sexta-feira, 13 de agosto de 2010

44901 até 45000

1


Aprendo vez por outra a dizer não
E tento até quem sabe disfarçar
A falta de costume em sonegar
O quanto se pensara, provisão.

E sei que destes dias não virão
Senão as tolas ânsias num vagar
Tomando de repente este lugar
Aonde procurara a direção.

Jazendo dentro em mim leda esperança
No quanto a vida nega e me afiança
A queda se aproxima e nada faço.

Percebo a mesma face desdenhosa
De quem ao fim da cena se antegoza
Mudando a todo instante qualquer traço.


2

Já não mais vejo o sol aonde um dia
Quisera tão somente a claridade
E quando esta incerteza ainda invade
O rumo noutro tom se mostraria,

Vencer a mesma e velha hipocrisia
E ter após a turva tempestade
O tempo mais suave onde se agrade
A sorte quando nunca a merecia.

Refaço o meu caminho a todo instante
E o quanto do futuro não espante
Quem sonha e se prepara para queda

Tramando novos cantos, nova prece,
Ao nada o coração, pois obedece
E aonde não se espera além enreda.

3

A mão que acaricia e tanto espanca
Já não consegue mais qualquer anseio,
Somente o meu caminho torpe e alheio
Enquanto a realidade se faz manca.

A vida deve ser sincera e franca
E desta forma nada mais receio
Cenário aonde tolo eu devaneio
Sangria desatada não se estanca.

Escárnios são comuns para quem ama,
E a fonte se transforma em mero drama
No fato de somente ser por ser.

Ainda que vislumbre algum futuro,
Apenas do vazio eu me asseguro,
Cansado de lutar ao bel prazer...

4

Descrevo com palavras o que sinto
Ou mesmo vou mentindo vida afora,
O corte se transforma e me apavora,
Mas nada mais sincero toma instinto.

O rumo procurado, outro, distinto
Do tanto conhecido aonde ancora
A vida quando o tempo desarvora
E com cara de pau, no fim eu minto.

Apresentando assim tal virulência
A vida se mostrando em sua essência
Não deixa qualquer dúvida e maltrata.

No quanto quis apenas mansidão
As horas se desnudam e trarão
Somente a mesma tez mais insensata.

5

Caleidoscópios trago dentro da alma,
A lama traduzindo a minha queda
E nesta solidão meu rumo enreda
E nada mais decerto ainda acalma

Escapo destas tantas armadilhas
As mesmas arapucas do passado,
O sonho na verdade sempre alado
Diverso do caminho que ora trilhas

Esboça reações onde não há
Sequer o que talvez soubesse cá
Do quanto pude ou tanto fingiria.

Cordeiro? Não serei; caro pastor
Apenas este tom libertador
Traduz o coração em romaria...


6

Chamegos delicados da morena,
Deliciosamente exposta e nua,
Assim a minha história continua
Enquanto a própria ausência me condena,

Vestindo a face audaz, esta alma amena
Berrando sem sentido sai à rua
E quando volta e meia vendo a lua
Aos poucos, mansamente se apequena.

Um temporário ser insano e vago,
Somente o que inda resta teimo e trago
Mostrando a caradura de quem sonha.

Morena foi embora e nunca mais
A lua trama gotas de cristais
E noite se mostrou leda e enfadonha...


7


A mando de quem ama e trama o rito
Eu tento outro caminho, mas não vejo
Senão a mesma face do desejo
Aonde na verdade não permito

E sendo de tal forma, eu necessito
Apenas de um momento mais sobejo
E quando a plenitude; ainda almejo
O que resta de mim; agora evito.

Jogado pelas ruas, noite insana,
O quanto ainda a vida aos poucos dana
Não deixa qualquer sombra do que fomos,

E tanto poderia ser diverso
Não fosse tão infindo este universo
Mostrando quanto frágeis seres somos.

8


Ao desodorizar meu pensamento
Limpando dos escombros do passado,
Permito um novo tempo vislumbrado,
Ou pelos finjo até que tento.

No quanto na verdade não lamento
O jogo sem vitórias encerrado
O preço pago dando o seu recado
Gerando tão somente esquecimento.

Partícipe da festa e do desmanche
A vida noutro tanto ora se manche
E marche para o nunca ou mais além.

