quarta-feira, 25 de agosto de 2010

46001 até 47000

1

Meu Sonho

Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...
Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?
Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.


(Cecília Meireles)

Aonde te encontrar se nada vejo
Senão mesmo delírio e quando a busco
O tempo se mostrando atroz e brusco
Sonega o que percebo um vão desejo,
Porquanto noutra face este lampejo
Enquanto quis luar é lusco fusco
E quando eu perecer, quiçá velhusco
Não tenha o quanto penso benfazejo.
Assíduo passageiro da ilusão
Não sei sequer se os dias me trarão
Qualquer alento ou mesmo algum cenário
Diverso do que vejo neste instante
E o passo na verdade não garante
Senão desenho esparso e imaginário...



O Amor se escreve
assim,
somente pra ti ...
(Olhos de Boneca)


O amor que leva a Roma e na romã
Dos seios divinais da bela dama
No quanto tanto sonho ainda trama
Dizendo desta vida em raro afã
Enquanto no passado era malsã
A vida desde agora ainda clama
Bem mais que meramente leda chama
Traçando desde agora outra manhã
E neste desejar tanto queria
Mudar realidade dia a dia
Tentando novamente ser feliz
E quando no teu nome refletindo
A cria e ação num tempo bem mais lindo
Aonde em verso puro eu tanto a quis.


3

Amar-te além do cais e em terra firme
Manter esta esperança, timoneira,
E ainda quanto mais amor eu queira
A vida noutra estância o reafirme,
E quantas vezes tudo se redime
Num ato carinhoso, em tom suave,
E aonde cada senda se desbrave
Um novo amanhecer, raro e sublime
Assim perpetuando o sonho em nós
Ainda que pareça um impossível
Cenário; eu passo a vê-lo bem mais crível
Gerando com ternura a mesma foz.
E o tempo permanece em harmonia
No quanto a cada instante se recria.


4

Viperinas palavras matam paz
E nelas não se vendo qualquer luz
Ao ledo caminhar, pois nos conduz
Enquanto o desejar já se desfaz,
Pudesse ser talvez bem mais tenaz
E neste desenhar meu todo eu pus,
Mas quando amor recende à própria cruz
O fardo se tornara vão, mordaz.
Porquanto em realidade nada traça
O sonho se transmuda na trapaça
E gera tão somente imenso caos,
Aonde desejar se nada resta,
Somente esta verdade que, molesta,
Arranca qualquer cais de nossas naus.


5


Ao mesmo tempo finjo outro caminho
Tentando por defesas novo rumo,
E quando noutro passo eu me acostumo,
Relembro de outro atroz, ledo e mesquinho.
Vagando pelas sendas, cada espinho
Invade o coração e sorve o sumo
Tirando da esperança qualquer prumo
Num canto tão voraz quanto daninho.
Das velhas alegrias, nem sinal,
A soledade em ar frio e venal
Não deixa qualquer sombra de alegria,
E mesmo se inda houvesse qualquer chama,
A fúria da tempesta tanto trama
E nada em seu lugar resistiria.

6


Entrementes mentimos por defesa
E nesta farsa feita em desamor
O quanto de um espinho marca a flor
Matando qualquer tom, rara leveza.
E a sorte quando outrora fora ilesa
Agora noutro instante a se compor
Tramando a cada passo mais rancor
Num ato desvairado, a voz já presa.
E o fato diz do nada construído
Aonde novo tempo eu não lapido
Jogado sobre as pedras de ermo cais,
E quando imaginara tanto, tanto,
O mundo no vazio ora adianto,
E o sonho se perdendo em nunca mais.


7


Que em meio a tantos passos nada veja
Eu sei e mesmo assim ainda busco
Vencer este cenário em lusco fusco
E crer noutra ventura benfazeja,
O céu jamais permite a claridade
E o tempo se dispersa em tom sombrio,
E quando este momento eu desafio,
Apenas solidão cruel, invade.
Enfrento os meus enganos, mas sei bem
Do quanto na verdade nada resta
Senão a mesma face atroz, funesta,
E nela nem o sonho mais contém,
Resumo num infausto a caminhada
Levando num momento ao mesmo nada.


8


Ou mesmo que a verdade seja dita
Nem tanto por amor ou amizade,
O farto caminhar ora degrade
E nesta sorte o ocaso se permita.
Seara aonde há tempos, mais bonita
Tomada pela plena liberdade
Agora noutro instante, na verdade
Já nem sequer o sonho em paz reflita.
Da imorredoura sebe, nada mais
Somente a solidão dos temporais
Vagando pelos vórtices ferozes,
Do vértice ao abismo, um salto imenso
E neste desdenhar em me convenço
Da tétrica loucura em overdoses.


9


As chaves que me entregas; sempre falsas
De um cofre aonde o nada se veria.
O ranço marca toda a fantasia
E neste desenhar as dores calças,
As ânsias noutro instante, ledas balsas
O mar em tal tormenta, uma agonia
Do quanto posso ou nada mais teria
Num dia com amor, sonhos de valsas;
E agora este desdém domina a cena
E a sorte sem perguntas me condena
Gerando a solidão após o tanto,
E o passo rumo ao vago se transforma
E toma esta satânica e vil forma
E ao vê-la, qual espelho, enfim me espanto.


10

Do cofre em que se lacram esperanças
Já não conheço mais algum segredo,
E quando noutro instante e em vão procedo
Ao vago de um cenário atroz me lanças,
A vida não permite mais mudanças
O tanto quanto pude e vejo ledo
Já não traduz sequer além do medo,
As horas não traçaram alianças,
E o corte aprofundado toma tudo,
E neste desvendar eu desiludo
O canto em desencanto e nada vem,
Somente o tom cruel de uma saudade,
E nela toda a fúria agora invade
Deixando-me do sonho muito aquém.



11


Amar, uma finita fantasia
Marcada a ferro e fogo, tatuada
Numa alma muitas vezes desolada,
E noutro instante a paz não se veria,
O quanto deste sonho em heresia
Trafega inútil senda, vaga estrada
Traçando no final, o mesmo nada
Por onde tanta luz já se queria,
Resplandecente sol dentro de nós
E nele outro momento segue após
Gerando uma inconstante sensação
Aonde tanto a quis diamantina,
A sorte no vazio se destina
E os dias mais amargos se verão.


12


Que é feita em intempéries nossa sorte
Eu sei e me percebo neste instante
Vagando pelo infausto, degradante
Sem nada aonde apóie nem conforte,
A vida necessita de um suporte
E nele novo rumo se adiante
Marcando como fosse um diamante
O passo num momento em raro norte.
Mas quando se percebe a realidade
E o sonho noutro rumo se degrade
O todo se aproxima do vazio,
E o quanto poderia ser feliz,
Apenas noutro instante contradiz
Secando numa origem cada rio.


13


Assim que se desnuda a madrugada
Em ânsias dolorosas e pungentes
Ainda quando um rumo; novo, tentes
A vida não permite agora nada,
E a senda noutra face desenhada
Transforma passos rudes, inclementes
E neles olhos frágeis, penitentes
Marcando com terror a leda estrada,
Espúria face atroz de um novo mundo
E quando em tal cenário eu me aprofundo
Apenas a visão de um novo dia
Nublado e sem qualquer mero motivo
E sei o quanto nisto perco e privo
Meu canto de uma luz que não mais via.


14

No não já se afirmando a realidade
E neste desenhar somente vejo
O tanto quanto resta em malfazejo
Caminho por mais alto que inda brade,
Gestando a cada instante a tempestade
E um dia mais sublime, noutro ensejo
Enquanto marca atroz cada desejo
Tocaia numa fúria gera a grade.
E mesmo quando em sonhos posso ver
A sorte desenhando algum prazer
Um ledo delirar e nada além,
O tanto quanto pude ser feliz
O passo noutro instante o contradiz
E apenas frialdade ainda vem.

15


O quanto não me trazes esperança
Gerando novo rumo dentro em mim,
Traçando dentro da alma algum motim
No tanto aonde o dia ora se lança,
Gerando tão somente a confiança
Tramando cada passo de onde vim
E neste desenhar um estopim
Presume o passo ao quanto em paz se alcança.
Acordo e me percebo felizmente
Marcado pelo quanto já se sente
Num mundo mais suave e mais tranquilo,
Destarte nada trago senão isto
O amor e nele ainda teimo e se persisto
Um novo caminhar ora destilo.

16

Vim te buscar!
Dança comigo,
No ritmo e magia da melodia,
Abraçando-me firme,
Olhando-me com doçura,
Iluminando-me com sorriso...
Permita a música entrar e
Nos vestir como o sol ao mar;
Dançar é fazer amor na vertical!
Regina Costa


Juntinhos neste ritmo a noite inteira
Dois corpos num só corpo desenhado
E o tempo noutro instante lapidado
Na festa mais suave e alvissareira
Aonde vá, procure e mesmo queira
Deixando qualquer medo no passado
O dia neste bom raro bailado
Minha alma da esperança, companheira,
No toque sensual, delírio tanto
E a cada novo passo eu me adianto
E chego paraíso em que nós dois
Num átimo traçamos num momento
O todo quanto quero, busco e tento
Preâmbulo do quanto vem depois.


17


Parede que com zéfiro a tocando
Agüenta a tempestade e cede à brisa
O quanto deste amor se necessita
Noutro momento claro e desde quando.
O mundo se desnuda e me mostrando
A sorte tantas vezes imprecisa
Enquanto nesta sombra se matiza
O todo noutro rumo audaz levando.
Imaginando apenas o momento
Aonde com ternura sempre tento
Vencer os temporais e ter no olhar
O quanto pude crer neste horizonte
Aonde com firmeza o canto aponte
Tramando um magistral, raro sonhar.


18

Ao mesmo tempo beijas e devoras
Os sonhos num instante interminável
E o rumo aonde o quis mais suportável
Não resta nem sequer algumas horas.
E noutro rumo enquanto desarvoras
O traço se mostrara insustentável
E aonde poderia ser afável
Teu barco; num momento, o desancoras.
E assim seguindo em prumo tão diverso
Apenas distinguindo este universo
Disperso entre cenários discrepantes,
E quando imaginara outro caminho
Percebo quanto estou ledo e sozinho
E nada do que eu quero, ora garantes.


19



E quase que me afogas com ternuras
Num átimo mudanças radicais
De destes teus quereres desiguais
Ao mesmo tempo voltas e amarguras
Minha alma se prendendo em tais agruras
Não sabe discernir o quanto mais
Deveras poderia e, se demais,
As noites não permitem mais branduras.
Exausto de tentar te decifrar
Apenas o vazio a se formar
Aonde o quanto eu quis e nunca vinha
Explode em sensações tão divergentes
E mesmo quando o sol; ainda investes
Manhã se prenuncia mais daninha.



20


Nos mares dos prazeres, os tsunamis
Desfazem qualquer sonho e destruindo
Aonde se quisera outrora lindo
E neles tantas dores já derrames,
A vida propicia seus ditames
E o todo noutro enredo se esvaindo
Presume o quanto quis e agora findo
Em falsas profecias, vis enxames.
Especulando a sorte de poder
Saber e mesmo até querer ou ser
Num discrepante passo, outro sinal
Vagando sem destino, rumo e messe
O tanto noutro fado me entristece
E resta dentro em mim teu vendaval.


21


Revoltas com torturas e temores
Marcando num terrível desenhar
O quanto pude crer noutro luar
E nele sem saber jamais te pores.
E quando se desenha em tais horrores
A sorte toma; infausta, o teu lugar
E mata a cada instante, devagar
Tramando tão somente os seus rancores.
E nega-se um momento em alegria
E sei deste vazio e morreria
A cada tua ausência, mas prossigo
Vencendo os meus fantasmas: solidão
E quando se aproxima outro verão
No vago caminhar um torpe abrigo.


22


Depois sem ter motivos; logo vagas
E tentas outros rumos desde quando
O tempo noutro fato anunciando
O dissabor gerando ledas plagas,
E assim alimentando velhas chagas
O peso se transborda e me tocando
Presume outro final aonde infando
Olhares traçam turvas, vãs adagas.
Habitualmente tento outro caminho,
Mas quando da esperança eu me avizinho
Dispersam-se em fantoches meus anseios
E os dias se transcorrem em tormentos
Traçando a discordância, fortes ventos,
E os passos prosseguindo mais alheios.


23


E ris desse meu jeito meio tonto
De querer mais que a sorte pode dar,
Vagando num silêncio a delirar
No farto desenhar e em vão me apronto.
A vida não mais traz qualquer desconto
E rondo cada passo num tocar
Diverso do cenário a se mostrar
Num passo mais audaz, em falso conto.
Restauro o meu caminho a cada queda
E neste desenhar onde se enreda
A história se repete novamente
E quanto mais procuro alguma paz
O todo se transforma e já desfaz
Marcando com terror enquanto mente.


24

Mil faces em disfarces; mostra a vida
Regendo cada passo em discordância
E neste desenhar à velha infância
Gerada pela angústia e entorpecida
No quanto em poesia fora urdida
Rudimentar essência em discrepância
Marcando com temor a nova estância
Aonde a sorte alheia é vã, perdida,
Esbarro nos meus erros e presumo
Apenas o vazio como um rumo
No limo aonde encontro o descompasso,
E assíduo companheiro da ilusão
Os ermos de minha alma moldarão
O vago delirar por onde eu traço.

25

A dor que tanto gostas e me trazes
Num ato mais feroz ou mesmo rude
Enquanto noutro instante desilude
Transforma a própria vida entre mil fases
E neste desenhar, aonde audazes
Os dias se transbordam, plenitude
O quanto deste infausto tento e pude
Marcar com dias duros e mordazes
Procuro qualquer luz e nada vejo
Somente o delirar num vão ensejo
E tramo o dia a dia noutro face,
Ainda que deveras se mostrasse
Um rumo tão diverso, no azulejo
De um céu em poesia, não mais trace.


26


Bebendo do teu mel me inebriando
De um tanto quanto possa ou mesmo além
O amor se desenhando sempre vem
Tornando novo tempo bem mais brando,
E sempre se moldando desde quando
O tanto se mostrara até refém
Do todo noutro instante sem desdém
E o risco se assumindo e devorando.
Em tudo desnudando uma alma insana
E a sorte neste rumo já se dana
Marcando com ternura e dor e medo,
Ao passo onde o mergulho dita a norma
O mais quando o procuro ora me informa
Do dia mais audaz e onde o concedo.


27

Por que me trazes fel quando eu pudesse
Acreditar num dia mais feliz,
E o tanto quanto a vida contradiz
Transcende noutro infausto à vã benesse
E o rumo sem sentido agora tece
Marcando cada passo por um triz
E o quanto mais pudera já não diz
Do todo e quando muito me entorpece
Vagando sem sentido ou direção
Apenas outros erros mostrarão
A sorte desvairada e sem juízo,
Mergulho neste instante e quero além
Do todo e na verdade se inda vem
Traçando um caminhar mais impreciso.


28


De todo esse carinho onde outrora
A vida não pudesse ser diversa
E o canto noutro instante desconversa
Enquanto uma saudade me devora,
O passo vaga e logo desancora
A sorte num cenário; onde perversa
Esboça o quanto pude e já dispersa
Um passo sem saber sequer desta hora.
E o quadro se mostrando mais cruel
O velho coração em carrossel
Vagando e circulando em torno disto,
E neste delirar, insânia e paz
O quanto do passado já se traz
E neste desenhar, rude, eu persisto.


29


O que sobra senão do descaminho
Enquanto me procuro e nada vejo
Senão mesmo fantoche num lampejo
E nele por defesa ora me aninho.
Do quanto pude agora ser sozinho
Ainda outro cenário não prevejo
E a vida se transforma a cada ensejo
Marcando cada passo mais daninho.
Vestindo a solidão e nada além
A poesia traça e nada vem
Somente a solidão já costumeira
E neste desvendar em persistência
A sorte sem saber sequer ciência
Do todo noutro fato ora se esgueira.


30

Mas quero o teu amor e nada mais
Resumos de outras sendas tão diversas
E os passos quando além ainda versas
Transformam fartos dias em jograis
Hedônicos, sutis e irracionais
As sortes noutras fases; desconversas
E tramas solidões rudes, dispersas
E neste navegar naufrágio em cais.
Esboço novo passo aonde um dia
Apenas outro instante eu poderia
Singrar neste oceano: sofrimento,
E quando me entregara sem sentido
O risco na verdade resumido
Transporta o quanto sonho e nada tento.


31


Assim como uma flor em tom suave
A vida não traduz senão a falsa
Vontade de seguir e se descalça
Alçando outro caminho, tênue ave.
Ainda quando tudo já se entrave
A messe desenhada não realça
O quanto desejara em leda valsa,
Embalsamando o riso, frágil nave.
O tanto se transborda em solidez
E o corte aprofundando de uma vez
Apenas traduzindo o nada em mim,
Vagando sem destino na amplidão
Os dias noutro fardo moldarão
Esta insensata luz em dor, motim.


32


Quem veio deste mundo em queda e medo
Transporta dentro da alma algum vazio
E o quanto posso e mesmo desafio
Expressa o mais que vejo e não concedo.
Saber desta avenida e seu segredo
Desenha dentro em mim o desvario
Navego em insolente e turvo rio
Morrendo a cada instante, ausente e ledo.
Respondo à solidão com outra igual
E o passo se mostrando; um arsenal
Diverso do passado em cor e glória
E quando se presume a luz em nós
O risco se mostrando tosco algoz
Traçando a lua ausente ou merencória.

33


Embrenha-se na senda mais ausente
O tanto quanto pude e nada fiz,
Mergulho e percebendo por um triz
O mar onde meu riso ora se ausente,
E neste decifrar ainda tente
Vencer o quanto outrora tanto quis
E o marco desenhando outro matiz
E nele contraponto me apresente.
Respaldos procurara em vão e enquanto
O todo se fizera em desencanto
Somente um novo dia, o pude ver
No quarto sem saber do amanhecer
Exposto ao turbilhão traçado em vida
E a sorte noutro enredo, já perdida.

34


Quem mata uma ilusão e nada traz
Senão este vazio a cada passo
No fundo noutro enredo me desfaço
Buscando o quanto pude em mera paz,
O risco de viver em tom mordaz
E nisto se perdendo todo o espaço
Resulta no caminho aonde eu traço
O tanto quanto eu quis e se desfaz,
Amores de festim? Já não suporto
E o tanto quanto sonho e não comporto
Transcende à própria vida e nada rege
Senão este cenário em torpe face
E o todo noutro rumo se mostrasse
Com ar mesmo temível; duro herege.


35

Secando fonte rara aonde eu pude
Cerzir algum alento ou pouco mais,
E neste desenhar, falsos cristais
Mataram minha sorte e juventude,
O corte se apresenta bem mais rude
E nada do que eu possa até num cais
Transforma o dia a dia em desiguais
Caminhos onde tanto desilude.
Esgarço-me e decerto ainda tento
Vencer o desafeto em vão tormento
E nisto rondas faço em torno ao nada,
Depois desta promessa desmentida
A dita se transforma e deixa à vida
A mesma face escusa e derrotada.



36

Por mais que uma emoção traduza o quanto
Desenho em face audaz ou mesmo rude
Enquanto na verdade desilude
O passo no vazio, eu me adianto
E busco até diverso se garanto
Ou nada trame e mesmo até não pude
Vencer a minha audácia em plenitude
Marcando com terror o desencanto,
E quando a vida trama outro cenário
O risco se mostrando necessário
Expressa a poesia em tom sutil,
E o verso se transforma em heresia
Dizendo do passado e o dia a dia
Já nada mais conduz se ausência o viu.

37

Por mais que se perfume uma emoção
Mudando aonde nada mais se quis
E o risco se mostrando por um triz
Gerando novo rumo desde então,
E assim os dias todos não virão
Marcando cada passo e quando o fiz
Melódica expressão já não mais diz
Da velha e costumeira solidão,
E assisto ao fim do sonho em derrocada
Depois desta avenida resta o nada
Em consistência vaga ou quando até
O tempo num delírio mais atroz
Reinando aonde fora dentro em nós
O mundo sem caminho, morta a fé.


38


A vida traz espinhos onde a rosa
Pudesse ser cevada com cuidado,
O sonho se mostrando então podado
Promete a sorte alheia e desditosa,
Vagando quando pude em majestosa
Seara noutro rumo desenhado
E desde como fosse lapidado
O canto não traria a voz saudosa.
E o tempo desde então não mais pudera
Tramar senão a fúria da quimera
Marcada em virulência invés da paz,
E o todo se transmuda no silêncio
E o quanto deste verso em dor, convence-o
Transtorna o quanto quero e o nada traz.


39




Em lança pontiaguda a vida trama
O corte mais profundo e nada mais,
O tanto quanto pude em vendavais
Já não suportaria a mera chama,
E o tempo em consonância ainda clama
E nele desenhados tais jograis
Mergulham em tormentos tão banais
E apenas o vazio rege o drama,
A sorte desvendada numa ausência
Enquanto não trouxera tal ciência
Morrera em plena praia, turva areia,
E além do quanto pude acreditar
O todo se desdenha e sem luar
A vida não se traz nem a incendeia.

40

Num circo que se mostram faces tantas
Diversas das jamais pré-concebidas
Assim pudessem nossas rudes vidas
E nelas outros ermos tu levantas
Ainda quando em festa me adiantas
As vestes noutra sendas investidas
Matando em discordância, revestidas
Por tênues frágeis toscas, velhas mantas.
Pudesse acreditar noutro cenário
Enquanto o mundo mostra um temerário
Sorriso e molda a morte a cada passo,
Aonde em tão nefasta companhia
A messe já mais nada mostraria
Eu dito o meu caminho ausente ou lasso

41


Profundos e terríveis terremotos
Marcando o dia a dia de quem sonha,
E a face mais atroz e tão bisonha
De dias vãos, cruéis e até remotos
Os olhos noutros erros esgotando
O tanto quanto eu quis e nada havia
Marcando em discordância o dia a dia
Gerando outro cenário em contrabando,
Invisto o meu anseio numa vaga
E tola tempestade e sem bonança
Ao sórdido momento em vão se lança
E a morte a cada passo mais se afaga.
Espúria criatura desintegra
O quanto se pudesse em torpe regra.


42

É triste, minha amiga, a vida em mágoa
E quando se desenha desta forma
O passo noutro rumo se deforma
E a sorte no vazio ora deságua,
Pudesse alimentar a mansa frágua
E nela nova face não informa
Do todo quando a vida rompe a norma
Trazendo ao meu incêndio apenas água.
E o corte prenuncia a morte em mim,
Talvez ao desejar novo motim
O mundo se transborda, insanidade;
E o resto transformado em desalento
Ainda quando muito quero e tento
Apenas o sombrio ora me invade.



43


E ver morrer à míngua todo o sonho
Aonde pude crer felicidade
Do todo sem qualquer sinceridade
O risco se transborda mais medonho,
E quando o meu caminho; ainda o ponho
E apenas solidão decerto invade
Rompendo do passado cada grade
Temível decifrar ledo e tristonho,
Esqueço alguma luz e bebo a treva
Minha alma tão somente cede e neva
Gerando um duro inverno dentro em mim;
E quando na verdade nada resta
Senão a fantasia em mera fresta
O mundo transcorrendo, um vão motim.


44

Por falta de cuidado a planta morre
E nada mais se pode ainda ver
O quanto desenhara o amanhecer
E o passo noutro rumo não socorre,
A vida; este delírio em erro e porre
Promete ao caminhar o entristecer
E aos poucos cada sonho esvaecer
E neste perceber o nada escorre.
O risco de verter em falsidade
Marcando cada rota na cidade
Aumenta a solidão e nela eu vivo,
Um libertário encanto não traduz
Ainda dentro em nós a mera luz
E nisto mata cedo este cultivo.


45


Distante do farol onde pudesse
Talvez inda acenar com mansidão
Os dias que deveras não virão
Traduzem o vazio a cada prece,
E o todo na verdade apenas tece
A mais amarga e dura solidão,
Marcando em frialdade algum verão
E o canto noutro canto já se esquece.
Resumo em faz de conta cada passo
E neste mergulhar eu me desfaço,
Rondando apenas ermos dentro da alma,
A fúria persistindo em tom venal,
Transcorre noutro instante em dor e mal,
E apenas a mortalha ainda acalma.




46

Qual Ninfa que surgida em lago manso
Desnuda plenamente, bela cena
O quanto desta sorte me condena
E gera muito além do quanto alcanço.
Buscando tão somente algum remanso
A sorte noutra face não serena,
Pudesse ser feliz aonde acena
O todo quando nunca mais descanso.
Vestindo esta ilusão inda pudera
Traçar dentro desta alma a primavera
E o corte se aprofunda dentro da alma,
O tanto posso ser feliz
Num ledo dia a dia me desdiz
E nada do cenário inda me acalma.

47


E belo sentimento não mais traz
O quanto desejara e nada havia
Sequer um mero sonho em fantasia
Apenas este infausto tão mordaz,
O passo onde pudesse ser tenaz
Aos poucos noutro canto se perdia
E o cais onde meu sonho não traria
Nem mesmo ancoradouro feito em paz.
Esqueço o meu caminho e ora mergulho
Somente num atroz, vão pedregulho
E neste atroz marulho outra procela
Aonde quis um cais em plenitude,
Deveras fantasia desilude
Enquanto a solidão já se revela.


48


Rondando ao ascender ao ermo céu
Aonde se pensara no infinito,
O quanto deste sonho necessito
E bebo este vazio em torpe véu,
A vida se transforma e mais cruel
Enquanto a precisa em novo rito,
O amor já não passando de algum mito
Recende em amargor ao torpe fel,
E o todo se resume no não ser
E quando procurara algum prazer
A mera sensação de invalidez
Invade e nada deixa para após
Sentir de cada instante o mais atroz
Do insólito cenário onde se fez.


49


Deixando o coração em tal tristeza
Marcando cada canto, solidão,
Apenas outros dias tramarão
A sorte numa clara sutileza
Vestindo o descaminho em incerteza
Presumo quantos ermos desde então
Traduzem o meu passo sempre em vão
Enquanto em desamor sou mera presa.
Transito entre o que eu quero e não mais posso
Sentindo-me decerto algum destroço
Resumo de um vazio dentro em mim,
E o passo noutro rumo se desenha
A vida se perdendo, frágil lenha
A dita me traçando um rude fim.


50


Nas mãos uma oferenda sem sentido
E o canto se perdendo onde harmonia
Decerto eu não procuro nem lapido,
E o tanto quanto quero se esvaia
Na dura realidade onde o carpido
Momento na verdade não traria
Sequer outro caminho e resumido
O mundo num desgaste o moldaria.
Constato nesta ausência a solidão
E bebo sempre o quanto pude ou mais,
E neste desvendar os temporais
Decerto cada dia; regerão.

51

Apascentando um mar tão turbulento
Aonde noutro rumo busco e quero
O passo mais audaz, porém sincero
E nisto outro momento ainda tento,
E quando me mostrara um excremento
O olhar tão desdenhoso rude e fero
De quem eu tanto quis e nada espero
Tramando agora a dor e o desalento.
Insisto em descaminho e me desanco
Na queda; a ribanceira, outro barranco
Um solavanco na alma traz a dor,
E o tanto quanto eu quis e nada havia
Sequer a menor voz em poesia
Eu sinto, pouco a pouco, decompor.


52

Semeia luz num mundo aonde um dia
A sorte não trouxesse mais caminho
E vendo este cenário tão mesquinho
Ainda novo rumo eu buscaria,
A face desdenhosa e ora sombria
Resume cada passo em vão espinho
E quando da esperança eu me avizinho,
O canto noutro passo já se adia,
E o todo se transforma em simples, mero
E quanto mais eu busco e mesmo quero
A vida não permite qualquer sonho,
Vestindo este temível desenhar
Aonde procurara algum lugar
Inutilmente então eu já me oponho.


53

Mudando de repente este cenário
E nele desenhar outra quimera,
O encanto na verdade degenera
Além do quanto eu pude, imaginário.
O tempo desatento e temerário
Matando dentro em nós a tola espera
E o tanto quando o quis se desespera
E traça outro caminho e itinerário.
Esbarro nos enganos costumeiros
E aonde poderia haver canteiros
Apenas este estio e nada mais,
O rústico momento em pesadelo
Constante o sofrimento; ao menos vê-lo
Transcorre em novos, fartos vendavais.


54

Invade meu jardim o despreparo
E a primavera morta dentro em mim
Traçando a cada passo outro motim
E nele em toda queda não me amparo
Somente sigo alheio ao nobre e raro
Momento desejado e nele enfim
Pudesse constatar e sendo assim,
O rumo noutro instante não preparo,
Esboço de alegria, apenas isto,
E quando mais audaz tento e persisto
Apenas vejo aqui o sofrimento
E tanto quanto quis e nada vinha
A sorte se mostrando tão daninha,
Embora outro caminho; ousando, eu tento.


55



Adoça minha boca esta vontade
Do beijo prometido e nunca dado,
Caminho noutro rumo desolado
Não traz senão a dura falsidade
E quando alguma luz ainda invade
O risco de sonhar, tanto alegado
Presume novo fardo adivinhado
Aonde tanta sorte é tempestade,
O riso se desenha em tom irônico
O passo rumo ao nada é desarmônico
E o quanto quero e posso não traduz
Sequer a menor messe, e sigo em vão
Meus dias, desalento mostrarão
Invés do quanto eu quis em farta luz.




56


Amiga, não permita a dor intensa
Da ausência quando a quis e nada havia,
O tempo noutra face e em agonia
Do quanto nada resta nos convença,
Saudade sonegando a recompensa
Do amor onde pensara em novo dia
E neste desejar se perderia
A sorte numa vaga luz, tão tensa.
Esqueço dos engodos e procuro
Ainda imerso em duro e farto escuro
Um vicejar audaz, nova esperança,
Mas quando se percebe o fim da estrada
A messe tantas vezes desejada
Apenas no vazio inda se lança.


57


Destrua o sentimento quando atroz
E nada mais resuma este caminho
No encanto aonde em luzes me avizinho
Da plena maravilha, mansa voz,
O quanto se perdera e num feroz
Momento, eu vejo um passo mais daninho
E, embora tantas vezes; fui mesquinho
A sorte se desenha mansa, após.
Esbarro nos meus ermos, alma em pranto
E quando novo tempo eu me adianto
Tateio e busco a sombra onde não há,
A vida onde pudesse algum maná
Cevando tão somente o desencanto
E o sol jamais ao fim, rebrilhará.

58

A vida sempre foi e até deveras
Pudesse noutro traço ser diversa
E quando o meu caminho se dispersa
Marcando os meus temores, vis quimeras,
Aonde poderia em novas eras
Gerar outro cenário; desconversa
E traça a sorte atroz, perversa,
E neste desvendar se vendo as feras
Imerso no vazio de um momento
Aonde nada resta, um movimento
Transcende ao quanto pude ou mesmo quis,
Gerando em discordância novo fato,
O tanto dentro da alma não resgato
E bebo a solidão: tolo infeliz.


59



Porém uma tristeza me tomando
Recende ao quanto eu quis e nada havia
O peito se entranhando em poesia
O risco de viver, duro e nefando
Minha alma se entornando desde quando
A messe tão amarga quão sombria
Traduz o dia a dia em agonia
E o sonho noutra face desabando.
Na amortalhada senda, este vazio
E nele cada passo desafio
Marcando com terror tal paisagem
E o quanto poderia e nada houvera
Matando a minha dura e vaga e espera
Roubando da esperança qualquer pajem.


60

Os olhos embaçados ditam dores
De tempos ancestrais e ainda vivos
Os passos noutros ermos são cativos
Cevando este cenário aonde fores,
E o tanto quanto pude em novas flores
Marcando os dias calmos ou altivos
E apenas ledos risos, dissabores.
Resumo cada passo rumo ao quanto
Pudera e na verdade não garanto
E não deixo sequer o menor traço,
Vagando sem sentido muita vez
O sonho noutro instante se desfez
E o tempo se mostrando agora baço.


61



Afaste, então, as lágrimas do olhar
Buscando nova luz neste horizonte
E aonde quer e tente; ora se aponte
O rumo e nele eu possa caminhar,
Vencendo os meus anseios, divagar
E ver desta esperança a mera fonte,
E quando novo dia já se apronte
O tanto quanto eu quero a me mostrar
Invisto outro momento em glória e messe
O quanto poderia e me entorpece
Marcando em solidão um passo aquém
Enquanto acreditara noutro instante
A vida novamente não garante
Sequer o que inda possa ou mesmo tem.


62


As noites sem carinho são fatais
E nelas nada tendo, morro alheio
E quando muito além eu devaneio
Apenas outros ermos, nada mais,
E o quanto desta sorte tu tomais
Nas mãos e num momento em vão receio
As luzes mais audazes, se as rodeio
Cerzindo dentro da alma os vendavais.
As sombras de um passado; ainda as vejo
E tanto noutro infausto e além desejo
Expressa a melancólica figura
Da qual e pela qual já não comporta
A sorte desdenhando e traz à porta
A mesma face escusa leda e escura.



63

Eu sei o quanto pesam dentro em mim
Os erros do passado e no presente
Enquanto um novo instante ainda tente
O risco se transforma em estopim,
E dissonante sonho enquanto eu vim
Mudando todo o rumo em inclemente
Vontade noutra face, penitente
Gestando o quanto possa e sei enfim,
Assisto à derrocada deste sonho
E quantas vezes; tento ou mais me ponho
Teimando contra a fúria das marés,
Navego em esplendores quando em ti
O amor quanto deveras concebi
Sabendo tão somente por quem és.


64

Timidez (Cecília Meireles)

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.

O amor nos envolvendo a cada toque
E neste interminável sonho eu vejo
O quanto mais audaz todo desejo
Aonde esta esperança em paz se aloque
O tanto quanto eu posso e se provoque
O riso em consonância, e num verdejo
Esmeraldina senda ora prevejo
No ensejo mais suave onde nos toque.
Viver a plenitude deste encanto
E tê-la mesmo ausente, eu me adianto
Ao tempo sem perguntas, simplesmente,
E nesta entrega farta a cada dia,
Bebendo o quanto posso em alegria,
Embora nada eu fale; o todo sente.

65

Mas saiba que estarei sempre contigo
Embora a própria vida traga à fonte
Momento mais diverso e assim se apronte
A cada nova curva outro perigo
O mundo mais suave onde persigo
E bebo a fantasia onde desponte
O canto se transforma em mansa ponte
Na busca interminável por abrigo.
Cenários discordantes, vida e sonho
E quando a solução; a ti proponho
Encontro os mais diversos elementos
E neles entre risos, pranto e medo
Ao tanto quanto quero eu me concedo
E nisto aliviando os desalentos.



66


Não quero que tu sofras nem talvez
O rumo desejado seja o nosso,
Mas quando da esperança ainda aposso
Cenário tão diverso; alheia, vês
E o tanto quando pude se desfez
No risco enquanto em verso sempre endosso
Marcando em ironia este destroço
Gerado pela angústia, insensatez,
Resulto dos meus erros e presumo
No infausto dia a dia um mesmo rumo
Tramado por deveras inconstante
Caminho no passado ou no presente
E neste desenhar ainda tente
A vida nem que seja num instante.


67


Permita que eu te fale desta forma
E assim a vida seja mais honesta,
Do quanto ainda posso ou mesmo resta
O nada noutro instante já deforma,
E quando a solidão em nós informa
Da sorte aonde vejo em mera fresta
Esbarro no cenário onde se empresta
Ao mero desdenhar diversa norma,
E o bêbado caminha em noite insana
Mergulha neste esgoto e ali se dana
Resumos de outra sorte mais atroz,
Assim eu me desenho e sigo alheio
Ao quanto posso crer ou já receio
Calando neste instante a minha voz.


68


Não bastam tão somente para a glória
Momentos mais felizes ou audazes
E neles com certeza tu me trazes
A mesma realidade merencória,
E quando se pensara em vã memória
Os dias são deveras contumazes
Inúteis desenhares, velhas fases
Porquanto a vida traça em leda história
Cenário discrepante, solidão
E neste desenhar; os dias vão
Traçar outro momento em dor e tédio,
O quanto dentro da alma dita o medo,
O risco noutro encanto não concedo
E a vida se perdendo sem remédio.


69



Pois saibas, não estás ora sozinha
A vida noutra face, solidária
Impede a caminhada solitária
E nisto meu desejo em ti se aninha,
Vencendo a sorte amarga e mais daninha
Enquanto cada noite é necessária
Regendo a minha luz e temporária
Fortuna em novo instante se avizinha.
Resplandecente lua traz em brilho
O quanto com teu sonho eu compartilho
E reina dentro em nós a plenitude,
Vestindo esta alegria dentro em nós
O mundo se desenha e bebo a foz
Cenário aonde o pouco não ilude.

70


Tua alma se reflete dentro em mim
Vestindo esta ilusão pudesse ver
O raro e mais sublime amanhecer
Dourando cada parte do jardim,
Resumo o meu cenário e nele eu vim
Traçando o quanto posso reviver
Gestando o meu delírio eu pude crer
No todo desenhado desde o fim
Espelho dentro da alma a luz e bebo
O quanto se desenha em vão placebo
Regendo cada passo rumo ao canto,
E neste delirar já não se vê
Sequer algum momento onde e por que
A sorte noutro rumo eu já garanto.

71

Procuro nosso amor a cada instante
E bebo desta luz, rara clemência
O amor já não seria coincidência
Nem mesmo outro caminho ora garante,
E o quanto se pudesse em deslumbrante
Desejo transformando e dá ciência
Marcando com temível prepotência
O tanto noutro rumo se adiante,
Vestindo a plenitude em poesia
O todo tão somente se daria
Bebendo esta alegria e transbordando
Num ato mais suave desde quando
A vida noutra forma me traria
O mundo mais sereno nos tocando.

72


Em meio a tantas noites solidão
Expõe o quanto quero e nada pude,
A sorte num momento em plenitude
Expressa o caminho, mesmo em vão,
E os dias mais sombrios moldarão
O todo onde deveras já se ilude
Marcando com terror a juventude
E nisto se apresenta o rumo em não,
E quantas vezes tive lado a lado
O sonho muitas vezes desejado
E tanto desprezado em tom mordaz,
Assim o quanto pude acreditar
Deixando tão somente de traçar
O nada aonde o tanto não se faz.


73


Depois de me saber bem mais feliz
Esboço reações e na verdade
O todo se transforma e agora invade
Marcando o quanto posso e se desdiz,
O vento noutro rumo contradiz
E gera a mais temida tempestade
E neste desenhar, realidade
Tornando mais grisalho este matiz.
Esbarro nos caminhos mais temidos
E os ermos de minha alma resumidos
Nos erros costumeiros de quem ama,
E assim ao se mostrar noutro cenário
O tempo onde pudera solidário
Apenas gera ausência, medo e drama…


74

Resolvo revolver cada gaveta
Desta alma derradeira e mesmo alheia
O quanto desta vida se rodeia
E neste desenhar nada arremeta,
Vencer o quanto eu posso, um vão cometa
E traça noutra sorte e devaneia
O mar adentra e toca a clara areia
Embora na verdade não prometa.
Cerzindo outro cenário aonde outrora
A vida não pudesse e me devora
Marcando com terror e plenitude,
Gestando dentro da alma a solidão
E neste desenhar o quanto em vão
A sorte não me toca ou desilude.


75


Em busca de palavras que inda possam
Trazer outro momento dia a dia
E quando o meu caminho perderia
Tormentos mais diversos não endossam
Enfrento os meus tormentos e deveras
No quanto pude ou mesmo acreditara,
Refaço novamente outra seara
E nisto novos erros destemperas,
Vagando pela insânia de uma audácia
Restando dentro em pouco meramente
O todo a cada passo se alimente
Roubando todo o sangue em tal falácia,
E tento inutilmente acreditar
Na vida sem destino e sem lugar.


76

Que possam despertar o sentimento
De quem se fez bastante e agora traz
O riso dentro da alma em tom voraz
E neste desenhar a paz eu tento.
Vestindo dentro da alma o sentimento
E nele me mostrando mais voraz,
Quisera tão somente um mundo em paz,
Entregue no sabor de um manso vento.
E quando alguma sorte eu busco aonde
O nada noutra face se responde
Resplandecente luz não mais veria,
Marcando cada infausto em minha vida,
A sorte sendo assim atroz urdida
Matando o quanto resta em fantasia.


77

Durante tanto tempo procurara
A sorte e nada havia. Tais terrores
Marcando qualquer rumo aonde fores
Trazendo a dor imensa à vã seara,
E neste infausto a vida se escancara
E gera outros caminhos, desamores
Causando tão somente dissabores
Aonde a poesia não se aclara
Mergulho nesta insânia e busco ainda
O quanto na verdade já se finda
E trama a realidade mais dorida,
Assim ao percorrer o nada em mim
Chegando ao mesmo caos, velho jardim,
Expresso em amargor a minha vida.


78


Que meu canto se espalhe aonde outrora
Houvesse qualquer luz e ainda assim
Marcando em consonância o quanto eu vim
A face noutro rumo me apavora,
O barco num instante desancora
E rege outro caminho em ledo fim,
A dor explode em turvo e vão motim,
No quanto a cada fato se demora,
Adentro este delírio aonde um dia
Pudesse me envolver e nada havia
Senão a mera face desenhada,
E quando se percebe o meu mordaz
Tormento a minha vida não me traz
Apenas o vazio em ermo, em nada.


79


Eu quero a sensação mais delicada
De quem se fez além de mera queda
E a sorte noutra face se envereda
E deixa a tez deveras tatuada,
E o quanto se perdera em alvorada
Apenas desvendando esta moeda
No risco de sonhar a vida veda
E traz o mesmo anseio, o mesmo nada.
Expresso com terror o quanto pude
E nada mais relembra a juventude
Escusamente exposta ao vil tormento,
E quando outro cenário se aproxima,
Minha alma adentra firme em torpe clima
E nisto; em todo passo enfim me ausento.


80


Envoltos nos meus braços sonhos tantos
E neles poderia acreditar
Diverso e mais complexo caminhar
Gerado pelos medos, desencantos,
E busco até deveras noutros cantos
O quanto pude mesmo imaginar
Marcando em consonância co’o luar
Deixando para trás velhos quebrantos;
A sorte semeada nesta senda
Aos poucos com terror ora se estenda
E trace novo rumo dentro da alma,
O passo em discordância é mero e rude
E vivo o quanto posso em plenitude,
Porém somente a morte enfim me acalma.



81


Deitando mansamente no vazio
Esvaio em cada toque deste vento
E quando noutro instante me atormento,
O sonho pouco a pouco já desvio,
E vindo tão somente do sombrio
Ausente do meu sonho eu me alimento
Do quanto ainda resta em sofrimento,
Gestando dia a dia o desvario.
Escarpas e montanhas, mares, rocas,
E quantas vezes vês e me provocas
Gerando o desacordo em tal constância
E nisto o meu caminho se percebe
Diverso do que um dia em leda sebe
Tentara transformar em calma estância…


82


Espero em novo tempo e nada vem
Somente o mesmo caos dentro de nós,
Ausência da esperança em tom atroz
Gerando a cada passo outro desdém,
Dos sonhos meramente algum refém
E nisto o meu caminho dita o algoz
Apresentando este ermo logo após
O quanto noutra essência não contém,
Resumo farto engano em voz dorida
E mato pouco a pouco a leda vida
Na qual ao me imergir já nada havia,
Assisto à derrocada dos meus planos
E morro em tais infaustos desenganos,
Moldando o pensamento em agonia.


83


Que faça meu amor ser mais humano
Enquanto na verdade sou cruel,
E o gosto desejado invés do mel
Apenas traz a dor em desengano,
E quando cada dia me profano
Bebendo o teu anseio, duro fel
Arisco caminhar negando o céu
E assim a cada passo mais me dano
Esbarro nos infaustos da alvorada
E a sorte noutra face desenhada
Já não comportaria qualquer messe,
Errático cometa desenhado
Aonde quis apenas um legado
A morte sem defesas, já se tece.


84


Nas asas em que voa a liberdade
Traçando outro cenário dentro em mim
E neste desenhar chegando ao fim
O canto noutro rumo ainda brade,
E nada do caminho ainda agrade
Quem sabe a consonância de um jardim,
Marcando cada passo em tal motim
E nisto se transborda na saudade,
Vestíbulos nos quais eu tento ver
O dia novamente amanhecer
Presumo novo instante invés da sorte,
E assim o meu desenho se transcorre
E a vida no infinito e ledo porre
Jamais trará tal messe que conforte.


85


Meus olhos não se cansam de buscar
Além deste horizonte qualquer luz
E ao quanto noutro rumo me conduz
Gerando novamente o vão luar.
Lutando contra a sorte a divagar
O todo noutra face reproduz
E gesta dentro da alma medo e pus,
Marcando com terror a se moldar,
Negando qualquer sonho aonde um dia
Momento mais suave poderia
Vestir esta esperança onde não há
Sequer a menor sombra de alegria,
Matando o quanto resta em fantasia,
O suicídio eu tramo desde já.


86

Teus olhos nos meus olhos num passado
Há tanto abandonado, morto agora
E a solidão deveras me devora
Enquanto noutro instante eu já me enfado,
Os ermos de minha alma eu vejo e invado
Reparo cada instante e desancora
A vida noutro rumo me apavora
E o tanto resumindo em degradado.
Invisto o pensamento aonde um dia
Pudesse acreditar e não teria
Sequer a menor sombra da esperança,
Meu canto se perdendo em turva tez
E nele toda a sorte se desfez
Enquanto à própria morte o passo avança.


87

Descendo manso rio busco a foz
E sei da turva fonte aonde um dia
O sonho bem diverso fantasia
E gera outro momento audaz em nós
O canto se transforma e mais atroz
Já não suporto ouvir tal melodia,
A vida em total desarmonia
Resulta neste engodo vil, feroz.
Expresso noutro rumo o quanto pude
E nada do caminho em plenitude,
Apenas vejo a vida de soslaio,
E quando tento algum sorriso além,
Somente este sombrio ar me detém
E aos poucos sem sentir, ledo, eu me traio.


88


Cascatas, corredeiras, natureza.
E o peso do viver vergando as costas
E quantas vezes; sei, tanto desgostas
Gerando a cada passo outra surpresa,
A vida sem saber de gentileza
Retalha o meu caminho em frias postas,
E quando se procura por respostas
Dos sonhos mais doridos, mera presa.
Esgoto a voz e tento em consonância
O quanto na verdade em discrepância
A sorte não bendiz e até renega,
E a morte se aproxima em redenção,
Meu canto enquanto lúbrica emoção
Traduz a minha história atroz e cega.


89


Teus lábios nos meus lábios docemente,
Um sonho tão distante quanto incrível
Apenas um momento inatingível
E o tanto deste encanto se desmente,
Enquanto a solidão já se apresente
E morta esta esperança que implausível
Gerara dentro em mim imperecível
Vontade dominado corpo e mente,
Audaciosamente a vida traz
Somente esta mortalha onde mordaz
Esbarro nos meus erros e deveras
Adentro cada ermida onde construo
O errático desenho e sem ser duo
Realidade audaz, pois degeneras.


90


O cheiro desta boca carcomida
Marcada pelo tempo em furioso
Momento aonde o templo caprichoso
Reinara dominando a minha vida,
E quando noutra face desmedida
O sonho na verdade em antegozo
Mostrara este caminho tortuoso
Aonde quis outrora uma avenida.
Resumo esta seara dentro da alma
E quando busco ao menos mera calma,
A fonte se transforma em podridão,
No escárnio produzido dia a dia
A face mais atroz, mesmo sombria
Expressa a cada instante a negação.


91




Comendo tantas frutas proibidas
Os ermos penetrando aonde edênico
Caminho não pudera em quadro cênico
Vestindo as hordas todas, ledas vidas.
O canto aonde o quis mais ecumênico
Já não trarias sortes tão ungidas
E quando noutro instante tu duvidas
O quanto resta na alma em tom arsênico.
Mergulho na mortalha onde me deste
Um turvo imaginar e neste agreste
Momento a morte ronda e ora me toca,
E das diversas fases e erupções
O quanto me desnudas e compões
A cova é derradeira e mansa toca.


92


Prazeres que me deixam como herança
O medo de seguir ou de sonhar,
Vagando sem descanso um só lugar
Um enredo mais atroz, o passo trança,
E vendo o quanto resta em aliança
A morte se aproxima e ao me rondar
Expressa este caminho onde trilhar
Pudesse renascer em tal fiança,
Escalo as cordilheiras do vazio
E a sombra onde procuro e assim recrio
Os cantos de minha alma em dor e medo,
Pudesse ser feliz, ah quem me dera,
Mas quando bebo a farta tal quimera
Apenas ao não ser eu me concedo.


93

Nas noites tais espectros dominando
O passo de quem tanto sempre quis
Pensar noutro momento mais feliz,
E vendo este cenário agora infando,
E quantas vezes sinto desde quando
O passo gera a imensa cicatriz
Aonde inda o pudesse, um aprendiz
O risco noutro passo se moldando,
Mergulho nesta insânia e tento um rumo
Enquanto pouco a pouco eu já me esfumo
E morro noutro instante um pouco mais,
Vestindo esta promessa em tom venal,
O dia se mostrando desigual
Traduz em pura messe, os funerais.


94

Nos cantos e nos trilhos mais doridos
Herméticos cenários, nada resta
Somente esta impressão tão desonesta
Rondando dias tristes, desvalidos,
E quando penetrando em meus sentidos
A vida não produz e não se empresta
Senão à turbulência onde molesta
Uma esperança mata os vãos erguidos.
Escarros dentro da alma de quem sonha,
A face mais atroz, dura e bisonha
Apenas expressando a realidade,
O custo do viver já traz seu ágio
A cada nova queda outro presságio
E a morte bem mais forte, agora brade.



95


Tragando tantos goles da aguardente
Amarga quando a vida permitira
Somente o desenhar desta mentira
Ainda quanto o sonho audaz se tente,
Mergulho neste ocaso e plenamente
Acerto em discordância a velha mira,
E a morte se alimenta e já me tira
Do rumo onde o quisera em paz, clemente.
Esgarçam-se meus sonhos no vazio
E o quanto dentro da alma desafio
Esbarra nos sinais em tal tortura,
E quando quis um dia mais feliz
Apenas o vazio ora me diz,
E a história tanto atroz mais amargura.


96

Tocando uma viola, um trovador
Bebendo da saudade gota a gota,
Uma alma pelo tempo semi-rota
E o canto se moldando em medo e dor,
Pudesse ter além da própria lua
Aquela a quem deseja e nunca veio,
Ousando assim a cada devaneio
A sorte noutra face não atua,
Reparo e vejo a sombra mergulhando
Aonde desejara um pouco além
E quando a solidão deveras vem
O tempo se mostrara em contrabando,
Vencido pelos raios do luar,
Só resta a quem deseja, enfim, cantar.


97

Viajo nos seus montes, solidão
E vejo o mar distante aonde um dia
Pudesse desenhar em sincronia
O sonho aonde o vejo agora em vão.
E apenas outros tantos moverão
A sorte na mortalha onde tecia
A vida tão somente em ironia
Gerando novamente outro senão,
Esbarro nos ocasos do caminho
E quando me percebo mais sozinho
Adentro este vazio e nada faço,
Somente da ilusão tal rastro trago
E a dita sem saber de algum afago
Reduz a cada dia o meu espaço.


98

Teus braços... Nossas noites. Tudo em vão...
O tanto quanto eu quis e nada houvera
Apenas o terror da dura espera,
Marcando em temerária involução.
Enganos tão somente mostrarão
A face mais atroz desta quimera,
E o passo noutro rumo destempera
Matando os sonhos tolos que virão,
Aborto uma esperança e me incendeio
Apenas num temível devaneio,
Audaciosamente bebo a morte,
Sem nada aonde apóie o meu caminho
Esbarro neste insólito e daninho,
Sem ter sequer da luz, algum aporte.


99


Teu gesto delicado já não faz
Sequer algum sentido neste aprumo,
E o quanto a cada instante me consumo
Gestando este delírio tão audaz,
Mergulho no vazio onde se traz
O tanto em desvario e se eu esfumo
Meu canto noutro infausto e ledo rumo,
A face desbravada é mais mordaz.
Esfoliando o sonho dia a dia,
Apenas a verdade moldaria
Engodos onde tanto quis o brilho,
E assim entre demônios me encontrando
O quanto se transforma desde quando
A morte calmamente e em paz palmilho.


100



De apoio a quem sofrera tanta dor
O canto ainda tento, mas embalde,
O quanto da verdade não respalde
Vagando em farto ocaso, dissabor.
E a vida se mostrando sem valor
Ainda que esperança além desfralde
O riso se transforma em mera fraude
E o passo noutro instante, desamor.
Mergulho nos abismos e me vejo
Aquém do quanto pude ou mais desejo
Marcado pela infausta virulência,
A morte então seria esta benesse
Enquanto este vazio estabelece
O passo em plena dor e em penitência.


101



A vida que permite a dor e o tédio
Apresentando a marca mais profunda
E quando esta verdade ora me inunda
Não vejo qualquer luz, mero remédio,
E o tanto quanto pude neste prédio
Ausente da esperança alma fecunda
A morte aonde o medo se aprofunda
E traz o redentor e doce assédio.
Vencido pelos ermos deste encanto
O quanto poderia e me adianto
Moldando a mais espúria realidade,
Aonde se mostraram tais escândalos
Os dias são deveras torpes vândalos
E a solução final, decerto agrade.


102


Também nos traz o colo; a morte, enquanto
O dia a dia traça outro caminho
E vendo este cenário mais daninho
Apenas ao vazio eu me garanto,
A sorte desenhando turvo manto
E tanto quanto posso ser mesquinho,
Enquanto no passado fora espinho
Agora sou deveras um quebranto.
Quimera tão atroz, seguindo ao léu
Sorvendo cada gota deste fel
Cruel momento eu vivo e nada mais,
Tocando com meus dedos tão imundos
Os olhos noutros tons nauseabundos
Esboçam dentro da alma os vendavais.


103


Eu sei que sempre estás ao lado disto
E nada mais percebo senão morte,
O quanto deste nada me suporte
Enquanto no vazio inda persisto,
Não quero caminhar e se desisto
Ainda quando a face não comporte
Sequer outro cenário em ledo norte
Do imundo desenhar ora me visto,
E arrisco cada passo noutro enredo,
E quando desta forma atroz procedo
Vencido pelas dores de quem ama,
O fardo se transforma e num repente
Sem ter o quanto posso e até sustente
O mundo traz somente arcaico drama.


104


Nas horas mais difíceis, solitárias
Ainda acreditara noutro rumo,
Mas quando no vazio eu me consumo
As horas são deveras temerárias
E nada além das tantas procelárias
Marcando com terror e se me esfumo
Redimo cada engano e neste prumo
As horas não serão mais solidarias,
Carrego este vazio dentro em mim
E gesto a cada instante o mesmo fim
Enganos tão somente esta alma traga
E a farpa desenhada em luz sombria
A cada instante mais penetraria
Qual fosse fina a atroz, temida adaga.

105


Por mais que a negra noite trague ainda
O olhar de quem outrora refletisse
Além desta temida e vã mesmice
O prazo pouco a pouco já se finda,
A quando mergulhara o não deslinda
Marcando cada infausto nada disse
Somente esta impressão, leda tolice
E à morte, a todo instante esta alma brinda,
Esbarro nos enganos de quem sonha
E sei da face atroz, dura e medonha
Da plena sensação de estupidez,
Amarguradamente nada resta
Senão esta emoção tão desonesta:
Amor aonde nele espúria, crês.


106.

Eu conto com apoio do sombrio
E sigo contra tudo e sei do lodo
Aonde poderia haver um todo
E marco em tom atroz meu ermo rio,
O quanto da esperança eu desafio
E sei que embora busque algum denodo,
A sorte se transtorna em puro engodo
E a morte se traduz em manso fio.
Ocaso dentro da alma de quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta
E nada se aproxima deste encanto
Aonde poderia outros degraus
Apenas vicejando em mim o caos,
E a sorte sem destino; hoje eu garanto.


107


Nestas encruzilhadas costumeiras
As sortes se misturam; medo e pranto
Apenas cada vórtice eu garanto
Enquanto outro cenário; ainda queiras,
As horas são deveras derradeiras
E o quanto ainda resta em cada canto
Mergulha dentro da alma qual quebranto
Matando a primavera em vis roseiras.
Olhando para os lados, nada vendo
Somente o quanto sou mero remendo,
Estúpido poeta em tom venal,
A porta se travando, nada vindo
O quanto desejara e agora findo
Expressa o meu caminho tão banal.


108


Teus braços são certezas de um açoite
Vergastas onde outrora quis um sonho,
E o canto se mostrara mais medonho
Trazendo tempestade dia e noite.
Estranhos olhos ditam o futuro
E marcam todo passo rumo ao nada,
E aonde vira apenas desolada
História noutro engano em vão costuro,
E quantas vezes cri noutro momento,
Diverso do vazio que me deste,
O solo mais dorido, enquanto agreste
Ainda alguma ceva, inútil, eu tento,
A morte se aproxima e me bendiz
Mostrando a cada instante a cicatriz.


109


Nas dores que na vida tanto vira
O riso; quando vem, mera ironia
E o todo noutro passo se desfia
E gera tão somente esta mentira,
O quanto da verdade se interfira
Marcando com terror a fantasia
Minha alma neste instante de agonia
Em torno da mortalha ronda e gira.
Assisto à derrocada e vejo enfim
Apenas o nefasto mundo em mim,
Vencido pela dor de um mero sonho,
Um suicida apenas, nada mais,
E quando se fizerem funerais
Verão meu manso olhar, enfim risonho.


110


Difícil separar trigo do tanto
Atroz daninho e tosco rude joio,
A sorte na verdade em vão comboio
Marcando o dia a dia em desencanto,
Apenas a mortalha enfim garanto
E sigo sem saber qualquer apoio,
Ao poluir nascente, turvo arroio
Medonha face escusa, este quebranto.
E aprendo a discernir diversas urzes
E quando ao mais atroz em ti conduzes
Meus passos entre as pedras do caminho,
Eu sei o quanto quis e nada veio,
Marcando a fantasia em tom alheio,
Eu sigo cada infausto, mais daninho.


111


Mas tenho uma certeza e nada cala
Esta alma desdenhada e tão sofrida,
Marcando com terror a podre vida
E nela outra medonha desenhada,
Resumos de uma vaga e torpe estrada
A cada novo espaço sendo urdida,
E quando imaginara construída
Ao fim de certo tempo eu vejo o nada
Espúrio e caricato sou assim
E neste delirar enquanto eu vim
Mesquinho caminhar em tom venal,
O passo rumo à morte se anuncia
E vejo em tom mordaz a fantasia
Num ato desvairado e até boçal.


112


Eu tenho um grande amigo neste imenso
E tétrico caminho rumo à sorte
Aonde a cada passo me conforte
E neste desenhar eu me compenso,
O mundo em sordidez, deveras tenso
Traduz o quanto bebo desta morte
E nego cada rumo sem o norte
E nele outro cenário eu já convenço,
Cerzido no abandono e tão somente
Aonde quer deveras busque e tente
Estranhos sóis adentram alma espúria,
E o corte se aprofunda pouco a pouco,
O quanto ainda resta ausente e louco
Expressa tão somente esta penúria.


113


Depois dessa esperança destroçada
Gestando novo dia aonde pude
Marcar com mais temor cada atitude
Gerando dentro em pouco o mesmo nada
A sorte no vazio desenhada
O canto na verdade desilude
E morro a cada instante bem mais rude,
A messe noutro canto, desolada.
Esbarro nos meus erros e me acostumo
A ser deveras sempre o tão sem rumo
Amordaçado agora e logo após,
Já não comportaria mais um brilho
E quando a solidão busco e palmilho,
Omissa ou mesmo vaga a minha voz.


114



De novo meu amor em dor e queda
Esbarra no vazio aonde eu trilho,
Um ledo coração, velho andarilho
Apenas no sombrio ora se enreda,
E vejo a solução tramando o engodo
Aonde poderia ver a luz
E ao caos a cada instante me conduz
A vida desenhada em medo e lodo,
Escassos sonhos dizem do futuro
E o passo noutra senda se transforma
E bebo desta fútil, podre forma
E nisto a minha ausência eu asseguro,
Escalo as cordilheiras da sombria
E turva sensação que ao nada guia.

115


Não quero mais saber nem mesmo aonde
O passo se transcorre em mansidão,
Mergulho no vazio e desde então
A morte simplesmente me responde,
E o tanto quanto pude corresponde
Ao mesmo desenhar ingrato e vão
Nefasta luz tomando em solidão
O quanto do nefasto em mim se esconde,
Aprendo com a mera noite escusa
E o passo noutro rumo se entrecruza
Tramando esta mortalha dentro em mim,
E sorrateiramente me profano
Bebendo cada noite em desengano
Matando o quanto resta em ledo fim.


16

Uma dor no meu peito traduzindo
A ausência de esperança e nada além
Enquanto a realidade sempre vem
Mudando este cenário e nele eu findo
O tanto quanto pude e ainda brindo
A própria morte sigo qual refém
Deste cenário torpe e num desdém
O tanto quanto quis outrora lindo,
Escárnio tão somente e sigo o herético
Desenho aonde morro em apoplético
Vagar e nada tendo senão isto,
Esbarro nos meus erros e até patético
O quanto poderia ser hermético
Nefasto caminhar, e ora desisto.


117

Eu quero te encontrar embora veja
O riso em tal sarcasmo penetrando
Aonde desenhara desde quando
A sorte noutro canto, malfazeja,
E assim esta verdade não poreja
E tanto quanto eu quis se desenhando
Num ermo caminhar em contrabando
Enquanto a realidade vã dardeja,
Lateja dentro da alma esta sombria
Verdade e nela o todo moldaria
Apenas temporais e nada mais,
A morte se apresenta em redenção
E os dias mais atrozes me trarão
Somente os desejados funerais.


118



Dançarmos sem parar na noite infinda
Aonde o meu delírio se apresenta
E marca com ternura esta tormenta
Na face mais atroz, porém tão linda,
E quando me deixara haver ainda
Somente esta temida e virulenta
Mortalha aonde a sorte não lamenta
E deixa a minha luz agora finda,
E o corte se aprofunda dentro da alma
Quem sabe este vazio trace a calma
Por onde nada havia além da dor,
Esgoto o meu caminho rumo ao vão
E sinto o quanto ausente a direção
Tramada em tanta insânia, dissabor.


119


Nos braços inebrio meu demônio
E traço a solidão que tanto quero
E sendo o desengano amargo e fero
O câncer se transforma em patrimônio,
Amargamente bebo o pandemônio
E sendo tudo o quanto ainda espero,
Aos poucos na mortalha degenero
Enquanto sou da morte algum campônio,
Escaldo o meu caminho em turbulência
E sei do quanto posso em penitência
Gerar outro fantasma, este Satã
Esbarro nos enganos e me mato,
Sabendo do futuro ledo e ingrato,
Marcado pela voz dura e malsã.


120


Procuro teu carinho, inutilmente,
E sei do quanto cabe em desespero
E quando noutro rumo, destempero,
O tanto se transforma e me desmente,
O incauto desenhar ainda resta
E gera novo engodo invés da luz,
Minha alma se exprimindo em medo e pus
Apenas a mortalha mais funesta,
Estranhos olhos ditam sofrimento
E a morte a cada instante se consagra
A vida se transforma e já se sagra
Na vida em mais completo desalento,
Medonha face escusa da verdade
Aonde cada passo se degrade.


121


Não deixo mais tristeza ser ainda
O todo desenhado em voz sombria,
E quando tão distante fantasia
A sorte com a morte ora me brinda,
E tanto poderia e não deslinda
Senão a velha escusa companhia
Marcando com terror cada agonia
E nesta solidão, tudo deslinda,
Esbarro nos meus erros e me dano
Sabendo a cada instante o tom profano
Da vida em corredeira, em vã cascata.
E a poesia alheia ao meu engodo,
Entranha meu caminho em turvo lodo
E ausente da esperança me maltrata.


