,

Comete quem se encontra apaixonado.
Cumprindo fielmente os velhos tratos
Terás amor, enfim, recompensado...



1869

Amigo é quem sabe
O quanto não sei
De tudo o que cabe
E não caberei
Pois antes que acabe
Amigos; terei.

Um passo que é dado
Com força e vontade
Num sonho que alado
Mostra na verdade
Futuro e passado
Vibrante amizade

Faz-se dia a dia
Intensa magia...



1870


Amigo é verdadeira esta emoção,
Pois nasce com tal força em sentimento
Que traz uma alegria em floração
Num canto que se vai esparso ao vento.

Sabendo desfrutar cada momento,
Encontro na amizade a solução
De toda tempestade, do tormento
Que toca, nos ferindo o coração.

Embora sejam duros os meus versos,
Encontro na amizade, esta harmonia
Que trama nos sentidos mais diversos

Louvando a própria vida em sintonia.
Distante de outros tempos tão perversos,
Promessa de carinho e de alegria...


1871


Amigo em nobre cofre coração
Guardado com carinho dentro em mim,
Precisa de vontade e doação?
Jamais amigo cobra nada assim.

Uma amizade é feita no perdão
Incondicionalmente. Nada enfim
Compara-se com essa sensação
Saber que na verdade, existe o sim.

E o não se necessário nunca omite,
Amor que se faz pleno e nada cobra,
Não sabe e nem conhece qual limite

Abrindo com carinho o dito cofre,
A força para a luta já recobra.
E junto com quem gosta, amigo sofre...



1872




Amigo em nossos passos que os loureiros
Espalhem-se na glória de assim sermos,
Amigos e comparsas, bons guerreiros,
Sem medo de encararmos mesmo os ermos.
O canto da amizade, alvissareiro,
Conhece na verdade, tratos, termos

Que servem como amparo e assim entrego
A sorte de saber a liberdade;
Por isso meu preclaro, eu nunca nego
Que tendo este poder de uma amizade,
A vida facilmente, enfim carrego
Alçando com meu canto, eternidade,

Sacrário que nos trouxe este bom Deus,
Meus êxitos, querido, também teus...



1873

Amigo em nossos passos
Momentos concernentes
E quando são escassos
Os dias em que mentes
Vencendo os vãos espaços
Ainda quando tentes
Alçando velhos laços
E nisso tu te assentes.
Pulsando numa artéria
A sorte sem miséria
O vento nos consola
E o tanto quanto pude
Vestir em plenitude,
A vida entra de sola.


1874

Amigo em sertaneja e rara fonte,
Embriaguez de sonhos, água fresca,
Por mais que tenha a vida romanesca,
Jamais verás belíssimo horizonte

Na argêntea maravilha, nívea lua,
Que inteira se mostrando em pleno céu,
Caminha mansamente e continua
Nos sonhos de um caboclo em seu corcel.

Amigo, em sua glória a dama imensa,
Deitando na cacimba um raio belo,
Terás ao vê-la, inteira, a recompensa
De um pobre lavrador com seu rastelo

Que longe de um castelo imaginário
Estende-se ao luar, seu relicário...


1875


Amigo esta cachaça nos vicia,
Não tenho mais sequer escapatória
A vida se fazendo sem vitória
Impede que se tenha um claro dia.

O quanto o pensamento ainda adia
A solidão cruel e merencória,
O amor nos transformando, eu luta inglória
Expressa este vazio em poesia.

Porém ao ter bem perto esta aguardente,
O riso vem surgindo novamente
Trazendo algum alento, eis a verdade.

Façamos mais um brinde, meu amigo,
Nos goles eu encontro um doce abrigo,
Chegando num segundo à liberdade!



1876


Amigo eu não me esqueço quando um dia
Falavas de amizade e de carinho,
Agora, me permita, em poesia
Falar de um coração que, de mansinho

Vencendo a mais temível ventania,
Arranca das estradas cada espinho.
Louvando o amanhecer ao sol me guia
Mostrando o seu valor, eterno vinho

Não deixe que este sonho se avinagre,
Permita que alegria nos consagre
E trague uma certeza de poder

Colher a cada tempo a rara flor
Cevada com o esterco deste amor
Que em plena liberdade diz prazer...


1877


Amigo eu não me esqueço
De tudo o que vivemos,
Decerto eu nunca meço
O quanto nos queremos,

Se tenho algum tropeço,
Isso é comum, sabemos,
Apoio enfim te peço,
Estendes os teus remos

E ajudas navegar
Por mares violentos,
Em meio a tanto mar,

Percebo que em momentos,
Eu sinto-te a soprar,
Pra longe os duros ventos...

1878



Amigo eu te agradeço e dentro da alma
Eu ouço um canto mágico e divino.
Por quantas vezes vi-o cristalino
Trazendo ao coração ternura e calma.

Numa Espera contínua, mas feliz,
Mudando os ares, sigo em noite imensa,
Alegre foi decerto a recompensa
Aonde a fantasia não desdiz

O quanto é realidade extenso brilho,
A dádiva; mereço por acaso?
E tendo tudo aquilo que eu aprazo,

Sossega o velho peito do andarilho,
Que no solo alegrense, capixaba
Em lágrimas sinceras já desaba...



1879


Amigo eu te encontrei pedindo esmola
Nas ruas, nas favelas e nos portos.
Tu eras a criança com a cola
Mostrando teus caminhos, todos mortos...

Tu eras meretriz, pobre menina,
Vendida por centavos, corpo exposto.
Lavavas a tua alma na latrina
Sentias podridão com fino gosto.

Te vi nos miseráveis combalidos,
Vestidos de fantasmas sem futuro.
Os pés já derrubados, distorcidos,
A morte te esperando atrás do muro.

Amigo eu reconheço pela cruz,
Crucificado sempre, vai Jesus...



1880


Amigo eu te encontrei
Nos vales e montanhas
Ainda quando ganhas
As sortes noutra grei
O tanto dita a lei
E nisto não entranhas
Sequer estas tamanhas
Vontades que eu terei.
Invisto cada passo
No quanto busco e traço
Vencendo o destemor.
A vida se desdita
E sei desta infinita
Vontade a se compor.



1881

Amigo há quanto tempo não te vejo!
Passamos tantos dias mais distantes...
A paz que me demonstras; eu prevejo,
Provém destes teus sonhos deslumbrantes...

Não sinto tantas dores, vacinado.
Não sinto mais o medo de viver.
Amigo, meu destino vai traçado,
Nos passos que aprendemos percorrer...

A vida é um dilema, com certeza
Não há muita saída, só lutar.
A vida traz problemas; correnteza
Que trouxe, também pode carregar...

Depois de tanto tempo sem notícia.
Poder falar contigo: que delícia!



1882



Amigo há quantos dias
A vida não se fez
Além da estupidez
E nada mais verias,
Se tanto em poesias
Ou mesmo em lucidez
O rumo se desfez
E nele não terias
As sortes mais exatas
E quando além constatas
Momentos mais felizes
Deixando para trás
O canto mais audaz
O sonho contradizes.




1883

Amigo me perdoe quando calo
O mundo parecendo uma mentira
Vencendo todo encanto de uma lira
De amores, na verdade sempre falo.

Quem vive neste mundo sem amá-lo
E como numa esfera volta e gira
Apenas tanta pena já me inspira.
Difícil de entender e perdoá-lo.

Amor que com certeza é bem sagrado
E deve ser assim eternizado,
Pois segue-nos do berço até sepulcro.

E toda sorte faz-se alvissareira
Numa amizade plena e verdadeira,
Que desta Terra deve ser o fulcro...



1884


Amigo me perdoe se em meus versos
Eu tantas vezes mostro-me egoísta.
Eu sei que somos muito mais diversos
Mas isso não impede que resista

Um sentimento claro de amizade
Unindo nossos mundos num só canto
Que faça nos mostrar a qualidade
Da vida com meandros, mas encanto.

Por vezes te pareço bem distante
Pensando em outras coisas desta vida.
Porém pode saber que neste instante
Eu procuro encontrar uma saída

Que possa permitir que um novo dia
Renasça com mais paz em harmonia...



1885


Amigo me perdoe
Mas saiba que a amizade
Por mais que a vida doe
Impede a falsidade,
Num canto que se ecoe,
Escoa uma verdade

Não posso te falar
De todas as mentiras
Que tentas me enganar
E ao céu quando as atiras
Destrói já sem pensar,
Rasgando em finas tiras

Um sentimento nobre,
Que lealdade cobre...



1886



Amigo não desejo a tua sorte
Apenas já não quero mais desgraças,
Os olhos vão vazios, velhas traças
Tomando minha vida, sem ter norte.

Rumando vou incólume pra morte
Perdido entre aguardentes e fumaças,
Deixando o coração, percorro as praças
E nada do que encontro dá suporte

Aos passos que; pretendo, da alegria,
Distantes do que os olhos divisaram
Na busca pelo bem que eu já queria,

Somente este vazio imaginaram.
Matando pouco a pouco a poesia,
A clemência e amizade desdenharam...



1887


Amigo não é rastro nem farol
É como um companheiro de viagem,
Não quero ser teu sol nem girassol
Não sou seu amo e nunca vou ser pajem.

Amigo nos ensina que o atol
Se perde em solidão. Distante margem
Impede que se veja o arrebol.
Mais fortes quando unidos, pensam, agem.

Por isso, companheira, já te peço,
Não deixe que se perca esta amizade.
Tanto te quero amiga, te confesso,

Mas não serei teu rastro nesta estrada
Permita que em nós dois, a claridade
Seja bem repartida e não roubada...


1888

Amigo não percebas meu passado
Apenas pelas sombras que ficaram
Resquícios que se encontram demonstraram
Bem pouco do que tive, amargurado.

Quisera há muito tempo sepultado
Meus erros que distantes me tocaram.
Os dias que encontrei tanto ampararam
Que tudo terminou, ficou de lado.

Porém de tal arquivo semimorto
Exala, da lembrança um desconforto
Que, quem dera, estivesse já perdido.

