quinta-feira, 8 de julho de 2010

40408 até 40505

208

Ao sentir os teus passos
Rondando o quarto eu sinto
Que o quanto fora extinto
Em riscos e cansaços
Agora em tais espaços
De novo ou por instinto
Renasce enquanto pinto
Os tempos noutros traços;
O amor em suas tramas
Por vezes quando clamas
Não vem ou foge logo
Porém se na verdade
A fúria se degrade
Às vezes eu me afogo.

209

Percebo quanto a vida
Presume em queda ou riso
E traz em todo guizo
A cena repetida,
O vasto de uma ermida
O passo mais preciso
Ou mesmo se em juízo
A trama é resumida
No vago perpetuo
E tento algum recuo,
Mas logo sem defesa
Entrego-me ao cenário
E amor é necessário
Se dele sou a presa.

210

Nas noites em que a dor
Gerada pela ausência
Aumenta em afluência
Em desalentador
Caminho aonde a flor
Sem ter a florescência
Transforma em penitência
O que antes fora amor,
Mal surge em arrebol
O sol e um girassol
Farol procura além
Em prol da fantasia
O amor renasceria
No encanto que já vem.

211

Mergulho nosso amor
Nas tramas, teias tantas
Aonde tu me encantas
E tramas com valor
O rito em qualquer dor
E nela sei que espantas
Ou mesmo até quebrantas
O farto a se compor
Nas teias em remendo
Olhar que ora desvendo
Traduz algum sarcasmo,
Mas logo se redime
Na benção tão sublime
Dos ermos de um orgasmo.

212

Percebo que não queres
Saber deste horizonte
Aonde já desponte
O sol e se vieres
No quanto mais puderes
Vencer a sorte e a fonte
Reinando aonde aponte,
Bendigo entre as mulheres
A quem se fez além
Do tanto que contém
Ou mesmo pude crer,
No amor em plenitude
O passo não se mude
Gerando o desprazer.


213

Mas nada me impediu
De ter sempre ao meu lado
O risco já traçado
O peito mesmo vil,
O toque mais gentil
O rito anunciado
Num beijo sonegado
No canto onde partiu
O pássaro do sonho
E nisto ora componho
A liberdade em mim,
Vagando amor/amor
O quanto em tentador
Delírio dita o fim.

214

A noite sem te ter
O canto sem promessas
E quando me confessas
O tanto de um querer
Diverso do poder
E nele te endereças
Sabendo destas pressas
Ou mesmo recolher
A fruta proibida
A sorte destruída
O amor que nunca veio,
O gozo da saudade
O manto em liberdade
Agora segue alheio.

215

Não posso mais, assim,
Depois de tantos anos
Em erros desenganos
Alçar algum jardim
E quando existe em mim
Ao menos velhos panos
E neles soberanos
Caminhos já sem fim,
O amor rege o desenho
E nele se inda venho
Traçando algum momento
Enquanto me alimento
Do vento mais feliz
O amor nada desdiz.

216

Quem dera, tu voltasses
E visses noutro canto
O passo onde adianto
E mesmo velhas faces
Aonde tais impasses
Ou risco em vão quebranto
Gerando novo espanto
Enquanto me tomasses
Por quanto ainda creio
O farto de um receio
O veio preterido,
O manto se tecendo
No amor que sem remendo
É tanto e não duvido.

217

As rosas estão morrendo
E nada pude então
Sequer a direção
Do quanto em estupendo
Delírio não se vendo
Marcando indecisão
Nos tempos que virão
Verão já se escondendo,
A morte, a sorte e a dita
A vida necessita,
Porém amor redime
E gera noutro fato
O quanto me retrato
Em cena mais sublime.

218

A dor da solidão
O medo de outro dia
A sorte em ironia
O tempo em negação,
As sombras que verão
O amor em poesia
O quanto poderia
E sempre o mesmo não,
Regando o chão com mágoas
Aonde tu deságuas
Não vejo mais sequer
O riso, o gozo e a festa
Assim a vida atesta
O que jamais se quer.

219

Eu preciso te ter
E nada mais importa
Batendo em tua porta
O quanto a se trazer
No risco de viver
Ou mesmo não comporta
O corte se suporta
E nele a se perder,
Resumos de outras vidas
Aonde decididas
As sortes são assim,
O marco mais constante
No passo que adiante
Traduz sempre o meu fim.