Reparo nas estrelas e te vejo
Apenas com certeza algum lampejo
Enquanto a tempestade, eu sinto, vem...


9


Açoda-me a vontade de saber
O quanto já restara ali de mim,
E o pouco recendendo ao ledo fim
Não mais refletiria algum prazer.

Esboço o meu caminho e posso ver
O farto desenhar noutro jardim
Se a minha vida fora tão chinfrim,
Resgato noutra face o meu querer.

Escasseando assim qualquer vontade
Apenas demarcando o quanto invade
Nas cercas entre nós, as divisórias

Já não protegem mais dos sobressaltos
Meus passos continuam mais incautos
E as noites solitárias, merencórias...

10

Teclando há tanto tempo e imaginando
Diversidade aonde já não há
Esqueço o meu caminho aqui ou lá
E nisto sei decerto vez em quando.

Aos poucos noutro rumo me entranhando
Vasculho o que bem sei não mais virá
Apenas o vazio fadará
O tempo que buscara bem mais brando.

Girando o tempo traz a mesma face
E aonde quer deveras que se trace
A direção sem norte dita a regra.

Ficando bem quietinho no meu canto
Ao menos o silêncio; em paz, garanto
Enquanto a vida aquém se desintegra.


11

Tanta coisa por fazer
E decerto eu nada faço
Vou vivendo o meu prazer
Entre as tramas do cansaço,

Quando vi meu bem querer
Procurei logo este traço
E no fundo pude ver
Muito além de um bom regaço.

Sorte dita novo dia
E se tanto quero tê-lo
É melhor a fantasia

Com carinho e tanto zelo
Do que ter esta agonia
Traduzida em pesadelo...


12

Sorte tem quem a procura
Nada mais quero na vida
Do que tanto se assegura
Nova senda construída,

Revestido de amargura
Já não via mais saída,
Mas se amor traz a ternura
Minha história decidida.

Nada resta do passado
Nem tampouco pude ver
O cenário desolado

Feito em dor e desprazer
Quando estou enamorado
Irradia-se meu ser.


13


A querida fantasia
Noutro fato mais feliz
Tantas vezes me traria
O que um dia sempre quis,

Mas se traz esta agonia
Jamais peço um novo bis
E investindo na alegria
Meu caminho em paz eu fiz,

Sortilégio eu vejo tanto
E não temo a tempestade
Quando o passo; além garanto

Pelas ruas da cidade
A beleza de teu canto,
Sem defesas já me invade.

14


Minha amiga e companheira,
Por favor, preste atenção
Meu caminho já se queira
Neste rumo e direção

Tendo amor como bandeira
Nova e mansa sensação
Muito mais que verdadeira
Trama o passo em precisão.

Resumindo a minha sina
Neste fato mais audaz,
A presença feminina

Ilumina e sempre traz
A beleza determina
O cenário feito em paz.


15


Quando eu sinto o teu perfume
Dominando o meu jardim
Tanto amor já se resume
No princípio meio e fim,

Onde quer que em paz aprume
Bebo a sorte viva em mim,
E seguindo o raro lume
Plena paz encontro enfim.

Reparando mais um pouco
Penetrando o meu olhar
Onde me pensara louco

Vejo tudo transformar
E quem fora outrora mouco
Tua voz; quero escutar.


16

Por favor, jamais esconda
O que tens dentro do peito
Sei que amor não é qual onda
Vem e volta desse jeito,

E se tanto corresponda
Ao que quero e faço pleito
A saudade não responda
Nem sequer quando me deito.

Sendo assim somente teu
O meu mundo não descansa
Quando ao longe percebeu

O cenário em esperança
E se tanto faz em breu,
Sem temor algum se lança.


17

Onde vejo tantas luzes
Encontrara a direção
E deveras me conduzes
Com amor e precisão,

Refletindo em contraluzes
Os meus erros desde então
Já não quero mais as cruzes
Novos dias mostrarão.

Resumindo em verso e trova
O que posso ou mesmo quero
Tanto amor já se comprova

Neste canto mais sincero,
Lua sempre se renova
Traduzindo o quanto espero.


18


Já não quero mais promessa
Nem tampouco outro cenário,
Meu amor sempre tropeça
Noutra senda em tom mais vário

Quando a vida se confessa
E saindo deste armário
Meu olhar, pois se endereça
Ao caminho necessário

Feito em riso, gozo e festa
Desejando muito além
Do que tanto ainda resta

E se traça com desdém,
Sendo assim a sorte gesta
E traduz o quanto vem...