122


Jogada n’algum canto da esperança
A morte se traduz em melodia
E nela cada passo se daria
Enquanto a sutileza ainda avança,
A porta escancarada teima e trança
O risco de sonhar em heresia,
Cenário mais atroz já se recria
E nisto não se vê qualquer mudança.
Instauro dentro em mim esta quimera
E o todo quando posso destempera
Marcando em tom venal o meu caminho,
E sinto o desolado dentro da alma,
E nisto a vida assola e gera o trauma
E esconde este cenário mais mesquinho.


123


Amar sem ter limites; ledo sonho...
E estraçalhado sigo sem sequer
Saber o quanto posso ou mais vier
E nisto tão somente decomponho
À rapineira sorte não me oponho
E vejo ainda o pouco onde puder
Vencer o desengano e sei qualquer
Arcaico delirar em tom medonho,
Dos estuários tantos, nada levo
Senão cada cenário duro e sevo
Cerzindo pela ultriz noite vazia,
E quando mergulhara em plenitude
O canto noutro infausto desilude
E nada mais desta alma restaria.


124



Imerso em teus carinhos, solidão.
Estranho cada aceno da esperança
E quando a noite traça em temperança
Os dias se repetem: negação
Apenas as mortalhas me trarão
Cenário aonde a sorte não alcança
E nem sequer a luz ainda amansa
A torpe imensidade em turbilhão.
Esgoto uma alegria em morte e medo,
E quando desta forma vã procedo
Adentro tão somente esta inclemência
E apenas resta pouco para o tanto
Aonde com certeza eu mais garanto,
O quanto resta na alma, uma demência.


125


Eu sonho nossa vida de outra forma,
Embora saiba bem o quanto resta,
Somente a estupidez mais desonesta
Aonde cada passo se deforma,
E o tanto quanto quero e nada tenho
Mesmices se traçando dia a dia
E quantas vezes tento ou poderia
Vencer o meu caminho em turvo cenho
E nada do que possa traduzir
Felicidade ainda se divisa,
O canto se perdendo até na brisa
Já não garante mais qualquer porvir,
E o virulento passo rumo ao nada,
Demonstra o tom sombrio desta estada.



126

Comparsas; somos cúmplices nos erros
E tanto quanto posso desejar
A sorte se transforma e ao nos tocar
Condena tão somente aos vãos desterros,
E ainda resta apenas solidão
Aonde quis um brilho e nada houvera
Senão a mesma face espúria e fera
Traçada desde agora em promissão.
Estranho cada luz aonde um dia
Pudesse com pujança me render
Além do mais suave amanhecer
O passo em luz quem dera mais macia,
Amortecendo a queda noutro instante,
Porém somente o nada se garante.

127


Em toda a natureza se transborda
A dor em agonia e vendo assim
O instante já tocando o ledo fim,
Nem mesmo a fantasia ainda acorda,
E o quanto do passado se recorda
Tramando cada engano dentro em mim,
Poética incerteza diz enfim
Do caminhar insano em plena borda,
E a queda noutro instante se apresenta
Tragado pela dor, leda tormenta
A morte não seria tão cruel,
E o risco de cerzir uma esperança
Ao nada noutro instante já me lança
Derramando no peito angústia e fel.


128


Vibrando nossa luz em discordância
Marcando com a vil desarmonia
Ainda quando mesmo se irradia
A sorte só traduz a discrepância
E aonde poderia noutra estância
Viver com plenitude o dia a dia,
Apenas vejo agora esta agonia
E o meu caminho o perco na distância.
Estranhos lumes ditam cada cena
E o quanto resta em nós tanto condena
Matando uma esperança a cada queda
E o passo no vazio já se enreda
Proporcionando a sorte em tom venal,
Aonde deseja o bem: fatal.


129


Ao ver tanta beleza mais distante
Dos dedos e dos sonhos, eu consigo
Apenas desenhar o desabrigo
Aonde nada tente ou se adiante,
A sorte noutro rumo, doravante
Presume a cada infausto outro perigo
E bebo deste caos, e não prossigo
Amortalhada vida se agigante,
E o caos dentro do peito solitário,
A vida se perdeu no itinerário
Vacante da esperança adormecida,
E esta alma na verdade apodrecida
Regendo cada passo temerário
Matando o quanto resta em turva vida.


130


E penso que virá depois do nada
Apenas a figura mais atroz,
Regendo da esperança a turva foz
Marcando com terror cada alvorada
A sorte tantas vezes nos enfada
E cerzi com terror o quanto em nós
Pudesse desenhar num logo após
A messe tão querida e desejada,
Amarga noite traça o meu destino,
E quando meus demônios não domino,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E mato uma alegria em correnteza
Sabendo dentro em mim tanta tristeza
Esterco para os versos derradeiros.


131


Repleto de esperança, tolo e audaz
O canto se perdera inutilmente
E ainda quando um sonho tosco invente
A vida noutro instante já desfaz,
E aonde desejara apenas paz
O corte se apresenta e plenamente
A sorte na tormenta ainda sente
O norte me alimenta; mais mordaz;
Pudesse acreditar na redenção,
Mas sei que os novos dias me trarão
Somente este vazio e nada mais,
Assisto ao quanto pude se perdendo,
E agora num caminho torpe e horrendo
Enfrento os mais diversos vendavais.


132


Nas flores e nos campos, prados sonho...
E sei do quanto tive e não pudera
Sequer conter a sorte amarga e fera
Num ato tão terrível quão medonho,
E quando me esvaindo recomponho
Ainda a mais distante primavera,
A sorte noutro engodo destempera
E apenas no vazio ora me enfronho,
Um ato de completa insanidade,
O tanto quanto eu quis já se degrade
E o risco de sonhar transcende à vida,
Cenário na verdade não comporte
Senão a minha história sem um norte,
Gerando a cada engano outra ferida.


133


Findando com terríveis heresias
As já marcadas cartas sobre a mesa,
Do tanto quanto eu quis sou mera presa
E nestes delirares outros dias,
E quando me entornaste e já recrias
A sorte noutra amarga correnteza,
Pudesse desenhar ainda ilesa
Verdade em consonantes fantasias,
Acordo e me percebo solitário,
O sonho desdenhoso, vão corsário
Apenas expressando este sombrio
Cenário dentro da alma tão mesquinha
E o corte do meu passo se avizinha
Desta mortalha sorvo cada fio.


134


Trazendo um novo sonho ou pesadelo
A noite não mostrara a nova face
E assim enquanto a morte se tramasse
Meu rumo, pouco a pouco enfim perdê-lo,
A sorte num completo desmazelo
Gerando tão somente um novo impasse
Ainda que deveras leda trace
Envolve em turbilhão, tosco novelo,
Pudesse ter além do mero caos
O desvendar temido destas naus
Resumos de outros ermos dentro da alma,
E a sórdida presença do vazio
Marcando com terror o ledo estio,
Gestando tão somente um novo trauma.


135


Nos bailes que vivemos noutro instante
Arisco desenhar se traça aquém
Do quanto na verdade sei que vem
E nisto cada passo não garante
Sequer o mesmo infausto degradante
E a morte com certeza me convém
E gera outro caminho em vão desdém
E nada do que eu possa se adiante,
Escárnios tão comuns da vida eu sinto
E neste desenhar, meu canto extinto
Presume novamente a queda em falso,
E quando acreditara em redenção
O tempo noutro rumo em floração,
Gestara esta masmorra e o cadafalso



136


Nas valsas, nos sorrisos, noutras cenas
Aonde pude ver a claridade
E o tanto quanto ronda e se degrade
Traduz na face escusa e me condena,
Aonde quis a vida mais serena
Entoam tão somente as tempestades
E em tantas ilusões realidades
Marcando com terror a morte plena,
Esgarço o meu caminho em tom sombrio
E quando novo rumo ora desfio
Esbarro nos meus erros costumeiros
E vejo apenas isto e nada além
Do quando a vida traça em tal desdém
Matado com estios meus canteiros.

137


A vida recomeça após a queda
E neste desenhar nada garanto
E quando imaginara o desencanto
A sorte noutra face já se enreda,
E o peso do viver logo envereda
E marca o meu caminho em medo e pranto
E nada do que eu possa; eu adianto
Nem mesmo a fantasia ora me seda.
E esbarro nos meus erros, sigo além
E tanto quanto posso não convém
Sequer a pior lua ou mesmo a sombra,
Arrancando os meus olhos, nada aponte
E mato esta esperança em leda fonte
Mortalha tão somente já me assombra.


138

Os nossos tempos loucos são deveras
Especulares ritos de um passado,
E nele tão somente desenhado
O quanto noutro instante destemperas
E assim ao mergulhar em vãs esperas
Esferas num vazio, lado a lado,
Espalho o meu caminho destroçado
Exposto a degradantes, torpes feras.
E o cálice partido em discordância
Aonde imaginara a nova instância
Traduz o quanto eu quero e nada levo,
A morte se aproxime a já me cala,
Adentra sem defesa quarto e sala
E reações sequer procuro e atrevo.

139


Vivendo nos teus braços a incerteza
De um dia mais atroz e inconseqüente
O quanto do vazio eu me alimente
Não deixa esta verdade agora ilesa,
A voz noutro cenário quieta e presa
Audácia se traduz impunemente
E o corte noutro enfado se apresente
Descendo contra a rude correnteza;
Ao esboçar qualquer vã reação
Os dias noutro cais me tocarão
Medonha e caricata face escusa
E neste desenhar o quanto eu quis
Explica o agrisalhar deste matiz
Aonde o passo ao nada se entrecruza.

140


Eu posso, enfim, dizer deste vazio
Aonde mergulha em tom diverso
E quando a solidão; inda disperso
O canto noutro rumo eu desafio,
E esbarro no cenário mais sombrio
Marcando com terror cada universo
E tento desenhar enquanto verso
Medonha face espúria em desvario.
Esgoto o quanto pude acreditar
Num ermo mais audaz e nada resta
A vida que pudesse ser honesta
Agora não consigo decifrar.
Apodrecido sonho decomposto
A morte num instante em contragosto
Apenas o que resta a me rondar.

141


Deitado sobre a areia nada vinha
Sequer a menor lua, no horizonte
E quando novo rumo já desponte
A ponte se mostrara mais daninha,
E quantas vezes traço em voz mesquinha
O apodrecer deveras desta fonte
E neste desenhar mais nada aponte
Senão a mesma face outrora minha,
E a queda prenuncia este dissídio
Traçando a solução no suicídio
Minha alma entrego agora a tal Mefisto
Sem ter sequer promessa ou mais cobrança
Ao vago da existência ora se lança
E à derrocada enfim em paz invisto.

142


Roubando cheia lua, este cenário
Expressa em tom brumoso o dia a dia
E neste pouco sonho moldaria
O risco noutro passo, temerário,
Bebendo cada gota em tom mais vário
Resumo o meu caminho em agonia
E o tanto quanto e qui não poderia
Grassar além do pouco necessário
Amparo nos murais desta incerteza
Gerando a cada infausto a leda mesa
Inebriando esta alma em conseqüência
Da vida inglória e tosca aonde eu vejo
A espúria e amarga face de um desejo
E nele meramente a virulência.



143

Alvorada que busco, em meio às brumas
E nada se desenha no horizonte,
Sequer uma esperança ainda aponte
Traçada pelos danos que resumas,
E quando aos mais infaustos sonhos, rumas
Negando qualquer messe, mera fonte
O dia a dia sempre desaponte
E além do quanto eu quis tu já te esfumas.
Assim este momento transformando
O quanto imaginara desde quando
A sorte não reinara sobre nós,
Passada em concordância? Nunca mais.
Errático cometa sem um cais
Um rio se perdendo em outra foz.

144


Nos braços das estrelas, olhos vagos
E os riscos se aproximam; ledo instante
A vida se transforma em degradante
Marcando com tormenta tantos lagos.
A sorte esta aguardente, amargos tragos
E o canto noutro rumo se adiante
Mereço este cenário em torturante
Anseios onde os quis, suaves, magos.
E venço as mais difíceis tempestades
Tentando adivinhar um porto além,
E quando me percebo e nada vem
Apenas outros ermos; já degrades
Os passos nos porões do imaginário,
O tempo que é do tempo algum corsário.


145


O canto que dedicas a quem rege
Os passos rumo ao quanto onde querias
As horas mais tranqüilas e farias
O todo mesmo quando fosse herege,
O coração entregue inda dardeje
Marcado pelas horas mais sombrias
E nelas outras tantas; poderias
Na sórdida ilusão que a dor elege.
Esbarro nos meus erros costumeiros,
E sinto os dias mortos, derradeiros
Traçados com a fúria em solidão,
Esgoto cada fonte e nada havendo,
Do todo imaginário algum remendo
A vida se reflete em medo e não.

146


Na palidez tristonha o olhar ausente
E o corte se aproxima da degola,
O quanto da saudade ainda assola
E o medo de seguir, imprevidente,
Aonde cada risco se apresente
A vida noutro caos entra de sola,
Medonha face expondo o quanto imola
Transita noutro enredo, mais demente.
E encantos variados; noites vagas
E quando à própria fúria tu afagas
Gerando a tempestade dentro em nós
E na procura insana pela paz
Enquanto se procura se desfaz
E nada restará sequer após.


147


A vida me transmuda em dor e medo,
E quando mergulhando em ar sombrio,
O quanto dentro da alma eu desafio
E ao risco de sonhar eu me concedo,
A sorte se transforma; desenredo
E o caos se aproximando a cada fio
E o todo se pudesse em ermo rio
Deixando muito além este arvoredo,
Apreendo meus demônios e enclausuro
Num antro, esse porão espesso e escuro
Vagando pelas trevas mais mordazes,
Ao veres o cenário em turbulência
Minha alma se tornando uma excrescência
Reflete o que deveras tu me trazes.


148

Espero fantasias e não sei
O quanto cabe em mim, ledo fantoche,
Porquanto a própria vida já deboche
E faça insanamente sua lei,
Estúpido caminho desenhado
Nos ermos desta incúria e nada mais,
Aguardo os meus momentos terminais
E vivo à mera sombra do passado,
Mergulho nos meus ritos costumeiros
Velhusca sensação de dor e tédio
Já não teria mais qualquer remédio
A morte desenhada em vis ribeiros
Numa afluência insólita e vulgar,
Sequer resta a vontade de lutar.

149



Em meio a tempestades nada resta
Senão a mesma imagem desolada
Do quanto desejei e sei que nada
Ainda dentro em mim encontra a fresta,
Palavra mais temida e desonesta
Marcando com terror a velha estrada,
A porta; há tantos anos, emperrada
Minha alma sem sentido algum não presta,
Esvaecendo aos poucos o que pude
Acreditar em tola juventude
E agora se transforma no vazio,
E quantas vezes; tive a falsa luz
Ao nada aonde o todo me conduz
E neste desenhar eu desvario.


150


Nos campos procurando alguma luz
Após esta nublosa vida em medo,
E quando desta forma eu me concedo,
Apenas o mergulho aonde eu pus,
Errático luar, intensa cruz
E o meu desejo atroz, medonho e ledo,
A morte se tornando um santo enredo
Ao qual a cada infausto eu faço jus.
Já não suportaria qualquer sorte
Senão a mesma dura que se aporte
E traz apenas mágoas, nada além.
O peso do viver vergando as costas
E assim sem mais saber de tais respostas
Somente esta mortalha me convém.



151


A cor maravilhosa da ilusão
Não deixa que se veja a realidade,
E quando a fúria insana bem mais brade,
Os dias em tormentas se verão,
Esgarço cada passo em direção
Ao todo onde deveras se degrade
O risco de sonhar, porquanto invade
Transforma o dia a dia em irrisão.
Expresso com a voz quase sombria
O pouco que decerto restaria
A quem se fez audaz e nada tendo,
Esbarra nos vazios e amortalha,
Andando sobre o fio da navalha
Apenas sou somente algum remendo.

152

Encanta meus olhares, a certeza
Da morte após a queda e nada mais,
O quanto pude crer nos temporais
E neles com certeza mera presa,
Vencido pela dura correnteza
Os barcos que sonhara, noutro cais,
E as horas se mostrando terminais
A sorte na verdade sem surpresa.
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vagando sem sequer saber de abrigo
Neste inconstante céu em noite escusa,
Meu passo se perdendo não se enreda
Deixando-se antever então a queda
E o rumo no vazio se entrecruza.



153

Por quantas noites tive esta incerteza
Marcando cada sonho, ou pesadelo,
Momento mais atroz e ao revivê-lo
A sorte não seria mais ilesa,
A vida se transforma e a correnteza
Traçando o dia a dia com desvelo,
E a cada novo enredo outro novelo
Do qual eu me sentira mera presa
Invisto o meu caminho em sortilégios
E os dias que podiam bem mais régios
Agora se perdendo em tom amargo,
O canto em discordância não permite
Ultrapassar sequer menor limite,
E as esperanças torpes; logo as largo.


154

Amor é sentimento traiçoeiro
Marcando em virulência cada fato
E neste desenhar se me maltrato
Também desejo ser cruel arqueiro,
E o tempo se perdendo por inteiro
Nem mesmo uma esperança inda constato
E a morte noutro instante é o que resgato
Trazendo florescência ao meu canteiro.
Esbarro nos meus erros e tampouco
Pudesse adivinhar enquanto louco
O caos dentro desta alma apodrecida
Esvaio enquanto tento outro momento
E entregue à direção de qualquer vento
Já não conheço mais a própria vida.

155


A minha salvação não se encontrara
Sequer nas meras horas solitárias
As sortes tantas vezes temerárias
Invadem cada ponto da seara.
Meu passo no vazio se prepara
E as sendas quanta vez imaginárias
Expressam dores fartas, necessárias
Enquanto a realidade se escancara,
Aprendo com engodos, disto eu sei,
E quando uma emoção regesse a lei
Apenas o sombrio me tocando,
Não pude acreditar nesta promessa
E o tempo no vazio se tropeça
Marcando com o fogo, atroz, nefando.

156


Amor que recomeça após o nada
Expressa a falsa imagem deste cais
Depois de outros terríveis vendavais
Voltar a reviver a mesma estrada
Já tanto destruída e abandonada
É como crer que imensos temporais
Ainda tragam sonhos magistrais,
E a sorte desta forma desolada,
Encontro os meus escombros por aí
E o quanto imaginara já perdi
Expressa a realidade de um poeta,
Amortecendo a queda num instante,
O caos em plenitude se garante
E a vida num vazio se repleta.

157


É fonte do desejo e nada além
Na traiçoeira face da verdade,
Enquanto cada passo já degrade
Somente este vazio ainda vem,
E da esperança eu sigo muito aquém,
Tocado pela insana claridade,
A vida prenuncia a mortandade
Dos sonhos, num atroz, vago desdém,
E o quanto poderia ser feliz
Depois de tanto tempo já não diz
Sequer da menor chance inda de sê-lo.
E o resto dos meus dias, solidão,
Palavras sem sentido morrerão,
Gerando dentro da alma o pesadelo.


158


Embalde procurando alguma luz
Depois de tanto tempo: escuridão,
O passo dado sempre em rumo vão
Ao nada noutro instante me conduz,
E o quanto se quisera e nada pus
Senão estes tormentos que virão
Marcando com temida ingratidão
Errático delírio se traduz.
Esboço qualquer sonho, mero ocaso
E quando a fantasia ainda aprazo,
Apenas o vazio toma as cenas,
E ainda desditosa me condenas
Maçando com terror cada palavra
Negando da esperança qualquer lavra.


159

Escuto tua voz e nada entendo
Do quanto se perdeu em luz sombria,
A sorte noutro rumo se daria
Desta alma não restara um só remendo,
E o canto agora infausto e quase horrendo
Sem ter sequer a doce fantasia
Mergulha em discordante melodia
E nisto outro cenário em dor desvendo.
Meu passo inda pudera redimir
Gestando dentro em mim tal elixir
E nele saciando a minha sede,
A morte abençoando cada passo,
E neste desenhar eu me desfaço,
Retrato abandonado na parede.


160

A vida vai passando sem sentido,
E a queda se anuncia logo após,
O quanto ainda trago vivo em nós
Aos poucos com terror eu dilapido,
E o canto já deveras repartido
Não deixa mais notar sequer a foz
E o canto se transforma neste atroz
Delírio noutro infausto resumido,
Esgoto os meus anseios e me entrego
Vagando sem sentido quase cego
Apenas mergulhando em abissais,
E quando imaginara qualquer luz,
Somente ao mais profundo me conduz
O sonho entre diversos vendavais.


161


Gorjeio da saudade dita o rumo
Da vida sem sentido nem razão
E os dias que inda restam e virão
Apenas noutro infausto eu já me esfumo,
Pudesse; da esperança, crer no sumo,
Do cimo da montanha, na amplidão
Mergulho e quando bebo inteiro o chão,
No mesmo instante além eu me resumo
Ao quanto sou deveras e não vejo
Somente mero aborto de um desejo
Marcado em virulenta tez terrível,
E o farto desenhar em luz sombria
Mortalha por instantes inda adia,
E nisto se mostrara inconcebível.

162



As pálpebras tão rubras, medo e dor
Ainda nada tenho além do canto
E nele a cada instante se eu me espanto
Pudesse conhecer o dissabor.
Esbarro nos meus ermos, num rancor
E quando alguma luz eu já garanto
Apenas a sombria em desencanto,
Não tendo mais jardins, aonde há flor?
Espreito atocaiado e nada vendo
Somente o meu retrato agora horrendo
Desta alma apodrecida pelos anos,
E os dias mais cruéis desenham fato
E nele a todo passo eu mais constato
O quanto recebera em ledos danos.



163


Os olhos baços, tristes de quem ama
E sabe muito bem o quanto resta
Daquela imaginária, mansa festa
E nisto novo encanto não mais trama,
E ao ver a imprevisão da mera chama,
O tanto quanto pode em leda fresta
Resume o desencanto e já se empresta
Ao quanto poderia e nada clama,
Espraiam-se decerto os sentimentos
E vendo tão somente os desalentos
Momentos mais atrozes, trago em mim.
E o canto em dissonância não permite
Vagar além do cais, qualquer limite
Traduz o quanto trago: um ledo fim.


164


Num átimo te encontram pelas ruas
Expressas solidão e tentas mais
Que os dias entre duros funerais
Vibrando com constância em belas luas,
Mas quando além do sonho não flutuas
As horas em temidos rituais
Expressam condições torpes, venais
Verdades dolorosas, nuas, cruas.
Estranhos olhos tocam cada passo
E neste delirar eu me desfaço
Do quanto pude crer e não havia,
Cerzindo dentro da alma este vazio,
Apenas outro rumo desafio
E morro sem saber da poesia.


165



As dores que provocas; costumeiras
Já não comportariam soluções
E assim da mesma forma agora expões
O quanto deste mundo; já não queiras,
E vestes da ilusão torpes bandeiras
E nelas outras tantas explosões,
Risível caminhar em direções
Diversas das outrora verdadeiras
Amortalhando na alma a cicatriz
O passo noutro instante contradiz
E gera a tempestade aonde um dia
Pudesse acreditar em nova luz,
E o todo noutro infausto reproduz
Ainda o que deveras não havia.


166


A morte se aproxima, e toca a face
De quem tentara mais que mera luz
E quando esta verdade reproduz
O quanto ainda resta e me tomasse,
A vida se prepara e não calasse
Cenário feito em trevas, medo e pus,
Assim o meu enredo agora eu pus
Aonde esta saudade me velasse.
Espúrio caminheiro do passado
Futuro não existe, morrendo antes,
E quando alguma luz inda garantes
O tempo se mostrando desolado,
Estranhos ritos, morte e redenção,
Momentos tão benditos que virão.


167


Noutro momento, lúbrica e vadia
A sorte se desenha com desdém
E o quanto do vazio me contém
Aos poucos novo tempo não recria,
Mergulho nesta espúria fantasia
E marco o dia a dia, sou refém
Do tanto quando o pouco ainda vem
E nisto se consiste esta agonia.
Esbaldo-me na insânia e posso ver
Apenas solitário amanhecer
Regido pela angústia e tão somente,
No quanto poderia e nada veio,
Somente resta um tolo devaneio
Aonde esta verdade se apresente.



168


Deitada em minha cama a sombra dela
Expõe o quanto ainda vive em mim,
O tempo se aproxima do seu fim
E apenas solidão já se revela,
Meu barco se perdendo, leme e vela.
O caos ora tornando tudo assim
Diverso de algum sonho em vão jardim,
Somente este vazio ainda atrela,
O passo noutro encanto, mais atroz,
E quando mergulhara em volta à foz
Já nada mais teria senão isto,
E o pântano cevado em lodo e lama
Enquanto ao suicídio ainda clama
Transita entre o que busco e já desisto.

169


Trago-te meu delírio e nada além
Dos erros tão comuns, a vida inteira
Demonstra a face atroz e traiçoeira
Marcando cada dia que inda vem,
Mergulho no passado e sei tão bem
Do quanto desta sorte não me queira
E tento me elevar leda bandeira,
No fato de sonhar, turvo desdém,
Minha alma se infernando a cada queda,
O manto noutro tom ainda enreda
E a sorte se transforma todo dia,
Do quanto acreditei e nada vinha,
Saudade se inda resta, é toda minha,
Trapaça se transforma em fantasia.


170


Minha alma se esgotou insanamente
E o tanto quanto quis já não existe,
Somente este cenário turvo e triste
Aonde a sorte morre; e a sinto ausente,
O quanto novo rumo ainda tente,
E neste desejar se já persiste
O olhar embevecido sempre em riste,
Demonstra este cenário vil, demente.
Jogado na sarjeta da memória
Amor já não produz qualquer alento
E a pútrida verdade me alimenta
Marcando a tez atroz e virulenta
Assim se repetindo a minha história,
Ainda que outro rumo; fútil, tento.

171


As ondas que navego em tais procelas
Não deixam qualquer dúvida: é meu fim,
E ocaso se aproxima em ledo fim
E ao mais dorido passo tu me atrelas,
Ainda quando outrora em caravelas
Buscasse a concordância em meu jardim
A morte dominando tudo em mim,
Aos poucos se esvaindo últimas velas,
E neste delirar em meio às dores
Se tanto me desejas ao te pores
Atocaiada fera, numa esquina
A vida não permite mais um sonho,
E o quanto deste infausto inda componho
O fim sem ter a messe determina.

172


São lumes que jamais eu pude ver
Ausente da esperança, morte à vista
E o quanto a cada passo não assista
Gerando a dura escara em desprazer,
Melhor seria em paz, então morrer
Sem ter deixado ao menos uma pista
E quando este horizonte ora se avista
Mergulho sem mais nada perceber.
À bala, à faca, ao fio da navalha
O tempo noutro rumo não se espalha
E a voz em consonância cala o peito,
E assim ao desenhar em turbulência
A vida numa atroz incoerência
Encontro o meu caminho satisfeito.


173


Carinhos tão chagásicos que trazes
Marcando com terror o dia a dia,
E neste desenhar não mais veria
A vida entre momentos, belas fases,
E quando olhares torpes e mordazes
Traduzem qualquer messe em ironia,
A sorte com certeza não viria
Em atos tão ferinos e tenazes.
Encontro os meus espectros na calada
E a noite noutro estorvo, desenhada
Expressa a realidade mais atroz,
Num antro em mais completa perdição
Os tempos que inda restam, não virão
Senão para calar a minha voz.


174

Palpitam no meu sol luzes diversas
E quando iridescente a fantasia,
Apenas a verdade mostraria
Aonde com terror ainda versas,
E nisto pouco a pouco as mais perversas
Estradas desenhadas na ironia
Marcando com a voz turva e sombria,
Em tantas ironias já submersas,
Esbarro nos engodos e me sinto,
A cada novo instante mais extinto,
A morte me rondando a cada engodo,
Das tantas cordilheiras nada vejo
Somente o meu delírio num lampejo,
O resto do meu tempo imerso em lodo.


175



Martírios deste mundo; eu coletara
E neste caminhar sem mais sentido,
O tanto quanto resta eu dilapido
E deixo mais vazia esta seara,
A noite não seria jamais clara,
Meu passo noutro instante, desvalido,
E o todo se perdera num olvido
Aonde a minha ausência se prepara.
Risíveis olhos ditam solidão,
E as horas mais terríveis mostrarão
O engano costumeiro de quem sonha,
A vida não traduz qualquer benesse
E assim ao meu final já se obedece
Na tez tão dolorida quão medonha.


175



Martírios deste mundo; eu coletara
E neste caminhar sem mais sentido,
O tanto quanto resta eu dilapido
E deixo mais vazia esta seara,
A noite não seria jamais clara,
Meu passo noutro instante, desvalido,
E o todo se perdera num olvido
Aonde a minha ausência se prepara.
Risíveis olhos ditam solidão,
E as horas mais terríveis mostrarão
O engano costumeiro de quem sonha,
A vida não traduz qualquer benesse
E assim ao meu final já se obedece
Na tez tão dolorida quão medonha.

176


O corte do desejo na raiz
Traduz o quanto resta deste sonho
Desfecho tão cruel, vago e bisonho
Deixando para trás o quanto eu quis,
E vejo este cenário e por um triz
Enquanto novo tempo; em vão proponho
O medo a cada passo mais o enfronho
E sito o meu caminho em vão matiz.
Apresentando assim meu funeral,
E nele novo tempo, desigual,
Esbarra nos meus erros, costumeiros,
Pusesse cada barco em mar suave
Quem sabe no final já nada agrave
Os erros tão medonhos, traiçoeiros


177



Meu mundo não precisa deste alento
Mentira eu não suporto e, portanto
Apenas o vazio eu me garanto
Enquanto um novo dia ainda tento,
Entregue ao mais feroz e duro vento,
A cada queda aumenta o meu espanto,
E o rústico desenho dita o pranto
E nele se percebe o sofrimento,
Cansado de lutar inutilmente,
Ainda quando um sonho tolo, invente
Esbarro nos meus erros e me vejo
Diverso do caminho mais feliz,
Se a própria redenção tudo desdiz
O gozo não passando de um lampejo.


178

Fanáticos momentos entre as luas
Deixadas como um rastro em vão caminho,
E quando do final eu me avizinho
Além de qualquer rumo tu flutuas,
E sinto as amarguras e cultuas
Apenas o cenário mais daninho,
Pois sendo na verdade tão sozinho
Andando sem destino pelas ruas
Os bares, os irmãos de mesa e jogo,
A sorte não conhece qualquer rogo,
Na lama refletindo o meu olhar,
Um pária em abandono, busca a morte
E nela ainda um fato que conforte
Quem já não sabe mais sequer lutar.

179


A morte dos meus sonhos não permite
O quanto acreditara num instante
E vendo o meu caminho degradante
Já não comporto mais qualquer limite
E quando noutro rumo se acredite
Enquanto no vazio se adiante
A cena tantas vezes delirante
Marcando cada insânia à morte incite.
Esbarro nos erráticos cenários
E os versos sendo tolos; temerários
Apresentando esta alma fugidia,
Mergulho neste turvo rio e trago
Apenas o vazio e quando indago
A vida nada mais responderia.

180


O canto da saudade reduzindo
O encanto a cada engodo traz somente
O quanto do vazio se apresente
Deixando no passado o que era lindo,
E assim ao mergulhar no mar infindo
Resumo o meu caminho em inclemente
Verdade aonde o nada mais se sente
E à morte neste instante em paz eu brindo;
Restauro dos medonhos olhos medo
E quando desta forma vã procedo
Esvaio em ilusões e nada mais,
Extraio do vazio algum sentido
Tormenta a todo instante mais lapido
E sorvo destes tantos vendavais.


181


Meu astro se desfaz e nada trago
Senão a mesma incúria costumeira,
Ainda quando a sorte mais não queira,
A morte se transforma em manso afago,
E o canto quando muito ainda indago
E traço tão somente outra ladeira
A vida em sua face derradeira
Num rogo desnudando o vão afago,
Estúpido caminho desenhado
E nele o meu delírio demonstrado
Esbarra nas diversas emoções
Acrescentando a dor à fria tela
Aonde uma alma podre se revela,
E a cada novo dia a decompões.


182


Renasce nos teus braços a mortalha
E nela adentro em fúria ou mesmo quieto,
E quando desta morte eu me repleto
Vencendo a mais dorida e vã batalha,
Meu canto no vazio já se espalha
E o quanto poderia predileto
Marcando com terror o morto feto
A vida insuportável, torpe tralha.
E a gralha rapinando a cada instante
Apenas o final já me garante
E mata qualquer sombra de esperança,
E sou medonho enquanto ser humano
Somente noutro engodo eu me profano
Enquanto ao fim meu passo ora se avança.


183

Tu vais tranquilamente pelas ruas
E tentas desviar deste percalço
Enquanto a fantasia ainda encalço
Vagando aonde além tu não flutuas,
Esvaio em turbilhões, estrelas nuas
Arisco caminhar em cadafalso,
O meu olhar deveras ledo e falso
Às tantas entre os riscos continuas,
E bebo da cicuta que me dás
E neste desenhar ausente paz,
Apenas enlutado o peito em mágoas,
E quando noutra senda mais sutil,
Meu canto na verdade não mais viu
Sequer aonde outrora em vão deságuas.


184


Procuro tuas cores e matizes
Diversos e em verdade não existes,
Os dias são deveras bem mais tristes
Enquanto cada passo; contradizes,
A vida se permite em tantas crises
E neste desenhar tu não permites
Sequer o quanto ainda me acredites
E neles outros erros, meus deslizes
Apodrecida carne, esta carcaça
E nela tão somente o fim se traça
E deixa apenas isto e nada mais,
Esgoto o meu caminho em voz atroz,
E o risco se transforma em novo algoz
Em ermos tão diversos e mortais.


185

Imagens de mulheres desnudadas
Apodrecida face da ilusão,
E o canto se perdendo em direção
As horas não seriam tão veladas,
Esqueço as luas mortas nas calçadas
E mato qualquer sombra de um verão
E os dias mais terríveis me trarão
As sortes noutras rotas desoladas
Acordo com terror e nada vejo
Somente o delirar tolo em lampejo
Desenhos de outros tantos dias vagos,
E quando mais preciso; nada resta
Nem mesmo a menor sorte em leda fresta
Apenas desta morte, bons afagos.

186


Meu mundo se resume no vazio
E tento acreditar embora eu veja
A sorte tão atroz e malfazeja
Aonde o meu delírio desafio,
E quando noutro instante em vão desfio
A morte me rondando já dardeja
Entregue nesta cena, de bandeja
O rito se perdendo a cada estio,
Esbaldo-me no infausto de um segundo
E neste desenhar em dor me inundo
Mergulhos insolentes onde um dia
Pudesse acreditar noutro momento,
Mas quando na verdade ainda tento,
Apenas mera face em agonia.


187



As bocas que sonhei e não sabia
Ausentes dos meus olhos, lábios, vãos
Inúteis cultivares nestes chãos
Aonde a sorte expressa a luz vazia,
E quantas vezes mesmo eu poderia
Tentar acreditar em podres grãos
E nestes delirares outros nãos
Marcando a tez temida em agonia.
Assediando o rumo em tom atroz,
O quanto se desvenda dentro em nós
Expressa a solidão e na verdade
Apenas o vazio dita a messe
E quando esta ilusão o tempo esquece
Somente o desencanto que degrade.

188


Agora não freqüentam mais meu sonho
Os ermos de minha alma em tal resumo,
E quando noutro instante já me esfumo,
Cenário se traduz ledo e medonho,
Enquanto neste mar enfim me ponho
E nisto pouco a pouco me consumo,
Do todo desenhado, mero sumo,
Um risco se transforma e não me oponho,
Afasto qualquer luz e bebo a treva
E neste desenhar uma alma ceva
Apenas tempestades, duras, vãs.
E quando precisara alguma senda
Somente este vazio se desvenda,
Marcando com terror ledas manhãs.


189

Mulheres se passaram nesta vida
E nada do meu mundo ainda creio
E sei do meu vagar em devaneio
Aonde a sorte ausente, em despedida.
O quanto da esperança fora urdida
Deixando no caminho um vago anseio,
E o tanto quanto quero e já receio,
Expressa a decisão em medo ungida.
Resplandecente messe? Uma ilusão
E o cardo se aproxima desde então
Marcando com temível cicatriz,
Minha alma se perdendo nas escarpas
Entranha tão somente as velhas farpas
Enquanto toda a sorte contradiz.

190


De destino cruel o tempo em rota
Diversa da que tanto pude crer,
Ao ver o meu caminho esvaecer
A vida noutro rumo já se nota,
E o quanto do meu canto se denota
Marcando com terror algum prazer,
E neste desenhar, o esmorecer
Daninha solidão deveras brota,
E o caos em cadafalsos e masmorras
Ainda quando tola me socorras
Não deixam cada passo se sentir,
Arcando com enganos, cada esboço
Traçando tão somente este alvoroço
Demonstra o quanto tenho no porvir.


191


Mas eis que minha sorte não traria
Sequer a menor sombra de esperança
E o passo noutro rumo não avança
Marcando a minha face em luz sombria,
O quanto do viver não mais teria
Quem tenta com denodo a confiança
E gera outro caminho onde a vingança
É feita com a face escusa e fria
Num abandono imenso, a vida trama
E neste delirar, o sonho é chama
E nada mais permite, senão isto.
Desta carcaça pútrida a rapina
Ainda cada instante determina
Enquanto sem defesas, não resisto.

192


Na curva desta estrada a vida traz
A mesma face espúria de um passado
Aonde mergulhara e desvendado
Meu rumo noutro passo, mais mordaz,
Enquanto pude crer ser tão tenaz
O rústico desenho demonstrado
Bebendo deste infausto ilimitado
Perdera algum sentido, ausente paz.
E o carma continua em tom escuso,
E quando da esperança em vão abuso,
Buscando qualquer luz aonde há nada,
Extraio dos meus olhos cada engano
E assim a todo instante mais me dano
Deixando para trás a velha estrada.


193

A luz que bruxuleia dentro em mim,
Medonha face espúria da verdade
E quando mais audaz a vida invade
A morte se aproxima e dita o fim,
Acende a cada ausência esse estopim
E nele não reside sequer grade
O passo noutro tom, realidade
Expressa o quanto teimo, mesmo assim.
Esgoto as esperanças e amortalho
Num presumido engodo costumeiro
E quando mergulhara em traiçoeiro
Caminho, na verdade torpe e falho,
Espalho meu grisalho neste inverno
E aos poucos sem defesas, eu me inferno.

194


Num segundo, em farol aonde um dia
Pudesse acreditar na redenção
Embora saiba bem que não verão
Meus olhos nem um pouco de alegria,
Amor já não passando de utopia,
O engano se transforma em negação
E tomo os meus anseios, neste vão
Marcando em dissonância a fantasia,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencendo a cada curva outro perigo,
Até que no final já não resista,
Do quanto fora em Terra nada resta,
A imagem dolorosa, mas honesta
Não deixo qualquer rastro ou mera pista.


195

Beleza sem igual tanto quisera
E nada do que busco ainda posso
E neste desenhar, mero destroço
A sorte se transforma em vã quimera,
E o passo noutro rumo destempera
Marcando com terror o quanto endosso
E aos poucos do vazio eu já me aposso,
Gerando tão somente a fria fera.
Esqueço qualquer luz e bebo a morte
E neste desenhar já não comporte
Sequer a menor sombra de esperança,
A vida não permite uma ilusão
Meu passo se desenha e sempre em vão,
Apenas o final minha alma alcança.


196

Pensei que conhecesse cada passo
Num rumo variado e discordante
E quando a realidade me garante
O quanto se perdera em ledo traço,
Assim se pouco a pouco e sem espaço
O mundo aonde o quis mais delirante
Traduz este cenário degradante
Aonde mergulhara espúrio e baço,
Esgoto a poesia noutro rumo
E suicidamente teimo e fumo,
Meu câncer alimento dia a dia,
E quando inda pudera ver um brilho,
Apenas no vazio cismo e trilho,
A morte a cada instante, eu bendizia.


197

Pensei apenas soube deste nada
Aonde pude crer noutro insensato
Caminho enquanto o pouco que resgato
Impede a tão querida e desejada
Presença de outra voz anunciada
E neste delirar, velho regato.
Meu passo rumo ao fim, decerto ingrato
Traduz a messe tanto procurada.
Espúrio caminhante do vazio
Um andarilho em busca de algum termo,
O olhar deste sofrido e tosco enfermo
Resume o tão cruel e ledo estio
E o canto mais atroz, o vento traz
Cenário a todo instante mais mordaz

198


Ao conhecer os campos mais atrozes
Escorro pelas ruas sem sentido,
E nada do que eu possa inda lapido
Marcando cada dia em duras fozes,
E os erros costumeiros, tão ferozes
O medo noutro infausto resumido,
Apenas a incerteza eu dilapido
E mato os meus tormentos, vãos algozes.
Esbarro no cenário em discrepância
E o quanto se pensara nesta estância
Esbalda-se decerto em torno à luz,
Inseto sem sequer ter direção,
Meus dias noutros erros moldarão
Somente o quanto em podres sonhos, pus.

199

Onde repousam; néscios, os meus cantos
Não tendo mais sequer um brilho além,
Bebendo cada gota do que vem
Gerando tão somente os desencantos,
Os dias mais atrozes, ledos mantos
E neste desenhar, tanto desdém,
Ainda do vazio eu sou refém
Tocado pela insânia em ermos prantos.
Esboço a fúria e mostro a minha face
Aonde cada dia mais desgrace
E geste este demônio onde alimento,
A sórdida presença da esperança
Matando com temor nada afiança
Senão mesmo caminho em vão tormento.


200

Procurei por entranhas de minha alma
Apenas um alento e nada havia
Somente a mesma espúria fantasia
Que tanto me maltrata, mas acalma,
E vendo este cenário em turva cor,
Matiz agrisalhado pelo tempo
Gerando novo engodo em contratempo
Expressa tão somente este rancor.
Pudesse ainda ver algum momento
Imerso numa nova claridade,
Mas quando a própria vida desagrade,
Ainda quando busco e tolo tento
Escárnios noutra face mais audaz,
E nele cada rumo se desfaz.


201



Os vales, cordilheiras, montes, fossas
E tantas heresias me tocando
O mundo se transforma desde quando
Dos ermos de minha alma tu te apossas,
E bebo as emoções enquanto endossas
Com ermos o caminho mais nefando,
E o tanto quanto pude desenhando
Mergulho nos enganos quando empoças
Ressaltos; não consigo ultrapassar,
Ainda não concebo outro lugar
Diverso do que outrora pude crer,
E quando me envolvendo em nada eu pude
Sentir o vento amargo, duro e rude
Apenas desenhara o desprazer.


202

Pensávamos amores quando a vida
Traçara alguma espúria fantasia
E o todo quando muito não traria
Senão a mesma face aonde acida,
A porta já cerrada e desvalida,
A morte a cada passo se anuncia
E nisto se presume um manso dia,
Depois de tanta dor tão conhecida,
Esbarro nos meus erros e me sinto
Apenas como fosse agora extinto,
Amortalhando o passo rumo ao vago,
E neste desenhar em tom sombrio,
Aonde quero a sorte, a desafio
E apenas o vazio na alma o trago.

203


No fundo, sentimentos sem valia
E o corte se anuncia mais profundo,
E quando do vazio agora inundo
A sorte se transcorre mais sombria,
E a morte não desenha um novo dia
Mergulho e neste caos eu me aprofundo,
E o coração deveras vagabundo
Apenas transformando em agonia
O rústico cenário em dor e tédio,
Aonde procurara algum remédio
E nada mais havia, nem o sonho,
Esgoto o meu caminho e sem saber
Do quanto pude crer em vão prazer,
Aos poucos noutro engano decomponho.


204

Agora que conheço meu limite
E nada mais procuro vida afora
Apenas a mortalha me decora
E nisto o coração atroz palpite,
Gerando muito mais do que acredite
A sorte noutro caos já me apavora
E o tanto que pudesse sem demora
Qualquer nova promessa não admite.
Resplandecente luz aonde um dia
Pudesse imaginar e nada havia,
Somente o mesmo engodo costumeiro,
Nos cantos e nos bailes, festas, risos,
Eu vejo meramente torpes guizos
Num cântico temível, traiçoeiro.


205

Meus lábios te procuram. Nada vindo
Somente a mesma inglória realidade
E o passo a cada instante desagrade
Marcando o meu caminho em medo infindo,
E quando na verdade teimo e brindo
Restando dentro da alma a insanidade
Apenas presumindo a mortandade
Do todo noutro infausto reluzindo.
Escória, tão somente e nada além
O passo na verdade não contém
Sequer a menor sorte, sigo em vão,
E bebo desta dor a cada instante,
A morte alguma luz, inda garante,
Traçando em mesmo tom, a solidão.


206


Meus olhos devorando cada cena
Aonde nada trago nem a sorte
E quando no vazio se comporte
A vida noutra face me condena,
E vejo quantas vezes se envenena
O passo sem saber sequer um norte,
E aonde se demonstra cada corte
Somente a própria morte me serena,
Esboço de uma vida em turva tez
No quanto acreditara e nada vês
Apenas a mortalha dentro da alma,
E o canto se mostrara em tom amargo,
O quanto desejara e agora largo,
Nem mesmo uma esperança inda me acalma.


207


Na vida, esse delírio se transborda
E gera em consonância outro cenário,
O engano tantas vezes temerário
Tocando o coração em sua borda,
Arrebentando assim a tênue corda
E o quanto poderia imaginário
Momento em inclemência, solitário,
Aonde uma promessa em vão se aborda,
Espalho o desencanto a cada verso
E quanto mais ausente eu me disperso
Esgoto o meu caminho em vã promessa.
E o tanto quanto eu quis já nada traz,
O passo noutro rumo mais mordaz,
Deveras no vazio e em dor tropeça;

208


Eu te amo! Te procuro, inutilmente...
Errático delírio de um poeta
Aonde a sorte marca e não repleta
O quanto poderia e não tente,
O olhar por vezes duro ou inclemente
Vagando pelo instante em turva meta,
O corte se prolonga e me completa
Tocando com terror o corpo e a mente.
Espanto os meus demônios e os recrio
E quando mergulhando em turvo rio
Ascendo ao meu momento mais feliz,
E neste desenhar em turbulência
Apenas o vazio diz clemência
E o corte noutro instante me desdiz.


209


Na tua majestade nada vês
Somente a mesma face imperativa
E nisto quantas vezes vida priva
Da imensa e clara face em sensatez,
Meu mundo noutro instante se desfez
E a voz aonde o nada em dores criva
A porta se travando agora priva
Do quanto na verdade ainda crês.
Insânia dominando cada verso
E neste desenhar torpe e disperso
O rústico demônio que cultivo.
Arranca estas migalhas da esperança
E a voz neste vazio ora se lança,
E sigo tão mordaz quanto passivo.


210


Olhos fitos buscando alguma luz
Aonde nada havia nem pudera
O corte se anuncia e a velha fera
Noutro cenário torpe me conduz,
Vagando sem sentido, em contraluz
O coração se perde e nada esmera
A morte noutra face, esta quimera
Que tanto me maltrata e me seduz,
Resisto o mais possível e no fim
Ascendo ao quanto pude em tal motim
Mergulhos neste infausto delirar.
E esgoto cada passo rumo ao nada,
Vestindo a mesma tez tão desolada,
Ausente dos meus olhos, o luar.


211

Encontro essa riqueza feita em dor
E nela mergulhando em abissais
Desenhos onde a vida disse mais
Do quanto poderia me propor,
E vendo este cenário em furta cor
Os tempos não trariam nem sinais
Dos dias mais felizes, funerais
Aonde vejo agora o dissabor.
Resumo noutro passo o meu destino,
E quando ainda tento e me alucino,
Esbarro nos meus vastos, vis desertos
Miragens transformando em tais oásis
As messes que mentindo ainda trazes
Nos ermos dentro da alma, descobertos.

212


Em meio aos arquipélagos, perdido
Sem ter noção sequer de tempo e espaço
Ainda quando inútil cena eu traço
Herético desenho eu dilapido,
E vago sem saber qualquer sentido
Depois de tanto tempo em tal cansaço,
E quando uma ilusão tomando o espaço
O rude caminhar reconstruído,
Espero o fim de tudo, mansamente
E mesmo que outro rumo ainda tente
Espero esta mortalha, e nela eu vejo,
O passo sem destino e sem valia,
Ausente dos meus olhos, fantasia
Apenas o vazio num lampejo.


213


Ilha aonde pensava ter a glória
De ser bem mais feliz e nada havia
Somente a tão atroz melancolia
E nisto revivendo a vaga história
A sorte tantas vezes sem memória
Esboça qualquer forma de ironia,
E mata em nascedouro a poesia
Marcando cada passo com vanglória
Estranhos olhos ditam o futuro
E o quanto do desejo em vão procuro
Traduz a mera imagem de um passado
Marcado pela insânia aonde eu quis
Viver em plenitude e ser feliz,
Ao menos novo sonho, desdenhado.


214


Minha boca ansiosa bebe o fel
Marcado com a fúria de quem tenta
Mereço na verdade esta tormenta
Momento mais atroz, tolo e cruel.
Mergulho neste imenso carrossel
Metáforas diversas, alma alenta
Medonha fantasia se apresenta
Mentira após mentira, passo ao léu;
Melancolia dita o meu caminho
Mesquinhos dias traçam meu futuro
Macabra realidade onde perduro
Matando algum cenário, eu vou sozinho
Montanhas tão distantes, ledos montes
Mananciais vazios tu me apontes.


215


Num momento julgava ser feliz
E nada do que tento; ainda eu posso,
O rumo se transcende e quando nosso
Transporta a mesma face onde se diz
Do sórdido desenho em tal matiz
E neste caminhar o medo endosso,
E quando do vazio ora me aposso,
O templo noutro infausto, outro matiz,
E grises emoções regendo o passo,
Enquanto na verdade me desfaço
Esqueço qualquer brilho e morro em vão,
A sorte discordante da alegria
É tudo o quanto posso e mais teria,
Tramando a sempre gélida estação.



216


Como é cruel, Meu Pai, o ser humano,
E vejo esta figura caricata
Aonde pisa tudo já maltrata
Causando a cada passo novo dano,
E quanto mais espalha o desengano
Deveras nada além tenta e resgata
A fúria se transborda e se constata
Apenas o caminho mais profano,
Espúria face atroz deste insolente
Primata que decerto ainda tente
Imaginar um deus tão parecido,
Enquanto em podridão já dissemina
Destrói de uma esperança cada mina,
Num passo a cada dia apodrecido.


217


Agora vou sozinho e nada trago
Senão a mesma voz em discrepância
E quando procurara noutra instância
O rumo sem saber sequer de afago,
O traço desenhado; aonde alago
A vida com terrível inconstância
Pudesse adivinhar a tolerância
Aonde noutro infausto já me drago,
Resulto de algum ser inominável
E quando me mostrasse inabalável
Apenas uma face mais maldita
E o tanto quanto pude acreditar
Esboça noutro instante este vagar
Enquanto no vazio a alma palpita.


218

Dourados os caminhos onde um dia
Sonhara e na verdade nada resta,
A face mais dorida e desonesta
Gerando a minha morte em agonia,
O quanto deste todo merecia
Quem sabe da esperança, leda fresta
E o caos aonde o nada mais se empresta
Resulta desta face em heresia,
Mergulho nos demônios que eu carrego,
A vida se tramando num nó cego
Da tensa cordoalha nada traz,
Senão esta mortalha aonde eu creio
O encanto mais atroz em devaneio
Num erro tão boçal e contumaz.


219


Inebriei-me, tonto, e nada havia
Senão a mesma face em inclemência
E o quanto se aproxima da demência
Gerando este cenário em agonia,
A morte a cada passo, cada dia
Traduz o quanto bebo desta ausência
E neste desenhar a virulência
Somente novo tempo me traria,
E a sorte se traduz em fardo e medo,
E quando alguma luz; inda concedo
Nefasto desvendar traduz o infausto
E deste turbilhão eu me revisto
E sei o quanto perco mesmo nisto,
Tramando a cada instante outro holocausto.

220


A jóia que dispunha em tom diverso
Traduz o quanto quis e não soubera
Vencer a cada passo a dura espera
E neste delirara eu me disperso.
O quanto desenhando em universo
Ausente dos meus olhos, tal quimera
O passo rumo ao nada destempera
E marca com terror e além eu verso,
Expresso em solitude o passo em vão,
Ausência diz somente deste não
Granado dentro em mim em turva face,
Assim ao me entranhar noutro cenário,
O canto tanta vez imaginário
Apenas a verdade me mostrasse.

221


Depois desta tormenta aonde eu vira
Granizos e geadas dentro em mim,
O inverno se aproxima e traz assim
A face mais atroz, leda mentira.
E quando a cada passo já desfira
O risco de sonhar e nele eu vim,
Marcando com terror cada motim
Da própria persistência em leda pira.
Espalho o meu caminho e nada creio
Somente o mesmo passo sigo alheio
E arisco, pois poeta, ainda busco
Depois de tantas dores, redenção,
O passo sigo mesmo quando em vão
Num ermo dentro da alma, rude e brusco.


222



Vazio o coração já nada traz
Sequer alguma luz onde pudesse
Ainda merecer alguma messe,
Vagando pelo espúrio e tão mordaz
Cenário aonde a vida foi capaz
De transformar o medo em leda prece
E o quanto deste infausto ora se tece
Marcando a minha voz em tom audaz,
Restauro o meu caminho quando eu vejo
Além do quanto pode algum desejo
A marca destas presas dentro da alma,
E quando atocaiada a fera espreita
E a vida na verdade já desfeita
Marcando em tom sombrio a antiga calma.


223


Buscando te encontrar aonde o nada
Trouxera uma resposta mais atroz,
Já não conheço mais sequer a voz
Daquela noutra senda desenhada,
E a face desta fera desolada
Marcando com o tom duro e feroz,
Gerando a cada instante novo algoz
Expressa esta manhã em leda estrada,
Esqueço o meu caminho e nada traço
Senão a mesma falta de um espaço
Regendo todo passo rumo à foz,
Esboço reações e nada vejo
Senão a mesma face em malfazejo
Cenário desolado, em tom atroz.


224


A vida, caminheira, sem sentido
Explana a solidão e nada além
No quanto do meu mundo apenas vem
A sorte quando a mesma eu dilapido,
O corte noutro instante mais carpido
Dos sonhos sou somente algum refém,
E o passo se desdenha com desdém
Num ermo dentro da alma, revolvido.
Esqueço cada instante onde pudera
Sentir o renascer da primavera
Há tanto amortalhada e sem porvir,
Reparto meu delírio e sigo alheio
Enquanto a própria sorte em vão rodeio
Meu mundo neste caos a resumir.


225


Traduz-se em divinais anseios quando
A sorte não pudesse ser diversa
Do quanto no vazio teima e versa
Aos poucos noutro rumo se entornando,
O vasto caminhar outrora brando
Aborda pouco a pouco e desconversa
Minha alma nesta insânia já submersa
E o peso se transforma em contrabando,
Amarguradamente nada tenho
Senão a mesma face em ledo empenho,
Resumos de momentos mais atrozes,
E quando os meus receios são comuns
Os sonhos; não mais vejo nem alguns
E os riscos se transbordam noutras vozes,



226


Trazendo no seu bojo este ar venal
O risco de viver já não seduz
E gera a mesma face em contraluz
Marcando com terror tal ritual,
Vestígios de um passado mais banal
E neles outro infausto se produz,
Repatriando o sonho feito em pus
O canto se transforma em funeral,
Espúria face mostra a realidade
E quando esta incerteza agora invade
Medonha garatuja eu represento,
E tanto quanto posso ou mais até
Perdendo a direção, escusa fé
Apenas bebo a morte em forte vento.


227


Depois de tanta dor já não consigo
Vencer os meus demônios, e Satã
Adentrando minha alma ora malsã
Expressa com certeza o meu abrigo,
E quando alguma luz inda persigo,
Vencido pela angústia deste afã,
Ainda não vislumbro outra manhã
E em turva melodia em vão, prossigo.
Lateja dentro da alma este vazio
Enquanto cada engodo eu desafio
Enfrento os temporais e bebo a morte
E nela saciando a minha fome,
Verdade a cada engodo me consome
Negando qualquer luz, mero suporte.

228

Com olhos que iluminam este escuro
Caminho em meio às pedras e espinheiros
Os cantos muitas vezes traiçoeiros
Ditando cada sonho onde o procuro,
Um porto aonde fora mais seguro
Esboça a realidade em vis canteiros
E os ritos noutros tons, alvissareiros
Transcendem ao que tento e não perduro.
Escusas tão comuns de quem já sonha
E sabe da verdade mais medonha
E nela em sortilégios vê seu fim
O tanto quanto pude e não veria
Sequer a menor sombra da alegria
Matando em aridez qualquer jardim.


229


Percebo-te num claro amanhecer
Depois de tantas noites mais brumosas,
E quando nesta cena te antegozas
Moldando o quanto queres em prazer,
Eu sinto o meu caminho esvaecer
E mato do canteiro tantas rosas
E nestas horas duras, caprichosas,
Também eu me permito, em paz, morrer.
Esculpo com cinzéis este alabastro
E quando no vazio e em vão me alastro
Espúria face; extraio deste nada,
E o canto se moldando noutro rumo,
Apenas tão somente eu me resumo
Na falsa sensação da leda estrada.


230



A luz desta esperança não me toca
E o quanto pude crer e nada havia
Somente a mesma face em agonia
Aonde a própria queda se provoca,
O risco de sonhar, tanto desloca
O passo rumo ao ermo em agonia
Houvesse noutro instante a melodia
Do meu palácio outrora hoje a maloca.
E quantas vezes; tento nova face
E nisto o meu caminho se moldasse
Em sorte e até quem sabe num sorriso,
Mas quando me percebo em solidão
Erráticos momentos me trarão
Somente o mesmo tom tão impreciso.


231

Num lago, fino amor, não mais comporta
E bebo sempre à farta deste vão
Os dias quando muito me trarão
A falsa chave espúria desta porta,
Abrindo da barragem a comporta
Eu bebo a mais temida inundação,
E o canto se aproxima e dita o não,
Enquanto na verdade pouco importa.
Restituindo os erros de uma vida
Já tanto disfarçada ou destruída
Marcada pela insânia de quem tenta
Singrar outro caminho e nada vê
Somente acreditando e sem por que
Na face mais atroz e virulenta.


232

Quimeras e disfarces, ledo engano
E quanto mais procuro e nada veio
Apenas do vazio em devaneio
O dia noutro infausto já me dano,
E bebo tão somente o desengano
O quanto poderia e não rodeio,
O vento se transforma e sem receio
O caos a cada passo rege o plano,
Esgoto o meu anseio no vazio
E trago dentro da alma o desafio
De quem se fez ausente da esperança,
Ao todo quando pude eu me entregara
E agora ao ver sombria esta seara
Nem mesmo a morte próxima me amansa


233


Os mágicos delírios de quem tenta
Vencer os mais atrozes dias, quando
A sorte noutro rumo se entornando
Transcorre com terror, mais violenta
A messe da esperança tão sedenta
O marco se mostrara em tom nefando,
E dentro de minha alma já nevando,
O risco tão somente se apresenta.
Esboço reações e nada vejo
Somente o desenhar em vão desejo
De um dia mais tranquilo que não veio,
E quando mergulhara nalgum mar
Apenas o vazio a me tomar
O olhar sem mais sentido, em devaneio.


234


No fundo, desvendando o passo em falso
E quando tento nova redenção
Os ermos de minha alma mostrarão
Somente o quanto posso em cadafalso
E vendo a cada instante outro percalço
Resumo o meu caminho em turbilhão
E morto sem defesas, num vulcão
Que em vórtices diversos já realço,
Esgarço meu caminho a cada queda
E o preço a se pagar agora enreda
E marca com terror o dia a dia,
O medo se transforma em pesadelo,
O sonho eu já não posso mais contê-lo
Tomado pela escória mais sombria.

235




Nos mares, nas montanhas, noutras faces
Dos mesmos turbilhões onde me levas
As horas com certeza sendo sevas
Não deixam que decerto um sonho; traces.
Aguardo tão somente os desenlaces
E neles bebo tanto as duras trevas
E quando noutro instante o riso cevas
Limites do bom senso ora ultrapasses.
E vejo apenas isto e nada mais,
O quanto dentro da alma os vendavais
Expressam a completa solidão
Edênico cenário? Leda imagem,
E sigo percebendo em tal miragem
Momentos mais doridos que virão.


236


Teus versos sempre encantam quem não vê
Tua alma tão sangrenta e mais venal
E quando desenhando falso astral
A vida segue além e sem por que,
O tanto se resume e em nada crê
O rito mais soberbo e sensual
Marcando com suor temor e sal
O quanto do teu mundo não se lê.
Esboço reações e nada vejo
Senão este momento num lampejo
Matando a florescência da esperança,
Exorto o meu caminho aonde eu pude
Viver o quanto resta em plenitude
Enquanto o meu delírio ao nada avança.


237


As brasas apagadas; noite escura
E o quanto imaginara em mera luz
Agora na verdade reproduz
A fúria onde minha alma se assegura,
E quando muita vez em vã procura
O todo noutra face me conduz
Resulto deste caos e faço jus
Apenas ao caminho em vil loucura.
A sórdida impressão de um sonho ausente
E neste delirar já se apresente
Somente este cenário costumeiro
E o risco se transforma em tempestade
Enquanto cada passo já degrade
Os restos desolados de um canteiro.


238


Nas chamas destes lassos dias mortos
Eu vejo retratado cada infausto
E bebo deste sonho em holocausto
Marcando com terror antigos portos,
E sendo desta forma a vida traça
Somente a mesma audácia onde pudera
Vencer a tempestade, vã quimera
E o tempo se esvaindo na fumaça,
Esgoto o verso enquanto posso ver
Além do imediato algum momento
Aonde na verdade ainda tento
Qualquer vão devaneio ao bel prazer,
Escória tão somente e nada mais,
Meus dias se traçando sempre iguais.


239


Eu peço, te repeço, e nada fazes
Avaliando a vida assim por baixo
No vago deste rumo não me encaixo
E sigo as tuas horas mais tenazes,
Mergulho no vazio onde me deste
O rumo em discordância e nada além,
Durante o meu caminho o quanto vem
Traduz o verso duro e mesmo agreste,
Não pude caminhar em temporais
E vendo a derrocada deste sonho,
Somente pouco a pouco decomponho
Os ritos entre os ermos funerais,
E vejo tão somente esta distância
Aonde quis a glória em rara estância.

240


Amores que plantei com tal cuidado
E nada na colheita ainda havia,
A sorte desdenhada e mais sombria
Não deixa qualquer sonho por legado,
O passo no vazio sendo dado,
Verdade tão distante não mais via
E quem soubera farta esta alegria
Agora noutro rumo, desolado.
Esboço reações e nada veio
Somente o mesmo passo aonde alheio
Rescaldos não traduzem nada além
Do pouco que inda resta dentro em mim,
E vejo o meu cenário em ledo fim
Sabendo o quanto o nada ainda vem.

241



Nas sendas dos meus sonhos, pude ver
Cenários mais diversos e incompletos
Os rumos entre tantos prediletos
Não deixam menor sombra de um prazer,
O quanto a cada instante percorrer
Em ritos tão soberbos mortos fetos
Restauro com terror os desafetos
E tento outro caminho em paz vencer.
Não tendo solução entrego ao nada
A vida noutra face desenhada
Emana-se deveras o vazio,
E quando mergulhara em luz suave,
Apenas outro passo ainda agrave
O duro e sem sentido, amargo estio.