220

Mas volta minha amada
Depois do temporal,
O tempo desigual
A sorte em madrugada
A vida desejada
O rito bem ou mal
Persiste sem igual
Restando outra alvorada
E nesta luta agora
O quanto amor aflora
Decora o dia a dia,
Gerando entre espinheiros
Os brilhos verdadeiros
A sorte se tecia.

221

Morrendo no jardim
A rosa que eu cuidara
Agora em tal seara
Desdenha e sei que assim
O tempo chega ao fim
E a morte se escancara
Enquanto desampara
E leva o que há de mim,
Mas quando amor renasce
E muda toda a face
Da sórdida tristeza,
O rito se transmuda
E planto nova muda
Floresce com certeza.

222

Quem me dera esquecer
O tempo onde pensava
Que a vida sem a trava
Pudesse ter prazer
O quanto do querer
Minha alma não se lava
E tenta em fúria, brava
O novo amanhecer,
Cenários divergentes
Por onde ainda tentes
Vencer os medos, quando
O amor se aproximando
Transforma em mansidão
O antigo furacão.

223

Vencido pelas dores
Durante muitos anos
Apenas velhos danos
Difíceis dissabores
E quando sem albores
Manhãs negando planos
Os dias soberanos
Jamais além se fores.
Porém quando voltaste
Refeita qualquer haste
A vida se anuncia
E teimo em crer deveras
Em novas, raras eras
Traçando um claro dia.

224

Vivendo em tempestade
Durante a vida inteira
A sorte derradeira
Num sonho agora invade
E traz felicidade
Além da corriqueira
E nada mais esgueira
Em plena liberdade,
Viceja esta esperança
Do amor que agora alcança
A plena maravilha,
E sendo assim contigo,
Eu vejo e já me abrigo
Em bela e mansa trilha.

225

Das horas mais doridas
Os medos e os terrores
Ausentes os amores
As horas, despedidas,
Palavras consumidas
Em medos e temores
E quando cevo flores
Colheitas já perdidas,
Mas quero acreditar
No dia a se mostrar
Em plena liberdade
No amor que semeara
Domando esta seara
O quanto em paz agrade.

226


Amor que tanto quis
Depois de farta luta
O passo não reluta
E tenta mais feliz,
E nisto sempre fiz
A sorte mais astuta
E quando não se enluta
A vida nunca é gris,
Assim ao se perder
Nas tramas do querer
O risco não se vendo,
O amor se traça então
E muda a direção
Em ar claro e estupendo.

227


Sonhando com a tal
Beleza que não vinha
A sorte não mais minha
Amor é virtual,
O risco desigual
A glória mata a vinha
E nada mais se alinha
Num fato pontual,
Eu tento e até procuro
Embora saiba duro
O chão se já semeio
O amor não se aproxima
E tento novo clima
Em mero devaneio.


228

Meu mundo transformado
Depois de ter sabido
As tantas da libido
O corpo em tal traçado
O dia anunciado
O mundo resolvido
E tento sem olvido
O canto em raro prado,
Resumos de outras eras
E nelas tanto esperas
E sabes muito bem,
Do amor em cantoria
E nele a melodia
Transcende ao que já vem.

229

De tudo, só restou
O pranto e o canto em vão
E assim cevando em grão
O solo iluminou
E tudo o que gestou
Em rara gestação
Mudando a direção
Por onde navegou
O amor do meu passado
Agora noutro fado
Encontra esta bonança
No colo de quem tanto
Deveras eu me encanto
A messe então se alcança.

230

E canto, sem parar,
O tanto que se quer
O risco se vier
Não deixa mais notar
Além deste luar
O corpo da mulher
Beleza se aprouver
Do todo ao desenhar,
Cirandas em luares
Vontades e lugares
Diversos, mas felizes
Enquanto não desdizes
O amor que tanto eu quis
Sem medo ou cicatriz.

231

Amor que me deixou
Sequer a menor marca
E quando além embarca
O todo naufragou
E nisto mesmo vou
Assim a sorte parca
Resulta noutra barca
Aonde o mar entrou,
Nas tantas ilusões
Amor quando me expões
Desnuda esta beleza
E sigo contra a fúria
Da noite em vaga incúria
E busco esta certeza.

232

Amor que não me sai
Do pensamento agora
O quanto me decora
E tanto já me trai,
O risco não se extrai
Na fúria que devora,
Ou mesmo me apavora
O tempo enquanto vai
Amar e ter em frente
Enquanto se apresente
Um dia mais tranqüilo,
Vagando pelos astros
Deixando além os rastros
Em sonhos eu desfilo.