19

Toda vez sentindo a vida
Noutra face sendo feita
A palavra não duvida
E decerto ainda aceita

Resumindo a minha lida
Noutra cena se deleita
Traduzindo a despedida
Solidão já satisfeita.

Mas se tenho lado a lado
Quem eu quis e me quisera
Coração alçando alado

Qualquer muro ora supera
Seja num rico sobrado
Ou até nesta tapera.


20


Quando a sorte se traduz
Num caminho mais suave
O meu canto bebe a luz
E liberta-se feito ave

Nada mais do quanto eu pus
Mostraria algum entrave
Coração fazendo jus
Neste amor encontra a nave

E vagando pelo espaço
Infinito eu reconheço
E se ainda ali eu traço

O meu mundo em endereço
Caminhando passo a passo
Sem temer qualquer tropeço.

21

Quando o amor queria tanto
Ele nunca em paz me quis
E se agora eu me adianto
Procurando ser feliz

Noutro passo já garanto
Tudo aquilo quanto eu fiz
Teço em paz todo este manto
Mesmo em tom tristonho e gris.

Resumindo a minha história
Jorra em mim esta esperança
Muitas vezes merencória,

Mas decerto quando alcança
Traz nos olhos a vitória
E promete confiança.

22

Já não tenho mais queixumes
Sigo a vida desta forma
Onde quer que ainda rumes
O meu prumo se transforma,

Das montanhas, altos cumes,
Esperança dita a norma
E a vontade sem ciúmes
Com prazer ora me informa

O meu canto eu pude até
Desvendar com alegria
Neste amor intensa fé

E renova a cada dia,
Tão somente por quem é
Tendo tudo o que eu queria...


23

Desvendando no meu ser
Cada passo aonde eu tento
Procurando algum prazer
Aplacar o sofrimento

E se sinto esmorecer
Novo tempo mais atento
Mergulhando no querer
Entregando o peito ao vento.

Sei das horas mais felizes
E também das tão ingratas
Meus caminhos entre crises

E decerto me resgatas,
Mas se um dia contradizes,
Noutra face me maltratas.


24


Quantas vezes; mais feliz
Do que mesmo imaginara,
Ao traçar o que se diz
Noutro rumo outra seara,

A verdade por um triz
Num encanto se escancara
E o meu sonho eu peço em bis
Produzindo a noite clara,

Resgatando o quanto pude
Acreditar e mesmo ter
Renovando a juventude

Quando sinto envelhecer
Por amar tanto e amiúde
Desvendando este prazer...

25

Quantas vezes é preciso
Navegar entre procelas
E se tenho algum juízo
Não abrindo minhas velas,

Mas deveras prejuízo
Com o tempo me revelas
E o destino onde o matizo
Não traduz; em mim tais celas

Esperando na tocaia
Qualquer bote me envenena
A saudade sempre traia

E tomando toda a cena
Do meu sonho nunca saia,
Mas também já me serena.


26

Quantas vezes inda tenho
Que buscar felicidade
Onde o dia mais ferrenho
Traz o medo e me degrade,

Resumindo ainda venho
Na procura, intensidade
Deste amor em raro empenho
Traduzindo a claridade,

Quando audaciosamente
O meu canto foi feroz
Outro rumo se apresente

Novo rio, mesma foz,
Procurando calmamente
Não escuto tua voz.

27

O momento diz da pressa
E em verdade sei que tanto
Poderia e se tropeça
Noutro farto desencanto

O meu passo recomeça
Onde o fim em paz; garanto
Não querendo outra promessa
Nem tampouco medo e pranto

Levitando o pensamento
Procurando a calmaria
Se outro rumo enfim invento

Meu amor o tomaria
E matando o sofrimento
Clareando todo o dia...

28

A vontade é sempre estar
Ao teu lado, mas sei bem
Do difícil desenhar
Da saudade quando vem,

Bebo as tramas do luar
E no espaço sem ninguém
Só me resta imaginar,
E decerto um sonho tem

Quem se fez enamorado
Das estrelas e da lua,
Vendo o canto elaborado

Numa cena onde cultua
Restaurando o seu legado,
Também longe, além, flutua...