Não fosse teu apoio em amizade,
O sinal deste tempo remoído
Eu levaria por toda eternidade!


1889


Amigo não permita que a criança
Que mora na tua alma se definhe,
Vida se perpetua na esperança
Desde que todo canto já se alinhe

No encanto deste amor que é soberano,
Amor que se traduz em nossa luta
Que é contra essa opressão, formato e plano
Daqueles que só usam força bruta.

Amigo não permita que se mate
Toda a felicidade do viver,
Pois toda essa desgraça que se abate
Começa desde o dia em que nascer

O egoísmo estúpido que traz
Matando o vero amor, o fim da paz...


1890


Amigo não se cobra e nem se pede
Apenas nos apóia, sem por que,
Quem ganha é quase sempre quem concede
Não tem aonde, nunca nem cadê.

Amigo é mais que irmão, é par, é laço,
Uma alma que nos guia e nos conforta,
Estende sempre a mão, nos dá o braço,
E nunca amigo fecha qualquer porta.

Amigos verdadeiros nos consolam
Embora nunca faltem à verdade,
Amigos verdadeiros não imolam.
E nunca faltará sinceridade

Quando amizade é plena e mais sincera,
Não usa de disfarces nem espera...



1891

Amigo não se esqueça que esta vida
Prepara em meu caminho as armadilhas
Às vezes interdita nossas trilhas
Fechando uma porteira. Então decida

E lute até chegar uma saída
Que leve ao renascer em maravilhas.
Se as dores, muitas vezes em matilhas
Sagazes, são terríveis, nessa vida,

Do dia a dia veja, companheiro,
Que tantas vezes somos enganados
Na busca incontrolável – pés ligeiros,

Que tramem novos sonhos outros fados.
Porém ao perceber a realidade
Encontro farta luz nesta amizade...



1892



Amigo não se trai, senão se mata
Uma amizade feita em confiança,
Tampouco se destrói e se maltrata
Quem guarda com carinho esta lembrança

Dos dias mais difíceis que passamos.
Não deve-se ferir quem nos apóia,
Nem mesmo se arvorar a cortar ramos
Desta árvore divina feita em jóia

Podando o que nos trouxe tanto alento,
Serrando na raiz um sonho breve.
Rasgando em virulência, num momento,
Uma alma tão sincera. Quem se atreve?

Por isso é que te peço, na verdade,
Jamais deves trair uma amizade!



1893


Amigo não tens culpa do vexame
Que a tal delegação paga em Beijin,
Mineiro sabe bem ganhar beijim
Trazendo as alegrias num enxame.

O Brasil não resiste a um bom exame,
São poucas, raras flores no jardim
A mídia maltratando, pesa assim
Herói que cedo inventa num reclame.

A queda que tiveste teve o peso
De toda uma “nação” mal inventada
Mantenhas o ideal, sublime aceso

Que assim terás em paz, o teu porvir
Medalha, na verdade vale nada
O que importa, querido é competir!



1894

Amigo quando vai, a vida chora...
Estrelas vão perdendo um certo brilho...
O céu de minha vida se descora,
O rumo da existência perde o trilho...

Amigo, na saudade que deixaste
Por certo não consigo mais partir
Na minha insegurança, perco uma haste,
Ficando mais difícil prosseguir...

As duras tempestades do caminho,
Talvez sejam difíceis de encarar...
Agora, como irei seguir sozinho,
Terei quiçá u’a força pr’a lutar?

Estrela dessa sorte, ao fundo cai...
Quando da vida amigo já se vai...



1895


Amigo que os trigais sejam benditos
E deles a colheita garantida.
O dom que sobrepõe-se em nossa vida
Nos traz sempre mais próximos os ritos

Que em paz permitam ter dos infinitos
Sagrada fantasia, que estendida,
Impede que se faça amor de ermida
Matando a cada dia velhos mitos.

Por mais que a terra seja árida e seca
Quem tem felicidade sabe arar
Usando como grão uma amizade.

Quem faz de uma alegria, sua Meca,
Nesta amplitude imensa, vasto mar,
Já sabe cultivar a liberdade!



1896


Amigo quero tanto te falar
Das noites sem disfarce que passei,
Buscando nas estrelas o luar
Depois eu percebi que me enganei.

O brilho da esperança é diferente
Não pude discernir neste horizonte.
Por mais que ser feliz pareça urgente
A vida, quase sempre, nega a fonte.

Amigo, não me escondo da verdade,
Eu sei que me iludi sem perceber,
Por isso, devagar, essa saudade,
Já toma quase todo o meu viver.

Não peço-te conselho, não mereço,
Apenas que me compreenda meu tropeço



1897


Amigo sei que a vida continua,
Também eu sei que tudo passará,
Porém com a distância alma flutua
E sei que outro caminho encontrará.

Mas saiba que agradeço todo dia,
O fato de poder ter conhecido
Alguém que me trazendo essa alegria
Demonstra com bondade o bem vivido.

Não deixe que isso morra. Também peço
Que sempre pense em mim com amizade,
Se a vida te aprontar algum tropeço,
Que saiba que tu tens a liberdade

De sempre procurar um ombro amigo,
Tu sabes que estarei sempre contigo!


1898


Amigo tantas vezes me encontrou
Perdido sem sequer uma alegria.
O barco de meus sonhos naufragou,
Morrendo em solidão. A companhia
De quem meu caminho iluminou
Permite que eu renove a fantasia

E traga uma esperança de saber
Do quanto inda é possível navegar,
Até que ancoradouro em possa ver
Depois desta procela se acabar.
Na força da amizade, eu posso crer,
O dia novamente irá brilhar.

Meus olhos tão cansados perceberam
O quanto desta luz; já receberam...


1899

Amigo tantas vezes perguntei
À vida por que dores ela traz.
Em um momento triste, a dura lei
Mostrando do que a dor é mais capaz

Por um segundo, enfim, desanimei
Sofrendo tal tormenta, nada apraz;
Na morte, meu amigo, até pensei,
Por que viver se nada satisfaz?

Porém num dia calmo eu obtive
Uma resposta clara e verdadeira
A gente, com certeza, sempre vive

A vida na procura de um apoio,
E Deus em atitude alvissareira
Nos fez em plena dor, saber do joio...



1900

Amigo tantas vezes procurando
Pessoas que me dessem proteção.
O mundo que eu sonhara desabando
Em ti, eu encontrei a direção.

Por mais que seja apenas um momento
E te pareça frágil, meu amigo.
Durante o mais terrível sofrimento
Encontrei nos teus braços manso abrigo.

Sabendo quantas vezes me perdi,
Eu vejo a maravilha que há em ti
E sempre que eu puder, eu te agradeço

A vida que prepara uma armadilha,
Também nos dá certeza desta trilha,
Que acolhe mesmo quando num tropeço...

1901



Amigo tantas vezes procurei
Em meio a tempestades violentas,
As mãos que com as quais tanto apascentas,
No rumo mais sensato que encontrei.

Amigo, como é bom poder dizer
De quanto necessito do teu braço,
Seguindo a vida inteira, passo a passo,
Começo outro futuro perceber

Distante do que fora a minha vida,
Em solidão terrível, sem ninguém,
Agora que percebo o raro bem

Encontro na verdade uma saída
Envolta em total luz e claridade,
Na força mais sublime da amizade...


1902

Amigo te dedico em amizade
Meus versos de aprendiz em poesia.
Por certo reconheço a claridade
Que trazes ao recanto, em alegria...

Tu tens neste teu jeito brincalhão
A forma de trazer o teu carinho,
Dedico-te com todo o coração
Os versos que hoje faço, sem espinho.

Nos ramos do arvoredo lusitano
Teus versos são decerto mais jocosos.
Mas saiba que viver é sempre um plano
Sonhando com seus dias mais formosos...

Amigo, nesta vida tanta cruz,
Alegra-nos teu canto, bom Jesus...


1903


Amigo vai dizê presse coitado
Qui num tive vontade di matá
Um sujeito que é cabra disgramado
Qui num dêxa nem sór ir clariá

Todo tempo qui têve foi marcado
Pur vontáde bem triste di lutá
Contra nóis tudim, povo isfomiado
Lá no nosso sértão, Minas Gerá...

Apois eu falo, conto prás madami
Qui nus meus tempo sêmpe fui correto.
Num tem nêsse meu mundo quem recrami.

Prôs dotô sêmpe trago as minha figa,
Me disgosta tratá cum aninseto
Um bom minêro num suporta intriga...



1904


Amigo verdadeiro não se esconde
Nas horas mais difíceis, tempestade.
Não deixa seu amigo perder bonde
E sabe dos caminhos na cidade.

Às vezes eu procuro e não sei onde,
Parece que esta história é falsidade,
Gritando como um louco. Quem responde?
Aonde encontrarei uma amizade?

Porém ao perceber que a solidão
Chegou mais que depressa em minha vida,
Olhando para o Céu, para a amplidão.

Zilhões de estrelas brilham com beleza
Existe alguém que mostra uma saída
Numa amizade plena de certeza...


1905



Amigo, eu te convido; venha à mesa
Aonde a poesia faz a festa,
Felicidade imensa já se atesta
Bebendo a rara fonte da beleza.

Que trazes com teu verso, sem surpresa,
A noite sem limites, desembesta,
E a velha solidão, bruxa funesta
Do canto em harmonia, vira presa.

Ergamos, pois um brinde à fantasia,
Tocando na viola, uma modinha,
Que um dia “até pensei que fosse minha”

E a cada novo gole se recria.
Até que embriagado – lua e gim,
Esta música exploda dentro em mim...



1906


Amigo, eu te proponho novos versos
Que falem de esperança e de alegria.
Por mais que sejam tristes e diversos
Os dias se renovam, fantasia...

Passando pelos astros, universos
Se mostram encantados, poesia.
Se os medos se perderam, tão dispersos,
Um novo mundo, a sorte prometia...