233

Sem rumo, meu navio
Não sabe onde ancorar
E bebo do luar
E neste desafio
Aonde me recrio
Podendo imaginar
Além de céu e mar
Também a foz de um rio.
Desvendo este segredo
Enquanto me concedo
E sinto ser além
De mera fantasia
O quanto poderia
O amor que nos convém.

234

Responda, como irei
Seguir sem ter à frente
O amor que tanto tente
E nele a mesma grei
Por onde eu entranhei
O passo mais contente
E o velho penitente
Agora em nova lei,
Restando dentro em mim
O amor que já sem fim
Transcende à vida inteira
Resumo em verso e prosa
A cena majestosa
Da rosa e da roseira.

235

Pois sabes, não consigo
Viver sem a presença
Do amor que me convença
Da paz em bom abrigo,
E tento estar contigo
Vencendo a desavença
E tendo ainda a crença
Do amor bem mais amigo,
Restara do passado
O olhar anunciado
No canto mais feliz
De quem se fez bem mais
E venço os temporais
Vivendo o que mais quis.

236

Por tantas vezes somos
Idênticos ou quase
E quando a sorte atrase
Ou rompa velhos gomos,
Os corpos se tocando
À noite se resolve
A fúria se dissolve
E gera um manso e brando
Caminho que percorro
E traço com carinho
Do tanto me avizinho
E sei deste socorro
Abençoadamente
A vida segue em frente.

237

Pela vida... Perdemos
Os medos e os rancores
E quando além te fores
Ousando em sonhos, remos
No todo que teremos
Além dos bons amores
E mesmo em dissabores
Ao fim nós venceremos
E sendo assim a história
Aonde sem vanglória
O risco se dissolve,
O pranto o medo e o frio,
O coração sombrio?
Amor tudo revolve.

238

E, depois disso tudo
O canto mais feliz
E nele o que eu já fiz
E sigo e não me iludo,
O quanto não transmudo
Caminho aonde eu quis
Vestir novo matiz
Além o passo ajudo.
E sinto esta emoção
Gerando outra estação
Vibrando em consonância
O tanto que se dera
A vida em primavera
E nela esta constância.

239

Sentimentos, nos tirando
Do tanto ou mesmo quase
A vida não atrase
Nem mesmo em contrabando
O tempo desde quando
Deveras não defase
E gere o que descase
Enquanto sonegando
O passo rumo ao farto
E nisto não descarto
Sequer outra promessa,
A vida não se esvai
E o tempo não mais trai
No amor que se confessa.

240

Tempestades caindo
Por sobre o meu telhado,
O tempo desejado
Agora sei que findo
E vejo ou mais deslindo
Depois de tanto enfado
O amor como legado
O passo em paz e lindo.
E resolutamente
O todo se apresente
E mostre em ar sereno
Amante caminhar
Procuro algum luar
E nele esteja pleno.

241

Trazendo nessas nuvens
A imensa bruma eu creio
No amor que sem receio
Deveras nega os bens
E quando além tu vens
Gerando um passo alheio,
O tanto perde o veio
E nega o que conténs,
Assim ao ver o brilho
Do encanto aonde trilho
Nos braços de um amor,
Eu sigo a luz imensa
E nela esta alma pensa
Em sonho redentor.

242

Nas preces, peço a dor
Que já não mais se veja
E quando benfazeja
A história em destemor
Traçando em claro amor
O quanto se deseja
E nada mais lateja
Sequer o dissabor,
Resumo em verso e sonho
O quanto te proponho
E sei desta resposta,
A vida não se traz
Além do que é capaz
Na mesa sendo exposta.

243

Mas ouço tão somente
A voz de um coração
E sei da direção
Aonde se apresente
O rumo que freqüente
A sorte em amplidão
Na imensa dimensão
E nela sendo urgente
O amor que tanto busco
E nele mesmo fusco
O brilho me redime,
Intentos variados
Os dias desolados
Agora em tom sublime.

244

Vencido pelas dores
Durante muitos anos
Em meio aos desenganos
E sem jamais te opores
Encontro nos amores
Remendos para os panos
E dias mais profanos
Delírios e fulgores.
Assumo cada engodo
E sei da lama e lodo,
Mas quero o verdejante
Caminho aonde eu possa
Viver a sorte nossa
E que ela me agigante.

