sábado, 17 de julho de 2010

41601 até 41700 solidão

Pudesse acreditar noutra faceta
Diversa da que e a vida me mostrara
Na dor incomparável se prepara
O mundo presumindo esta falseta
Aonde cada passo se arremeta
Trazendo a falsa luz de uma seara
Porquanto a própria vida desampara
Negando os meus delírios na incompleta
Visão que aos poucos vejo e se cometa
Na farta sensação onde escancara
O passo rumo ao fim refaz a história
E trama no vazio o que a memória
Pudesse pelo menos esboçar,
Cansado desta luta aonde a sorte
Deveras no final não nos conforte
Apenas o vazio a se mostrar.


2

Em meio aos devaneios que em verdade
Transcendem ao que fosse outro delírio
Da vida feita em dor, medo e martírio
No fundo cada passo já degrade
Quem tanto percebeu felicidade
Nesta promessa feita em reza e círio
Sem nada que decerto ora retire-o
O espinho dentro da alma agora invade.
Ocasos são comuns a quem pudesse
Acreditar talvez em tal benesse
Errático vagar na noite espúria
Não resta quase nada de quem tanto
Vestira a falsa luz e te garanto
Somente entre os enredos da penúria.


3


Um miserável sonho do poeta,
Em trevas e terríveis dissabores
Seguindo as emoções fossem andores
A morte a cada ausência se completa
A farpa traduzindo a predileta
Seara aonde quer que tu te fores
Negando com certeza alguns albores,
A quem tal fantasia gera a meta.
Estradas convergentes. Nada disto
Ao ver o meu retrato em tal contraste
Percebo a dor diversa que legaste,
Porém insanamente inda resisto.


4


A vida, esta comédia de um bufão
Apenas representa o quanto pude
Ao menos no meu passo audaz ou rude
Os dias se repetem, mesmo não,
E vendo a denegrida servidão
Porquanto uma alma perde a juventude
E tenta noutro rumo o que amiúde
Expõe diversa trama, indecisão.
Esgarces são comuns a quem porfia,
E o medo se transcorre dia a dia
Gerando após o sonho, a tempestade.
E a morte me açodando não permite
Que eu veja além de um vago e vão limite
Enquanto a dor deveras me degrade.

5


Numa manhã tão rara e esplendorosa
O olhar se perde além e nada vendo
Somente este vazio e vão remendo
De uma alma dolorida e caprichosa
Restando muito pouco ou quase nada
A sorte se perdendo sem adendo
O manto no vazio revertendo
O quanto imaginara nova estada.
Escusas não resolvem nossos erros,
Tampouco quero mais que estes desterros
Aterros da esperança, morte e cruz,
Certezas mais doridas se percebem
E os olhos no vazio não concebem
Senão este cenário em que me pus.


6

Sucumbes ao eterno movimento
Da vida pela vida e nada mais
Embora em teus caminhos os cristais
São meras ilusões de um pensamento,
No quanto a cada passo o alheamento
Transforma em tais momentos terminais
Os ódios excrementos entre os quais
Por vezes inconstante eu me alimento,
O nada que decerto agora vês
E nele o quanto possa ser diverso
Regendo a mesma lei deste universo
Aonde impera o medo e a sordidez,
Não vendo qualquer brilho, a vida nega
Qualquer luzir a quem tem a alma cega.


7


A lei universal regendo a história
E nada mais se vendo além do fato
Aonde vez por outra eu me retrato
Tentando vasculhar tosca memória,
A imagem refletida e merencória
Traduz o caminhar em tom ingrato
Trazendo a negação a cada prato
Qualquer aceno além traduz vitória.
O marco mais audaz da leda vida
Expressa a noite enquanto dividida
Por várias e estrelares discordância
Se enfim há claridade, então alcance-a
E o tempo seja mais suave e manso,
No vago desenhar onde me lanço.

8

Eternizando o risco em farto gole
Esboço a face espúria de um alento
Enquanto noutro instante desatento
A vida sem defesas já me engole
E quando a solidão assim assole
Traçando o que pudesse ou mesmo tento,
Restauro com meus erros e me incremento
A pedra não resiste em água mole
Pereço enquanto posso e não percebo
Sequer esta visão, medonha e tosca
Numa ácida ilusão caminho e bebo
O risco mais atroz ou inerente,
Vestindo o que pudera a vida fosca
Mudando este cenário plenamente…


9

Voltaste ao mesmo errático caminho
Estrela em noite imersa, vaga além
Do quanto amor decerto inda contém
No fato mais herético e daninho,
Sementes solapadas, mero espinho
No olhar enamorado, o vão desdém
De quem se procurara e já não vem
Tentando ao menos crer, beber tal vinho.
Vinhedos destroçados, a aridez
Resume o quanto pude e já desfez
O tempo em variante discordância
Esbarro nos meus vagos dissabores
E sei que não tendo mais albores
O corarão procura noutra estância.

