domingo, 31 de julho de 2011

Arcando com os tantos desenganos
Que possam me trazer diversa aragem,
Trazendo o desencanto na bagagem
Mudando a rota mesmo dos meus planos,
Ousando acreditar nos ledos planos
Vagando sem sentido quando ultrajem
O tanto que pudera e da barragem
Acumulando sempre novos danos.
Negar qualquer vontade e crer no fim
No amor como princípio e tanto assim,
Erguendo o velho brinde que tentara
Enquanto esta emoção rondando a casa
Grassando o quanto possa e se defasa
A vida se transforma, rude e amara...




Não quero ser apenas o que um dia
Vencido pela luta quase insana,
Tocado pela fúria soberana
Vivesse o que decerto não veria,
O sonho se transforma em ironia
E a noite noutro rumo ora se dana,
A força que pudera sobre-humana
E o corte aprofundando esta agonia.
Meu passo se transcorre sem descanso,
E nada após o nada mesmo alcanço,
Vagando sem destino mundo afora,
No quanto poderia e nada veio,
Apenas nos meus olhos o receio
Que tanto quanto venha me devora.




Não sei dos meus momentos mais felizes
Tampouco os desenhasse: garatujas,
E quando na verdade tanto fujas
Deixaste no final tais cicatrizes,
O quanto dia a dia contradizes,
As mãos que percebera tanto sujas,
Os passos de um noctívago, as corujas,
E os versos entre enganos e deslizes.
Não quero acreditar no que viria
Tampouco presumisse novo dia
Aonde o que se fez já não persiste,
Olhando para trás nada mais vejo
Senão a velha sombra de um desejo,
Ou mesmo algum detalhe que despiste.

Na farsa costumeira de quem tenta
Sentir o mesmo tom, em medo e pranto,
O todo se desenha em desencanto
Bebendo sem sentido tal tormenta,
A luta noutro enredo se apresenta,
Vencido pelo caos nada garanto,
O medo se anuncia e deste tanto
Apenas o que resta violenta,
Não quero e nem tivesse melhor sorte,
Diverso do que tanto me conforte
O preço a se pagar é muito caro,
O mundo desabando dentro em mim,
Prenunciando agora o quanto enfim
Deveras poderia e não aclaro.

Não meço meus anseios nem procuro
Vencer o quanto possa o dia a dia,
Na trama mais dorida e tão sombria,
O verso traz um tom amaro e escuro,
O porto onde buscara ser seguro,
A sorte na verdade não viria,
A luta se desanda e o que porfia
Produz este non sense e me torturo.
Ocasos entre tantas noites vãs,
A vida sonegando estas manhãs
Que tanto poderiam redimir
Quem sabe no final, apenas trace,
No olhar mais delicado a nova face
Moldando com firmeza o que há de vir.





Já não coubera mais alguma luz
Aonde o que se vira demonstrasse
Apenas o vazio em desenlace
Enquanto o passo rude reproduz,
Vencer o quanto resta e se me opus
O mundo noutro tom já desabasse
Realço cada verso ou mesmo impasse
Tentando o quanto tenha em medo e cruz,
O corte, a solidão, a fúria e o medo,
Ao todo que deveras me concedo
Não tendo mais saída, sigo em frente,
No quanto poderia ser bem mais
Vivesse o que deveras demonstrais
Enquanto esta esperança enfim se ausente.

Não mais que meramente fiz meu sonho
Nas tramas tão sutis de quem outrora
Bebesse a solidão e já se ancora
No quanto poderia e até proponho,
Vivendo esta emoção me recomponho,
A luta noutro ponto desarvora,
O prazo terminando e desde agora
Nas furnas mais diversas eu me enfronho.
Apenas solidão e nada mais,
Os dias são deveras tão banais
E os erros contumazes repetidos,
Os olhos procurando este horizonte
E nada ainda trace nem aponte
Somente os meus anseios esquecidos...