245

O manto da tristeza
Cobrindo a minha pele
Ao quanto já se atrele
Ou vença esta incerteza
Traçando em realeza
O dito onde se sele
O pranto não revele
O amor em vã surpresa,
Exalto em verso e tento
Vencer qualquer tormento
Ou mesmo dissabor,
Restando dentro em nós
A imensa e bela foz
Do encanto deste amor.

246

O medo que bebia
A sorte não pudera
Vencer a dura fera
E nela um novo dia
Talvez ainda havia
O canto em rara espera
Ou mesmo degenera
O sonho em harmonia,
Vestindo esta promessa
Aonde se confessa
Imensa majestade,
Vagando pela noite
O medo, vago açoite
Amor quem sabe brade?

247


Nem lágrima perdida
Nem ânsia mais atroz
Sequer qualquer de nós
Alçando assim a vida
Encontra uma saída
Que seja mais veloz
Ao fogo deste algoz
E nele a despedida,
Mas quando amor se torna
E bebe e já se entorna
Não deixa mais além
O medo e a pestilência
E gera em persistência
O encanto que ora vem.

248

Porém u’a mão sincera
Apóia quem caminha
E a sorte sendo minha
Deveras já se espera
E nela o que tempera
Acerta onde convinha
E o quanto ora continha
O todo regenera,
Vestindo a minha sorte
O preço que conforte
O risco onde se assume,
O cheiro mais sublime
No quanto amor estime
E dita este perfume.

249

No abraço que me deste
Depois de tantos medos,
Agora sem segredos
A vida nos reveste
E o quanto fora agreste
O sonho em dias ledos
Deveras sem degredos
Nem nada que o conteste
Trafega mansamente
E enquanto se apresente
Transforma o dia a dia,
E assim ao me mostrar
Além deste luar,
Encontro a poesia.

250

Meu coração em busca
Do amor que saciasse
A cada novo impasse
A vida sendo brusca
Deveras noutro tanto
Encontro o dissabor
E tento ainda a cor
Se nela eu me adianto
Marcando em passo lento
Ou mesmo até veloz
Seguir a mesma foz
No sonho em que alimento
O verso que ora faço
No amor a cada passo.

251

Por tanto tempo o frio
Ditara a minha vida
E nesta dor urdida
O nada eu já recrio,
Vagando em desafio
Buscando outra saída
A porta destruída
O manto ora desfio,
E sinto que inda resta
A imagem pela fresta
Trazendo amor em luz,
E fosse uma falena
Ao longe a tez serena
Em sonhos me conduz.

252

De nada mais sentia
Senão esta incerteza
E tendo a voz já presa
Aonde quis um dia
Fazer em melodia
O amor real grandeza
Vencendo a correnteza
Detendo a hemorragia,
Acerto o passo quando
Aos poucos me entornando
Nas ânsias de um desejo,
Vivendo sem perguntas
As almas andam juntas
E tecem o que vejo.

253

A corredeira desce
Em rios até quando
O tempo desviando
Aos poucos rumo tece
E quando assim padece
Um coração em brando
Caminho desvendando
E nele a rara messe,
Visito o paraíso
E sinto este preciso
Desenho em tom mais claro,
Assim o quanto amor
Desejo e sem pudor
Aos ventos eu declaro.

254

Nada mais poderia
Senão a certa estada
Na lua desenhada
E nela traço o dia
Porquanto ainda havia
O rumo em nova estrada
História desolada
Intento em poesia,
Resvalo na verdade
No amor que agora invade
E gera novo fato,
Assim em tal delírio
Não tendo mais martírio
Em ânsias me arrebato.

255

Um coração que bate
Sem ter juízo ao menos
Procura por serenos
Ou mesmo até debate
E vaga em escarlate
Luar; bebe os venenos
E segue em ritos plenos
Jamais nada maltrate,
Rascunhos de promessas
E nisto me confessas
O quanto mais querias,
E sendo desta forma
Amor tanto transforma
E gera as fantasias.

256

Amor eu sempre soube
Depois de tanto tempo
Vencer o contratempo
Além do que lhe coube,
Sem nada que deveras
Permita a queda enquanto
O passo eu adianto
E bebo em primaveras
As sortes juvenis
Do amor em nova senda
E tanto assim se atenda
Ao que decerto eu quis
Gestando a luz sublime
Que tanto nos redime.