Palavras que vão soltas, liberdade.
Nas asas dos sonetos que tu fazes,
O sonho se mistura à realidade.

Por isso, companheiro se permita,
Que a vida te trará em outras faces
A vida na verdade, mais bonita...



1907

Amigos, para sempre, nós seremos,
Ninguém nem nada pode mais fazer
Com que percamos norte, nossos remos
Serão a garantia do querer

Futuro em que por fim, nós poderemos
Gritar ao mundo todo que o poder
Nas mãos com alegria nós detemos
E nisso nossa glória em bel prazer

Quem tem esta alegria dentro em si
Já pode agradecer, pois tem ali
Suprema magnitude de um desejo

Que emana de um amor assim perfeito,
Trazendo a liberdade como pleito
Invade qual posseiro, benfazejo.


1908


Amigos, compartilho o mesmo canto
De uma esperança viva em liberdade.
O sonho que se mostra por encanto
Dum povo que preserve em unidade

A força que se entranha, causa espanto
A quem não concebeu tal amizade.
No rosto envelhecido pelo pranto
Quem sabe, num sorriso outra verdade.

Dos índios e dos negros maltrapilhos,
Durante tanto tempo espoliados
Pisando com firmeza novos trilhos

No brado que se mostre temerário
Deixando para trás dias passados
Trazendo um grito forte e libertário!



1909


Amigos; compartilho
O mesmo sentimento
Deveras quando tento
Vencer o ledo trilho
Ausento do estribilho
E bebo o sofrimento
E assim eu me alimento
Do quanto em paz polvilho.
A sorte poderia
Gerar a fantasia
Ou mesmo um novo tempo;
Porém ao se entranhar
Alcanço este luar
E venço um contratempo.




1910

Amigos; encontrei pelo caminho,
Alguns se foram, outros me acompanham.
Eu agradeço a Deus não ser sozinho,
Unidos, na verdade, todos ganham.

Ao vento os teus cabelos já se assanham
O mar quebra na areia em burburinho.
Saudades do que tive não me arranham
Refaço noutra senda o mesmo ninho.

Sou parte de um conjunto, nada mais.
Não creio fazer falta a muita gente,
A morte na certeza, último cais

Virá sem hora certa de chegada,
Por isso minha amiga, amor urgente.
Não deixe pra amanhã, pode ser nada...


1911

Amigos de verdade? Raridade...
A vida traz carências mal supridas.
Perdidos nós buscamos claridade
Em meio a tantas trevas noutras vidas.

Palavras que denotam despedidas
Usadas com total tranqüilidade,
Às vezes encontramos as saídas
Nas portas mal fechadas. Na verdade

São poucos os que trazem vero afeto,
Amigo para ser chamado assim
Não pode fraquejar um só momento,

Senão ao se mostrar mais incompleto
Deste anjo se transforma até que o fim
Provoque então cruel desabamento...


1912


Amigos não se mede em quantidade,
Quem pensa ser amigo qualquer um
Se perde ao conhecer a falsidade
Depois acha que nunca teve algum.

O tempo nos demonstra essa verdade,
Amigo se conhece é pelo zoom,
É necessário ter sinceridade
Senão não vai chegar, lugar nenhum...

Assim como garimpas um brilhante
Assim como cultivas uma bromélia
Uma amizade tem que ser constante,

Na busca e no cuidado valendo ouro,
Uma alma que noutra alma já se espelha,
Amigo vale mais do que um tesouro!


1913


Amigos que em momentos mais diversos
Encontram-se nas ruas e nos bares,
Mesmo que tão distantes ou dispersos
Fazendo da amizade seus altares,

Afastam sentimentos mais perversos,
Alçando a liberdade vão aos ares.
Por isto, companheira, nos meus versos,
Felicidades chegam, vêm aos pares.

Não deixe que esta ausência nos destrua,
Decerto em ti percebo a claridade.
A nossa convivência continua

Mesmo que tão somente em pensamento.
Buscando o teu apoio num momento
Eu percebo o valor desta amizade...


1914

Amigos que encontrei pelo caminho,
Deixados pela estrada em cada curva,
Às vezes caminhando tão sozinho,
Senti minha visão deveras turva,

Porém em outros dias, logo após,
Noutras cidades tive outra amizade,
Atando e desatando tantos nós,
Da negra solidão à claridade.

Os sonhos se perderam, se encontraram
Mas sinto que valeu, sempre sonhar.
Por vezes os meus passos tanto erraram,
E o rumo deslumbrado devagar.

Meu coração aos poucos mais pesado,
Bandeia, e vou andando assim, de lado..



1915


Amigos são bem poucos; reconheço.
Mas tenho aqui comigo esta certeza
Trazendo à minha vida tal leveza
Que impede qualquer lágrima ou tropeço.

De todos os caminhos, sempre peço
A glória de poder ter a beleza
Do amor que se estendendo põe a mesa
E vira a nossa vida já do avesso.

Sabendo do carinho que hoje trazes,
Escuto emocionado; as belas frases,
Moldando a mais perfeita liberdade.

A todos agradeço e me permito
Dizer do dia claro e tão bonito
Coberto pelos lumes da amizade!



1916


Amigos teus carinhos agradeço,
Um velho repentista não merece
Fazendo da esperança o endereço.
Do amor e da amizade tola prece.

Um aprendiz teimoso, um caipira
Que veio dos sertões lá das Gerais
Minha alma sertaneja traz catira
Guardada nos meus olhos, nos bornais.

Não sou e nem serei um escritor,
Somente no improviso dos meus versos
Eu tento me esconder da imensa dor
Na qual vejo os meus sonhos vãos, imersos.

Fazendo dos poemas meus brinquedos
Expondo vez em quando meus segredos...



1917


Amigos; encontrei bastante vezes,
Porém uma amizade verdadeira
Que traga tanto apoio em hora certa
Decerto são bem poucas pela vida.

Pior do que um amigo traiçoeiro?
Eu sei que nem Satã foi mais cruel.
Ao retirar o apoio na passada
Jogado pela escada, tombo certo.

Negando um gole de água no deserto,
Se na hora necessária não está
Melhor que nunca houvera, e sem ter sido
Com toda uma certeza faz vazios

Os passos que esperava rumo à sorte.
Amigos que encontrei? Melhor a morte!


1918


Amizade profícua, encontro em ti
Regada todo dia com carinho.
Distante mas tão próxima daqui.
Tu sabes e conheces o caminho

Que leva ao coração de um sonhador;
Teus versos embelezam minha vida
Poema mavioso e sedutor
Trazendo uma esperança já perdida...

Não deixe que amizade assim termine,
São poucas as que temos, com certeza.
Que em Deus o nosso rumo se ilumine

E traga a sensação mais benfazeja
Florindo tua senda com beleza
É o que este teu amigo te deseja.


1919


Amizade qual um lume que nos guia
Por entre tempestades e procelas.
Navegando nos astros, por estrelas
Moldada na emoção do dia a dia.

Expressada em perfeita sintonia
Tornando nossas vidas bem mais belas.
Um canto que se faz em harmonia
Amiga, com certeza tu revelas

E trazes esperanças por refrão.
Registro de carinho a cada verso.
Contigo não serei jamais disperso

Unindo sempre a ti meu coração.
Uníssona cantiga que entoamos,
Mais fortes, par a par, nós caminhamos...


1920


Amizade qual um lume
Gerando a claridade
Que quando nos invade
O sonho em paz se assume
E o tempo ora resume
Bem mais que a liberdade
E nisto sempre agrade
Desta alma o bom perfume.
Vencendo as artimanhas
Da vida quando ganhas
Além desta esperança
Meu passo rumo a ti
No quanto me verti,
Além decerto avança.



1921

Amizade que encanta é divina
Uma força que sempre me atrai.
Tanta treva amizade ilumina
Sem perguntas bem sabe se vai.

Noite intensa no céu estrelado
Amizade faz tanto brilhar.
Não se importa com tempo passado,
Bem mais forte que o simples amar;

Nas histórias tão tristes da vida
Uma amiga me faz ser feliz.
Não permite que a dor distraída
Nos convide pro mal que se quis.

Tantas luzes refletem tua alma,
Me conhece, da mão toda a palma...



1922

Amizade que se faz em cada verso
Vagando sem destino, um coração,
Percorro meu caminho, no universo
E faço deste mote uma lição

Que mostra-se distante do perverso
Destino que se forma em solidão.
Não quero mais seguir, sempre disperso,
Por isso amiga eu peço-te perdão...

Às vezes maltratei nossa amizade
Em outras me esqueci completamente.
Porém o mundo mostra, na saudade,

Quão importante estar sempre presente,
Cuidado deste amor com lealdade,
Mostrando a cada dia o que se sente...



1923

Amizade sincera é um remédio
Que cura ou que mitiga qualquer mal,
Mesmo quando a tristeza faz assédio
A solidão se chega em baixo astral,
Quem tem amigo, nunca encontra o tédio,
Já vence a tempestade no final.

Abraços mais sinceros, um sorriso
Que é franco e que se faz sem dar alarde
Conselho de um amigo é mais preciso,
É bom primeiro ouvir antes que, tarde
A porta em pensavas paraíso
Se mostrando infernal, na realidade.

Amigos não nos mentem. Falsidade
Caminha bem distante da amizade...


1924


Amizade tempera nossa vida
Salgada pela dor de uma distância
Trazendo em cada verso a despedida,
Formada por injusta discrepância
Que faz do diferente voz unida
No passo sem sentido, uma elegância...

Aflitas esperanças de mudança
Deixadas já faz tempo numa estante
Vivendo mais conforme cada dança
Acende cada luz em todo instante
E faz da diferença uma aliança
Defesas que se criam num rompante.

Viemos de lugares bem distintos,
Cachaças misturadas com absintos...


1925



Amizade verdadeira
Enfrentando com coragem
Se mostrando companheira
Encarando uma viagem


Que se faz a vida inteira
Não dando nenhuma margem
À dúvida traiçoeira
Não se perde por bobagem



Minha amiga, a nossa lei
É feita dessa amizade
Muito bom que eu te encontrei,


Isso traz felicidade
Tanto tempo eu procurei
Minha amiga de verdade...