29


Quando amor chegara ao fim
Nada mais restando em nós
O delírio de onde vim
Transformado em duro algoz

Resumindo este jardim
Num cenário tão atroz,
Mortas flores dentro em mim,
Desatando nossos nós.

Reparando bem agora
O que tanto quis e nada
Traduzindo o amor devora

E resume noutra estada
A vontade onde se ancora
Noutra renda desenhada.

30

Tantos foram ledos dias
Entre os quais a solidão
Ao tocar o que querias
Diz somente deste não,

Vencedor em agonias
Novos tempos não trarão
Nem sequer as fantasias
Transformando a direção,

Resplendor imaginário
Hoje nada em seu lugar,
O meu canto temerário

Já ninguém quer escutar,
Sendo amor, este corsário
Onde eu posso me ancorar?


31


Quando busco no meu mundo
Qualquer sonho que inda possa
E se tanto me aprofundo
Esperança dita a troça

Venço o medo e ora me inundo
Na verdade tua e nossa
Coração tão vagabundo
Incertezas; sempre endossa

Sendo assim desde o começo
Eu não tendo mais sossego
Onde quero e num tropeço

Vou pedindo logo o arrego,
Mas se amor sabe o endereço
Dominando todo o apego.


32


Onde quis as tais respostas
E jamais me deste alguma
Entre mares, ledas costas
Nestas praias a alma escuma

E se gostas ou não gostas
O que tento se acostuma
Perco todas as apostas
E minha alma já se esfuma

Vago alheio ao que pudera
Transformar em solução
A saudade sendo fera

Traz deveras solidão
E no fundo o que se espera
Novos dias mostrarão...

33


Cada tempo onde te aguardo
Noutro tempo se transcorre
Quando amor supera o cardo
Traz o sonho que socorre,

Mas se vira mesmo um fardo
Não preciso nem de porre
Passo manso eu já retardo
Quando a vida além escorre,

Sigo as tramas do meu jeito
E não canso de sonhar,
Onde possa satisfeito

Enfrentando qualquer mar
Pelo sonho sendo aceito
Eu também desejo amar.

34

Ando sempre calmamente
Nas esquinas da emoção
Quando a sorte se pressente
Dita o rumo mesmo em vão

Sendo a vida esta inclemente
Não me deixa solução
Bebo amor, este aguardente
Sonhos raros nascerão

E se tento outro caminho
Entranhando sempre ao léu
O meu canto mais mesquinho

Gira feito carrossel
Vago além e vou sozinho
Destilando mel e fel.

35

Aguardando outro desfecho
Entre medos e prazeres
No vespeiro quando mexo
Logo cedo perceberes

Neste louco remelexo
Os meus sonhos e quereres
Vou partindo noutro trecho
E conheço os desprazeres.

Caminhando sigo em frente
E não perco mais o rumo,
Onde amor já se apresente

Noutro tanto em paz me aprumo,
Coração impertinente,
Da esperança bebe o sumo.


36

Comemoro sua vinda
Todo dia num momento
Onde a tarde se faz linda
E tomando o pensamento

O amor sempre nos brinda
Quando nele sigo ou tento
Caminhar em senda infinda
Ao sabor do manso vento.

Mas se tanto quero a paz
E somente vejo a guerra
Esperança se desfaz

A beleza ora se encerra
E a mortalha o tempo traz
Quando a sorte além desterra.

37

Meu amor buscando a estrela
Nela o sonho sempre guia
A vontade de revê-la
Dominando a fantasia

E pudesse concebê-la
Nas entranhas da alegria
Toda noite recebê-la
Com ternura e poesia.

Sendo assim um navegante
Sideral em rara luz
Onde o canto se agigante

E o cenário reproduz
A beleza doravante
Muito além do que eu propus.


38

Coração somente seu
Quando a vida quis assim,
O meu sonho concebeu
Universo inteiro em mim,

E se tanto mereceu
A florada no jardim,
Noutro rumo se perdeu
Bem distante de onde vim

Procurando a minha sorte
Quero inteira a claridade
E se tem quem me conforte

Percebendo o quanto invade
Traduzindo agora o norte
Neste mar: tranqüilidade...