257

Mas tem, p’ra ter valor
Que haver felicidade
Deixando na saudade
A morte sem pudor,
E quando em novo amor
A vida ainda brade
Transforma a realidade
E seja como for
Um dia anunciado
Nas ânsias demarcado
Em voz suave e mansa,
O corpo saciado
O tempo sem enfado
A sorte então se alcança.

258

Não vejo mais futuro
Aonde no passado
O sonho desolado
Trouxera o tempo escuro
E quando me procuro
E vejo o mesmo enfado,
O corte aprofundando
No medo em vão perduro,
Mas sei que talvez tenha
A sorte noutra senha
Singrando amor perfeito
E sei que este jardim
Que vive dentro em mim,
Assim é satisfeito.

259

Por vezes imagino
Um dia mais audaz
E tento tanto faz
Viver o que o destino
Às vezes cristalino
Ditara em tom voraz
Gerando a dor e a paz,
E assim eu me fascino
Sorvendo cada brilho
Das ânsias onde trilho
Vencendo os meus temores,
Cerzindo em alvorada
A sorte desejada
E nela os meus amores.

260

A noite me trazendo
O olhar de quem buscava
Além de qualquer trava
Além de algum remendo
O manto se fazendo
E nele em fúria a lava
O quanto se travava
Em ânsias outro adendo,
A marca da pantera
A fúria de uma espera
E o gozo em nós alenta,
A mão que acaricia
A noite cede ao dia
Negando esta tormenta.

261

Espero teu amor
E sei quanto isto traz
Além da farta paz
Caminho redentor
Vivendo em destemor
O dia mais audaz
Num passo tão tenaz
E seja como for,
Reinando sobre nós
O amor ditando a foz
Invade em correnteza
E sei que é necessário
O tempo imaginário
E ser dos sonhos, presa.

262


Não deixe que isso tudo
Transforme a nossa vida,
E sei desta saída
Aonde não me iludo,
E sigo quase mudo
Sem crer na despedida,
A sorte sendo urdida
Nas ânsias eu transmudo
O passo e sigo além
Do quanto me convém
Ou mesmo pude até,
Saber do amor imenso
E nele quando eu penso,
Em rimas, risco e fé.

263

Salve meu coração
Dos medos costumeiros
E gere nos canteiros
Intensa floração
Vagando em direção
Aos dias derradeiros
E neles companheiros
Na mesma provisão,
Amor nos saciando
O dia desde quando
A sorte se desnuda,
O risco do abandono,
A noite em farto abono,
Ao tanto nos ajuda.

264

Ela, a mulher que um dia
Quisera além da vida
E sinto sem saída
A sorte em que tecia
O passo e a fantasia
A cena sendo urdida
E nela convencida
Do quanto mais queria,
Resumo em verso e canto
O tempo onde garanto
Diversa qualidade
No amor eu tenho a pressa
De quem sabe e confessa
A fúria que me invade.

265

Entrego meu amor
A quem quiser bem mais
Do que dias venais
Um mero trovador
Fazendo este louvor
Vagando por astrais
Caminhos desiguais
E neles cevo a flor,
Bendita companheira
Aonde a sorte inteira
E trama nova messe,
Pudera ser assim
Amor já não tem fim
Ao nada ele obedece.

266

Estrela que, nos céus,
Deixara a sua marca
O sonho quando embarca
Em fúrias, fogaréus
Trazendo em raros véus
O tempo a sorte parca
O corte que demarca
Ou deixa aos mesmos léus,
Orgânica loucura
O amor já procura
E nada mais sacia
Senão esta certeza
Do farto sobre a mesa
Regendo o dia a dia.

267

Vivendo seus caminhos
Não deixo que se pense
No quanto de non sense
Invade meus carinhos,
E sei que são mesquinhos
Os dias onde adense
A sorte não convence
E gera mais espinhos,
Mas quando vivo amor
Eu sinto além a cor
De um céu iridescente
Vibrando em plenitude
O canto não me ilude
E a vida ora se sente.

268

Agrado que à natura
Um sonho fez enquanto
O passo eu adianto
Na vaga a vã procura
De quem tanto tortura
E mesmo se garanto
O risco além do pranto
Bebera esta ternura
Do amor que insofismável
Traçando um palatável
Delírio dentro da alma,
Vestindo esta emoção
Adentro a direção
De um risco que me acalma.


