quarta-feira, 28 de agosto de 2013

NÃO É PROIBIDO PENSAR



Como não é proibido pensar, uma coisa me chama a atenção e me preocupa muito, tanto quanto cidadão como também profissional da saúde.
Vivemos uma situação crônica, porém grave de ausência de atendimento primário de saúde pública no país. Isso é quase uma unanimidade entre os que lidam diretamente ou indiretamente com essa realidade.
A situação é de caos absoluto em mais de 700 cidades do país, ou seja, mais de 10% dos municípios.
Há uma reclamação com relação à falta de investimento público e essa é uma realidade, porém quando o governo resolve atender às justas reivindicações da sociedade,  conclamando a classe médica brasileira a diminuir esse caos pagando cerca de 15 salários mínimos, a resposta do CFM e da classe médica é de, além da negativa de aceitação da proposta, uma “revolta” orquestrada politicamente contra a própria população carente.
A situação é caótica e isso só não vê quem não tem olhos nem sensibilidade ou um mínimo de bom senso.
Acho muito interessante quando se publicam imagens de miseráveis famintos na África que são tocantes e realmente assustadoras.
A realidade das cidades sem atendimento primário de saúde se aproxima dessa realidade, com o agravante de termos recursos e número de profissionais que poderiam minimizar ou mesmo exterminar essa terrível face da injustiça social.
A vinda de médicos estrangeiros quando na negativa dos médicos brasileiros de participarem de uma melhora do atendimento básico de saúde é de vital importância para que essa realidade se modifique.
Mas, a reação da classe médica agredindo os que se dispõem a cumprir esse dever social que ela se nega a cumprir me faz pensar que, numa situação de emergência e essa é a realidade de 700 municípios brasileiros, como seriam recebidos os Médicos Sem Fronteiras e a Cruz Vermelha Internacional.
A morte de crianças e de doentes crônicos pela simples falta de assistência primária é calamitosa, e tão grave quanto a realidade dos famintos africanos.
Será que é esse o país que queremos?
Será que é esse o mundo que queremos?
HUMANITARISMO é isso?
Convido a quem não conhece, dar um pulinho e morar numa dessas cidades durante alguns meses para sentirem essa realidade mais de perto, antes de agredirem quem pode, na negativa da classe médica brasileira, dirimir esse sofrimento.
Será que pediremos REVALIDA aos médicos sem fronteira e à Cruz Vermelha?
A situação é de emergência amigos.
Somente isso...

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