39

Cada dia transformando
Noutro dia bem diverso
O meu sonho agora brando
De outro tempo mais perverso,

Ao trazer em contrabando
O que canto neste verso
Cada olhar se desvendando
Onde o meu em paz disperso

Caminhando sem temer
O que possa ou mesmo venha
Quem conhece o bem querer

Sabe a sorte mais ferrenha
Meu amor, o seu prazer
Bota fogo nesta lenha.


40

Onde fosse tanto minha
A vontade que é tão sua
A saudade perde a linha
Quando amor em paz atua,

E se tanto foi daninha
A verdade nua e crua
Hoje traz a rara vinha
Nela a sorte se cultua.

Vez em quando sigo alheio
Ao que possa parecer
E sabendo deste veio

Desvendando o bem querer
Esperanças eu rodeio
E no sonho passo a crer.

41


Tantas vezes nesta vida
Encontrei nas decepções
Uma porta de saída
Ou em novas direções

Caminhando em despedida
Sei do todo quando o pões
Na palavra vã perdida
Outros campos ou sertões,

O luar enamorado
Desce à terra e bebe o sonho
Tendo alguém sempre ao meu lado

O meu mundo é mais risonho
Solitário é que me enfado
No vazio, o barco eu ponho...


42

Toda noite ouvindo o canto
Da sereia que inebria
Bebo à farta deste encanto
Feito em luz e fantasia,

Sem temer qualquer quebranto
A vontade já se guia
Onde o rumo eu agiganto
Neste tanto em calmaria,

Verso além neste oceano
E navego em plenitude
Neste passo não me engano

Nem o sonho vão me ilude,
Mas no canto soberano
Mergulhei mais do que eu pude...


43

Coração batendo em festa
Reboliça o peito inteiro,
Novo amor quando se gesta
Semeando este canteiro

A palavra já se empresta
Ao meu sonho derradeiro
E se tanto quero desta
De outro canto não me esgueiro

Sigo assim sem ter nem medo
Do que possa acontecer
Neste encanto me concedo

E mergulho o meu prazer
Meu amor que desde cedo
Eu decerto o quis saber.


44

Quando o dia se fez noite
E bebi deste luar,
A saudade que me açoite
Não cansava de tocar

Na tocaia já se acoite
E procure desvendar
Onde quero este pernoite
Nunca pude me entranhar.

Vasculhado toda a casa
A vontade adentra a sala
O desejo quando abrasa

A loucura me avassala
E se tanto a vida atrasa
Meu anseio não se cala.

45

Sendo feito em fantasia
O meu verso se decora
Neste amor que todo dia
O desejo desde agora

Nada mais que esta alegria
No meu peito se demora,
Vendo a sorte que eu queria
Este cais em paz ancora.

Presumindo novo canto
Onde outrora fui também,
O meu brado eu adianto

E se tanto amor contém
Na verdade, eu te garanto
Meu amor te quero bem...

46

Vai desnuda a bela lua
Toma todo este horizonte
A deidade além flutua
Da esperança gera fonte,

O caminho continua
Onde tanto agora aponte
A beleza rara e nua
De quem cerzi em clara ponte

Vasculhando a claridade
Emanada em prata imensa,
O meu peito já se invade

Desta sorte que compensa
Sonho sonhos de saudade,
Quando em ti minha alma pensa.

47

Quando a vida se pretende
Noutro rumo, com certeza
A verdade não se estende
Onde a sorte fora presa,

Tanto amor a ti recende
E se eu sigo a correnteza
A minha alma já desvende
E decerto saia ilesa.

Caminhando contra a messe
No passado a queda eu vira,
O desejo se obedece

Acertando logo a mira,
E o futuro a vida tece
Bem distante da mentira.


48


Onde houvera despedida
Não mais quero outro caminho,
A saudade dita a vida
De quem segue e vai sozinho

Cultivando esta ferida,
Cada dia novo espinho,
Mergulhando onde duvida,
Na verdade já me aninho.

Quero apenas o clarão
Deste olhar, bela morena
E decerto mostrarão

Os meus dias cada cena
Onde a sorte em decisão
Com carinhos me serena.


49

Muito além destes cometas
Eu procuro quem eu possa
E deveras já prometas
A verdade sendo nossa

No caminho me arremetas
E a certeza ora se apossa
Nestas belas silhuetas
A vontade em paz adoça.

Marcado com tatuagens
Mais diversas cicatrizes
Onde quis novas viagens

Com certeza contradizes
Os desenhos são miragens,
E os meus olhos infelizes...