10


Seguir as várias sendas da ilusão
E ter no olhar imersa a dor que trago
Enquanto no vazio enfim me alago
Restando noutro encanto, a direção
Jamais aprumaria desde então
O passo em ritmo vário e sinto o estrago
Causado pelo medo e o canto vago
Traçando em desespero a negação.
A morte demoníaca figura
Edênico castigo se traduz
Na eternidade enquanto em contraluz
A podridão deveras assegura
A branda e resoluta realidade
No passo aonde a vida se degrade.

11


Em procelosa senda se desfaz
O quanto de este etéreo caminhar
Precede ao mais diverso desejar
Mesquinharia às vezes dita a paz.
E o vago desenhar em noite audaz
Expondo a podridão a desnudar
A vida se repondo e sem notar
O tanto noutra face se refaz.
A morte em tal verdade nos redime
E quando se aproxima mais sublime
Realça o que tu queres, ser eterno.
Não temo no apagar das luzes nada
Nem mesmo a mansidão já desenhada
Na face mais escusa deste inferno.

12


Esplendorosa tarde em tom diverso
Daquele que eu pudera desde quando
O manto destroçado se mostrando
Num árido delírio em vago verso,
Pudesse desenhar tal universo
Aonde o meu caminho desenhando
Em ar deveras turvo ou mesmo brando,
Mas sinto o quanto possa estar imerso
No pântano desta alma aonde outrora
Cerzindo o meu caminho nada aflora
Sedento e destemido enquanto rude,
Viver outro cenário mais atroz
Tomando em discordância a minha voz
No canto que amortalha enquanto ilude.


13

Aspérrimo caminho aonde entranho
Meus passos em diversa tentativa
A vida não traz mais prerrogativa
E dita cada passo desde antanho,
O quanto poderia ser um ganho
E nele na verdade nada viva
Viceja a tempestade onde se priva
O sonho que eu buscara em ar tamanho.
Heréticos fantoches, meu retrato
E quando nesta face eu me arrebato
Esgoto qualquer luz que ainda houvera,
Depois de tantos erros cometidos,
Os passos noutros ermos presumidos
Alimentando em mim a viva fera.


14

Em árduas formas vejo esta verdade
Resisto enquanto posso, mas ao fundo
Enquanto na verdade me confundo
Apenas o vazio ainda invade.
Certeza sobreposta à falsidade
Vislumbro na penumbra o olhar imundo
E tanto vago aquém neste submundo
Buscando inutilmente a claridade.
A morte talvez surja como um cais
E possa finalmente em funerais
Trazer a redenção que tanto busco,
No olhar mais traiçoeiro este festim
Banquete traduzindo ao que ora vim
Num ato em calidez, mas duro e brusco.


15

Helênicos caminhos do passado
Traduzem desvarios que ora vejo
Na face mais sutil de algum desejo
O mundo se transforma em velho fado,
O sangue inutilmente derramado,
A sorte se apresenta em vário ensejo
E neste caminhar tanto dardejo
O canto como fosse um hino, um brado.
Heróicos desenhares, tradução
Da mesma face exposta em podridão
Cenário repetindo em tom igual,
A fera impertinente, humanidade
Demonstra o olhar dorido onde degrade
Desenha a liberdade em funeral.

16

Diversas hostes dizem desta luta
Aonde o dia a dia se traduz,
No quanto imerso em dor, temor e pus
A fúria a cada instante não reluta
E bebe e se sacia enquanto bruta
Na morte a redenção em vária luz
Não quero nem inferno nem a cruz,
A sorte por si só se mostra astuta.
No prazo onde o viver se determina
A podre face expondo a nova mina
Na fonte renovável se retrata
O quanto pouco somos, senão isto
E quando noutra face inda resisto
Verdade se desnuda, sempre ingrata.


17

Ao retirar do olhar uma esperança
A guerra se prepara neste instante
Enquanto este vazio se agigante
{a fúria sem igual o corpo lança,
E assim aonde houvera a temperança
Somente o desdenhar já se adiante
E mostre noutra face o degradante
Caminho feito em dor, sangria e lança
No quanto a concessão permite a paz
E o caminhar mais manso ora se faz
Nas tramas onde o passo se permite
A liberdade dita em sanguinário
Caminho muitas vezes temerário
Por vezes sem saber qualquer limite.

18

No déspota se mostra a estupidez
E vejo quanto mesmo é mais sombrio
O vândalo delírio em desafio
Aonde a própria história assim se fez,
O rústico cenário da altivez
E nele com certeza aqui desfio
Sabendo quanto é turvo algum desvio
Embora noutra face tu te vês.
Arcar com ledos erros e sentir
O quanto molda a vida no porvir
Festiva ou mesmo inglória realidade
Mortalha tece um ar de plenitude
Que tanto quanto doma nos ilude
No espúrio caminhar à liberdade.