Não quero ser apenas outro engano
A vida não traria melhor sorte
A quem deveras tente e não comporte
Sequer o quanto molde noutro plano,
E sei que na verdade se me dano
O peso traduzido em talho e corte,
Não tendo quem de fato me suporte,
De nada sem firmeza eu não me ufano,
Ousasse pelo menos ter no olhar
O brilho que jamais esqueceria
Vencendo esta incerteza mais sombria,
Gerando o quanto pude desejar,
No tempo aonde a vida diz do nada
A sorte com certeza e em vão, lançada.



Negar o quanto tenha e ser assim
Somente um resto vivo da esperança
Que quanto mais além do sonho avança
Traduz a cada passo mais meu fim,
O mundo se perdera dentro em mim,
Apenas resta na alma esta lembrança
Do quanto se percebe em vã fiança
Marcando desde sempre algum motim,
Minha alma tão cativa do que busco,
O passo mesmo sendo tão mais brusco
Vencendo estes rochedos, estas penhas,
E sei que no final quando tu venhas
O canto se tramasse em magnitude,
Porém o grande amor só desilude...


Não mais que meramente vejo a espera
Gerando o quanto possa e se porfio,
Apenas vejo o mesmo desafio
Que tanto quanto fere destempera,
A vida se fizera tão austera
O sonho se perdera mais sombrio,
E o coração decerto tão vadio
Galgasse outra emoção, rude cratera,
No prazo demarcado pela sorte,
O tanto quanto pude e não se veja
A cada novo engodo outra peleja
Embora o meu caminho desconforte,
O risco se anuncia a cada esquina,
E a luta simplesmente me fascina.

Já não comportaria uma esperança
Aonde o meu caminho se percebe
Na ausência do que possa em mansa sebe
Viver o quanto quero e em paz se lança
A vida não suporta a temperança
E quando outra lufada em paz recebe,
Meu verso sem ternura se concebe
Enquanto o descaminho ora me alcança,
Não sendo de tal forma costumeira
A sorte que talvez ainda queira
Vencendo os dissabores mais frequentes,
O medo de seguir e ter no olhar
Seara que pudesse desvendar
Enquanto dos meus braços já te ausentes.

Que “a vida vem em ondas” sei tão bem
E o vento agora espalha cada sonho
No quanto poderia e me proponho
Vencendo tão somente este desdém,
Não sei do que deveras mais convém,
Somente no vazio se me enfronho,
Eu bebo deste fardo tão medonho
E sei quando a verdade já não vem,
Meu passo se resume em mera queda,
A sorte mais diversa se envereda
Nas tramas que pudessem desenhar
Além da mera farsa que me trazes
A vida noutros cantos mais audazes,
E o tempo noutro enredo a se mostrar.




Já não mais concebesse soluções
Tampouco as velhas tramas de um passado
Há tanto sem sentido, abandonado,
E nele os mesmos erros que propões,
As tramas em diversas dimensões,
O quanto poderia e já me enfado,
Vivendo tão somente lado a lado,
Em todos os caminhos, direções.
Restauro os velhos erros e procuro
No tempo mesmo atroz ou inseguro
Um canto que pudesse me apoiar,
Já nada mais concebo e se desisto,
O fato se percebe e sei quando isto
Renega o quanto tente decifrar.

Marcando com a sorte o dia a dia
Reveses enfrentando simplesmente,
E quanto na verdade o mundo mente
A luta noutro tom se moldaria,
Versando sobre a farsa que porfia
E gera outro caminho imprevidente,
Tomando este cenário plenamente
Vagando aonde nada mais havia,
Procuro pelo menos um descanso
E quando na verdade nada alcanço,
Tocado pelas teias do que há tanto
Vivera e poderia mesmo crer,
Ainda tenha o mundo para ver,
E nisto sem temor algum, me encanto.

