APÓS UMA BORRASCA
Ao menos se eu pudesse conceber
Algum instante após uma borrasca,
Ou mesmo na invernal rude nevasca,
Que tanto pude agora conhecer,
A vida se mostrasse noutra face,
A farsa que, diária, vejo e sinto,
Moldasse outro momento e qual absinto
Inebriante mundo se moldasse,
Mas tendo tão somente este senão,
A luta desarvora e nada trago,
Somente o quanto pude sem afago,
Na derradeira e tétrica estação.
Inverna o coração e nada resta,
Somente, em noite atroz, noite funesta.
MARCOS LOURES
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