19

Tropéis diversos levam mais distantes
Os sonhos quase herméticos de quem
Sabendo do vazio sempre vem
Buscar nos ermos solos, diamantes,
E quanto deste errôneo tom garantes
Gerando da esperança este refém
O caos se desenhando aonde vem
Dispersos caminhares galopantes.
Rescaldos tão diversos restam quando
Iluminando os antros com as sombras
E neste nada ser tu tanto assombras
Enquanto vejo o mundo desabando
Deidades perfiladas entre os vários
Resumos de momentos onde um dia
Pudesse acreditar em tais cenários,
Mas vejo o quanto a sorte enfim se adia.

20


Vendetas entre festas quase orgásticas
Ao burilar disforme realidade
O templo se desnuda e à saciedade
Imagens dolorosas e sarcásticas
No fausto em que se mostram as fantásticas
Imagens onde a vida sempre brade
Um bardo se tomando em liberdade
Vagando pelas dores, vagas, drásticas.
Resguardo o quanto posso, mas no fundo
O medo aonde em tal delírio inundo
Meu prazo se termina enquanto vejo
A face desdentada e até sombria
Da morte onde deveras soerguia
Aquém de qualquer messe um vão ensejo.


21



Esboço o caminhar
Em antros que carrego
E sigo mesmo cego
Na busca de um luar
Aonde retratar
Reflexo de algum ego
E nele não me entrego
Senão ao desenhar
De um vasto e tolo passo
Por onde quer que traço
Resumos são iguais
Vencido pelo tempo
A cada contratempo
Desenho os funerais.


22

Arisco no que eu possa
Trazer em verso ou medo
E quando além concedo
Sorriso ou mesmo a fossa
A sorte não endossa
O manto em que o degredo
Vestira desde cedo
A morte quando endossa
O riso ou pranto ou nada
A marca desenhada
Na face mais cruel,
Resulta do que fora
Uma alma sonhadora
Vagando sempre ao léu.

23

Aprendo com a sorte
Deveras traiçoeira
E bebo a derradeira
Noção que trace o aporte
E vejo o quanto o norte
Resvala em verdadeira
Imagem onde eu queira
Apenas crer na morte
Que tanto desejara
Em noite dura e amara
Vestindo esta promessa
Do pranto que se traz
E nela sendo audaz
A vida recomeça.


24

Meu canto se desdisse
Na face deste sonho
Aonde recomponho
Embora em tal tolice
O mundo diz mesmice
E o vasto vão medonho
No quanto sou tristonho
Além do que predisse
A sorte transmitida
Nos ermos desta vida
Vencida pelo engodo,
O quanto quis um dia
Melhor e não teria,
Senão a lama e o lodo.

25

Aprazo o verso em luz
E o corte me trespassa
E assim cada fumaça
Deveras reproduz
O olhar em gozo e pus,
E a vida alheia passa
Restando o quanto traça
Gerando enfim a cruz,
Não pude e não devia
Saber que a poesia
Talvez trouxesse alento.
A porta já trancada
A sorte desolada
Diversa da que invento,


26


Vestindo o meu lamento
Aonde tanto pude
Sentir a plenitude
e agora me atormento
apenas um momento
em voz ou atitude
no pântano que ilude
o risco em vão fomento.
No passo rumo ao tanto
Por onde me adianto
E sei da queda e abismo,
Vagar entre as escórias
Trazendo nas memórias
O vago aonde eu cismo.

27

a terra sem defesas
o marco em dor e medo,
aonde me concedo
deveras sem surpresas
percorro as incertezas
e sigo sem segredo
no tolo desenredo
e nele estas grandezas.
Acerca do que somos,
Diversos, unos gomos
Metades incompletas
Assisto ao fim e mudo
O canto ou mesmo mudo
Em ânsias me repletas.

28


jazendo sob a terra
herdade que me resta
a face mais funesta
deveras ora encerra
o berro, a queda e a serra
aonde houvera fresta
o parto não se empresta
e a vida ora desterra
além de qualquer brilho
porquanto em vão eu trilho
descréditos se vendo,
o amor jamais contive
e o pouco onde retive
não passa de um remendo.

29

fremindo a liberdade
no peito em ânsias feito
resgate onde deleito
esta aura que degrade,
o risco em ansiedade
a morte no seu pleito
enquanto insatisfeito
o sonho em dor invade.
Gerenciar promessas
E nela se endereças
Buscando um novo fato,
A marca mais audaz
Que tanto invade e traz
Decerto em ti resgato.


30


por certo vingador
dos tantos mais sombrios
alheio aos desafios
encontro enfim a dor,
e neste vão louvor
passando em ermos fios
precedo meus estios
tentando além a flor.
Primaveril cenário
Aonde temerário
Jamais eu pude ver
Senão a mesma face
Da dor e quando a grasse
Encontro o desprazer.

31

donde vem este engano
há tantos que não sei
o quanto poderei
rever um velho plano
e quando assim me dano,
resumo a dura grei
nas tramas que tracei
e nela sigo insano.
Apresentando ao fim
O sonho de festim
Qual fora redenção
Nos pântanos desta alma
Apenas o que acalma
Meu sonho em remissão.