Não sei se possa crer no que virá
Nem mesmo o quanto a vida determine,
O verso noutro passo me fascine
E a sorte se anuncia aqui ou lá,
O preço que este mundo cobrará
O rumo quando o tempo desatine,
Ao sonho quando venha já decline
Uma alma que decerto o buscará.
Não quero ter somente este vazio
E sei que a cada instante me recrio
E venço os temporais e tempestades,
E quando se aproxima o fim do jogo,
Ardendo dentro da alma fúria e fogo,
Aos poucos sem sentido, me degrades.





Não tento acreditar ser mais plausível
Um passo rumo ao tanto que não veio,
O olhar se perde além ausente e alheio,
O mundo não pudera ser mais crível,
O quanto se fizera indivisível
Gerando tão somente em devaneio
O preço a se pagar traz o receio,
E o medo mais palpável, tão sensível,
Ousasse nas vertentes do riacho,
O quanto se perdera e não mais acho
Somente rastros ledos, vida em vão.
O todo se aproxima do final,
A vida se presume em ritual
Que possa ser além do mesmo não.

Reparos que este tempo produzisse
Numa alma sem defesas, simplesmente,
O quanto do passado ora evidente
Transcende na verdade esta mesmice,
O amor então se faz pura tolice,
E o quanto ainda tenho toma e mente,
Matando o quanto possa em permanente
Vagar sem ter sequer o quanto visse.
Não quero ser apenas outro estorvo,
Minha alma crocitando, amargo corvo,
Prenunciando o fim em rude agouro,
E sigo sem saber qualquer paragem,
O sonho se consiste em vã miragem,
O barco já não tem ancoradouro.

A vida traz em si tantas marés
E sei que na verdade o que viria
Transforma todo amor em ventania
E toma nossa vida num viés,
O barco sem timão, ledo convés,
O tempo noutro enredo, hipocrisia,
E sinto quanto possa e não teria
Ainda me prendendo em tais galés.
Os sonhos mais diversos, versos, vida.
A sorte tantas vezes repartida
E o corte se aproxima da raiz,
Aonde pude ver um raro brilho,
Somente sem apoio agora trilho
Enquanto esta rotina contradiz.

Não tive nem sequer qualquer momento
Que tanto poderia me trazer
Além do quanto reste em raro alento,
Alguma nova fonte de prazer,
O passo quando busco e mesmo tento,
O rude delirar a se perder.
Não quero simplesmente ter apenas
A farsa que me trazes e sorris,
Enquanto na verdade me condenas,
A vida vai seguindo por um triz
Pudessem horas mansas e serenas,
Mas vejo tão somente a cicatriz,
O amor que se pensara tatuado,
Nos cantos do meu sonho está jogado...



Não quero acreditar no que viria
Tentando nova sanha ou se perdendo
Neste cenário turvo, sem adendo,
Marcado pelo medo, uma agonia.
O vento gera enfim a fantasia
De quem noutro momento concebendo
O tempo mais feliz e nada vendo
Apenas ilusão dominaria.
Nos velhos descaminhos de um poeta,
A vida simplesmente se completa
Marcada pelo corte mais profundo,
E o medo de seguir em plena guerra
A velha solidão que o peito encerra
Moldando o quanto em dores já me inundo.

Não tente e nem perceba novo sol,
A vida não permite, pois brumosa,
E quando outro caminho se antegoza
Apenas ilusão toma o arrebol,
Ainda quando a sorte em raro escol
Tramasse uma emoção bem mais airosa,
A sorte se mostrando caprichosa,
Cegasse em noite escura sem farol.
Os holofotes mudam direção,
Os dias na verdade mostrarão
Resumos do que fora uma esperança,
Nos erros costumeiros de quem ama,
A luta se anuncia em rude trama
E o tempo em sofrimento vão se lança.