242

No mundo que encontrei sementes várias
E nelas não cevara uma esperança
Aonde o meu caminho não alcança
As sortes são deveras procelárias
E as horas noutros ermos solitárias
Arcando com os medos, afiança
Tramando muito pouco em confiança
Deixando no passado as luminárias
Esgoto cada tema quando busco
Um dia mais suave, e sendo brusco
O tempo não me deixa mais saída,
Apresentando assim em tom disperso
O quanto do desejo ainda verso
Não deixa mais sinal qualquer de vida.


243


Por tantos universos me perdendo,
Sem ter qualquer sinal de redenção
Os dias se repetem, mesmo não,
E o canto se mostrara mais horrendo,
E quando novamente não desvendo
Sequer outro momento em precisão,
Escuto a mesma voz da ingratidão
Sabendo ser deveras um remendo,
O passo noutro caos se dando assim
Expressa o quanto resta dentro em mim
Funesta realidade me assolando,
Aonde quis um riso, ao menos isto,
Decerto a cada engodo eu já desisto
O coração mordaz em contrabando.


244

Explodes em delírios quando traças
Os ermos de minha alma em tom sombrio
E quando novo rumo eu desafio
As horas se perdendo em vãs fumaças
A cada instante vejo tais trapaças
E assim o quanto pude não recrio
E morto sem nascente, o sonho, um rio
Somente se transcende em outras praças,
Das plagas mais distantes, vejo a luz
E o quanto do meu peito não conduz
Senão ao mesmo engano costumeiro,
E o corte se apresenta bem maior
Deixando este caminho e o sei de cor
Traçando em cada passo um espinheiro.


245

Na brasa que trouxeste em dor e pranto
Mergulho meu infausto caminhar
E quando mais pudesse desejar
Nem mesmo um passo além ora garanto,
E tantas vezes bebo o desencanto
E num diverso tom, mesmo luar
Marcando em dissonância o que buscar
Matando com terror o manso canto,
Espuriamente a vida não me dera
Sequer a menor sombra em primavera
Gerando um duro estio dentro em mim,
Esta aridez reflete a cada instante
No quanto vejo em tom mais degradante
Aonde fiz outrora o meu jardim.


246


Quimeras esquecidas? Ledo sonho.
Revivo a cada instante este momento
Gerado pela dor e se alimento
O canto noutro rumo é mais medonho
Vencido pelo toque tão bisonho
Entregue o pensamento ao turvo vento
E quando do passado eu me atormento
Marcando cada passo aonde o ponho,
Esboço reações e busco ainda
A história aonde o tanto agora brinda
Gerando o meu delírio em tal fastio
E a morte redimindo cada engano,
Enquanto dia a dia enfim me dano,
O sonho muito além eu desafio.

247

Embora tanta vez eu presumisse
Um novo amanhecer e nada havia
Somente a mesma amarga sintonia
Tramando com terror esta mesmice,
Amor nunca passara de crendice,
E neste desenhar outra heresia
Marcando com terror o dia a dia
E nisto se apresenta uma tolice,
Esgoto o meu caminho e nada tendo,
Somente o mesmo olhar atroz e horrendo
De quem se fez somente em treva e dor,
Ausento do cenário aonde pude
Sentir o dissabor em plenitude
Aonde quis outrora multicor.


248



Na noite que rolamos pedras, rocas
E o tanto quanto pude até sonhar
Vagando sem destino em pleno mar,
Assim noutro momento me provocas
E quando para além inda deslocas
A sorte num diverso desenhar
O risco de viver a se mostrar
Enquanto com terrores tu me tocas,
Esqueço o meu caminho e perco o rumo,
Os erros mais comuns agora assumo
E vivo esta imperfeita previsão,
Oráculos, diversas profecias
E nelas outras sortes; não verias
Tocado por total ingratidão.

249


Sentidos e carícias? Mero acaso,
E o tanto quanto quis e nada vinha
Somente esta saudade toda minha
E nela com terror ora me atraso,
E venço com temor cada descaso
Enquanto a solidão em mim se aninha
A sorte se transforma e mais daninha
Não deixa qualquer rumo e não me aprazo,
Espero alguma luz onde não há
E o tanto quando posso me dará
A ausente sensação de uma esperança,
Ourives do vazio, eu não lapido
O quanto desejara e desvalido
Tormento a cada instante mais avança.

250



Nossa casa, resquícios, nada mais
E neste desabar tanta emoção
Pudesse perceber e sei do não
Exposto em dias turvos e venais,
Ausente dos meus olhos qualquer cais
Ainda não se vendo a direção
Da qual já não percebo a precisão
E sigo os meus demônios colossais.
Reflito o quanto pude e nada veio
Somente o mesmo olhar ausente e alheio
Depois da queda atroz em falso e dor,
Jogado nalgum canto desta sala,
Minha alma na verdade nada fala
E apenas se entregando ao vão torpor…

251

Cruel, difícil, livre caminhar
Por entre os espinheiros da esperança,
A vida não sequer sossega e amansa
Matando o quanto resta do luar,
E neste duro sonho a se mostrar
Apenas o vazio dita a lança
E quando mais espero uma mudança
A sorte não consigo divisar.
Espero tão somente alguma luz
E quando outro cenário reproduz
O infausto deste instante ou mesmo além,
A morte se aproxima e dita a norma,
Meu passo doravante se deforma
E nada após a queda ainda vem.

252



Vivemos triste mundo aonde o caos
Tramara inconseqüente tempestade
E o pouco que decerto ainda agrade
Traduz outros momentos torpes, maus.
Errando a direção de cada passo,
O tanto quanto posso e nunca veio
Olhando para os lados num alheio
Delírio o meu caminho já desfaço.
Arrisco um passo aonde nada existe
Somente esta mortalha se tecendo
E o quanto de minha alma em tal remendo
Persiste num cenário amargo e triste
A queda prenuncia esta fratura
Onde a mortalha agora se afigura.


253


A vida já não traz qualquer proveito
A quem se dera tanto e nada vinha,
Enquanto imaginei que fosses minha
Ao menos neste sonho, satisfeito,
Agora solitário quando deito
Resumo do que tanto não provinha
Da face mais atroz mesmo daninha,
E o engodo na verdade agora aceito
Aonde esperaria alguma paz
Somente o mesmo rito mais mordaz
Desenha a podridão desta alma impura
E o canto se apresenta amortalhado.
Meu rumo noutro instante desolado,
Somente a solidão já se assegura.

254


Maldita esta saudade que adentrando
Esta alma sem juízo e sem pecado,
Aonde nada trago além do enfado
E um dia mais pesado em contrabando,
Vasculho meu caminho e desde quando
A sorte noutro rumo desolado
Expressa este cenário destroçado
E nele outro tormento desabando,
Esbarro nos enganos traiçoeiros
Marcando com espinhos os canteiros
Enquanto poderia acreditar
Num passo mais audaz e nada vejo
Somente este temor e num lampejo
Um raio sem sentido de luar.


255




Espero por um dia e nada havendo
O todo se transforma num momento
E quando ainda busco ou mesmo atento
Respiro este cenário mais horrendo,
E o quanto deste todo não desvendo
Marcando com terror o desalento,
E aonde me entregara ao forte vento
O passo noutro rumo se revendo
Encontro os meus retalhos no caminho
E sei do quanto fora mais daninho
O sonho aonde um dia quis a glória
Não resta dentro em mim sequer o brilho
E quando no vazio cismo e trilho,
A noite se aproxima merencória.

256


De colmo, nossa casa, uma palhoça,
Porém um palacete para mim,
No quanto desejara e sei do fim
O tanto não mostrara o quando possa,
Vencer os meus fantasmas, não endossa
O passo noutro rumo, este jardim
Revela este desdém e nele enfim,
A sorte num momento não se apossa,
E o quanto imaginara e nada havia
Sequer a menor sombra de alegria
Amordaçada a voz de quem sonhara,
E agora ao ver diversa luminária
Aonde se desenha a temerária
Realidade amarga em vã seara.


257



Porém era sincero o meu querer
Embora em discordância com o fato
De ter apenas isto e se resgato
A vida noutra face; a se perder,
Mergulho no vazio e passo a crer
No quanto poderia e não constato
Vencido caminheiro eu me arrebato
E tento noutro rumo algum prazer,
Centrando o meu desejo no abandono,
Apenas do não ser ora me adono
E teimo contra a fúria das galés,
E sendo desta forma o dia a dia
Aonde noutro rumo poderia,
Correntes; vejo atadas nos meus pés.


258


Num êxtase vivemos alguns meses
Depois a vida traga e nada deixa
Senão a mesma atroz e dura queixa
Na qual já nos perdemos tantas vezes;
O olhar procura embalde qualquer luz
E nada do meu mundo ainda vejo,
O quanto poderia algum desejo
Noutro momento infausto já compus,
Estranhos olhos ditam do abandono,
E quando da esperança ainda abono
Algum sorriso é mera fantasia.
A morte se tornando mais tangível
O canto de alegria, inda inaudível
Meu rumo em desencanto se faria.


259



Procuro algum caminho aonde eu vejo
Apenas o cenário degradado
E o canto noutro rumo anunciado
Transcende ao quanto pode algum ensejo,
Escrevo com terror e me apedrejo
Ousando no vazio, desolado,
E quando tinha a sorte plena ao lado,
Nem mesmo assim sorvi este azulejo
Espero alguma luz onde não há
E apenas desenhando desde já
O quanto em sutileza pude crer,
A vida se apodrece paulatina
E nada na verdade me fascina,
Morrendo pouco a pouco e sem prazer.

260


O tempo derramou o vasto fel
E neste amargo passo rumo ao nada
A vida muitas vezes desolada
Expõe outro caminho mais cruel,
O canto se demonstra em turvo véu
E a sorte noutra face desenhada,
Resume sem vigor esta alvorada
E o coração audaz seguindo ao léu,
Escondo dentro da alma esta armadilha
E quando uma ilusão meu passo trilha
Encontro tão somente a voz austera
De quem noutro momento fora tanto,
E agora se tornando este quebranto
Atocaiada fera, só me espera.


261



A noite que nos viu em plenitude
Depois dos temporais tão costumeiros
E vejo disfarçados os luzeiros
No quanto cada passo desilude,
Vestindo com terror a juventude
Perdida noutros rumos, traiçoeiros
Arando com meu sangue os teus canteiros,
O passo no vazio desilude,
Esgarço em luz sombria a realidade
E apenas o temor ora me invade
Gestando a tempestade dentro em mim,
Depois de tantos anos, nada tendo
Resumo o meu caminho no remendo
E nele cada sonho, um vão motim.


262


Em loucos sentimentos pude ver
O tanto quanto valho, muito pouco.
E quando em solidão já me treslouco
Resumo de outro caos; irei beber.
A sorte não se dando em plena face
Egresso do vazio; o represento
Restando dentro em mim raro tormento
Aonde o meu caminho ainda passe,
Marcando em cicatriz dura e profunda
A senda mais ousada, agora morta,
E quando o pensamento já se aborta
A dor deveras forte, tudo inunda.
E acréscimos de luzes? Nem pensar
Apenas esta sombra a nos tocar.

263


Saudades do teu brilho? Nada disto.
O quanto já se foi e não voltasse
Mostrando a verdadeira e dura face
Da qual e pela qual eu já desisto,
E quando acreditasse, não persisto
Resumo meu caminho aonde trace
O sonho que talvez não mais moldasse
A farsa aonde; em vão, nem mais existo.
Num esporádico cenário, o não
Invade e toma toda esta amplidão
Deixando amortalhado o sonho em mim,
E a senda se desnuda totalmente
Ainda que deveras me apresente,
Eu vejo-a tão distante, até que enfim.


264

Esmolei tantas vezes sem saber
Se havia qualquer chance de ilusão
E quando na verdade vejo o não,
O tempo se desenha em desprazer,
O quanto pude mesmo obedecer
Gerando a mais completa traição
E os dias com certeza não trarão
Sequer alguma messe em bem querer,
Escarpas são comuns a quem navega
E a sorte sem juízo, tola e cega
Renega qualquer messe a quem porfia,
E assim invés do gozo abençoado,
Apenas trago a dor e aqui do lado,
Reinando dentro em mim rara agonia.


265


Meus versos em total ausência trago
E tento alguma luz onde não há
E sei do desengano desde já
Marcando com terror invés de afago,
O tempo se desenha e quando indago
Jamais alguém decerto me trará
O encanto desejado aqui ou lá,
Embora o meu tormento esteja pago.
Assisto à derrocada deste sonho,
E vejo este cenário mais bisonho
Enfronho meus anseios no vazio,
E quando nova senda se fizera
Marcando com ardume a primavera,
Engano a cada passo eu já recrio.


266


Um coração morrendo sem saber
Da sorte que deveras tanto quis
E o tempo se perdendo por um triz
Marcando o meu caminho em desprazer,
E ainda mais distante eu posso ver
O olhar extasiado e até feliz
De quem noutro momento contradiz
O quanto poderia merecer.
Esqueço os meus momentos de ternura
E a vida noutra senda já perdura
Marcada pela dor em plenitude,
E quando desenhara alguma sorte,
Apenas o vazio me conforte
Enquanto o dia a dia desilude.


267


Espera enfim, nascer outra emoção
Aonde nada houvera senão trevas
E quando ainda além dos sonhos levas
A sorte noutra turva direção.
E os dias que vierem mostrarão
As sendas mais atrozes, duras levas
E quando em esperanças tentas, cevas
O solo se transborda em solidão,
Esgoto cada passo rumo ao nada
E vejo a mesma face deformada
Gerando outro caminho mais atroz,
E quando nada vejo além da queda
O passo no vazio se envereda
E morre sem saber se existe após.

268


Meu velho paletó já destruído
Jogado nalgum canto desta sala,
A voz quando terrível avassala
E o tanto se mostrando o dilapido,
O quanto poderia neste olvido
Vestir o coração e nada fala,
Minha alma se expressando em torpe vala
Destoa do cenário presumido,
Ouvindo a voz do sonho e nela eu sinto
Apenas o rancor tomando o instinto
Invisto cada passo no vazio,
E o tanto quanto rude sou deveras
Marcando num estio o que inda esperas
E neste delirar eu desvario.

269




A chuva no meu peito toma tudo
E quando na verdade ainda quis
Momento mais tranquilo e por um triz
Errático desejo eu já me iludo,
Ao todo que pudesse eu me amiúdo
E tento ser além deste aprendiz,
A morte se tramando e a velha atriz
Deveras mergulhando em vago escudo.
E quantas vezes; tive nestas mãos
Apenas os momentos tolos, vãos
E assim eu desenhara outro sentido,
Esboço reações e nada vejo
Somente outro cenário onde azulejo
Há tanto se mostrara destruído

270

No meu canto em desvairada melodia
O quanto ainda resta traz o fim
E tento renovar velho jardim
Aonde nem a sorte poderia,
Vencido por mortalha, a cada dia
Errático demônio chego assim
Ao todo que pudera dentro em mim,
Deixando no passado a sintonia,
Esboço reações e nisto eu posso
Vencer os meus caminhos; sou destroço
Um pária tão somente e nada além,
Do quanto pude mesmo acreditar
A sorte se transforma e em seu lugar
Apenas a mortalha me convém.


271



Calada, adormecida, e quase morta
A sorte não traduz algum alento
E quando outro caminho; ainda eu tento
Trancada desde muito a velha porta,
O sonho pouco a pouco já se aborta
E gera tão somente o sofrimento
E mesmo que eu pudesse estar atento
A faca se afiando, tanto corta,
E o passo rumo ao nada se transforma
E toma esta finita e dura forma,
Mesquinhos olhos dizem do futuro,
Apenas tão somente este vazio
E quando qualquer sonho eu desafio,
Somente do insensato eu me asseguro.


272


Cinzentas brumas, mares, tempestades
Procelas entre tantas ventanias
E quando alguma luz; inda querias
Apenas os terrores quando invades,
E assim se percebendo as tais verdades
E nelas as histórias mais sombrias
Marcando com angústia as poesias
Enquanto noutra face me degrades,
Esboço qualquer frase e nada digo.
Meu passo se transforma em desabrigo
E o canto se transcorre em ar venal.
Minha alma neste instante isto reflete
Ou trama o corte imenso, canivete
Ou mesmo a face aguda de um punhal.


273

Derrotado procuro alguma messe
Aonde nada havia nem pudera
A sorte se transforma nesta fera
E nisto este delírio me enlouquece
Ainda quando muito recomece,
Traçando novamente a dura espera
E o passo rumo ao nada destempera
Deixando para trás o quanto esquece;
Reparo no vazio dentro em mim
E chego mansamente até o fim
Depois das derrocadas costumeiras
E quando me traçara em tom suave
O canto mais amargo tudo agrave
E imersa no vazio já te esgueiras.


274



Um dia fomos lúdicos; embora
A vida não permita uma ilusão
O tempo se transforma e gera o vão
Aonde todo o resto se demora,
O quanto da saudade inda devora
E traça novos dias que virão
Marcando cada passo neste não
Enquanto a poesia desancora,
Expresso a solidão enquanto tento
Vencer o mais temível sofrimento
Jogado sobre as pedras, duras rocas
E assisto ao fim de tudo em camarote,
Porquanto a própria vida me derrote
No infausto onde deveras já provocas.


275



O tempo tão cruel não mais permite
Qualquer imagem feita em claridade
E o quanto do meu mundo desagrade
Ultrapassando assim qualquer limite
Enquanto no passado se acredite
Meu passo dia a dia se degrade
E trace invés de paz e claridade
A grade que o caminho delimite.
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencido pelo engodo e em tal castigo
Os erros se acumulam, são fatais,
E quando quis um dia mais tranquilo
Apenas ódio e dor ora destilo,
Tocado pelos fartos vendavais.




276


Não deixe que essa lua vá embora
Expressa o quanto sinto e nada mais,
As noites entre brumas, temporais
Traduzem a saudade que apavora,
E o quanto deste encanto se demora
Transcende aos meus momentos desiguais
E quando imaginara noites tais
A sorte noutro rumo, sempre ancora.
Mas quantas vezes busco e nada vendo,
Senão este cenário turvo e horrendo
Nublando dentro em mim, insanidade,
E assim ao se tentar qualquer benesse
A vida na verdade apenas tece
A imensa e desmedida tempestade...


277

Impeça nosso amor o quanto existe
Ainda de esperança e já não vira,
O tempo desenhado em tal mentira
Desenha algum aspecto amargo e triste,
O sonho quando muito inda persiste
E aos mágicos momentos nos atira,
Mas quando a poesia se retira
Apenas solidão inda resiste.
Vestindo esta quimera, nada levo
O coração deveras frágil, sevo
Não tendo outra saída, segue só.
Do quanto imaginara bela estrada
Não sobra na verdade quase nada,
Somente esta expressão em medo e pó.


278


A forma com que tanto me entregara
Não deixa qualquer dúvida, eu errei.
Ao mergulhar insano em torpe grei
Mal conhecendo os ermos da seara
O tanto quanto pôde me separa
Do todo onde decerto imaginei
Um mundo bem diverso e me encontrei
Na noite tão dorida quão amara.
E assim sem mais momentos de alegria
Minha alma noutra face poderia
Apenas desvendar outro passado,
E esbarro nos meus erros costumeiros
E tento revolver velhos canteiros
Usando da esperança como arado.

279


Não pode ser do jeito que se tenta
Vencer os dissabores mais atrozes,
E quando ninguém ouve mansas vozes
Apenas se escutando esta tormenta,
Do nada simplesmente se alimenta
E o quanto poderia ter em fozes
Diversas das que vejo diz de algozes
Mergulhos onde nada me apascenta.
E o tanto imaginado nunca veio,
Apego-me ao vazio e neste anseio
O risco de sonhar já não convém
A quem se tantas vezes fora ingrato
Agora noutra face só retrato
A imagem da esperança, muito aquém.


280




Eu vivo sem saber sequer do rumo
E neste meu delírio nada vendo.
A sorte poderia em estupendo
Caminho procurando um raro prumo,
E quando na verdade eu me consumo
Num ato mais atroz e mesmo horrendo,
O passo noutro instante se perdendo
Enquanto no vazio ora me esfumo.
Escuto a voz do vento e nada mais
Tocando com furor os meus umbrais
Deixando para trás qualquer promessa,
E assim neste momento em turbilhão
Apenas os vazios me trarão
O encanto aonde a glória já tropeça.

281

Que tanto semeamos vida afora
E nada da colheita desejada
Assim ao percorrer a leda estrada
O passo noutro rumo desarvora,
O quanto da esperança não demora
E trama noutra estância a sua estada,
Expressa a realidade desolada
E o canto sem sentido da alma aflora.
Quisera pelo menos a alforria
E sei quanto em verdade nada havia
Senão este jazigo, dor e tédio.
E quando procurasse algum alento,
Apenas do insensato eu me alimento,
A morte então seria um bom remédio.


282



Amando sem contar com qualquer luz
E neste caminhar entre as pedreiras
As sortes muitas vezes lisonjeiras
Refletem cada passo onde me pus,
Vencido pelo infausto, trago a cruz
E nela toda a sorte que não queiras
Ousando de emoções como bandeiras
Às quais eu poderia fazer jus.
Mas nada do caminho se decifra
Montante da esperança em leda cifra
Esboça qualquer rumo e nada vendo,
Cerzindo do abandono algum caminho
O risco se transborda e me avizinho
Da morte como sacro dividendo.


283


A noite vai perdendo o seu sentido,
E nada me traduz nova manhã
A história se repete e tão malsã
Não deixa qualquer sonho presumido,
O quanto da esperança dilapido
E roubo sem sentir meu amanhã
No infausto desenhar em torpe afã
Ausente dos meus olhos, distorcido.
Esculpo em alabastro o mesmo nada
Aonde a sorte fora imaginada
E tanto se perdera num instante,
O canto mais atroz ditando o medo,
E quantas vezes busco e me concedo
Sem nada que deveras adiante.


284


A solidão queimando cada parte
Do sonho em dor e frágua, desferido
O peito na verdade sem sentido,
Nem mesmo uma esperança já reparte,
O quanto do passado foi descarte
E o todo noutro rumo vai perdido,
Apenas o momento presumido
Aonde se quisera risco ou arte,
No fundo alguma luz ainda havia
E nesta madrugada intensa e fria,
Rolando nas sarjetas do abandono,
O pária coração já nada sabe,
Mal percebendo o quanto ainda cabe
Somente do vazio ora me adono.


285


Vazio nos tomando plenamente
E o caos já não permite qualquer luz
E quando imaginara ao que conduz
A vida sem temores, tanto mente.
E o quanto poderia ser semente
Agora se transforma em medo e pus,
O tanto imaginário traz a cruz
E nela este terror quase inclemente.
Vestindo este abandono dentro da alma,
Nem mesmo a poesia mais me acalma,
Nos vórtices terríveis meu caminho,
Tentando qualquer messe onde não há,
O mundo desabando desde já
Apenas num cenário mais mesquinho.



286


As garras tão terríveis da ilusão
Adentram cada ponto da esperança
E traçam com temida e vã pujança
Os dias que deveras não virão,
A sorte desdenhada desde então
Enquanto se prepara e agora alcança
O tanto quanto pude em temperança
Marcando cada passo com o não.
Espreito atocaiado cada bote
E quando outro caminho já se note
A vida não permite outras saídas
E vendo o pouco mesmo que me resta
Ao perceber a imagem desonesta
Marcada pelas ânsias presumidas.

287


Na solidão que estamos, desde agora
O tempo ensandecido não permite
O quanto imaginara num limite
E nada desta cena então se aflora,
O passo noutro rumo desarvora
E o canto sem domínio ainda agite
O temporal no qual já se acredite
Num erro tão comum que me apavora.
Cenários mais diversos, versos, ermos
E os dias se aproximam dos seus termos
E geram tempestades mais atrozes,
Escondo-me decerto deste engano
E quando qualquer rito ora profano,
As sortes trazem ledos, vis algozes.

288


Não sei se poderemos inda ver
O quanto de esperança me alimenta,
E o tanto do passado diz tormenta
E nega; qualquer belo amanhecer
Pudesse noutro instante então tecer
Além da velha imagem tão sangrenta
O passo aonde a vida se apascenta
Resisto e me concebo sem prazer.
Esboço reações e nada vejo,
Somente o mesmo anseio malfazejo
E dele se refazem meus lamentos,
E quando poderia ser diverso,
Apenas me perdendo a cada verso
Entregue aos mais ferozes, loucos ventos.

289


Talvez em outros braços eu consiga
O abrigo que jamais pudeste dar,
E assim ao mais distante imaginar
A sorte noutra face se persiga,
A imagem mais feliz, porquanto amiga
Já não resiste e nada em seu lugar
Pudesse num momento me tocar
Somente a dura imagem desta intriga.
Repasto para as tantas rapineiras
Embora muitas vezes não mais queiras
Senão este derrame em dor e medo,
Ao mar sem ter defesa; eu me entregando
O coração pesando em contrabando,
E assim ao suicídio eu me concedo.

290


O brilho das estrelas neste olhar
Refletem muito além de mera luz,
E quando noutro instante reproduz
Cenário tão diverso a me tocar,
Encontro nele o próprio e bom luar
No toque onde decerto me seduz
E gera outro momento em contraluz
Marcando a cada instante, a provocar.
Restando deste tanto o quanto quero
E sendo de tal forma, mais sincero
Acerto o meu caminho e venho a ti.
Restauro todo passo rumo ao farto
E o canto noutro instante já reparto
Vivendo a imensa messe que perdi.


292



Reflexos nesses mares tantos sóis
E neles outros tantos repetindo
Cenário em turbilhão intenso e lindo
Aonde na ilusão tu já constróis
E vendo nos teus olhos os faróis
Enquanto o meu caminho refletindo
O quanto imaginara agora findo
Vestindo esta promessa em girassóis.
Adentro nos espelhos e mergulho
Ousando ouvir além deste marulho
As ondas dentro em mim, tantos cenários,
Os dias se repetem, mas prossigo
Buscando inutilmente algum abrigo
Ainda mesmo até se temporários.


293


Os dias que passamos entre medos
Diversos e sombrios nada trazem,
Porquanto noutro rumo ainda aprazem
Os tempos mais atrozes, mesmo ledos.
E sem saber sequer novos segredos
Os erros costumeiros nos atrasem
E as sortes com terror ainda fazem
Dos ermos tão somente os meus degredos.
Esbarro nos enganos e procuro
Vencer qualquer tormento e mesmo escuro
O céu onde me perco nada traz
Senão a mesma face entorpecida
Marcando com angústia a minha vida
Num ato tão insano quão mordaz.

294



Demoram-se nas tramas mais diversas
As horas dolorosas e sombrias
Enquanto um novo sonho me trarias
Durante tantas horas ledas, versas
E assim as cenas turvas e perversas
Marcadas pelo medo em heresias
E as sensações atrozes e sombrias
Que além do próprio rumo já dispersas,
Expressam tão somente a solidão
E assim a cada instante se verão
Erráticos cometas dentro em mim,
O tanto quanto pude e nunca veio
O olhar seguindo em tolo devaneio
Trazendo tão somente agora o fim.


295


O verde desta mata num olhar
Reflete a cada instante um tom suave,
E nada mais deveras inda agrave
Vontade de tocar e de sonhar,
Aprendo pouco a pouco o bem de amar,
O coração liberto como uma ave
Adentra este infinito e rara nave
Já sabe aonde deve se aportar.
Vencer os meus temores costumeiros
E crer noutros momentos em canteiros
Diversos na florada da esperança.
Assim além do cais eu posso ver
O sonho num instante me trazer
A messe aonde tudo ora se alcança.
296



O canto de lamúria se espalhando
Aonde nada mais pode calar
A voz de quem deseja em vão sonhar
E sabe deste intento e desde quando,
O rumo noutro fato desenhando
Cenário tão suave a se mostrar,
Pudesse novamente enfim amar
Quem tantas vezes vi em contrabando,
Espero qualquer dia poder ter
Nos olhos o sincero amanhecer
Reinando sobre tudo no horizonte
E assim ao mergulhar na imensa lua,
Minha alma além do mar ora flutua
Chegando aonde o tanto se desponte.

297


Amor sempre dileto poderia
Trazer algum sorriso, mas sei bem
Do quanto do vazio me contém,
E a noite se entregando dura e fria,
A sorte noutro rumo, poesia,
Vivendo da esperança muito aquém,
Resume o quanto sinto que não vem
Na face mais atroz, melancolia,
E a morte a cada passo se apresenta
Qual fosse a solução que, virulenta
Ainda aplacaria a tempestade
E nela tão somente este cenário
Deveras tantas vezes temerário
O qual tanto deveras já me agrade.

298



Embrenha sem ter medo nas entranhas
Audazes da esperança quando posso
Traçar este caminho outrora nosso
Por onde na verdade nada ganhas,
As horas entre tantas vãs, tamanhas
Adentram cada passo aonde endosso
O rústico cenário e me aposso
Das ermas e dispersas vãs montanhas,
E quando além de tudo ainda espalhas
Nos fios afiados das navalhas
A morte, a sorte, o corte em redenção
Do todo imaginário resta o fim,
E assim resumo o todo dentro em mim
Marcando com terror cada estação.


299


Dos sonhos que se tornam pesadelos
Momentos mais atrozes, dores tantas
E logo das mortalhas me adiantas
Cenários tão diversos ao retê-los
E vendo nestes falsos vis novelos
As horas mais doridas; inda cantas
Porquanto noutro rumo tu te espantas
Tramando com terror tantos desvelos,
Apresentando as dores mais atrozes,
Esqueço da esperança em frágeis vozes
E arisco companheiro do vazio,
Esbarro nos meus erros e persisto
O todo se perdendo e sei bem disto,
Apenas outro infausto; em vão, recrio.


300



De tempos que se foram e não vejo
Sequer a menor sombra desde quando
O mundo noutro rumo se tomando
Marcara cada fase em vil lampejo,
Aonde poderia algum verdejo
O temporal aos poucos desabando,
O medo traça o passo mais nefando
E nele com terror tento e dardejo.
Assisto à derrocada de quem tenta
Vencer a vida amarga e mais sangrenta
Apenas com sorriso e nada mais,
Olhando de soslaio vejo o fim,
E o tanto apodrecido o meu jardim
Por onde sem defesas tu te vais.


301

Amores transformados em procelas
Borrascas sem bonança ou calmaria,
A sorte noutro rumo não traria
Sequer o quanto queres e revelas,
E quando no passado ainda selas
As horas num cenário em utopia
Apenas o momento se veria
Ousando desafios, duras celas,
Ensaio alguma luz e nada veio,
Seguindo cada passo mais alheio
Aos tantos que inda possa adivinhar,
A morte não permite sequer ver
O sol aonde o quis amanhecer
Marcando com tormenta este luar.

302


Nas preces tais amores são malditos
E deles nada mais quero ou pudera,
Senão a solidão, vaga quimera
E nela meus temores mais aflitos,
E quando a solidez destes granitos
Apenas o futuro destempera,
Marcando cada passo numa espera
Gerando dentro em pouco velhos ritos,
Os dias entrelaçam medos, rumos
Diversos entre passos sem aprumos
E os sumos se perdendo a cada ausência,
Do tanto que pensara acreditar
Somente este caminho a desenhar
O todo sem saber qualquer essência.


303


Pois tudo que na vida traz ausência
Expressa o quanto pude e nada vinha
Senão a mesma face mais daninha
E nela qualquer tom dita a inclemência
Aonde poderia em penitência
Singrar outra emoção que não a minha
A sorte se propaga e mais mesquinha
Entranha com terror e virulência,
Sequer a fantasia me consola,
E o quanto da saudade ainda assola
Resulta neste farto delirar,
A morte redimindo cada engano
Enquanto noutro instante já me dano,
Eu possa pelo menos descansar.


304



Somente amor transforma? Uma crendice,
A vida não permite mais o sonho,
E quando a cada passo decomponho
O quanto percebera e não mais visse,
O amor ditando sempre esta tolice
Num ar tão tenebroso quão medonho,
E neste caminhar mais enfadonho
A história a cada engano mais desdisse,
E bebo cada gota deste amargo
Caminho e quando enfim, dele eu me largo
Encontro a paz que tanto desejara.
Amar é se perder em rumo e prumo,
E quando à solidão eu me acostumo
Bendigo a imensa paz desta seara.


305

Um coração que trama uma ventura
Aonde nada há mais do que um momento
E neste desenhar ainda tento
O quanto cada passo me assegura,
Ainda se pudesse com ternura
Vencer o mais dorido e vão tormento
Um dia mais suave eu me acrescento
Embora seja torpe tal procura,
Numa avidez insólita o caminho
Ao qual com toda força ora me alinho
Esboça algum sorriso, pelo menos,
E quando imaginasse nova sorte
O nada na verdade me comporte,
E os dias não seriam mais amenos.


306

De ter além de mil motivos tantos
Encontro a direção e nada vejo
Somente este cenário e num lampejo
Adentro os meus temores, desencantos,
E os dias mais ausentes entre os prantos
No quanto a cada instante mais almejo
O rumo aonde o verso em vão dardejo
Gerando tão somente estes quebrantos,
Jogado pelos cantos desta casa,
A vida noutra face já se atrasa
E a morte se assomando em tom nefasto,
Dos ermos mais profundos, nada veio
Somente o meu olhar atroz e alheio
Enquanto dos meus passos já me afasto.


307

Batendo simplesmente sem sentido
O quanto pude mesmo acreditar
No encanto tão diverso a me tocar
Trazendo um passo aquém e desmedido,
O tanto dentro da alma não lapido
Nem vejo noutra cena a me tomar
Vestindo esta ilusão tento o luar
E nada mais seria em paz urdido,
O rústico cenário se apresenta
E nele cada passo outra tormenta
Marcando em virulência o dia a dia,
Assíduo companheiro do vazio,
Apenas o meu mundo; se o recrio,
Impede qualquer luz, mesmo sombria.

308

Em tantas rebeldias vida afora
Herdara simplesmente este vazio
E o quanto deste passo eu desafio
Ainda sem sentido me apavora,
Verdade noutro instante não aflora
E bebo com terror tal desvario
E o tanto quanto posso ser sombrio
Deveras noutro rumo desancora,
Espúrias criaturas, alma insana
E quando da verdade ora se dana
Marcando com desespero cada passo,
Assim ao fim de tudo resta o brilho
No qual tanto caminho e quando trilho
Aos poucos sem saber, eu me desfaço.

309


O coração adentra outras senzalas
E vive qual cativo sem saída,
Perdera desta forma a minha vida
Em sendas mais atrozes me avassalas
E quando novamente nada falas
A sorte de tal forma sendo urdida
Não deixa se prever sem despedida
Minha alma preparando suas malas,
E os ermos que inda trago dentro em mim
Traduzem pouco a pouco o ledo fim
Do qual e pelo qual eu me perdera,
A vida não permite outro caminho,
E quando no vazio ora me aninho
Apenas a mortalha concebera.


310

Que tanto amor batendo não presume
Sequer alguma messe em minha vida
E ainda quando busco uma saída
Perdendo desta forma qualquer lume,
Por onde quer que eu vá já me resume
A sorte noutra farta despedida
E a morte a cada instante sendo urdida
Expressa a solidão deste perfume,
Engodos tão comuns a quem pudera
Tentar a melhor sorte e da quimera
Fizera a companheira mais constante,
O encanto se perdendo a cada passo,
Assim noutro momento eu me desfaço
E nada do futuro se garante.



311

Vestido de vermelho o olhar aponte
Ao quanto poderia noutra esfera
A vida noutra face destempera
E gera tão somente nova fonte
Ainda quando ausente no horizonte
O tempo sem juízo nada espera
Somente a mesma face da quimera
Aonde o meu caminho em vão desponte.
Esqueço esta mortalha e vejo o nada
E nele outra figura desenhada
Marcada a ferro e fogo, a cada dia,
E quando quis a sorte mais diversa
O mundo noutro rumo agora versa
E o sonho eternamente enfim se adia.



312

De amor no louco ofício nada vejo
Senão as velhas marcas mais profanas
E quando noutros rumos tu me danas,
Negando da esperança algum verdejo
A sorte se apresenta em torpe ensejo
E tanto quanto podes tu me enganas
Vestindo estas facetas desumanas
Marcando com terror cada desejo.
E quanta vez sentira de repente
Porquanto outro caminho ainda tente
Esta inclemente fúria do não ser
Desenho nos meus ermos o passado
E vendo o meu cenário destroçado,
Apenas aprendendo em desprazer.


313


Coração companheiro dos temores
Entoa outros sentidos, traça o fim,
E nisto se percebe dentro em mim
Ainda o quanto além deveras fores,
Expressam tantos erros, dissabores
E gestas com horror cada jardim,
O mundo acende a dor em estopim
E impede o renasce de seus albores
Espúrio companheiro da esperança
O passo na verdade não avança
E molda a solidão e nada além,
Assim ao me entranhar neste cenário
O quanto do meu canto imaginário
No fundo quase nada mais contém.

314



Eu quero que acompanhes cada passo
Aonde poderia acreditar
Houvesse a placidez de algum lugar
Enquanto no vazio eu me desfaço,
Marcando com terror todo compasso
Enfrento o mais temido, horrendo mar
E sei o quanto posso navegar
No parto desolado que inda traço,
Num baço desenhar a vida trama
Além do quanto fora medo e drama
Apenas o vazio dentro em mim,
Aos poucos nada vindo, nada tenho,
E o canto mais audaz, ledo ou ferrenho
Reflete o quanto dita em dor sem fim.


315


Sabendo que precisas de um descanso
Após os tão diversos temporais
Adentro os teus instantes em formas tais
Que apenas ao vazio ora me lanço
E quando se mostrando sem o ranço
Dos dias mais atrozes, anormais,
Os ermos onde os vejo, meus umbrais
Ao nada com certeza agora avanço,
Expresso em tom diverso o quanto quis
E sei do meu caminho e por um triz
Arcando com enganos sigo alheio
Falena em noite escura, à claridade
Deste neon que agora toma e invade,
Num suicida anseio, ora rodeio.

316

Em tantas armadilhas vida traça
O quanto poderia acreditar
E ver noutro momento outro lugar
Esta esperança aonde o sonho embaça.
Desvendo dos teus olhos a fumaça
E nesta turva imagem desenhar
Aquém do quanto pude imaginar
Apenas o vazio, leda traça.
Erguendo o passo além do quanto eu pude
Não tendo mais a força em amplitude
O risco se anuncia e me toma,
E o quanto poderia ser diverso
Enquanto neste incauto rumo verso
Impede o quanto quis em mera soma.

317



Batendo quase sempre neste engano
A vida não permite mais um sonho,
E quando se desenha tão bisonho
O mundo onde deveras eu me dano,
Espúrio caminhar em frágil plano
E nisto outro cenário agora eu ponho
E vivo sem saber aonde enfronho
Um risco mais atroz e desumano.
Esqueço cada passo e nada vejo,
Senão a minha face em tal desejo
Espuriamente exposta em ventos tais
Demônio que alimento com a fúria
E neste desenhar farta penúria
Rondando sem defesa meus portais.


318


Estrelas que rodeiam outros céus
Diversos dos talvez mais necessários,
Os sonhos saqueando; vãos corsários
Transcendem aos escuros, turvos véus,
E os dias mais atrozes quando incréus
Respaldam novos tempos temerários
E os ermos onde calam meus fadários
Realçam meus caminhos, ermos, léus.
Espalho a dor enquanto poesia
E neste delirar nada haveria
Senão mesmo cenário entorpecente,
E a morte se anuncia em redenção
Marcando os meus momentos desde então
E nada mais deveras se apresente.


319

Que transformada em mágico momento
O tanto quanto pude e não sabia
A sorte se transforma em ironia
E nisto tão somente desalento
Encontro cada infausto e me fomento
Nos ermos de uma tétrica utopia
Marcada com insânia e fantasia
Gestando a todo não este tormento,
Esvaio neste caos onde entranhara
E vendo tão vazia esta seara
A senda desejada já não há,
E o quanto se presume de um estio
Aos poucos noutro engano me recrio,
Marcando com terror e desde já.


320


Porém tão enganosa a vida trama
Apenas o vazio dentro em mim,
E o todo que pensara ter um fim
Renasce e não se cessa a fúria em chama,
A vida renascida deste drama
Dardeja e traz em si ledo estopim,
Marcando com terror cada motim
Enquanto alguma luz quer e reclama,
Apresentando os ermos de minha alma,
Nem mesmo a solidão agora acalma
E a lúdica impressão se perde e ausente
O quanto imaginasse em luz e brilho
Agora noutro instante não mais trilho
E o frio sem sentidos se apresente.

321


Pretende ser tocada pelo sonho
Aquela onde se vê somente o vasto
Desenho quando dele já me afasto
E nada noutro rumo inda componho,
O quanto deste mundo ainda enfronho
E bebo o quanto posso e sei do gasto
Delírio e nele tanto hoje repasto
Tentando aprofundar onde me ponho,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E sei de tais anseios traiçoeiros
Marcados pela insânia e nada mais,
Depois de tantos erros no passado
O tempo novamente transformado
Prepara apenas ermos vendavais.


322


Rabiscada na folha da esperança
A sorte desdenhosa nada trama
Senão a velha e dura, ardente chama
Marcada pelos ventos da mudança,
O passo num instante já se cansa
E nada mais se quer, busca e reclama
A vida noutro instante gera o drama
Aonde mais quisera a temperança.
Espalho a minha voz e nada ouvindo
Sequer algum momento aonde findo
O tempo de sonhar e ser feliz,
Hiberno esta emoção e agora morta
A sorte na verdade pouco importa
E expressa o quanto pode e se desdiz.


323



Em grafite, parece que o desenho
Marcando com terror o meu caminho
Aonde na verdade desalinho
O passo mais atroz, ledo e ferrenho
E quando noutro rumo eu já me empenho
E vejo o meu olhar turvo e mesquinho,
Encontro outro cenário mais daninho
Esboço o quanto pude e não mais venho
Acordos; vou rompendo a cada instante
E o tanto ainda ausente me garante
A face mais atroz da realidade,
E o todo se esvaindo num momento
Ainda ser feliz, eu busque e invento
O fato que deveras não degrade.

324


Brilhando em gigantesco e vão cenário
O tempo não pudesse ser diverso
E quando entranho à toa no universo
Por vezes, tantas vezes temerário,
Ousando repetir o itinerário
E tento novo rumo e me disperso,
Ainda quando em nada desconverso
O canto se faz rude e necessário.
Esboço reações, porquanto eu possa
Apenas vislumbrar ainda a fossa
Aonde nada havia, nem um trilho,
E o quanto se perdera dentro em mim
Expressa a discordância e sei enfim
Que apenas o vazio além, palmilho.


325

Tramando nova vida após a queda
E neste meu abismo bebo a luz,
E quando o fato atroz já reproduz
Cenário aonde a sorte não se enreda
Estendo o meu caminho e nada seda
Nem mesmo este momento aonde eu pus
O rústico delírio em contraluz
Pagando com a mesma vã moeda.
Esqueço cada dia e nada trago
Senão a dor diversa deste afago
Amortalhando o quanto ainda possa
Viver o meu caminho mais atroz
Deixando para trás o quanto em nós
Ainda se gerasse em rude fossa.

326



Porém o que eu pensava não havia
Senão a mesma marca da pantera
E neste caminhar se degenera
O quanto ainda resta em fantasia,
Mergulho noutra face mais sombria
E bebo inteiramente esta quimera
Enquanto a própria história nada gera
Senão a noite amarga e mais vazia
Esqueço o meu caminho e noutro rumo,
Aos poucos com terror enfim me esfumo
E morro um pouco mais sem ter razões
E vejo este cenário hoje repleto
Ditames espalhando o desafeto
Aonde noutro instante tu compões.


327

Em verdade era simples fantasia
O caos que se gerara a cada instante
E nada do caminho se adiante
Aonde novo sonho não havia
E vejo esta constante alegoria
Marcada pelo quanto doravante
A vida noutro caos já se garante
Tocada por somente esta heresia.
O barco se perdendo em tal procela
Apenas o vazio se revela
E gera novamente outra tempesta
E alheio ao meu desejo nada veio,
Somente o descaminho aonde alheio
Nem mesmo a menor sombra ainda resta.


328


São luzes que me enganam tanta vez
E quantas noites; tive em solidão
Os dias mais diversos não trarão
Sequer o quanto pensas e não vês;
Ausente dos meus olhos, nada fez
Senão outros momentos poderão
Traçar essencialmente o mesmo não
E nele a mais completa estupidez;
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tentando pelo menos ter comigo
A luminária ausente dos meus dias,
E quantos ermos; trago em meio ao caos
Os olhos transtornados, ledos, maus
Apenas o que tanto me trarias.

329

Amor, depois senti o quanto espúrio
Caminho desenhado sem pujança
E quando deste nada o nada alcança
Apenas permaneço num perjúrio.
Esbarro os meus anseios no vazio
E o quanto pude crer já não sabia
De toda esta manhã leda alegria
Não vejo outro caminho onde desfio
O manto mais atroz e impunemente
Gerando cada queda aonde eu pude
Viver outro cenário bem mais rude
Ainda quando a paz procure e invente,
Escalo os meus anseios e no fim
A morte se aproxima então de mim.


330


Guardados, esperando algum alento
Depois de tantos dias solitários
Os sonhos são deveras necessários
E neles cada rota eu alimento,
Vestindo com terror o sofrimento
Meus ermos já não são mais solidários
E os vagos entre tais itinerários
Não deixam nem sequer o manso vento,
Esgoto cada fonte e sem nascente
O tanto quanto vem já se apresente
E morre sem sentido, nada traz.
O passo mais bisonho não se tece
E o quanto imaginara em vã benesse
Traduz o meu caminho mais mordaz.



331

Voltaste pros meus braços doce morte
E neste desenhar tanto pudera
Beber a cada instante o quanto espera
E a messe noutro enredo me conforte,
Aonde poderia haver um norte
Apenas vejo além a dura fera
E o quanto do vazio destempera
Não deixa qualquer rumo algum suporte,
E tanto imaginara novo alento
Embora a cada engano se o lamento
Esbarro nos meus erros e me entranho
Nos ermos de um sombrio e tão nefasto
Desenho aonde aos poucos; já me afasto
Daquilo quanto julgo imenso ganho.


332


Depois de tanto tempo procurando
Algum momento em paz e nada havia
Somente a mesma face mais sombria
De um tempo mais atroz, mesmo nefando
Minha alma se transforma em contrabando
E nisto se desenha a hipocrisia
De quem tanto pudera e não viria
Nem mesmo nalgum sonho me tocando.
Expresso em solidão cada momento
E quando a solução; ainda tento
Esbarro nos vazios, minha herança.
O passo rumo ao nada se adivinha
E tendo imaginária a sorte minha
Meu rumo sem sentido não se alcança.


333

Já temos a certeza do não ser
E tento acreditar em algo a mais,
As horas entre as trevas, terminais
Desenham tão somente o desprazer,
E quanto mais pudesse perceber
As ânsias entranhando os temporais
Esbarro nos meus erros terminais
E nada da verdade eu posso ver.
Acossa-me a incerteza e nada vem,
Somente da esperança sou refém,
E o caos se transformando em vaga herança
Cansado de lutar inutilmente
O quanto da alegria enfim se ausente
Traduz a dor imensa que ora avança.


334



Na vida me fará somente a emenda
Do quanto pude crer e não havia
Senão a menor sombra de outro dia
Aonde a voz ausente já se estenda,
E quando outro caminho se desvenda
Marcando com tormenta esta agonia
A sorte na verdade não viria
E amor não passaria mais de lenda.
Esforço-me e decerto ainda creio
No olhar aonde tento estar alheio,
Mas tanto me entranhara com terror
Deixando para trás qualquer benesse
E assim o meu caminho se escurece
Matando em nascedouro alguma flor.


335

Que o fogo desse jogo em ardentia
Transcenda à própria vida e ainda traga
Além da costumeira e dura adaga
A noite mais tranquila e um manso dia,
O todo que deveras poderia
E nisto a solução já não afaga
Quem tenta outro caminho e sorve e draga
A sorte mais atroz, leda e sombria,
Escarpas entre as pedras, frias rocas
E quando um novo tempo me provocas
Marcando com terror o quanto pude
Viver em dor somente a plenitude
Não vejo escapatória e sigo alheio
Ao quanto na verdade inda rodeio.

336


Guardado num recanto da esperança
O sonho se esvaindo num instante
E quando se percebe ora adiante
Ao nada com certeza a vida lança
E o tempo em tons concisos não alcança
Sequer o quanto quis mais radiante
E a morte noutro engano se garante
Trazendo em tanta dor desconfiança
Mudando a direção de cada vento,
O quanto ainda busco e mesmo tento
Não deixa a menor sombra da existência,
E o risco de vagar sem mais destino
Traçando o quanto agora determino
Roubando da alegria sua essência.

337


Pureza e sedução; jamais as vi
E o quanto pude crer noutro momento
Expresso o meu delírio e me atormento
Sorvendo o quanto resta agora em ti,
E o todo se perdendo desde aqui,
Alheio ao que me dita o pensamento
Apenas bebo assim o sofrimento
E nele todo infausto eu mereci,
Esparsos dias dizem do abandono
E quando novamente desabono
Meu passo num vazio e nada vem,
Dos sonhos mais audazes do passado,
O corte a cada dia anunciado
Desenha o meu olhar, ledo refém.


338


Vivendo nosso amor em plenitude
O tanto quanto quis e mesmo até
Gerando noutro instante por quem é
A vida sem defesas desilude,
E o passo se traçando em atitude
Diversa da contida em plena fé
Mergulha noutro enredo e sem galé
Expressa a liberdade aonde a pude.
Olhando para os lados, nada vejo,
Somente o meu delírio em vão desejo
Assiduamente exposto outra tormenta
Aos poucos sem defesas se apresenta
E gesta dentro em mim a tempestade
Aonde o meu delírio toma e invade.

339


Pureza da menina mais sutil
E nela nada tendo que inda possa
Trazer uma alegria toda nossa,
O quanto se queria e nada viu.
Meu passo noutro rumo se previu
E o risco a cada instante mais se apossa
Enquanto a vida trama a velha troça
Espalha este cenário escuso ou vil,
Recolho os meus escombros, sigo só,
E o quanto deste mundo em ledo pó
Traduz esta verdade mais audaz,
Assim o temporal já se avizinha
E a sorte que julgara ser tão minha
Aos poucos noutro rumo se desfaz.


340


No mar que te entranhou em tempestade
Gerando outra procela dentro em nós,
Invade do riacho a mansa foz
E o tanto quanto pode nos degrade,
O quanto deste sonho em realidade
Marcando com o tom bem mais feroz
Deixando para trás o ledo algoz
Enquanto a voz insana teime e brade.
Restauro cada passo e tento além
Do quanto esta verdade inda contém
Tocando em desalento o meu caminho,
Vasculho cada ponto e nada vendo,
Apenas o cenário mais horrendo
Aonde sem defesas eu me aninho.

341

Sabendo que decerto o mundo traz
Além da tempestade a calmaria
A sorte noutra face mostraria
Um ar bem mais suave e mesmo audaz,
O quanto se deixara para trás
Expressa em tez dura e sombria
A voz onde a verdade tocaria
E nisto outro momento contumaz,
Respondo os meus anseios e procuro
Vencer o meu caminho mais escuro
Ousando em claridades que não tenho,
E mesmo sendo assim quase intragável
O tempo noutro termo decifrável
Enfada com temor o ledo empenho.


342


Que a marca deste amor não mais concebo
E traça a cada dia o desalento
E quando a solução; procuro ou tento
O tanto percebido; algum placebo,
E quanto da esperança não mais bebo
Vivendo o tanto atroz discernimento
Esbarro nos meus erros num momento
Aonde novo cais; busco e concebo.
Estranhas formas tomam pesadelos,
Anseios tão difíceis de contê-los
Horríveis dias mortos, nada além,
E o quanto poderia ser feliz
Agora na verdade contradiz
E o risco de sonhar, o que inda vem.


343



És toda nossa trama amor insano,
E gestas com teus passos outros cais
Adentra sem perguntas meus umbrais
E a cada novo instante mais me dano,
Vencido por temível desengano
Os ermos de minha alma desiguais
Marcando com temores, vendavais
O quanto poderia soberano.
Explano cada engano e nada vem
Somente da esperança algum refém
Sem nexo sem caminho em tom atroz,
E quando mais pudera acreditar
A noite se expressando sem luar
Ninguém escutaria a minha voz.

344



No mar que amor transforma em dor e medo
Apenas o vazio se tornando
O quanto poderia desde quando
Ao nada com certeza eu me concedo,
A vida se prepara em desenredo
E o manto noutro instante desolando
Minha alma sem sentido já nevando
O parto se transforma em sonho ledo,
Escondo os meus demônios; tudo em vão
A velha serventia deste encanto
Não serve para nada e me adianto
Ao mesmo entorpecer, ingratidão.


345

Amor tão vigilante nada diz
E deixa para trás qualquer alento,
Aonde poderia um sentimento
Apenas um cenário em cicatriz,
O quanto imaginara mais feliz
Desfaço e me entregando ao sofrimento
Buscando algum caminho, aonde invento
O passo noutro rumo em talho e giz.
Escarpas são comuns e neste caos
A vida naufragando as minhas naus
Não deixa que se veja além do porto,
O tanto quanto pude imaginar
Agora num diverso desenhar
Traduz o meu cenário semimorto.

346



Das horas que em insônia toma a noite
E nada mais consigo nem o sonho,
O quanto neste instante me proponho
Vagando sobre mim a dor e o açoite
Esbarro nos enganos costumeiros
E tento acreditar onde não há
Sequer a menor sombra e desde já
Deixando ao ledo estio meus canteiros
Arfantes ilusões, medos comuns
E os tantos desenhares se perdendo
No olhar de quem se faz ledo remendo
E os erros são deveras mais que alguns,
Alheio ao caminhar em noite mansa,
O canto já não traz nova esperança.

347

Olhar que em teu olhar traduz o meu
Expressa a fantasia mais atroz
E neste desejar o quanto em nós
Há tanto noutro rumo se perdeu,
Mergulho no vazio e deste breu
Adentro este sombrio logo após
E quando já cansado e até sem voz
O todo noutro instante concebeu
Apenas a mortalha e nada mais,
Aguardo os meus momentos terminais
E vivo tão somente por viver,
Não quero mais saber de fantasias
E quando me prometes não cumprias
Deixando ao deus-dará qualquer prazer.


348


Buscando o teu olhar noutro horizonte
Diverso do passado aonde eu pude
Vencer o descaminho atroz e rude
E nele nada mais ainda aponte,
O quanto poderia ter em fonte
E nisto se vencesse em amplitude
O passo quando muito desilude
E gera a discordante e frágil ponte.
Escapo dos meus erros quando tento
Cevar além do caos do alheamento
Momento mais feliz e nada resta
Senão a mesma face desonesta
De quem se fez venal e não me traz
Além deste tormento vão, mordaz.

349


Amor tão extremoso; nada dita
Senão a mesma incúria de um passado
E o quanto do caminho desolado
Traduz o que a verdade ainda fita
E sendo a minha sorte esta desdita
O rumo se transcende ao renegado
E o tanto quando pude destroçado
Realça a voz dorida e se reflita
Na tétrica vontade de seguir
Além do quanto pode no porvir
Gerando outro cenário dentro em mim,
Assisto aos meus engodos e pressinto
O quanto deste sonho vejo extinto
Marcando com terror até o fim.


350


Por tantas vezes louco e sem saber
Do quanto poderia até singrar
Ausente dos meus olhos, céu e mar
O quando do passado possa ver,
Escondo o meu caminho em desprazer
E vejo muito além qualquer luar
Expresso a melodia a me rondar
Tocando em desvario o ledo ser.
Esgoto cada passo rumo ao nada
E ao ver a mesma lua desolada
Encontro tão somente o quanto é rude
O rústico desenho em tom sombrio
E quando novamente o desafio,
A vida noutro caos já desilude.



351
Quebrando deste amor qualquer alento
Esbarro nos meus erros mais diversos
E quando no vazio, ora submersos
Os dias noutros rumos alimento
E sigo contra a fúria deste vento
E nele meus demônios; vejo emersos E bebo sem medida os universos Aonde a cada instante mais fomento, Esgoto o passo aonde nada sinto Senão mesmo caminho outrora extinto E agora renascido após o caos, Marcando em dissonância cada engodo, Entranho o mais dorido e ledo lodo, Em dias tão cruéis, apenas maus.

352

Envolto nos desejos onde eu pude
Resumos de outros dias mais atrozes
Encontro os meus demônios, meus algozes
E neles bebo toda a plenitude,
O quanto na verdade fosse rude
Vagando sem destino em turvas vozes Escalo os meus anseios, meus algozes E neles cada passo desilude.
Expresso o meu delírio a cada instante Aonde na verdade se adiante O passo rumo ao caos que ainda vejo E nada do que eu possa me entranhando Senão este cenário em contrabando Marcando cada passo em todo ensejo.

353

Seus modos, gestos, graças não me trazes
E nem sequer mergulho neste vão
E sei dos dias tantos que virão
Marcando com terror diversas fases,
Ocasos dentro da alma, ausentes pazes
Momentos em tormenta e indecisão,
O tanto quanto pude; imprecisão
Traduz momentos rudes e tenazes,
Esbarro nos enganos costumeiros
E sei dos meus anseios verdadeiros
Espalho a voz aonde nada havia
E o corte se anuncia mais atroz,
O tanto quanto pude agora em nós
Gerando a noite amarga e mais sombria.


354

Aos pouco me tomando a tempestade
Deixando para trás qualquer alento,
Enquanto novo rumo ainda invento
Apenas o passado toma e invade,
O tanto se perdendo em falsidade
A morte se transforma num provento E quando noutro sonho eu me alimento O passo pouco a pouco se degrade, Espero qualquer queda e nada mais, Os dias se repetem tão iguais E o nada demonstrando o quanto valho, E o risco de viver, deveras falho Esboça outro caminho mais daninho, E ali, sem mais defesas, eu me aninho.
355

Vivendo tal amor em desventura
O tanto quanto pude acreditar
Não deixa qualquer sombra a me tocar
E apenas o passado me assegura,
O farto delirar já se afigura
E marca com terror todo lugar,
Espero qualquer brilho de um luar
Enquanto o meu passado se aventura,
E o caos se transformando em consonância
Aonde ainda pude noutra instância
Sentir alguma luz e nada havia,
Somente a dor atroz de uma agonia
Marcando com terror a queda além
Do quanto dentro da alma nada tem.


356

Sabia que perdia tão somente
O rumo sem sentido ou direção
E os dias com certeza não trarão
O quanto mais desejo e busque e tente.
O passo noutro rumo, num repente
Expressa a mais sombria decisão
E os olhos se perdendo na amplidão Aonde na verdade nada invente.
Caminhos mais diversos, mesma rota
E a sorte com certeza não denota
A luz que tanto quis e não soubera,
Marcando em discordância cada engano, Aonde com terror hoje me dano Criando a cada instante outra quimera.
357


Canção

Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
o lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo...

(Cecília Meireles)
Amor tem tanta urgência no querer
E nada mais impede o passo aonde
O quanto na verdade corresponde
Gerando o raro instante de prazer,
Senão ao se pôr tudo num perder
Enquanto com silêncios me responde
Ou mesmo num momento já se esconde
E nada mais pudesse então conter
Expresso em tal vontade ansiosamente
O todo dominando a minha mente
Gestando esta completa sensação,
E nada se deixando pra depois
Vivamos sem perguntas sempre, pois
A eternidade existe? Ou mesmo não...

358
Tenho nos versos que leio

O sentir puro e extasiante,

Coração saltitante,


Poeta a provocar raro enleio.
REGINA COSTA
Extasiado bebo em ti somente
O todo num instante e sem perguntas
As almas caminhando sempre juntas
Gerando a cada verso uma semente
Aonde na verdade o que pudesse
Expressa muito além de mero sonho,
E quando junto a ti eu me proponho
Enquanto a realidade diz benesse
O mundo num momento mais feliz
Traduz o quanto quero e mesmo anseio,
E o tempo no passado em devaneio
Agora em plenitude tudo diz,
E assim ao mergulhar no mesmo mar
Encontro em teu reflexo o bem de amar.

359


Desejo nosso amor aonde o nada
Pudesse desenhar novo momento
E quando do vazio me alimento
A sorte noutro rumo desenhada,
Vestindo a mais sobeja madrugada
Bebendo da emoção a cada vento
E quando se entregando ao sofrimento
Encontro a minha voz ora velada,
Apresentando o canto aonde outrora
A seca tanto toca e me apavora
Numa aridez sombria e tão nefasta,
Meu passo em turbilhão se apresentando
Aonde o quis deveras bem mais brando
Do rumo desejado já me afasta.


360
Amor que tanto ilude, nada traz
Somente o desconsolo e gera a dor,
Aonde poderia redentor
Imagem se mostrara mais mordaz,
E o passo noutro rumo tão tenaz
Expressa o quanto pude em dissabor
Gerando a primavera viva a flor
E nela outro caminho tenta a paz,
Vencer os meus temores, prosseguir
Tentando novamente algum porvir
Numa expressão suave e mesmo até
Presumo a calmaria onde se vira
Apenas este tom, leda mentira
Marcando o meu caminho em vã galé.


361
Querido,
Falar, para que?
Dizer!
Desvendo-te em poesia e prosa.
Haveria modo mais visceral e
sedutor de conhecê-lo?
REGINA COSTA

Por vezes o silêncio nos diz tanto
E nesta maravilha a vida traça
O quanto pouco a pouco trama em graça
Delírio; aonde o bebo e a dor espanto,
A vida se transforma em novo canto
E quando se percebe a sorte escassa
A messe num momento reina e grassa
Tocando com ternura em raro encanto,
Vestindo esta diversa realidade
O quanto deste amor ora me invade
E cerzi uma alegria sem igual,
As bocas se tocando traçam sonho
E nele com brandura eu me componho
Ousando mesmo quieto, sensual.


362

Amor Platônico
Legião Urbana
Composição: Legião urbana
Eu sou apenas alguém
Ou até mesmo ninguém
Talvez alguém invisível
Que a admira a distância
Sem a menor esperança
De um dia tornar-me visível
E você?
Você é o motivo
Do meu amanhecer
E a minha angústia
Ao anoitecer
Você é o brinquedo caro
E eu a criança pobre
O menino solitário que quer ter o que não pode
Dono de um amor sublime
Mas culpado por querê-la
Como quem a olha na vitrine
Mas jamais poderá tê-la
Eu sei de todas as suas tristezas
E alegrias
Mas você nada sabes
Nem da minha fraqueza
Nem da minha covardia
Nem sequer que eu existo
E como um filme banal
Entre o figurante e a atriz principal
Meu papel era irrelevante
Para contracenar
No final
No final
No final


Eu tento disfarçar e não consigo
O amor quando demais expressa em luz
O quanto na verdade não compus
E teimo noutro rumo, e em vão prossigo,
Aonde me fizera teu amigo
Apenas outra cena me conduz
E o verso noutro instante reproduz
Tentando desvendar além do abrigo,
Irrelevante eu sei que para ti
O tanto quanto pude e presumi
Vergando sob o peso da esperança,
A voz ensimesmada não ecoa,
E o quanto se mostrando quase à toa,
À tona noutro tom, ao todo avança.

363


Nosso desejo trama outro momento
Aonde poderia acontecer
Além do quanto pude conhecer
A paz e nela um rumo novo eu tento,
Vestindo esta ilusão eu me atormento
E bebo além do próprio e mero ser,
Invisto o meu caminho em desprazer
E toca a minha face, o rude vento,
A morte me consagra no final
E vejo a cada ausência outro lual
Resumos de outros tantos do passado,
E o canto noutro rumo desolando
O passo e se mostrando desde quando
O risco noutro quadro desenhado.

364


Insano eu te acompanho a cada passo
E tento discernir alguma paz
Aonde na verdade nada traz
Senão este caminho em descompasso,
E o quanto deste mundo ainda traço
Num tom bem mais atroz até mordaz
E o risco se mostrara mais tenaz
Enquanto perseguindo em tom mais baço,
Ausente da esperança; nada trago
A morte sorridente num afago
Traduz o quanto pude e nada vinha,
Espreito qualquer passo rumo à foz
E o canto se traduz em duro e atroz
Numa alma em plenitude, vã, daninha.