32

e quando vês no olhar
de quem se fez presente
um prisma iridescente
aonde caminhar,
não vejo mais lugar
nem luz que me apascente
o pranto em penitente
delírio a desenhar
o risco mais agudo
e assim se não me iludo
enfrento o que inda tenho,
o marco já desfeito
o sonho não aceito
um ar turvo e ferrenho.

33

os bárbaros caminhos
aonde um dia entrara
que tendo esta seara
em meio aos tais espinhos
percebo quão mesquinhos
os rumos, vida ampara
quem tanto procurara
enfim outros carinhos,
arcar com medo e dor,
sentir e não se opor
ao quanto ainda atesta
o corarão servil,
aonde se previu
o fim de qualquer festa.

34

a liberdade opressa
o canto mais dorido,
e o vento percebido
aonde a dor se teça
e nada se obedeça
sementes deste olvido
o passo resumido
a vida sempre avessa.
Se eu peço alguma luz
O nada reproduz
O que esta alma continha,
A morte se aproxima
E torna em tosca estima
A que inda fosse minha.

35


inspira confiança
o passo rumo ao nada
e sei da desolada
loucura que me alcança
a noite não se amansa
e mata esta alvorada
aonde ensolarada
resiste uma esperança
apreços e desprezo
o quanto sigo ileso
ao tanto temporal,
os vastos campos vejo
e a cada novo ensejo
o dia [e sempre igual.


36

os dias são tiranos
e nada além do quanto
pudesse e até garanto
em vastos desenganos
os dias mais profanos
e neles o quebranto
enquanto além me espanto
ultrapassando os anos
não quero outra certeza
senão a mesma mesa
e nela esta iguaria
repasto repartido
negando algum sentido
aonde nada havia.

37

memórias tão antigas
de tempos quando eu pude
vencer a magnitude
e nisto não consigas
sentir as mãos amigas
e nelas já se ilude
o sonho mesmo rude
em meio às tantas brigas,
castigos são constantes
e neles me adiantes
a queda enquanto luto,
partindo para o nada
marcando a velha estrada
porquanto siga astuto.


38


a vida em tal pujança
pudesse ter além
do olhar por onde vem
o medo que me alcança
o risco em tal fiança
o manto no desdém
vagando quando tem
o corte que se amansa,
alheio ao que inda venha
a noite mais ferrenha
expondo em dor e prece,
o corpo se transforma
e toma qualquer forma
na qual o medo tece.

39

uma incontida fúria
testemunhando a queda
assim a vida veda
além desta penúria
e bebo desta injúria
enquanto o sonho seda,
arisco passo enreda
nas tramas da penúria.
E o vento que trouxera
Al[em paz e quimera
Agora nada diz,
O marco em discordância
O amor em tal instância
Um dia em cicatriz.


40

memórias ancestrais
de tempos onde antanho
o mundo mais estranho
negando os rituais
quebrando os meus cristais
e quando além me entranho
percebo o ledo ganho
em trevas, vendavais.
Avais que eu procurava
Adentro em fogo e lava
Vulcânica verdade,
No amor ou na promessa
O passo se confessa
Enquanto o nada invade.

41


uma alma emudecida
em frente aos tantos fatos
por vezes mais ingratos
a sorte suicida
a morte doma a vida
e diz destes retratos
gerando em torpes atos
a face carcomida
da próxima mortalha
aonde já se espalha
o olhar sem rumo e nexo,
o tanto quanto resta
traduz a tez funesta
apenas meu reflexo.

42

a mente diz ainda
dos sonhos mortos, quando
o dia se moldando
além nada deslinda,
o canto já se finda
em nada transformando
meu rumo se inundando
aonde o vão se brinda.
Escuros dentro da alma
A dor que ora se acalma
Traduz o nada em mim,
Restaurações diversas
E nelas vejo imersas
As luzes de um festim.

43


encerra medo ou pena
quem tanto quis um dia
aonde se veria
o sonho onde se acena
a vida inteira e plena,
porém em ironia
o corte moldaria
a face mais serena.
Ouvir a voz do vento
E neste envolvimento
Sentir outro começo
O amor que tanto eu quis
Gerando a cicatriz
Marcada em adereço

44

por esta minha terra
depois de tantos anos
em meios aos desenganos
o canto já descerra
paisagem onde a serra
traduz os velhos planos ,
mas rotos meros panos
meu ciclo aqui se encerra.
Esboço luzes quando
A noite se nublando
Traduz grisalhos tons,
Das esperanças ledas
O quanto me conceda
Reflete amargos sons.


45


resisto contra o fado
que sei não mais meu poupa
e quando noutra roupa
o mundo destroçado
o peso da esperança
sobreposto nas costas
além do quanto gostas
o mundo não me lança
esgarço em poesia
o tanto que inda tenha
a noite mais ferrenha
jamais se mostraria
diversa da que agora,
ao longe em dor se aflora.

