terça-feira, 27 de abril de 2010

31017 até 31026

31024


Feito que jamais se esquece
Na labuta a cada dia,
Quanto mais tento e porfia
Nova senda dita a messe,
E se vejo em tom de prece
O que fora aleivosia
A verdade em poesia
Novas regras obedece.
Se romântico cantor,
Se deveras sonhador,
Tanta dor trazendo a morte,
Mote quando em tez amarga
Onde outrora a sorte larga
Não se vê qualquer suporte...


31025


Passem noites, temporais
Passem vidas após vidas
E tanto sei urdidas
As estradas magistrais
Encontrando aqui o cais
Não se vêm mais perdidas,
E o contrário se duvida
Quando enfrento os vendavais,
Caminhante do passado
Adentrando este futuro
Solidão expressa o muro,
Mas se tento acompanhado,
Pelo menos um alento
Redimindo o sofrimento...


31026


Não se apaga qualquer nome
Com injúrias tão venais
Seres raros magistrais
Tanta luz que assim nos dome,
E percebo quanto some
Mesmo em turvos desiguais
Dias ledos são fatais
A quem tanto tente e some
Em momentos terminais,
Esta cena se repete
E deveras me arremete
Ao que tanto poderia,
Mas augusta sorte alheia,
Nada trama e se incendeia,
No final é sempre fria...

31017

Entre imensas penedias
Aportar com pudesse?
Se tampouco tantas messes
Tu decerto merecias
Entre noites mais vazias
Outras sendas tu já teces
E se tanto em dor esqueces
O que foram raros dias,
Navegando contra o vento,
Nada pude, vela aberta
A saudade quando aperta
Toma logo o sentimento
Esperança já deserta
Só restando o desalento...


31018

Entre várias agonias
A vereda preferida
Que mudasse a minha vida
Já não tem luzes sombrias,
E se tanto poderias
Transcorrer sem despedida
A saudade traz a urdida
Solidão em noites frias,
Mergulhando dentro em mim
Nada encontro e sigo assim
Caminheiro do vazio,
Onde outrora quis o sonho,
Vendo o mundo tão medonho
Enfrentando sempre o frio...


31019

Aos dizer as ventanias
Outras tantas desventuras
Inda quando tu procuras
Esperanças e alegrias,
São dispersas fantasias
E não vejo quaisquer curas
Entre tantas amarguras
Tão somente tu recrias
Noites vãs em temporais
E o meu sonho, nunca mais
Poderia ser igual,
O fantasma se aproxima
E tomando uma auto-estima
Gera em mim os vendavais...


31020


Poderás ser minha glória
Redentora companhia,
E se tanto se previa
Novo dia em bela história
A verdade diz memória
E tampouco se recria
Onde outrora a fantasia
Não se vê tão merencória.
Arriscando o pensamento
Outro tempo em desalento,
Navegando estranhos mares
Bebo assim as vagas luzes
E se tanto me conduzes
Tu sonegas meus altares...


31021


Aonde outrora merencória
Lua traça em nova prata
E deitando sobre a mata
Permitindo rara glória
Do que fora mera escória
Tanta dor que me maltrata
Redimindo a tez ingrata
Onde fora a minha história
Não permito um só segundo
E se tanto em aprofundo
Inundando o coração,
Nada resta do que um dia
Fora mera poesia
E se vê noutra versão...


31022


Paginando a minha história
Em matizes mais diversos
Procurando com meus versos
Nova senda sem vanglória
A saudade é tão inglória
Nela vejo enfim imersos
Os caminhos mais perversos
Noutra face da memória,
E podendo ser ausente
Do que tanto inda se sente
Quem batalha contra a sorte,
Não restando nada além
Do que nunca me convém,
Aguardando a minha morte...


31023

O que tanto me consome,
Esperança sem limites
E se tanto delimites
Meu caminho aos poucos some
E se tanto não admites
Condenando à fúria e à fome
Sem ter sonho que me dome,
Um ilhéu que se perdera
E jamais reconhecera
Face lúdica e gentil,
O meu mundo se traçando
Neste caos, e se entornando
Onde outrora o sonho viu
Eu não quero que acredites.

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