365

Vou célere buscando a fantasia
E dela poderia ter a glória
Embora a vida seja merencória
De um caminhar em alegria,
A sorte desta forma mudaria
O todo resumido noutra história
E o corte mais atroz nega a vanglória
E rege com prazeres novo dia,
Espalho a minha voz em tom diverso
E quando em solidão ainda verso
Espúrio desenhar em tom amargo,
Ao quanto pude crer e nada houvera
A vida se renega e em tal quimera
Meu passo a cada instante mais embargo.


366

Fazendo tanto amor quanto pudesse
Vencendo os temporais ainda tento
Entregue ao mais sombrio e forte vento
Trazer outro momento além da prece,
O quanto da vontade se obedece
E gera com ternura algum alento,
No fundo ao expressar o sentimento
O mundo noutro rumo já se esquece,
O passo mais veloz não mais permite
O quanto ultrapassando algum limite
Pudesse redimir enganos tais
E nesses passos tantos quanto eu pude
A sorte não traduz a plenitude
Resume a cada dia os meus cristais.


367



muito bom qdo o 'eu' não está no controle!
Deixamo-nos ir até onde o coração nos levar
ao sabor de uma brisa doce e leve...
é assim q me sinto com vc!

Regina Costa

Aonde o coração domina e rege
Trazendo em rara brisa este caminho
E nele à plenitude eu me avizinho
Deixando no passado o medo, herege.
E quando a poesia nos elege
Tirando cada pedra, cada espinho
Tramando novo rumo onde me aninho
E nele esta esperança em paz lateje,
Na brisa a nos tocar tão mansamente
O corpo se entregando e ora apresente
O canto sem juízo e sem algemas
Porquanto libertário em farta luz
Ao tanto quanto pode e nos conduz,
Deveras neste intento nada temas.

368

Eu sigo e te procuro a cada instante
Vagando sem destino em noite imensa
E quanto mais no amor a vida pensa
Maior este caminho e se adiante
O passo muito além de algum rompante
Gerando a cada encanto a recompensa
Na qual a minha vida outrora tensa
Explode num delírio provocante,
Esqueço os meus fantasmas, sigo alheio
Ao todo quanto posso e não rodeio
Vagando pelas ânsias de um futuro
E neste desejar eu quero e tanto
O marco mais suave em raro encanto
E nisto toda a sorte eu asseguro.


369


Nas matas e nas rondas noites fartas
Vagando sem destino e sem juízo,
Ao quanto poderia mais preciso
E neste desenhar nada descartas,
Botando sobre as mesas velhas cartas
O tanto quanto quero em tom conciso
Jamais imaginara em prejuízo
E nestas ilusões não apartas
Meus dias de teus dias, novamente
E o quando noutro instante se apresente
Moldando a glória em paz e nada mais,
Enquanto poderia ter no olhar
Além do quanto pude imaginar
Os dias mais felizes e imortais.

370


Vivendo nosso amor em dor e medo
Aonde nada mais se trouxe ou vejo,
Ainda quando posso num desejo
Ao rústico delírio eu me concedo
E venço mesmo quando o desenredo
Transcende ao mais dorido e vão negrejo
E sei do quanto quero e mesmo almejo
Enquanto no vazio não procedo,
Esbarro nos momentos mais atrozes
E sinto os meus caminhos noutras fozes
Erguendo a minha voz a cada instante,
Presumo outro cenário e nisto errático
Desenho se mostrando aonde apático
Meu canto noutro tom não se garante.

371


Buscando em teus delírios, sanidade
Aonde nada havia, nem promessa
O tempo noutro instante recomeça
E a fúria a cada passo mais degrade
O risco de sonhar, realidade
Ao quanto do vazio me endereça
Ao mesmo tempo nega e se confessa
O quanto não queria na verdade.
Escalo as cordilheiras da esperança
E o passo no cenário onde se lança
Trazendo tão somente o nada em mim,
Do verso mais audaz, a paz distante
E o canto em tom diverso me garante
Apenas desencanto raro enfim.


372


Cobrindo teu desejo em tom atroz
O risco de sonhar já não me cabe
Nem mesmo quando a sorte em vão desabe
Tramando outro cenário em nova voz,
Arisco pensamento tenta em nós
Vencer o quanto disto não acabe
E sendo desta forma nada gabe
Quem tenta outro cenário mais feroz,
Escuto a ventania e dela vindo
O som diverso e às vezes mero e lindo
Numa expressão diversa em luz e medo,
Aos poucos sem saber qualquer destino
Ao longe noutro enredo desatino
E o tanto quanto posso a ti concedo.



373


Sem juízo, sem siso,
num amor conciso,
desejo contigo
dar muitos sorrisos!

REGINA COSTA

Pudesse sem saber qualquer juízo
O toque sensual, raros ardis,
E neste desenhar a mais eu fiz
O canto desejado e mais conciso,
Do quanto em cada voz, novo sorriso
Fazendo o repentista tão feliz,
Querendo na verdade sempre o bis
Nos olhos de quem amo eu me matizo.
E sigo sem saber qualquer receio
E quando a poesia invade e veio
Toando dentro em nós com harmonia
Meu verso se inundando do teu verso
Enquanto neste amor seguindo imerso
Minha alma fartos brilhos irradia.

374


Desejos que lampejos poderiam
Traçar além de mera luz em mim,
Viceja esta esperança num jardim
Aonde novas flores se veriam,
E quantas alegrias colheriam
Tramando a cada instante um raro fim,
E o quanto desejando sempre assim
Os olhos nos teus olhos refletiam,
E a sorte de te ter, eternizada
Traçando com ternura cada estrada
Mergulho neste raro amanhecer,
O tanto quanto posso se moldando
Num dia mais suave, claro e brando
E nele cada toque a me envolver.

375


O teu desejo; tonto de prazer
Encontro a cada instante junto ao meu,
Aos poucos o meu mundo se teceu
Nas cores mais sutis do bem querer,
E quando finalmente pude ver
O tanto quanto outrora engrandeceu
Restando do passado o tom ateu
E nele o mais dorido anoitecer,
Agora em redenção percebo em ti
Cenário que deveras presumi
Num átimo, um mergulho em claridade
E o todo quanto mais se dera além
Traçando o quanto a vida inda contém
Decerto com ternura sempre invade.



376

Com matas e cascatas noutros dias
A sorte era diversa do deserto
Aonde com terror ora desperto
E nele vejo apenas heresias,
Enquanto noutro passo conduzias
O rumo neste instante estando aberto
Dos erros mais comuns, atento alerto
E tecem sem pensar tais agonias,
O quanto poderia ser feliz
E o tempo na verdade contradiz
Gestando tão somente esta ilusão
Eu sinto desvario nos tocando
E tudo se transforma desde quando
A mata em aridez dita o sertão.


377


Na sorte que bem sabes; traiçoeira
O tempo não se trama além do cais
E o corte se prepara e muito mais
Do quanto na verdade ainda queira,
Esbarro nesta cena e da ladeira
Os dias entre enganos, sempre iguais
E as horas entre tantas mais banais
O todo na verdade além se esgueira,
O quanto da fogueira poderia
Traçar outro caminho em novo dia
E nada do meu mundo ainda vive,
Restando dentro em mim a poesia
E nela quem me dera uma alegria
Enquanto esta esperança sobrevive.


378

No vai e vem que quero teu caminho
Cerzido pelas ânsias de um momento
Ainda quando busco e mesmo tento
Encontro esta esperança e me avizinho
Enquanto no passado fui mesquinho,
Agora me entranhando num alento
Singrando o quanto possa o pensamento
Tramando algum alquímico cadinho,
E amor a panacéia desejada
Depois de certo tempo não diz nada
E segue sem destino vida afora,
O tanto quanto pude acreditar
Não deixa nem a sombra a nos tocar
Enquanto esta saudade me devora.


379

Quem dera descobrir outro cenário
Aonde nada havia, nem sequer
O quanto da verdade se puder
Tramando outro caminho temerário,
Arisco caminhar no imaginário
E trago esta esperança ou se vier
O tanto de um desejo bom, qualquer,
E neste desejar mais solidário.
Encontro as meras sombras de um passado
E nisto o meu desejo já traçado
Traduz o quanto pude e merecia,
Mas quando mergulhara no presente
Apenas o vazio se apresente
Tocando cada passo em heresia.


380


Entrada do caminho mais diverso
Aonde poderia acreditar
Num fato e nele entranho este luar
Enquanto para o nada ainda verso.
Pressinto o meu desenho e no universo
O peso se transforma e ao me tocar
Expresso este vazio a nos rondar,
E o quanto em poesia vou imerso,
Amarga realidade se aproxima
Apenas a verdade ainda estima
Quem tanto desejara outro momento,
E quando me encontrara realizado
O tempo noutro rumo quando agrado
Deveras com certeza eu busco e tento.

381

E penetrar derrames de emoção
Aonde se escondera a poesia
E o quanto ainda posso ou mais queria
Ditando novos dias que virão
Assisto ao caminhar sem direção,
Marcando com terror a melodia
E nisto não se vendo sincronia
A cada instante sinto a negação,
Esbarro nos meus ermos e prossigo
Vencendo em todo caos novo perigo
Abrigos não encontro, nada vem,
Somente da esperança ainda viva
Minha alma na verdade não se priva,
E sou desta vontade algum refém.


382


Sigo os teus rastros,
luz intensa,
Magia do poeta,
rara beleza e
vivo o momento
em prosa e verso,
a cada sentimento
querer imenso...

Regina Costa

Os rastros que tu deixas, rara lua
Deitando sobre mim sem mais censura,
A vida se transforma e na ternura
A imagem delicada, bela e nua
Além do imaginário ora flutua
E o canto noutro instante se assegura
Miragem delicada, doce e pura
E nela a nossa vida perpetua,
O quanto desejando a cada instante
O tanto quanto posso e bem mais quis
Sabendo ser por isso mais feliz,
O passo neste rumo nos garante
Um brilho sem igual em noite plena
Que tanto nos domina e nos serena.

383


Seguindo pela rota mais audaz
O quanto posso e tento ver além
Enquanto na verdade a vida vem
Tramando muito além do canto em paz,
Vencer o descaminho e ser tenaz
Depois de tanta queda, num desdém
Vagando sem destino nada tem
Senão este cenário contumaz
O canto poderia ser diverso
Se ainda presumisse novo verso
Ou mesmo uma versão bem mais suave
E quando esta canção invade o peito
Ousando noutro fato eu já me aceito
Supero em calmaria algum entrave.

384


Na fúria da paixão não mais consigo
Vencer os meus anseios e seguindo
O passo onde julgara bem mais lindo
O tempo feito em medo, e em vão perigo,
O quanto da verdade contradigo
E neste desenhar ao sonho eu brindo
O vento pouco a pouco se esvaindo
Gerando a tempestade invés da brisa,
A sorte com certeza não avisa
Nem deixa qualquer rastro nem pegada,
Depois de tanto tempo na procura
A vida do vazio me assegura
Trazendo tão somente o mesmo nada.


385


Matar a sede intensa e procurar
Deveras um momento em alegria
O quanto deste sonho eu poderia
Não fosse tão distante este luar,
Vagando sem destino enfrento o mar
E sinto a mais temível maresia
No quanto perco o rumo e a fantasia
Ainda não percebo a me tocar.
Escapo dos engodos e procuro
O porto e nele estando mais seguro
O passo se transforma em libertário,
Depois de tanto tempo aprisionado
O canto noutro tom anunciado
Um mundo bem melhor e solidário.


386


Vibrando como um deus extasiado
Nos antros mais audazes da emoção
Os dias com ternura tocarão
Mudando num instante o duro fado,
A sorte noutro tempo, outro traçado
Os cantos mais audazes que virão
Ousando a todo passo num verão
E nele o meu delírio desejado,
Esboço as reações enquanto luto
E o tanto quanto fora mais astuto
Escárnios encontrando no caminho,
Vencido pelo medo do não ser
Aonde poderia algum prazer
Em novo desenhar eu me avizinho.


387


Tramando na magia aonde outrora
O rústico desenho se mostrara
Vencido pela fúria mais amara
O canto na verdade me apavora
E o sonho noutro instante não aflora
Marcando em ironia esta seara
E o passo quando muito se prepara
À queda mais cruel enquanto ancora
Resumos de outros ledos dias, trago
E quando procurando algum afago
Apenas a mortalha se tecera,
E o quanto deste canto se perdendo
Num átimo, mergulho num adendo
Enquanto o meu caminho se esquecera.

388


Entrar nesta planície dita sonho
E crer noutro momento mais tranquilo,
Enquanto cada engodo já desfilo
Apenas um momento; em paz, proponho
E o todo se mostrara mais tristonho
No quanto mergulhando em raro estilo
As ânsias costumeiras eu destilo
No tanto de um vazio onde me ponho.
Esboço reações e embora viva
A sorte na verdade é lenitiva
E o corte se aproxima em tez profunda,
Escaras dentro da alma cultivadas
Em viperinas cenas desenhadas,
Enquanto a solidão ainda inunda.

389


Invado e que também ao ser tocado
Esbarro nas medonhas ilusões
E nelas outras tantas tu compões
Gerando o mais difícil, tosco enfado,
O coração deveras desvendado
Reinando sobre os dias sem razões
E mata a cada instante as emoções
Não deixa nem o canto por legado,
E o verso recendendo à fantasia
Deveras nada trouxe nem traria
Somente a ventania e nada mais,
E quando mergulhando em tom sombrio,
Apenas noutro rumo ora me esguio
E bebo dos imensos abissais.


390

Fazendo do desejo quase um hino
Encontro cada farsa aonde eu pude
Vencer o descaminho em atitude
Diversa desta quando em vão domino,
O passo noutro rumo eu determino
E sei do coração decerto rude
E neste desenhar a plenitude
Expressa o quanto resta em meu destino,
Ausência de alegria e nada além
Somente este cenário ainda vem
Tornando sem sentido o amanhecer
E o quanto poderia e já não fiz
Deixando dentro da alma a cicatriz
E nela nada mais a merecer.


391

Lua cheia,
maré alta,
paixão e excitação em
plena arrebentação,
gozos e afagos,
corpos em justaposição...

Regina Costa


A toca que penetro mansamente
Nesta úmida e diversa sensação
Causando da esperança a floração
Tomando o meu juízo, corpo e mente
E neste desejar tanto apresente
Os dias com sobeja redenção
E bebo a me fartar e sei então
O quanto em plenitude amor pressente.
Dois seres num só corpo, sem fronteiras
E tanto quanto eu quero e tu me queiras
Expressa a maravilha em gozo e festa,
Buscando em consonância esta harmonia
A lua sobre nós farta irradia
E ao mais raro delírio ora se empresta.

392

Sabendo que eu ardendo em teus anseios
Adentro sem perguntas, vou inteiro
E cevo com ternura este canteiro
Tocando os teus macios, belos seios,
E a vida se entornando em devaneios
E neste desejar, o corriqueiro
Cenário além do encanto, um mensageiro
Dos sonhos entre tantos raros, veios.
Essencialmente eu vivo para ti
E o quanto deste encanto eu concebi
Ousando muito além de um mero gozo,
O tempo se desenha em raro brilho
E assim cada momento audaz eu trilho
Um mundo sem igual, tão majestoso.

393


Encontro, assim, vontade de poder
Chegar ao apogeu neste segundo
E quando no teu corpo me aprofundo
Sentindo o mais gostoso e bom prazer,
O amor quando se deixa, inteiro ver
No tanto quanto possa ora me inundo
E bebo deste todo e o novo mundo
A cada redentor amanhecer
Esboço a minha voz com alegria
E quando a plenitude então veria
Gerada pelo fato de sonhar,
Eu sigo cada rastro desta luz
Aonde o meu caminho me conduz
Traçando em noite plena este luar.


394

Num sonho me encontrara a ti atado
E neste desenhar raro cenário
No toque sensual e imaginário
O rústico desenho de um passado
Aonde noutro tempo desenhado
O risco se mostrara temerário
E o sonho tantas vezes necessário
Presume um novo dia anunciado,
Vencer os meus pudores e seguir
A cada instante o tanto que há de vir
Marcando com ternura amor imenso,
Porém ao me acordar e nada ver,
O todo que sonhara a esvaecer
O mundo então retorna amargo e tenso.

395


No susto que tomei ao ver a face
De quem há tanto tempo eu desejara
A sorte se transborda e em tal seara
Um novo mundo apenas se mostrasse
Bendigo o meu caminho e além se trace
Cenário aonde a messe se escancara
Gerando após o corte, a dura escara,
Um raro amanhecer por onde grasse,
Espalhas com ternura o canto além
E sei da fantasia quando vem
Reinando sobre tudo e sobre todos,
Dos charcos de minha alma, ledos lodos
Agora tão somente outro cenário
Num dia mais suave e solidário.


396


Escrito na parede do meu quarto
O canto mais audaz onde pudera
Vencer a solidão, dura quimera
E assim ao infinito sonho eu parto,
Vagando sem destino sigo farto
Da luz que tanto quero e me tempera,
Grassando dentro da alma a primavera
Há tanto abandonada, hoje a comparto.
E vejo nos teus olhos, redenção
Sabendo dos momentos que virão
Gerando outro cenário dentro em nós,
E o quanto pude crer em nova sorte
Aonde a poesia nos conforte,
Um tom bem mais suave em mansa voz.


397


De certa forma tudo quanto eu quis
Transporta esta emoção enquanto vejo
O olhar mais delicado de um desejo
Trazendo este cenário em bom matiz,
Enquanto no passado fora gris
Agora se desnuda em azulejo
E assim cada momento em paz; prevejo
E posso até dizer que sou feliz,
Assisto ao novo enredo em luz e paz,
Deixando o sofrimento para trás
Audaciosamente eu busco além
Do quanto poderia noutro instante
E agora a cada verso se agigante
A lua aonde o sonho nos contém.

398


E nada mais falava quem se fez
Além da mera sombra de um passado
O tempo novamente renovado
Transforma com certeza a dura tez,
E apenas me tocando a insensatez
Deixando novo rumo desenhado
E nele outro caminho procurado
Vencido pela insânia como vês
E o quanto deste tanto posso e busco
Embora na verdade sendo brusco
O passo num tropeço se garante,
O risco de talvez sentir na queda
A morte se traduz e já se enreda
Monitorando o dia doravante.


399

meu corpo no teu corpo a roçar,
ouvindo insanidades a molhar,
beijos molhados,
mãos a acariciar,
encanto sem limites,
sussurros e gemidos
ocupando um só lugar...

REGINA COSTA

Delírios entre toques sensuais
E as noites se aproximam: paraísos
E os ritos delicados e precisos
Invadem sem defesas nossos cais,
Causando os mais diversos vendavais
Deixando para trás tolos juízos
E assim ao mergulhar nestes concisos
Anseios, seios, coxas... Abissais...
Desvendo cada ponto e num momento
O quanto me sacio e te alimento
Na insânia deste gozo sem descanso,
E assim após o tanto em bom rocio
Um novo caminhar ora desfio
E novamente ao êxtase eu me lanço.


400


Estampado no meu peito este retrato
De quem se fez amada e num momento
Enquanto se entregando ao manso vento
Outro cenário em paz; busco e resgato
Amor quando demais a cada fato
Gerando novo sonho e ali fomento
O tanto quanto posso e me atormento
Ousando mesma fonte, este regato,
E o toque na total sensualidade
Assídua maravilha tanto agrade
E deixe para trás alguma dor,
E quantas vezes; sinto em teu calor
A imensa e desejada tempestade
Exposta com ternura e com furor.


401



quero tua pele tocar,
sentir tua respiração,
beijar teu sorriso,
lamber tua excitação,
sugar teu carinho,
entrelaçando pernas,
sentimentos,
desejos,
insanidades...
que esse tesão seja nosso mantimento.
REGINA COSTA


Sentindo o teu desejo junto ao meu
Num ato em compassada sintonia
E o quanto te querendo já queria
Contigo repartir cada apogeu,
Um sonho delirante concebeu
O toque mais audaz, e neste dia
A sorte novamente poderia
Gerar o quanto amor ora teceu
Adentro sem defesas cada espaço
E neste desenhar por onde eu grasso
Agrada-me saber que também sonhas
E assim entre lençóis, colchas e fronhas
A noite se transforma em plenitude
E nisto cada passo audaz, eu pude...

402


Tal qual fosse te olhar num novo instante
O tanto quanto pude e nada havia
Trazendo tão somente esta agonia
Aonde meu caminho não garante
Sequer a menor messe doravante
A cena mais atroz só geraria
Vendeta mais cruel e o duro dia
A cada desdizer já se adiante
E mostre em desalento o quanto existe
Do todo noutro instante mesmo triste
E tece o desconsolo em plenitude,
O quanto acreditei e nada houvera
Somente o desenhar da amarga fera
Que tanto quando pode sempre ilude.


403

Já nada mais soubera senão isto
E o fato de existir tampouco basta
A sorte na verdade estando gasta
Garante o desespero aonde insisto
E o tempo se talvez; inda persisto
Traduz o que deveras dita e afasta
A cena mais audaz, porém nefasta
Espúria relação na qual resisto,
Atento a cada queda num fastio,
O quanto do meu sonho eu desafio
Expondo a realidade mais atroz,
E o tanto quanto pude e nada havia
Matando pouco a pouco a poesia
Calando num instante e minha voz.


404


Ourives do vazio; ainda tento
Vencer os meus fantasmas tão frequentes
E os dias são deveras persistentes
Entregues ao furor de um forte vento,
E quando se aproxima este tormento
Além do quanto sabes ou pressentes
Os cantos noutros ritos, penitentes
Gerando tão somente o sofrimento,
Esboço reações e nada vindo,
Somente este cenário aonde findo
A história noutra face mais dorida,
Assisto à derrocada deste barco
E quando o meu caminho; em vão abarco
Deixando para trás a minha vida.

405


Num átimo eu mergulho em vago abismo
E tento acreditar noutro segundo
Aonde de esperanças se eu me inundo
Insólito caminho, eu tento e cismo,
Apenas outro engano, um cataclismo
E nele sei deveras do profundo
Momento enquanto sigo sendo imundo
Negando qualquer forma de batismo,
Afago co’a mortalha qualquer luz
E bebo mesmo até o quanto opus
Vencido pelos ermos de um legado,
E nele nada havendo sigo vago
Somente do vazio ora me alago
E tomo cada gota do passado.


406


Um dia acreditara num amor
E neste enfado teimo vez em quando,
O tempo noutro instante se nublando
Roubando a claridade, mata a cor,
E sinto tão somente o dissabor
Enquanto na alma vejo ora nublando
E o tanto aonde outrora fora brando
Agora se presume em vão furor.
Adentro outros caminhos e me esqueço
Do quanto ainda teimo e assim padeço
Da insânia costumeira e nada além,
O caos gerado em mim transcende à sorte
E quando nada mais inda conforte
Apenas a mortalha me convém.


407

Negando qualquer luz aonde eu possa
Vencer a tempestade mais atroz,
O risco se adivinha em viva voz
E esta saudade nunca fora nossa,
O corte no passado agora endossa
E rompe com certeza os velhos nós
E o tanto quanto pude vejo após
A queda noutra farsa, e gero a troça,
Espúrio sonhador, a vida nega
E deixa a sutileza e em vão se entrega
Medonha face escusa da verdade,
O quanto poderia ser feliz
A vida num instante contradiz
E apenas ao vazio agora brade.



408


Meu canto sem saber sequer do riso
Da flórea maravilha em primavera
Enquanto a dura tez ainda gera
No toque mais atroz tanto impreciso,
O quando deste encanto mais preciso
Pudesse apascentar a dura fera
E na verdade apenas a quimera
Chegando sem qualquer anúncio e aviso.
O torpe desenhar em face dura
E nisto a solidão tanto perdura
Marcando em tom sombrio o verso e dela
A morte ressurgida em desalento
Ainda mesmo quando o sonho eu tento
Somente este vazio se revela.


409


Mesquinharias tantas; tu trouxeste
Deixando no passado qualquer luz
E quantos versos tolos eu compus
Tentando alguma ceva em solo agreste,
O todo transcorrendo em leda peste
No pátio da esperança apenas pus
E amor ao qual jamais faria jus
Sozinho noutra face não se ateste,
Resumos de momentos delicados
Os nossos dias matam velhos fados
E marcam cada sina com a face
Mais pútrida e real onde talvez
Gerando muito além do que tu vês
Apenas o vazio se mostrasse.

410

Encontro dentro em mim este tormento
E bebo desta noite em dor e tédio,
O quanto desejara sem remédio
Apenas noutro rumo eu apresento,
Mergulho neste caos que tu legaste
E nada do cenário se transforma
Mantendo a mais disforme e turva forma,
Causada pela dor em tal desgaste,
O rústico momento se transcorre
E deixa tão somente a leda cruz
Enquanto no passado o sonho eu pus
A noite se ultrapassa em medo e porre,
Vacância de esperança dita a regra
Aonde todo amor se desintegra.



411

Celestiais delírios ditam sortes
Diversas entre tantas quando as busco
A vida num imenso lusco fusco
Aonde com audácia já suportes
Ousando vez em quando novos nortes
Embora este caminho mais velhusco
Impede algum cenário atroz e brusco
E nele poucas ânsias tu comportes,
Vagando por instantes mais dispersos
Tentando reviver vãos universos
Embalde vejo a vida se esvaindo
E quando poderia outro momento,
Ainda mesmo além procuro e tento
Um canto mais suave ou mesmo lindo.


412


Compostos de ilusão meus versos todos
Escalam cordilheiras de esperanças
Enquanto noutro rumo tu te lanças
Adentro as charqueadas, lama, lodos.
Os dias tão sonhados em denodos
Diversos na verdade não alcanças
E quando se imaginam frias lanças
Apenas se cerzindo mais engodos.
Escarpas entre rocas, cais ausente,
E o tanto quanto eu quis e nada sente
Uma alma em insolvência, perdição.
O canto se perdendo noutro rumo,
Num mero desenhar porquanto esfumo
Apresentando apenas outro não.

413

A vida se perdendo num instante
Aonde tanto quis e nada havia,
Nem mesmo a mais suave poesia
Nem mesmo um dia claro e fascinante;
Porquanto cada passo me adiante
Levando ao quanto pude e não teria
Somente dissemina esta agonia
E dela nada mais já se garante.
Meus olhos lacrimejam de saudade
E o quanto do passado ainda invade
Gerando cataclismos e abissais,
Dos tantos delicados sonhos meus
Apenas revivendo cada adeus
Ouvindo sempre o mesmo: nunca mais.


414

Caminho que me leve à plenitude
Gerando dentro em nós outro momento
E quantas vezes; busco ou mesmo tento
Mudando vez em quando de atitude,
Ainda quando a vida tudo mude
E trague com terror o desalento,
Um novo amanhecer ainda invento
E nisto o meu cenário se amiúde.
Vestindo a fantasia mais audaz
E nela todo o tempo agora traz
A imensa sensação tão desejada,
Depois da própria queda, novo instante
E nele todo o rumo se adiante
Fazendo mais vibrante cada estrada.


415



No mundo tantas vezes percebi
O quanto desejara e não viera
Senão a mesma face da pantera
Presente neste instante dentro em ti,
Resumo cada sonho onde vivi
A solidão e nela cada espera
Traduz o tanto e apenas destempera
Marcando com terror o quanto eu vi.
Vistoriando a cena aonde arrisco
Um passo muitas vezes mais arisco
Tentando outro caminho e mesmo assim,
Depois de tantas noites; solitário
O sonho num diverso itinerário
Encontra com certeza um nobre fim.

416



Distâncias; percorri entre os cenários
Diversos em matizes variados,
E os dias entre tantos desenhados
Permitem sonhos claros, solidários,
E nestes tantos erros, solitários
Caminhos noutro ermos desdenhados
Expressam meu futuro e seus legados
Por vezes, tantas vezes temerários.
Esqueço ao quanto houvera uma esperança
E neste delirar o passo cansa
E nada se permite senão queda,
E quando quis um riso e nada havia
Somente o mesmo anseio em agonia
A vida noutro vago ora se enreda.

417

Tentando ser teu arco aonde um dia
Pudesse ter na seta a direção
E quando se entregando inda virão
Olhares onde tanto se queria
A sorte de viver tanta alegria
Num átimo dominando esta estação
Causando a quem anseia outra expressão
Marcada com ardume e poesia,
Esgoto os meus anseios e buscando
Um tempo mais tranquilo aonde, brando
Eu possa desenhar qualquer futuro,
Do verso mais suave me vestindo
E nisto outro momento bem mais lindo,
E nele um sonho audaz, eu asseguro.


418


Amor que me deflagra a tempestade
Domina este estopim e gera o tanto,
E quando neste rumo eu me garanto
Imensa claridade toca e invade,
Por mais ainda mesmo tente e brade
Vivendo muito além do duro pranto
Não vejo a menor sombra de um quebranto
E encontro no final tranqüilidade.
Numa expressão bendita eu mergulhara
E vendo a poesia em tal seara
Blindando o coração, sem sofrimento.
O passo se redime e; resoluto
Apenas o meu sonho; agora escuto
E nele novo mundo em paz eu tento.


419



Ah! Celestes desejos aonde um dia
Pudesse adivinhar qualquer benquisto
Desenho deste tanto quanto insisto
Marcando com ternura e fantasia,
Aonde com certeza eu poderia
Viver e na verdade até persisto
Gerando outro momento aonde invisto
O canto em pleno sonho, em alegria,
Exausto caminheiro do passado
Agora totalmente transformado,
Adentra esta ilusão chamada amor
E o quanto deste mundo ainda vejo
Marcando com brandura este desejo,
Traçando um divinal, raro sol-pôr.


420


Nas telas que pintaste com anseios
Diversos e matizes deslumbrantes
O quanto do futuro me garantes
Deixando no passado os devaneios,
E assim ao penetrar diversos veios
Os dias com certeza fascinantes
Invés dos mais terríveis degradantes
Nos sonhos mais doridos, quase alheios,
Azuis momentos dias claros, sóis
E quando novos cantos tu constróis
Tornando mais viável frenesi
Num átimo mergulho sem perguntas,
E as almas quando as tocas, logo ajuntas
Trazendo o quanto quis e mereci.



421

As cores boreais matizes tantos
E neles a beleza mais sutil,
O quanto destes raros tons se viu
Gerando nas manhãs fartos encantos,
Procuro meu amor em vários cantos
E o toque mais audaz, mesmo gentil
Aonde uma esperança permitiu
Além dos medos, dores e quebrantos,
Esbarro neste etéreo caminhar
E vejo a plenitude a nos tocar
Num átimo invadindo esta amplidão,
E o quanto acreditara em luz e glória
Mudando totalmente a nossa história
Tramando os dias nobres que virão.


422


Por quantas vezes a alma busca a paz
Depois de tantas guerras e batalhas,
E quando em alegrias tu espalhas
A face mais amável, tanto audaz,
O amor com fantasia se compraz
E neste desenhar tais cordoalhas
Enredam e deveras onde há falhas
O canto mais feliz nos satisfaz,
Gerando a cada instante um novo rumo,
E neste desenhar eu já resumo
O todo num momento mais sublime
E cada novo toque traduzindo
Um dia mais feliz porquanto lindo
E assim todo este engodo se redime.



423


Mas os teus braços, mansos, me tocando
Traduzem este anseio e percebes
Além das delicadas doces sebes
Momento mais audaz, porquanto brando,
E o quanto desenhara desde quando
O todo noutro instante tu recebes
E sabes muito bem quando concebes
O amor em plenitude se formando
Eu quero a consonância neste intento
E quando na esperança eu me alimento
Num átimo mergulho e me detenho
No encanto mais suave e deste todo,
A vida sem temor sem medo e engodo
Traduz o desejar além, ferrenho.


424

Sossegam meus tormentos, temporais
Nas tantas alegrias onde eu pude
Viver a mais completa magnitude
E nela raros dias tu tocais
E vendo os cantos raros, magistrais
Desenho com ternura a juventude
E mesmo quando tudo agora mude
Esboço além dos todos, meus cristais,
E arisco companheiro do infinito,
Aonde se pudera mais bonito
Momento em raro alento eu transfiguro,
E o quanto deste sonho se permite
Sonhar sem ter qualquer ledo limite
No amor bem mais tranquilo e até seguro.


425



A luz que te traria em redenção
Transcende ao mais completo iluminar
E trama a cada instante este luar
E neles raios fartos se farão
E tantas vezes; busco a direção
Por onde com certeza ao caminhar
Encontro tão somente algum lugar
Tramando com ternura esta amplidão.
Vestindo a claridade num momento
Aonde outro desenho eu busco e tento
Cerzindo em plenitude este cenário,
E o canto mais audaz porquanto em paz
O ritmo desenhado ora me traz
Além do quanto julgo imaginário.


426

Não trouxe nem sequer alguma paz
O amor quando demais e sem juízo
O quanto deste toque é mais preciso
E trama novo dia mais audaz,
O sonho noutra face satisfaz
E nele com certeza eu me matizo
E bebo a plenitude onde eu diviso
Um canto mais tranquilo e até tenaz.
Esbaldo-me no encanto e me redimo,
Deixando no passado qualquer limo
E tento outro caminho mais feliz,
Pudesse adivinhar outro segredo
Vivendo com ternura onde concedo
O canto e nele o todo quanto eu quis.


427


Saudade que senti de quem pudera
Viver com plenitude outro momento
E quando a realidade eu vejo e tento
Apascentar a dor, imensa fera,
O risco de sonhar somente gera
Após este desenho um novo alento
E nele cada passo eu busco e invento
O quanto ainda quero ou mesmo posso
Um mundo tão suave e todo nosso
Desenho mais sublime em claridade
De toda esta vontade de te ter
Somente este delírio num prazer
E o todo sem limites ora brade.

428




ao fechar os olhos sinto
tua boca aproximar,
beijar, lamber, sugar
meus fluídos a inundar...
meu corpo em êxtase
se abre como uma flor
a espera de teu caule
derramando-se em ardor.
Regina Costa

Sentir a tua essência em plena fúria
De um gozo sem limites, furacão
Vulcão em magnitude de erupção
Sem medo sem temor e sem penúria,
O corpo se tornando em magma e lava
Num gêiser delicado e generoso
Aonde com ternura cada gozo
A vida num anseio se entranhava
E nesta doce e rara fantasia
Ebulições diversas, devaneios
Sentindo em minha boca belos seios,
O quanto da loucura nos traria
A imensidão em rara e doce fonte
E nela todo amor reina e desponte.


429

Nas asas desse amor alçando além
Do quanto poderia e mesmo ainda
A sorte com ternura já nos brinda
Enquanto a poesia toma e vem,
Reinando sobre o medo e sem desdém
O canto noutro instante não se finda
Tomando com furor tanto deslinda
E nisto se transforma em raro bem,
O quanto mergulhara em tua foz
Vagando sem destino e dentro em nós
Um mágico momento se desenha
E o tanto quanto possa ser feliz
Num átimo tentando a mais eu quis
Sabendo e decifrando cada senha.


430


Carrego o muito pouco e busco o tanto
Aonde na verdade poderia
Regendo passo a passo, o dia a dia
E nisto outro delírio em paz garanto
O todo se mostrara em raro encanto
E nele derramando a poesia
Trazendo tão somente a fantasia
E nela a plenitude deste canto
Arcando com o sonho sigo em ti
Além deste cenário e nele eu vi
A plena maravilha de te ter,
Sabendo desde já o quanto eu pude
Traçar com toda a rara magnitude
Um mundo feito apenas no prazer.


431


A dor, o medo, a ponta de uma adaga
Ferindo quem pudera ser feliz
O amor quando demais além não quis
Do quanto esta esperança ainda traga,
O tanto se perdendo noutra plaga
O gesto traduzindo em cicatriz
E assim deste momento nada fiz
Senão a imensidão que tudo draga,
Espero outro momento e nisto até
Sabendo do caminho por quem é
E o caos tomando força sempre veda
O passo rumo ao mar e nada traz
Somente outro delírio mais audaz
Traduz somente o medo e nova queda.


432


A dúvida feroz se mostra aquém
Do fato mais feliz, tranqüilidade
E quando o dia a dia nos invade
E o mundo se mostrando sem refém,
Presumo o que deveras sempre vem
Moldando o quanto quer; realidade
E o todo noutro ponto desagrade
Ou gere da esperança outro refém,
Esbarro nos meus erros e presumo
A vida e nela busco qualquer rumo
Tramando em alegria e fantasia
O todo que pudesse e muito mais,
Grassando com ternura e plenitude
O quanto deste pouco não ilude
Vencendo os mais diversos vendavais.


433

Não posso perseguir um novo vento
Aonde nada mais pudesse crer
E o quanto do caminho a se perder
Traçando novamente o que inda tento,
Vestindo este delírio num momento
E mesmo se pudesse ainda ver
No todo quando busco algum prazer
O corte se transforma em desalento,
Esbarro no caminho onde traçara
A sorte desenhada da seara
Mutante coração invade e toma,
Rasgando sem limites, tempestades,
E quando noutro rumo desagrades,
O amor gerando mais que mera soma.



434


A rosa que deixaste num canteiro
Aonde se pudesse até cevar
O sonho noutro instante a me tomar
Traçando este caminho, o derradeiro
Agora se transforma em espinheiro
E nada de decerto perfumar
Apensa e somente perfurar
Quebranto agora atroz e corriqueiro
Pudesse ter além de algum instante
O brilho mais suave e mais constante
Gerando novamente o doce olor,
Quem sabe desta forma minha vida
Em primavera plena, em paz florida
Traçando com ternura o pleno amor.


435

Perdoe se não posso estar contigo
A vida não permite novo sonho
E quando me entregando a ti, componho
O todo que deveras mais persigo
O canto se toando em desabrigo
Aonde o pude crer e ver risonho,
Agora quando a sorte; além enfronho
O tanto quanto eu quero não consigo
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento mais sutis e alvissareiros
Caminhos para o tanto aonde eu pude
Vencer o meu temor com claridade
Depois de cada passo se degrade
O rústico desenho em juventude.

436


Meu grito nunca mais se ouvira aonde
O tanto quanto eu quero não se dá
E o todo desenhado desde já
Aos poucos num instante corresponde
Ao todo desejado em nova cena
E o corte se transforma e se redime,
No amor tanto suave quão sublime
Minha alma a tal prazer enfim serena
E bebe desta sorte aonde o rumo
Presume claramente este cenário
E nele mais que tudo necessário
Eu bebo esta certeza e ora me aprumo,
Espalho ao vendaval o canto e a messe
À qual desejo farto agora tece.

437


À noite, adormecido sob a lua
Fantástica emoção tomando tudo,
E quando neste toque eu me transmudo
A sorte sem igual se perpetua
Bebendo desta imagem rara e nua
Não tendo outro caminho eu não me iludo
E vivo com certeza e tudo eu mudo
Enquanto a alma decerto além flutua.
Cultuas o desejo tanto quanto
O tempo se mostrara em raro canto
Audaciosamente eu vivo em ti
O amor que na verdade nos transforma
E deste desenhar em rara forma,
O quanto mais sonhara e consegui,


438


Ao saber o quanto amor
Poderia me trazer
Um momento de prazer
Deste sonho um resplendor
Em verdade agricultor
Tanta luz irá colher
No cenário aonde o ser
Ultrapassa em rara cor
O momento mais feliz
Onde o tanto quanto eu quis
Poderia desejar
Muito além de mero riso,
E deveras mais preciso
Cada brilho em raro mar.

439


Nesta estrela em cada olhar
Bebo a sorte e nada mais,
Entre velhos temporais
Aprendera a navegar
E se tanto eu pude amar
Quero a vida em teus cristais
Sonhos raros, magistrais
E deveras me entregar
Sem temor e sem desdita
Todo o encanto necessita
Deste porto mais seguro,
E contigo sempre em paz
Meu amor também se faz
Muito além do que eu procuro

440


No quanto me restará
De uma vida mais audaz
O caminho já se faz
E decerto aqui ou lá
Desvendando este maná
Onde amor me satisfaz
Encontrando a plena paz
Onde o encanto tomará
O cenário mais sublime
Nele toda a glória estime
Muito além de mero sonho,
Sendo assim sempre contigo
O momento aonde abrigo
Cada verso que eu componho.


441


Se na boca tens o mel
Onde mato esta vontade
Do desejo quando invade
Derramando imenso céu
Ao atar-me ao carretel
Nele sinto esta verdade
Em diversa realidade
Cumprirei o meu papel,
E te tenho a cada passo
Quando o sonho eu teimo e traço
Desenhando a plenitude,
Ao sentir tanta beleza
Tanto amor dita a certeza
E deveras nada ilude.


442


Se nos ventos meu orgulho
Espraiando em fantasia
Novo tempo poderia
Onde quero e além mergulho,
Nada mais que algum entulho
Tanta sorte mostraria
Na verdade em agonia
Piso em cada pedregulho,
Espinheiros dentro da alma
Ao tramar diverso trauma
Exalando podridão,
Bebo cada gole e tento
Um diverso sentimento
Noutro rumo e direção.

443


Se por vezes meu caminho
Não pareça mais concreto
O desejo onde o repleto
Com ternura agora aninho,
Vou sorvendo inteiro o vinho
Num prazer raro e dileto,
Meu momento predileto
Não seria vão, mesquinho,
Ao saber desse desejo
Tanto quanto ainda almejo
Traduzindo novo canto,
E a saudade fica atrás
Do cenário onde se faz
Todo o bem que ora garanto.

444


Já não vejo outro sinal
Nem tampouco eu quis ver
O caminho a se tecer
Traça um rito divinal,
O teu corpo sensual,
Envolvente em bem querer
Trama o novo amanhecer
Num sobejo ritual,
E eu te toco, nua e bela
Quando a vida se revela
Noutro instante ou mesmo até
Solitude eu não conheço,
Pois saber teu endereço
Diz do amor enquanto o é.

445


As vitórias que procuro
Numa cena mais audaz
Tanto quanto satisfaz
Deixa sempre mais seguro
Um caminho sobre o muro,
E se posso ser tenaz
Quero um canto quando traz
Claridade neste escuro,
Esboçando reações
Onde tanto tu me expões
O cenário mais suave,
Coração já libertado
Noutro tempo, segue alado,
Uma imensa e sublime ave.


446


Por amar e nada além
Eu desejo a cada instante
O caminho onde adiante
Todo o sonho que inda vem,
Ao ouvir e sem desdém
O delírio se garante
E se eu posso doravante
Mergulhar em farto bem,
Nada mais eu poderia
Nem sequer a fantasia,
Sendo a vida mais sublime,
Tua boca junto à minha
Todo encanto em paz continha,
Dos meus erros me redime.


447


Navegando em noite clara
O meu barco encontra o cais
Entre laços siderais
A verdade se declara,
Mergulhar nesta seara
Esquecendo os vendavais
Outros dias, rituais
Numa cena nunca amara,
Vejo em ti a claridade
E o caminho aonde brade
Melodia em tom maior,
Eu te quero e não renego,
Sem teus olhos, sigo cego,
Teus anseios; sei de cor.


448

Já vencido pela vida
Depois desta noite amarga,
A vontade ora se embarga
E a saudade tudo acida
A palavra resumida
Com certeza não mais larga
Quando a estrada em paz se alarga
Clara e imensa esta avenida,
Ao sentir tanta fartura
Meu encanto se afigura
Nos teus olhos, passos, rastros,
E seguindo este momento
Cada música que eu tento
Traz nesta alma raros astros.


449


Entranhado pelo tanto
Deste amor que não sossega
A verdade não mais cega
Noutro passo eu já garanto,
E o que possa a cada canto
Traduzir onde navega
A certeza me carrega
Sem temor e sem espanto,
Investindo esta promessa
Nela a vida recomeça
E se trama muito além
Do cenário mais atroz
E calando a minha voz
Novo sonho agora vem.


450


Já não pude suportar
Outra dura tempestade
A verdade desagrade
E destoe do luar,
Sem saber qualquer lugar
E buscar felicidade
Desviando da saudade,
Mergulhando no teu mar,
E deveras sendo assim
Tanto amor dentro de mim
Esbaldando fantasias,
Vejo a sorte iridescente
Neste amor onde apresente
Todo o brilho que irradias.


451

Engodo necessário a quem caminha
Presume quedas tantas vida afora,
E quando a realidade já devora
Co’a face mais atroz mesmo daninha,
Aonde a fantasia inda se aninha
E o tempo noutro instante desarvora
Pudesse desenhar e desde agora
O todo quanto eu quis e jamais vinha.
Os privilégios raros de quem ama
E entranha a todo instante nesta trama,
Ardis feitos em fúria e em temporais,
Deixando qualquer messe na poeira,
A sorte noutra face já se esgueira
E o barco perde rumo, esquece o cais.


452

Tocando o meu espírito u’a vontade
De ter e crer além de meramente
No quanto cada engano se apresente
E a fúria desta insânia desagrade,
Nefasta, com certeza a realidade
E desta forma enquanto fere e mente
Transforma toda a cena de repente
E o quanto ainda houvera se degrade.
Restituindo forças onde outrora
Neste verão passado revigora
O tanto mais constante dentro em mim,
Porém ao invernar-se em tom grisalho,
Um solitário canto; agora espalho
Tramando imenso estio no jardim.


453

Amargos alimentos da alma impura
A fúria, o gozo, o gesto, a dor e o medo
E quando aos devaneios me concedo
A sorte sem remendos se amargura.
E assim neste cenário configura
A morte a todo passo, atroz e ledo,
Frisando com terror o desenredo
E nele ausente sombra de ternura.
Ferrenhas, costumeiras, tais procelas
Enquanto; a tua face, enfim revelas
Ousando com palavras, frases, ditos.
O mérito de ser ou mesmo crer
Aos poucos se deixando esmorecer
Transforma eternos sonhos em finitos.


454


Cultivo esta miséria dentro da alma,
E nego qualquer chance de mudança,
Enquanto o descaminho assim avança
Apenas o não ser inda me acalma.
Esbarro nos cenários costumeiros
E vibro em consonância: vida/morte,
No quanto a poesia me conforte
Dos versos sonhos seguem jardineiros,
E as mãos ao lapidarem sentimento
Execram meus fantasmas e demônios
E os tantos corriqueiros pandemônios
Traduzem o caminho aonde eu tento
Pacificar o intenso enquanto habito
Ousando no sonhar bem mais que um rito.


455


Pecados testemunham cada fardo
Do qual já não me livro nem pudera,
Assim apascentando esta quimera,
O passo rumo ao fim tento e retardo,
A cada ausência tua; este petardo
E o corte se profana sem espera,
Alimentando a fúria da pantera
Trazendo ao meu caminho caos e cardo.
Dos erros, desacertos, tão constantes
Ainda quando aquém ritos garantes
Famélica impressão de solidão
Espúrio desenhar de um ser tão frio,
O medo a todo instante o desafio,
Mas sei quando ao final, todos virão.

456


Pagar pelas diversas confissões
Dos tantos vis esgares onde eu pude
Deixar apodrecer a juventude
E nela; a todo instante decompões.
São tantas quanto iníquas divisões
Errático caminho desilude
E o passo num engano onde amiúde
Esbarras tão somente nos senões.
Fadado ao mais incréu cenário eu tento
Vencer o sempre atroz, temível vento,
Com calmarias frágeis e banais,
Numa ilusão perpétua e sem limites,
Aonde no vazio te permites
Esvaio nos teus vários vendavais.


457


Alegremente adentro no finito
Em doces ilusões, mas sei do quanto
O tempo se aproxima em desencanto,
Porém de tal engodo eu necessito.
Audaciosamente o velho rito
Gerando novamente este quebranto
Apenas do não ser eu me garanto
E neste nada após eu acredito.
Ainda se pudesse num sorriso
O quanto deste eterno em mim diviso
E tento perceber, embora o nada
Tecendo esta mortalha como enredo,
Aos poucos ao jamais eu me concedo,
Matando em solidão esta alvorada.


458

As lágrimas não lavam nossas culpas
Tampouco nos trariam novos sóis
E quando a cada instante tu destróis
O todo aonde nada mais esculpas
As horas entre enganos e vergonhas
Esbaldam-se em ferrenhas tempestades,
E o quanto desta insânia ainda brades
Transcende ao mais profano aonde enfronhas,
Legado de um momento mais atroz
Caminhos envolvidos em incêndios
Não adiantam tomos nem compêndios
Se ninguém ouviria a minha voz,
As lágrimas redimem meus pecados?
São meros desenhares mal traçados.

459


Sentado na ante-sala eis que Satã
Domina toda a casa, quarto e cama,
E o quanto da verdade se reclama
Tramando a mesma cena tão malsã.
Resumo noutro infausto esta manhã
E bebo com terror a frágil chama,
Marcando em sangue e pus o velho drama
E nele o tom etéreo da maçã;
Joguete dos antigos evangelhos
Tomados pelos mitos turvos, velho,
De um louco e desvairado ser: Javé,
Deidade demoníaca que ultriz
Fazendo na verdade o quanto quis
Matando e desolando a ingênua fé.

460


Medindo sem medidas efetivas
As tramas entre enredos, teias, vagas.
O quanto desta insânia gera as chagas
Nas quais já com certeza ainda vivas.
As almas doutras almas são cativas
E neste derramar em pus alagas
Enquanto da esperança já me privas.
Ausentes de teus olhos, o horizonte
E nele sem ter nada quanto aponte
Esbarras nos limites do bom senso.
Testemunhando engodos costumeiros
Infernizado os Edens, vãos canteiros
Do humanizado deus eu me convenço.



461

Metálica vontade em ouro e prata
Disseminando a morte entre os iguais,
E nestes tempos duros, os venais
Demônios onde o nada se constata
Traçando a mesma face torpe e ingrata
Gestada por instâncias tão banais,
Momentos são diversos e infernais
E resta ao ser humano esta bravata.
Um ser evoluído poderia
Gerar além do quanto em agonia
Destroça cada irmão, mera tolice,
Espúria criatura turva e herege
Enquanto na ganância o passo rege
Somente algum poder em vão cobice.

462


Vaporizando o sonho em turvas cenas
Ao poluir os céus, rios e mares
Talvez nem mesmo ainda tu notares
O quanto sem defesas; envenenas,
E à morte cada ser ora condenas
Fazendo das riquezas teus altares
E quando as divindades profanares
Ainda busca sendas mais amenas.
Estúpido cometa, o ser humano,
Ao mesmo tempo rege perda e dano
E bebe cada artéria da materna
Essência de um planeta desolado,
Traçando sem pudor o espúrio fado
Aonde tais vis garras, hoje interna.


463


O demo toma as rédeas do planeta
Ousando num disfarce mais sutil,
E quando o fim de tudo se previu
Na face mais atroz onde arremeta
A furiosa insânia se cometa
E marque com cenário tosco e vil,
A pútrida emoção quando se viu
Guardando as esperanças, vã gaveta;
E ao ver este cenário decomposto
Percebo num espelho o próprio rosto
Da fera que alimento em ânsias tantas
Não me eximindo sei do quanto pude
Matar o ledo sonho em atitude
Mordaz que também ousas e garantas.


464


Se nesta repugnância já se espelha
A face mais atroz da tosca fera,
O quanto do vazio ora se espera
Não deixa da esperança uma centelha.
Demarca com audácia cada passo
E gera os mais incômodos cenários,
Os homens, seres vãos e temerários
Ascendem ao terror por onde eu grasso.
Satânicas orgias, fúrias, ritos,
Bacantes heresias, mesmas cenas,
E assim aos poucos tanto já condenas
Tornando os ledos sonhos mais finitos,
Esbarro nos meus erros e aprofundo
Um ar terrivelmente nauseabundo.


465


Ao tocarmos a face deste Inferno
Por onde nós entramos; sem saída,
Jogando no vazio a sacra vida
Gerando eternamente um ledo inverno,
E quando em duras faces eu me externo
Prevendo apenas medo e despedida,
O quanto da palavra fora urdida
Momento doloroso, em pus eterno.
Estúpido canalha refletindo
Um mar tão extremoso, agora findo
Estios repentinos e procelas,
Na vasta e tão perfeita criação
Desérticos fantasmas se virão
Na face mais escusa que revelas.


466


As trevas quando as gero e assim sustento
Mecânicas diversas deste lodo
A cada novo passo, o mesmo engodo
Levando uma esperança em tosco vento.
Partícipe da orgástica loucura
Sarcástico demônio, eu sei que entranho
E busco de algum modo qualquer ganho
Aonde esta mortalha se assegura.
Esboço de algo mesmo racional,
Das armadilhas gero novas presas,
Em formas tão diversas de grandezas
Eu sei o quanto sou duro e venal,
Pudesse uma esperança alimentar
Houvesse entre tais trevas, um luar.


467

Um libertino caos gerado em mim
Nas tantas heresias costumeiras
E quantas vezes teima quando queiras
Tramar outro cenário, ou mesmo enfim.
E acende do vazio este estopim
Com mãos tão mais ferozes, rapineiras
Alçando deste vale as cordilheiras
Marcando com estio este jardim.
O pária sem sentido em ermo rumo,
O quanto desta culpa ainda assumo
Não basta e nem mesmo redimisse,
Num ato mais atroz e furioso,
Apenas preocupado com o gozo
Repito a todo instante esta tolice.


468

O seio maltratado da mãe Terra
Aonde se mostrando grandes fendas
Enquanto as garras torpes tu estendas
A poesia morre a aquém se encerra,
Gestando a cada instante nova guerra
Apenas aos prazeres inda atendas
As tropas, casamatas, quartéis, tendas
E uma esperança alheia se desterra.
No sanguinário olhar da raça humana
O quanto de satânico profana
Gerando tão somente a escusa face
Por onde dominando todo o sonho,
Também um verme espúrio eu decomponho
Aonde quer que vá, domine e grasse.


469


Roubamos a esperança quando aquém
Do todo que pudesse nos tornamos
Escravos da vontade e destes amos
Os dias na verdade não convêm
Olhando com terror e até desdém
Num passo mais temível nós ousamos
E quando destruímos folhas, ramos
Desértico cenário o que inda vem.
Arrancando dos olhos do planeta
As lágrimas sangrentas, mortes, limos
E o vândalo caminho se traçando
Num ato tantas vezes mais nefando
O quanto resta em nós já destruímos.


470

A vida se esvaindo não permite
O quanto deste sonho se alimente,
Cadáver se desenha plenamente
E toma além do mar qualquer limite,
No quanto ainda resta e ora acredite
Mudança necessária e até urgente
O sórdido canalha, o vil gerente
Mortalha a cada instante não evite.
Na sordidez espúria deste ser
Aonde se pudera concebe
Superna criatura e nada vejo,
Somente uma ganância mais audaz,
E nada na verdade satisfaz
O interminável veio em vil desejo.


481


Nossos vícios heréticos demônios
Aonde se presume o fim de tudo,
E quando noutro passo desiludo
Gerando dentro da alma pandemônios,
Esbarro nos meus ermos patrimônios
E bebo a solidão e me amiúdo
Enquanto poderia e não transmudo
Tocado em plena fúria por hormônios.
Hedônico fantoche que satânico
Expresso em passo rude e gesto o pânico
Tramando a cicatriz e amortalhado
Esbaldo-me deveras no meu ego
E o quanto deste torpe mar navego
Demonstra o quanto deixo por legado.

482

Somente um ser imundo, o tal humano
Desenho em tal fastio destroçado
Resume cada infausto do passado
E novamente agora em vão me dano,
O passo muitas vezes desenhado
E neste caminhar tão soberano,
Aos poucos vou puindo cada pano
Em céu somente rude e agrisalhado,
Espúria criatura se transforma
E gera esta satânica vil forma
E dela se sacia quando o ocaso
Tomando este horizonte e renegando
A paz neste momento mais nefando
No qual e pelo qual tanto me aprazo.


483


Ao produzir os gestos mais audazes
Os seres tão vulgares, racionais
Espalham entre tantos temporais
As horas mais terríveis tão mordazes,
E assim decerto as dores quando as trazes
Moldando dias rústicos, venais
Expressas com angústias os boçais
Desenhos demonstrando turvas fases.
Senzalas, celas, rústicas masmorras
E nelas muitas vezes te socorras
Traçando cadafalsos entre algemas,
Acorrentando em ti diversas chagas
E quando alguma luz; incerta, tragas
Ouro de tolo em torpes vagas gemas.

484


Despojas deste mundo a própria vida
E desalojas sonhos onde houvera
Ainda algum resquício em primavera,
Na morte a cada instante sendo urdida,
A face mais atroz inda convida
E trama novamente a dura fera
Espúria criatura degenera
Marcando com terror cada ferida,
Um ser que sendo ignóbil se endeusara
Um déspota destroça esta seara
E mata com a face mais atroz
Em nome de um terrível vilipêndio
Gerando o caos a cada novo incêndio
Matando da esperança a mera foz.


485


Num esgoto sorvendo a humanidade
Grassando sobre nós tal demoníaco
Cenário aonde em falso afrodisíaco
O quanto do temor atrai e agrade,
Aonde se puder paradisíaco
O mundo a cada passo se degrade
E gera noutro instante a mesma grade
Num ar quase nefasto e até maníaco.
Esgota-se deveras a esperança
Fantásticos cenários mortos, ledos,
E quando se percebem seus segredos
Os corpos no vazio a vida lança,
E a mortandade explícita do sonho
Explode quando eu mesmo decomponho.


486


Entediado passo rumo ao nada,
Marcando as doces ânsias sensuais,
E os corpos entre orgásticos banais
Abrandam a mortalha desenhada,
E o corte dentro da alma em voz velada
Esgota os meus anseios desiguais
Os riscos são deveras sempre mais
Do quanto poderia uma alvorada.
Estranhas criaturas surgirão
Após o caos gerado pela fúria
E nesta cena atroz, tanta penúria
Tornando o dia a dia bem mais vão,
E esgarçam-se os cenários desta peça
Aonde o podre ser tomba e tropeça.


487


Fumando os meus anseios em cigarros
Arcando com meu câncer, meu infarto,
O quanto deste intento ainda parto
E gero com angústia meus escarros,
Espalho na fumaça este fastio
E gesto a morte em tétrico amargor
E tendo tão somente o desamor,
O sonho se transforma em ledo estio,
Escaldo meu caminho em tais venenos
E bebo poluídas tempestades
E quando noutra face desagrades
Os ermos penetrados, sempre plenos.
Apresentando apenas desengano,
Aos poucos com prazer raro eu me dano.


488



O monstro desenhado num espelho
Na face mais atroz, minha alma eu vejo
E o quanto poderia num lampejo
Apenas meramente me assemelho
Ao verme onde tanto pude vê-lo
Recendo ao mais temido ser ignaro
E ao nada após o nada me preparo
Traçando cada engodo em pesadelo,
Espúria criatura, eu sou tal qual
Tu te afiguras nesta mesma imagem
De uma esperança ao ato, a defasagem
Demonstra o quanto sou ledo e boçal.
Imagem de Satã, somente exposta
Na estúpida mortalha por resposta.

489


Hipócrita figura se desnuda
Num átimo e mergulha dentro em mim,
Idêntico formato traz ao fim
O quanto ainda resta e nos acuda,
A morte se assemelha e tudo muda
Marcando em consonância amargo gim
E nele se entranhando enquanto assim
A sorte na verdade se amiúda.
A sórdida figura que se expõe
E nisto minha vida ora compõe
De um êxtase sublime e mais atroz,
Reflito esta satânica noção
Num tempo feito em dor e negação,
Calando a sanidade em turva voz.


490

Potências tão diversas, lei e queda
A morte não presume salvação,
Tampouco creio em dias que virão
Aonde uma esperança leda enreda,
O quanto do vazio ora nos seda
E traça outro momento, mesmo em vão,
Gerando a mais inglória gestação
E nisto num não ser ora degreda.
Esparramando apenas desventuras
Ainda queres noites claras, puras?
Colhendo o que cevaste em sordidez,
Do todo ao nada resta plenamente
A vida não sonega e nem desmente
Apenas num momento se desfez.

491


O poeta se extasia quando sonha
E sabe ser apenas ilusão
E neste delirar dias virão
Embora a face seja mais medonha
E o quando da verdade não se ponha
Mostrando a cada instante a negação
De um tempo onde talvez a imprecisão
Pudesse recompor o quanto oponha
Vestindo esta quimera, soledade
A vida não permite e se degrade
Gestando cada instante mais atroz,
E o risco de sonhar já não me cabe
Bem antes que o cenário enfim desabe
Ainda tento; espúrio, minha voz.


492

A vida se blasfema a cada ausência
E o tempo não permite novo canto,
E quando noutro instante não garanto
Apenas a verdade em inclemência
E o todo se pudesse, penitência
Tramando com terror o desencanto,
Marcando em tal temor ainda espanto
A sorte com temível virulência.
E o caos se transformando em tom nefasto,
Do novo caminhar ora me afasto
E bebo esta aguardente mais amarga,
Assim a minha história se repete
No quanto poderia e não reflete
A voz quando o vazio ainda embarga.

493


Crispando contra a tosca divindade
Marcada em tom atroz, nego o caminho
E quando no vazio ainda aninho
O passo mais audaz somente invade
E traça com terror iniqüidade
Vacância dominando cada ninho
E o tanto quanto fora mais daninho
Traduz a mais dorida realidade,
Espúrio passageiro da ilusão
Meus dias noutros dias morrerão
Macabra fantasia gera o caos,
E os ermos mais audazes e senis
Tramando este momento amargo e gris
Gestando dias turvos ledos maus.

494


Pariste viperinos antros quando
Tocada pela insânia não vieste
Tramando qualquer coisa além do agreste
E o todo no vazio se traçando,
O passo se mostrara redundando
Moldando tão somente medo e peste
O corte prenuncia o quanto deste
E nisto outro desenho se formando,
Acordo e nada vejo além do caos,
E quando imaginara portos, naus
Apenas o naufrágio traduzindo,
O risco de viver já se profana
E a vida outrora mansa e soberana
Agora em tal tormenta se esvaindo.

495


Amamentando a serpe que transforma
A vida numa insânia mais constante,
Satânica figura se agigante
Na humana e discrepante tosca forma
Aporta no vazio e gera a norma
E deste vão desenho se adiante
O passo tantas vezes delirante
E nele todo o sonho me deforma,
O corte mais audaz, a insanidade,
Fastio demonstrando o quanto agrade
Ao teu demônio e mesmo ao vão Satã;
Assim a humanidade se desnuda
E mostra a face atroz, dorida e aguda
Negando qualquer luz noutra manhã.


496


Maldita noite feita em irrisão
Gestando a turbulência invés da paz,
E o quanto do meu passo se desfaz
Moldando no vazio a direção,
Os dias mais temíveis poderão
Tramar outro cenário tão mordaz,
E quando se tocasse em Satanás
Veríamos completa podridão,
Errático fantoche o ser humano
A cada instante mata e quando dano
Esbarro nos medonhos que carrego,
O passo sem sentido e sem proveito
Aonde com terror eu me deleito
Gerando tão somente este nó cego.

497


Gestando no seu ventre esta satânica
Figura tantas vezes desejosa,
O tempo quando a sorte mata e glosa
Na face mais atroz porquanto orgânica
Esbalda-se me venal caricatura
Politeísta e espúrio o ser caótico
Católico apostólico e profano,
No Constantino passo traz o dano
Deveras tantas vezes estrambótico,
Esgota-se no fausto e no poder,
Nesta opulência torpe e tão abjeta
Ao mesmo tempo o deus mata e deleta
Gerando em seu lugar grana e poder,
Fantoche em mera cruz aprisionado
Pastoreando o preso e tolo gado.