46

um campo mais hostil
aonde nada colha,
o sonho em torpe bolha
aos poucos se partiu
e quando dividiu
sem Ter sequer escolha
ao nada se recolha
e mostre a face vil,
cerzir uma pujante
verdade que agigante
ou mesmo um passo alheio,
no tanto ou no tão pouco
o quanto sigo louco
traduz o antigo veio.


47

servil caminho eu sigo
e tento nova trilha
aonde se polvilha
cevando joio e trigo,
buscando aqui contigo
o sonho compartilha
e gera esta armadilha
descreve o desabrigo.
Opaca noite enquanto
Ainda busco e canto
Tentando nova sorte
Meu rumo se trouxera
No olhar em tola espera
Sem nada que o conforte.

48

um inimigo império
no olhar que não reluta
a força imensa e bruta
o passo sem critério
olhando em tal mistério
a luz por mais astuta
enquanto esta alma luta
na face vexatória
de quem busca a vitória
e nada mais descreve
em torpe consonância
a vida em desde a infância
deveras sei ser breve.

49


submeto o meu reinado
aos tantos dissabores
e mato as raras flores
num tempo desolado,
e sinto já traçado
e sem sequer te opores
o quanto em redentores
delírios diz o fado,
massacro com engodos
os dias, tantos, todos
herdando este vazio
e nele apenas isto,
o fato em que resisto
porquanto desafio.

50


excita-me o saber
do fato aonde possa
vencer a dura fossa
e Ter onde colher
o sonho em vão prazer
e quando a vida endossa
e nada mais se apossa
senão ausência em ser
ao menos transparente
e quando me apresente
aquém do quanto quero
o olhar atocaiado
o riso desolado,
o gozo duro e fero.

51

eu não falarei mais
das mortas primaveras
aonde destemperas
em torpes funerais
e os tantos vendavais
gerando em si as feras
nas quais somente esperas
os ritos terminais,
ausento dos meus olhos
jardins e sei de abrolhos
aonde eu quis florida
seara mais feliz
e o tempo contradiz
negando a própria vida.

52

na janela fechada
das tolas esperanças
as noites quietas, mansas
a doce madrugada
agora ditam nada,
e nelas tu avanças
em meio às vãs pujanças
matando outra alvorada
a sorte não traduz
sequer a mansa luz
por onde eu poderia
em pleno inverno da alma
trazer a voz que acalma
gestando um novo dia.

53

o sol já não conhece
as frestas onde outrora
na face que decora
gerasse este benesse,
e quanto a vida tece
a fonte sem demora
o mundo desarvora
não resta medo ou prece;
somente esta certeza
da fera feita em presa
surpresas de uma vida
em passo reticente
o nada se apresente
enquanto o sonho acida.


54

os céus tão azulados
da infância mais distante
num dia degradante
mudando assim traçados
permitem nos legados
os erros onde espante
a sorte a cada instante
e gere mais enfados,
acertos? São bem poucos
os dias sempre loucos
não deixam menor sombra
de sorte alvissareira
e mesmo que se queira
realidade assombra.

55

a terra se vertendo
em novéis esperanças
e quando ali alcanças
um mundo sem remendo,
o olhar mais estupendo
esgarça em finas lanças
marcando as temperança
aonde o vão tecendo
apenas teias frágeis
portanto quis mais ágeis
os passos, nada veio
somente o mesmo enredo
aonde mal procedo
buscando um canto alheio.

56


o inverno adentra abril
e toma o que pudesse
gerar ainda em prece
o quanto não se viu,
em outonal, sutil
delírio a vida tece
o nada que obedece
ao passo duro e vil,
restando quase nada
a quem nesta invernada
pensara em primavera
a vida é carrossel,
mas sei final cruel
depois, o nada espera.

57

o tempo, este corsário
saqueia cada engano
e quando enfim me dano
num dia temerário,
o quanto em visionário
caminho mais profano
adentro e rompo o pano
outrora imaginário
escusas não aceito
e quando tento um pleito
diverso, nada vem
procuro inutilmente
quem tanto se apresente
e sei, virá ninguém.

58

ainda se ultimando
o sonho em vaga esfera,
o passo destempera
e gera o mais infando
caminho se formando
e nele sei da fera
o quanto em paz se espera
e o nada transformando,
resisto o quanto posso,
e sei ser mero e nosso
um mundo em paz e glória,
rascunhos do passado,
aonde quis meu fado
são ermos da memória.

59

ultimo o meu caminho
em tétrico desenho
e quando além me empenho
percebo quão daninho
o mundo onde avizinho
o risco e dele venho
vencendo o que inda tenho
de espúrio e mais mesquinho.
{as vezes quis bem mais
que meros rituais
amores burocráticos,
e o tenso dia a dia
aos poucos poderia
gerar sonhos apáticos.

60

após o desespero
não resta quase nada
e a sorte desarmada
eclode em destempero,
o quanto do tempero
permite a desejada
manhã já desenhada
cevada neste acero,
o canto em discordância
o sonho em ressonância
errático e medonho,
assim ao me perder
do quanto foi prazer,
à ermida eu me proponho.