1926


Amizade, interesses diversos
Que se ataram em laços profundos.
Entranhada nos mais belos versos
São diversos mas íntimos mundos.

Nas receitas de felicidade
Amizade não pode faltar.
Nos ajuda a saber que a verdade
É o caminho mais belo a passar.

Não se esqueça que a vida termina
Num momento qualquer, não avisa.
A paixão que nos toma, alucina,
Tempestade que, após, vira brisa.

Amizade é um vento sereno,
Com o tempo, se aumenta, vai pleno...


1927


Amo, sinceramente sei que te amo...
Não posso mais fugir à realidade
Nas horas mais tristonhas, na saudade,
Teu nome sempre falo e, manso, chamo!

Desculpe se por vezes te reclamo
Que não estás. Transcendo essa verdade.
Muitas vezes, mal sinto e te difamo,
Por certo, já perdi tranqüilidade...

Amor que tanto mata quanto brilha,
Não posso mais calar o sentimento...
Angústias e delírios, meu tormento.

Guardado, na gaveta, o teu retrato...
Quem teve vida tristonha, andarilha
Não sabe ser amado. E te maltrato...



1928


Amo-te como nunca amei na vida,
Da forma mais sensata e mais voraz.
Meus versos se encantaram mais querida
Com tua silhueta bela e audaz.

Sem medo nem da angústia ou solidão,
Agora já caminho bem mais leve.
Felicidade rege o coração
Provoca uma emoção que já se atreve.

Presságios tão benignos me abençoam,
A sorte está lançada e sou feliz.
Os pensamentos tão libertos voam,
Já posso te dizer: tenho o que quis!

Leva contigo essa alma apaixonada,
Sem teus carinhos morro, não sou nada


1929


Amo-te obscuramente nas caladas,
Nas sombras e nos restos que sobraram...
As flores por demais são perfumadas
Encantos que produzem as anteparam.

Os brilhos das estrelas e da lua,
A riqueza de rainhas e princesas,
A beleza tão cruel tão densa e nua,
Chamas em tantas camas, bem acesas...

Não, meu amor jamais fomos assim,
Velamos nosso amor tal qual um filho,
Na mansidão completa de um jardim,
Sem mata, sem cascata, mar e trilho...

Apenas um amor manso e tão leve
Nos dando a sensação que a vida é breve...



1930


Amo esta noite intensa e sussurrante
Tremendo em nossa cama sem parar.
Navego por teu corpo, caminhante
Em busca dos prazeres de te amar.

Na areia onde esse mar se arrebenta,
Em ondas nosso caso desenrola.
Paixão tão insensata e violenta
Meu pensamento, alado, já decola...

E sinto essa presença, que é perene,
Da boca que bendiz e que me xinga.
Não sinto tanta dor que me envenene
Ao vê-la seminua amor se vinga...

E volto qual um cão abandonado,
Lambendo tuas mãos, apaixonado!



1931


Amo o tempo que passa e nunca volta,
Amo os olhos tão belos da morena.
Amo amor que por vezes me revolta,
Mas sempre, novamente vem e acena...

Amo a beleza argêntea desta lua,
Refletindo teus olhos neste mar.
O meu canto de paz se continua
Mal sabendo em meu verso te encontrar.

Sonho de vida doura meu futuro
E pousa nos teus braços, borboleta.
O manto em solidão que foi escuro,
Não deixa que mais erros eu cometa.

Eu quero seu amor, rosa amarela,
Que a noite, em maravilha, me revela...


1932




Amo tão sorrateiro, amineirado,
Que chega sem pedir, sem falar nada.
Aos poucos dominando, está do lado
E quase não sentimos a alvorada

Do amor que se faz sempre delicado.
Minha alma se percebe assim tocada
Por este sentimento desejado.
As tuas mãos, menina... Mãos de fada...

O teu sorriso belo e tão sereno...
Dominas o meu mundo, pouco a pouco.
Na mansidão gostosa do veneno

Que provo a cada dia e me vicia...
No amor que já me invade, doce e louco,
Encantos e delícias... a magia...


1933


Amo-te! És esperança e mais que isto,
A própria vida louca que se esvai...
Mas, cada vez que penso: te conquisto;
U’a lágrima sofrida vem e trai...

Muitas vezes pensei: Eu não existo;
Mas, sorrateiramente, o manto cai
Num sorriso feliz nunca mais visto,
Retornas esperanças... Sou teu pai,

Amigo, amante, luz e escuridão...
Tento mentir seguro, mas tropeço...
Muitas vezes sorris o coração,

Um minuto depois, novo endereço,
Quem parecera sim, revolve o não.
Quem és? Disfarces que me dás, avesso...


1934


Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional.
Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador.

Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.
Em ti encontro a rosa em pleno viço,

E um mundo mais feliz, eu te proponho,
Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho



1935



Amor, não necessita falar nada
Meus olhos já respondem tua carta.
Visão de noite bela, enluarada,
De cores e pendores; doce e farta.

Sentindo o teu perfume, minha amada,
Tristeza logo vai e se descarta
A sorte nos teus braços derramada,
Teu corpo de meus olhos não se aparta.

E vibro com desejos e vontades
O canto alvissareiro da esperança.
Promessas de festejos e de dança

Vibrando num momento, eternidades.
Sorrindo, o teu olhar já me anuncia
O mundo na divina poesia...


1936


Amor, se verdadeiro já se lava
Nos olhos de quem amo. É tão premente
Gritar ao mundo inteiro o que se sente,
Mostrando olhar liberto, sem ter trava.

Quem antes deste sonho se encontrava
Passando pela vida simplesmente,
Vivendo em solidão mais descontente
Nas trevas da existência não notava

A claridade intensa de um momento
Que nos permite sempre renascer,
Tocado pelo amor, em brando vento,

Permite-se sonhar e perceber
Beleza em que se encontra o sentimento
Que é feito em alegria e faz viver...



1937


Amor? Jamais achei nos alfarrábios!
Nem mesmo nos compêndios, dicionários
Semeio velhos grãos desnecessários
E finjo ter achado os astrolábios.

Heróis que antes julgara fortes, sábios
Na verdade somente vãos otários
Cevando mausoléus e relicários
Lábeis tolices ganham velhos lábios...

Hábeis soturnas aves voam soltas,
As ondas são terríveis, se revoltas,
A poesia? Inútil velharia.

Vomito sobre os pés quando eu declaro
O sonho que pudesse ser mais claro
E morre na fugaz tabacaria...



1938


Amor, minh’alma triste te procura
Em meio a decepções, eu sigo só.
No afã de ser feliz, restou-me o pó,
E dentro da garganta, esta secura.

A noite eternamente fria, escura,
Dos olhos lacrimando resta a dó
Amarga minha vida este jiló
Inútil poder crer n’alguma cura.

Quem sabe, após a curva do caminho,
Cansado de seguir sempre sozinho
O coração permita um novo sonho.

Imerso na fogueira dos desejos,
Os sonhos caminheiros tão andejos
Na trilha de teus passos, louco, ponho...


1939


Amor, feliz engenho, tece prendas
Divinas, mas cruéis, tenha a certeza.
Às vezes nos mutila com destreza,
Desabrigando em belas, nobres tendas.

Segredos que talvez tu não desvendas,
Servidas iguarias sobre a mesa,
Um agridoce gosto que embeleza
Rompendo com vigor, frágeis emendas.

Na solidez perpétua da esperança,
A senda mais gentil e movediça.
Em si traz a bonança e a tempestade

Num ritmo variável, a alma dança
E em cores tão diversas brilha e viça
Enigma de um amor: dualidade...


1940


Amor? Quem será tal desconhecido
Que por vezes bateu em minha porta
Palavra sem sentido, mesmo torta,
Deveras um caminho desvalido.

Quem dera ter o peito apodrecido
Fortuita fantasia, não me importa,
Um verme que alegria, cedo aborta,
Antes não tivesse nunca havido.

A lua mal disfarça o falso brilho
Que teima atravessar sombrias trevas.
Enquanto em poesias já relevas

As tramas deste Amor, louco andarilho,
Estampo nos meus versos a decepção
Expondo este cadáver: coração!



1941


Amor; preciso tanto de você,
Não posso lhe esquecer um só instante
Sonhar um sonho belo e fascinante
O meu olhar procura e nada vê.

Quem dera se eu soubesse, então por que...
Seu corpo delicado e provocante
Agora está por certo tão distante,
Nem mesmo na esperança, alma inda crê.

Saudoso deste amor; sigo carente,
O coração vazio, vai ausente
Ouvindo uma canção ainda sonho

Com todos os seus beijos, nada vem...
Sozinho neste mundo, sem ninguém,
Apenas solidão. Vago, tristonho...

1942


Amor, redemoinho que me toma,
Ao envolver-me mostra o seu poder.
Numa emoção divina, mais que soma,
Amor multiplicando o meu prazer

Nas mãos tão delicadas e macias,
Promessas de emoção e liberdade,
Imersas em nós dois as alegrias
Acenam com total felicidade.

Pegadas que deixamos por aí,
Ao caminharmos juntos, lado a lado,
Amor tão benfazejo; encontro em ti
Por isto este meu canto apaixonado.

Amor tanto redime quanto cura,
Na placidez me encharca de ternura...


1943


Amor, bala perdida que atingindo
O peito distraído não tem pena.
Enquanto teu requebro amor acena,
De dores e alegrias me tingindo.

Às vezes idiota; outras tão lindo,
Quem ama nunca pensa ou concatena
Nas pernas torneadas da morena,
Num sorriso, ao inferno conduzindo.

Sereno ou tempestade, não importa,
Amor ao arrombar janela e porta,
Qual um salteador em noite clara.

Ao mesmo tempo morde e dá lambida
Bagunça num instante e nossa vida,
É jóia vagabunda, falsa e rara...