269

As formas mais perfeitas
Encontro na mulher
Que tanto já se quer
Enquanto ali deleitas
Os sonhos sem desfeitas
A sorte que vier
O tanto até qualquer
Delírio quando deitas,
E sinto em ti querida
A própria e rara vida
Essência de um futuro
E nela me ancorando
A sorte desde quando
Em ti quero e perduro.

270

Quem dera se esses olhos
Alheios no momento,
Tocassem quando eu tento
Vencer os meus abrolhos
E ser além de tudo
Apenas companheiro
No amor, este canteiro
Agora não me iludo
Transforma em florescência
Esta aridez de outrora
E quando já se aflora
Em rara transparência
Repleta o coração
Das ânsias da ilusão.

271

Teria em minha vida
Apenas a certeza
Da dita sem surpresa
Da morte presumida,
Se nada da ferida
Persiste sobre a mesa
O quanto sem defesa
A sorte é pressentida
Nas fartas de um amor
Verdejo em ilusões
E quando tu me expões
Além da vária cor,
Encontro finalmente
Amor que me apascente.

272

Ela, que ao caminhar
Não deixa sequer rastro
E quando além me alastro
Vagando sem luar
O tempo a decorar
O corte, este alabastro,
O amor ditando o lastro
Não deixa terminar
A messe desejada
Em ânsia de florada
Por vezes num aborto,
Mas tendo o teu caminho
No meu jamais sozinho
Encontrarei meu porto.

273

Que traz em suas mãos
Certeza de outro rumo,
E quando o amor assumo
Em dias mesmo vãos
Os olhos em promessa
A sorte se bendiz
Em tudo se é feliz
E a vida recomeça
Do quanto nada tinha
Agora em plena paz
O gesto que se faz
E nele a dita é minha
Vacância não existe
No amor agora em riste.

274

Destila em mel profano
O gozo mais audaz
E amor quando se faz
Não deixa qualquer dano,
E se decerto engano
Ou perco a minha paz
Na fúria mais tenaz
O sentimento humano
Transcende ao paraíso
E bebo do impreciso
Desenho em voz intensa,
Resumo a minha audácia
E sei que sem falácia
O amor nos recompensa.


275

Manhãs que se prometem
Em claridade apenas
Enquanto me serenas
As luas se refletem
E bebo cada gota
Do amor que me trouxeste
E sendo o solo agreste
Uma alma jamais rota
O corte não se trama
E a vida continua
Estrela bela e nua
E nela acesa a chama
Do gozo redentor
Nas ânsias deste amor.


276

A luz que dentro da alma
Expressa a mansidão
E nisto a direção
Da vida nos acalma,
Pressinto a cada passo
O tanto que inda quero
E sendo mais sincero
O rumo que ora traço
Viceja dentro em mim
O brilho imaginável
De um mundo mais potável
E vivo em meu jardim,
Restando o amor em nós
De Deus a maior voz.

277

Mostrando os meus destinos
Em tantos caminhares
E logo se notares
Os dias sem os tinos
Desejos femininos
Enquanto provocares
Adentro nos teus mares
E bebo os pequeninos
Anseios e vontades
No quanto além mais brades
E vês esta certeza
Domando o passo eu sinto
A fúria de um instinto
Minha alma em tal leveza.


278

Esperado poder
Já não mais se veria
Aonde a fantasia
Ditando o desprazer
Não pude conhecer
Sequer um novo dia
E nada mais teria
Senão meu bem querer
Ausente dos meus braços
E vivo em dias lassos
Apenas a certeza
Do amor que tanto quis
E agora em cicatriz
Negando a sobremesa.

279

Toda noite aguardando
Na espera que não cessa
O amor vaga promessa
E sei que desde quando
O tempo transformando
Aonde se tropeça
No corpo onde se expressa
Amor em contrabando,
Acordo e nada vejo
Além do meu desejo
E nele não sacio
Sequer outra lembrança
Do quanto amor alcança
Permite um novo rio.

280

Deixaste por aqui
Deveras a presença
Da ausente recompensa
O quanto já perdi
E quando pressenti
O amor que nos compensa
Decerto em mera crença
O resto que eu vivi.
Agora não cometo
Sequer o que prometo
E me arremeto além
Vagando sem destino
O sonho eu examino
E sei que a sorte vem.