61

num derradeiro verso
eu posso até quem sabe
viver o que não cabe
e nisto sigo imerso
o quanto já disperso
e nada mais se acabe
somente o que desabe
além deste universo
criado pelo sonho
e quando me proponho
encontro apenas isto.
O resto do que um dia
Pudesse em fantasia,
Só sei que não desisto.

62

o meu papel na vida,
bufão ensandecido
tocando este sentido
aonde a despedida
gerasse outra saída
e quando resolvido
esbarro em meu olvido
seara em vão perdida,
restauro o que inda trago
em tento algum afago
desta esperança atroz.
Porém já nada resta
Somente a mera fresta
Ausente rumo e foz.

63

revendo em sincronia
o passo que trouxera
a mansidão e a fera
e nele não teria
senão a hipocrisia
aonde destempera
a vida sem espera
e mata o dia a dia,
esboço algum alento
e quando além eu tento
vencer os meus engodos,
arcando com meu charco
do medo já me encharco
e bebo os vários lodos.

64

reproduzindo o sonho
diversa esta aquarela
aonde se revela
em ar duro e bisonho
o quanto te proponho
destino não atrela
e nada mais se sela
somente este ar medonho,
proposições diversas
e nelas são imersas
as ilusões de quem
cerzindo em tom sombrio
o olhar que desafio
e o nada já contém.


65


acres canções que a vida
prepara em armadilha
aonde compartilha
a história sem saída
enquanto não duvida
quem tanto busca a trilha
e além já não mais brilha
na farsa presumida.
Esboço em verso e canto
Aonde se me espanto
Promessas maltratadas
As horas mais mordazes
Deveras quando trazes
Destroças alvoradas.

66

maldito seja o outono
aonde me negaste
e sei que sendo um traste
da morte mero abono
aos poucos já me adono
e sigo em tal desgaste
além do que mostraste
num rito em abandono,
tristezas as conheço
e sei cada adereço
no qual eu poderia
traçar qualquer disfarce,
porém se a vida esgarce
não resta qualquer dia.


67

como se fosse o fruto
de um sonho meramente
maior do que aparente
o dia amargo e bruto,
enquanto não reluto
e tento este clemente
cenário onde aparente
o passo mais astuto,
restando deste fato
o quanto me retrato
em ar quase sombrio,
meu canto em tom maior,
quem dera o teu suor
tomasse em desafio.


68

um pássaro liberto
buscando algum aporte
aonde se conforte
e veja sempre aberto
caminho que deserto
e nele em novo norte
a vida com mais sorte
gestando onde desperto,
arcar com erros pude
e tendo esta atitude
no farto caminhar,
dessedentando o medo
ao todo me concedo
e em ti bebo o luar.


69

à flor que tanto vi
um brilho que sacia
gestando em harmonia
o gozo, um colibri
aos poucos descobri
assim num novo dia
o quanto poderia
viver a paz em ti,
desvendo os meus enredos
e bebo dos segredos
que tanto me escondeste
amor maior do que este
deveras não concebo
e assim, em paz me embebo.

70

ao céu e à terra eu sigo
sem medos nem façanhas
e quando além me entranhas
em ti decerto o abrigo,
resumo o que persigo
em noites claras, ganhas
e sei das tais montanhas
vencendo algum perigo,
e resolutamente
o passo não desmente
o quanto mais eu quis,
e sendo desta forma
o amor tanto deforma
enquanto faz feliz.

71


neste encorajamento
enfrento qualquer troça
e mais do que se possa
percebo enquanto tento
o olhar suave e atento
da vida toda nossa
e nada mais endossa
o amor em provimento,
e sem qualquer temor
adentro em raro amor
e nele me sacio,
expresso em solução
os dias que virão
ausente medo e frio.

72

é sempre o mesmo efeito
e nele não me esgoto
o tempo mais remoto
agora mal me deito
traduz o satisfeito
cenário onde me boto
e nego o terremoto
enquanto o sonho eu pleito.
Apraza-me saber
Do quanto em bem querer
Também tu me desnudas
As horas apascentam
E nelas se apresentam
Ternuras mais agudas.


73

eternamente creio
na luz que intemerata
deveras não maltrata
e gera novo veio,
por onde o sonho anseio
e sei da força grata
na qual amor retrata
o mundo onde rodeio,
versejo com carinho
e sigo cada ninho
aonde eu possa Ter
o olhar que me ilumine
e sei deste ar sublime
das ânsias do querer.


74

efeito refletindo assim a causa
transcorre em concordância a cada passo
e quando novo rumo em paz eu traço
o amor já não comporta queda e pausa,
a vida se aproxima da andropausa
e o cálido caminho hoje desfaço
mudando o meu olhar em novo espaço
uma esperança além da menopausa
esboça o fim da história e se degrada
mudando neste instante rumo e estrada
o verso não traduz sequer o canto,
e nele resumindo a minha sina
aonde qualquer luz inda fascina
herético cenário se adianta.