50

Muito além da ventania
Espalhando tanta areia
A verdade é quem me guia
Quando a vida devaneia,

A palavra fantasia,
Meia volta, volta e meia
Toma logo o dia a dia
E por vezes me rodeia,

Cavaleiro enluarado
Coração não tem juízo
Bate sempre acelerado

Muito mais do que eu preciso
Se pensar no meu passado
Só me dando prejuízo.


51

Ao desenhar em mim celestiais
Momentos onde eu possa estar contigo
E neste desejar tanto prossigo
Enquanto te querendo muito mais,

Vestígios destas noites sensuais
Adentram pensamentos, e persigo
A cada novo instante o manso abrigo
Que encontro no teu corpo, porto e cais.

Numa avidez complexa e tanto audaz,
Ao quanto amor além já satisfaz
Quem busca tão somente esta alegria,

Pudesse ter bem tal rumo aonde verso,
Bebendo num delírio este universo
Aonde cada ponto me irradia.


52

Os dias entre sonhos e delírios
Vagando por espaços muito além
Do quanto na verdade me contém
Tramando radiantes, belos círios,

E quando mais diverso dos martírios
Da fantasia sigo qual refém
E nada do que posso sem desdém
Impede este canteiro em rosas, lírios...

Viceja esta esperança e enquanto creio
Crisântemos brotando em devaneio
Brilhando este luar por sobre nós

Amar e ter suave e tenramente
O mundo que deveras se apresente
Traçando ao mesmo tempo rumo e foz.


53

Quem tanto nesta vida de poeta
Pudera acreditar noutro momento,
Às vezes com certeza eu reinvento
O rumo aonde a sorte se completa,

Mas quando se percebe em voz concreta
A vida noutra face em raro alento
O canto se tecendo, um sentimento
Real perpetuando além da meta.

Eu quero acreditar e ter em mim
Inteira florescência de um jardim
Numa primaveril suave, aragem,

Mas sei do fim da tarde em meu caminho,
E mesmo quando estou ledo e sozinho,
O pensamento cerzi outra paisagem...

54

Os dias entre tantos são compostos
Por mais ou menos luzes e temores,
E sendo da maneira como fores
As dívidas traduzem tais impostos,

Os cantos noutros rumos já dispostos
E os olhos procurando novas cores,
Mergulham em diversos tons, sabores
De mundos noutro mundo agora postos.

Ascendo ao mais disperso dentro em mim,
E tanto quanto quis do camarim
Apenas uma cena mais feliz,

Espúrias noites tento nova luz,
Ao nada cada passo ora conduz
Neste universo amargo que eu não quis.


55

Viver e tão somente esta ilusão
Acalentando a vida em dores feita,
A noite desdenhosa se deleita
E traça a cada dia outro senão,

Os olhos noutros cantos não terão
Sequer uma vontade satisfeita,
Mergulho no vazio e esta alma deita
No mesmo duro espaço, sempre em vão.

Restando para mim apenas isto:
O fato pelo qual teimo e persisto
Superações distintas; reconheço.

Do todo imaginário; mera sombra
E o quanto que vivi; revejo e assombra
O amor se faz somente um adereço.

56


Apenas tão somente este tormento
Ditando cada instante em vida vã
E nada se verá noutra manhã
Ainda que diverso, o pensamento.

E quando caminhar, ainda tento
Vencendo a minha sorte tão malsã,
A vida se perdendo neste afã,
O olhar seguindo mesmo desatento.

Marcando a minha pele, a solidão
Transforma tantos dias que virão
Num só desenho torpe, caricato.

Assim mergulho e tento do passado,
Algum momento em paz e, vislumbrado,
Tentado inutilmente, não resgato...


57

O quanto se perdera nesta vida
Sem ter qualquer promessa de futuro
Somente o sortilégio eu te asseguro,
Enquanto a morte vejo empedernida.

Pudesse desvendar outra avenida
Num átimo um mergulho neste escuro,
E quando novamente em ti procuro
Não vejo nem sinais de uma saída.

Resumo o meu destino em solitária
Vontade de vencer a temerária
Rapina que rondando dia a dia,

A cada novo instante se aproxima,
Ainda quando mudo esta auto-estima
O crocitar em torno já se ouvia...


58


O todo noutro instante se perdendo,
Cenários tão diversos, mesma peça
O quanto deste passo em vão tropeça
Gerando após o nada algum remendo.