1944


Amor, numa expressão quase fantástica
Bem mais do que paixão. É fanatismo.
Não posso caminhar, minha alma estática
Tomada por vulcão num cataclismo,

Por mais que inda persista em resistir,
Atada nos teus olhos te persegue,
Às vezes inda tento prosseguir,
Sem barcos como existe quem navegue?

Amor se transformando em frenesi
Além do que seria concebível.
Nos passos deste encanto eu me perdi,

E agora não consigo imaginar
Sem ter o teu carinho, fato incrível,
Não posso e nem mais quero respirar!


1945


Amor, jura secreta que fizemos
Em noite de luar, maravilhosa.
De todos os desejos que sabemos,
Colhemos neste amor, espinho e rosa.

Que então de farto mel nos lambuzemos,
De fel já basta a vida, caprichosa,
Assim o belo dia que nós vemos
Envolverá o amor em verso e prosa.

Os corpos que se buscam mais febris,
Conhecem dos prazeres seus ardis,
Mas teimam em tentar felicidade.

Abarco em pensamentos tuas sendas,
Deitando o nosso sonho em simples tendas
Que nos protegerão da tempestade...


1946


Amor, não me pergunte se eu te quero
Repare em meu olhar quando te vejo,
Expressa com vontade o meu desejo
Abranda um coração outrora fero.

Se tantas vezes digo que venero
Não é somente assim por um ensejo,
Um sentimento imenso, até sobejo,
Demonstra o que de ti, querida espero.

Tu tens, pois a certeza do que eu sinto,
E nada impedirá que sejas minha.
Minha alma se da tua se avizinha

É como se bebesse tanto absinto,
E flutuasse solta no universo
A resposta? Foi dada em cada verso...



1947


Amor, vento solar que nos assola
Mudando a direção dos nossos passos,
Seguindo estas pegadas, belos traços,
Minha alma delirante já decola

Retrato mais fiel da intensa glória
Que traz em versos mansos, claridade,
O amor quando se mostra em realidade
Transforma, num segundo, nossa história.

Dos sonhos que eu sonhei, o mais perfeito,
No qual sendo feliz, eu me deleito
Versando sobre nós ora te digo

De tudo o que mais quero, esteja certa
A mais sublime e clara descoberta
Traduz o que mais quero, amor e abrigo..


1948


Amor, rosa dos ventos, timoneiro
Que leva a minha barca ao infinito,
Encanto em perfeição e corriqueiro
Fazendo da alegria nosso rito.

Dos deuses o mais claro mensageiro,
De todos os meus sonhos, mais bendito,
Ourives e também o garimpeiro
Separa diamante de granito.

Nos vãos do nosso peito, ao adentrar,
Entranha a divindade, esteja certa
Que a força deste amor, jamais deserta

Aquele que se deu sem perguntar.
Deixando-se levar na correnteza,
Terás o Paraíso, com certeza...


1949

Amor, quando sentires na janela
O vento te chamando, mansamente
Nos olhos imaginas esta tela
Formada por um lume iridescente

Em múltiplas imagens refletidas
Espelhos devorando girassóis,
Atadas pelos sonhos, nossas vidas
Estendem no infinito, tais faróis...

Rastreio cada passo que tu dás,
Olhando para estrelas e cometas.
O amor que extasiada, a noite traz
Entrando na janela pelas gretas

Apalpando teu corpo, o gozo alcança
Num frêmito divino, amor nos lança.


1950


Amor; jamais alguém vai impedir
Tua vitória em tempos de batalhas.
Às vezes mesmo em fios de navalhas
A sorte te compele a prosseguir.

Estrelas tão diversas vão luzir
Acobertando assim as tuas falhas
E quando nas ilhargas vêm ferir
Tenazes, tuas mãos tudo estraçalhas.

Vencendo com soberba e galhardia,
Amor ao encetar a poesia
Demonstra-se em poder, o soberano.

Enquanto em resistência insuperável,
Teimosamente um sonho tão amável
Protege contra o medo e o desengano...



1951


Amor, um sentimento poderoso,
Às vezes violento, outras gentil
Amansa um coração mais belicoso,
Porém algumas vezes faz ser vil

Aquele quem outrora carinhoso
A quem domina faz então servil,
Da vida eu quero mais que um simples gozo
O toque tão suave, assim gentil

Tomando a nossa vida num segundo,
Mudando de repente, o nosso mundo
Encontra da alegria, fonte e mina.

Porém se tantas vezes vou sedento
Não tenho outro caminho, e neste intento
Amor festa cruel que nos ensina


1952


Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional
Perfume que entontece e que envenena
Delícia deslumbrante, magistral

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador
Canteiro tão sublime pleno em viço.

Vivendo em fantasia, um peito rude
Ao perceber refeita a juventude,
Não quero te perder, tu sabes disso,



1953


Amor, uma divina providência
Em puros sentimentos verdadeiros,
Guiado por carinhos/timoneiros,
É feito dia a dia em convivência.

Amor jamais permite a penitência,
Trazendo no seu bojo doces cheiros,
Divinos, sensuais e feiticeiros,
Mostrando em perfeição total clemência.

Amor que em canto louva a bela fonte,
Imersa entre estes prados, esperanças.
Um oceano feito em água doce,

Abrindo de repente, no horizonte
Um sol que molda os brilhos onde alcanças
Além do que pensamos que amor fosse...


1954


Amor, doce florada da esperança
Aguado pelas lágrimas e risos.
Cevado por carinhos mais precisos,
Por sendas belas, ricas, amor trança.

E quando vai granando logo alcança
Os frutos que se mostram sem avisos,
Embora tantas vezes imprecisos,
No novo semear, toda a fiança.

Barco à deriva, riscos e tempestas,
Amor ao soçobrar, quando resiste,
Demonstra a solidez tão desejada.

Por mais que o casco tenha duras frestas,
Amor se verdadeiro, tanto insiste
Brotando mesmo em terra mal arada.



1955

Amor; a sacra face da promessa
Estende nos altares soluções.
Vendendo o quanto resta sem ter pressa
Entrego-me às diversas sensações
Na vida que virá, e mesmo nessa,
Eu quero o fogo eterno das paixões.

Decifro sem cifrões a mesa farta,
Nas ricas esperanças deste sonho,
O vento que me traz jamais se aparta
E nele, a cada dia, o gozo eu ponho.
O tempo sem amor já se descarta
E a carta sobre a mesa, é um bem bisonho.

Bisando cada beijo em tua pele,
Ao salvador pecado se compele...



1956


Amor, o meu destino já moldura,
Fazendo do meu braço, o seu esteio.
Tocado pelos laços da candura,
Não tenho mais sequer qualquer receio

De ter a liberdade de poder
Amar além do cais, eternamente.
Vivendo o quanto resta por viver,
Aguando da esperança esta semente.

Mergulho no oceano de nós dois,
Adentro cada parte deste porto.
Sem medo do que venha, assim, depois
Às tramas deste amor eu me transporto,

O teu perfume encharca a minha casa,
De toda esta loucura, o peito apraza...


1957


Amor, não necessita falar nada
Meus olhos já respondem tua carta.
Visão de noite bela, enluarada,
De cores e pendores; doce e farta.

Sentindo o teu perfume, minha amada,
Tristeza logo vai e se descarta
A sorte nos teus braços derramada,
Teu corpo de meus olhos não se aparta.

E vibro com desejos e vontades
O canto alvissareiro da esperança.
Promessas de festejos e de dança

Vibrando num momento, eternidades.
Sorrindo, o teu olhar já me anuncia
O mundo na divina poesia...


1958
Amor, se verdadeiro já se lava
Nos olhos de quem amo. É tão premente
Gritar ao mundo inteiro o que se sente,
Mostrando olhar liberto, sem ter trava.

Quem antes deste sonho se encontrava
Passando pela vida simplesmente,
Vivendo em solidão mais descontente
Nas trevas da existência não notava

A claridade intensa de um momento
Que nos permite sempre renascer,
Tocado pelo amor, em brando vento,

Permite-se sonhar e perceber
Beleza em que se encontra o sentimento
Que é feito em alegria e faz viver...


1959

Amor, quando acontece sempre traz
Um gosto de ilusão audaz e ardente,
Nem sempre o meu destino satisfaz,
Nem sempre amor se mostra sabiamente

Amor de tantas dores é capaz
Porém em nossa vida, este regente
Ao mesmo tempo em guerra, mostra a paz
Batalha que se faz assim urgente.

Em setas sem juízo, vem; dardeja
E o que Deus bem quiser; amada seja
Fazendo um reboliço no meu peito.

Amor bicho matreiro, assopra e morde
Num belo adormecer não quer que acorde
De um sonho que me deixa satisfeito.


1960


Amor, doce feitiço que nos doma
Entrando em nossa casa, faz a festa.
Pegue meu coração. É teu. Pois toma
E leve meu amor, é o que me resta

Sou teu e em tal entrega não descanso
Serei teu companheiro mais sincero,
Deitando em teu regaço, um bom remanso,
Viver felicidade: o mais quero.

Meu pensamento voa em liberdade
E busca nos teus braços, manso ninho.
Ao conhecer em ti, felicidade

Já sabe que não vai jamais sozinho.
Falena que encontrou a claridade
Percebe neste lume, o teu carinho...


1961


Amor! Um sentimento inigualável.
Inspirador de deuses e poetas
Tornando almas sensíveis prediletas
Do Criador, um Ser incomparável.

Amar é ter o bem insuperável
Forjando nossas vidas mais repletas
De sensos, de caminhos e de metas
Deixando o dia a dia suportável.

Chamar-te: Meu amor. Quanta alegria
Expressa em poucas letras, mas potentes.
É tudo quanto o Bem esperaria

Unindo em versos nossos continentes.
Distantes, mas tão próximos; querida,
Que seja, pois, assim, por toda a vida!


1962


Amor, não quero nunca te perder,
Vieste em luz divina, salvadora.
A vida do teu lado se demora
E torna mais gostosa de saber.