75

os versos refletindo igual desenho
e neles entranhando a dura sorte
sem ter que na verdade me conforte
apenas o vazio enfim contenho
e o canto aonde alhures eu desdenho
o quanto pude ainda ver em norte
enquanto uma ilusão a vida aborte
o olhar já não reflete o desempenho,
ascendo ao constelar caminho quando
o manto desfiara e demonstrando
o pouco que inda resta, mas eu tento,
aprendo com engodos ou falácias
e tento embora vagas tais audácias
vencer em mansidão meu sofrimento.

76

a vida este festejo mais banal
no quanto traz em si caminho e fim,
o manto se desvenda e sendo assim
o corte se aproxima do fatal,
e vago sem destino pelo astral
resumo o desalinho de onde vim
no herético prazer que vive em mim,
cerzindo este cenário bem ou mal,
ascendo ao que pudesse em verso e canto.
E quando na verdade além me espanto
Eu bebo cada gota que espalhaste,
Do todo em voz sombria e tom mordaz,
Somente a solidão, a vida traz
Gerando a cada ausência este desgaste.


77

as máscaras dançantes entremeiam
festejos mais dispersos e em verdade
o tanto que pudesse e se degrade
enquanto os meus delírios não anseiam
sequer outros caminhos que incendeiam
a vida com ternura e nos invade
ditando cada passo em falsidade
e os passos mais distantes já se alheiam.
Não mais eu necessito desta farsa.
A vida com certeza ora se esgarça
E deixa estes sinais aonde eu pude
Vestir em tantos medos minha dita
No quanto cada verso necessita
Sentir desta esperança a magnitude.

78
condena-se ao caminho torpe a treva
que tantas vezes disse da verdade
no passo mais atroz a realidade
a cada novo tempo, um templo atreva
a vida poderia ser longeva,
mas quando em erros tantos nada brade
deixando para trás mera saudade
ao nada o sortilégio já me leva.
Mesquinharias ditam o futuro
Aonde a paz somente em vão procuro
E tento discernir entre os demônios
Sedentos do que eu tento e não pudera
Gestados pelas ânsias da quimera
Traçando a cada engodo, pandemônios.


79

cansado de bailar entre os enganos
entranho as cicatrizes que carrego
o passo na verdade duro e cego
negando aonde houvera meros planos,
e assim ao se cerrarem últimos panos
a peça em que deveras eu me entrego
resulta no vazio onde trafego
vestindo as ilusões em ermos planos,
estranhas noites formas virulentas
e nelas com certeza me atormentas
tramando as variantes da emoção
aporto os desenganos costumeiros
e tento procurar noutros canteiros
provável primavera em floração.

80

enquanto a vida orquestra
diversa sinfonia
a sorte não traria
a mão que agora adestra
e vendo esta canhestra
verdade em ironia,
o pouco que teria
negando a sorte, mestra.
O quanto diz do quando
E o vago transbordando
Gerando outro excremento,
No todo ou mera parte
A vida se reparte
E o fim, logo incremento.

81

ao som dos violinos
guitarras, violões
e neles sensações
de dias cristalinos
os tantos desatinos
e neles provisões
diversas direções
porquanto são ladinos
os passos onde tento
vencer o alheamento
um tanto costumeiro,
resumos de outros tempos
em fartos contratempos
o enfarto derradeiro.

82

brilhantes constelares
desenhos siderais
e tento ou muito mais
do quanto não notares
vagando em teus altares
espaços magistrais
e neles rumos tais
porquanto procurares
ver[as e tão somente
assim quando fomente
a vida em novo rumo,
o passo dessedento
e bebo então do vento
e em vão enfim me esfumo.

83

na fúnebre verdade
que tantas vezes dita
a sorte necessita
do vento que degrade
o passo em realidade
a sorte mais aflita
o corte aonde fita
o olhar em claridade,
no pranto saciado
o vento desolado
inverno dentro em mim,
o canto que pudera
apascentar a fera
chegando agora ao fim.


84

a vida em tais anseios
gerando o que não pude
vencer em plenitude
e assim adentro os ermos veios
e sinto mais alheios
os passos onde eu mude
e trace em atitude
aquém dos meus receios
caminhos mais diversos
e neles vejo imersos
os ermos de minha alma
no tanto que pudesse
vencer em reza e prece
o canto onde se acalma.

85

um fúnebre desdém
de quem quisera tanto
e agora não me espanto
enquanto o nada vem,
apenas sou refém
do amor e quando adianto
o passo e não garanto
senão o quanto tem
a queda após tropeço
e quando me endereço
ao farto que inda vejo
cercando cada passo
no intento onde desfaço
o sonho em vão desejo.

86

neste turbilhonar
caminho aonde eu tento
vencer o sofrimento
e crer na luz solar,
o medo de levar
o risco mais atento
e nele o provimento
impede algum luar
espero a cada ausência
do amor tal anuência
que possa traduzir
o quanto ainda tenho
e nisto o velho cenho
impede algum por vir.