Querendo pelo menos ter o sonho
Que possa impulsionar outro cenário,
O verso se moldara necessário,
Mas sei que pouco a pouco o decomponho.
E quando no vazio enfim me ponho,
Do tanto que pudera vil corsário,
Um canto muito além do imaginário,
Vencendo o dia a dia este enfadonho.
E mesmo que se veja na rotina
O quanto outra versão já determina
Não pude e nem tentara crer no fato,
E sei do quanto a vida se desdenha,
Na sordidez amarga e tão ferrenha,
Apenas o vazio em mim constato.




Repare cada estrela e veja bem
O brilho que reflete teu olhar,
Nas ânsias novamente a te tocar,
O amor quando deveras sempre vem,
E o prazo determina o que também
Gerasse noutro encanto a divagar,
Vontade de sentir e imaginar
O todo que de fato amor contém.
Os erros são comuns, mas mesmo assim,
Estrela constelando dentro em mim,
Num ato mais audaz e mais suave,
O verso me liberta e em suas asas
Vagando muito além no quanto aprazas
Minha alma libertária feito uma ave.

Não mais que versos tristes ou doridos
Os olhos percorrendo algum espaço
E neles tão somente o quanto traço
Expressa os dias rudes percebidos.
Ainda acesas todas as libidos
O amor se presumindo passo a passo,
Aonde se pudera mais devasso,
Impera sem temores, os sentidos.
Os cantos entre acordes e sonatas,
Enquanto calmamente me arrebatas
Bebesse cada gota do desejo,
E vendo tão somente a cada ensejo
Sem medo nem temores ou bravatas
Além do que decerto ora prevejo.

Vestígios de uma vida sem proveito,
A lenta caminhada se permite
Trazer o quanto reste no limite
Do sonho onde o corte não aceito,
Vencido pela angústia, novo pleito,
A vida sem ternura se acredite
Gerando o que decerto delimite
O mundo noutro engano, rude efeito.
O prazo se aproxima do seu fim,
E tendo esta esperança de onde vim
Não mais emoldurasse nova farsa,
O canto em desatino, noite afora,
O amor que sem sentido me apavora
E a sorte se tornando tão esparsa...






Ainda que se faça com justiça
O temporal expressa este tormento
E quando presumindo o desalento,
A vida se tornando movediça
E quanto mais a sorte se cobiça,
E quanto mais a paz em vão eu tento,
Maior dentro desta alma o sentimento
Da luta que deveras tanto atiça.
O rude caminheiro mal percebe
Os velhos espinheiros desta sebe
E segue sua sanha mesmo assim,
O tempo se esgotando, nada traz,
Somente a mesma face tão mordaz
Que trago resguardada dentro em mim.

Ouvisse qualquer tom do que se faça
Mudando totalmente a direção
Do passo que se perde, mesmo em vão,
A vida se esvaindo em tal fumaça.
A sorte mesmo quando fora escassa,
O verso sem trazer a dimensão
Dos dias que deveras poderão
Buscar o quanto a vida tenta e traça.
Exaltas os momentos mais felizes
E sei que na verdade contradizes
Os ermos de minha alma em tal litígio,
Do amor que se fizera pleno e meu,
O rastro noutro engano se perdeu,
Não resta no final sequer vestígio...

Num átimo mergulho nos meus sonhos
E bebo cada gole do vermute
Que na verdade apenas já permute
Os passos entre tantos enfadonhos,
Os dias são deveras mais tristonhos,
E quando a sutileza repercute
No tanto que pudera e não se escute,
Resultam nos engodos tão medonhos.
Apresentando apenas o que um dia
Gerasse dentro da alma em sincronia,
Meu verso não teria qualquer luz,
Apenas o sentido se perdendo
Num quadro que refaça este remendo,
E ao nada neste instante me conduz.




Não quero e nem tivesse a pretensão
De ter além do cais qualquer paragem,
Amor se faz apenas qual miragem,
Não tenho nem sequer leme ou timão,
Vagando pela imensa sensação
Do quanto poderia em tal visagem
Restando dentro da alma a mera aragem,
Ousando ter somente o velho não.
Quisera desta forma ser além
Do pouco quando traço ou mesmo vem,
Grassando nos vazios da esperança,
O passo sem sentido e sem proveito,
E o quanto poderia, mesmo aceito,
Mas sei que tanta luta ora me cansa.