Teu corpo me exalando tal prazer
Que faz com que minha alma que te adora,
Numa força absoluta trague agora
O tempo de sonhar e de viver.

Luzentes olhos belos, astro-guia
Farol de minha vida, redenção!
Batendo em disparada o coração,

Entorna o pensamento em alegria.
Fartura de querer, viva emoção,
Nos cantos mais sonoros da paixão...


1963


Amor; faço em cada verso
Que componho com carinho,
Neste mundo tão perverso
Jamais andarei sozinho

Nunca mais irei disperso,
Pois encontro em meu caminho,
Mar, aonde vou imerso,
Na certeza em que me alinho.

Meu amor não cansará
De buscar belo farol,
Que por certo encontrei cá.

Nos teus olhos refletores,
Trazendo à noite este sol,
Com seus raios redentores...


1964


Amor; cumplicidade em tanta entrega
Seguindo em desafio, pela vida.
A sorte muitas vezes por ser cega
Nos deixa de lembrança uma ferida

Que marca para sempre em cicatriz,
Deixando fundas marcas no meu peito.
Porém agora, sigo mais feliz,
E vivo, na verdade, satisfeito.

Por ter ternura imensa, e uma paixão,
Na vívida esperança em que me vejo.
Seguindo sem dar tréguas, a emoção
Que é mais do que um simples, bom desejo...

Amor que de verdade, sedutor,
Transborda em minha vida, encantador.


1965


Amor. Com que ternura te recebo,
Na mansidão sincera deste amor
Um mar tão mavioso assim percebo
No verde da esperança, sua cor.
Quem dera estar contigo, ser teu Phebo,
Vivermos num castelo encantador...

Se ao menos eu montasse num corcel
Voando qual um Pégaso ligeiro,
Tomasse num segundo o belo céu
Que torna teu amor tão verdadeiro,
Assim eu beberia farto mel
Que guardas no teu peito, amor primeiro.

Meus olhos te tocando mansamente,
O mundo sorriria mais contente...


1966

Amor; por certo um mote delicado
Criando uma corrente benfazeja.
Verdejando esperança em raro prado
É mais do que se pensa e se deseja.
Se vivo por amar, amor foi dado
A quem a boa sorte sempre beija.

Por mais que a vida traga insensatez
E faça do meu dia amargo e frio,
Uma alegria sopra e assim, talvez;
Meu mundo não se torne tão vazio.
Amor jamais permite pequenez
Clareia um sentimento mais sombrio...

É bom te ter por perto me aquecendo,
Em cada verso teu vou renascendo..



1967


Amor; efêmero desejo vivo
De uma existência mais tranqüila em dor...
De tanta espera me percebo altivo,
Pensando mesmo que não tenho amor...

Talvez futuro possa dar ao sonho
Novo vigor. Minha esperança insiste,
Muitas das vezes; quando amar, proponho,
Numa ilusão de que eu não seja triste.

Pois neste ledo engano insisto tanto
Que creio ser, quem sabe, mais liberto.
Mas amores que passam deixam pranto
E meu peito indefeso, descoberto...

Mas insisto em tentar sem solução,
um dia, proteger meu coração...


1968




Amor, quando seguiste teu caminho
Em busca da fatal eternidade;
Deixando este meu mundo tão sozinho,
Distante desta tal felicidade

Que sempre fora nossa companheira,
Pensei que talvez fosse também ir;
Tendo essa vontade derradeira,
Destino que desejo enfim, cumprir...

Aos poucos, fui sentindo uma esperança,
Que agora, me domina totalmente.
Amada, nossa vida, na lembrança;
Seguindo minha estrada, bravamente...

Descobri que a vida é mesmo assim,
Apenas viajaste antes de mim!


1969


Amor, vim das entranhas das Gerais,
Nascido na tapera de sapê,
Agora que lhe encontro, tenho mais!
Estou apaixonado por você!
Meu Deus! Nunca pensei amar demais
Quem olha e me conhece sempre vê

Sorriso diferente que me trai,
Os olhos vão brilhando pelas ruas...
A noite renascendo, a tarde cai,
Estrelas vão vagando todas nuas,
Nos dedos a saudade já se esvai
As almas se tocando, nossas duas..

E sinto eternidade nesse amor
Que é verso tão gostoso de compor...


1970


Amor, desesperado e traiçoeiro...
Procuro, nos seus bolsos, minha algema.
Não fui feliz, apenas verdadeiro.
O mote da existência; minha gema!

Te quis, eu mergulhei e fui inteiro,
Teu cheiro me trazia a piracema,
Teu corpo deslumbrando-me, tinteiro,
Deixou um só sinal, acho que trema...

Levaste meus acordes e meu pinho,
Sonatas e sensórios insolventes...
Sem suspensório, calça e colarinho,

Caminho sem sentido e sem remédio..
Meus versos invertidos e sem dentes,
Vasculham nas estrelas, fim do tédio...


1971



Amor, quando partiste tu levaste
O bem maior que um dia pude ter.
Bem sei que tenho culpa do desgaste
Que veio, pouco a pouco, carcomer

O mundo que sonhei e que sonhaste,
Matando, sem sentir, nosso viver.
Agora o quê que faço sem esta haste;
Se, estúpido, eu perdi teu bem querer.

Saudade me tomando. O que farei?
A tua voz ecoa em meus ouvidos,
Eu sinto que jamais te esquecerei...

Morrendo lentamente... Na verdade,
Meus dias vão passando tão sofridos,
Só resta o amargo gosto da saudade...



1972


Amor, a tempestade, em calmaria breve
É pesadelo louco. Espero e me destrói
Ao mesmo tempo cura, amputa e tanto dói!
É fardo que carrego e que me deixa leve.

É mão que me tortura, em carinhos se atreve.
Depressa, cicatriza, um segundo, e corrói.
Esfacela meu sonho; a vida, me constrói.
É frio no deserto, e sol em plena neve.

Amor manto desnudo, e clara madrugada;
Serpente que me beija, a boca envenenada.
Derrota na vitória, os louros na derrota!

É pleno contra-senso, um barco sem destino.
Ao velho, pleno encanto, e volta a ser menino.
Amor é louco guia, esquece-se da rota!



1973



Amor, como é difícil te encontrar,
Meus caminhos, perdidos foram vagos,
Mergulhei tantos rios, mares, lagos...
Naveguei por planetas, sol, luar...

Amor, nos nossos passos, caminhar,
Sem temer por dilúvios nem estragos,
Conhecer, ness’amor, segredos magos...
Nos canteiros, antúrios, vou plantar...

Em dois corpos, una alma um respiro,
Os nossos gozos, juntos num suspiro...
Sentir doce certeza do teu bem...

Diversa liberdade que cativa,
Aprisiona, tornando mais altiva
Nossas vidas que, uníssonas, convive


1974



Amor, meu companheiro de viagem!
Nas curvas e desníveis do caminho,
Espero por teu vento, tua aragem.
Não quero prosseguir assim, sozinho...

A lua vai mudando de roupagem...
No céu prateia e doura cada ninho,
Se enfeitando, tão bela maquiagem!
Amor meu companheiro, passarinho!

Voando pelos campos, beija a flor.
Revoando por mares, cordilheiras...
Encontra esta beleza, e esplendor.

Pesado, coração voa de banda,
As noites são amigas, companheiras,
Decerto eu hei de amar-te, bela Amanda!



1975


Amor, apaixonante teu carisma...
Beleza, representas Afrodite...
Teus olhos repercutem todo o prisma,
Quem foi teu criador? Peço palpite...

Nas noites te procuro, velho cisma,
Tanta candura assim, nunca se admite...
Amar-te é conhecer cada sofisma,
Procuro-te, rainha Nefertiti,

Akhenaton, procuro tal beleza,
Encontro a solidão como promessa...
Não posso te negar a realeza...

A vida nunca teve tanta pressa...
No fundo cultivando tal tristeza,
A morte me servindo de compressa...


1976


Amor; ao perceber duros revezes
Encontra na amizade uma firme haste
Por isso é que querida, tantas vezes,
Em outros braços, cedo me encontraste,
Na mão que feita em cardo já me leses
Em outras mãos recebo num contraste

Carinhos dedicados, nova empresa
Que mostra, num momento o paraíso,
Minha alma ao se encontra quase indefesa
Cedendo à sedução de um bom sorriso,
Afoga noutros colos, a tristeza,
Em toque tão suave e mais preciso...

Amor, se nos teus braços me repele,
Eu lembro-te, preciso mesmo dele...



1977

Amor, encanto imenso em canto eterno
Que traz a solução para os meus medos.
Se em tanto amor, portanto, vou tão terno,
Amar é decifrar nossos segredos...

Amor não me permite um frio inverno,
Trazendo as primaveras como enredos,
Vestindo em alegria, rasgo o terno
E trago a liberdade nos meus dedos...

Eu quero em nossa vida, esta euforia,
De ser o que tu queres. Plenitude!
Cantando dia a dia, a poesia

Que traz nova manhã em puro encanto.
Amando sempre mais, tão amiúde,
Os olhos p'ro futuro eu já levanto!

1978


Amor, um sentimento tão tirano
Que, déspota, não deixa respirar,
Causando, se traído, desengano,
Recende a fantasia e ao penar.

Converte todo bem em um talvez,
Invade sem pedir calma ou licença,
Nunca sabe esperar a sua vez,
Às vezes punição ou recompensa.

Amor que me injuria quando exalta,
Exala tal perfume que inebria,
Quanto maior se sente mais a falta
Ausente, traz uma alma mais vazia.

Amor que nos derrota na vitória
É rumo que se perde em plena glória!


1979



Amor! Quando escutei a tua voz
Não pensei duas vezes. Te obedeço!
Mesmo que dolorida, duro, atroz,
No teu caminho; amor, me reconheço...

Quantas vezes, neguei o teu chamado...
Sozinho, arrependido, e tão vazio;
Procurava escutar, tempo passado,
Mas nada... tu voavas... Que fastio!