87


um raio deste sol
tomando o céu imenso
e quando além eu penso
nas tramas do arrebol,
o amor que segue em prol
do quanto ainda extenso
delírio mesmo tenso
e nele és o farol,
ascendo ao quanto quero
e mesmo quando fero
destino desvendado
o verso se enaltece
tentando outra benesse
além do velho enfado.

88

declínio deste arcanjo
em tramas mais profanas
e quando tu me danas
em novo desarranjo
o tanto que inda arranjo
do mundo enquanto enganas
e mostras soberanas
verdades que ora tanjo
tentando discernir
momento que há de vir
após a tempestade,
escusas não reparam
os erros que separam
o amor da claridade.


89

o homem mais sombrio
desenho onde Deus quis
fazer o mais feliz
num caos em desafio
assim ao ver o frio
desdém da cicatriz
e nela feito a giz
o parto a cada fio
estendo após a queda
o quanto inda se enreda
o passo muito além
do cardo aonde entendo
o sonho sem remendo
meu canto enquanto vem.

90

presságios entre sonhos
são caos e na verdade
o quanto inda me invade
ditando em tais medonhos
delírios enfadonhos
e neles a saudade
ditando a realidade
em ares mais tristonhos.
E quando posso ver
Somente o desprazer
E nele me redime
O fato doloroso
Por vezes andrajoso
E nunca mais sublime.

91

não falo em primavera
que há tanto já não vejo
sequer de algum desejo
gerando nova espera
a sorte não mais gera
sequer menor ensejo
apenas o negrejo
da vida, espúria fera.
O amor já não mais grita
Tampouco na finita
Manhã se apresentando
Anoitecer de uma alma
Morna visão que acalma
Num tempo frio ou brando.

92


falando deste inverno
que sinto desde agora
do frio que devora
o coração mais terno,
e quando o sonho externo
na fonte se demora
e gera sem Ter hora
o sonho aonde hiberno,
a falta de esperança
o olhar já não alcança
sequer um horizonte,
ao mergulhar na neve
minha alma não se atreve
sequer um rumo aponte.

93

imóvel em frialdade
granito do meu ser
há tanto a se perder
no frio que me invade,
o resto nem saudade
tampouco algum prazer
aos poucos ao morrer
percebo última grade,
e o vento em agonia
transforma o dia a dia
em névoa e nada mais,
quem tanto quis a glória
na face merencória
dos ermos invernais.

94

olhar fúnebre trama
o fim em tez dorida
do quanto quis ser vida
e agora ao fim da chama
já não revela trama
somente a despedida,
a sorte apodrecida
o corpo volta à lama.
O fim se aproximando
Num ar quase nefando
Nevando sem descanso,
Apenas o vazio,
Qual fosse um desafio
Enfim, em paz alcanço.

95

nesta estação da morte
a gélida impressão
dos dias que virão
e nada mais aporte
o rio sem um norte
somente um passo em vão
e nele imprecisão
tomando cedo a sorte,
acordo e nada além
da bruma, o olhar contém
e disto me alimento.
Noctívago poeta
A sorte se deleta
Na falta de provento.

96

na tenebrosa espera
do fim e tão somente
o pouco que alimente
o quanto existe em fera,
não mais resta e tempera
o corpo e a penitente
loucura que inclemente
procura a primavera.
No inverno agrisalhado
O olhar já desolado
Não tendo mais sequer
O brilho da esperança
Ao longe, não alcança
As sombras da mulher.

97

não quero a compaixão
também não necessito
de um riso mais aflito
ou nova direção
e sei que desde então
o sol em tal granito
presume este finito
delírio em dimensão.
Acossa-me a saudade
E o quanto ainda invade
Traduz somente o fim.
A pele se engelhando
O coração nevando
Na morte viva em mim.

98

ao findar de estações
os dias noutra face
o tempo duro grasse
e nele os meus verões
dispersas emoções
caminhos onde trace
além do vago impasse
perdidos os vagões,
descarrilada sorte
aguarda então a morte
que venha e já redime
os ermos de quem tanto
outrora noutro canto
sonhara em ar sublime.

99

da antiga mocidade
as sombras, num receio
o rio perde o veio
bebo a salinidade
na foz aonde invade
o quanto em devaneio
do sonho ainda veio,
no olhar que se degrade,
resulto deste ciclo
e sei já não reciclo,
o fim em lama e pó,
apenas levo na alma
a farsa que me acalma
e o sonho, ausente ou só.

100

das flores ao agosto
o tempo não refaz
e quando quis a paz
no nada em turvo rosto
o coração exposto
autêntico e mordaz
o quanto ainda traz
aos poucos decomposto,
o frio, o vento e a treva
aonde o sonho leva
em derradeiro passo,
somente a cada esgarce
a vida sem disfarce
em solidão eu traço.

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