498


Entre as mulheres tantas a escolhida
Marcada em tom audaz e mavioso,
Depois de certo tempo o fabuloso
Útero permitindo a rara vida,
E quando entre as diversas fora ungida
Por ser complexo e mesmo majestoso
Gerando espírito de luz formoso
E nele se apresenta uma saída
Enquanto a podridão ainda toma
Cenário renegando a própria soma
Tocada pela fúria de um poder
Aonde na verdade nada traça
Senão a mesma incúria tola e baça
Matando o raro amor a apodrecer.


499


Um esmerado ser pudera aonde
Apenas se percebe a sordidez
E quando a realidade se desfez
No todo quanto o pouco corresponde,
Marcando com terror a vida esconde
A tola e mais mordaz estupidez,
Somente este fantoche agora vês
E a voz em solilóquio te responde,
Mordaças entre os dias mais venais
E tramas outras faces desiguais
Na pútrida verdade em cruz e medo,
E quando ao mais sublime ser concedo
O amor que me ensinara em plenitude,
Cenário se desnuda e desilude.


500


Ao rebater deveras o rancor
Aonde me ensinaste ser tal corvo,
Apenas retornando o raro estorvo
E nele se furtando toda a cor.
A morte dissemina um ar cruel
E bebe com fartura todo o sangue
Mergulho o meu caminho neste mangue
E sorvo sem limites dor e fel
Da rústica paisagem a mortalha
Tomando todo o véu em ledo espaço
A ponte destroçada eu já desfaço
E a pútrida carcaça ora se espalha,
Um pária na sarjeta da esperança
Aos poucos sem saída ora se cansa.



501


Na espuma aonde este ódio se destila
Traduzes o terror a cada instante
E o fato de sonhar pouco garante
Enquanto a realidade além desfila,
A sorte desgraçada adentra a fila
E fia com temível, provocante
Caminho tantas vezes degradante
Aonde a fantasia invade a vila,
Esboço reações e sei do nada
Enquanto a porta sendo violada
Avança sem segredos, cofres, rumo
E os tantos denegridos quando escumo
E tento novamente um raro anseio,
A vida se transforma plenamente
E o quanto se transcorre e ainda mente
Trasborda renegando cada veio.


502



Meu peito se percebe em plenitude
Marcando com amarga sintonia
E o todo quanto posso ou mais queria
No fundo tão somente desilude,
Amar e ter deveras a atitude
Na qual eu mesmo tento e poderia
Viver a mais sublime fantasia
Enquanto o mundo traça um rumo rude,
Esgarço com meu verso o quanto quis
E deste desenhar ledo e infeliz
A morte sepultando uma esperança
Do amor jazigo feito em cada engodo,
Mergulho o pensamento neste lodo
Aonde o meu caminho ora se cansa.


503


As coisas dolorosas vida inteira
E sei do quanto pude e não tentara
Apenas prolongando cada escara
A sorte tão diversa do que eu queira,
E quando se mostrara verdadeira
A vida noutra face se escancara
E o passo num momento se prepara
Rondando com ternura esta bandeira,
Acordo em desamor e neste ocaso
O passo na verdade sempre atraso
E morro em desventuras, medos, erros,
E tento adivinhar nortes e cerros
Enquanto no passado nada havia
O amor; não mais concedo nem pudera
Ocasionando apenas nova fera
A morta e sem proveito fantasia.


504


As rosas que nasceram sobre estercos
Produzem tais aromas mais gentis,
E assim também momentos onde eu quis
Ultrapassando ledos duros cercos,
Esvaio entre palavras, sendas cenas
E tento acreditar noutro momento
Sabendo quantas vezes teimo e tento
Enquanto na verdade não serenas,
Esgoto em verso e luz o passo além
E sei da qualidade deste incenso
No amor aonde tanto me convenço
Marcando o que deveras não contém
Semeio a tempestade e bebo o fim
Tramando em discordância o meu jardim.


505


As lágrimas geradas pela chaga
Esvaem num momento mais atroz
E calo a cada instante a velha voz
Marcada pela fúria a cada adaga.
E quando a solidão ainda afaga
Medonha caricata face algoz
E nela se percebe ausente foz,
Do quanto a poesia não alaga
E bebo gota a gota todo o caos
Aporto no vazio minhas naus
E beijo a tempestade enquanto busco
Um dia mais suave e nada vem,
Do amor por tantas vezes sou refém
Porquanto cada passo; o tramo brusco.


506


Anseios que inda trago e nada faço
Apenas adivinho o fim e toco
Mudando a cada passo o velho foco
E nele o meu caminho em ledo espaço,
Esgoto esta incerteza em cada traço
E neste desenhar tanto provoco
E morro sem saber o quanto enfoco
O rústico desenho em ledo e escasso.
Existo tão somente pelo sonho
E quando novamente eu recomponho
Um mundo sem proveito meramente
O tanto quanto pude e nada havia
Gerando tão somente esta agonia
Domina cada encanto e sempre mente.

507


Palavras em mistérios tão diversos
Gerando a ingrata luz onde mergulho
E sei do meu caminho em tal entulho
Vagando sobre tolos, vastos versos,
E quando poderiam mais perversos
Anseios na verdade não vasculho
E bebo a todo instante o pedregulho
Tentando discernir meus universos.
Ausento da esperança e silencio
Gerando tão somente o mesmo estio
Aonde poderia em primavera.
O passo sem destino, mero e escasso
E nele com certeza eu me desfaço
Marcando em desespero cada espera.


508


A febre quando invade em frenesi
Gerando a tempestade dentro em mim,
Traçando a cada infausto outro estopim
E neste desenhar eu me perdi,
O quanto desejara e sei em ti
O todo traduzindo o mero fim,
Mergulho no vazio e sei enfim
O todo quanto audaz não conheci.
Estranho cada passo e morro alheio
Ao quanto percebi e nada veio
Somente esta centelha em vaga luz
Renasço do cenário mais atroz
E bebo a paciência em torpe voz
No quanto ao nada além já me conduz.


509


Minha mortalha expresso em poesia
E morro a cada instante sem saber
O quanto ainda resta em desprazer
Do pouco que em verdade ainda havia,
Mergulho nesta insana hipocrisia
E passo tão somente a receber
A cena aonde nada pude ver
Senão a mesma face em utopia.
Esqueço esta verdade e morro aquém
Do pouco ou mesmo nada quando vem
Regendo o meu caminho rumo ao vão;
Amante sensação de ser feliz
E nela o próprio todo contradiz
Trazendo tão somente o eterno não.

510

Em êxtases sublimes, amor tanto
Pudesse assegurar um passo manso,
E quando este vazio; agora alcanço
Apenas o final torpe eu garanto
E o todo que pudera sem quebranto
Renega qualquer passo, outro remanso
E ao trágico caminho ora me lanço
Vagando sem destino, enfim espanto
Mergulho neste insano e tosco mar,
Pudesse novamente navegar
Aonde nada existe, nem um cais,
E amar sem ter proveito nem sentido,
E nisto cada instante ora divido
Em cenas tão temidas, vendavais...


511


O meu olhar adentra esta alvorada
E cerzi uma esperança lisonjeira
Aonde na verdade sempre queira
Depois de uma alegria abençoada
Traçando com certeza o mesmo nada
Porquanto a vida traça a verdadeira
Paisagem até quando derradeira
Traduza a face rara desenhada
Expresso em fantasia o meu caminho
E quando na certeza agora aninho
O rumo sem temor, delírios tantos,
E o canto mais audaz pudesse ter
Gerando tão somente este prazer
Deixando no passado tais quebrantos.

512

A minha voz traçando em tal gorjeio
Desejos delicados e sombrios
E neles entre tantos desafios
Um passo mais sutil e mesmo alheio,
O quanto deste sonho não receio
E bebo os tão diversos desvarios
Traçando com tormento novos fios
E neste caminhar procuro um meio
Além do mais profano caminhar
Vagando sem saber onde parar
Estrela redentora em tez suave,
Assim neste momento quero mais
E bebo desta insânia os sensuais
Desenhos onde nada mais se agrave.


513


A boca enamorada em tons vorazes
Tocando tantos sonhos num momento
E quando outro caminho; ainda tento
E nele tantas luzes tu me trazes,
Os dias mais felizes entre audazes
Delírios se transformam neste alento
Trasbordam num suave pensamento
E neles se transbordam tantas fases,
Mergulho neste instante sem temor
E vibro em consonante e raro amor
Gerando a primavera dentro da alma,
Assim ao conseguir um passo além
Vencendo qualquer sonho que inda vem
Tocando este emoção aonde acalma.

514


O quanto me inebria este desejo
E nele mergulhara sem defesas
Seguindo as mais tranqüilas correntezas
O sonho num momento eu quero e vejo
Bebendo cada anseio onde porejo
E tramo com certeza tais belezas
Aonde com ternura vejo presas
As horas onde tanto mais lampejo
Pudesse mergulhar insanamente
E ter o quanto quero e se apresente
Além de meramente um só momento
E assim na plenitude deste amor,
O encanto se desenha em redentor
Delírio; aonde tanto busco alento.

515


Eu trago o esquecimento a cada ausência
E encontro a plenitude em verso raro,
Amor a cada instante onde o declaro
Traduz com plenitude esta cadência
Vivendo sem temer esta ingerência
O quanto em tal fastio mais declaro
O mundo mais suave aonde amparo
E nele tão suave providência,
Amar e ter certeza deste todo
Aonde com ternura e com denodo
Mergulho a cada passo muito além
Do tanto quanto pude em primavera
Amor quando demais; amor mais gera
E nisso a magnitude sempre vem.


516


Não tenhas tanto medo aonde a vida
Traduz a imensidão a cada verso
E neste desenhar porquanto imerso
Amparo a cada instante uma saída
E a sorte desta forma sendo urdida
Transcende ao mais superno do universo
E quando meu caminho em paz disperso
A messe nesta paz é traduzida
Vivendo com brandura cada amor
E nele se entregando sem pudor
Vibrando em harmonia mais constante
Gerando cada passo além do mar,
E nele tão contente desenhar
Um mundo mais feliz e deslumbrante.

517


Aonde na verdade não sabia
Do quanto pude crer e não quisera
Gerando a todo instante a primavera
Marcando com a glória em alegria,
O canto noutro enredo me traria
Além de meramente esta quimera
E a sorte se anuncia e se tempera
No canto em rara glória e fantasia,
Mergulho num momento e gero a paz
Aonde o meu caminho tenta e traz
Apenas plenitude e num desenho
O quanto quero e trago neste verso
Num sonho aonde o todo já disperso
Tramando o quanto quero em raro empenho.


518


Brisas dominando cada verso
Aonde poderia ser feliz
Gerando o que deveras bem mais quis
E neste desenhar eu me disperso,
O quanto pude mesmo e sigo imerso
Num átimo em diverso tom, matiz
Cenário aonde tanto um aprendiz
Procura caminha neste universo.
Vencido pelo anseio tão somente,
A vida noutra face se apresente
Gerando a cada instante outro abandono,
E quando em poesia mergulhara
A sorte noutro instante bem mais clara
Traduz o quanto em sonho eu desabono.


519


Beleza reluzindo em plenitude
Gerando em discordância cada engodo
O quanto poderia; mero lodo
Que a todo instante sempre desilude,
O amor em sua clara magnitude
Expressa a sensação sobeja e rara
Aonde a fantasia se permite
Sem medo, em destemor, e sem limite
E nisto toda a sorte se declara
Vencendo qualquer medo, sigo em frente
E bebo desta lua a cada instante
No quanto amor deveras se garante
E a vida com certeza se apresente
Vivendo em harmonia cada sonho
Enquanto a redenção; busco e componho.

520

Era tão bela e rara a primavera
Aonde minha vida se entregara
Marcando com ternura esta seara
E nela minha sorte se tempera
Deixando no passado esta quimera
A sorte noutra face se escancara
E bebe a fantasia bela e rara
E nela a plenitude doma a fera
Gerando totalmente a plena paz
Aonde cada passo se compraz
E marca com ternura novo dia,
O canto em consonante luz expressa
O quanto além de mera e vã promessa
Traduz a mais superna fantasia.


521


A fronte em tal cenário desfigura
E gera turbulências onde tanto
Pudesse desenhar o que garanto
Na fonte mais suave e mais segura
O barco noutro instante se procura
E gera novamente o desencanto
E neste caminhar se me agiganto
A sorte na verdade desfigura
Expresso com terror o quanto pude
E vivo em consonante magnitude
Arcando com os erros mais audazes,
E sei da insânia mesmo em tom venal
E deste desenhar ou bem ou mal,
Ainda novos dias tu me trazes.

522

Um rio que das terras mais audazes
Transcorre em corredeiras, dia a dia
Na face mais atroz e mais sombria
Os ermos de tua alma; enquanto trazes
Presumes sonhos rotos e tenazes,
O quanto se pudesse e moldaria
Tramando com ternura a fantasia,
Ainda quando além tu já comprazes.
Amar e ser feliz? Mera ilusão,
E os tempos se repetem, mesmo não
E o corte se aprofunda sem sentido,
O risco de sofrer já não suporte
O canto sem brandura em ledo corte,
Enquanto o meu anseio eu dilapido.


523


Há tempos mergulhou noutro caminho
Deixando para trás sinceridade,
O quanto deste sonho se degrade
Tornando todo dia mais mesquinho,
E neste desenhar eu me avizinho
Da tétrica paisagem feita em grade,
E o risco se mostrando na verdade
Adentra minha pele, vago espinho.
O canto mais audaz eu poderia
Tramando com sorriso a fantasia
Ausente dos meus dias, mesmo assim
Adentro esta emoção e bebo farta
Delícia aonde o sonho se reparta
E trace com ternura um manso fim.


524




As águas deste rio se perdendo
Sem fozes, afluentes, ledo mar,
Pudesse a cada instante caminhar
Deixando para trás qualquer remendo,
O tanto quanto quis já se tecendo
Brilhante e delicado navegar
Tocado pelos raios de um luar
Momento mavioso me envolvendo.
E agora que percebo esta beleza
A sorte aonde outrora fora ilesa
Gerando novo dia mais feliz,
E quando esta verdade ainda toca
O sonho noutro rumo se desloca
E traça todo o bem quanto o mais quis.

525



Depois de um oceano um cais eu sinto
E tento novo porto onde ancorar
Vagando muito além do enorme mar
Um tempo do passado agora extinto,
E quando na ilusão deveras pinto
O sonho num diverso imaginar,
Alçando o mais sublime do luar
Enquanto a cada fato teimo e minto.
Navego pelas ânsias mais fecundas
E quantas vezes tentas e aprofundas
O passo num momento mais audaz,
Assim o meu cenário se transforma
E bebe a poesia em justa forma
Momento mais feliz, gerando, o faz.

526



Chegaram nesta costa luzes tantas
E nelas tu vieste em redenção,
Marcando com denodo a direção
Na qual; decerto, passas e adiantas,
As horas mais sublimes; agigantas
E tramam novos tempos que virão
Tocando com delírio e precisão
As vozes soltas, livres nas gargantas,
O corte e a vestimenta em árdua luz
Ao quanto poderia e reproduz
Gestando outro caminho em claridade
O todo se refaz a cada instante
E o passo no futuro me garante
O quanto da emoção imensa invade.

527




Subiram cordilheiras, muito além
Do quanto poderia ou mesmo quis
Etéreo coração deste aprendiz
Ao qual a poesia nunca vem,
Tramando o seu sorriso de desdém
O sonho se mostrando por um triz
No risco mais audaz, a cicatriz
Marcada a ferro e fogo, morte e bem…
Escuto a voz do vento me tocando
E sei o quanto posso e desde quando
Vagando sem destino em noite escusa,
O passo sem sentido ou rumo dita
A sorte mais atroz, dura e maldita,
Aonde o meu caminho se entrecruza.


528



Na terra mais bonita dentre as belas
As sortes se transformam; plenitude
O quanto deste passo não ilude
E nele tantas cores tu revelas
E teces com delírios raras telas
Aonde o meu caminho sempre eu pude
Vencer qualquer temor, ou tempo rude
Abrindo ao pleno vento as minhas velas,
Esboço com sorrisos reações
E sinto quantas vezes tu te pões
Diversa do desejo mais audaz,
E o todo se perdendo no vazio
Apenas o caminho desafio
E a noite noutro instante se desfaz…


529


Partiu-se em magistrais momentos vãos
Os ermos de minha alma, sem guarida
E assim ao perceber o bom da vida
Cevara noutros dias velhos grãos,
E os passos se mostrando nestes chãos
Gerando a cada engano outra saída
E traduzindo a morte tanto acida
Em dias tenebrosos, artesãos.
Arranco os olhos vejo outro horizonte
Aonde na verdade nada aponte
Senão as mesmas farsas, dias ledos,
E tendo em minhas mãos o meu futuro
Do quanto poderia eu me asseguro
E vivo com ternura tantos medos.


530


As águas deste rio poluídas
Expressam a vontade e o mais atroz
Cenário aonde a vida fora algoz
Marcando com terror estas saídas
E mesmo quando aquém inda duvidas
Ninguém mais ouviria a tua voz
Somente o mesmo passo e nada após
Deixando sempre à mostra tais feridas,
Redimo os meus enganos, sigo só,
Do tanto quanto pude, nem o pó
Apenas esta cena costumeira
Aonde na verdade o quanto quero
Traduz este momento duro e fero
E nele uma alegria em vão se esgueira.


531


Unidas num destino tão diverso
As almas entre sonhos se tocando,
O tempo mais suave em contrabando
Traduz esta esperança aonde eu verso,
E bebo inteiramente este universo
Em lua mais sublime decorando
Marcando com ternura, um dia brando
Deixando para trás o tom perverso,
Esbarro nos meus ermos e me vejo
Além do quanto pôde algum desejo
Vagando sem destino em noite clara,
O amor quando atocaia numa espreita
Deveras com ternura agora deita
E o paraíso neste instante se escancara.


532


Depois de tantas matas, corredeiras
As almas entre prados entranhadas
Bebendo em maravilha as alvoradas
E nelas outras cores lisonjeiras
Marcando com ternura tais bandeiras
Gerando as mais sublimes, tais estradas
E nelas luzes tantas desenhadas
Porquanto traduziste o quanto queiras.
Escuto a voz do vento me chamando
E o coração pesado em contrabando
Mergulha nesta insânia dita amor,
E o peso se transforma em pleno caos
E assim alçando além novos degraus
Num sonho tantas vezes redentor.


533


O Fado tão sutil pudesse dar
Ao sonho a plenitude onde se anseia
E mesmo quando a vida eu vejo alheia
Eu bebo cada raio do luar,
E neste tão sobejo desenhar
O quanto de minha alma ali rodeia
E tece em redenção superna teia
Vagando sem destino céu e mar.
Ascendo à plenitude e num instante
O passo no futuro se agigante
Marcando em tez suave a poesia,
Meu mundo se transforma de repente
E quantas alegrias a alma sente
Além do que decerto eu pensaria.

534


Reúne o que o Oceano tão diverso
Pudesse em mil atóis gerar somente
O quanto mais ainda busque e atente
Vagando em cada lua; eu me disperso
E quando em magnitude rara eu verso
Cevando esta esperança, uma semente
Aonde se pudesse plenamente
Vivendo raro encanto no universo.
Amor já não cabia noutra cena
E a vida quando ao sonho nos condena
Mergulha em tal insânia e assim conquista,
O todo se transforma e num momento
O quanto mais desejo eu alimento
Com alma sonhadora, quase artista...


535


No amor mais fabuloso onde pudera
Traçar a fantasia mais sutil,
O encanto sendo além do quanto viu
Expressa dentro em nós a primavera,
E o quanto deste passo destempera
Marcando este cenário outrora vil,
E gera novo dia mais gentil
Matando numa espreita a vã quimera.
Esbarro nos meus erros e prossigo
E quando me imagino assim contigo
Adentro paraísos, bebo a sorte,
E tendo esta certeza mais sublime,
O amor quando demais tanto redime
E noutra face exposta nos conforte.


536



Saudade em esperança dita a vida
E gera outro momento mais suave,
E quando o coração libertando ave
Transcorre muito além desta saída,
A sorte tantas vezes presumida
Sem nada que deveras inda agrave
Percorre outro caminho, sublime nave
E vê tal paisagem assim urdida.
Acorrentado aos sonhos mais felizes
Vivendo todo o encanto aonde dizes
Do gozo mais sublime, amor perfeito,
O tanto quanto pude acreditar
Nos raios mais sobejos do luar
Enquanto juto a ti; amada, eu deito.


537

Que ao menos mitigando a dor em mim
O sonho poderia ser sutil
E o quanto deste encanto se sentiu
Transcende à própria luz deste jardim,
O amor quando demais já não tem fim
E dele novo canto ora se ouviu
Vibrando em consonância em tom sutil
Acende da esperança um estopim,
E trama novos raios de um luar
Aonde eu poderia mergulhar
Tocado pela prata em tom suave,
Assim ao me mostrar a ti desnudo
Nas faces deste encanto não me iludo,
Bebendo a plenitude e nada entrave,


538



Permite que eu caminhe noite afora
Vagando pelos ermos do meu ser,
O quanto poderia amanhecer
Na fúria sem limites que decora
O olhar aonde a vida se apavora
E marca com terror o padecer
Gestando tão somente o desprazer
Enquanto a poesia desancora.
Esboço alguma noite em verso e medo,
Apenas ao desejo eu me concedo
Enredos tão diversos; noite imensa,
O quanto deste sonho me compensa
Gerando muito além de algum segredo
A sorte se transcorre rara e intensa.

539


E sinta mais feliz este cenário
Aonde tanto eu quis e nada havia
Somente a mesma voz, melancolia
E o coração deveras temerário,
O risco de sonhar é necessário
E gera tão somente uma agonia,
Marcando com terror esta heresia
Aonde poderia solidário
Amando muito além do quanto pude
Vivendo a cada passo outra atitude
Gestando imensa lua dentro em nós,
O canto se deslinda no horizonte
E nisto todo o gozo aonde aponte
Traduz a dimensão da imensa foz.


540


Dos sonhos de te ter apenas vejo
O toque sensual de quem pudera
Vencer com tal ternura a primavera
E neste desejar novo desejo,
O quanto deste mundo ainda almejo
Marcando com ternura e sem quimera
A sorte mais audaz onde tempera
O canto com certeza mais sobejo.
Esbarro nos enganos, sigo ao nada
E a vida noutra face desenhada
Tramando a plena voz de quem se traz
Vestindo esta beleza feita em glória
Deixando a lua amarga e merencória
Vivendo outro momento mais audaz.



541


E chego a ser feliz por um momento
Depois de me perder sem ter sentido
O quanto deste fato inda lapido
Ousando na verdade este tormento
O risco se desenha e sem alento
O manto noutro enredo presumido
Expressa toda a fúria da libido
No gozo que não vindo, ainda invento.
Esbarro nos meus erros e tentando
Um dia mais suave em plenitude
Vasculho o meu caminho aonde pude
Vencer os meus demônios contumazes,
E assim ao mergulhar nesta alegria
O tanto quanto posso ou poderia
Traduz o todo ainda quando o trazes.


542


Ao menos vou passando dia após
O tanto quanto pude e não soubera
Vencer a melodia em tola espera
Gerando novo rumo dentro em nós.
Atando meus caminhos contra e prós
Nefasta solidão dura quimera
Aonde o dia a dia destempera
E gesta a fantasia mais atroz,
Não pude e nem quisera mais sentir
O quanto ainda tenho no porvir
E nada mergulhando neste ocaso,
Meu passo se resume no vazio
E neste desenhar eu desafio
Enquanto a cada passo eu já me atraso.


543


Num agridoce e louco caminhar
O tanto pude ver e não sabia
Marcando o passo em tal melancolia
Deixando para trás qualquer luar
E o corte se apresenta mais vulgar
E nele tanta luz não beberia
Quem sabe noutro tom ou novo dia
Eu possa finalmente navegar,
Esbarro nos meus erros e prossigo,
Ainda tento a paz em manso abrigo
E o quanto se desenha é solidão,
E o medo se apresenta em tez venal
Findando em morte mansa o ritual
Tramado pelo canto sempre em vão.


544

A pele emurchecida pelo ocaso
Do outono que se inverna paulatino,
E o tempo com certeza não domino
Meu passo noutro rumo sempre atraso.
O rústico desenho traça o prazo
E o quanto possa ter não determino,
Vagando sem juízo, este menino
Tramando a fantasia perde o prazo
E vive tão somente por tentar
Ainda novamente mergulhar
Nas ânsias delicadas, raro amor,
E o tanto que pudesse sem pudor
Gerando outro momento mesmo rude
Aonde um sonho a mais, ainda eu pude.


545


Contato com a pele transpirando
Anseios mais audazes e felizes,
Do quanto se mostrara em céus mais grises
Agora novo rumo claro e brando,
O tanto que procuro me inundando
E nele nada além de cicatrizes
Vencendo com ternura os vãos deslizes
No caos outro caminho se entornando.
Acrescentando ao passo o firmamento
Invado e sem qualquer ressentimento
Esbaldo-me decerto em festa e luz,
E assim ao me mostrar em pleno lume
O canto na verdade já se aprume
Fortuna desejada se produz.

546


Embora a solidão seja cruel
A noite desenhada em lua atroz
Negando da esperança qualquer voz
Renega o que pudesse ser um véu,
O tempo se transforma e sorvo o fel
Enquanto o pensamento mais veloz
Adentra o quanto pode e toma em nós
O mais superno rito, em seu papel,
E o canto se deslinda no além mar
E neste tanto encanto mergulhar
Alçando eternidade num momento,
Bebendo da saudade a cada instante
E o passo noutro rumo nos garante
E encharca com ternura o pensamento.


547


Um resto de ilusão e nada mais
O tempo não merece nova chance
E quando mais além o canto alcance
Invade sem querer os vendavais,
Os erros corriqueiros e fatais
A vida não permite este nuance
E o quanto se pensara num romance
Morrendo em dias ermos e venais.
Canteiros onde eu pude cultivar
A noite em maravilha, meu luar
Viceja dentro da alma iridescente,
E o todo se desenha mais audaz
E o passo noutro rumo ora se faz
E nisto se transforma plenamente.

548


Daquela que mostrou em mansidão
Os olhos mais agudos no horizonte
Aonde a fantasia tome e aponte
Os dias com ternura se verão,
O canto em plena luz, em erupção
Gerando da esperança rara fonte
Trazendo a cada passo a bela ponte
E nela tão completa redenção.
Errático cometa; eu sigo ao léu
E bebo cada espaço deste céu
Imenso e sem temores. Simplesmente.
O quanto te desejo e sempre a quis
Permite um novo canto mais feliz
Tocando com carinho o corpo e a mente.


549


No final deste túnel apenas nada
E o rústico desenho do vazio
Aonde cada passo eu desafio
Tentando nova vida desenhada,
A sorte se transforma e assim velada
Marcando com terror o velho rio
Condena ao mais completo desvario
E gera tão somente a dura estrada,
Agreste coração de um sertanejo
Apenas um alento inda desejo
E sigo cada passo rumo ao tanto
E quando mergulhara nos teus braços
Os dias mais atrozes, ledos, baços
Aos pouco noutro rumo em paz eu canto.


550


Quem teve nesta vida alguma luz
E dela já sorvera uma esperança
Enquanto na incerteza ora se lança
Apenas ao vazio se conduz
E o corte se transforma e gera em pus
O quanto poderia ser pujança
E ainda se prevendo uma mudança
O passo na verdade não seduz,
Esfumo a cada instante em ledo espaço
E tento caminhar e nisto eu traço
Um dia mais tranquilo em ilusão.
Mas sei do quanto posso e o nada vem
Marcando com terror, medo e desdém,
As cenas que meus olhos não verão.




551


Já sabe quanto pesa uma saudade
Toando dentro em mim feroz e dura
E quando a noite calma se procura
Apenas o temor ainda invade
O quanto poderia em tempestade
A sorte noutra face se assegura
E gera tão somente esta amargura
Aonde uma emoção tanto degrade,
Resumos de outras vidas num momento
Gerando outro caminho e me atormento
Vencido pela fúria em solidão.
E o canto se transforma em temporal
Encanto no passado um ritual
Agora se desnuda em ledo não.


552



Nas costas de quem ledo tenta a sorte
E morre sem saber qualquer promessa
Enquanto todo passo em vão começa
A vida ora não traz novo suporte
Sem ter o quanto pode e nos conforte
Caminho desdenhoso ora se apressa
E toda a fantasia se confessa
Tocando em dores fartas; todo norte
Apresentando enganos corriqueiros
Esta aridez matando os meus canteiros
Cerzindo com terror cada momento,
E quantas vezes outro cenário
No quanto a vida diz do imaginário
E frágil desenhar e me atormento.

553


Em sonhos alvos, belas fantasias
O tanto quanto quero e nada vem
O rumo se desenha em tal desdém
E nem sequer o canto me trarias,
Anseios tão diversos, agonias
Do amor ao ser somente algum refém
O todo noutro instante diz de outrem
E nesta noite as horas seguem frias,
Ternura tão antiga eu já não vejo
Amor se desdenhando em vão ensejo
Lampejo de emoção e nada mais
Depois da queda o sonho se desenha
E o tempo destroçando em dor ferrenha
Gerando tão sutis vis rituais.


554


Pensei que um dia fosse ter a paz
E nela mergulhar sem ter anseios
Seguindo da esperança claros veios
E nisto um passo feito em tom audaz,
A vida na verdade se desfaz
E trama tão somente devaneios
Marcando com terror sonhos alheios
Num ato tão dorido quão mordaz,
Amortecendo a queda, a sorte traça
Apenas outro olhar, leda fumaça
E o vento se transforma em tempestade
O quarto ora vazio traduzindo
O amor que um dia fora claro e lindo
E agora tão somente em vão degrade.


555


Distante deste sonho, uma esperança
Amortalhando o passo rumo ao farto
E quando a poesia; em mim descarto
Apenas o vazio ainda avança
Minha alma neste instante já se cansa
Mergulho num escuro e turvo quarto
E a solidão deveras eu comparto
Enquanto penetrante em fina lança.
Ascendo ao quanto quis e nada havia
A sorte se transforma em agonia
E o verso se perdendo sem sentido,
O todo quanto eu quis nada me diz
E o passo noutra cena, este infeliz
Ainda se transforma e me invalido.


556


Obedecendo amor em claras luzes
Vagando sem sentido, noite imensa
Minha alma na tua alma se compensa
Enquanto ao novo rumo me conduzes,
As sortes entre tantas já seduzes
E bebo desta farta recompensa
A vida no passado atroz e densa
Agora noutro rumo em paz reluzes.
Vencendo destes deslizes corriqueiros
Cevando com ternura meus canteiros
E o tempo penetrando mansamente
Permite o caminhar em claridade
E o quanto com ternura ora me invade
Presume o quanto quero e ainda tente.


557

E vejo se escondendo a luz de mim
A lua transformada em treva e dor,
O quanto cada verso um refletor
Tocando com ternura o teu jardim,
Ascendo ao delicado e sei que ao fim
O todo se transborda em desamor,
Roubando da esperança algum sabor
Tramando o desespero e morte, enfim.
Jogado nalgum canto desta sala
Meu canto sem destino ora se cala
E morre enquanto busca algum alento,
Aonde poderia ser feliz
O mundo na verdade nunca o quis
E sigo outro caminho ou mesmo tento.


558


Fugindo de meus braços, noite imensa
Marcando com angústia o dia a dia
E neste desenhar tanto queria
Apenas no final a recompensa,
O amor sem ter mais nada que o convença
Herança de outros tempos, fantasia
Gerando a cada passo outra agonia
E nisto toda a sorte não compensa,
Morrendo a todo instante se não vens
Os dias são dos sonhos os reféns
E tocam os finitos desenhares,
Equânime sentido em provisão
O mundo sem saber da precisão
Desenha ao deus dará os seus altares.


559


Uma esperança frágil, nada mais
E o corte se aproxima da medula,
A vida noutra face tanto engula
E gere novos ermos desiguais,
Os dias que pudessem magistrais
Apenas a verdade dita a gula
E deste desenhar o nada emula
E marca outros momentos mais venais.
Eternamente eu busco alguma lua
E nada se desenha aonde nua
A deusa se transforma em quase humana,
O cálice bendito em vinho raro,
O passo rumo ao tanto; hoje escancaro
E a vida noutra dita a sorte dana.

560


Recolhe em meus caminhos, solidão
E gera nova luz aonde havia
Somente a mais suave poesia
Tramando a cada dia outra estação,
Resumos de outros dias, direção
E nada deste instante poderia
Traçar outro caminho em alegria
Vibrando com ternura e redenção,
O mundo desenhando em mera luz
O quanto deste sonho me conduz
E leva à plenitude num momento,
Vencer os desafetos, ser feliz,
E ter na minha vida o quanto eu quis
Tramando o quanto quero e me alimento.


561


Porém ao persistir em tal engano
O rumo se destoa da verdade
E o passo a cada instante desagrade
Puindo o semi-roto e frágil pano,
O quanto quis um dia soberano
E o tanto se perdera em inverdade
O rústico desenho ainda brade
Marcando cada passo em novo dano.
Ao esboçar um riso mesmo falso,
Esbarro neste engodo e o cadafalso
Prepara outro verdugo: mero caos,
E os erros costumeiros são fatais
E neles desenhando os tons venais
Os dias se aproximam turvos, maus.


562


Balbuciando o sonho aonde um dia
Pudesse redimir enganos mis
Os dias onde tanto por um triz
A vida noutra forma me ergueria
E vejo tão somente a sincronia
Gerada pela angústia onde desdiz
O passo mais atroz deste infeliz
Marcando com temor cada iguaria,
Explodem ilusões aonde eu tanto
Tentasse a redenção que não se vira
E o caos gerado após farta mentira
Promove em agonia o desencanto,
E amordaçada voz já não se escuta
Mortalha se transcende em luz mais bruta.


561


Porém ao persistir em tal engano
O rumo se destoa da verdade
E o passo a cada instante desagrade
Puindo o semi-roto e frágil pano,
O quanto quis um dia soberano
E o tanto se perdera em inverdade
O rústico desenho ainda brade
Marcando cada passo em novo dano.
Ao esboçar um riso mesmo falso,
Esbarro neste engodo e o cadafalso
Prepara outro verdugo: mero caos,
E os erros costumeiros são fatais
E neles desenhando os tons venais
Os dias se aproximam turvos, maus.


562


Balbuciando o sonho aonde um dia
Pudesse redimir enganos mis
Os dias onde tanto por um triz
A vida noutra forma me ergueria
E vejo tão somente a sincronia
Gerada pela angústia onde desdiz
O passo mais atroz deste infeliz
Marcando com temor cada iguaria,
Explodem ilusões aonde eu tanto
Tentasse a redenção que não se vira
E o caos gerado após farta mentira
Promove em agonia o desencanto,
E amordaçada voz já não se escuta
Mortalha se transcende em luz mais bruta.


563


No primeiro raio deste sol
Tomando esta manhã em vivas cores
Tocando mansamente belas flores
Roubando o lusco fusco do arrebol,
Qual fosse um magistral, raro farol
E nele sem deveras tu te opores
Tramando iridescentes teus albores
A vida se anuncia em raro escol.
Mas quando o tempo muda em tez brumosa
E a imagem delicada ora se glosa
E o tempo se agrisalha num instante,
De tal beleza rara e tão sobeja
Apenas o lamento inda se veja
E reina este horizonte doravante.


564

No albor aonde outrora o quis sereno
E agora em tons escuros se aproxima,
Mudando com certeza todo o clima
Aonde sem defesa eu me condeno,
O quanto desejara bem mais pleno
Deveras noutra face não se estima,
E o canto onde ainda teima e prima
Transforma qualquer tom, ledo veneno.
Encontro os meus espectros pela rua
E nada do que eu fora; continua
Após o amanhecer em tempestades
Não deixo de tentar, mas não consigo,
Se à mera fantasia eu já me obrigo
Em discrepantes vozes nada brades.


565


Em ondas turbulentas, fúria expressa
E o quanto desta vida sem um cais
Perdida em meio aos tantos temporais
Aonde qualquer sonho é vã promessa,
O passo quando ao nada se endereça
Esbarra em outros erros, mais banais
E tendo à minha frente os abissais
Já não comportaria qualquer pressa.
O caos se transformando em cortesia
Da vida enquanto o nada se cerzia
Negando algum momento após a queda,
Espúria criatura, ledo sonho,
Apenas o vazio ora componho
E nele cada verso hoje se enreda.


566


Os nossos pensamentos vez em quando
Alcançam largos ritos, mares tantos
E nestes mais temidos desencantos
Meu mundo num instante desabando,
O canto se perdera e em tom infando
Ouvindo a discordância em tais quebrantos
Os erros costumeiros pelos cantos
Uma esperança sórdida calando.
E voz em solilóquio não se escuta
E a sorte onde pudesse ser astuta
Esbarra nos meus erros e prossigo
Vencendo os dissabores e os cenários
No quanto são deveras temerários
Num ermo tão atroz enquanto antigo.

567

O pensamento vaga em rumo vário
E tenta vislumbrar qualquer alento
Enquanto a poesia; ainda tento
Qual fosse mal diverso e necessário.
O tempo se do tempo um adversário
E neste delirar entregue ao vento
Cerzindo a cada passo o sofrimento
E o quanto poderia noutro armário
Guardadas as devidas proporções
A vida se esvaindo em seus senões
Esboça tão somente o caos e o tédio
Pudesse acreditar noutro caminho,
Mas erro enquanto sigo e vou daninho
Ousando da esperança algum assédio.

568


Liberto coração já não suporta
Qualquer algema e vaga em meio às brumas
E quando noutra face te acostumas
Há tempos eu tranquei do sonho, a porta.
E o quanto ainda resta mal aporta
E neste desenhar porquanto rumas
Vagando entre as areias, nas espumas
A voz se renegando avança e corta.
Não quero mais a sorte e nem pretendo
Seguir qual fosse mesmo algum horrendo
Fantoche disfarçado em mera sombra,
Crisálida ressurge em asas, leve,
E o tempo noutra face já se atreve
E nada nem a morte mais me assombra.


569



A brisa entremeando em luz e brumas
Esboça este cenário onde inconstante
O passo noutro rumo se adiante
E aos poucos noutras sendas tu já rumas,
As horas mais felizes; sei de algumas
E o nada se moldando doravante
O canto no vazio num instante
Levado pelo vento, leves plumas.
A voz já se calando nada fala
E o tanto quanto pude me avassala
E gera outro momento em dor e medo,
E quando imaginara qualquer brilho,
Vagando em tempestades eu palmilho
O pouco onde deveras me concedo.


570

A branda brisa toca os meus cabelos
E traça apenas rústico desenho
E quando novamente em vão me empenho
Adentro sem pensar, os pesadelos.
Momentos tão diversos, ao vertê-los
Num frágil caminhar não me detenho
E trago a cada passo o mais ferrenho
Olha entre as tormentas, mortos zelos
Neste enganoso tom a vida passa
E o quanto se perdera em tal fumaça
Já não comportaria uma esperança.
O passo se transforma em arredio
E enganos mais cruéis eu desafio
Enquanto a vida ao nada ora se lança.


571


Em ondas mais atrozes vejo o mar
Tocando as rocas, pedras, numa areia
Diversa da que tanto no rodeia
Intensa tempestade em preamar
O quanto pude mesmo imaginar
Da cena mais atroz onde incendeia
E traça sem defesas cada teia
Marcando o quanto quero navegar,
E ausente dos meus olhos a esperança,
A morte num segundo ainda amansa
A sórdida impressão de um vago esteio,
E o rústico cenário em tais procelas
Traduz o quanto em mágoas me revelas
Além de mero caos em devaneio.


572


A fúria sobre as rocas e penhascos
Transborda em amplitude qualquer cais,
O tempo desafia em vendavais
Os sonhos na verdade são fiascos,
E os erros costumeiros novamente
Tocando com a fúria de quem tenta
Vencer o quanto resta da tormenta
E nisto o caos somente se apresente.
Durante a vida inteira desejara
Apenas calmaria e nada vinha,
A sorte tantas vezes mais daninha
Domina totalmente esta seara,
E o caos se aproximando se permite
A vida sem saber qualquer limite.


573


Impérios de diversos tons, matizes
As águas mais profundas, doce ninho
Aonde quando em sonhos me avizinho
Transforma com clarões os dias grises,
E quantas vezes mesmo; contradizes
O passo num segundo mais daninho,
E o canto noutro rumo tão mesquinho
Já não suportaria tantas crises.
O errático cometa; vaga, alheio
E quando muito além eu devaneio
Alçando outros momentos: redenção,
Eu sei deste vazio aonde eu pude
Ausente do que fosse uma atitude
Morrer sem rumo, cais e direção.

574


Uma extensão diversa entre tais praias
Levando o meu navio ao caos somente
E o quando deste enredo se apresente
Marcando quanto além ainda traias,
E vejo as marcas turvas quando espraias
E roubas da esperança uma semente
Porquanto na verdade ainda tente
Enquanto do visor deveras saias.
Esqueço cada passo rumo ao tanto
E neste pouco ou nada eu me garanto
Cerzindo dentro da alma o desencanto,
O pouco que aparento nada traz
Somente o desenhar duro e mordaz
E nele nada mais tento ou garanto.

575


Lutar contra o repouso e nada ver
Senão a mesma face inglória e vã
Aonde se transforma num Satã
O quanto pude outrora mesmo crer,
Negando qualquer tom, o amanhecer
Esboça com terror o duro afã,
E a sorte tantas vezes tão malsã
Aprende a cada passo a se perder.
Esgarço a poesia em tons sombrios
E adentro as tempestades, busco rios
E neles afluentes da esperança,
Marcando com a fúria de quem sonha,
A tez se desenhando mais medonha
Ao vago caminhar o passo avança.


576


O quanto da existência pode um dia
Trançar entre os penhascos, cordilheiras
E as horas quando as vejo; derradeiras
Já não comportariam poesia
Apenas outro rumo tomaria
Ainda quando muito não mais queiras
Ousando em luzes turvas, mensageiras
Do todo aonde o nada se faria
A porta já cerrada não permite
Qualquer mera impressão, mesmo palpite
E segue sem perguntas, vai além,
E o corte mais atroz já não se sente
O quanto deste sonho é mais premente
Presume o quanto resta: e nada tem.


577


A minha ansiedade traduzira
Somente os meus enganos e destarte
O quanto se prepara e se descarte
Traduz só meramente uma mentira,
E assim a própria vida se prefira
Ao corte mais audaz e sem tal arte
A morte se aproxima e o sonho parte
Vagando sem destino onde interfira.
Esparsos dias, noites de abandono,
E o verso mais audaz eu desabono
E gero tão somente o caos no fim,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tentando um ombro manso, um velho amigo,
Mas nada se aproxima assim de mim.


578


Deleito-me ao sentir o quanto pude
Das ânsias mais vulgares; transformar
O canto noutro instante e bebo o mar
Com toda sua fúria em plenitude
A vida num instante desilude
E trama nova queda e ao se notar
Ausência de caminho onde ancorar
O passo noutro rumo se transmude,
Essencialmente eu vejo apenas caos
E os dias entre tantos, ledos, maus
Esbarram na nefasta realidade
E assisto ao melodrama feito em vida,
Na sorte tantas vezes dividida
Apenas o vazio ainda brade.


579


Delícias tão diversas; traz a vida
E o quanto pude crer e nada houvera
Somente se prepara esta quimera
Há tanto sem defesas sendo urdida,
O corte desnudando esta ferida
A presa mais aguda da pantera
A garra quando na alma já se enterra
Descerra a sorte tanto presumida,
Esgoto o meu caminho e nada veio
Apenas outro passo em devaneio
E o quanto ainda pude não mais trago,
A morte se aproxima em lentos passos,
E sigo sem defesa velhos traços
E desta hipocrisia sinto o afago.


580


Tu és uma esperança ou mero aborto
E nada do que eu possa ainda vejo
Distante do cenário em azulejo
Marcando com terror o cais e o porto,
Do mar aonde um dia, semimorto
A vida não trouxera outro lampejo
Perdendo logo o rumo, noutro ensejo
Caminho se perdendo, roto e torto,
Apenas merecera a sorte vã
E quando mergulhasse neste afã
A sorte se desenha em tom sombrio
E o verso quanto mais desejo e tento
Entregue ao mais terrível desalento
O passo noutro rumo desafio.


581


Bocas procurando alguma fonte
Aonde saciassem tais anseios
E os olhos se perdendo em devaneios
Enquanto a solidão somente aponte,
O risco de sonhar já desaponte
E deixe para trás dias alheios
E quando se presumem tais receios
O canto noutro rumo se desponte
E o manto aonde urdira uma esperança
Aos poucos se puindo nada trança
Somente este vazio aonde eu pude
Tentar acreditar noutro cenário
O mundo tantas vezes temerário
Mostrando a dor em rara plenitude.


582


Buscando qualquer tom em com diversa
Gerando o meu caminho, desvario,
O quanto do passado eu desafio
Enquanto a poesia além se versa,
Minha alma noutro rumo já dispersa
E bebe a solidão, em tom sombrio
E o lodo se entranhando em cada rio
A sorte no vazio; agora imersa.
Do todo desejado nada resta
Senão a mesma face em leda fresta
Marcada por terríveis cicatrizes,
E quando outro momento se tentara
A porta se travando em tal seara
Mostrando estes cenários torpes, grises.


583


Perfume se espalhando em ares tais
Aonde nada pude ou mesmo quis
A vida se transforma e por um triz
Demonstra a sutileza dos cristais,
E quando poderia ter a mais
O nada se perdendo em vão matiz
E o todo noutro instante já desfiz
Gestando dentro em mim ares venais.
A sorte dissonante quando traz
O rústico desenho; mais audaz
Impede qualquer brilho da esperança
E a morte se assemelha à redenção
Marcando as fantasias desde então
E nem sequer a vida ainda amansa.


584


Ainda quando a morte te rondando
Trouxer outro momento em tempestade
Do quanto ainda resta ou mesmo invade
O dia se transcorre em contrabando.
O todo noutra face desabando
E o cais prenunciando a firme grade
E nela tão distante liberdade
Aos poucos noutro rumo se moldando,
Ermidas onde tento alguma sorte
E nada do que eu possa inda comporte
Um passo mais audaz ou mesmo em fé,
O vago desenhar em turva tez
Gerando a mais completa estupidez
Da imensa cordilheira, em vão sopé.


585

Um ar estranho doma o pensamento
E gera outro momento em raro ocaso,
O quanto da esperança ainda aprazo
Não traz nem paz, sequer algum alento
E quando um novo rumo; ainda tento
Ao largo do caminho já me atraso
E o tempo se desfia e em tal descaso
A morte não passando de um momento.
Etérea face exposta em carne viva
Uma alegria aquém do sonho criva
Esta alma em tantas cores mais diversas
E sigo sem destino e sem proveito,
Na velha solidão quando me deito
Além deste infinito sonho versas.


586

O quanto pude mesmo acreditar
Nas faces mais atrozes da verdade
E o tempo noutro rumo já degrade
Deixando para trás o imenso mar,
Sem ter onde sequer inda ancorar
Em meio a mais confusa tempestade
Enquanto todo passo a desagrade
Não tento outro momento desfiar.
E vago pelos ermos de alma espúria
E bebo a cada instante esta lamúria
Errático momento em tez atroz,
Acordo em meio aos duros temporais
E o tempo se transforma em nunca mais,
Calando desde já tal frágil voz.


587


Imaginando a queda após o tanto
Aonde pude ver e até cerzir
Momento mais diverso do porvir
E quando mal vislumbro não garanto,
O rústico desenho em desencanto
O quanto pude ainda pressentir
Marcando com terror o que há de vir
E nisto meu delírio rege o pranto.
Audaciosamente quis um tempo
Sem medos ou rancores; contratempo
Gerando novo caos em alma vaga
E quando imaginara novo sonho,
Meu passo neste instante; decomponho
E a vida com certeza nada traga.


588


Cansado desta luta aonde o nada
Pudesse desenhar qualquer ternura,
A morte na verdade se assegura
Na face tantas vezes desenhada
E a carne apodrecida ou destroçada
Enquanto nova fonte se procura
E gera com terror a desventura
Marcando outro caminho em nova alçada.
Esbaldo-me nos ermos de uma farsa
A sorte tantas vezes; vejo esparsa
E o corte se transforma em dura chaga
Depois de tantos anos, solitário
O mundo dita o sonho de um corsário
Que em mar bravio apenas teima e vaga.


589


Inebriado apenas pelo vento
Aonde pude ver a face escusa
E quem ao se mostrar também acusa
E marca com terror e desalento
E quando outro caminho; ainda tento
A vida num instante tanto abusa
E o corte quando em dores entrecruza
Gerando tão somente o sofrimento,
Escassos dias trazem luz aonde
A sorte não se vendo corresponde
Ao mesmo desvario costumeiro,
E o quanto pude crer felicidade
Agora noutro instante já degrade
Marcando com terror cada canteiro.


590


Ouvindo a voz do vento nos umbrais
Esgoto o pensamento em ermos ritos
E os passos muitas vezes mais malditos
Expressam os diversos funerais,
Pudesse caminhar entre os fatais
Desenhos e deveras mais aflitos
Os rumos entre as urzes e os granitos
Ainda quando além tu já te vais.
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer com mansidão, mas deste duro
Cenário eu nada vejo, tão somente
O quanto inevitável fosse vida
E tendo desde já pronta a partida,
Fortuna na verdade nunca mente.


591

Noite vem outra vez e traz apenas
Os velhos pesadelos costumeiros
Das mortas esperanças, mensageiros
Enquanto na verdade me condenas,
As horas mais profanas; envenenas
E matas com terror os meus canteiros
E neles outros erros, derradeiros
Moldando este vazio em turvas cenas,
A poesia morta não me traz
Senão a face escusa e até mordaz
De quem sonhara em vão e não teria
Sequer a menor sombra da ilusão
E o tempo em venal transformação
Espalha a face escusa e mais sombria.


592

Os raios deste sol tomando tudo
Não deixam nada mais do que o vazio
E o canto quando o muito desafio
Traduz o quanto quis e desiludo,
O limo se entranhando e nada mudo
Enquanto o meu caminho em desvario
Gerando o mesmo anseio onde sombrio
Apenas noutra sombra eu me transmudo.
Resvalo nos enganos e inda tento
Vencer este cenário em sofrimento
Trazendo a faca presa entre meus dentes,
E os erros mais constantes, ledo engano
No fundo a cada passo mais me dano
Em cantos tão gentis quanto imprudentes.


593

A vida se refaz inutilmente
E traça entre os enganos outros tantos.
Marcando os meus caminhos, desencantos
Escarpas onde o sonho se apresente
E o risco de sonhar, ainda tente
E nele se transformam meus espantos
Rondando os erros fartos, tolos prantos
E o prazo terminando urgentemente.
O quanto eu aprendera e nada trago
Senão a mesma face em passo vago
Transcorre em minhas veias e envenena.
Açoda-me deveras a saudade
E o pouco quando vário me degrade
Marcando com terror a dura cena.


594


A sorte e meus amores; não consigo
Trazer ainda vivos no meu peito
E quando em noite espúria teimo e deito
Apenas mergulhando em desabrigo,
Errático planeta, o sonho eu sigo
E vendo este cenário ora desfeito,
O quanto da esperança perde o pleito
E neste desafio ao vão me obrigo.
Esqueço quanto pude ser feliz
E o tanto se transforma e já desdiz
O canto em tantas ermas solitudes
E neste amargo rumo, verso em vão,
Somente outros enredos moldarão
O fato pelo qual ainda iludes.


595

Destino tão cruel não caberia
Aonde a sorte trama o desenredo,
E ao quanto na verdade me concedo
Não deixa qualquer sombra de alegria,
Cometa se perdendo em claro dia,
O tanto do viver gera o degredo
E quando mergulhara em vão segredo
Alçando a mais temível fantasia,
Esboço reações e tento até
Chegar aonde o mundo em rara fé
Pudesse traduzir felicidade,
Mas quando a vida traça a mesma face
Aonde cada passo ora se embace
Arisco caminhante se degrade.

596

Quem quis da vida festa e nada tinha
Somente esta mortalha como herança
Ao ver o quanto pôde em temperança
Presume a própria sorte mais daninha
E o todo na verdade já não vinha
E nisto outro caminho a sorte alcança
Gerando aonde pude a confiança
Que eu sei jamais ter sido apenas minha.
Esgoto cada verso em tom atroz
E moldo com terror a minha voz
E nesta noite espúria a senda traça
Arisco este andarilho do vazio
Expressa o quanto quero e desafio
E o mundo se esvaindo em vã fumaça.

597


Já sabe que alvoradas podem dar
Apenas outros ermos caminhares
E o quanto deste todo tu notares
Presume um novo rumo a se mostrar
Vencer os meus enganos; flutuar
Traçando dia a dia tais luares
E neles entre tantos vãos altares
O canto noutro enredo mergulhar,
Numa expressão diversa, luz e treva
O passo sem sentido sempre leva
Ao erro costumeiro e mais banal,
Vagando sem destino em tantos erros
Extraio do não ser dispersos cerros
E bebo esta ilusão em sol e sal.


598


No fundo se perdeu a maga luz
E quando pude crer noutro momento
Ainda quando o vário; enfim fomento
Esbarro no caminho onde me pus
E vejo o corte imenso e faço jus
A toda esta certeza onde incremento
O caos dentro de pouco consumindo
O quanto se pudera ser mais lindo
E gesta novo engodo aonde um dia
A morte se cerzindo na tocaia
Enquanto no momento atroz já traia
Expresse tão somente esta heresia.

599


Saudade que já tive e não pudesse
Agraciar com erros outro rumo,
E quando pouco a pouco eu me consumo
Vencido pela fúria, ausente prece,
Apenas o cenário aonde tece
O corte mais profundo e nele eu rumo
Bebendo da esperança inteiro o sumo,
E quando me percebo, a vida esquece.
Resumos de outros erros do passado,
Meu canto a cada engano mais invado
E gero do total mero restolho,
E desta leda escória feita em vida
O passo noutra sorte se decida
Somente este vazio; ora recolho.

600


A morte vem tecendo o caos em mim
E o todo quando o pude não traria
Sequer a menor sombra da alegria
A paz já distancia e gera o fim,
Medonha face escusa traz enfim
O quanto noutro rumo perderia
A direção sobeja e mudaria
Marcando com terror cada jardim,
Esculpo em alabastros sonho raro
E quando novo dia eu escancaro
Erguendo alguma taça de Bourbon
O manto dissecado da ilusão
Traçando na verdade o torpe tom
Impede novos dias desde então.


601

Desfeita a liberdade o quanto sobra
Traduz somente o medo e nada mais
A vida entre diversos vendavais
Enganos costumeiros sempre cobra,
Ao longe um sino atroz deveras dobra
E trama tão somente os funerais
E quando poderia ver um cais
A sorte se desdobra em vã manobra
E o caos gerando apenas mera queda
E quantas vezes tolo o sonho enreda
Amordaçando o passo e nada dita
Senão a mesma face onde a desdita
Pudesse desenhar inteiro o caos,
Ainda quando tento novo rumo,
Aos poucos no vazio ora me esfumo
E perco os dias todos, ledos, maus.


602


No peito o frio vago diz do quanto
O sonho se fizera em nova cena
A voz quando demais já se apequena
E gera tão somente este quebranto,
E quando outro delírio eu logo espanto
Marcando com terror o que condena
O passo no vazio se coordena
E o corte se aprofunda em ledo canto,
Estraçalhando a voz em tempestade
E o quanto do caminho teima e brade
Imerecida sorte se adivinha
E quando imaginara outro caminho,
Seguindo sem destino e tão mesquinho
Benesse na verdade jamais minha.

603

Vinda da noite estrela aonde o sonho
Trouxera a redenção e nada diz
O quanto se marcando em cicatriz
O dia mais atroz, feroz, medonho
E quando novo rumo eu me proponho
Gerando a tempestade e por um triz
O todo noutro canto já não quis
Senão cada ilusão e nela enfronho.
Esboço a realidade em mera luz
E o pranto na verdade reproduz
Cenários variados, vagos medos,
E os tantos desenhares mais fecundos
Invadem com terror sonhos profundos
E traçam tão somente os desenredos.


604

Seu brilho transformando o quanto eu pude
Viver sem ter decerto outro caminho,
E quando no vazio eu já me alinho
O manto se transforma em plenitude
O rústico cenário aonde um rude
Vencido companheiro perde o ninho
E a sombra deste encanto, mais daninho
Apenas num momento desilude.
Um gole de café, outro cigarro
E o tempo na verdade não agarro
Rasgando esta amplidão, cometa em fúria,
E o todo se transforma em mera luz,
A vida noutra face reproduz
Somente o quanto vejo em rara incúria.


605


O canto desta noite não pudera
Trazer sequer um brilho mesmo aonde
A vida noutro fato corresponde
Ao quanto se perdera em tal quimera,
A sorte no vazio destempera
E o mundo noutro engodo não responde
Apenas derrubando a imensa fronde
E nela outro desenho destempera.
Viceja alguma glória aonde outrora
Somente o meu caminho desancora
E marca com temível tatuagem
A face desdenhosa da verdade
E neste caminhar o quanto invade
Já não passando mesmo de miragem.


606



A lua não pretende ser diversa
Do quanto acreditei e não podia
A sorte noutra face, em heresia
Agora em rumo turvo apenas versa,
E o medo se transforma e desconversa
Marcando com terror cada agonia
E o todo se perdendo dia a dia
A morte no final nada dispersa
O canto em harmonia, morte em vida
E a porta nesta senda destruída
Esboça qualquer erro, nada além
Do todo se esvaindo num silente
Mergulho aonde o rumo ora se ausente
E apenas o não ser ainda vem.


607

Nos olhos dos cometas sonhos vãos
E os dias se repetem; consonantes
Do quanto poderia e sei bem antes
Cevar ou mesmo arar diversos chãos,
E os passos entre sonhos, artesãos
Destoam do que tanto em degradantes
Momentos na verdade não garantes
Senão as mesmas ânsias, velhos nãos.
Extraio deste canto o quanto pude
E o mais diverso enredo agora rude
Esgota qualquer luz e mata a sorte,
O peso de uma vida sem valia
Aos poucos noutro rumo não cabia
Gerando tão somente ausente norte.


608

Minha alma, em desalento, nada traça
Senão a mesma história em discordância
A vida se prepara em discrepância
E o passo se perdendo em vã fumaça.
A morte se transborda e toma a praça
E neste caminhar, deselegância
Marcando o quanto pode noutra estância
Apenas desenhando uma desgraça
Aonde em mero encanto poderia
Singrar o mar imenso em fantasia
E nada se percebe, nem o gozo,
O rito de viver se torna atroz,
E o quanto ainda resta dentro em nós
Negando algum caminho majestoso.


609

Silêncio nos amantes; noite eterna
E o quanto na verdade não se traz
Senão ao se mostrar em tom audaz
A vida noutra face não se externa
E quando fui feliz minha alma inverna
E traça o passo rude e tão tenaz,
Aonde poderia haver a paz,
A luta se transcorre e o sonho hiberna.
Mergulho nos meus medos, tão somente
E o passo noutro rumo se apresente
Marcando com furor a poesia,
E o manto mais sangrento em bala e vício
Gerando a cada passo o precipício
Apenas a verdade me traria.

610


A noite vai morrendo e nada diz
Do quanto pude crer e não havia
Sequer a menor sombra da alegria
E neste desenhar a cicatriz
Medonha se mostrando aonde eu quis
Somente algum cenário em utopia,
A morte na verdade não traria
Senão a benção rara onde eu me fiz
Atrelo o pensamento ao quanto possa
E a vida quando fora inteira nossa
Vestira a mesma face da ilusão
E os dias entre errático tormento
Ainda quando busco ou mesmo tento
Somente deste infausto uma impressão.


611

Embora tão distante do meu passo
Cenários onde um dia acreditara
Na doce mansidão de uma seara
Aonde a cada instante me desfaço,
O tanto quanto possa em ledo traço
A vida noutro infausto se prepara,
E o verso com ternura desampara
E deixa meramente um vago espaço,
Escassa fantasia nada dita
Somente o caminhar noutra desdita
Marcando o meu cenário em turva face,
E nisto desistindo do futuro,
Apenas a mortalha eu asseguro
E nela nada além inda se trace.

612


O canto que se escuta em noite vã
Esboça realidade aonde eu sinto
O quanto deste amor agora extinto
Não vê sequer a sombra do amanhã,
A fruta do saber, leda maçã
Enquanto noutro rumo o canto eu finto
Ainda mais audaz, porquanto minto
A sorte noutra face é temporã,
E o gesto em prepotência gera o fim,
Acende a cada instante este estopim
E amortalhada face se transforma
No rústico cenário aonde eu pude
Viver o quanto quis em juventude
E agora envelhecida e torpe forma.


613


Teu rosto nos espaços mais diversos
Reflete nestas nuvens, brumas vagas
E quando noutro rumo ainda tragas
Os olhos mais ausentes, universos,
Mergulho nos meus erros, e dispersos
Cenários onde a sorte; não afagas
Adentro sem saber dispersas plagas
E morro entre os meus ermos mais submersos,
Esgoto o canto além do quanto quis
E o rumo se transforma em tal matiz
Por onde nada eu vejo, só meu fim,
O desenhar da dor a cada instante
Apenas do vazio me garante
Numa constância atroz dentro de mim.


614

Coretos alegrando esta memória
Deixada há tanto tempo em leda praça,
O quanto na verdade toma e passa
Deixando para trás a sorte, a glória
E o canto e revela em torpe história
A face mais atroz, turva fumaça
E o sonho com terror ainda grassa
Vagando dentro da alma mera escória
Expresso neste farto desenhar
A sorte noutra face, outro lugar
Marcado na lembrança, mera infância
E a vida se amortalha e nega a luz
Enquanto tão somente reproduz
A luta a cada dia em discrepância.

615


Em gracioso desejo a mocidade
Expressa uma ilusão deveras morta
E apenas entreabrindo a velha porta
O sonho a cada instante mais invade
E o passo se transforma em falsidade
Gestando o quanto a vida em si aborta
E o peso na verdade não comporta
Mortalha se transforma em realidade;
Esparsos dias vejo no vazio
E quando novo tempo enfim recrio
Ousando com ternura, nada vem,
E o tanto quanto pude se desfaz
O medo tantas vezes mais mordaz
Apenas faz do sonho um seu refém.


616


O mundo prometido e nunca visto
Expressa a realidade aonde eu vivo,
E o quanto poderia ser altivo
Ao fim de certo tempo não assisto,
E quando se imagina e em vão despisto
Ousando noutro engodo, lenitivo
O tanto da ilusão quando eu me crivo
De dores e de sonhos, ledo misto.
Expresso com terror a face escusa
E o canto noutro passo se entrecruza
Tornando meramente o caos e o quanto
Pudesse adivinhar já não concebe
Sequer a fantasia e desta sebe
Apenas o final; vejo e garanto.

617


Tirando esta saudade nada resta
Senão a mesma imagem distorcida
De quem noutro momento disse vida
E agora no vazio ora se empresta
A solidão decerto ainda gesta
Apenas a verdade em tal ferida
E quando a própria essência ora se acida
Mergulha no final em mera fresta,
Escassos sonhos dizem do futuro
E neste desenhar nada asseguro,
Somente o meu anseio mais venal,
Pudesse acreditar noutro momento
E quando alguma lua ainda invento
A noite espalha apenas temporal.


618

Vagando pelas ruas simples pária
O quanto quis e nada mais viera
Gerando a cada instante esta quimera
Além do quanto eu pude, imaginária.
A vida tantas vezes temerária
Expressa a solidão e destempera
Marcando com horror a turva fera
E nela se desdenha a luminária,
Esgoto o meu caminho em nada e creio
Apenas no vazio e sigo alheio
Ao quanto pude mesmo mergulhar.
No cinzelado corte em alabastro
Meu mundo num instante e em vão o alastro
Tentando novo rumo, outro lugar.