Depois de tanta dor e solidão,
Depois de tantas noites te esperando...
Amor, eu te buscando na amplidão,
E somente esse nada inda ecoando...

Amor, tua voz próxima de mim...
Serei, quem sabe... Então, feliz enfim?


1980



Amor; dispareunia
É caso complicado,
No amor que nos unia
Destino bem traçado,

Não quero uma agonia,
Vivendo lado a lado,
Mas tento uma alegria
Num riso disfarçado.

Não quero o sofrimento
Que traz o meu prazer.
Com todo envolvimento

Decerto vai doer.
Prometo ser mais lento.
Quem sabe? Pode ser...


1981


Amor, na eternidade de um segundo,
Trazendo toda a sorte de ilusões...
Num sentimento breve e tão profundo
Rebenta; sem pensar, os corações.

Na correnteza forte que eu me inundo
Tomando já de assalto as emoções,
Amor que sempre foi maior do mundo,
Morrendo nas estradas das paixões...

Calando tanta angústia em nosso peito,
Vasculha cada parte do meu ser.
Amor se achando sempre no direito

Coberto de vontades, trama a morte.
Eu quero eternamente te querer
Na sensação divina que me aporte...


1982


Amor; quando te vejo tão sozinha
Olhando para o nunca e pr’o talvez;
Vontade de dizer: venha ser minha!
Amor que em mim nasceu, em ti se fez.

O dia vai passando e na tardinha
A lua desejosa espera a vez
De vir banhar a terra; amor se aninha;
Escrevo que te quero mas não lês...

Meus versos se perdendo, sem resposta;
A solidão te toca e me maltrata.
A mesa desta vida já foi posta

Só falta tu quereres desfrutar
Do imenso sentimento que arrebata
E faz; de olhos fechados, levitar...
1983


Amor! Um sentimento inigualável.
Inspirador de deuses e poetas
Tornando almas sensíveis prediletas
Do Criador, um Ser incomparável.

Amar é ter o bem insuperável
Forjando nossas vidas mais repletas
De sensos, de caminhos e de metas
Deixando o dia a dia suportável.

Chamar-te: Meu amor. Quanta alegria
Expressa em poucas letras, mas potentes.
É tudo quanto o Bem esperaria

Unindo em versos nossos continentes.
Distantes, mas tão próximos; querida,
Que seja, pois, assim, por toda a vida!


1984



Amor; que eu não proclame aos sete mares
Teu nome, e que preserve o sentimento.
Além deste quintal, destes pomares,
Silêncio que eu exijo até do vento.

Não saibam deste amor nem os luares,
Não quero mais as dores nem tormento
Pois sei que tanto amor ao dedicares,
Pediste este silêncio, e assim eu tento.

Embora esta vontade de gritar!
Embora esta alegria que incontida
Invade minha vida sem vagar,

Tomando o pensamento, sem parar
Tu és a minha paz, razão de vida,
É duro me conter e me calar...


1985


Amor, não sou o resto que pensavas,
Apenas me enganei, te amei demais.
Rompeste, sem querer todas as travas
Que sempre protegiam o meu cais.

Vieste e bagunçaste toda a casa,
Fizeste uma total revolução,
Do gelo tu forjaste louca brasa,
Depois desperdiçaste tal vulcão...

Agora que senti que fui usado,
Incrível, não me sinto simples presa,
Valeu a pena, amor, ter encontrado
Mesmo que por segundos, tal certeza:

Depois deste teu barco sem destino,
Voltei de novo a ser, como um menino...


1986


Amor, partenogênese fantástica
Que traz do nada, o tudo insuperável...
Mostrando sua face mais elástica
Nos morde de maneira mais amável.
Notícia que se torna mais bombástica
Bebendo solução mais intragável.

Leva todo o bom senso pra falência
Derruba um matagal de sensatez.
Amar é sucumbir com inocência,
Perder de uma vez só, a lucidez.
Depois pedir por paz, pela clemência
Após a guerra louca que já fez...

Amor é ser cruel, sendo servil.
Amar, trazer remanso, a um ser vil...


1987


Amor, cavalo solto, bela crina
Que passa galopando em nossa vida.
Na ponta desta faca, aguda e fina,
O corte que se fez, sem dar saída.
Cativo deste amor que me domina,
A sorte não promete despedida...

No pomo deste amor, maçã e medo,
Vestido de ternura e de saudade.
Morrendo em cada verso de degredo,
Vivendo em cada sonho de verdade.
Me prendo nos teus braços, teu enredo,
Embora em nosso amor, disparidade...

Dou asas ao amor, corcel bendito
E vou braços abertos, infinito....


1988


Amor, este elixir da eternidade
É fonte de uma eterna juventude
Permite que se encontre a mocidade,
Se pleno de amizade e de virtude.

Refaz uma esperança, mata a fera
De garras tão ferozes, afiadas,
Renasce em meu jardim a primavera
Eterna e divinal em mil floradas...

Amor, uma manhã ensolarada,
Nos versos que componho a ti, querida,
Premissa que remoça na alvorada

Que teima se sentir por toda a vida...
Amiga, um sentimento que é tão forte,
Impede quando em vida, que haja morte...


1989


Amor; por que mentiste para mim?
Andava solitário pela vida
Mas mesmo em solidão, vivia assim
Com minha sorte plena e decidida.

Achava que jamais teria fim
A calmaria e a paz ali sentida.
Mas logo tu chegaste... Pude, enfim,
Acreditar que havia uma saída...

Depois tu me trocaste por alguém
Deixando-me de novo tão sozinho.
Pior, agora vou buscando um bem

Que possa me trazer um novo dia.
Quem prova deste amor, deste carinho,
Morrendo, sem ter paz e uma alegria...


1990



Amor... Em teus domínios me entreguei
De tal forma que nunca imaginara...
Distantes emoções. O que farei
Com esta sensação imensa e rara.

Suspiro na procura de um remédio
Que possa me trazer de novo a paz.
Amor tomando forma; em seu assédio
Me perco e já nem sei se sou capaz...

Tentando em ombro amigo, me apoiar
Mas nada me conforta, alma se solta
E busca andante errante te encontrar...
Este caminho trilho e sei sem volta...

Mas ouço tua voz, meu coração,
Dizendo-me: não lute. Ah! Isso não....


1991


Amor, por vezes cego, já se engana
Quando demais, a esmo, segue a sina.
Porém quando te vejo amor se ufana
Da sorte tão ditosa que destina

A quem, por vezes cego; não sabia
Que estava bem diante deste amor
Farol que me irradia a fantasia
Mostrando o meu futuro encantador

Ao lado da morena mais formosa
Que um dia Deus criou por sobre a terra,
Se sobressai das outras, olorosa,
Uma esperança doce já se encerra

No colo da morena sedutora,
Das dores que passei, a redentora...


1992


Amor... Quando partiste, sem saber,
Deixaste no meu peito uma cratera.
Agora vou vivendo por viver
A solidão me toma, triste fera...

Não quero que tu penses que estou triste
Eu canto de alegria, nem percebo
Nem quero mais saber se a dor existe,
Um novo amor já tenho e assim concebo.

Os olhos são tristonhos? Nada disso!
Sorrio e me encanto por sorrir.
Amores que chegarem? Compromisso?
Ninguém pode pensar nem em pedir...

Não pense que fiquei tão desolado!
O lenço? Meu amor, estou gripado!



1993


Amor? Talvez... Qual nome, enfim, daria
Ao nobre sentimento que me trazes.
Só sei que tanto sinto essa alegria,
Independentemente do que fazes.

Querida, uma amizade, pode ser...
Porém não só te quero, como vejo
Em todos os momentos, sem querer,
Algo que me domina e que desejo.

Não consigo fazer a distinção,
Apenas eu pressinto que te quero.
Mais além, bem além de uma emoção,
A plena sensação: eu te venero!

É como uma amizade, em fantasia,
Retrata um grande amor? Fotografia...


1994


Amor, um sentimento insuperável,
Nos traz toda a alegria com tristeza.
É forte, gigantesco; mas instável,
Refletindo em nossa alma dor, beleza...

A força de um amor, locomotriz,
Nos traz uma certeza de encontrar
No céu desta esperança; tal matiz,
Que faz quem tanto sonha delirar...

Amor inconseqüente, sem juízo,
Acima da maldade e da bondade.
Inferno que nos leva ao paraíso,
Amar é sempre ter a mocidade.

Amor é soberano e sem igual,
Acima, sempre está, do bem, do mal...


1995


Amor, um sentimento tão tirano
Que, déspota, não deixa respirar,
Causando, se traído, desengano,
Recende a fantasia e ao penar.

Converte todo bem em um talvez,
Invade sem pedir calma ou licença,
Nunca sabe esperar a sua vez,
Às vezes punição ou recompensa.

Amor que me injuria quando exalta,
Exala tal perfume que inebria,
Quanto maior se sente mais a falta
Ausente, traz uma alma mais vazia.

Amor que nos derrota na vitória
É rumo que se perde em plena glória!


1996


Amor, bem sabes tudo o que receio,
Mas tantas emoções, amor apura.
Deitado em languidez sobre teu seio,
Encontro, para o amor, uma armadura...

Proteges, com carinho e com ventura,
Das lutas que mais temo e mais anseio.
Amor é desvendar numa aventura
Mistérios que me enlevam, em que creio...

Ao poderoso dono do destino,
Que sabe conquistar e me domina.
Futuro tão incerto descortino
Nos braços de quem amo e me alucina...

Não vejo desafios mais constantes
Que aqueles que nos tornam em amantes...


1997


Amor, meu contraponto da existência
Meu verso predileto e mais loquaz.
Amar não é somente coincidência
É mais do que provar-se ser capaz...

A força que se emana deste fogo
Não deixa mais um resto sem abalo.
Amar não é somente um louco jogo
É sonho que me invade, onde me calo...

Amor sem ter juízo já me perde,
Insano me desfaço sem razão;
Aos poucos sanidade vai e cede
Espaço pros delírios da paixão...