Os sonhos adentrando céu e mar,
A luta se refaz a cada instante
E o quanto se fizera degradante
Não deixa nada mais em seu lugar,
O mundo se apresenta e doravante
Restasse tão somente em vão sonhar,
E sei que na verdade irás notar
Semente que o futuro não garante,
Nesta aridez do estio permanente
Inútil serventia, tal semente,
Jogada sobre as pedras, os rochedos,
O tempo se anuncia em turbulência
E quando a vida trama em impotência
Apenas restariam meus degredos.

Não mais se vendo a sorte desejada
Nem mesmo o quanto queira uma alma em paz,
O todo no vazio se desfaz
E resta deste tanto quase nada.
Olhar buscando além outra alvorada
Somente o que inda trago satisfaz
E possa sutilmente ser capaz
De ter em minhas mãos o que se evada.
Não tive e nem teria o privilégio
De um dia mais sutil, num sonho régio,
E apenas restaria o quanto sou,
O vento me levando para além,
Apenas o não ser deveras vem,
Colhendo tão somente o que restou.

Não quero mais o afeto de quem mente
E traça algum futuro inalcançável,
O grão que poderia cultivável
Agora se abortando tão somente.
O verso no que um dia se apresente
O canto quanto muito interminável,
Apenas o momento onde sondável
O passo no vazio se pressente.
Ocasos entre quedas e temores,
Seguindo mansamente aonde fores
Tentando coletar rastros de ti,
Vivesse pelo menos um afeto,
Mas quando em tais tormentos me repleto
Percebo que este jogo eu já perdi.

O tédio dominando, esta rotina
Que tanto me maltrata a cada dia,
E tudo o quanto queira e poderia,
Apenas o vazio determina,
Ainda vejo a sorte cristalina
Regendo cada sonho em alegria,
Buscando na verdade a sincronia,
E nisso outro momento vaticina.
Não pude perceber qualquer saída
E sinto a mesma face resumida
Nos erros contumazes de quem busca,
Vencido pelo engano nada faço,
Somente este caminho mesmo escasso,
Que a sorte rotineira agora ofusca.

Jamais se fez do sonho uma promessa,
Bem sei das reticências que me dizes,
Ainda tendo na alma cicatrizes
Do todo aonde o passo em vão tropeça,
E quando a mesma história recomeça
Encontro no final claros deslizes
E sigo procurando outros matizes,
Mas sei do quanto a vida dita em pressa.
Marcantes fases tramas e no fim,
Vazio se apodera então de mim
E o verso sem sentido e sem proveito,
Ocasos entre os velhos sonhos ledos,
A vida traz em si toscos segredos
E mesmo sem sentido algum, a aceito.









A vida preparando uma surpresa
Expressa o quanto quero e mesmo estimo,
E quando um verso traça um raro mimo,
Eu sigo procurando a sutileza
De um tempo aonde veja com leveza
O tanto que desenho e me aproximo
Da rara cordilheira e no seu cimo
Percebo o quão sublime é tal beleza.
O mundo se anuncia em claros tons,
E tendo a sensação dos dias bons,
Enquanto a própria sorte nos ufane,
Viceja em florescência a primavera
E nisto o que se encontra em brilhos gera
Iridescente mundo em Cristiane...


Não mais que meramente a vida possa
Traçar outro caminho e ser bem mais
Do quanto poderia sem jamais
Perder o que em verdade tudo endossa,
A luta se anuncia em cada troça
E o verso se aproxima e tu distrais
O olhar entre os caminhos desiguais,
Tramando o quanto pude e se destroça,
Não cabem dentro da alma mais os sonhos,
Nem mesmo os dias rudes e enfadonhos,
Apresentando além alguma fonte
Que possa traduzir felicidade,
Porém quando a tormenta vem e invade
Somente o dia a dia desaponte.