619

Exponho em cada esquina a face atroz
De quem ao desenhar a fúria intensa
Do pouco quando o resta se convença
Calando num instante a dura voz,
O corte mais audaz rebenta os nós
E o manso de outro encanto não compensa
A solidão deveras quase imensa
Marcando com horror a leda foz.
Esbarro nos meus erros e aprofundo
O canto aonde outrora quis o mundo
E agora nada vem somente engano
E a cada persistência; o nada vindo
O quanto do meu sonho fora infindo
Traduz cada momento onde eu me dano.

620


Ao longe, bem distante, deste anseio
O passo se perdendo em tom atroz
O quanto poderia haver em nós
Deveras com ternura inda rodeio,
E o tanto quanto pude noutro veio
Esbarra no vazio e mata a foz
Do rio revoltoso e mais feroz,
Gerado pelo medo em devaneio,
Escândalos em noites desejadas
Assim ao adentrarmos madrugadas
As horas se mostrando mais sutis
E o tanto quanto pude desvendar
Expressa a fantasia a nos tocar
E bebo cada gota enquanto a quis.



621


No bar casais em riso e nada além
Do passo em tom sombrio ou mesmo escuso
O quanto deste infausto dita abuso
E nisto na verdade nada tem
Somente a mesma face em tal desdém
Enquanto o meu caminho eu entrecruzo
Ousando num momento mais confuso
De uma esperança tola, sou refém,
E o caos gerado após a tempestade
Traduz o quanto posso e se degrade
Num átimo eu mergulho insensatez
E o cálido momento aonde outrora
A sorte noutra face desancora
Agora tão somente se desfez.


622


Uma esperança morre a cada ausência
De luz aonde tanto poderia
Gerar além da mera fantasia
Um dia em mais sublime consistência
E o corte noutro rumo em prepotência
Aos poucos novo tom se tomaria
E o verso sem ternura não teria
Sequer o quanto pude em virulência,
A mortandade gesta outro fastio
E quando a minha sorte eu desafio
E tento novo rumo ou mesmo até
O encanto mais dorido e mais audaz,
O risco de sonhar deveras traz
Apenas desvario em turva fé.



623


Jogada sem pudores nalgum canto
A manta discernida entre outras tantas
E quando neste infausto tu garantas
Somente este cenário onde me espanto
E o quase se apodera sem, portanto
Traçar outros cenários e adiantas
Nos ermos de tua alma quando quebrantas
Os erros costumeiros, desencanto
E nada mais deveras poderia
Tramar o quanto quero em harmonia
Negando cada passo rumo ao nada
E esvaio em leda areia, imenso mar,
Aonde mal pudera navegar
Ainda envolto em treva, em madrugada.

624


Lembrar de nosso amor enquanto posso
Traçar novo caminho e ter nesta alma
A voz mais dissonante e nada acalma
Somente se percebe este destroço
Aonde o meu caminho ainda endosso
Na falsa sensação de imensa calma
E o medo se traduz em ledo trauma
Enquanto este desenho outrora nosso
Sem esplendores mesmo ou ledo cais
E neste desenhar pudesse mais
Marcando com constante fantasia
O todo quando tento ou não veria
Resulta no vazio aonde entranho
E bebo a sordidez em ar tamanho.

625

Somente e nada mais a vida traça
E quando o sonho além já se afigura
A sorte noutra face mais escura
Aos poucos se esvaindo em vã fumaça
O quanto da verdade exposta à traça
Esvai e nada além, pois se assegura
E a vida com terror onde amargura
A cada dia molda o quanto passa
E trama a sensação atroz do nada
E a morte noutra face desenhada
Esboça a negação de qualquer messe,
E assim o meu caminho em tom atroz
Expressa tão somente a dura foz
Enquanto no vazio o rumo tece.


626


Voltando tão depressa ao quanto quis
E nada mais pudera ser assim,
O sonho se transforma e bebo o fim
Gestando um desencanto em cicatriz
O mundo transbordando por um triz
Expondo o quanto pude num jardim
E o todo se perdendo traz enfim
O quanto me abordara em vão matiz,
O passo noutro rumo eu pude ver
E o caos gerando apenas desprazer
Desvia a direção de cada rio,
E o tanto quanto pude ou mesmo outrora
Diverso do caminho onde se ancora
Expressa o mais que quero e desafio.


627


Encontro este vazio aonde o nada
Expressa a solidão e traz somente
O quanto do caminho se desmente
Marcando com terror cada alvorada
A sorte muitas vezes desenhada
No tanto quanto possa ou apresente
O mesmo delirar onde pressente
O risco numa torpe e leda estrada,
Ainda quando pude acreditar
Nos ermos de minha alma a se mostrar
Num fardo tão difícil de seguir,
O manto se desnuda e traz a ausência
Do canto em dor e mera incontinência
Trazendo simplesmente o nada vir.


628


Apenas a sarjeta diz do nada
E quando mergulhara neste mar
Somente poderia desvendar
A sorte noutro rumo sonegada,
Apraza-me saber desta alvorada
E nela desejando a luz solar
O quanto pude mesmo me entranhar
Expressa a noite turva e mais nublada,
O corte se aproxima da raiz
E o tanto desfazendo aonde eu quis
Um risco mais audaz e imprevidente.
Traçando em discordância cada passo,
E o quanto mergulhara atroz e baço
Apenas dos meus olhos já se ausente.


629


Aguarda em boca aberta a morte apenas,
E o quanto do meu canto nada diz
Na face mais atroz a cicatriz
Aonde com furores me envenenas,
As sortes mais diversas não serenas
E marcam cada passo em frágil giz
Apenas sou do nada um aprendiz
E vejo os descaminhos noutras cenas.
E o tanto quanto pude e nada vinha
Somente o medo e a sorte mais daninha
Gerando com terrores leda voz
E o quanto pude crer e nada resta
Semente noutro instante se detesta
E o canto em desenredo mais atroz


630


Minha carcaça resta aonde um dia
Pudesse adivinhar qualquer engodo
E o quanto do passado se fez todo
E nisto toda a messe não teria
A sombra mais atroz, leda ironia
E o corte se transforma em medo e lodo
O sonho de um velhusco visigodo
Marcado por tamanha hipocrisia
E apenas noutro instante se desnuda
A morte com terror e sem ajuda
Errático cenário se profana
A sorte mais atroz já nada diz
E o canto se deixando por um triz
Apenas gera a face desumana.


631


Fale baixinho, eu peço e não escutas
O quanto desta vida se perdendo
Num frágil caminhar sem dividendo
Marcado por insanas, tolas lutas
E aonde as noites fossem bem mais brutas
O canto no vazio se tecendo
O dia dorido, quanto horrendo
E o bote num momento nem relutas.
Assisto às derrocadas mais sutis
E tento conquistar o quanto eu fiz
Jorrando nalgum cais, envolto em trevas
E ainda quando muito sigo aquém
Do sonho e quando a vida em levas vem
Num invernal cenário também nevas.

632


Senão este menino morto há tanto
Na face mais atroz quanto engelhada
Ainda não cerzindo a madrugada
Procura qualquer ledo e mero canto,
Do nada aonde eu tento ou mais garanto
A face tantas vezes desolada
E o quanto se pensara, agora em nada
Gerando tão somente o medo e o pranto.
Escarpas, rocas, pedras e abissais
Os dias entre tantos são iguais
E a morte se afigura ora presente,
E assim ao mergulhar neste vazio
O canto se perdendo eu nada crio
Embora um novo dia ainda tente.

633

A noite inteira saiba do vazio
Deixado como herança e nada além,
O dia quando em brumas, cedo vem
Cenário tão atroz, mais ledo e frio.
O quanto do passado desafio
Das ânsias e dos medos, sou refém
E o passo se transcorre num desdém
Num ar sempre pesado e tão sombrio.
Escuto em ressonância a voz do vento
E neste delirar ainda tento
Vencer os meus temíveis desacordes,
E quando em solidão prossigo ao caos,
Restando para o fim poucos degraus,
Com todos os meus erros já concordes


634


Futuro quem não corre nada vê
E o caos gerado após calamidade
Enquanto o dia a dia se degrade
A vida não teria algum por que,
O olhar inconformado ainda crê
Nas ânsias mais atrozes da saudade
E tenta disfarçar realidade
Na morte aonde o rumo se descrê.
Afio cada gume do punhal
E o canto quanto o quis mais magistral
Apenas em diversa consonância
A morte não presume qualquer vida,
O quanto ainda resta e se duvida
No fim gerando apenas a inconstância.

635


Na mão deste moleque coração
As tramas mais diversas quão ingratas
E ali quando deveras te retratas
Demonstras com terror o etéreo não.
Os dias mais audazes moldarão
Apenas estas dores e constatas
Após vencer as trevas e cascatas
A foz noutro cenário ou direção,
E o fim se aproximando sem saída,
Assim perdendo aos poucos minha vida
Já não comportaria uma esperança,
A sorte disfarçada em tom atroz
Calando pouco a pouco a minha voz
Enquanto quem porfia, um dia cansa.

636


Dourada no suor em tantos sóis
A vida se perdendo a cada anseio
E quando se percebe e em vão rodeio
O nada dentro da alma tu constróis,
Rasgando as velhas roupas, os lençóis
O tempo se presume em novo veio,
Olhar decerto espúrio e tanto alheio
Arcando com meu medo em vis faróis.
Estendo as minhas mãos e nada vejo,
Somente o mesmo infausto e num negrejo
Expresso a noite rota em dor e tédio.
O quanto poderia ser feliz
Agora noutro instante contradiz
Ao desencanto ausência de remédio.

637


O medo se afastando do cenário
Deixando a calmaria num alento,
E quando novo rumo; ainda tento
Eu sinto este delírio necessário.
E o quanto poderia num fadário
Vencer o mais complexo e vão tormento,
Um mundo tão atroz quanto sangrento
Marcando muito além do imaginário.
Escassas luzes; vejo no horizonte
E aonde o passo em vão ainda aponte
Apenas inconstantes temporais,
E os erros tão comuns de quem não trama
Além do mero ocaso, em leda chama
Enquanto este tormento ora me trais.

638


Menino vai mostrando ao velho peito
O quanto do perdão se faz urgente
E neste desenhar ainda tente
Vencer o descaminho em novo pleito,
Enquanto os meus enganos eu aceito
E o novo amanhecer já se apresente
O corte se mostrando imprevidente
Expondo no final um roto leito,
As eras tão diversas se tocando
E o todo mais nefasto agora brando
Traduz a velha face mais suave
No inverno se produz a mansa flor
E neste desenhar farto vigor
Do etéreo paraíso, a mansa chave.


639

O filho do lixão do esgoto, o pária
Jogado pelas ruas e vielas
E neste desenhar em duras telas
A sorte molda a face temerária,
A vida se traduz desnecessária
E nela novos erros; cedo atrelas
E quando este vazio ora revelas
Na face mais atroz, sem luminária.
O vento dissipando qualquer messe,
O nada noutra face se obedece
E gera um turbilhão em medo e dor,
Do lodo ao lodo, ledo e vão retorno
O dia modorrento ausente ou morno
Jogado nas esquinas, sem valor.


640


E a todos, com vontade o caos gerado
Explode num vazio e tão somente,
O corte mais audaz ora apresente
Marcando o dia a dia desolado,
O quanto se pudesse do passado
Presságio de uma nova e mais contente
Presença deste intento e em tal semente
O chão deveras claro e cultivado.
Esgrimo contra a fúria do não ser
E vejo desenhando em desprazer
O canto mais atroz e até nefasto.
Dos ermos me aproximo e nada trago,
Somente o mesmo instante aonde o estrago
Fazendo de minha alma um vão repasto.




641

Na faca, canivete corte fundo
E o tanto quanto pude e nada vinha
A sorte onde se vira mais daninha
Expressa esta ilusão e em vão me inundo
O medo se transborda e num segundo
Ausência de esperança já continha
A face mais audaz e tão mesquinha
Do velho caminheiro vagabundo,
Esgoto os meus momentos e me vejo
Marcado pela dor a cada ensejo
Vestindo esta quimera sob medida,
E o parto presumido se abortara
A noite não seria jamais clara,
História que a verdade dilapida.

642


A mão deste menino em calos feita
Traduz o dia a dia em tal labuta
E o quanto da verdade não se escuta
No errático desenho em leda espreita,
O quanto da esperança não se deita
E a morte se aproxima e gera astuta
Paisagem onde o corte se reluta
E transformando a luz noutra desfeita,
Assisto ao quanto posso e já me calo,
Meu sonho de outro caos, mero vassalo
Esbarra nos meus erros mais vulgares
E quando noutra noite se aproxima
A tépida impressão em duro clima
Carrego dentro da alma frágeis mares.


643


E sempre carinhoso o sonho traz
Ao menos lenitivos, mas sei bem
Do quanto de vazio já contém
O passo que quisera mais audaz,
O risco se mostrando contumaz
A pedra se traduz noutro desdém
E quando da esperança sou refém
Não deixo nada mesmo para trás.
E os ermos caminhares vida afora
E a velha fantasia me apavora
Sem âncora meu barco vai ao léu
A morte se espalhando em tom atroz
Calando se inda resta alguma voz,
Espalha pelas sendas medo e fel…

644



Correndo; pois senão a vida passa
E nada deixa após, sequer a mera
Faceta aonde o nada ainda espera
E trama tão somente esta fumaça.
Palavra sem sentido, presa e caça
Ausente dos meus olhos primavera
Apenas se presume na quimera
O olhar sobre o fantoche, esta carcaça;
Esbarro nos meus erros, meus enganos
E coletando apenas velhos danos
O tanto quanto pude e nada vinha
Somente traduzindo cada farsa
O tempo noutro rumo ora se esgarça
E a sorte se desenha mais daninha.


645

E leva pro congresso a fúria e a fome
Resumo em desafeto e dor apenas
E nesta procissão inda envenenas
O quanto de esperança se consome,
A vida sem ter nada quanto a dome,
Reflete noites vagas e pequenas,
A cada nova ausência me condenas
E o todo noutro rumo agora tome
Esparramando o medo invés da luz
Deixando para trás o sonho eu pus
Apenas o meu mundo em discordância,
E o quase se aproxima do real,
O passo noutro instante em ritual,
Marcando com terror a consonância.



646

Beijar-te até secar toda a saliva
Dessedentando toda esta vontade
O quanto do desejo sempre invade
E a vida com audácia já se criva
A sorte tanta vez imperativa
Deixando no passado uma saudade
Vagando sem temor em tempestade
Enquanto seja audaz, porquanto viva
E tendo esta certeza a cada passo
No quanto de desejo quero e traço
Mergulho nesta insânia dita em luz
E ao todo desenhado num instante
Ao máximo decerto nos garante
E assim o todo além toma e produz.

647


Em mil tonturas versos, mares luas
E as horas mais atrozes entre tantas
E quando noutra face te levantas
Além dos vários sonhos tu flutuas,
E quantas vezes. Vejo em noites nuas
Palavras mansas feitas como mantas
Enquanto de repente te agigantas
E apenas tão distante continuas.
Restando dentro da alma a áurea tez
E nela este caminho já se fez
Marcando com terror ou mesmo brilho,
E o quanto pude crer e não havia
Toando como fosse esta harmonia
Aonde no final tento e palmilho.


648


Deixando que o desejo não domine
Os erros mais comuns em tanto engano
Ao mesmo tempo enquanto além me dano
O canto noutro instante se extermine,
Apenas tão somente desatine
O corte se tornando soberano
O medo traz no olhar o quanto humano
Seria o quanto posso e determine
Legados mais diversos, versos risos
E os ermos costumeiros a quem tenta
Vencer em calmaria esta sangrenta
Visão de um sonho atroz, porquanto vivo
E nisto desenhando o mesmo engodo,
Ainda perfazendo em lama e lodo
O quanto poderia em lenitivo.


649


Já nada mais comporto ou mesmo sinto
Senão a voz traçada em tom atroz
O quanto desabasse sobre nós
Marcando com terror o velho instinto,
Arquétipo de sonho um erro a mais
Esbarra nos meus dias e se expressa
Na vaga sensação de uma promessa
Aonde tantos erros; demonstrais.
Acolho com ternura os cantos onde
O nada pude ou mesmo até quisera
Vencer a tempestade dura e fera
E ao nada cada engodo corresponde
Metaforicamente sou o fim
Do quando poderia e ao nada vim.


650


Nas nossas bocas sábias outras tantas
Erráticas loucuras, messe vária
E o quanto da saudade temerária
Nos ermos mais distantes me adiantas,
Esboço os meus fantasmas e sem mantas
A fonte não permite luminária
E a noite tantas vezes solitária
Não deixa nem o quanto me garantas,
Esbalda-se a saudade neste fato
E apenas sutilmente eu me retrato
Na dura realidade e sou cruel,
Vencido pelo gesto mais audaz,
A sorte na verdade nada traz
Senão a mesma angústia em torpe fel.


651



As árvores tocadas pela fúria
Da insana tempestade em fogaréu
Alçando em tempo atroz, ermo e cruel
Gerando a cada instante outra penúria
E neste desenhar farta lamúria
Tornando mais grisalho o claro céu
E o tanto quanto pude em turvo véu
Tentar deixar além a vária incúria,
Mas quando me percebo em tom disperso
Ao apogeu das dores também verso
E desta frágua imensa nada vejo
Somente um ar nefando aonde um dia
A sorte noutra face poderia
Tocar sem qualquer cinza este azulejo.


652


Selvagem formosura em céu sublime
E nada se transforma; só se expõe
E a natureza apenas decompõe
Sem ter qualquer beleza que a redime,
Ao quanto na verdade não estime
O risco noutra face ora depõe
E nada quando tento recompõe
Deixando rastro em fogo, vago crime.
As cenas mais atrozes, na verdade
Enquanto o mundo todo se degrade
Matando uma esperança e nada traz
Somente este vazio em cinzas tons
Qual fossem explosões em megatons
Fastio num momento mais mordaz.


653


Um território em fogo e nada mais,
Aonde houvera apenas umidade
Agora o quanto rege se degrade
E mostre tão somente ausente cais,
O manto em duras faces tu traçais
E veja apenas morta a realidade
Na angústia aonde o todo ainda invade
A Terra em seus diversos funerais,
Pudesse adivinhar qualquer momento
E neste desenhar apenas tento
A rústica promessa em redenção,
E quando me percebo solitário
Errático caminho temerário
Expressa a mais temida negação.

654


O mundo se infernando dia a dia
No estio prolongado, na aridez
O quanto na verdade se desfez
Noutro momento nada mais traria
Somente a dura fúria em ardentia
E tanto se espalhando, estupidez
Agrisalhada cena onde tu vês
A face mais escusa desta raça
Que apenas num instante se esfumaça
Gerando tão somente a morte e o medo,
E deste apocalíptico cenário
O corte da esperança onde concedo
Um passo sem destino, temerário.


655

Minha infância perdida na amplidão
Em dias dissonantes e vazios
Apenas hoje vejo os vãos estios
Tocando com terror o ledo chão,
E o mundo noutro face nega o chão
E gera tempos ledos e sombrios
Enredos entre medos, sonhos frios
Travando desde sempre o mesmo não,
E quando poderia acreditar
No tempo ou noutro instante a desnudar
O risco mais atroz e mesmo a paz,
Moldando simplesmente a mais mordaz
Ausência entre tormentas e tempestas
Enquanto na verdade o nada atestas.

656


Devorado por chacais
O meu sonho se transforma
E tomando a leda forma
Dos meus ritos funerais,
Ao sorver os vagos sais
Aonde poderia o nunca mais
O meu passo se deforma
E o caos somente me informa
Do pânico onde me verso
E bebendo este veneno
Enquanto ao fim me condeno
Degenerando o universo.

657


Um sentimento mordaz
Poderia até calar,
Porém quando ao me tocar
Renegando a própria paz
Neste verso contumaz
Sem saber de algum luar
Vou seguindo devagar
E o nada ainda me traz
E sentindo este vazio
Por enquanto não recrio
Novo sonho ou mera luz
E o corte se anunciando
Aonde fora mais brando
E hoje ausência reproduz.

658


Vagabundo eu serei e nada além
Do quanto poderia ou mesmo fiz
Ainda restaurando a cicatriz
Ditando o que em verdade não mais vem
Hedônico caminho onde o desdém
Temido desejar tanto desdiz
E nisto sendo apenas o aprendiz
O risco de sonhar me faz refém
Dos erros e vontades mais atrozes
Gerando em concordância várias vozes
Marcando com terror o dia a dia
E o quanto ainda pude desvendar
Tocando minha vida num lutar
Aonde o mesmo nada eu poderia.

659


Não me deixa sequer algum alento
O corte mais atroz e dele eu creio
Apenas num momento em devaneio
Enquanto outro caminho; ainda tento
Pudesse me entregar ao forte vento
E neste desenhar o quanto veio
Expressa esta ilusão e sigo alheio
Bebendo tão somente o esquecimento,
Reparo cada engano com a luta
E quando a vida entranha e já reluta
Marcando com terror o meu caminho
Traçando simplesmente outra verdade
Assim quando a ternura não invade
Prossigo e sei também ser mais daninho.

660


Na vadia tortura a vida trama
E gera novo caos a cada instante
E o quanto se pudesse e não garante
Gestando novamente o velho drama,
O quanto poderia e não mais clama
A voz noutro cenário, degradante
O corte se apresenta e doravante
Mantém ainda viva a dura chama,
Numa expressão atroz a poesia
Apenas no vazio geraria
O rude caminha em meio ao nada,
E o tanto quanto pude ainda sigo
E quando estou alheio ou sem abrigo
A sorte noutra face desbotada.



661


E busco em cada frase ao menos luz
E tento transportar à realidade
O sonho aonde inteiro já me invade
E apenas leda imagem reproduz,
O tanto que aprendera ora faz jus
Ao mágico momento onde degrade
O senso mais comum e na verdade
Transcorre muito além do quanto o pus.
A sorte desvairada e lentamente
Desarma qualquer passo e traz apenas
O olhar ensimesmado de quem busca
Vencer esta quimera atroz e brusca
À qual, a cada passo me condenas.


662


De dizer a quem tanto acreditara
Nas variantes tolas deste enredo
E quando novo rumo eu me concedo
Tentando adivinhar nova seara,
O corte em face escusa e mesmo amara
Traçando a todo instante o desenredo
Avança e desvendando o bem mais ledo
Momento onde o vazio eu desvendara.
Esgoto os meus caminhos num só traço
Assisto à derrocada enquanto passo
O tempo sem resposta; inutilmente.
Depois de certos dias, envolvido
Nos ermos onde eu mesmo dilapido
A história se transgride e apenas mente.

663


Que a estrada mais feliz seja bendita
E o canto noutro tom possa mostrar
O quanto em poesia diz luar
Ainda quando a vida a necessita,
Esmero ao lapidar uma pepita
Embora nada reste em seu lugar,
A sorte discordante faz notar
Ainda quando o caos toma e palpita.
Extremamente só já nada traga
Fortuna reavive a imensa chaga
E draga todo o passo rumo ao vão,
Enquanto poderia e nada resta
A morte se prepara em desonesta,
Temida e frágil senda: ingratidão.


664

Se faz nesta emoção novo cenário
E o tanto quanto pude ter além
Apenas solidão ainda vem
Embora seja um mal tão necessário.
O velho pensamento, este corsário
Fazendo da esperança seu refém
Não deixa nada ver e não convém
Vagar num vasto mar imaginário.
Esbravejando a vida nada traz
E o passo mesmo quando mais audaz
Já não me traçaria outro destino,
Vislumbro após a chuva esta bonança
E nada do caminho em paz se alcança
E enquanto me condeno, mal domino.

665

Eu quero esta paixão distante e morta
Sem ter qualquer resquício dentro em mim,
O corte se aproxima e dita o fim
Enquanto a fantasia em vão se aborta,
Ao passo mais audaz a vida exorta
E traça além do caos outro jardim,
Minha alma em tal constância num motim
Arrebentando assim a frágil porta.
Abordo uma ilusão e na verdade,
Apenas presumindo a velha grade
Escusas não permitem novo rumo,
Do todo mais audaz já nada havia
Sequer o menor tom em fantasia
E quando mais me vejo; além me esfumo.

666

Entorna em minha vida, o caos e o medo
E o nada em consonante imprecisão
Traduz os poucos sonhos e verão
Ao quanto sem defesas me concedo,
E quando de tal forma inda procedo
Expresso em tom sombrio a solidão,
Vetusto companheiro desse não
Gestando a cada engano outro segredo.
Extraio dos meus sonhos cada fato
E neste desenhar pouco resgato
Senão a mesma sorte em tom diverso,
Caótico porquanto ainda tento
Beber ao menos sonho, paz e alento
Gerindo dentro da alma outro universo.

667


De todas as vontades nada resta
Senão a mesma angústia do não ser,
Na luta inconseqüente por poder
A faca noutra cena ainda atesta
A imagem furiosa e desonesta
De quem pudesse estar ou mesmo ter
No olhar bem mais que o mero amanhecer
Nem mesmo quando fosse; fina fresta.
Acasos entremeiam passos vagos
E sinto a turbulência destes lagos
Em rogos, riscos, ritos e vergonhas,
Ao menos nesta angústia corriqueira
Fortuna tão diversa da que eu queira
Nefasta realidade tu enfronhas.


668


O poder me entregar a insanidade
E a fúria desmedida dos heróis
E quando; este cenário, o reconstróis
Apenas o vazio ainda invade
E tento mesmo aquém felicidade
Sabendo dos ausentes, bons faróis
E o fato de tentar tocar os sóis
Com toda a mais completa intensidade.
Dos lagos entre rotas, prados, rios
E os passos deslindando desafios
Em rara fantasia nada vem,
Das ninfas tão somente imaginárias
Às horas mais doridas, solitárias
O olhar já cabisbaixo em tal desdém.


669


Mil versos te farei e não consigo
Vencer os meus fantasmas, mas se tento
Tocando aonde houvera alheamento
Meu canto num instante; em vão, prossigo.
O quanto poderia ser amigo
Espalho esta canção solta no vento
E bebo cada gota em sofrimento,
Tocado pelas ânsias do perigo.
Escândalos diversos: alma e sonho,
O parto quando muito, o recomponho
Gerando outro fantasma, sombra mera
E o fato de existir ou persistir
Tentando novo encanto num porvir
Aonde o passo ainda em dores, gera.


670

Apenas pra dizer o quanto houvera
Arranco os olhos tomo este horizonte
E quando a vida ao menos desaponte
Não deixa além do sonho uma quimera,
Ainda quando o passo regenera
E marca com terror próxima ponte
Secando em desvario qualquer fonte
A fúria sem defesas logo impera.
Não quis outro caminho ou poderia
Marcando a minha vida em heresia
Gerada por enganos mais sutis,
Escarpas enfrentando dia a dia,
Além do quanto vejo ou poderia
A vida noutro instante contradiz.


671

Saudades deste amor em tons diversos
Na guerra ou armistícios tanta vez
O quanto se pudesse e nada fez
Gestando com angústia sonho e versos
Ousar entre momentos mais dispersos
E crer na mais completa insensatez
Destarte cada dia além não vês
Senão a mesma face estupidez.
Espúria luz denota o ser vazio
E o quanto deste nada em vão recrio
Esbarro nos enganos mais sutis,
Porém eu me permito acreditar
Ainda quando pude mergulhar
Que um dia talvez veja o quanto eu quis.


672

Eu quero me entregar sem que as defesas
Esbocem tão somente a proteção
E os ermos quando os sonhos moldarão
Não deixaram as horas mais ilesas,
Assíduas e venais tais correntezas
A cada novo corte; a imprecisão
Explica a mais difícil redenção
Deixando minhas horas mais surpresas.
Afasto-me da messe aonde um dia
Pudesse imaginar ou já teria
Alguma luz após a bruma intensa,
E vendo a tão perdida cena aquém
Do quanto ainda posso ou nada tem
Embora na verdade, não compensa.


673

Amada, esta presença da mortalha
Ainda traça o quanto eu não mereça
O mundo revirando esta cabeça
Apenas o vazio em mim se espalha,
A vida, mero campo de batalha
E mesmo quando a sorte ora se esqueça
No fundo outro cenário onde se teça
Traduz a minha história mesmo falha,
Sem esplendores, sortes, nada disso,
Somente alguma luz; inda cobiço
Vagando qual falena em noite escura,
E o tanto da verdade se perdendo
Deixando-se viver um mundo horrendo
No qual final em dor já se assegura.


674


No coração que chora em tom sombrio
A voz de quem se foi e não voltara,
Palavra tão sutil gerando a escara
E nela outro caminho desafio,
Esqueço do passado e bebo o frio,
Marcando com terror o vão prepara
A queda noutra face e se antepara
No vago caminhar em desvario.
Escarpas entre pedras e penedos
Os dias mais audazes foram ledos
E os cânticos perdidos noutro rumo,
A farsa se transcorre de tal forma
Aonde a própria vida se deforma
Embora no final, já me acostumo.

675

Eu sou feliz por crer noutro cenário
Diverso do vazio aonde eu creio
No olhar tanto dorido quanto alheio
Num passo sem sentido e solitário,
O vento muitas vezes temerário
Enquanto a sorte avança e o vão rodeio,
No corte mais atroz, um devaneio
Gerando novo tempo imaginário.
Sem sândalo, sem lume, aroma ou rosa,
A vida se mostrando caprichosa
Esboça tão somente o medo enquanto
Meu passo rumo ao nada se desenha
E quando da esperança perco a senha
Apenas o final, enfim garanto.


676

Que traz tantas belezas sonhos vários
E neles entranhando um pouco além
Do quanto em fantasia nada vem
Senão estes tormentos, meus fadários,
Eventos muitas vezes necessários
Traçando a própria vida por refém
O nada se transforma num desdém
E os dias se desenham solitários.
Buscando por respostas, nada veio
Somente o mesmo passo aonde, alheio
Encontro em concordância outros caminhos
Pudesse acreditar nalgum futuro,
Mas quando do sombrio eu me asseguro
Percebo meus momentos, mais daninhos.


677

De todas as certezas, meramente
O quanto se perdera sem sentido
E quando o meu caminho eu dilapido
Apenas o vazio se apresente,
E o canto tantas vezes persistente
Marcando com terror o meu olvido
Esqueço o passo em busca de um sentido
Enquanto outro cenário ainda tente,
Esfacelando o sonho um pouco mais,
Os dias se tornando desiguais
Errático tormento se aproxima,
E o vândalo seguir em tons diversos
Gerando dentro em mim tais universos
Moldando a cada passo um velho clima.


678


Nos toca e nos encharca este momento
Aonde a vida traça o vago em nós
E quando imaginara logo após
O tempo noutro rumo ainda invento,
Embora com certeza este lamento
Transporta muito além a mera voz
O tanto quanto pude perde os nós
E a vastidão expressa o desalento,
Escancarada sorte em tom sombrio,
O quanto ainda teimo e desafio
Esboça simplesmente esta verdade
No quando poderia acreditar
Tomando cada vez maior lugar,
Ainda quando inútil sonho brade.

679


Às vezes se não vejo solução
Procuro novos rumos, mas sei bem
Do quanto na verdade nada vem
E mesmo noutros tempos não virão
Sequer as mesmas luzes, sem clarão
A vida se transcorre sempre aquém
Do quanto poderia e com desdém
O passo se transforma em ledo não,
Enfrento os meus demônios, mas a sorte
Não tendo mais a força que a conforte
Expressa a solidão a cada instante,
O risco de seguir imerso em trevas
E quando em tempestades tantas nevas
Apenas a mortalha se garante.


680

E penso que perdi a rota quando
O mundo se transborda em dor e medo,
Ainda quando tento e me concedo
Cenário noutro instante desabando,
O rústico caminho; o mais infando
E nele cada passo outro penedo,
Vencer os desacordos, e o segredo
Num vasto renegar se desvendando,
Aprendo embora saiba deste caos,
E os dias mais atrozes, duros maus
Expressam versos tristes e sombrios,
O quanto poderia e nada vinha,
A sorte se traduz e jamais minha
Condena-me ao sabor dos desvarios.



681


Minha alma te procura imersa em vagos
Momentos mais atrozes; nada vem
E o quanto se mostrara em tal desdém
Esbarra nos anseios turvos, tragos.
Esfacelando a sorte em dias magos
O quanto se aproxima e traz sem bem
O vento noutro espaço não contém
Sequer a calmaria destes lagos,
Vasculho cada ponto e nada sinto,
O amor se ainda houvesse, estando extinto
Estranha este desenho em força vária,
A sorte muitas vezes se tentasse
E o quanto se mostrara noutro impasse
Traria esta verdade imaginária.


682


E vê com tal clareza apenas isto:
A sordidez imensa e nela o frio
Enquanto cada passo ora recrio,
Ao fundo desta cena já desisto.
O passo noutro rumo; se eu persisto
Esbaldo-me no tom em desvario
E o rústico cenário mais sombrio
Expressa o quanto posso e até insisto.
Vacante coração de quem sonhara
Bebendo a lua imensa, rara e clara
Agora se tocando em luz diversa
Das constelares sendas, nada veio
Somente o mesmo passo audaz e alheio
Enquanto a poesia desconversa.


683


Pros medos que nos tornam e se trazem
Enquanto em sordidez encantos nega
A sorte quando audaz, porquanto cega
Expressa os dias onde se defasem
Esbaldo-me decerto aonde um dia
Pudesse acreditar mais plenamente
No quanto ainda busque ou mesmo tente
E o corte se apodera e mostraria
A cena costumeira em talho e corte,
A adaga aprofundando em cada gesto,
Ao sonho mais mordaz enquanto empresto
O rumo se traduz em dor e morte,
No fundo sem destino sigo à toa
E apenas o vazio inda destoa.

684


Eu te amo e com total loucura e medo
A sorte se transforma em tempestade,
O quando do meu canto ainda invade
O rústico desenho onde concedo
O passo mesmo após o rumo ledo
E nele se vivendo a mera grade
No quanto cada verso desagrade
O tempo traduzindo em desenredo,
Espero novo dia ou nova sorte,
E nada ainda toque ou me conforte,
Essencialmente sinto o fim somente
E o quadro se transforma e nada resta
Senão a mesma face desonesta
Aonde o mundo marca enquanto mente.

685


Percebo na leveza de algum verso
A sutileza imensa de um sentido
Diverso do vazio onde lapido
E tento caminhar noutro universo,
E quando a fantasia; em vão disperso
O risco de sonhar já presumido
Encarna com terror tosca libido
E o passo sem destino eu desconverso
Traçando em poesia o quanto pude
Deixando para trás esta atitude
E molda com ternura ou mesmo dor,
A vida se presume em nada além
Do quanto poderia ou não contém
Senão louco fastio, sonhador.

686

Que forram de esperança os meus anseios
E traçam novos rumos onde outrora
Apenas o vazio desancora
Regendo com terror; dispersos veios
E os olhos entre medos, devaneios
A sorte na verdade desancora
E marca sem saber e se demora
Na vida entremeada em vários meios.
A senda mais audaz, mas tão vazia
Expressa o quanto pude em fantasia
Depois da derrocada costumeira,
E tendo por bandeira uma esperança
O passo noutro rumo não se lança
E molda muito aquém do quanto eu queira.


687

Amada na amplitude do não ser
A rústica ilusão já não coubera
Na sorte mais atroz, louca quimera
E deste desenhar o nada ver,
Senão a mesma luta, esvaecer
Enquanto o descaminho ainda gera
A morte noutra face, mesma fera
Mergulha no vazio do querer.
Escória entre as escórias, simples pária
A vida não traria a luminária
Tampouco qualquer norte e sem faróis
As noites entre trevas são mordazes
E nelas tão somente o que me trazes
Deveras noutro instante tu destróis.


688


Amante tão querida da ilusão
A vida não presume queda, mas
O quanto se pudesse mais audaz
Expressa noutro canto a negação,
Apenas novos dias mostrarão
A sorte mais dorida e até tenaz
Mergulho noutro instante e nada traz
O corte se mostrando agora em vão,
Esgarça com terror cada palavra
E o tanto quanto quero nada lavra
Senão esta mortalha mais ferrenha.
O manto se transforma em pedra e corta
E o quanto da verdade atrás da porta
Ainda na verdade não convenha.

689



Eu quero te sentir diversa e até
Durante o quanto pude imaginar
Apenas entranhando algum luar
E neste desenhar ser o que se é
O ritmo demarcando o passo quando
O nada se pudesse ainda crer,
E o caos tomando inteiro cada ser
Somente no vazio se formando,
Esbarro nos meus erros e concebo
O tanto quanto quis e se pudera
Ainda quando vejo viva a fera
O sonho se confunde com placebo,
E o caos gerando após o nada em mim
A velha discordância de onde eu vim.


690


E num momento lindo a vida traça
Ao menos a amplitude mais venal
E quando o sonho dita um ritual
A morte se transforma em vã fumaça
E o quanto se perdendo em risco e graça
Temível caminhar em medo e sal,
Vagando sem destino imenso astral
Esbarra no vazio aonde grassa
E tento acreditar noutra vertente
Ainda quando a sorte busque e tente
Sentir novo momento em paz e canto,
O todo se perdera num segundo
E apenas no vazio eu me aprofundo
E assim a cada instante desencanto.


691


O quanto que desejo e nada existe
Do todo desenhado, apenas medo,
E quando desta forma eu me concedo
Futuro desejado agora triste
E o canto noutro rumo, sempre em riste
Gerando com terror e não procedo
Vencendo qualquer pedra ou vão rochedo
O canto na verdade não consiste
Afasto cada passo do meu rumo
E quando noutra cena me consumo
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tocado pelo caos e neste intento
O quanto do meu rumo ainda invento
Rondando a cada instante o desabrigo.


692


O quanto teu cantar pudesse ser
Diverso da verdade aonde astuta
A vida não permite, e até reluta
Tramando o mais diverso amanhecer
Ainda quando pude mesmo crer
No corte mais audaz e nesta luta
O caos ainda gera a face bruta
E nela todo passo a esvaecer
Pudesse acreditar em luas várias
E quando as noites marcam solitárias
E lúdicas promessas de um vazio,
E neste desenhar em nada creio,
Apenas no meu mundo em devaneio
E assim ao mergulhar eu me recrio.

693


Na luz que me ilumina em treva e medo
Apenas acredito em raro lume
E o quanto do passado ainda aprume
O tanto quanto posso e não concedo,
A vida se traduz no desenredo
E nisto ainda na verdade me acostume
E beba com terror o tanto ardume
Marcando com angústia o passo ledo,
Esbarro no vazio e quando tento
Vencer o mais diverso e desatento
Cenário em sutileza ou mesmo em paz,
Apresentando os erros costumeiros
Matando em aridez velhos canteiros
O canto noutro rumo não se faz.


694


A força necessária não se vendo
Senão noutro caminho em dor e corte,
Aonde cada passo se comporte
Da forma mais sensata ou mesmo horrendo
Eu sinto o meu cenário mais horrendo
E nisto o quanto pude ou me suporte
Marcando com terror a minha morte
E nela novo passo eu não desvendo
Estorvos costumeiros são banais
E vejo mais distante ainda o cais
E nada se transforma em realidade
Apenas o vazio se transcende
Ao quanto na verdade não depende
Do verso aonde a vida teime e brade.


695

Nos corpos que se tocam noite afora
As ânsias mais comuns e nada além
O quanto possa crer e não convém
Ainda na verdade não aflora,
O tempo sem saber sequer agora
O medo se transforma num desdém
E o passo noutro rumo ainda vem
Gestando o quanto posso ou me apavora
E na rusticidade mais alheia
Ao quanto pude crer e não rodeia
O ventre; nega o passo e mostra o aborto
Meu rumo se transforma em tempestade
E o quando da saudade ainda brade
Traduz o coração já semimorto.


696


Estás tão entranhada no vazio
E o tanto quanto pude ou não houvera
Expressa a solidão em tal quimera
E o canto na verdade não recrio,
Esbarro no cenário em dor e estio
Marcando com terror a primavera
E o todo não pudesse ou desespera
E assim quando me busco em desvario
Esgoto o passo e tento novamente
O quanto da verdade se apresente
Medonha e mera luz apenas traz
O velho desencanto e nele o rumo
Expressa o quanto quero e me consumo
Na ausente tentativa em guerra e paz.


697


Que não consigo; amor, já não me importa
Quebrando estas correntes sigo além
E o quanto da verdade ainda vem
Traduz o quanto a vida nega à porta
E o tempo com certeza tudo aborta
Eternizando apenas o desdém
E o medo de seguir ainda tem
Somente o que talvez; vago transporta.
Vestindo esta ilusão pudesse ainda
Viver o quanto resta ou mesmo finda
E o tempo não seria tão cruel,
Ao menos poderei acreditar
Na noite mais suave a se tocar
E nela imerso em mim o imenso céu.


698


Quem sou, quem és; pois somos da moeda
As faces divergentes, porém unas,
E quando na verdade coadunas
O passo noutro rumo se envereda
E bebes do fastio enquanto seda
A sorte com ternura; ou já desunas
Deixando para trás areias dunas
E o corte no passado dita a queda,
Esbarro nos meus erros e no cais
Diverso do cenário onde tu trais
Quem tanto se fizera mais presente,
E agora ao se mostrar em plenitude
A vida com certeza desilude
E nisto cada engano se pressente.

699


Tão próximo, bem sabes, desde quando
O manto mais audaz; ora desnudas
E o quanto com horror traças ajudas
O mundo noutro instante derrubando
E o quarto se perdera em ar nefando
Nas sortes mais atrozes e miúdas
As dores com certeza mais agudas
No tanto quanto posso se entornando,
E o caos se aproximando a cada instante
E nisto outro vazio se garante
Marcando em consonante tempestade,
O rumo com ternura poderia
Gerar ainda em nós outra alegria
E o todo se transforma e já degrade.


700

Queremos nossos lábios tão unidos,
Mas quando a sorte dita outro começo
O tempo se mostrando em adereço
Gerando outros acordes das libidos,
Os erros são decerto presumidos
E neles outro engano eu reconheço
Voltando ao mesmo engano e desmereço
Os cantos noutros tantos resumidos,
Expresso a solidão a cada verso
E sempre noutro instante desconverso
Moldando a voz dorida em tom feroz,
O quanto pude crer e não havia
Marcando com temor desarmonia
Gerando tão somente o nada após.



701

Na eternidade mágica de um sonho
O quanto poderia acreditar
Nos raios tão diversos do luar
Aonde cada voz; tento e componho
Vagando sem temor neste risonho
Cenário e nele busco me entranhar
Cerzindo cada noite a mergulhar
E nisto outro momento inda proponho.
Restando dentro da alma a fantasia
E quantas vezes; teimo e poderia
Ousar ou mesmo até seguir em paz,
O canto se fazendo mais presente
O quanto deste encanto ainda tente
Vencer o descaminho mais audaz.

702



E aos sonhos e delícias me entregando
Sem medo nem rancores, simplesmente
E quanto mais audaz o passo eu tente
Futuro se mostrando em contrabando
O tanto quanto quero se mostrando
E nisto outro caminho já apresente
O risco de sonhar e plenamente
O corte mesmo após durante e quando
Não temo o que virá nem temeria
Sabendo desde sempre a fantasia
E nela o quanto posso ou nada além
O canto mais audaz pudesse ter
E o passo noutro rumo a perceber
Enquanto na verdade nada vem.


703

Em cítaras arpejo mais suave
Pudesse transferir o gozo enquanto
A vida se mostrara e ora garanto
O quanto deste sonho já se grave
Tramando a cada passo sem a trave
Diversa e nisto tanto sem quebranto
Mergulho e quando busco novo canto
Liberto o coração qual fosse uma ave
E arisco companheiro do futuro
Um passo mais audaz eu asseguro
E vivo plenamente sem temores
Assim seguindo o rumo mais audaz
O passo na verdade sempre traz
Aonde quer que em sonhos, fores.


704


Espalha pelas nuvens sonho e canto
Enquanto outra verdade se traduz
Trazendo cada passo em rara luz
E nisto com certeza não me espanto
E busco outro caminho onde garanto
O todo quando em sonho já me pus
Traçando outro cenário em contraluz
Vencendo qualquer medo ou vão quebranto
Eu quero simplesmente ser feliz
E tendo tudo aquilo que mais quis
O verso ora reluz tranqüilidade
E o tempo noutro rumo me permite
Viver além do quanto diz limite
E a vida noutro rumo em paz invade.


705

Aforam as vontades mais diversas
Enquanto num caminho possa haver
Ainda o mais suave amanhecer
Aonde noutro instante ainda versas
E bebo com ternura as mais dispersas
Manhãs onde pudesse mesmo crer
E nisto semeando o bem querer
E nele outras palavras são imersas
Vencendo os meus temores sigo além
Do quanto na verdade sempre vem
Marcando o dia a dia em paz e glória
Moldando este caminho mais feliz
E nele desenhando o quanto eu quis
Traçando com brandura a mesma história.


706

Tocando o corpo lúbrico desejo
E nele me entranhando sem defesa
Seguindo quanto posso a correnteza
Momento mais tranquilo quero e vejo
Aonde poderia tão sobejo
Traçando cada dia com certeza
Do amor em plenitude mera presa
E nisto desenhando o quanto almejo,
Vencer os meus temores e seguir
Tentando novamente algum porvir
E nisto posso crer em liberdade
Assim o dia a dia se apresenta
Sem medo de enfrentar qualquer tormenta
Enquanto a paz deveras trama e invade.


707


Um gesto mais audaz pudesse além
Do quanto na verdade não sabia
E o todo noutra face mostraria
Apenas o que eu quero e ainda vem
Mergulho no passado e sem desdém
Vasculho o quanto posso ou mais queria
E o vento traduzido em ventania
Apresentando o todo quando o tem
E sinto ser feliz enquanto possa
Vencer o descaminho e sempre endossa
O risco desejoso e nele tento
Sentir outro cenário mais sereno
E quando ao mais supremo eu me condeno
O passo não permite desalento


708


Nas fontes prazerosas da emoção
Meu passo traduzindo novo rumo
E quando dia a dia mais aprumo
Marcando outros momentos que virão
Os erros mais comuns em precisão
Enquanto na verdade eu me resumo
Vibrando em consonância ainda assumo
O tempo enquanto tomo a decisão
Vencendo os meus temores posso mais
E venço os dias turvos, temporais
E nisso sou deveras mais feliz
E o quanto poderia acreditar
Ou mesmo desejando o quanto eu quis
Saber aonde encontre o meu luar.


709


Em fogo e num braseiro a vida trama
Bem mais do quanto pude acreditar
E mergulhando além do próprio mar
O velho coração exposto à chama
E o tanto quanto posso ainda clama
Marcando a cada passo outro lugar
Diverso deste mesmo caminhar
A vida no final gerando o drama
E nele tanto tenho que buscar
Vagando em ar sombrio poderia
Vencer o quanto em rude fantasia
A sorte em frágua feita me incendeia
O todo quando o pude ser alheio
E neste caminhar o sonho veio
Adentra sem defesa cada veia.


710


Eu quero tua pele veludosa
Tocando sem fronteiras minha pele
Ao quanto tanto anseio nos compele
Gerando noite clara e radiosa,
Ao mesmo tempo a bela rosa
Enquanto com espinhos me repele
Aroma delicado sempre impele
À estrada onde se anseia; caprichosa
Eu quero estar contigo a cada instante
E ver o quanto amor pode e se traz
Momento mais feliz, porquanto audaz
E nisto outro caminho deslumbrante
Encontro nos teus braços vendavais,
Porém também percebo ali, meu cais.

711


Sentindo teu perfume delicado
A vida poderia me trazer
O raro e tão sobejo amanhecer
E nele outro momento desvendado,
O quanto bebo e sinto saciado
Do mais dorido e sacro bel prazer,
No quanto pude mesmo conhecer
E andar sempre contigo lado a lado,
Vencer os meus temores, naturais
E crer no quanto posso ou até mais
Gerando outra paisagem mais suave,
O amor em solidez se denotando
Transforma este caminho em contrabando
E o trama como fosse serena ave.

712


Inebriando; o amor qual fora um gim
E nisto me tomando por inteiro
O quanto deste sonho é verdadeiro
Ou mero encanto fútil de um festim,
O tanto se persiste dentro em mim
E o corte mais atroz ou derradeiro
Esboça além da dor, o mensageiro
Por onde se começa e dita o fim.
Esvaio em noites frias, solitárias
As asas muitas vezes libertárias
Jamais traduziriam estas fases,
No quanto acreditara e contradiz
O fato de buscar ser mais feliz,
Diverso da verdade que me trazes.


713


Eu quero em tua boca o doce sumo
De um mais audaz momento em fúria e gozo,
O quanto deste sol voluptuoso
Ascende e nele inteiro eu me consumo,
A história neste encanto, pois, resumo
E sei deste cenário majestoso,
E quando se mostrara pedregoso
Destino; mudo sempre o ledo rumo,
E o tanto quanto possa acreditar
Traçando outro caminho, céu e mar
Arcando com os sonhos mais gentis,
Vibrando em consonância chego a ti
E neste desenhar eu percebi
Além do quanto um dia ainda eu quis.


714

Um mar de amor imenso aonde um dia
Pudesse me perder ou naufragar
E sem qualquer vontade de voltar
Ao tanto quanto outrora padecia,
Vencer com mansidão e calmaria
Erguendo no horizonte o meu olhar,
Cerzindo esta esperança a nos tocar
E dela se transborda em poesia,
Anseios de uma vida mais tranquila
Aonde a fantasia em paz desfila
E traça cada passo rumo ao tanto,
Aprendo a ser feliz e nada quero
Senão este desejo mais sincero
E nele o Paraíso aqui; garanto.



715

Quisera que viesses calmamente
Depois de tantas chuvas, tempestades
Na mansidão suprema quando invades
O coração se entrega a ti somente,
E o quanto de esperanças sempre alente
Quem vive em mais diversas realidades
Vagando sem limites por cidades
Mudando esta passada num repente,
Esbarro em tantas luzes mil neons
A vida refletindo novos tons
E neles se percebe o quanto eu quis,
Do rude caminheiro do passado,
Agora um novo ser adivinhado
Quem sabe, finalmente, mais feliz?


716

Minha alma te procura embora venha
Traçar outro destino ou mesmo até
O quanto se perdera em turva fé,
A vida ora se ardendo em frágil lenha,
Dos sonhos já não sei código e senha,
Atada firmemente esta galé
Presumo este cenário por quem é
E sei que no final nada contenha,
Somente os meus demônios, nada mais,
Pudesse adivinha além do cais
O caos aonde a sorte degenera,
Apresentando a dor como refém
O amor quando demais nada retém
E mata em agonia a primavera.


717


Escuta este meu canto em noite mansa
Tentando te tocar mais levemente
E o quanto deste anseio se apresente
Na voz aonde o encanto ora se avança,
E sinto deste amor rara pujança
Além do caminhar mais envolvente
Marcando com ternura plenamente
A vida noutro rumo, em esperança;
Esgoto os meus anseios quando eu pude
Traçar este cenário em magnitude
Riscando o claro céu, belo cometa,
Serestas entre noites mais sutis
E posso transformar no quanto eu quis
O sonho aonde a vida me arremeta.

718

Vivendo sem saber nem perguntar
Aonde poderia ou mesmo não
Vencer a mais dorida solidão
E crer na poesia a me tocar,
O dia se envolvendo devagar
Transcorre sem temor ou negação,
E o sonho causa em nós rara explosão
Marcando com ternura este luar.
Espero a cada passo uma armadilha
E a vida noutro instante ora palmilha
Por sendas mais diversas e sombrias,
O quanto pude ver e nada houvera
Gerando tão somente esta quimera
Aonde muitas vezes trairias.


719


Apenas quero ter qualquer momento
Aonde possa ver a paz em mim,
E o quanto se transforma e traz ao fim
O todo onde deveras me alimento
O risco de sonhar e estar atento,
O passo noutro rumo traz enfim
O tanto quanto pude e sendo assim
Entregue sem defesa ao forte vento,
O caos gerado após o temporal,
Num ritmo mais atroz, vago ou venal
Eu sigo meu caminho em desventura,
E o quanto se pudera ser diverso
Traduz dentro de mim tal universo
E nele minha sorte não perdura.

720

Pressinto que virás após a queda
Dos sonhos entre pedras e rochedos,
Os dias sempre atrozes, duros, ledos
E a sorte noutra face ora se enreda
E quando no vazio se envereda
Trazendo tão alheios os segredos
Resumo meu cenário nos degredos
E nem a poesia mais me seda.
Esbarro nos meus ermos e prossigo
Vencendo a cada instante o desabrigo
Errante como fosse algum caótico
Esgar em noite turva ou solitária
Sem ter esta esperança; luminária
Meu mundo se desenha ora estrambótico.



721



Trazendo todo amor aonde eu pude
Viver cada momento sem tentar
Ainda alguma luz por sobre o mar
E nesta imensidão, nova atitude,
O quanto se pudera em amplitude
Diversa noutro prumo me enlevar,
O tanto quanto resta a me tocar
Às vezes tanto engana e desilude.
Esqueço os meus momentos mais atrozes
E quando se percebem novas vozes
Clamando para a luta em tom audaz,
O canto se transforma em hino e traz
Além dos mais doridos e ferozes
O rito tantas vezes mais mordaz.

722


Que minha poesia possa ter
Algum mero sentido e neste intento
O quanto do passado eu alimento
E nele se percebe o desprazer,
Pudesse num instante já prever
O quase e na verdade, desatento,
Esbarro nos caminhos e se tento
Ainda não se mostra a convencer
Alentos são deveras importantes
E neles quantas vezes tu garantes
A paz tão promissora quanto rara,
O caos após a turva tempestade,
Agora a calmaria quando invade
A porta da esperança se escancara.


723




Soneto da Esperança

Por mais opaco e descolorido
Que o mundo possa se apresentar,
Eu o observo sem me precipitar
Nem tampouco tenho descrido;

Minhas lentes trazem a cor
Que de Minh’alma brotou,
Fruto dos tons que resultou
Sobre a vida difundida em louvor;

Assim, foi possível aprender
Que as fases são cíclicas
Por isso, não se pode arrefecer;

Surpresas boas estão por vir,
Acredite e assim será,
Cultive a esperança em cada porvir...

Regina Costa


O mundo muitas vezes tão cruel
Não deixa tais defesas a quem sonha
E a face mais atroz, mesmo medonha
Explode em amargor, recende ao fel,
E o tanto quanto pude ser incréu
Vagando aonde a morte agora enfronha,
E resolutamente me proponha
A crer noutro momento em claro véu,
Mas sei das dissonantes realidades
E vivo tão somente tais saudades
De tempos mais felizes, mesmo quando
O tempo se transforma e já nublando
Enquanto com ternura tu me invades
O meu olhar persiste mais infando.



724


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos..
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

Pudesse acreditar no ser feliz
E ter além do caos, outro momento
E neste desenhar o quanto aumento
Do encanto aonde o passo não desfiz,
Esbarro nos meus ermos, cicatriz
E neles outro rumo ainda invento,
Ousando mais além do sofrimento
Embora caminhando por um triz.
A sorte se renova e pode até
Na imensa claridade em rara fé
Gerar outro cenário mais tranquilo.
Esbarro nos engodos e os supero,
E mesmo sendo o mundo amargo e fero,
Ainda uma esperança; hoje eu desfilo.

725


Aguardo cada toque da esperança
Roçando a minha pele num segundo,
E quando no vazio eu me aprofundo
A sorte noutra face ora se amansa,
Pudesse ter apenas a lembrança
De um tempo mais feliz, diverso mundo,
E o canto aonde em sonhos eu me inundo
Durante a noite inteira agora avança,
O quanto poderia e não tivera
Expressa a solidão, turva quimera
Agrisalhando o sonho onde se engelha
A vida noutra face, decomposta,
E ausência se repete em vã resposta
Imagem distorcida, atroz e velha.

726


Que quero transtornada após a queda
Marcando com terror o passo além
Do quanto na verdade não convém
Senão a quem decerto se envereda
Nas sendas mais atrozes, tudo seda
E a morte se traduz em novo bem,
O quanto poderia sem desdém
Pagar com o reverso da moeda,
Esgarço os meus momentos na procura
De quem tanto pudesse ou me assegura
Um dia mais suave, pelo menos.
E os erros costumeiro a quem ama,
Explodem num momento em fúria e drama,
Deixando para trás dias serenos.


727

Beijando mais macia esta pantera
Atocaiada fera, vil chacal,
O rústico desenho em tão venal
Anseio na verdade nada espera,
O quanto a vida marca e desespera
Gerando tão somente o duro mal
E o canto se perdendo em ritual,
A vida, um sortilégio, uma quimera.
Esbarro nos anseios e me busco,
O quanto sei que apenas ledo e brusco
Já não comportaria qualquer sonho,
O vandalismo corre em minhas veias
E quando renegando me incendeias
Apenas o final, teimo e proponho.

728


Bem sabes quanto eu quero e não consigo
Vestir esta ilusão, porquanto a quis,
O tempo gera nova cicatriz
E traz o quanto posso inda comigo,
A cada novo tempo outro castigo,
O mundo se transforma e por um triz
Esbarro nos meus medos e infeliz
A curva representa outro perigo,
E testemunho a queda em lodo e medo,
E quantas vezes; teimo e me concedo
Aos erros tão fatais e costumeiros,
Assola-me o saber do nada e enfim
Marcando com horror o que há em mim
São áridos decerto os meus canteiros


729


Envolto no carinho mais atroz
De quem se fez apenas heresia
E o tanto quanto posso ou mais queria
Apenas se perdendo em torpe voz,
Atando aos nossos pés, os finos nós
E neles outro sonho se recria
Marcando com terror tanta agonia,
E a vida se desenha mero algoz.
Um dia se repete e noutro tanto
Somente este vazio ora garanto
E sigo sem saber ainda quando
O passo se permite mais audaz,
O tanto quanto eu quis e nada faz
A face mais dorida desenhando.

730

Com gosto de garapa, adocicado
Momento mais feliz e meramente
O quanto da verdade se apresente
Deixando o meu caminho bem de lado,
O riso noutro tempo desenhado
Agora a realidade se o desmente
Apenas o passado é mais premente
E o corte; o vejo sempre aprofundado.
Restauro com palavras o cenário
E nele tantas vezes temerário
Caminho se aproxima do final,
Meu verso já não cabe dentro em mim,
E o quanto poderia traz ao fim
Um ar turbilhonado em vendaval.


731

Amada como é bom saber do quanto
A vida se permite a quem se dá
E tendo esta certeza, este maná
A cada novo dia mais garanto
E o passo se desenha sem espanto
Mergulho neste sonho e o tocará
A sorte mais bendita e me trará
Bem mais do que decerto eu adianto,
Esbaldo-me em momentos divinais
As taças delicadas, teus cristais
Ousando num momento em raro brinde
E a vida se desenha sem temores,
Seguindo cada rota aonde fores
Um novo amanhecer já se deslinde.


732

O sonho mais bonito quando eu pude
Singrar outro oceano em tez tranquila,
A voz quando além teima e desfila
Marcando com ternura esta atitude,
O amor em sua rara plenitude
Enquanto na verdade a paz destila,
Momentos mais felizes, pois perfila
E gera dentro da alma a juventude,
Escalo os meus momentos mais audazes
E quando esta alegria; além me trazes
Presume-se um momento mais feliz,
O quanto se percebe a cada verso
E neste desenhar; sonhos, disperso
E vejo claramente o quanto eu quis.


733

Trazendo para a terra o quanto além
Pudesse ainda ver mesmo sentir,
E o canto se transforma no porvir
E nada na verdade nos detém
O amor quando se mostra em raro bem,
Explode num momento e faz surgir
O tanto quanto pude presumir
E após a tempestade sempre vem,
Esfacelados dias solitários
Outrora tão comuns e temerários
Agora são deveras raridades,
Encontro-me decerto mais audaz
No quanto meu caminho ora se faz
Além destas prisões, algemas, grades.


734


Nas cores deste amor ainda sinto
O máximo de luz quando a pudera
E o tempo se transforma e a sorte fera
Deixando para trás este ar; extinto.
Esgoto o meu caminho em tom macio
E vejo outro momento mais feliz,
Sabendo desde agora o quanto eu quis
Um novo caminhar ora desfio,
E bebo desta sorte desmedida,
Raiando em alvorada a cada instante
E o rumo noutro passo se garante
Marcando com ternura a minha vida.
Escuto a voz do vento e nela ecoa
A tua, delicada, mansa e boa...

735


Sentindo teu calor envolto em mim
Marcando com ternura esta verdade
O quanto da esperança agora brade
Gerando a florescência no jardim,
O tanto mais audaz dizendo enfim
Da rara e mais sublime realidade
E quando a vida diz sinceridade
Acende da esperança este estopim.
E o corte do passado não se vê
A vida passa a ter algum por que
E o canto se aproxima mais suave,
Assim nada se faz sem ter o brilho
Do encanto aonde agora em paz palmilho
Libertando o meu peito, uma mansa ave.

736


Esqueço toda a dor quando pudesse
Trazer outro momento em luz e glória
A vida se transforma e nova história
Expressa este carinho aonde tece
A sorte mais audaz, rara benesse
Deixando para trás a merencória
Vacante sensação de tanta inglória
E nela novo passo se oferece,
Esvaecendo o sonho em tempestades,
E quanto mais decerto desagrades
Maiores os rancores, violências
Dos tantos que pudera nada resta,
Ao perceber a sorte em mera fresta
Somente se cultivam tais ausências.

737


Numa altivez repleta, ledo engano,
O canto se destoa da verdade
E o quanto poderia e já degrade
Transforma qualquer messe em duro dano,
E assim quando deveras me profano,
O risco se mostrando em falsidade,
A sorte se denigre e o quanto invade
Apenas traz olhar em desengano.
O vento não traria mais a voz
De quem se tanto quero agora algoz
Impede novo rumo ou mesmo ainda
Recende ao mais temível ar nefando,
E o canto desta forma destoando
Somente noutro instante já se finda.


738

Amor quando é demais e não permite
Defesas de quem tenta acreditar
Diversa maravilha em céu e mar,
E nada se mostrando por limite,
O quanto deste encanto já palpite
Mergulho nesta insânia a desnudar
Errático cometa a se mostrar
Sem nada que o deveras delimite,
Espalho o canto além e tento ouvir
A voz mais delicada do porvir
Marcando com ternura cada verso,
Entranho nos segredos da esperança
E o cântico suave agora amansa
Um coração deveras mais disperso.


739


É como fosse; em vida, outro momento
Aonde poderia ser feliz,
E o quanto na verdade contradiz
Traduz e tão somente este tormento
Ainda novo rumo eu busco e tento
E bebo desta sorte em bom matiz,
O quanto perderia fosse gris
O mundo aonde o sonho bebo e invento,
Ao extrair o verso da esperança
A noite com ternura agora alcança
Quem tanto se fizera mais audaz,
Já não comportaria o medo e nem
O rústico cenário onde contém
Um passo dissonante; ausente paz.

740

Não quero mais as dores nem o medo
O tanto quanto pude e não soubera
Depois de conquistar a primavera
Da forma mais suave ora procedo
E sigo em mansidão o mesmo enredo
E nele cada parte se tempera
Gestando o quanto pude e quem me dera
Olhando para trás, resta o degredo,
O caos se aproximando do meu erro,
E quando olhando além do imenso cerro
Eu sinto a bela lua a me rondar,
O tanto quanto quis e pude até
Traçando com carinho a minha fé
Gerando este diverso delirar.



741


No canto tão feroz a vida traça
Errático caminhar em noite escura
E quando alguma luz inda procura
O todo se perdendo em vã fumaça,
O quanto da poesia nos enlaça
E marca cada passo em amargura,
Pudesse muito bem trazer brandura
A quem se tanto teima, além já passa.
Neste escandalizar do amor imenso,
Apenas da verdade eu me convenço
E tento discernir a rara luz,
Aonde nada mais eu poderia
Senão a mesma fonte aonde um dia
O passo noutro rumo nos conduz.