É tanto que não posso mais falar
Somente se conhece amando amar...


1998


Amor; mesmo esperanças já perdidas
Prometem novos cantos se quiseres.
As horas que vivemos destruídas
Renovam-se nos sonhos que puderes.

Eu sinto que não vale mais a pena
Sentir essa tristeza que se apressa.
Mudemos de sentido a velha cena
Teremos novo amor, assim depressa.

Disperso o sentimento como pólen
Esparso pelo vento, sem destino.
Talvez se algumas flores o recolhem
O dia nascerá tão cristalino...

Não temo a primavera nem outono,
Não quero combinar com abandono!


1999


Amor, neste lugar onde persigo
Os rastros dos teus passos melindrosos.
Não sei por quantas vezes eu consigo
Saber de nossos sonhos mais formosos.

Preciso me encontrar, sem te temer.
Porque em meus olhos surge tal imagem
Da morte e da vontade de viver,
Em luta que pernoita essa visagem.

Assim parte, assim some, em cada rosto,
Quer me punir, amor, por ter sabido
De cada sentimento, assim mal posto,
Depois de tanto tempo já perdido...

Meu amor, perseguindo cada passo,
Já me perco, envolvido em seu cansaço...


2000



Amor; não quero o medo que te assusta,
Nem quero o gosto amargo que vivemos.
As contas com a dor, meu peito ajusta,
Manhãs inesquecíveis já rompemos...

Agora nossa aurora está nublada,
Mas ventos de promessas já chegaram.
A noite que dormimos, minha amada,
Aos poucos, os silêncios se falaram...

No toque que senti de tua pele,
Amando sob as tramas dos lençóis.
Aquela que dizia que repele,
Se encontra mais pertinho, velhos nós...

Quem sabe a solidão tão prometida,
Permita nosso amor, minha querida...


2001


Amor, em convulsões, beijando a areia;
Trazendo nos meus sonhos, tantas mágoas.
Ao mesmo tempo cega e me incendeia,
Depois, vem sorrateiro e lança as águas...

Amor que me decora em suas manhas;
Devora mansamente as fantasias.
As dores dos amores são tamanhas,
Depois das tempestades, alegrias...

Além do céu fechado, uma esperança;
Saber dessas venturas do prazer.
O olhar apaixonado sempre alcança,
O mundo tão feliz que pensa ter.

Eu quero esse destino mavioso,
Nas tramas deste amor delicioso...


2002

Amor, quando penetro em tal floresta,
Meus sonhos se desfazem sem sentido.
De tudo que quisera, nada resta,
Depois de tanto tempo, decidido...

Visando uma saudade que não quis,
Vivendo uma quimera que não pude.
Por mais que se quisera ser feliz
A dor dentro do peito é triste e rude.

Não sabes do que tive no passado,
Não sabes do que trago em minha mão,
O canto que pensara aprisionado,
Aos poucos se liberta em teu perdão.

Amar é navegar sem ter fronteiras,
Trazendo as tempestades, companheiras


2003

Amor, um fulminante sentimento,
Lavrado no triunfo da verdade.
Sabendo-se forjar do sofrimento,
Roubando desse escuro, a claridade.

As marcas que deixaste; meu amor;
Ocupam coração, ocupam mente.
Lembrando-me do olhar tão tentador,
Descubro o seu agir, mais sabiamente.

Domina minhas mãos, meu riso e glória.
Amor que se demonstra onipotente,
Reverte todo o rumo desta história;
Como um celeste sólio reluzente.

Vou louco, mudo, mísero, perdido,
Aos braços deste amor, com dor ungido...


2004


Amor, quando penetro em tal floresta,
Meus sonhos se desfazem sem sentido.
De tudo que quisera, nada resta,
Depois de tanto tempo, decidido...

Visando uma saudade que não quis,
Vivendo uma quimera que não pude.
Por mais que se quisera ser feliz
A dor dentro do peito é triste e rude.

Não sabes do que tive no passado,
Não sabes do que trago em minha mão,
O canto que pensara aprisionado,
Aos poucos se liberta em teu perdão.

Amar é navegar sem ter fronteiras,
Trazendo as tempestades, companheiras


2005




Amor, as ondas chegam e me levam...
Não sofra; mas preciso navegar.
Teus braços e carinhos já me cevam,
Porém está chamando o imenso mar...

Nos portos, meu navio, tantas ondas.
Nos olhos, sofrimentos e desejos...
As luas dos meus sonhos tão redondas
Precisam deste afeto, tantos beijos...

Mas trago meu destino, marinheiro;
Buscando cada estrela em cada noite...
Eu sou teu, tu és minha por inteiro;
O vento deste mar, temido açoite...

Perdoe; neste mar ir navegando,
As pedras deste cais estão chamando...


2006


Amor; um instrumento de ternura;
Vencendo tantas vezes o descaso.
É força que me invade e com alvura
Clareia todo triste, ledo, ocaso...

Ecoa os sentimentos mais diversos,
Derrama nossos cantos pelos ventos.
Traduz uma alegria nos meus versos;
Domina quase todos pensamentos.

Amor entoa um hino de alegria,
Ao mesmo tempo tece uma saudade.
Refaz-se e se renova todo dia,
Aumenta e desatina a claridade.

Amor não sabe as horas nem o tempo,
Supera e também cria contratempo...



2007



Amor, quanto maior, quer mais espaço.
Aos poucos nos domina totalmente;
Não cede nem à dor nem ao cansaço,
Torna-nos dois infantes, num repente...

É porto que se forma a cada dia,
Nos olhos que pretendo serem meus...
Num canto esfuziante de alegria,
Espelha meus desejos nestes teus...

Logrando muitas vezes, minha luz;
Engendra meus caminhos, me enobrece.
Sabendo tantas rotas, me conduz;
Ao mesmo tempo sana e me enlouquece...

Amor que se agiganta não descansa,
A cada novo dia, mais avança...


2008


Amor, por onde andaste tanto tempo?
Durante tantos anos te escondeste.
Fizeste do meu peito, um passatempo;
Fazendo a cada dia, um novo teste.

Jogavas os teus braços sobre mim,
Dançavas e se rias; zombeteiro...
Na boca desejosa e carmesim
Mil vezes mergulhei meu mundo inteiro.

Mas nada, simplesmente fugias...
Depois de certo tempo, solidão...
Brincavas de esconder essa alegria
Que tantas vezes trama o coração...

Agora que te encontro, aprisiono...
Não quero mais sofrer teu abandono...


2009


Amor? Por que vieste assim, tão forte?
No outono com vigor de primavera...
Amor que não pergunta, traz a sorte.
Amor que sempre esteve, desde outra era...

Amor que não mais resisto, nem respiro...
Amor com plenitude mais vital.
Amor quando em teus braços eu me atiro,
Amor que é tanto da alma quão carnal...

Amor que é tempestade e traz ciúmes...
Amor que é claridade em plena treva,
Amor que sempre encharca de perfumes,
Amor que em pleno estio; triste, neva...

Ao ver assim aflito, respondeu:
-Simplesmente por que somos tu e eu!


2010


Amor... Nunca envelheça o coração,
Esse envelhecimento envilece.
Dos rancores, tristezas, solidão,
Aos poucos, corroendo, a morte tece.

Não deixe de sonhar com novo dia,
Repleto de esperança e brincadeira.
Uma alegria mata essa agonia,
Cantar e ser feliz, falar besteira...

Dançar, voar, sonhar... É permitido!
Mesmo sozinha, dance. Pensamento...
Jogue fora essa dor. Lote vencido
Não cura e só complica. Traz tormento...

Ame! No amor há sempre essa esperança
De fazer renascer a alma-criança!



2011


AMOR... Quantos momentos compartilhas
Com tantas alegrias e tristezas...
Prova de que não somos simples ilhas
Envoltas pelos mares e belezas...

Amor que valoriza cada momento,
Em cada pensamento fortalece.
Amor que se permite até tormento,
Amor que vive em guerra em plena prece...

Pois tudo que fazemos em teu nome,
Amor; posso saber que vale a pena.
A chama da alegria que consome
A chama da tristeza nos apena...

Mas, amor que é turbilhão e tão sereno,
Nada feito em AMOR, será pequeno...


2012


Amor, suavidade diz teu nome.
Vencemos as batalhas complicadas
Porém, o que nos resta já se some
Em meio a tão distantes alvoradas...

Aurora das promessas nunca veio,
Apenas essas nuvens e a saudade...
Amiga, não permita que o receio
Acabe duma vez com claridade...

Navegávamos mares tão distantes
Procurando somente pela paz.
As ondas sempre foram inconstantes
Agora sem amor, tanto me faz...

Eu quero simplesmente ser feliz.
Doce amor, o que faço? Então, me diz...


2013

Amor, que se fazendo em meus cuidados
Se torna quase sempre um instrumento
De sonhos e de cantos mais velados
Ecoa no meu peito um sentimento.

Divinos os teus rastros que percorro
Amares nunca dantes percorridos
Escapo numa escarpa, monte, morro.
Rochedos dos meus sonhos vãos, perdidos.

Mas, sendo quem não fora, quem me dera
Ser mar e navegar teu coração
Buscando em meu outono, a primavera
Pedindo, nos meus versos, teu perdão.

Amor que me maltrata, mata e cura,
Perdi a minha vida, na procura...


2014


Amor, caleidoscópio em diversos matizes;
Maltrata, acaricia e depois vai embora...
Ri-se de tudo sempre e, de súbito, chora.
Pois, plenos de alegria, estamos infelizes.

No seu lamento triste expiam-se deslizes,
Toda nossa emoção explode e já se aflora
E a saudade voraz voltando, se demora.
As dores deste amor peço-te que amenizes.

A cada novo sonho, uma nova mudança.
Sobrevivendo pleno em toda em toda insegurança
Já traz a solidão em tua companhia

Trazendo a solução, aumenta o meu tormento.
Quando julgamos morto, é puro avivamento...
Quitéria, nosso amor, u’a cruel fantasia!

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