Não quero e nem talvez mesmo quisesse
Saber do descaminho mais frequente
E quando uma vontade se apresente
Não tenho e nem teria a rara messe,
E sei do quanto a vida me entorpece
Gerando o que alucina e toma a mente,
No ocaso se mostrasse plenamente
Apenas o que tanto me enlouquece,
Vestígios de uma sorte que não veio,
O mundo segue em rude devaneio
Traçando o quanto possa num futuro
Diverso do que o sonho permitira,
Gerando dentro da alma esta mentira
Que aos poucos noutro engodo, configuro.

A voz que se imagina suavize
O tempo mais atroz que tanto sinto,
E o canto presumindo o quase extinto
Cenário que deveras preconize,
Ainda que esperança ora agonize,
No fundo mal percebo o velho instinto,
E sei deste momento mais distinto
Gerado pelo engano em vão deslize.
Não mais que meros tons grisalhos; vejo,
E sei do quanto a vida a cada ensejo
Jamais se permitisse ter no olhar,
O brilho deste imenso sol que nasce
Mostrando da esperança a clara face
Gerando o quanto pude imaginar.

Levando a minha luta até o fim,
Não tento vislumbrar o quanto venha
A sorte mais feroz, gera a ferrenha
Loucura que traduz o que há em mim,
O preço a se pagar, tanto ruim,
Denunciando a sorte que contenha
Palavra desairosa enquanto empenha
O mundo dita e acende este estopim.
O todo se desenha em tal mortalha
Enquanto sem sentido o canto espalha
E gera a solidão, pura e sombria.
Vagando sem noção a sorte trame
A mais diversa fúria em tal ditame
Que apenas noutro tom se mostraria.

Um vagabundo errante, coração,
Sem ter sequer paragem, busca apenas
Enquanto noutro engano me condenas
Viver cada momento, outra estação,
E sei do quanto possa mesmo em vão
Trazendo ao dia a dia duras penas,
E sinto quando vens e me envenenas,
Matando minha sorte desde então,
Apresentando enfim este non sense
Já nada mais de fato me convence
Incertas caminhadas vida afora,
Percebo esta ilusão atocaiada
E sei que no final restara o nada,
Enquanto a solidão pária devora.

Lagrimas quando vês o sofrimento
De quem se fez apenas sonhador,
No quanto deste nada refletor,
Apenas outro passo ora fomento,
Resumos de uma vida em rude vento,
O prazo determina e como for
Consigo perceber o redentor
Anseio que produza o sentimento.
Esqueço dos meus dias e me vejo
Nas tramas mais audazes do desejo,
Refaço a cada passo o meu destino,
E sinto em minhas mãos este cansaço,
O mundo se mostrara duro e lasso,
Enquanto o desengano eu determino.


A tua companhia com certeza
Traria algum alento, mas não vens,
Os olhos procurando raros bens
No sonho feito em clara sutileza,
E sei que da esperança sendo presa
Os dias quando nada agora tens
Expressam o não ser de onde provéns
Sem ter sequer no fundo uma surpresa.
As tramas enredadas nos meus sonhos,
Os versos mais atrozes e bisonhos,
Encantos desfiando em tons sutis
Presumo alguma luz, mas nada veio,
Somente o mesmo tom em devaneio,
Que há tanto com certeza não mais quis.

O sonho se moldando tão fugaz
Enquanto a vida mostra fugidia
Vontade de sentir o que viria
E sei que na verdade tanto faz,
Meu passo tantas vezes contumaz
A luta se propaga em rebeldia
E o verso quando em vão se mostraria
Gerasse o mesmo engano tão tenaz.
Oprimes com temores o que resta
Da sorte desdenhada em leda fresta
Funesta sensação do ser e ter,
Carpindo cada perda eu me atormento,
E solto a minha voz em pleno vento,
Sabendo que no fim irei perder.

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