281

Mas agora, me explica
Por quanto a vida traça
O todo em tal desgraça
A sorte não mais rica
O corte se complica
E nele se esfumaça
Deixando além na praça
O amor que resta e fica
Depois, futilidade
A sorte se degrade
E gere este tormento,
Mas quando em ti fomento
Além desta ilusão
Meus dias mudarão.

282

De noite, quando vens
E tomas o meu porto
O corpo semimorto
Imerge em raros bens
E logo sem desdéns
Em ti já tão absorto
Cevando este conforto
E nele sei que tens
O rito em consonância
Amor em concordância
Permite este caminho
E sei que quando existe
Jamais um peito triste
Atroz, duro e mesquinho.

283

A minha vida, em festa,
Legado de uma história
E vejo esta vitória
Aonde o bem se empresta
E tanto a vida gesta
O rumo em merencória
Traçando em mim a escória
E nela esta funesta
Manhã, porém no amor
Certeza de um albor
Em plena claridade
Vagando em tua senda
A sorte enfim se atenda
E amor com fúria invade.

284

Fazendo o meu viver
Bem mais do que pensara
O tempo nega a escara
A messe passo a ver
E beijo com prazer
Quem tanto se prepara
E vivo sem a amara
Presença do sofrer,
Um ledo passarinho
Outrora tão sozinho
Agora em ninho farto,
O amor sem ser mesquinho
E nele me adivinho
E o encanto aqui reparto.

285

Encharcando a minha alma
Com todo o brilho insisto
No gozo e não desisto
Aonde amor acalma
Não vejo e não consigo
Sentir outro momento
E quando me fomento
Em luz e claro abrigo
O tanto se aproxima
E nele em entranhando
Bebendo e me fartando
Mudando então tal clima
Restando esta delícia
Em tons de luz, carícia.

286

De dia minha dor
Não deixa que se pense
No quanto do non sense
A vida, um refletor,
Traduz em multicor
O passo onde compense
E quando o amor convence
O tempo em bom calor,
Resumos de outros fados
E neles os recados
São dados pelo sonho,
E eu vejo e tento até
No quanto sei quem é
O amor que ora proponho.

287

Não tenho nem os sonhos
Nem mesmo se os tivesse
A vida não merece
Olhares tão medonhos,
Resumo o meu caminho
Na glória de um porvir
E neste bom sentir
Decerto eu já me alinho
Riscando do passado
A sombra de um temor
Vivendo o pleno amor
O canto é meu legado
E o verso se traçando
Agora manso e brando.

288

Pergunto se acordar
Os tantos pesadelos
E não quero mais vê-los
À noite a me rondar,
Eu bebo este luar
E tramo em seus novelos
Momentos em tais zelos
No quanto é bom amar,
Vestindo este delírio
Não vejo mais martírio
E quero abençoado
O dia que virá
E nele desde já
O amor dá seu recado.

289

Sem sonhos, os meus dias
Já não seriam nada,
A sorte desolada
Conforme não querias
Ou mesmo fantasias
Na face destroçada
Regendo a madrugada
Matando as poesias,
Risonha tarde em nós
O amor adentra a foz
E gera novo brilho
Assim ao me notar
Nas tramas deste amar,
Eu bebo, sorvo e trilho.

290

Se não houvesse mais
O sonho aonde eu possa
Trazer a sorte nossa
E nela sensuais
Caminhos desiguais
Por onde a vida adoça
E nega qualquer troça
Ou riscos tão venais,
Estendo a minha mão
E mostro o coração
Desnudo de quem ama,
Vencendo os meus terrores
Em ti cevando flores
Nuances desta trama.

291

Minha vida seria
Somente o que me dás
E nisto beijo a paz
E nela esta alegria
Vencendo a fantasia
Ou mesmo sendo audaz
O passo mais tenaz
É tudo o que queria,
Assino com meu canto
O que desejo e canto
Além do amanhecer
Fazendo deste sol
Um louco girassol
Desvenda o seu prazer.


292

Vida passa depressa
E não deixa sequer
O quanto mais se quer
E assim já se confessa
Amor caminho expressa
E diz o que quiser
Fazendo da mulher
O bem onde arremessa
A sorte desejada
A noite iluminada
Nas ânsias da loucura,
Vestindo esta emoção
Os dias mostrarão
O quanto amor perdura.

293

E saiba que esse tempo
Que agora se desfia
Não basta num só dia
Não teme contratempo
E segue sem temores
Vencendo os sortilégios
E os dias sendo régios
Enfronham os amores
E tramam na verdade
O que redime e vem
Sabendo muito bem
Do amor que nos invade
E gera outra estação
Traçando este verão.