742

O gosto da saudade me tocando
Transfunde esta emoção e adentra a veia
E quando a fantasia me rodeia
Um dia noutro tanto se formando,
O quanto poderia ser mais brando
E gesta aonde a fúria me incendeia
Vagando sem temor em terra alheia
O passo noutro rumo se entornando,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencendo qualquer medo, outro perigo
E o caos gerado após a tua ausência
Não deixa que se veja claramente
E o tempo noutro instante se apresente
Sem ter esta devida transparência.


743


Das cruzes que carrego dentro da alma,
A força mais constante em medo e guerra,
O quanto na verdade o tempo encerra
E gera o quanto luta e não acalma,
Espalho a minha voz e busco além
Apenas um alento e nada vindo,
Aos poucos noutro rumo não deslindo
Sequer o quanto possa e me contém,
Estranhos sóis adentram meus umbrais
E marcam com terror o passo e a queda,
E quando na verdade assim se enreda
Os dias perdem rumo, morrem cais,
E os tantos quanto pude acreditar
Distantes deste raro e bom luar.


744



A solidão já morre a cada instância
Na qual eu poderia vislumbrar
O raio mais sublime de um luar
Marcando com ternura em elegância,
A vida noutra face em discrepância
Esbarra nos meus ermos e ao notar
O quanto poderia me entranhar
Esfacelando a sorte em inconstância.
Resulto dos meus erros; e aprofundo
O passo noutro instante e sei do mundo
Diverso do que tanto procurara,
A sorte se transforma a cada instante
E o quanto ainda tento e não garante
Explode em agonia, imensa e amara.


745

Qual fera que se entoca e já se acua
O sonho se perdendo sem saída,
A morte noutro tom é concebida
E deixa esta presença agora nua,
E quantas vezes; tento e nada atua
Somente a mesma face distraída
Marcando com terror a tosca vida
E nada do passado dita a lua,
Apresentando assim o ledo passo,
Enquanto na verdade ainda traço
Com erros meus caminhos mais audazes,
Os dias se repetem, sempre assim,
E o quanto poderia de um jardim
Diverso do que agora em sonhos trazes.


746


Amputo simplesmente cada sonho
E vivo tão somente por temer
A vida noutra face; a se perder
Enquanto outro caminho eu não componho,
O verso se mostrara mais bisonho
Negando qualquer tom de amanhecer
Esbarro no delírio e no não ser
Apenas noutro engodo decomponho.
Escalo os meus demônios, cordilheiras
E ainda quando mesmo buscas; queiras
Os tantos erros ditam cada fase,
Porquanto ser feliz: mera ilusão,
As horas mais atrozes moldarão
O quanto cada passo ainda atrase.


747

Rompendo totalmente com passado
Eu sigo e penso apenas no futuro
E quando novo rumo eu asseguro
Tentando demonstrar em alto brado
O canto tantas vezes enredado
No quanto ainda posso e configuro
Ousando num momento em raro apuro
Vivendo cada sonho lado a lado,
Alado coração, noturnamente
Esbarra noutro ermos e pressente
Apenas privilégios e ternuras,
Ansiosamente vejo a tua face
E quando este delírio a vida trace
Também outros caminhos tu procuras.

748


Que tanto me fizeram e tentara
Saber de outro cenário bem diverso
O quanto neste encanto ainda verso
Gerando a mesma messe em tal seara,
O vento muitas vezes desampara
E neste caminhar tolo e perverso
O passo noutro engodo segue imerso
E vaga em noite escusa e jamais clara.
Aprendo com os erros? Tanto faz.
O manto já puído da saudade
Permite apenas isto, e nada brade
Senão esta vontade mais mordaz.


749

Agora nos teus olhos o reflexo
Dos meus se reproduz e gera além
Do quanto na verdade ainda vem
E nisto me percebo mais complexo,
Aonde poderia estar perplexo
Rendido e sem defesas, um refém
Do amor quando deveras em desdém
Explode em tal cenário onde me indexo
E sigo sem sentido alguma luz
E nela outro momento se produz
Gerando a falsa fantasia mais mordaz
E o quanto poderia e nada vinha
Traduz esta vontade tua e minha
E dela na verdade nada faz.


750

E tenho todo o bem que um dia pude
Vestir em ilusões, alegorias
E quantas vezes; tanto me querias
Marcando com terror em atitude
E nada do caminho se transmude
E gere senão velhas heresias,
As horas mais doridas e sombrias
Reinando sobre o todo, desilude.
E o canto se aproxima do final,
A vida noutra face mais sangrenta
Expressa tão somente o quanto quero
E vejo novamente este ar mais fero
Aonde a sorte fútil se apresenta.



751


Parece-me impossível perceber
O quanto poderia e nada houvera
Senão a mesma face onde esta fera
Deitando com terror o desprazer
Esbarra no caminho e a se perder
Apenas noutro fato destempera
E marca num instante o quanto espera
E traça mais distante amanhecer.
Aprendo com meus erros tão somente
E quando alguma luz ainda tente
Escuridão expressa realidade
E o caos gerado após tanta loucura
Ainda noutra cena em vão perdura,
Porquanto apenas medo ainda invade.


752

Que meu pai consentisse de outro engodo
Seria tão diverso da verdade
E o passo no futuro se degrade
Traçando tão somente o mesmo lodo,
E quando se pensara com denodo
O parto; nega a própria ansiedade
E o corte se apresenta enquanto brade
Tomando este cenário como um todo.
Espalho a minha voz e nada escuto
Senão este cenário atroz e bruto
Deixado como herança por quem ama,
E o caos se transformando em tal rotina,
A vida noutro engodo determina
Apenas o fluir da frágil chama.

753


Só peço; não me ocultes tais demônios
Nem mesmo ainda pude acreditar
No passo muito além do caminhar
Entre diversos ritos, pandemônios,
As horas em silêncio, outros campônios
Na senda mais agreste ainda a arar
Transportam cada sonho devagar
Desfazem no vazio, patrimônios.
Esbarro nos meus erros e me vejo
Sentindo a cada ausência este desejo
Amortalhada face em tom cruel,
O tanto quanto pude e não viera
Transforma a minha vida em leda e fera
Traçando em heresia o claro véu.


754


Nada do que te disse poderia
Trazer além do medo, a redenção,
E os dias noutros tantos me trarão
A sorte mais feliz em fantasia,
O canto se permite em alegria
E o rumo acerta sempre em precisão,
Vagando desde agora e sempre em vão
O corte na verdade moldaria
A face mais escusa da verdade
E o tempo de viver já se degrade
Marcando com terror o passo aquém
Do quanto mesmo eu quis e nada vinha
Somente esta incerteza mais daninha,
E nela outro vazio se contém.

755


Ouvindo-a tão somente desde já
Senhora dos meus sonhos, meramente
A vida noutro rumo se apresente
E tente novamente algum maná,
O rústico desenho moldará
Apenas o que tanto quis semente
E sigo sem destino, e tão somente
Bebendo o quanto resta e me trará
A vida noutra face mais sedenta
E o canto tantas vezes se apresenta
Moldando com rancor o dia a dia,
Espalho esta promessa aos quatro ventos
E sei dos meus enormes sofrimentos
Aonde nem a sorte inda veria.

756


Sinceramente o digo sem reservas
O tempo não permite a menor chance
A quem se derramando não alcance
Senão as mesmas vozes, ledas servas.
E quando outros cenários tu preservas
Traçando tão somente este nuance
E quantas vezes; tento enquanto avance
Herdando nos canteiros, toscas ervas.
Apresentando a voz aonde um dia
Eu pude discernir a fantasia
E toda esta incerteza mais venal,
O canto se transborda em novo sal,
A fúria, outro tormento gera o caos
Marcando com temor velhos degraus.


757


E quanto vós o amais ainda vejo
O olhar aonde eu pude acreditar
Na sorte mais atroz a se moldar
Gerando novamente este lampejo,
O mundo quando outrora em azulejo
Reinando sobre a terra a luz solar
O imenso e desejável caminhar
Aonde um verso; em paz, tento e dardejo
Esbarro nos meus erros e vos digo
Do quanto poderia e sem perigo
Vencer os meus temores, ódios, medo;
E quando desta forma me perdendo,
Apenas vislumbrando este remendo
Ao todo mais venal eu me concedo.


758

Tanto estima produzindo novo rumo
E neste desenhar querendo mais
Do quanto poderiam nos astrais
Versar aonde apenas me resumo
Nos erros mais comuns se me acostumo
Marcando com diversos temporais
Os dias noutros erros tão iguais
E neste desenhar ao fim me esfumo.
Esqueço cada passo e no vazio
Apenas outro nada inda recrio
E vejo a realidade mais atroz,
O quanto poderia ser diverso
E nisto outro cenário ainda verso
Tentando da esperança alguma foz.

759

Se na sua alma leio esta desdita
Não posso adivinhar qualquer caminho
E sigo em tempestades, vou sozinho
Além do quanto o sonho necessita,
E quando a minha tarde cai aflita
O risco se tornando mais daninho
Enquanto no vazio eu já me aninho,
A sorte na verdade morta grita,
Eu pude acreditar noutro momento
E quando outro cenário ainda tento
A vida não permite qualquer sonho,
E aos poucos sem saber da direção
Enfrento tão somente a solidão
E o mundo; noutro rumo, o decomponho.


760

Crede que vi sinais em vossos dias
De tantas noites vagas, sem sentido,
O quanto a cada passo eu dilapido
Trazendo noites duras e sombrias.
Apenas mergulhando em utopias
O corte noutro engodo presumido,
E o tanto quanto pude neste olvido
Marcando com terror as heresias.
Apresentando a sorte mais diversa
Minha alma libertária agora versa
Ousando noutro passo rumo ao tanto
E neste desenhar pudesse crer
No amor quando demais a se tecer
E nisto outro momento em paz garanto.



761

De pôr-vos por preceito num momento
Diverso do caminho aonde eu pude
Perder ou mesmo até sem juventude
Viver outro cenário em desalento,
O quanto na verdade ainda tento
E nisto o mundo tanto desilude
Marcando com terror a plenitude
E nela tão somente o desalento,
Servindo-vos deveras poderia
Sentir ainda a noite em clara sintonia,
Mas nada da verdade se traduz
Aquém do quanto pude e não soubera
A vida tolamente destempera
E gera outro cenário em turva luz.


762

Que lhe correspondais em atos vários
E quando se pensara noutro brilho
Ainda no vazio busco e trilho
Caminhos mais atrozes, necessários,
E os ermos destes sonhos, temerários
Aonde noutra face inda palmilho
Gerando a tempestade enquanto trilho
Ousando novos dias, vãos corsários.
E tendo-vos decerto junto a mim
O quanto se aproxima de onde eu vim
Reinando sem perguntas, claramente,
O tanto quanto pude acreditar
Bebendo cada gota de luar
A vida se transforma e a paz me alente.


763

Oh céus! Será possível nova queda?
A vida não presume senão isto,
E quando na verdade ainda insisto
A sorte noutra face não se enreda,
O quanto do caminho ora se veda
E neste desenhar nada consisto,
O rústico desenho onde me listo
Expressa a dor temida e nada seda.
Apraza-me sentir a mansa brisa,
Mas quando esta verdade não avisa
Da queda inevitável, morte certa,
O tanto quanto pude e não havia
Marcando com terrível sintonia
Esta esperança apenas me deserta.

764

Tornai-me a aparecer em noites vãs
As tantas heresias de um passado
Há tanto noutra face; desenhado
Marcando com terror tantas manhãs,
Palavras na verdade são malsãs
E o risco se assumindo sem pecado
Enquanto noutro rumo desolado
Eu vejo a sorte atroz sem amanhãs,
Escaldado eu prossigo; um pé atrás
E o quanto desta vida se desfaz
Apenas percebendo o frio imenso
E neste desenhar em tempestade
Somente esta penumbra agora invade
E nela tão somente ainda penso.

765


Mas dize por que crês noutro cenário
Se a vida não permite nada além
Do quanto na verdade não contém
E marca com terror o necessário,
Mergulho neste instante solitário
E apenas o caminho ainda vem
Traçando num completo e atroz desdém
O quanto poderia solidário.
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencido pelo medo em desabrigo
E resta-me somente este vazio,
No quanto acreditara ser feliz
O mundo com certeza contradiz
E apenas noutra face eu me recrio.



766


Entes imaginários ressurgindo
Do imenso pesadelo feito em vida.
A sorte na verdade destruída
O quanto ainda atroz deveras findo,
Esbarro neste instante aonde infindo
O mundo traz a luta consumida
Na ultriz caricatura percebida
E nela outro cenário não deslindo.
Angústias são comuns, sei muito bem
E o quanto do passado ainda vem
Tramando a solidão invés da luz,
O caos gerado após a tempestade
Apenas transformando o quanto invade,
Demônios cada sonho reproduz.

767


Que me enchíeis outrora com o sonho
E agora nada além do medo e dor,
Aonde poderia recompor
Apenas ao vazio eu me proponho,
O canto tantas vezes enfadonho
Marcando cada frase com vigor
Matando a primavera, e sem a flor
O rito se transforma aonde o ponho,
Esvaio em versos tantos, tento além
E o quanto do vazio me contém
Presume tão somente o fim e nada
Do todo se traduz em harmonia
Somente esta verdade negaria
Ainda o que pensara em alvorada.


768


Os olhos visionários; inda os vejo
Rondando cada noite em tom diverso
E quando neste rumo além eu verso
Expresso o meu caminho em tal desejo,
A vida se transforma e num lampejo
Vagando sem destino no universo
O risco de sonhar porquanto imerso
Num ato mais feliz, raro e sobejo,
Esgoto os meus cenários e percebo
O quanto deste sonho é qual placebo
E ilude tão somente e nada mais,
Os erros cometidos? Sei de tantos,
Os dias entre pedras, desencantos
Expressam os medonhos vendavais.

769


Que aprove a minha escolha pela vida
E nada mais impeça o quanto eu quis
Vencer o meu caminho e ser feliz
Ainda quando a sorte já duvida
E o tempo noutro instante se divida
Na força tão sobeja, geratriz
De um mundo aonde apenas cicatriz
Não trace o quanto ainda queima e acida,
Espalho a minha voz e nada dita
Cenário aonde a glória antes bendita
Agora vai perdendo o tom sereno,
E quando bebo a farta esta ilusão
Os dias noutros ermos moldarão
O passo enquanto o tento e me condeno.

770

Repete-me outra vez esta verdade
E deixe que o caminho se decida,
Assim ao percorrer esta avenida
Apenas o cenário se degrade
O risco de viver felicidade
Aos poucos noutra sorte dita vida
Palavra noutra mesma presumida
E impeço o meu caminho, em torva grade.
Escândalos diversos, sonhos tantos,
E neles já desnudas noites vãs,
Procuro sem sucesso outras manhãs.
Encontro simplesmente desencantos.

771

Poder-vos-ei fixar neste momento
E trazendo-vos em sonho a cada instante
O tanto quanto posso se garante
E deste desenhar eu me alimento,
Enquanto penetrando em forte vento
O passo noutro rumo se agigante
E mostre o quanto eu posso doravante
Cevando com ternura e em raro alento,
Vestindo esta ilusão, deveras sigo
E tento novamente algum abrigo
Enquanto no passado não havia
Senão a mera sombra e agora em dia
Expresso a mais suave maravilha
Vencendo os meus temores mais atrozes,
Ouvindo da esperança as mansas vozes,
O coração decerto além já trilha.

772


Imerso em agradável ar entranho
Cenário mais sobejo e até feliz
Vivendo o quanto outrora mesmo quis,
A sorte se traduz em puro ganho,
E quando os meus enganos eu estranho
O risco se mostrando por um triz
Gerando novo céu, raro matiz,
O tanto quanto posso ainda lanho,
Esboço a redenção em verso e luz
E quando a realidade reproduz
Apenas o vazio dentro da alma,
O corte se apresenta mais audaz,
E o tanto quanto pude não se faz
Nem mesmo a fantasia ora me acalma.

773



Tenho inda coração e neste fato
Encontro outra verdade e nada além
Vivendo o quanto a vida traz e tem
Apenas um momento; em paz, resgato
E quando poderia ser ingrato
O mundo me fazendo seu refém
Presume o tanto aonde em vão contém
E nisto cada engano inda constato,
Esbarro nos meus erros mais constantes
E vejo ainda noites deslumbrantes
Enquanto na verdade nada havia,
Somente o mergulhar neste vazio
Pudesse transformar em desvario
O quanto quis apenas, poesia.

774

Discurso. Jamais cansa quem procura
Vencer as tempestades com sorriso
E o tempo se perdendo em prejuízo
No fundo a própria sorte é desventura
O corte se aproxima e se afigura
Do tanto quanto possa e mais preciso
O passo noutro rumo tão conciso
Gerando a noite amarga ou insegura,
Esbarro nos enganos e presumo
Desta esperança apenas ledo sumo
E vago sem destino em noite escusa,
O canto se perdendo noutra face
Ainda quando o sonho invada e grasse
A vida noutra estância se entrecruza.


775

Nunca será prolixa uma esperança,
Marcada com angústias, medo e caos,
Aos dias mais atrozes, ledos, maus
O rústico desenho não alcança
A vida noutra face jamais mansa,
Expressa a solidão destes degraus
E os rumos entre pedras, cinzas, paus
E a morte com terror ainda avança
Lançando a minha voz sem direção,
Apenas bebo o corte e deste não
Encontro outra resposta, simplesmente
O cântico feliz de outro momento
Agora se mostrando em desalento
Ainda me invadindo, teima e mente.


776



capaz de se render ao quanto eu quis
o rústico desenho não se faz,
a vida se mostrara mais audaz
e nela se desenha a queda, e o triz.
Risível desdenhar em cicatriz
Marcando com o passo tão mordaz
Aonde poderia haver a paz,
Deveras o caminho ora desfiz,
E sinto tão somente este vazio
Enquanto cada passo eu desafio
E cevo com certeza outro canteiro,
O amor quando não veio e nem viria
Marcando com horror a fantasia
Demonstra um ledo canto, o derradeiro.


777


renova-me a esperança este sentido
do quanto pude ou mesmo até procuro
e sei deste cenário que inseguro
aos poucos com terror eu dilapido,
o tanto se mostrando em ledo olvido
o solo mais atroz, porquanto duro
e nele tão somente eu me torturo,
vagando muito aquém e não duvido
do caos gerado apenas num momento
e quando a poesia ainda tento
vencendo os meus fantasmas, nada mais,
errático sentido este asteróide
minha alma se expressando num andróide
esbarra noutros ermos vendavais.


778


à vossa sedução eu me entregara
sem ter sequer defesa, plenamente
e quando a vida em luzes se apresente
tornando mais tranquila esta seara
o passo noutro instante se prepara
e toca com ternura a minha mente,
e o quanto do passado me contente
na sorte mais audaz, porquanto clara;
esboço reações e sigo além
do quanto na verdade ainda tem
marcando com brandura ou mesmo atroz,
o canto não pudera ser diverso
e sinto quantas vezes tento e verso
bebendo o que virá, decerto, após.


779

Chegam nesta turba imensa e atroz
Hedônicos fantasmas de um passado
Ainda vivo ou mesmo lapidado
Na fúria vergonhosa e até feroz,
Pudesse desenhar em outra foz
O quanto se perdera sem legado,
O caos já tanto tempo anunciado
Expressa este vazio em cada voz,
E o tanto quanto pude discernir
Marcando com terror o meu porvir
Esbarra nas entranhas deste sonho,
Um verso mais sutil pudesse vir
E nada do que eu possa presumir
Traduz o quanto ainda quero e ponho.

780

E aviva-me a paixão enquanto luto
E tento vislumbrar outro momento,
A sorte se traduz em forte vento
Num passo mais audaz e mesmo astuto,
O passo no futuro não reluto
E sigo na certeza de outro intento
Vestindo esta ilusão ainda invento
Um dia mais suave; outrora bruto
Escuto a voz do vento e me entranhando
No quanto poderia desde quando
Vibrando em consonância dia a dia,
Esculpo com ternura cada fase
E bebo da alegria aonde embase
A lua quando mais ela irradia.


781

assim se me consente outro momento
o tempo não permite o desvario
e quando a própria vida eu desafio
expresso tão somente este tormento
ainda se deveras busco e tento
singrando este cenário mais vazio
e nele outro caminho ainda crio
e bebo a tempestade em cada vento
expresso este marulho e sigo à areia
no quanto a fantasia ainda anseia
o tanto quanto pude ou mesmo atroz
esbarro no cenário mais cruel
vagando num instante em carrossel,
ouvindo da esperança a leda voz.

782

A doce liberdade não pudera
Trazer sequer alguma luz a quem
Procura e na verdade nada tem
Senão a mesma angústia, tola fera,
E o quanto se transforma em tal quimera
Marcando cada passo com desdém
Somente este semente ainda vem
Gestando o quanto a sorte destempera
E veramente ocasos entre pazes
Ainda quando buscas ou me trazes
Os dias mais doridos, novamente
E quando pude crer noutra esperança
Apenas o vazio ainda avança
E toca com terror a minha mente.

783



Envolve-me... Não posso renegar
O quanto do desejo pude ver
E mesmo se pudesse apetecer
O tanto quanto busco outro lugar,
Vencido sem saber onde tocar
E nisto mergulhando a merecer
O tanto quanto pude perceber
No todo ou no cenário a desenhar
Apenas meramente me entranhara
E nesta indecisão, deveras clara
A sorte se transforma em tempestade
E o quanto poderia num instante
Ainda quando o mundo se garante
E nada mais audaz decerto invade.

784

furtar-me ao seu triunfo, tempestade
é como renegar a própria sorte,
e o quanto na verdade me conforte
traduz outro caminho na verdade,
o passo noutro rumo ainda agrade
quem tanto poderia novo norte
e o tolo delirar já sem suporte
esbarra noutro rumo e se degrade;
medonha face exposta de quem tenta
vencer a plenitude em tal tormenta
e mede sem sentido passos quando
o mundo se transforma e não permite
o quanto ultrapassasse algum limite
ou mesmo no final já transbordando.

785

Eis-me, tempestas tento outra saída
E nada me permite acreditar
Ainda na incerteza deste mar
E nele cada engano dita a vida,
E o quanto poderia e se duvida
Marcando com terror o caminhar
Buscando a minha sorte a desenhar
E nisto poderia a mais provida
Da sorte noutro fato sem sentir
O quanto desejara no porvir
E o tanto quanto pude acreditando
Sereno desenhar aonde em bando
A sorte não teria outro cenário,
E o canto mais audaz se faz bem mais
Do todo enquanto busco ser tenaz
E nisto o meu caminho satisfaz
Em meio aos mais diversos vendavais.


786

de a fazer patente claridade
esboço a realidade aonde um dia
não pude desvendar outra alegria
senão a que deveras nos degrade
o passo mais audaz já desagrade
quem tenta concentrar na fantasia
o verso aonde nada mais havia
senão a mesma face onde a saudade
esboça o que pudesse e nada vinha,
a sorte se mostrando toda minha
explode em discordância e gera além
do todo quanto posso ou me contém
ainda quando muito quis ou nada
pudesse demonstrar outra alvorada.

787


Prossegue enquanto disse em vaga luz
O todo mergulhando no vazio
E o canto aonde tento e desafio
O quanto na verdade não propus
A sorte se transforma e vejo a cruz
E nela outro cenário mais sombrio,
Ainda quando sigo o manso rio
Ao menos o caminho não seduz,
Esbarro nos meus erros e procuro
Mesmo se deveras sigo escuro
O passo rumo ao quanto mesmo quis
O caos se transformando em tal constância
A vida não permite nova estância
E o risco se traduz em vão matiz.


788

daquela emulação ditando a sorte
de quem não poderia acreditar
nem mesmo noutro rumo a divagar
aonde na verdade não comporte,
o sonho traduzindo cada corte
espalha outra esperança a sonegar
o quanto poderia em céu e mar,
e apenas se vislumbra sem um norte,
esgoto esta canção e bebo aquém
do todo quando a vida não provém
e nega a fantasia noutro instante,
o corte se apresenta mais audaz
e o verso no final já pouco traz
senão a mesma face degradante.


789

Vai-se-me em névoa o sonho mais brumoso
E quando poderia crer na luz
Ainda mais distante se produz
Apenas o caminho pedregoso
E quando se pensara em antegozo
O risco se transforma e me conduz
Ao nada e me cercando faço jus
Ao erro mais atroz e caprichoso,
Vencendo o meu caminho em treva e medo
Apenas ao vazio eu me concedo
E bebo a mais dorida realidade,
O tanto quanto pude ora em jazigo
Somente me condena ao desabrigo
E nega qualquer luz ou a degrade.

790


Com que caminho eu possa desenhar
Além da turbulência aonde entranho,
E vejo cada passo como estranho
Marcando a minha vida num vagar
Diverso do que pude desejar,
E o mundo noutro engodo mor, tamanho
Expressa o quanto pude e desde antanho
Não tive outro cenário a me mostrar,
Somente este vazio e doravante
O passo noutro rumo se garante
Marcando com terror a fantasia
E o corte se aprofunda quando mais
Pudera acreditar noutro momento, mas jamais
O tempo noutro rumo levaria.



791

Adeus e para sempre sem retorno,
O mundo não permite mais sonhar
E quando se perdera em vasto mar
Um dia mais atroz, deveras morno
E quando outro caminho em volta, em torno
Desvendo o meu delírio a desenhar
No caos aonde pude imaginar
O canto mais atroz em vão contorno
Expressa a realidade mais audaz
E neste desenhar já nada vejo
Senão a realidade e num lampejo,
O risco na verdade não compraz.


792


Que seja para nunca mais sentir
O quanto poderia ainda haver
Matando a cada instante o amanhecer
E neste desenhar já sem porvir
O tanto quanto pude resumir
No caos e nele tanto a se prover
O manto se destrói e posso ver
Apenas a verdade a presumir
O engodo noutro passo e num momento
Cenário mais diverso ainda invento
E bebo o meu caminho em contraluz,
O todo mais audaz pudesse ainda
Enquanto a própria vida já se finda
Tramando o quanto quis e reconduz.

793


haver a minha mão em tom diverso
falando da esperança que não veio,
e sigo sem certeza, quase alheio
apenas no vazio ainda verso

e bebo este cenário mais perverso
enquanto noutro tom eu incendeio
o rústico desenho em devaneio
e nisto outro momento em vão disperso,

mergulho neste infausto e nada vem
senão a mesma face em tal desdém
gerando a discordância aonde havia

o sonho mais feliz, e a farsa trama
aonde o todo gera novo drama
e marca com terror a fantasia.

794


Emanações sutis dizendo o quanto
Da vida poderia e nada vinha,
A sorte na verdade mais daninha
Apenas noutro fato, desencanto,
E bebo cada voz onde eu garanto
A cena mais atroz, mesmo mesquinha
E o tanto da saudade me continha
Marcando com terror cada quebranto,
Esboço reações e tento além
Do medo e com certeza me convém
E bebo gota a gota até o fim,
Marchando contra a história e sigo alheio
Ao todo quando o mesmo inda rodeio
E traço o desalento dentro em mim.


795


Deixo a grata morada da esperança
E adentro a tempestade quando tento
Vencer com precisão tal desalento
Enquanto a vida traça a mera lança
Vestindo a sordidez em tez mais mansa
E nisto me entregando ao forte vento
Esbarro no cenário em sofrimento
E a paz noutro cenário não avança,
Retalhos tão somente e nada mais,
O quanto poderia em temporais
Gerar alguma paz e nada vinha
A sorte se pensara ser mais minha
Não dita nem sequer o quanto pude
Marcando com terror a juventude.


796


Na mortal incerteza de quem tenta
Vencer com paciência o temporal,
Apenas outro dia, ledo e mau
A sorte se transforma em vã, sangrenta,
E quando o meu caminho desalenta
Mergulho nos meus erros. Funeral
Do sonho se mostrando em desigual
Angústia traduzindo esta tormenta,
A vida não pudera ser assim
E o quanto ainda tento dentro em mim
Singrar os oceanos mais vorazes
E neste desejar ainda pude
Sentir a mais sorte em toda a plenitude
Embora na verdade nada trazes.

797

Começo do meu ócio em medo e luz
Ainda nada trama do presente
E quando esta verdade se apresente
Marcando com terror o quanto pus
Vencido caminheiro eu me propus
Tocado pela insânia tolamente
E o caos se transformando em inclemente
Cenário feito em medo, corte e cruz,
Agrisalhada tarde dentro da alma
A vida na verdade não acalma
Nem gera outro momento mais feliz,
Esbarro nos meus erros e presumo
Somente da esperança algum resumo
Enquanto a própria vida contradiz.


798


Caras sombras adentram fantasias
E geram novos riscos onde outrora
A vida noutra face se demora
E marca aonde nada mais querias
Somente as mesmas lutas e heresias
Aonde toda a sorte desancora
E mata sem saber sequer desta hora
Anda demonstrando as agonias,
Esqueço cada verso e morro aquém
Do quanto na verdade não mais vem,
Matando sem defesas, cada passo,
O todo poderia ser diverso,
Mas quando a fantasia inda disperso
Tramando outro caminho aonde o traço.


799


A sua experiência poderia
Trazer algum alento ou mesmo paz,
Mas quando na verdade fui capaz
De acreditar na insólita agonia
O mundo noutra face mostraria
Apenas o cenário mais mordaz,
E neste desenhar não satisfaz
Sequer o quanto pude ou mais queria
Esboço nalgum verso outro momento
E quando me percebo, desalento
E volto ao meu caminho inicial,
Restauro cada engodo e vejo além
Do quanto na verdade a vida tem
Instante tão diverso e crucial

800


o seu raro valor expressa a messe
maior que eu poderia perceber
e neste desejar eu passo a ver
o quanto da poesia a vida tece,
o manto mais suave, a sorte, a prece
o vento noutro rumo a se verter,
e apenas num momento eu passo a ver
a sorte quando em brilhos se merece,
expresso com ternura cada frase,
e o quanto deste mundo já me embase
ocasionando a sorte em claridade,
assim o meu momento mais feliz
nos braços de quem amo, agora eu fiz
enquanto bem mais alto o sonho brade.

801


Como não tem igual caminho vário
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencendo o quanto pude e assim contigo
O tempo não encontra um adversário,
O vento destes sonhos o corsário
Condena tão somente ao desabrigo
E o quanto do caminho já desdigo
Gerando outro momento, outro cenário.
Apenas aprendendo a ser feliz
E quando mergulhasse aonde eu quis
Tramara novos dias, nova sorte,
Esboço sensações diversas, tento
Tocar com mais audácia o sentimento
Enquanto a fantasia me conforte.

802


Não é sem fundamento o quanto eu pude
Vestir a fantasia mais audaz
E o canto noutro rumo sempre traz
O quanto da incerteza desilude,
Vencendo este cenário agreste e rude
O passo se mostrara mais mordaz
O amor mesmo distante satisfaz
Enquanto o meu caminho ainda mude.
Transgrido os velhos ermos de minha alma,
A poesia apenas inda acalma
Quem tanto se fez sonho e não cabia
Nos ermos de tal canto e em desencanto
Enquanto poderia eu não garanto
Representando apenas fantasia.


803



Sei teu rancor, mas nada disto importa
A quem pudera ver outro momento
E quando a solução ainda tento
Mantendo sempre aberta a mesma porta,
O sonho noutro instante já se aborta
E o rito mais atroz em sofrimento
Traduz o quanto pôde: alheamento
E nisto se abrirá cada comporta,
Inundação diversa e variada
E neste desenhar não resta nada
Nem mesmo alguma veste ou mesmo verso,
Vagando sem destino nada temo,
Apenas no vazio ainda remo
E o canto a cada canto inda disperso.


804

não tem competidor este caminho
e nada do que eu possa se traduz
na réstia mais intensa desta luz
aonde na verdade eu sou daninho
e o quanto se trouxera em dor e espinho
ainda mais diverso reproduz
o corte noutro instante aonde eu pus
o coração deveras mais mesquinho,
E nada do que eu pude ainda vejo
Senão apenas toco este azulejo
E bebo a verdadeira escuridão,
Esboço cada engano de outra forma
O passo noutro rumo se deforma
E a vida se mostrando em negação.

805


aéreas como em sonhos asas tais
e nestes meus anseios nada resta
somente a mesma imagem leda fresta
marcando dias claros desiguais,
e os ermos de minha alma em tons venais
presumem a paisagem desonesta
aonde com certeza já se empresta
ao tempo os mais diversos vendavais,
esgoto o meu caminho e num cansaço
apenas outro rumo ainda traço
vagando sem destino em ponto alheio,
o quanto pude mesmo acreditar
tramando a cada instante outro lugar,
ao qual sem mais defesas, eu rodeio.


806


Ignoro o seu destino, sentimento
E bebo cada gole deste tanto
E quando novo passo eu não garanto
Ainda algum espaço além invento,
E traço com terror o sofrimento
Vencendo este cansaço, eu me agiganto
E quanto mais for baço sem espanto
Um laço se mostrando num momento,
Expresso com meus versos, solidão
E os dias tão iguais sempre virão
Tramar outros engodos, costumeiros,
E assim me percebendo até distante
Do todo aonde a sorte não garante
Além dos ermos cantos, derradeiros.


807


Que lugares mo podem refletir
O quanto ainda insisto e nada vem,
Do sonho na verdade sigo aquém
E tento outro momento no porvir,
Esbarro no cenário e ao presumir
A vida tão somente em tal desdém
Resume noutro fato o ledo bem
E mata o que pudesse redimir.
Caminhos mais vorazes, louca voz
De quem se derramando logo após
Num escaldante sol, pleno verão,
Estio de esperança dentro em mim,
Um árido cenário, o meu jardim
Tocada pela imensa solidão.


808

Como recordação de um tempo já passado
O corte mais profundo em tez agreste
É tudo o quanto pude e assim me deste
O risco de um viver mais desolado,
O tanto sem destino ora traçado
Marcando cada rito e ali vieste
Gerando o mesmo tom onde soubeste
Apenas do meu mundo sem reinado
Escarpas, pedregulhos, tantas rocas,
E quando as discordâncias tu provocas
As movediças praias são constantes,
E assim neste fastio dito em vida
A sorte noutra face, sem saída,
Ainda traz os olhos degradantes.

809



Em que lugares pois ainda eu possa
Viver outro momento mais feliz,
Se a vida na verdade não mais quis
Gerando após a queda nova fossa,
O quanto da esperança não se endossa
E gera outro tormento e por um triz
O corte se traçando em cicatriz
Certeza nunca fora plena e nossa.
Vestindo esta emoção porquanto eu pude
Saber do meu caminho em amiúde
Desenho deslumbrante em raro tom.
A lua prateando este caminho
Aonde com ternura ora me alinho,
Marcando com brandura um manso som.

810

Quando o tempo trouxer o desencanto
E o caos a quem pudera navegar
Sem ter nem mesmo aonde descansar
Apenas o vazio eu me garanto,
E tudo se transforma e se me espanto
Pudesse novo tempo adivinhar,
Quem sabe me entranhando neste mar,
Vencesse o mais dorido e vão quebranto,
Assisto aos meus anseios e naufrago
No quanto da esperança sem afago
Esbalda-se em vazios, simplesmente,
Meu canto se perdendo sem sinais
E a vida se traduz no nunca mais
Embora outro cenário ainda tente.


811

Trazendo este momento mais atroz
O quanto acreditara e não pudera
Vencer a solidão, velha quimera
E dela ainda escuto a leda voz,
O risco de viver além da foz
E o medo quando a vida destempera
E o todo se anuncia e degenera
Marcando esta passagem em rotos nós;
O dia noutra face se perdendo
E disto outro caminho, ou mais horrendo
Traduz o quanto pude e nada havia,
Mergulho em solilóquio e vejo ainda
A sorte noutro enredo quando blinda
Ousando acreditar na fantasia.


812


pois foi a meu respeito esta conversa
aonde nada vejo nem pudera
o quanto cada passo destempera
e neste delirar a vida versa
marcando com a tez dura e perversa,
gestando tão somente a dura fera
e nela o que pudesse nada gera
senão a mesma voz fria e dispersa,
esbarro nos meus erros e cometo
o quanto na verdade não prometo
e vejo este cenário se tornando
atroz enquanto pode ser alheio
e o todo aonde tento e devaneio
levando o meu caminho em contrabando.


813


Ao dormir sem sonhar com tantas luzes
Buscando outro momento aonde eu pude
Vencer com mais clareza esta atitude
Aonde na verdade me conduzes,
Expresso o meu caminho e já reduzes
O quanto noutro intento desilude,
Marcando com terror este amiúde
Cenário feito em pedras, limos, urzes.
Esbarro nos meus ermos e pressinto
O canto com certeza quase extinto
Jogado nalgum canto, solidão,
E o passo se perdendo noutro rumo,
E quando passo a passo eu me consumo
Eu perco num momento a precisão.

814


Extremo nos invade e desfaz
O quanto poderia ainda haver
E neste desenhar o desprazer
Demonstra o passo rústico e mordaz,
Vencendo o descaminho mais tenaz
Eu bebo a solidão e a me perder
Não vejo outro caminho senão ter
O risco mais atroz e contumaz.
Expresso em solidão caminho farto
E quando da ilusão enfim me aparto
A queda se anuncia e nada tento
Senão a fantasia de um momento
Audaciosamente desnudado
No quanto com certeza não agrado.

815


Quem mansas fez as setas mais ferozes
Tramando esta emoção porquanto eu pude
Vencer este caminho mesmo rude
Deixando no passado tais algozes,
Ainda se ouviriam ledas vozes
E nisto o meu cantar já se amiúde
E mostra com certeza a plenitude
E nela outros cenários maia atrozes,
Repito os velhos erros do passado
E quando ainda bebo este legado
A morte se apresenta sem defesa,
E o canto noutro enfado ora se enreda,
A vida preparando enfim a queda
Eu sou deste vazio mera presa.


816


de lenda já perdida pelo tempo
jogado noutros ermos desta casa
a vida na certeza não se embasa
e gera tão somente o contratempo.
Esboço alguma luz, simples fantoche
E o quanto desta insânia dita o rumo,
E quando noutro instante enfim me esfumo
A vida com certeza já deboche,
Errôneo caminhar em noite escura
O tanto quanto pude e não havia
Singrando na verdade a fantasia
A sorte com certeza não perdura.


817


Ferindo o peito apenas poderia
Trazer algum alento a quem se dera,
Mas quando prenuncio a viva fera
E nela nada mais inda veria,
O quanto se marcando em harmonia
Diverge do caminho desta fera
E nele todo o rumo destempera
Marcando com temida hipocrisia,
Esbarro nos meus erros de costume
E quando noutra face ainda rume,
Vestindo a fantasia feita em sonho,
O tanto que pudera ser diverso
Ainda com certeza teimo e verso
Num ato tão audaz quanto medonho.

818

volve o amor, a amizade, num instante
aonde bem pudera acreditar
na sorte ou mesmo até no caminhar
enquanto o coração audaz já cante,
o tanto quanto quero ora garante
apenas um momento sob luar
e neste tão sobejo delirar
meu verso noutro passo se adiante
mergulho no vazio e passo a crer
no quanto poderia entorpecer
o verso mais audaz, porém seguro,
e tendo esta certeza dentro em mim,
o quanto se desenha diz do fim
e nele o dia a dia eu asseguro.


819


Reassumindo a vida após o medo
De tanto ser feliz quanto não sê-lo
Resisto ao mais dorido pesadelo
E ao lado de quem amo já procedo
E nada da verdade deste enredo
Presume outro cenário em tanto zelo,
O rústico caminho com desvelo
Pudesse traduzir algum segredo,
E sinto o meu cenário desabando
Num átimo, este canto mais nefando
Explode sem sentido e nem razão,
Esgoto os meus momentos mais atrozes
E bebo dos momentos tão ferozes
A sorte penetrando em firme arpão.

820

Já por satisfazer qualquer vontade
O tempo não permite novo rumo,
E o quanto deste todo ora consumo
Marcando cada passo em crueldade
Ainda quando houvesse lealdade
E o canto noutro termo, ora resumo
E tanto quanto possa me acostumo
E bebo desta dor que tanto invade,
Restituindo a rota costumeira
Vivendo da maneira quanto queira
Amortalhada cena dentro em mim,
O mundo se perdendo em solidão
Os dias mais diversos mostrarão
Somente este desenho em ledo fim.


821


No meu leito de morte se transcorra
Apenas em silêncio o quanto pude
Vencer com passo audaz ou mesmo rude,
E nisto desenhando esta masmorra,
Aonde na verdade não socorra
Quem tanto noutro instante desilude,
O corte mais atroz em plenitude
No sangue quando em veio raro escorra.
Esbarro nos meus erros e consigo
Apenas o caminho mais antigo
Vestindo esta quimera; fantasia,
O tanto quanto quis e nada houvera
Senão a mesma face dura e fera
Enquanto a minha estrada se desfia.

822

Onde entre os mortos vai o pensamento
Gerando outro tormento e nada além,
O quanto da verdade não provém
Do todo onde pudera em excremento,
E quando novo rumo ainda tento,
Dos sonhos tão somente algum refém,
O fato de sonhar traça em desdém
O corte noutro instante, em vão tormento,
E passo a presumir nova esperança
Enquanto a própria vida ao longe lança
O fardo mais pesado que eu carrego,
E quando se aproxima do final,
O caos gerando o rito desigual,
Tocando bem mais fundo no meu ego.


823



Cheguei ao mar envolto em tais procelas
E nelas sem um porto aonde um dia
Pudesse transformar em alegria
O quanto noutro rumo tu revelas,
E quando a fantasia agora atrelas
E nela nada mais se poderia
Vencer a tempestade, alegoria
Tramando da esperança velhas telas,
Esbarro nos enganos costumeiros
E tento adivinhar velhos canteiros
Em cantos derradeiros, mas presentes
E o todo se perdendo em um momento,
Deveras outro rumo ainda invento
E nele tantos erros já consentes.

824

Trazendo uma esperança a cada olhar
O quanto pude mesmo e nada houvera
Somente a solidão, velha quimera
Há tanto sem defesa a me tocar,
O parto se mostrando num vagar
O passo noutro tanto destempera
E apenas o vazio se tempera
Na ausência de qualquer sol ou luar,
Esbarro nos enganos e mergulho
Ouvindo da saudade este marulho
Tocando estes penedos, ledas rocas,
E quando se anuncia a paz em mim,
Vestindo o quanto pude ou nada assim,
Ao mero caminhar tu me deslocas.


825

Pudesse descobrir alguns vestígios
E deste desenhar novo momento
Enquanto na verdade busco e tento
Vencer os meus temores e litígios
Os rios se perdendo em foz e nada
Do quanto poderia acreditar
Expressa a realidade de um luar
Marcando com a noite prateada
A sorte mais audaz, porém real
E o caos se transformando plenamente,
O quanto da verdade se apresente
Errático desenho ledo e mau
Apenas traduzindo o quanto pude
Perder em minha rude juventude.


826

Quem tanto triunfou sobre os enganos
E neste desenhar se fez atroz,
Moldando com terror a fria voz
Gerando tão somente ledos danos,
Ainda que puísse tantos panos
O risco se mostrara quase algoz
E ainda se percebem frágeis nós
Aonde mais quisera soberanos.
Esgoto o meu caminho e nada vejo
Somente o quanto tento e num lampejo
A vida dessedenta ou quase mata
O todo desafia rudemente
O quanto na verdade se aparente
Na força tão venal, porquanto ingrata.


827


da sua ingratidão apenas isto
expondo com venais olhares, creio
no quanto do vazio sigo alheio
e neste desenhar jamais insisto,
o peso noutro rumo, se malquisto
esboça simplesmente este receio
e o quanto da emoção inda não veio
traçando cada engano e assim desisto.
Aprendo com meus erros. Tanto faz
A vida quando perde prumo e paz
Marcando com horror a turva história,
A noite se traduz em tempestade
E o todo noutro instante se degrade
Mostrando a face escusa e merencória.


828


As cadeias tracei em pensamento
E nestas vis algemas me tocando
O dia se mostrara em contrabando
E apenas no silêncio me contento
Esbarro nos meus erros, violento
O mundo aonde outrora vi nevando
E o passo noutro rumo desenhando
O olhar quando pudera ser atento,
Esqueço cada dia dos meus erros
E quando me imagino em altos cerros
Escalo as cordilheiras da esperança,
E o todo se transforma em mais comum
Do tanto imaginado mais nenhum
Decerto ainda toca e já me alcança

829

Não devo procurar apenas luz
Aonde nada havia, com certeza
Seguindo a vigorosa correnteza
O quanto do meu sonho reconduz
Ao passo mais atroz, e vejo a cruz
Deveras noutra sorte sendo presa,
A morte na verdade deixa ilesa
Quem tanto noutro instante ora me opus.
Expresso a solidão e tento ainda
Vencer o quanto a vida apenas brinda
E marca a ferro e fogo, nada além
Do quanto poderia ser feliz
Apenas um momento aonde eu fiz
O verso que esperança em vão contém.


830


o fim da sua pena poderia
trazer a redenção, mas nada veio
somente o mesmo passo em devaneio
e a noite se desenha sempre fria
a voz deveras torpe e até sombria
respalda este caminho e num permeio
de tantas agonias, sigo alheio
marcando com terror a fantasia,
esboço cada passo em rumo ao tanto
e nada do que possa eu me garanto
senão a mesma história repentina,
e o canto se transforma em tal quimera
na vida quando a sorte destempera
e ao fim o meu caminho determina.


831

Os teus prazeres crescem na medida
Diversa da que um dia pude ver
E quando se presume o esmorecer
A sorte noutra face destruída
Esbarra na mortalha e dita vida
Marcando com terror o ledo ser
E o quanto poderia acontecer
Agora a cada instante se duvida,
Estonteante lua no horizonte
E quando a claridade além aponte
Tramando a imensidade aonde um dia
O tempo noutra senda não se vira
E o canto se transforma em vã mentira
Enquanto a minha luz a sorte adia.

832


Crescendo sempre a vã desolação
Expresso com horror o quanto eu pude
E quando a sorte dita este amiúde
Cenário aonde embute a solidão,
Enfrento a tempestade e do vulcão
Apenas o caminho ledo e rude
Marcando em destemor a juventude
E nisto procurando uma amplidão.
Escassa luz pudesse ainda haver
Aonde na verdade imirjo o ser
E tento alguma sorte, mesmo após
A vida se trazer em dor e mágoa
O canto noutro rumo ora deságua
E faz do desespero a mera foz.


833


Não é sem fundamento o meu caminho
Vencido pelas ermas ilusões
E quando noutra face tu me expões
Cenário muitas vezes mais daninho,
Do quanto poderia e me avizinho
Enfrento os mais diversos furacões
E vejo outros momentos em senões
Sedenta fantasia em torpe vinho,
A dor quando lacera e não permite
A vida além de algum mero limite
Expressa outro cenário e nele eu creio
Ainda se mostrando em tons diversos
Os ritos tramam velhos universos
E neles outros tantos devaneio.

834


Pudesse o meu respeito traduzir
O quanto quero e mesmo ainda luto
E o passo se por vezes foi astuto
Agora nada traça em meu porvir,
E nada poderia redimir
O engodo mais atroz, e neste bruto
Cenário ainda tento e em vão reluto
Amordaçando o sonho que já de vir,
Espero a mera queda e nada além
Somente esta semente ainda vem
Num solo em aridez, tempestuoso,
O mundo se desenha em tom atroz
E ninguém escutando a minha voz
Gerando este caminho pedregoso.

835


Sobre o meu coração apenas vejo
O risco de sonhar e nada mais
O quanto poderia e tu não trais
Senão a mesma face em vão negrejo,
O torpe desenhar, ledo lampejo
Esboça os dias frágeis, desiguais
E o todo poderia ser demais
E neste delirar o tanto almejo,
Esbarro nos meus erros e presumo
O quanto da verdade perde o rumo
E trama tão somente a solitude,
E quando a realidade se desnuda
A sorte tantas vezes tão miúda,
Num ato mais insano desilude.


836

Tantas aclamações em triste ocaso
A vida se perdera no vazio
E quando ao menos ermos eu desfio
A sorte não faria qualquer caso,
O tempo se findando. Não aprazo
A incerteza sutil de um velho rio
E quando alguns caminhos desafio
Aos poucos, sem sentido, em vão, me atraso.
Ainda poderia ter além
Do pouco ou do não ser que ainda vem
Tornando este caminho em aridez
Do todo imaginado, nada resta
Nem mesmo alguma luz, sofrível fresta
Nem mesmo a mera sombra quando a vês.

837

Em selva totalmente agreste e escura
Sem ter qualquer saída, solidão.
Os dias entre os tantos que virão
E a sorte na incerteza se procura,
A velha fantasia me assegura
Dos dias entre tanta ingratidão
Marcados pela angústia e desde então
Apenas desvario se afigura,
E o quanto poderia acreditar
Num porto mais diverso e mesmo até
Singrando este oceano em rara fé,
Tramando uma esperança no além mar
Retorno aos meus anseios e, desatento,
Somente alguma paz; ainda tento.


838

Memória se perdendo dia a dia,
As cenas mais longínquas; nada resta
Somente a solidão à qual se empresta
A voz em tons atrozes de agonia,
O pouco quando em sonhos me traria
Imagem mais feliz, e desonesta,
O caos adentrando a alma agora atesta
A turva realidade em heresia.
Esbarro nos meus erros e prossigo
Sabendo a cada instante do perigo
E nele me entranhando sem resposta,
A sórdida presença da ilusão
Explode em discordância e deste não
A mesa mais sangrenta, agora posta.

839

Há tanto reparara algum detalhe
Do quadro desenhado à minha frente
E quando na verdade se aparente
Apenas o cenário onde retalhe
O passo onde deveras cedo falhe
E marca com terror o impertinente
Caminho onde esperança agora ausente
Jamais se concebera, nem atalhe.
O medo de seguir, ansiedade
E o caos gerando em mim a tempestade
Marcando a ferro e fogo o dia a dia,
A solitária face em tez sombria
É tudo o quanto tenho e ainda brade
Matando toda a sorte que inda havia.

840


Ao adentrar nos ermos mais profundos
Escusos caminheiros; noite vã,
A sorte tantas vezes é malsã
E torna sem sentido nossos mundos,
Os dias entre os vários infecundos
A morte noutro instante antes da cã
Brumosa e sem sentido esta manhã
Aonde mergulhara insanamente,
O quanto do prazer já não sacia,
A vida noutra face em heresia
Apenas na verdade ora se ausente
E marque com a fúria desdenhosa
A sorte que em horror o tempo glosa.


841

Ao menos poderia ter à frente
O olhar de quem se fez outrora em mar
E o quanto neste instante procurar
E nada sem a sombra se apresente,
Por mais que outro cenário ainda tente,
Cansado de somente em vão sonhar,
Encontro mansamente algum lugar
Aonde poderia ou mesmo atente
Acasos entre ocasos, nada além
E o caos noutro momento sempre vem
Gerando esse abissal caminho em mim,
E quanto a ser feliz, mera ilusão,
Os dias com certeza não trarão
Senão esta impressão de dor sem fim.

842

A minha alma onde está? Jogada ao vento
E neste desenhar nada mais tenho,
Apenas o vazio em ledo empenho
E o caos me transtornando o pensamento,
Enquanto novo rumo; ainda tento
E vejo o muito pouco onde detenho
O passo noutro instante e se o contenho
Esbarro no medonho alheamento,
Vencer os meus anseios; prosseguir
Errático cometa, a vida traz
Somente este cenário mais mordaz
E nele nada resta senão isto
O fato de buscar algum porvir
Aonde na verdade não existo.


843

Pergunto ao vento aonde eu poderia
Talvez ter um momento mais tranquilo
E quando minha história; assim desfilo
Em noite mais insana e até sombria,
Perdendo o meu caminho, noutro dia
Errático momento onde vacilo
E sigo sem saber se inda perfilo
O coração envolto em fantasia,
O tanto quanto quis e nada houvera
Apenas se transforma e em tal quimera
A vida em avidez se transtornando,
Minha alma em ilusões seguindo infesta
E o quanto do passado ainda resta
Pesando dentro da alma em contrabando.


844

No sangue exposto a cada ausência tua
Escorrem meus anseios e segredos,
Os dias noutros erros, desenredos
Minha alma se apresenta inteira e nua,
E quando sem destino, além flutua
Os ermos de meus sonhos, tanto ledos
Esbarram no não ser e pelos dedos
A sorte se escorrendo, não atua.
Afasto-me dos sonhos, campesino
Aonde no vazio eu determino
A ceva mais atroz em aridez,
Do quanto poderia e nada houvera
A morte noutro passo gesta a fera
E o quanto ainda resta se desfez.


845


O quanto me acompanha em dor e medo,
O manto mais atroz dita o passado
E o corte noutro instante desenhado
Presume a cada ausência o desenredo,
Enquanto aos delírios me concedo,
Seguindo a fantasia lado a lado,
O velho coração abandonado
E o tempo se desmancha sem segredo,
Ao menos acredito ser feliz
E quando a realidade contradiz
Esboço com palavras outra face
Aonde na verdade nada vindo,
Apenas o cenário torpe e findo
E a morte tão somente agora grasse.


846


Enraizada sorte se transforma
E adentra cada solo aonde um dia
Pudesse transformar em alegria
O quanto na verdade não tem forma,
Meu passo noutro rumo se conforma
E marca aonde tanto poderia
Vencer a mais temível fantasia
E nisto sem saber sentido ou norma,
Escalo os ermos da alma e me entranhando
No vago caminhar em contrabando
Extensas dimensões, mares profundos
E quando me percebo em solidão,
Invés do desejado e bom verão
Os dias sem sentido em ledos mundos.

847

Sabor ferruginoso da saudade
Adentra e dominando toda a cena
Aonde na verdade não serena
Apenas outro instante já degrade,
O olhar bebendo tanto claridade,
Enquanto a solidão atroz condena
A vida noutra face concatena
E marca com terror e iniqüidade,
Espero alguma sorte que não vem,
O meu caminho embute tal desdém
E segue sem sentir qualquer prazer,
A morte se aproxima e rege o passo,
Enquanto neste instante eu me desfaço,
Somente este vazio por colher.


848


O tempo se esvaindo e nada vejo
Somente alguns retalhos do passado
Aonde o meu caminho disfarçado
Tomado pela angústia em vão desejo,
O quanto do cenário ainda almejo
E o risco noutro cais já desenhado
O passo se permite num traçado
Diverso do que outrora num lampejo
Pudesse ainda crer ser verdadeiro,
E quando noutra fonte me permito
O dia mais dorido enquanto aflito
Talvez seja decerto o derradeiro.

849


Que teima em me ocultar após o tanto
Vertido em sanguinária fantasia
O quanto do meu erro poderia
Gerar outro momento em desencanto,
E quando noutra face eu me adianto
E marco com horror a mais sombria
Essência do caminho aonde um dia
Pudesse ser apenas mero espanto,
Apresentando o caos dentro de mim
Apenas desenhando já meu fim,
Espúria realidade toma a cena,
E o caos onde se expressa plenamente
A vida noutro rumo se apresente
E ao nada após o pouco me condena.

850


Qualquer resposta poderia haver
Ou mesmo até tocar meu pensamento
E quando na verdade ainda tento
O dia se perdendo em desprazer
O risco de sonhar de amanhecer
E o ledo caminhar encontra o vento
E traça o mais atroz alheamento
Marcando cada instante em tal sofrer,
Reviso cada engodo do passado
E deixo o meu caminho desenhado
Apenas nos meus vagos caminhares,
Diversos sóis invadem a janela
E a morte noutro instante se revela
Gerando dentro em mim torpes altares.



851


Na força inigualável da emoção
Aonde poderia haver a luz
Apenas o vazio reproduz
Os dias quando imersos neste não,
As horas com certeza não virão
Traçar o quanto quero ou além pus
Vagando sem sentido, ou se propus
Enfrento com anseio algum verão,
E os erros costumeiros demonstrando
Um tempo aonde outrora fora brando
E agora transformando em medo e dor,
Relatos tão diversos, mesmo mote
E quando a poesia se denote
Destino se traduz por onde eu for.


852


Encontra seus resquícios nas calçadas
Enfrenta os temporais tão costumeiros
E quando se presume em tais canteiros
Ainda não verei novas floradas,
As horas entre tantas desoladas,
Os dias sendo turvos; corriqueiros
Os cantos noutros rumos, mensageiros
Das ânsias noutras faces desenhadas.
Escarpas e penhascos, ilhas, mares
E aonde com certeza mergulhares
Verás a mesma sombra de um passado
Marcado a ferro e fogo, sem defesas,
Seguindo as mais diversas correntezas
O tempo noutro prumo, desolado.



853



Minha alma se deixara nalgum canto
Vestindo esta ilusão e mesmo assim
O quanto em caos gerasse o meu jardim
Traduz este caminho em desencanto,
E cada novo dia mais espanto
O quadro persistindo vivo em mim,
E o verso se aproxima deste fim,
Aonde na verdade eu não garanto
Sequer a menor sombra da esperança
E o passo no vazio ora se lança
Mergulho nos meus ermos e não trago
Senão as mesmas marcas de um momento
Enquanto ser feliz, o que mais tento
Jamais se entrega à paz, num mero afago.

854



Nos mares dos amores tempestades
E o caos gerado após apenas traz
O olhar deveras duro e mais mordaz,
Ainda quando além desenhes, brades,
E bebo as mais dispersas, vis saudades
Num ato tantas vezes contumaz,
Resulto deste infausto e quando audaz
Apenas outros dias; já degrades.
Escuto a ventania nos umbrais
E os olhos procurando os temporais
Encontram nesta bruma outra certeza
Da vida sem caminho e nem saída,
A parte que me cabe, destruída
Marcada com a sorte sem surpresa.


855

As ondas e procelas mais ferozes
E nelas entranhando a embarcação
Aonde poderia haver timão
Os dias se repetem quais algozes,
Das ânsias mais audazes, ledas vozes
E os tempos noutros ermos tomarão
A cena e neste imenso furacão
As dores em temíveis overdoses.
Infaustos corriqueiros; mas atento
Ainda procurando algum alento
Encontro tão somente este vazio,
E o caos se transformando em plenitude
Enquanto a própria vida desilude
O sonho noutro caos eu desafio.

856


Aos poucos, meu amor não restará
Sequer a menor sombra do que fomos,
E os tempos mais diversos, noutros gomos
Destroçam o singelo e bom maná,
O quanto poderia desde já
Saber e na verdade se não somos
A vida se repete em velhos tomos
E a queda com certeza proverá,
O errático caminho da esperança
Enquanto no vazio ora se avança
Esbarra nos meus erros e mergulha
Na farsa mais atroz, ditando a vida
E quando se percebe sem saída
De toda esta esperança, mera bulha.


857


Surge no firmamento alguma estrela
E nela se resume meu caminho,
Aonde do infinito me avizinho
Não posso nem deveras mais contê-la
A sorte se transforma e num instante
O quanto poderia e nada houvera
Marcando com terror a dura espera
O caos se aproximando doravante,
E o medo nada traz, senão tal fato
E nele novo ocaso se afigura,
A vida tantas vezes mais escura
Noutro caminho atroz vejo e constato,
A porta se fechando e nada vem
Somente o teu olhar, mero desdém.


858


Que treme em singular anseio e traz
Apenas e somente um novo trilho,
Aonde o coração este andarilho
Ainda quando muito mais tenaz
Esbarra no seu erro contumaz
E quantas vezes; ledo, além palmilho
E sigo este caminho em empecilho,
Marcando com meu canto tão audaz.
Acolhe-me o vazio de alma vã
E sei da hipocrisia tão malsã
Enquanto em versos tento outro caminho,
Vencer os meus rancores, violências
E ter nestes momentos as clemências
Das quais num raro instante eu me avizinho


859


Mudando meu caminho noutro rumo
Atravessando assim tantos desertos
Os dias com certeza mais incertos
E neles outro tanto não aprumo,
O quanto se perdera em ermo fumo
Cenários; já não vejo descobertos
Os olhos tantas vezes sendo abertos
E apenas ao vazio eu me acostumo,
A farsa se desenha a cada instante
E o quanto do meu passo se adiante
Marcando com terror o dia a dia,
O pouco quando resta dentro da alma
No fundo com certeza não me acalma
E a sorte noutra face não veria.

860


Gravando em fino bronze a face escusa
De quem se poderia muito mais
Vencer os mais diversos temporais
Enquanto a solidão ainda cruza
O passo e nesta cena mais confusa
Expressa o que deveras tu contrais
E bebo com terror o ausente cais
E nada resta ou mesmo ainda abusa,
O passo sem sentido, a vida em vão,
O caos dentro do peito, outra ilusão
Tocado pelo ocaso e tão somente
O quanto poderia acreditar
Ainda noutro rumo a se mostrar
A vida na verdade teima e mente.


861

Amor que na minha alma não veria
Sequer a menor sombra da esperança
E quando a realidade ainda avança
Tocando com terror e rebeldia
O quanto dentro em mim já não teria
Sequer a mesma face em temperança,
A vida noutro instante se fez mansa
E agora se desenha mais sombria,
Errático seguindo sem destino,
Apenas o final eu determino
E bebo a podridão aonde tanto
Pudesse ser diverso do que sou
E o quanto dentro da alma inda restou
Gestando a cada instante o desencanto.


862


O quanto desta vida se aproxima
Do caos gerado em nós após o tanto
Mergulho e neste vago desencanto
A vida se transforma em outro clima,
Ainda quando houvesse alguma estima,
Mas vejo tão somente o que garanto
Amortalhada face aonde espanto
O risco de sonhar já se suprima,
Arrisco um passo além e nada vejo,
Somente o mesmo vago e atroz despejo
Desta alma sem sentido nem razões
E quando outro momento eu poderia
Ausente dos meus olhos, fantasia
Apenas cada ausência; agora expões.


863

Da própria cinza, em brasa vejo apenas
O cáustico caminho desenhado
E nele outro momento do passado
Enquanto à solidão tu me condenas,
As horas são deveras tão pequenas
E o tempo a cada instante desolado,
O rústico cenário degradado
A sorte mais atroz; já concatenas,
Afasto-me decerto do caminho
Aonde poderia ser sozinho
E atento não percebo quase nada,
Nem mesmo esta temível face exposta
E nela a dura ausência por resposta
Expressa esta manhã tão desolada.

864

Com rosto imerso em lágrimas eu vejo
A luta inconseqüente pela vida,
E quando sinto a estrada já perdida,
Apenas noutro rumo em vão negrejo,
O sonho tantas vezes benfazejo
Enquanto a poesia fosse urdida
Marcando com ternura a despedida
E nisto outro caminho eu antevejo,
Mas sei do quão inútil cada passo
Aonde na verdade só desfaço
O canto em melancólico cenário,
O risco de viver, a morte em mim,
O tempo se aproxima e vejo o fim,
Um tanto quanto duro e temerário.


865



Rechaçando qualquer toque da esperança
A vida não presume senão isto
O quanto ainda busco e até resisto
Enquanto no passado o passo lança
E bebo sem sabe cada vingança
Embora noutra senda se eu persisto
Encontro o meu cenário e vejo nisto
A morte numa frágil aliança,
O corte se aprofunda e destarte
Aonde houvera sonho, num descarte
A podre face exposta da verdade
Enfileirando as dores mais venais
E quando se imaginam funerais
Apenas traduzindo outra saudade.


866


Vivendo sem ter ganas, sem sentido
O tempo não permite soluções
E quantas vezes; vejo enquanto expões
O risco onde deveras dilapido
A morte na verdade um resumido
Caminho entre diversas ilusões
E nela outros cenários, direções
E o caos há tanto tempo presumido.
Olvido meus caminhos e somente
Ainda quando a lua à noite eu tente
Apresentando o caos como amuleto,
O quanto da saudade tão malsã
Expondo a cada insânia um talismã
Aonde noutro engodo me arremeto.