294

Mal vemos já raiou
Em nós a fantasia
E nesta poesia
O dia demonstrou
O quanto pude outrora
E agora até pudesse
Tivesse esta benesse
Aonde o barco ancora
E gera a luz sublime
De um sonho magistral
As ânsias do cristal
O passo que redime,
Resumo de uma história
Tão viva na memória.

295

Não adianta apenas
Sentir o vento quando
O amor for te inundando
E nele te envenenas
As horas mais amenas
Os dias transformando
E quando se nublando
Também ali serenas
Seguindo esta delícia
E nela esta notícia
De um novo amanhecer
Depois do meu outono
As noites de abandono
Sei rejuvenescer.

296

Vivemos tanta ou pouco,
Porém intensamente
Não sendo esta semente
Nem mesmo um grão tampouco
Eu quero e não renego
O passo muito além
Do quanto me convém
E assim tanto trafego
Nos ermos do meu eu
Vencendo os meus terrores
E quando em tais amores
Meu mundo se perdeu
Eu vejo abençoada
A sorte desenhada.

297


Depois de tudo feito
Não tenho mais sequer
O gozo que vier
E quando assim me deito
Por vezes não deleito
Das ânsias da mulher
Que um dia até qualquer
Pudesse em novo pleito
Fazer o que quisesse,
E tendo esta benesse
De ser além de mim,
Não vendo quanto a quero
Num gozo quase austero,
Daninhas no jardim.

298

Por isso é que te peço
Não deixe que isto morra
Uma alma não se escorra
Enquanto ali tropeço
E o beijo se sacia
Ou não quem tanto eu quis
Fazendo-me feliz
Gestando um novo dia
E nele sem aborto
O parto da promessa
No quanto amor se expressa
Deixando aquém o porto,
Vagando no infinito
É o que mais necessito.

299

Que não se necessita
De medo, nisto eu creio
O quanto do receio
Torna a cena finita,
E bebo desta aflita
Noção em devaneio
E busco ou já rodeio
O céu onde se fita
A estrela desejada
E nela iluminada
A noite em bela cor,
Regida pela glória
De ter esta vitória
Nas teias deste amor.

300

Abrindo o coração
Já não posso negar
O amor a nos tomar
Gerando outro verão
E nele se farão
Os sonhos do luar
Aonde saciar
Tamanha imensidão
Enamoradamente
A vida se apresente
E trace este futuro
O quanto permitisse
Sem ter qualquer mesmice
O tanto que procuro.

301

Por todos os momentos
Jamais imaginei
A luz em outra grei
Ou mesmo alheamentos
Diversos sentimentos
Enquanto eu entranhei
O verso eu decorei
Em raros pensamentos,
Vagar por ondas tantas
E nelas me adiantas
O porto abençoado,
O vento de um passado
Tocando o meu caminho
E nele te adivinho.

302

O tempo de viver
A sorte que não veio
O mundo em tal receio
O canto em desprazer
Ao menos o poder
Gestando em devaneio
O mar onde permeio
A vida em tal querer
Abrindo assim o peito
Enquanto ali me deito
Resguardo o meu delírio
E bebo a me fartar
Nos raios do luar
Amor sendo o meu círio.

303

Que bom se reservássemos
Ao menos um momento
E quando me alimento
No quanto preservássemos
Dos sonhos sou vassalo
E bebo e delicio
No quanto em teu rocio
O amor jamais eu calo,
Ardentes madrugadas
Momentos divinais
E neles muito mais
Que as farpas mal trocadas
O porto sem as rocas,
Amor; ali, alocas.

304

Não penses que na vida
A trama mais comum
Leve a lugar nenhum
Ou mesmo distraída
O quanto repartira
O mundo em paz e guerra
O amor quando se encerra
Nas tramas da mentira
Enfrenta e perde a rota
E quando isto acontece
A morte da benesse
O sonho se desbota
E vira o pesadelo
Amor dita o desvelo.

305

O que mais quero; amor,
É ter em ti decerto
O rumo sempre aberto
E nele este louvor,
Gestando além da dor
O tanto onde me alerto
Arisco e não desperto
Senão por onde for
O canto mais suave
A liberdade da ave
Além deste horizonte,
Aonde em brilho farto
Encanto eu quero e parto
No sonho em que se aponte.

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