867

Rasgado pelo toque da esperança
O quanto pude ver e não havia
Senão a mesma face da ironia
Aonde o meu desejo não descansa,
Ausente dos meus olhos temperança
Marcando com terror a poesia,
A porta na verdade não se abria
Apenas outro não a vida lança
E o corte se aproxima da raiz
Enquanto tanto sonho ainda eu quis
E nada mais se vira, senão isto,
O cântico sedento de emoção
Os ermos de minha alma tocarão
O quanto em vaga face ainda insisto.


868



Remontam tantas asas, libertários
Momentos onde a vida pôde além
E o quanto do passado inda contém
Os erros tantas vezes temerários,
Meus dias mais felizes, relicários
E neles outros tantos não mais vêm
Reside dentro da alma este desdém
E nele outros tormentos, vis fadários.
Aprendo com a dor, e sei que ensina
Deveras quando o fato seca a mina
E gera esta aridez em solo agreste
E o quanto pude mesmo acreditar
Já não consigo mais sequer arar
O quando em turbulência me reveste.


869

Onde restara cego sem sentido
O caos se transformando em ermo encanto
Ainda se pudesse noutro canto
O rústico desenho presumido,
E quantas vezes; tento ou mais lapido
E vejo tão somente este quebranto
Rasgando o já puído e roto manto
No toque mais audaz que agora olvido,
Escassos dias dizem da emoção
Os sonhos se perdendo não trarão
Sequer algum alento a quem porfia,
E o marco mais atroz em voz mais grave
A cada novo instante mais agrave
A imensa sensação desta agonia.


870


O peito vai vazio e nada traz
Somente a mesma face em heresia,
O quanto deste todo poderia
Tramar outro momento em rara paz,
Deixando tão somente para trás
A cena mais atroz, a poesia
E o canto noutro rumo se faria
Num ato tão sofrível quão tenaz,
O passo se perdendo em rota insana,
Verdade a cada instante mais se dana
E gera o desalento aonde outrora
Pudesse imagina alguma cena
Enquanto a realidade me condena
A angústia tão somente me devora.


871

Queimando meu amor em tédio e dor
Gerando cada passo aonde eu pude
Viver com toda angústia em plenitude
E nisto novo mundo recompor,
Vagando tão somente em desamor
Ausente dos meus passos, juventude,
O quanto na verdade a vida ilude
E marca cada passo em tal horror,
Esvaio num segundo e nada traço
Senão a mesma ausência em ledo espaço
Do escasso caminhar em tom sombrio,
E o vórtice formado em solidão
Adentra e toma tudo um furacão
Que a cada nova ausência desafio.

872


Ralando o coração entre o nefasto
Cenário enquanto pude ver além
Do quanto na verdade nada vem
E desta forma apenas já me afasto,
O rústico desenho, agora gasto
E nele se vislumbra algum desdém,
O caos dentro de mim deveras tem
Instante noutro rumo em vão repasto,
Aflora-se a vontade de sonhar
E nada se permite num lutar
Embalde contra toda a correnteza,
E assim já nada resta deste sonho
Aonde novo dia eu me proponho,
Mas sigo da ilusão, somente presa.


873


Estrias dentro da alma e nada mais
Do quanto pude ver ou mesmo crer
E quando se desenha o amanhecer
Apenas nuvens tocam meus umbrais,
E os sonhos são deveras vis portais
E neles nada posso mais fazer
Senão novo caminho a esmorecer
Marcando os dias turvos e venais,
Escolho dos meus erros outros tantos,
E os versos traduzindo desencantos
Entranham dentro da alma de quem luta,
A morte se aproxima e me redime,
E ao ver este momento mais sublime
A sorte se desenha em tal permuta.


874


Buscando me escapar dos ermos passos
Enquanto em solilóquio traduzisse
A vida neste infausto e na mesmice
Ainda vejo os sonhos, ermos, baços,
E quando se presumem velhos traços
A sorte se transforma em tal crendice
E o quanto deste encanto se desdisse
Deixando para trás velhos cansaços,
Os ermos de minha alma destroçados
E os cantos entre enredos desenhados
Presumem novamente o caos em mim,
E o tanto quanto pude acreditar
Marcando com terror cada lugar,
Matando em aridez o meu jardim.


875


Depois de tanto tempo, sem saber
Aonde poderia ter no olhar
Um dia mais diverso a desejar
Marcando com horror e desprazer,
O quanto deste mundo posso ver
Gerando cada passo a divagar
Alçando tão somente o turvo mar
E nele outro caminho a se perder,
Espero tão somente este vazio
E neste desenhar em desvario
O canto não permite qualquer luz
Apenas quis a sorte mais diversa
E quando a poesia desconversa
Somente este cenário em dor produz.


876

Eu vejo o teu olhar e nele entranho
Marcando com meu canto o dia a dia,
O quanto deste intento eu poderia
E neste desenhar amor tamanho,
Apenas outro engodo, e quando estranho
O canto noutra voz ou harmonia
O risco de sonhar já não traria
Sequer novo momento em perda e ganho.
Escuto a voz do vento e nada faço
Aonde na verdade sigo o traço,
Porquanto poderia ser feliz,
E o passo noutro rumo se presume,
Enquanto a vida nega algum perfume
O tempo tão somente se desdiz.


877

Sentindo em tua força este poder
De quem se fez além de meramente
O tanto quanto quero e se apresente
Traduz o mais sublime e bel prazer,
Ao menos poderia conhecer
O todo onde se traça a minha mente
E nisto cada passo ainda tente
Deveras nos teus braços me perder.
Ainda tão distante da verdade,
Apenas a saudade agora invade
E gera outro cenário mais atroz
O quanto do meu mundo se perdendo
Traduz desta esperança algum remendo
Calando desde agora a minha voz.


878


Ânsias temíveis, lúbricos cenários
Aonde poderia e nada vinha,
A sorte com certeza nunca minha
Em ritos tão atrozes, temerários,
Os dias entre quedas e fadários
A porta se trancando não continha
Senão a mesma voz tosca e daninha
Tramando outros sutis itinerários,
E o cais que desejara já não veio
Apenas vou seguindo aquém e alheio
Mergulho nos meus erros e em verdade
Açoda-me o saber desta ilusão
E o tempo se mostrando em negação
A cada novo enredo desagrade,


879

Belas imagens trago de um passado
Aonde poderia imaginar
A cena noutro instante a se mostrar
Tramando o canto atroz e desolado,
O risco de sonhar já sonegado
O pranto sem certeza a divagar
E o quanto poderia num luar
Deveras noutro mundo desenhado,
Encontro os meus enganos e caminho
Vencendo a cada corte novo espinho
E tramo a solidão a cada ausência
De uma esperança ao menos, e em verdade
O quanto se transforma na saudade
E nela a mais diversa penitência.


880

Saudade de viver sonhos diversos
E neles entranha raros momentos
E quando noutros dias, pensamentos
Adentram sem defesa velhos versos,
Os cantos nos engodos já submersos
E apenas se percebem desalentos
Entregue sem defesa aos fortes ventos,
Os cantos tantas vezes mais perversos,
Errático cometa se anuncia
E marca com terror a fantasia
Aonde pude um dia ser feliz,
A sorte se transforma em dor e vejo
Apenas o vazio de um lampejo
Marcando o quanto a vida já desdiz.



891

Amor que pede amor, e traz promessas
Aonde no final já nada havia
Marcando com terror e hipocrisia
Enquanto na verdade tu tropeças
E quando noutro instante te interessas
Vivendo cada canto em alegria
A sorte com certeza não traria
Senão as velhas faces às avessas.
Acossa-me a saudade e nada mais
O quanto poderia em vendavais
Gerar novo momento mais feliz,
Apenas outra cena se desenha
Na sorte tão medonha e até ferrenha
Distante do que um dia em paz eu quis.

892


Eu peço a luz do dia algum alento
E nada poderia ser diverso
Enquanto no vazio ainda verso
Entrego o coração ao forte vento,
E noutro caminhar deveras tento
Vencer o quanto em mim resta perverso,
E neste desenhar novo universo
Gerado pela dor e sofrimento,
Escuto a voz de quem jamais pudera
Traçar outro momento além da fera
E desta forma eu vejo a nossa vida
Em tons turvos, sombrios, nada além
Do quanto na verdade nos contém
E trama a cada passo a despedida.


893


E leve para mim justa medida
Na face mais audaz onde pudesse
Traçar outro caminho e nada tece
Senão a própria sorte sendo urdida
Expressa a solidão de intensa vida
E neste desenhar a dura prece
Ao tanto quanto posso já se esquece
E marca com horror cada saída,
Vestindo a fantasia, outra ilusão
Errôneo caminheiro em passo vão
Apenas nada trago dentro da alma,
Versando sobre o medo e neste vago
Delírio tão somente agora eu trago
O canto que deveras não acalma.

894

De tudo que na vida ainda vejo
Expresso outro momento e nada temo,
O quanto do passado traz o remo
Aonde noutro mar teimo e versejo,
Ainda quando entregue num lampejo
O todo sem sentido não algemo
E neste delirar um canto extremo
Expressa o quanto diz a cada ensejo,
Esbarro nos enganos e prossigo
Vencendo a cada instante o desabrigo
Marcando com audácia o passo enquanto
O medo se aproxima e nada traz
Senão esta verdade mais mordaz,
Gerada pelo infausto que garanto.


895


Vital felicidade não traria
Sequer a menor sombra da esperança
E quando o dia a dia ora me lança
Marcando com temor, farta ironia,
O tanto noutro rumo tomaria
A voz de quem deveras já se cansa
E o coração audaz de uma criança
Balança e se propõe à fantasia
Esqueço cada engodo de um passado
Deveras noutro rumo desenhado
Tramando com terror o quanto pude,
Vencido pela essência amarga e rude,
O todo se consome neste vândalo
Desenho onde se traça cada escândalo.


896


Ao ver tua beleza não pudera
Saber de cada engodo e no futuro
Apenas o vazio eu asseguro
Matando num momento a primavera,
O tanto quanto posso destempera
E o risco se transforma e em vão procuro
Algum momento nobre após o escuro
Tomando sem defesas tal tapera.
Arisco sonhador, cada poeta
No quanto se transforma e não completa
Um todo imaginário noutra senda,
Assim ao ser deveras devassado
O rumo noutro infausto, desolado
Somente ao mais vazio encanto atenda.


897


O sol em desvario nada traz
Somente a face rude aonde um dia
Pudesse desenhar a fantasia
Num canto tão suave quanto audaz,
A sorte na verdade não compraz
E o canto noutro tom já se irradia
Marcando com temor a melodia
E nisto o meu delírio queda atrás,
Respiro tão somente esta ilusão
E sei dos ermos dias que virão
Tocando cada senso num vazio,
E o todo se pudera acreditar
Arcando com o peso do sonhar
Gerando o mais completo desvario.


898


Em raios na manhã eu me entregara
Vagando pela insânia de um momento
Enquanto novo rumo eu alimento
Gerando forte luz nesta seara,
O passo noutro enredo se prepara
E traz a mesma luta em sofrimento,
Ainda quando o sonho além eu tento,
Vestindo a poesia intensa e clara,
Expresso com ternura cada verso
E faço do soneto um desabafo,
O quanto na verdade mostra o safo
Desenho aonde nele sigo imerso,
Transcende à própria vida e me permite
Sonhar além de algum qualquer limite.


899


A forma de poder e não sentir
O quanto do meu mundo se presume,
O amor com sua glória em vão perfume
Impede mesmo até de prosseguir,
E quando se procura este elixir
O canto noutro passo se resume
E quantas vezes; tento enquanto esfume
O dia noutro instante a repetir,
Insânias costumeiras de quem tanto
Pudera acreditar e até garanto
No fato mais suave em luz tranquila,
Minha alma se perdendo em tom satânico
Do amor que tanto eu quis; o ledo pânico
Apenas neste instante em vão desfila.


900


Não deixe que este deus desnudo em face
Diversa de uma viva divindade,
Enquanto a cada instante mais degrade
O rumo sem sentido ainda trace,
Medonha e caricata vida grasse
E nesta sombra amarga, a qualidade
Recende a mais completa falsidade
Gerando tão somente o ledo impasse.
Esqueça deste olhar turvo e bisonho
E quando a santidade; em paz, proponho
Esqueço da figura mais atroz
Na qual ora se estampa o ser humano
E neste desdenhar convulso e insano
O todo se permite em turva voz.


901

O quanto são efêmeros os sonhos
E neles outros erros são comuns
Meus dias traduzidos em alguns
Cenários na verdade mais bisonhos,
E quando novamente me propus
A crer noutro momento e nada havia
Senão a mesma face, hipocrisia
E nela sem sequer a mera luz,
Num escaldante sol em tropical
Tormento nada resta dentro em mim,
Apenas desnudando de onde eu vim
Gerando outro momento mais banal,
Esgoto o meu caminho no vazio
E apenas novo rumo em vão eu crio.

902


Enlaces em momentos mais diversos
Pudessem traduzir o mero sonho
Aonde com certeza o que proponho
Não vaga por sequer tais universos,
E tento com ternura novos versos,
Mas sei do quando o mundo, este enfadonho
Caminho noutro traço; eu decomponho
Enquanto os meus anseios vãos, submersos,
Sem esplendor algum a vida traça
O passo aonde a sorte qual fumaça
Avança e se perdendo num instante,
Do todo quando o quis já nada havia
Nem mesmo qualquer fonte em fantasia
E o passo no final, nada garante.


903


Jamais se poderia imaginar
O quanto se apossara da verdade,
O tempo noutra face, falsidade
Esbalda-se em medonho e atroz lugar
Depois de tanto tempo além do mar
Apenas o insensato agora invade
E trama aquém da rara liberdade
A morte noutro rumo a se mostrar,
Esgoto cada verso neste tema,
E quanto mais a vida nos algema
Eu busco outro caminho, libertário,
Cerzindo com meu sonho esta ilusão
Os dias na verdade não terão
Sequer o quanto julgo necessário.


904

Ouvindo este marulho traço o rumo
Aonde poderia haver bem mais
Que apenas outros dias tão iguais
E neste desenhar eu já me aprumo,
O quanto da ilusão tento e consumo,
Adentram nos meus sonhos, tais portais
E o quanto poderia ser jamais
Agora noutro instante me acostumo,
Edênico delírio, tão somente
A vida na verdade tanto mente
E marca com ferrenha hipocrisia
Cenário discrepante e nada além,
Minha alma no vazio se detém
E nada; nem o sonho, ainda cria.


905


O quanto empalidece esta saudade
De um tempo aonde nada mais fizera,
Senão a mesma face da pantera
Que ainda dia a dia desagrade,
O todo na certeza não invade
E marca com ternura cada espera
E o gesto noutro rumo se tempera
Gerando a cada instância esta ansiedade,
O passo sem sentido ou direção
Trazendo tão somente o mesmo não
E nele outro momento em tom sombrio,
O quanto posso ou pude não importa
Apenas vislumbrando a velha porta
O canto noutro instante desafio.


906

Promessas se perdendo co’a vida
E nada mais presume senão isto
E quando na verdade em vão consisto
A sorte não pudera ser urdida,
Esbarro nesta senda sem saída
E vejo o meu olhar aonde assisto
Ao fim do velho sonho e se despisto,
Palavra noutra face resumida,
Esgarço o meu caminho em torno desta
Paisagem onde a sorte não se atesta
Nem mesmo se procura a paz, enquanto
O todo se aproxima do final,
Vagando sem destino, em ritual
O passo noutro rumo ora garanto.


907



Inflexível momento em dor e pranto,
Não pude mais arcar com fantasias
E neste desenhar jamais virias
Enquanto noutro rumo eu já me espanto,
A sórdida expressão num tosco manto
Tramando a cada instante as ironias
Às quais; os teus domínios; moldarias
Marcando cada engodo num quebranto,
Vestindo esta mortalha sei que o norte
Aonde nada mais inda comporte
Esgota cada passo rumo ao nada,
E assim ao mergulhar em rara tez,
O quanto se desenha, já desfez
Moldando a negação em leda estada.


908

Num implacável sonho a morte traça
O rito mais audaz, porém constante
E quando noutro engodo se adiante
A vida se esvaindo, qual fumaça,
Entregue na incerteza, velha traça
O quanto se mostrara radiante
Agora noutra face degradante
Apenas gera ao fim dor e desgraça,
Não quero mais o risco nem o rito,
E quando no vazio eu acredito
A eternidade morta há tantos anos,
Etéreo sonhador, mero poeta
Enquanto no vazio se completa
Somente acumulando tantos danos.


909



Sumindo pouco a pouco o quanto rude
Desenho se fizera noutra face,
Ainda quando muito tente e trace
O passo quantas vezes nos ilude,
E quando a realidade logo mude
E gere outro domínio, e nada grasse
Senão este cenário onde mostrasse
Medonha e caricata juventude,
Esbarro nos enganos mais vorazes
E nestes delirares tu me trazes
Apenas o vazio onde trafego
E o quanto do meu mundo desabara
Tornando improdutiva esta seara,
Marcada por um nó atroz e cego.

910

Do mesmo tom e até material
A vida se transforma em tal mortalha
Enquanto na verdade o vão se espalha
Num ato contumaz, um ritual,
Expresso com terror o medo e o mau
Gerando após a queda outra batalha
No fio mais audaz desta navalha,
A morte traz na mão a pá de cal,
E o caos gerando apenas tempestade
Aonde o meu caminho se degrade
Marcando com terror o dia a dia,
Esgoto cada verso num momento
E quando alguma messe ainda invento
É mera sutileza, alegoria.


911

Deveras quando a vi eu já sabia
Da sorte mais ditosa em minha vida,
E a senda noutra face presumida
Apenas mostraria esta utopia,
O quanto deste canto em ironia
Impede que se veja uma saída
E neste desenhar, a despedida
A cada novo instante se veria,
Esbarro nos enganos de quem sonha
E a voz noutro momento mais medonha
Arranca dentro em mim somente o medo,
E quando neste enredo eu me sentira
Ao ver no teu olhar, tanta mentira,
Somente ao mais sombrio eu me concedo.

912


Da beleza feroz sequer sinal,
O tempo se transforma e nos deforma
O quanto deste sonho noutra forma
Agora se desenha em ar venal,
O passo desnudando em novo astral,
Fortuna do vazio nos informa
E quando uma esperança fora a norma
A sorte se esvaindo em cada umbral,
O fardo aonde apenas num detalhe
A vida se tragando já retalhe
O canto noutro vago caminhar,
Das horas mais felizes, nada resta
Somente a imagem turva e até funesta
Aonde nada posso desvendar.


913


O amor quando em teus olhos se faria
Maior e em consonância com a sorte,
Agora na verdade não suporte
A imagem destoante e mais sombria,
O tanto se perdera dia a dia
E o canto noutro rumo, já sem norte,
Apenas preparando cada corte
Gerando apenas dor, melancolia,
Esgarces são comuns, disto sei bem,
Mas quando em face tosca logo vêm
Derramam tantos ermos dentro em mim,
O quanto poderia ser feliz,
Agora a própria história contradiz
Gerando a seca intensa em meu jardim.


914


Por sobre velhos erros, navegando
Esbarro nos meus ermos e presumo
O quanto da emoção em tosco fumo
Aos poucos noutro instante se traçando,
O mundo se mostrara desde quando
Apenas no vazio eu me resumo,
E bebo da esperança o vago sumo
E nisto também sigo me negando,
O passo noutro infausto caminhar
Adentra sem defesas tal lugar
E mede com palavras o que pensa,
Um sonho libertário poderia
Traçar novo momento em claro dia
E assim teria enfim a recompensa.


915


Enquanto noutra face ainda eu visse
O sonho desenhando de quem ama
A sorte na verdade é mera chama,
Encanto não passando de crendice,
A vida se repete e em tal mesmice
Apenas o vazio dita o drama
E quando a minha paz tenta e reclama
Somente neste infausto revestisse
Ocasos são comuns e neles tento
Vencer o quanto posso em sofrimento
Marcando em cicatrizes, tatuagens
As horas se perdendo sem sentido,
O quanto deste sonho eu dilapido
E sinto meras luzes são miragens.


916


Pudesse possuir além do caos
A sorte de viver em plenitude,
Mas quando a realidade desilude
O sonho se transforma em ritos maus,
E quanto se imagina noutros graus
O passo aonde a sorte se transmude
O canto mais audaz, porquanto rude
Ascende aos mais diversos vãos degraus,
E o todo se esvaindo num segundo
Da morte neste instante onde me inundo
Resulto sem defesas, vou sombrio,
E o carma desenhado em tal delírio
Marcando com terror cada martírio
Aonde o dia a dia ora desfio.


917

Ingenuamente a vida se promete
E nega logo após qualquer benesse,
E assim outro momento já padece
Do medo aonde o todo me acomete,
Da sorte sou somente esta claquete
Enquanto na verdade nada tece
Senão a mesma face em rubra prece
Por onde cada fato se repete,
Esbarro nos meus erros e me vejo
Ainda como fosse algum lampejo
Da sorte ou mesmo até da hipocrisia
O canto mais audaz já não teria
Sequer a menor sombra de um desejo
Matando pouco a pouco a fantasia.


918

Do orgulho de sentir novo momento
Após a dura queda no vazio,
O quanto a cada instante eu me recrio
Também noutro delírio eu me atormento,
Aonde poderia o sofrimento
Gerar apenas dor e ledo estio,
O canto em mais completo desvario
Expressa o quanto vivo alheamento
Estranhos ritos ditam dia a dia
E quanto mais além eu poderia
Vencer os meus atrozes desenganos,
A vida não permite novos planos
E neste desenhar já nada faço
Somente prosseguindo, amargo e lasso.


919


O quanto em desespero vejo a vida
E tento alguma luz, mesmo sabendo
Do quadro desenhado em tom horrendo
Aonde a própria história já se acida,
A rústica verdade resumida
Num ato mais cruel, sem dividendo,
E quando o olhar além; ainda estendo
Não vejo nem sequer sei a saída,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Ainda sem saber qualquer abrigo
Enquanto dilapido cada sonho,
Minha alma ora se expõe ao sofrimento
Dos tantos desenganos me alimento
Num ato tão atroz quanto enfadonho.


920


No quanto assassinasses cada sonho
Amordaçando a vida atroz e rude,
O passo na verdade desilude
E gera outro caminho mais medonho,
E quando novo rumo eu te proponho
Por mais que ainda vença em atitude
O rústico cenário aonde eu pude
Viver o dia amargo e mais tristonho,
Jogado contra as pedras, preamar
O quanto poderia imaginar
E nada além das rocas e penedos,
Os dias mais felizes? Mero acaso,
O passo noutro instante ora defaso
E os cantos se perdendo, todos ledos.



921


O quanto banqueteio em festas vagas
E neste delirar ainda pude
Vestir o quanto outrora se amiúde
E neste turbilhão; em dor afagas
As horas em diversas, várias plagas
E o rumo noutro ocaso se transmude
Apenas seduzindo em plenitude
No quanto poderia; tu me alagas,
E vejo este cenário em multicores
Marcando com ternura aonde fores
Embora saiba bem quão ilusório
O passo se mostrasse na verdade,
E o quanto da esperança ainda brade
Tramando um novo dia, merencório...

922


Os diamantes roubam deste olhar
A imensa claridade e transparência
E quando na verdade dá ciência
Do grande e tão sortido bem do amar,
Pudesse noutra senda desenhar
Além de meramente esta aparência
E nela com ternura e paciência
O todo se mostrando devagar,
Ocasionando em nós a imensidão
E dela novos sonhos nos trarão
Os cantos mais felizes ou audazes,
E assim na plenitude deste encanto
Apenas o momento onde garanto
Cenário tão diverso que me trazes.


923


Em taças de cristal, sonhos diversos
Brindando a cada passo num futuro
Aonde com vontade eu me afiguro
E sigo a sutileza de teus versos,
Os ermos dentro em nós quando dispersos
Em ar tão tenebroso quando duro,
O corte se aprofunda e me asseguro
Dos caos tomando em vão tais universos,
Eu sinto o meu caminho se perdendo
Num átimo ao moldar um quadro horrendo
E neste rito atroz já nada sinto
Senão a mesma fúria costumeira
E nela a poesia não mais queira,
Porquanto o canto agora espanto, extinto.


924


Um luxuoso altar entre favelas
E as sombras de um cadáver numa cruz,
O quanto desta face aonde eu pus
O risco de heresias tu revelas,
E nestes desenhares, torpes telas
O corte se apresenta e gera em pus
Negando qualquer brilho, ausente luz
O barco se perdendo em rotas velas,
Ascendo ao que pudesse e nada vinha,
Somente a solidão, porquanto minha,
É tudo o quanto resta de quem sonha,
A face mais audaz da realidade
A cada novo engano mais degrade
A vida por si só tosca e medonha.


925


Pagando com tal ágio meus enganos
Os dias não pudessem ser assim,
E o quanto se desenha deste fim
Matando a cada instante os velhos planos,
E rotos na verdade, ledos panos
O quanto se trouxera gera em mim
A morte noutra face e sei que enfim
Pagara pelos erros, duros danos.
Expresso a solidão a cada verso
E neste desenhar inda disperso
Meu passo noutro rumo, tão somente,
O caos se transformando em tal constância
A vida na verdade noutra instância
Apenas se degrada e tanto mente.


926


Festins entre folguedos, festas, erros,
E nestes mais atrozes vis cenários
Os dias noutros rumos temerários
Explodem com terror imensos cerros,
E neste desenhar tantos desterros
Mergulham nestes vãos itinerários
E neles outros dias são corsários
Marcando cada passo em meus aterros,
Escândalos traçando aonde um dia
Pudesse ainda ver viva alegria
E o caos não dominasse cada instante
A morte na verdade me redime,
E a solidão deveras, feito um crime,
Apenas do vazio me garante.


927


Enquanto se percebe o morto ali
A festa prosseguindo sem descanso,
Ao quanto no vazio inda me lanço
Tramando o que deveras resumi
Num ermo caminhar chegando a ti
E neste caos eu vejo algum remanso,
E o coração; deveras, inda tranço
Marcando cada engano aonde o vi
Escondo-me da fúria da tempesta
E quando a solidão à vida empresta
O risco de sonhar e nada ter,
Apenas mergulhando no vazio,
O todo noutro instante se recrio
Gerando tão somente o desprazer.


928


No outono da existência nada vejo
Somente este vazio aonde inverno
O bebo cada gota deste inferno
Enquanto procurara um ar sobejo,
O quanto desta vida em azulejo
Deveras noutro rumo não externo
E sorvo a solidão enquanto hiberno
Ou mato desde já qualquer desejo,
Risível caricata garatuja
Minha alma na verdade amarga e suja
Apenas desenhando o caos em mim,
E quando neste estio me prolongo,
O dia na verdade atroz e longo
Matando a cada instante o meu jardim.


929


Desértico momento em tom venal
O cais já distante deste barco,
E quando a poesia; além abarco
O dia se mostrasse em ritual
Diverso e noutro instante colossal
Desenho se traçando em qualquer arco,
O risco de viver tramando um marco
Aonde o mais pudera ser igual,
Sem esplendor algum a vida entrega
O quanto deste rumo em luz mais cega
Explode na tormenta mais atroz
Ocasos no horizonte, leda luz
E ao todo este vazio reproduz
Matando da nascente até a foz.


930


Ouvindo estes acordes, coração
O quanto pude crer felicidade
Agora pouco a pouco já degrade
E deixe este caminho atroz e vão,
Momentos mais diversos mostrarão
Somente este ar sombrio onde a saudade
Explode num temor e a realidade
Esboça outro cenário em vago não,
Aprendo ou mesmo tento alguma luz
E sei do quanto posso e nada pus
Senão tal sentimento em cada verso,
E quando na verdade não me vejo
Somente outro delírio malfazejo
Enquanto a fantasia; além, disperso.


931

Não deixe que estas luzes tomem todo
Cenário aonde outrora quis a paz
E quando se mostrara mais audaz
O passo se entranhando em ledo lodo,
A cada novo dia deste engodo
O risco se mostrara contumaz
E aonde esta esperança nada traz
Ainda vejo o sonho em vão denodo,
Acordo sem sentido nem razão
E o tempo com tormenta e solidão
Expressa a fantasia mais atroz
Esqueço qualquer luz e nada trago
Somente o desenhar de um podre lago
Aonde o nosso amor encontra a foz.

932


Amor por ser sincero poderia
Gerar outro momento em paz, mas quando
O tempo noutro rumo se tomando
Apenas o vazio em agonia,
A sorte noutro caos mergulharia
E o todo se transforma em ar nefando
Somente ao desejar se desenhando
O corte em total hipocrisia
O canto noutro rumo se desata
E a vida que pudera em serenata
Agora na verdade nada traz,
Somente este vazio costumeiro
E nele marco apenas meu canteiro
Num ar tão delicado quão mordaz.

933

Que os nossos sonhos sempre sejam claros
E nada mais distante se aproxime.
E quando se deseja mais sublime
Os ritos noutros ermos são mais raros,
E vejo tão somente a solidão
Marcando esta colheita em ar venal,
Arcando com meu velho ritual
O caos traduz os dias que virão,
E sei dos meus tormentos, mas ainda
Procuro a solução e nada veio,
Seguindo sem destino quase alheio
A morte com terror deveras brinda
E o canto se transforma em heresia
Enquanto nova sorte eu bem queria.

934


Minha amada; agasalhe cada sonho
E faça dos meus dias, teus momentos,
E quando a vida traça em provimentos
O todo quando em festa mais componho,
O rústico cenário; aonde enfronho
E neles outros vagos sentimentos,
Os ermos de minha alma, desalentos
Gerados pelo quanto sou bisonho,
Esbarro nos enganos e procuro
Ainda algum momento mais seguro
E nada se apresenta neste instante,
Somando os meus desmandos, vida afora
Apenas o vazio ainda aflora
E a sorte se transforma e não garante.


935

Impeça que se viva plenamente
O quanto pude crer e não havia,
Somente a mesma face em ironia
Aonde noutro rumo se apresente,
Enquanto outro caminho eu mesmo invente
Tentando consonante poesia
O mundo se transforma e na utopia
O rústico se mostra mais clemente,
Vagando sem destino, labaredas
E nelas outros tempos tu concedas
E geres esperança onde não há
O caos já me tomando num instante
A morte noutro rumo se garante
Qual fosse um delicado e bom maná.

936



Amada nas divinas ilusões
O quanto da verdade não se vê
E o tempo se perdendo sem por que
Diversos ermos; trazes ou compões
Pudesse imaginar novos verões
E a vida noutra face não revê
O sonho em heresia nada crê
As dores entre vários borbotões,
Espalho sem sentido o verso além
E apenas o passado ainda vem
Tomando com furor cada esperança,
O vértice da vida em caos e medo
Enquanto na verdade não concedo
O canto sem destino apenas cansa.


937


Ardendo no desejo mais audaz
De quem se fez além de meramente
O todo na verdade já se ausente
E apenas o vazio me compraz,
O quanto da esperança nada faz
Nem mesmo outro cenário se apresente
E o canto noutro rumo, mais descrente
Mergulha e deixa tudo para trás,
Esqueço o meu momento e sei do quase
E ainda quando a vida se defase
Não deixe qualquer sombra de esperança
O ocaso reina claro sobre tudo
E quando a cada instante desiludo
O passo no vazio ora se lança.


938


Amor que sempre trama novas eras
Aonde pude crer felicidade
E quando o dia a dia já degrade
E marque com terror o quanto esperas,
No fundo a cada engodo destemperas
E o marco mais atroz agora invade
Matando o quanto quis tranqüilidade
E neste desenhar encontro as feras,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento novos dias verdadeiros
Marcando com ternura cada passo,
Errático momento entre as tormentas
E nada no final tu me apresentas
Enquanto no vazio ainda grasso.

939


Com vigor, esperança poderia
Traçar novo momento em minha vida,
A sorte de tal forma sendo urdida
Já não traria a dor nem a agonia,
O quanto deste sonho se irradia
E gera tão somente outra saída
A messe neste instante desprovida
Da paz tão desejada em novo dia,
O caos se transformando em tal rotina
O passo no vazio determina
E a morte não germina uma bonança,
Meu passo num cenário agora turvo
Enquanto na verdade busco e curvo
A sorte noutro caos, ainda avança.


940


Numa ânsia de outra vida eu pude ver
O sol entre tais nuvens, num instante
E o quanto do cenário é degradante
Marcando cada passo em desprazer,
O sonho noutro rumo a se perder
E nisto no caminho doravante
A sorte com ternura se garante,
Mas nada do que quero passo a ter,
Esfarrapado sonho do espantalho,
O canto sem sentido algum; espalho
E tento algum sorriso de ironia,
O todo no vazio se permite
Vencido sem saber qualquer limite,
A vida noutra face se esvazia.



941


A nossa alma aspirando eternidade
Enquanto noutro rumo se perdendo
O sonho não passando de um remendo
Aonde cada passo se degrade,
Errático cometa nos invade
E o quanto poderia sigo vendo
Aquém deste caminho onde desvendo
A mais sobeja e rara liberdade.
O manto se transforma em dor e medo,
Apenas num momento eu me concedo
E tento a redenção em verso e luz,
Mas quando se aproxima o fim da tarde
Apenas o vazio ainda aguarde
Quem tanto noutro enredo não fez jus.


942


Beleza sem igual pudesse haver
No olhar de quem se dera muito além
E o quanto da esperança não contém
Sequer alguma luz, qualquer prazer,
A sorte noutro rumo a se perder
E apenas ilusão dita o desdém,
Dos sonhos tão somente algum refém
Caminho sem saber onde irei ter,
Tempestas enfrentando dia a dia,
A vida noutra face perderia
A intensa claridade em tom suave,
E o quanto ser feliz pudesse vir
Tocando com ternura o meu porvir,
Mas quando se percebe, a vida agrave.


943


Por mais que seja incerto o meu caminho
Não tenho solução, prossigo alheio
E apenas outro sonho em vão rodeio,
E nele novo passo, mais daninho,
E quando nos teus braços eu me aninho,
O todo noutro rumo em ledo anseio
Somente demonstrando em devaneio
O quanto deste encanto foi mesquinho.
Errático cometa em noite vaga
A sorte na verdade nada traga
Senão a mesma face em dor e tédio,
Assim ao me perder de uma esperança
A vida em luta inglória já se cansa
Negando qualquer luz, qualquer remédio.


944


Foste feita de brilho enquanto em sonho,
Eu passo pelas noites busco a face
De quem nesta esperança também trace
Um dia com certeza mais risonho,
E quando noutro trilho eu já me ponho,
O rumo se moldando sem impasse
Assim cada caminho se mostrasse
Além do que deveras eu componho.
Encontro a plenitude a cada instante
E o sonho mais feliz tanto garante
O canto em harmonia e sempre traz
Aonde se queria muito além
O amor quando deveras cedo vem,
Tramando um canto raro e mais audaz.

945


Em forma de carinho eu poderia
Alçar novo momento em vida e luz,
Mas quantas vezes; teimo e até me opus
Vivendo a mais espúria fantasia,

O traço se desmancha dia a dia
E o corte nega o canto e gera a cruz,
Vencido por tormentas, eu me pus
Além do que pudesse em utopia.

Atravessando mares, luas rios,
O quanto deste encanto se transcende
E ao fim de cada noite já desprende

Aroma incomparável, raro brilho,
E quando imerso em tantos desvarios
Acima do universo em paz eu trilho.


946

Estrela que transmite um brilho a mais
Diversa maravilha em prata e luz,
O quanto do desejo ora compus
Marcando com ternuras outras tais,
E os ritos mais comuns, tão sensuais
Trafegam muito além do quanto induz
E o toque tão audaz ora seduz
E gesta em nossos sonhos vendavais,
Encontro a face exposta em poesia
E bebo com certeza esta alegria
Marchando para além em plenitude,
E quando se permite o tom sobejo
Cenário sem igual agora eu vejo,
E vivo muito além do quanto pude.


947


Amar-te com certeza o quanto quero
E sigo cada passo rumo ao tanto
Vencendo a tempestade hoje eu garanto
Um dia mais tranquilo e menos fero,
E o canto noutro rumo ainda espero
E neste desenhar eu me agiganto
E sei deste sereno e raro manto
Aonde se prepara um mar sincero
Esboço noutra face reações
E os dias onde os sonhos tu me expões
Permitem muito mais que mero fato
E assim ao entranhar em teu caminho,
O sonho no teu sonho; agora aninho
E o passo mais gentil ora resgato.


948

Pantera, teu amor em garra e presa
Enquanto na tocaia ainda espreita
Com toda esta beleza me deleita
Seguindo com ternura a correnteza,
Uma alma não veria mais ilesa
E neste desenhar quando se deita
A sorte mais audaz agora aceita
Transmite tão somente esta leveza.
Encontro a cada passo algum sinal
E sigo neste raro ritual
Vencendo os descaminhos mais constantes
Adentro outro cenário e sempre traço
O quanto deste amor tomando espaço
Agora noutro salto me agigantes.

949


Reflete nosso bem o quanto amor
Traduz felicidade e tão somente,
O canto na verdade se apresente
Marcando com delírio e sem rancor,
A sorte noutro rumo dita a flor
E dela cada verso, uma semente
Enquanto na esperança se contente
O mundo traz apenas tal sabor,
Errando vez em quando sigo aquém
Do todo quando o tempo ainda vem
Toando com amarga solidão,
Falácias e mentiras, tantos erros
Caminhos entre pedras e desterros,
Apenas me trazendo o mesmo não.



950


Semeando meus sonhos noutro caminho
Encontro os teus desejos junto aos meus,
E os dias do passado noutro adeus
Agora noutro rumo desalinho,
E sei de cada rota e todo espinho,
Andando em noite escusa, fartos breus
E quando os dias morrem mais ateus
O canto se mostrara mais mesquinho.
Vacante coração já não mais traz
Sequer algum detalhe em rara paz
Marcando com terror o dia a dia,
E o quanto noutro instante ainda vejo,
Medonha alegoria onde em lampejo
A vida no final, nada traria.



951

Em busca da seara onde pudera
Vencer os meus tormentos simplesmente
Minha alma neste instante se apresente
Deixando no passado esta quimera,
O canto noutro tom a vida espera
E traça outro caminho em clara mente
E vejo tudo agora claramente
Enquanto a própria vida nos tempera;
Aprendo a caminhar conquanto eu possa
Trazer esta canção somente nossa
E ver noutro cenário a perfeição,
Amar e ser feliz, o quanto resta
A vida noutro passo sempre atesta
Momentos mais sobejos que virão.


952


Riquezas sob os pés; caminho em ouro
E neste meu anseio mergulhara
Vencendo a solidão, ferida e escara
Nos sonhos mais felizes já me douro,
O canto noutro porto, ancoradouro
Gerando a maravilha em tal seara
E toda a fantasia ora escancara
E neste belo encanto, o meu tesouro.
Esgueiro entre os penedos, pedregulhos
Deixando no passado tais entulhos
E ver outro caminho mais suave,
O vento me trazendo outro cenário
E neste desenhar imaginário
O coração liberto feito uma ave.

953


Ao mesmo tempo em que se faz presente
O sonho mais audaz traduz o canto
E neste desenhar eu me garanto
Enquanto esta alegria se pressente,
O rumo noutro enredo, mais contente
O verso se mostrando sem quebranto
Cerzindo da esperança o raro manto
E nele cada passo me alimente,
Vencendo os meus rancores vou a ti
E neste desenhar eu percebi
Beleza sem igual em raros tons,
E os dias mais felizes são assim,
Vivendo em consonância tudo em mim
Numa explosão em vários megatons.

954


Amor indecifrável poderia
Apenas demonstrar cada momento
E neste desenhar eu mais fomento
O sonho em sobeja fantasia,
O todo noutro tempo não se adia
E deste caminhar ainda tento
Vencer o que pudesse ser tormento
Em noite tão amarga quão sombria,
Marcando com ternura cada passo,
O rumo noutro instante eu busco e traço
Vivendo a plenitude deste encanto,
E quando mergulhando nos teus braços
Os dias não seriam jamais lassos
E neste desejar tudo eu garanto.


955

Amor que pouco a pouco toma a vida
E rege cada passo rumo ao farto,
E neste desenhar jamais descarto
A sorte noutra luz já percebida,
O quanto da certeza decidida
Invade em claridade cada quarto
E o sonho neste instante em paz reparto
Não vejo nem a sombra em despedida,
Marcando em fantasia cada passo,
O tanto quanto quero teimo e traço
Num ato mais sublime, em rara luz,
O vértice dos sonhos se apresenta
E cessa num instante esta tormenta
E apenas ao divino nos conduz.


956


Sabendo como é belo o grande amor
Vivendo cada instante sem temores,
Seguindo cada passo aonde fores
Vibrando em consonante e raro ardor,
Encontro em teu canteiro a rara flor
E nela se mostrando tais pendores
Desprende com ternura tais olores
Num ato muitas vezes redentor,
Vestindo esta ilusão desejo mais
Que apenas desenhara temporais
E neste caminhar eu quero o canto
E bebo à sua sorte minha amiga
Enquanto cada passo já prossiga
Vencendo qualquer medo ou desencanto.


957


Eu vejo nossos olhos no horizonte
Reflexos de momentos mais felizes
E quando se percebem tais deslizes
O canto noutro rumo ainda aponte
E gera novamente a rara fonte
Aonde com certeza nada dizes
E se pudesse tanto após as crises
Gerar outro caminho em rara ponte
Esbarro nos meus erros e procuro
Ainda quando o tempo é mais escuro
Alguma redenção, mesmo sombria,
E o quanto deste passo eu poderia
Vencer o descaminho mais audaz
No sonho em que o momento dita a paz


958


Eu vejo nossos passos no futuro
E bebo cada gota da esperança
Enquanto a realidade ora nos lança
Vencendo qualquer canto mais escuro
E o todo noutro rumo eu asseguro
E neste desenhar uma alma alcança
O quanto da vontade nos amansa
Gerando outro momento onde perduro
Matando minha sede junto a ti
Encontro o que deveras mereci
Tramando outro momento sem igual,
E o passo na verdade traduzira
Enquanto renegando esta mentira
Moldando outro caminho magistral.

959



Eu vejo meu futuro em tuas mãos
E neste desenhar eu quero tanto
O amor quando demais busco e garanto
Deixando para trás diversos vãos
Arando em esperança os raros chãos
O sonho se transforma em mero pranto
No quanto a vida dita outro quebranto
Tramando tão somente os mesmos nãos
Esqueço cada passo e na verdade
O caminho pouco a pouco ainda agrade
Quem tenta novo rumo e apenas vendo
A sorte mais atroz ou mesmo audaz
Encontra este cenário feito em paz
Sem ter qualquer sutil vago remendo.

960


Eu vejo nosso amor a cada instante
E sinto a fantasia nos tocando
Aonde o meu caminho desde quando
Ainda este cenário em paz garante
Marcando com ternura doravante
O quanto se perdera desvendando
O engano mais atroz, e até nevando
O passo se mostrara mais constante,
Encontro cada sonho e nele entranho
Vencendo este temor atroz, tamanho,
Bebendo a claridade de um momento,
E nisto a plenitude se aproxima
Marcando em alegria o imenso clima
Enquanto da esperança eu me alimento.


961

E canto sem parar nem um momento
Fortuna tão diversa da que eu quis,
Enquanto na verdade este infeliz
Agora redenção; ao menos, tento.
E entregue ao mais amargo sentimento,
A vida se desenha e por um triz
Deixando mais profunda cicatriz
Que a cada novo instante mais fomento,
Pudesse acreditar em novos dias
E neles com certeza me trarias
O olhar em redenção, apenas isto.
Mas quando vejo a face nua e crua
Desta alma solitária, continua
Cenário tão vazio onde persisto.


962

Que trazes no teu peito esta mortalha
Invés do quanto pode coração,
Os dias mais atrozes moldarão
Cenário aonde a dor adentra e espalha,
Neste corte afiado da navalha,
A imensa e mais dorida dimensão
Jazendo cada passo rumo ao vão,
A vida se apresenta turva e falha,
O todo não traduz a menor parte
E quando esta ilusão já se reparte
O nada se apresenta a cada instante,
Do quanto fui feliz ou mesmo quis,
Apenas vejo agora o gris matiz
E nele minha história se adiante.


963

Quem traz um sonho sempre a cada olhar
Não deixa a realidade desnudando
O quanto poderia desde quando
O tempo noutro rumo a se mostrar,
Vencido pela angústia, num vagar
O tempo noutra face se entornando
E o medo novamente profanando
Das esperanças tolas, ledo altar.
Meu verso se perdendo em tom sombrio
E quando algum momento eu desafio
Tentando simplesmente a paz enfim,
Navego contra a fúria das procelas
E assim a cada instante me revelas
O quanto inconsistente existe em mim.

964


Não cansa de cantar esta ilusão
Quem tanto quis a luz e nunca a via
Ainda vivo envolto em fantasia
Procuro a todo instante a solução
E sei dos dias turvos e trarão
Somente o dissabor, farta agonia,
E o quanto deste caos ainda havia
Matando em nascedouro uma emoção,
No caos gerado em mim por esta ausência
A leda e mais dorida persistência
Gerando tão somente este vazio
Percorro os mais aflitos sonhos quando
O todo num instante desabando
E apenas o meu sonho; em vão, desfio.


965


Um sentimento nobre poderia
Num mero instante tudo transformar
E tendo esta certeza a me tocar
A vida noutra face, em utopia
Enquanto se traduz o dia a dia
Nas ondas mais diversas deste mar
Ao ter esta emoção a nos tragar
O mundo em novo rumo se veria,
Esbarro nos meus erros, mas prossigo
E quando caminhando ora contigo
Enfrento as tempestades costumeiras
Do quanto te desejo e quero além,
O amor deveras toca e quando vem
Trazendo as ilusões, falsas bandeiras.

966

Aos poucos se tornando o dia a dia
O corte da esperança não permite
O quanto deste passo em tal limite
Ainda noutro rumo tomaria,
A vida muitas vezes mais sombria
O canto noutro verso se exercite
E trace com terror cada palpite
E nisto toda a sorte se perdia.
Esbarro nos meus erros e prossigo
Sabendo a cada passo do perigo
Enquanto a vida traz esta inclemência,
Pudesse acreditar num tom suave,
Mas nada do que eu busco nega a trave,
A cada passo sinto viva a ausência.

967

Seria essa amizade o quanto falta?
Não sei e não pudera adivinhar,
O engodo tão somente a nos tomar
Aonde a vida fora outrora lauta,
O corte se aproxima e ressalta
Os erros onde tanto quis sonhar,
E quando me perdendo em vão lugar
A sorte se anuncia em torpe malta,
O encanto já não traz qualquer alento
E mesmo uma esperança além eu tento
Vencendo os meus demônios, mas sei bem
Que após a queda resta tão somente
A chaga onde se vê profundamente
O quanto em heresia amor contém.

968

Seria essa certeza o que impedisse
A queda em tal diversa ribanceira
E quando a minha história, derradeira
Repete sem sentido esta mesmice,
O quanto da verdade se desdisse
E mesmo quando a sorte ainda queira
Palavra malfadada, derradeira
Expressa esta emoção, leda tolice.
Encontro nos engodos um apoio
E adentro a cada instante o velho arroio
Levando para as turvas águas da alma,
E o cântico se perde em dissonância
Aonde poderia em abundância
Somente cevo a dor, o medo e o trauma.

969


Deito no travesseiro em pedras feito
E sigo nesta noite sem descanso,
E quando alguma luz; diversa, alcanço
O canto noutro rumo satisfeito,
Apenas novo instante ou mesmo leito
O verso se perdendo aonde manso
Pudesse traduzir enquanto avanço
Ousando na esperança como um pleito.
Extraviado passo rumo ao nada,
Ainda a sorte vista ou vislumbrada
Permite algum momento em paz ou guerra
E assim o meu caminho em discordância
A vida não permite esta inconstância
E o ciclo de esperanças vãs se encerra.


970

E sinto que, deveras, poderia
Vencer os meus anseios e seguir.
A vida se presume no porvir
Envolta na mais dura fantasia,
E o quanto deste passo em agonia
Reflete o meu caminho e no sentir
O encanto desvairado a prosseguir
Marcando com terror esta agonia,
Mergulho nos meus erros que, constantes,
A cada novo passo tu garantes
Virão e neste infausto eu saberei
Tocar os infinitos dentro em mim,
Mas quando se percebe e vejo o fim,
Distante dos meus olhos esta grei.


971

Crescendo o que se fora simplesmente
Momento aonde a vida trouxe encanto
E quando na verdade eu te garanto
O tempo noutro rumo não desmente
E a vida adentra em fúria a nossa mente
E deste desejar eu quero tanto
O quanto ainda posso e mesmo tente.
Vestindo esta ilusão de ser feliz
Eu busco outro caminho e quando o quis
Apenas um detalhe, nada mais.
O ocaso dentro da alma toma a forma
E tudo noutro instante se transforma
Enquanto em tantos erros tu te esvais.

972


Vivendo o que pensei e não coubera
No sonho mais atroz e mesmo audaz,
A vida pouco a pouco já desfaz
O quanto poderia em primavera,
E assim ao perceber a leda espera
O escasso caminhar, já contumaz
Transporta dentro da alma a dor mordaz
E o corte noutra face destempera,
Esbarro nos meus erros e procuro
Depois de certo tempo algum seguro
Local aonde eu possa, ancoradouro,
E embalde noutro rumo não me douro
Vagando sem saber destino certo
E a própria fantasia ora deserto.

973

Correndo sem sentido ou direção
Errático cometa se mostrara
E vendo a solidão nesta seara
O tempo se transforma e molda o não,
Pudesse acreditar na redenção
E neste caminhar já se prepara
A vida noutra face e se escancara
O encanto com sobeja provisão,
Escaldado; portanto nada resta
Somente a mesma face mais ingrata
E o quanto da verdade me maltrata
Traçando a vida amarga e desonesta.
Estranho os passos dados noutro rumo
E mansamente além enfim me esfumo.

974


O coração sem rumo se perdendo
Num átimo mergulho dentro em mim
E sinto o meu caminho noutro fim
Apenas tão somente algum remendo,
E o todo noutro instante me envolvendo
O corte se aprofunda e sei que assim
A morte acende logo este estopim
E o tanto quanto vejo; agora horrendo
Escândalos diversos da esperança
No quanto o passo além ainda avança
E marca com terror o meu futuro,
E nada poderia mais haver
Senão a mesma face em desprazer
Num ato tantas vezes inseguro.


975


Mas sei que não concebes outro senso
E desta forma adentro os temporais,
Vivendo estes fantasmas, busco mais
Do quanto poderia em ar intenso,
No amor quando demais ainda penso
Jogado das janelas, nos portais
Os erros entre tantos, tão venais,
Um mundo em sortilégios, duro e tenso.
Avanço contra a fúria deste engodo
E adentro sem sentir o imenso lodo
Num lamaçal sombrio, em charqueada,
Depois de certo tempo se percebe
Apenas solitária e turva sebe
Marcada pela vida em ledo nada.


976

Firmando puros laços onde a vida
Não deixa mais sentir qualquer resgate
Do quanto na verdade nos maltrate
Enquanto a sorte eu vejo em dor urdida,
Palavra muitas vezes distraída
E nela qualquer dor inda debate
Marcando com terror o quanto engate
A lúcida expressão pré-concebida.
Negando cada passo rumo ao tanto
Apenas no final eu me garanto
Amortalhando em mim uma esperança,
O quanto da verdade seduzindo
Traduz outro cenário e assim eu findo
O passo quando a morte em mim avança.


977


Ouvindo seu rugir em voz mordaz,
O tempo não permite solução
E quando vejo os dias que virão
Perdendo pouco a pouco a minha paz,
O quanto do vazio deixo atrás
E o peso se transforma em solidão,
Marcando cada passo noutro não,
O canto poderia ser tenaz.
Ausente da esperança eu sigo alheio
E quando no final busco ou rodeio
As luzes mais distantes; nada vejo
Somente a tempestade marca o passo
E assim o meu caminho ora desfaço,
Marcado tão somente num lampejo.


978

Num canto que me embala ou mesmo trai
O quanto poderia e jamais veio,
O passo segue em tolo devaneio
E a solução deveras já se esvai,
Quem dera se pudesse, como um pai
Traçar outro caminho ou noutro meio
Vencer o quanto teimo e sem esteio
A casa no final, decerto cai.
Arisco sonhador não trago nada
Senão a mesma face escancarada
Marcada pela insana provisão,
Errático momento vida afora
O quanto do vazio me decora
Tocando cada traço com tal não.


979


O vento, sem querer, levando a palha
E deixa descoberto este cenário,
O quanto fora mesmo necessário
Agora no final, somente espalha,
O fio mais atroz desta navalha,
O engodo tantas vezes solitário,
Hermético caminho temerário
E nele cada rota dita a falha,
Esbanjo a fantasia quando pude
Vencer a mais completa e intensa e rude
Equânime caminho em tez sombria,
O todo se perdera num momento
E quando novo tempo; ainda tento
Da vida, na verdade, nada havia.


980


Mostrando as belas pernas, praia, sol,
O quanto do desejo se acendendo,
E após certo momento percebendo
A imensa solidão neste arrebol,
Apenas desejara sempre em prol
E o quadro noutro instante se revendo,
Presume tão somente este remendo
E dele vejo a fúria em vão farol.
Esgoto o meu caminho e nada vindo,
Aonde imaginara claro e lindo,
Somente em tons diversos, os vulcões
E neles outros dias mais atrozes
Demonstram com horror imensas vozes
E nelas outros cantos tu me expões.



981

Trazendo tal beleza aonde um dia
Pudera acreditar noutro caminho
E quando nos teus braços eu me aninho
Entregue em tão completa fantasia
Apenas o cenário mostraria
O quanto sofre quem vive sozinho,
Assim ao me entregar eu me avizinho
Da rara perfeição em utopia.
Mas sei quanto se perde num instante
Aonde a vida fora degradante
Marcada em ironia a cada traço,
E desta iniqüidade, solidão
Somente os dias vagos mostrarão
A dor onde deveras me desfaço.


982


Deixando um coração distante e alheio
A vida não permite outro cenário,
E quanta vez eu sigo o temerário
Caminho entre tormenta e devaneio,
O quanto da esperança não mais veio,
O velho caminhar, louco corsário,
Num dia mais atroz, desnecessário
Apenas outro rumo em ledo esteio.
Mergulho nos meus erros e procuro
Imerso neste sonho amargo, escuro
Alguma redenção que não virá,
E sigo sem sentido nem razão
Sabendo da distante solução
Marcando cada anseio e desde já.


983

Nas ondas que se quebram nesta areia
A vida se transforma em tempestade
E o quanto do caminho se degrade
Na lua onde a saudade ora incendeia,
O tanto quanto pude, uma alma anseia
Marcando com terror cada verdade
E deste desenhar ainda brade
A força mais atroz que em vão rodeia,
Extraio dos meus olhos o horizonte,
E quando mais distante ainda aponte
O todo sem sentido nem por que,
Apenas o vazio se transcorre
E o mundo noutro instante não socorre
Somente este sombrio olhar se vê.

984


Deitando meus olhares num distante
Caminho aonde nada poderia
Traçar senão a dor ou a agonia
E a sorte desta forma degradante
Enquanto noutro enredo não garante
Senão a velha e torpe melodia
Marcando com terror o dia a dia
Aonde o meu caminho se agigante,
Esbarro nos cenários mais atrozes
E tento ainda ouvir tranqüilas vozes
Sabendo da existência agora em vão,
O tempo noutro rumo se perdendo,
Um mundo num momento audaz e horrendo
Tocado pela tosca ingratidão.

985


Nas formas que desejo em luz e sonho,
Apenas meras sombras de um passado,
E o tempo noutro rumo lapidado
Agora com certeza já transponho,
Mergulho no vazio e mais medonho
O risco se mostrando anunciado
Vivendo tão somente do passado
O ledo caminhar, duro e bisonho,
Aprendo com as dores, nada mais,
E sempre me entranhando em vendavais
Os funerais aguardam fim da festa,
E o tolo desenhar em noite inglória
Mudando totalmente a minha história
Deixando esta impressão assaz funesta.

986


Encontro teu olhar noutro momento
E sigo sem sentido e nem razão,
Aonde novos dias não verão
Senão a mesma face em sofrimento,
E quando a redenção; ainda tento
Esbarro nesta imensa solidão
E escuto sempre o mesmo e ledo não
Embora algum cenário em paz invento,
Calçando esta esperança dentro em mim
Apenas adivinho o ledo fim
E nada mais teria senão isso,
O canto mais atroz negando o sonho,
O verso desejado não componho
Num tempo tão audaz e movediço.


987

As praias; tão formosas ilusões
Aonde eu poderia ser feliz
No fundo cada passo contradiz
E nega algum caminho aonde expões,
Os riscos entre cães e escorpiões
E o céu em turbulência sempre gris
Marcando a minha vida em cicatriz
E nela a todo dia, as aversões,
E quando mergulhara em ar profano
No fundo com certeza ora me dano,
E o caos se transformando na rotina,
A morte se aproxima e gera além
Do quanto na verdade nada tem,
E o fim do meu caminho determina.

988


Das ondas e dos mares, solidão,
A praia mais distante não se via,
E quando ainda bebo a fantasia
O tempo se mostrando imprecisão,
Vagando cada passo sempre em não,
E nele este cenário se faria
Marcando com terror o dia a dia
E neste desenhar o canto é vão,
Aprendo com meus erros e somente
Vivendo cada passo num repente
Esgoto toda a sorte no segundo
Aonde o canto atroz não mais pudera
Conter esta sombria e dura fera
E deste fel medonho uma alma inunda.

989


E pintas com magia outro caminho
E neste desenhar procuro a paz
Sabendo na verdade que é capaz
De ter nas mãos; suave e manso ninho,
O dia mais audaz, em sonho e espinho
Além do quanto pude e não me traz
Esbarra no cenário mais tenaz
Gerando outro momento mais daninho.
Extraio dos meus sonhos algum canto
E quando num segundo eu me agiganto
Marcando com ternura o quanto havia
Ainda de esperança dentro em mim,
Preparo mansamente ainda o fim,
Na face mais alheia e até vazia.

990


Em tudo já me encanta esta verdade
Embora dolorida e até cruel,
O velho caminhante sempre ao léu
Agora encontra enfim a claridade,
E o todo noutro rumo se me invade
Tentando ser deveras mais fiel
Encontra tão somente o seu papel
E nele novo encanto ainda agrade,
Aonde poderia haver um grito
O quanto deste sonho necessito
Apenas por sentir outro momento,
Vencido companheiro da ilusão,
Somente abrindo inteiro o coração,
Entregue sem defesa ao forte vento.


991

Quando mal me sustinha em ermo espaço
Traçando a solidão a todo instante
Apenas o sombrio mar garante
O quanto dentro da alma sigo baço,
Vagando a cada passo aonde traço
Um rumo mais sombrio doravante
Esbarro nos meus erros, degradante
Marcado pela angústia e vão cansaço.
Resumo meu caminho no vazio
E quando algum momento eu desafio
Encontro plenamente a solidão,
Depois de tanto tempo em louca espera
A vida noutra face degenera
E marca com terror todo o verão.

992


Tombando minhas pernas em plena queda
O rústico desenho da esperança
Enquanto no vazio ora se lança
Apenas a mortalha hoje me enreda,
Saudade na verdade toma e seda
E traça outro caminho em vaga andança
E aonde poderia a confiança
Cenário noutro rumo se envereda.
Vestindo esta tormenta invés do sonho,
O quanto no meu mundo decomponho
Marcando com terror o quanto pude
Vencido pelo anseio e nada além,
Somente este passado ainda vem
E nele decomposta juventude.


993


Minha alma dolorida representa
Apenas o vazio que carrego,
Mergulho sem defesas no meu ego
E a sorte se mostrara virulenta,
O quanto da verdade me acalenta
O passo neste rumo torpe e cego,
Ainda sem sentido algum navego
E o tempo noutra face se incrementa,
Vestindo esta ilusão, não resta nada
Somente a mesma face degradada
Do quando imaginara e nunca havia,
Vencendo os meus enganos, sigo em frente
E quando este cenário se apresente
Marcando com terror o dia a dia.


994

Sequer poder achar algum alento
Depois da tempestade, sem bonança
A sorte no vazio ora e lança
E bebo tão somente o sofrimento,
E quando alguma messe; ainda tento
O passo se perdendo sem fiança
Apenas mergulhando em tal lembrança
Minha alma noutro rumo que ora invento,
Esbarra nos cenários mais mordazes
Nem mesmo algum sorriso quando o trazes
Permite a claridade ou mesmo o sonho,
Aprendo com a queda e nada mais,
Envolto nos meus ermos funerais
O todo dentro da alma decomponho.


995


Na beira deste abismo, a queda eu vejo
E nada do que um dia quis existe,
Senão a solidão amarga e triste
Tomando a minha vida em vago ensejo,
Apenas o vazio onde porejo
O quanto poderia e não insiste
Marcando este cenário onde persiste
O corte em tom atroz, mero lampejo
O tanto se perdendo em tom sombrio,
O passo noutro rumo desafio
E chego finalmente ao fim da história,
A lua desenhada dentro em mim
Pudesse ser deveras ter enfim
Somente o mesmo ritmo da vitória.


996


Não via mais sentido no caminho
Vagando pela noite sem sentido,
E o quanto deste encanto presumido
Expressa o meu delírio, mais daninho,
Encontro tão somente em cada espinho
O corte noutro rumo pressentido,
E o gesto mais audaz eu dilapido
Enquanto da esperança eu me avizinho.
Vestindo a solidão já nada vejo
Somente o mesmo anseio e num dardejo
O rumo se pressente mais nefasto,
E quando noutra face; vida trama
Além do que pudesse em rastro e chama,
Dos ermos do passado hoje me afasto.


997


Entregue a tais quimeras nada resta
Senão a mesma face em tom sombrio,
O quanto do meu canto eu desafio
E a vida noutro rumo, marca e gesta,
A sorte tantas vezes mais funesta
O passo noutro intento, desvario,
E aquém do quanto pude, busco o fio
E a morte em desalento já se atesta,
Escondo-me dos erros contumazes
E neles outros dias tu me trazes
Marcados pela angústia e nada mais,
Esboço o descaminho a cada instante
E o todo noutra face não garante
Sequer outros diversos vendavais.

998


Nos rumos deste caos apenas isto:
Meu sonho se perdendo a cada passo
E quando um novo encanto eu tento e traço,
Deveras no vazio eu já desisto,
O canto aonde o sonho não persisto
Esbarra no cenário em torpe espaço,
Vencido pela dor, tanto cansaço,
Ainda noutro encanto em vão insisto,
Meu mundo desabando e nada veio,
Somente este cenário e num receio
O canto se traçando em tom atroz,
Esvai-se num segundo a fantasia
E o quanto deste todo poderia
Não sabe nem sequer a minha voz.


999


Sem ver sequer a luz nem mesmo o sonho,
O caos se percebendo a cada instante
O todo na verdade não garante
Senão este cenário mais tristonho,
E quando novo rumo até proponho
O sonho noutro enredo, delirante
Não sabe do vazio mais constante
E nem tampouco este ar duro e bisonho,
Escondo-me da fera atocaiada
E vejo a sorte agora demarcada
Nas ânsias contumazes, na quimera
E o quanto poderia ser feliz
Agora a cada instante se desdiz,
E apenas o vazio ainda espera.


1000


Meu sonho em triste amor apenas dita
O corte mais profundo dentro da alma
E o quanto poderia e nada acalma
Apenas da esperança necessita,
Escondo esta esperança mais bendita
E o todo se transforma aonde o trauma
Tocasse com certeza toda a palma,
A luz ainda volta e se permita.
Do quanto estraçalhara a tua ausência
Ao mar aonde vejo em tal ciência
A imensa claridade em tantos sóis,
Depois de tantos anos, solitário,
O amor noutro momento imaginário,
Ainda em claras luzes reconstróis.

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