Assegurando o olhar medonho, horrendo
E nele cada espaço se confessa
Vestindo a face escusa e me endereça
Ao nada noutro nada se fazendo.

Esqueço qualquer luz porquanto cego
E vago noutro rumo onde me entrego
Sabendo soberana a hipocrisia.

O amor quando amortalha, talha e corta
Somente a solidão rondando a porta
Decerto a cada instante aumentaria...


59


O coração se faz em lua nova
E tenta novo rumo no horizonte,
Embora na verdade desaponte
O canto a cada instante se renova.

O amor quando da dor somente prova
Arrebentando logo qualquer ponte,
Não deixa que se veja qualquer fonte,
Prepara tão somente a fria cova.

Restauro o meu caminho quando eu posso
Depois de ver no espelho este destroço,
Ainda tento além um novo encanto,

São meras ilusões de um visionário,
Meu prumo se perdendo, é necessário
Sonhar, mas nada além tento ou garanto.


60


O quanto da esperança fora a meta
A ser, pois alcançada dia a dia,
E nesta face escusa eu poderia
Tentar sentir aonde se completa,

Mas tanto no vazio ou na concreta
Realidade, o canto não havia
Nem mesmo a tão inútil poesia,
Soubera manobrar; precisa seta.

Esbarro nos meus erros mais vulgares
E logo se decerto tu notares
Verás somente o rito mais atroz,

E nada do passado ainda trago,
Somente a solidão, e neste lago
Meu canto se perdendo em turva voz.


51

Ao desenhar em mim celestiais
Momentos onde eu possa estar contigo
E neste desejar tanto prossigo
Enquanto te querendo muito mais,

Vestígios destas noites sensuais
Adentram pensamentos, e persigo
A cada novo instante o manso abrigo
Que encontro no teu corpo, porto e cais.

Numa avidez complexa e tanto audaz,
Ao quanto amor além já satisfaz
Quem busca tão somente esta alegria,

Pudesse ter bem tal rumo aonde verso,
Bebendo num delírio este universo
Aonde cada ponto me irradia.


52

Os dias entre sonhos e delírios
Vagando por espaços muito além
Do quanto na verdade me contém
Tramando radiantes, belos círios,

E quando mais diverso dos martírios
Da fantasia sigo qual refém
E nada do que posso sem desdém
Impede este canteiro em rosas, lírios...

Viceja esta esperança e enquanto creio
Crisântemos brotando em devaneio
Brilhando este luar por sobre nós

Amar e ter suave e tenramente
O mundo que deveras se apresente
Traçando ao mesmo tempo rumo e foz.


53

Quem tanto nesta vida de poeta
Pudera acreditar noutro momento,
Às vezes com certeza eu reinvento
O rumo aonde a sorte se completa,

Mas quando se percebe em voz concreta
A vida noutra face em raro alento
O canto se tecendo, um sentimento
Real perpetuando além da meta.

Eu quero acreditar e ter em mim
Inteira florescência de um jardim
Numa primaveril suave, aragem,

Mas sei do fim da tarde em meu caminho,
E mesmo quando estou ledo e sozinho,
O pensamento cerzi outra paisagem...

54

Os dias entre tantos são compostos
Por mais ou menos luzes e temores,
E sendo da maneira como fores
As dívidas traduzem tais impostos,

Os cantos noutros rumos já dispostos
E os olhos procurando novas cores,
Mergulham em diversos tons, sabores
De mundos noutro mundo agora postos.

Ascendo ao mais disperso dentro em mim,
E tanto quanto quis do camarim
Apenas uma cena mais feliz,

Espúrias noites tento nova luz,
Ao nada cada passo ora conduz
Neste universo amargo que eu não quis.


55

Viver e tão somente esta ilusão
Acalentando a vida em dores feita,
A noite desdenhosa se deleita
E traça a cada dia outro senão,

Os olhos noutros cantos não terão
Sequer uma vontade satisfeita,
Mergulho no vazio e esta alma deita
No mesmo duro espaço, sempre em vão.

Restando para mim apenas isto:
O fato pelo qual teimo e persisto
Superações distintas; reconheço.

Do todo imaginário; mera sombra
E o quanto que vivi; revejo e assombra
O amor se faz somente um adereço.

56


Apenas tão somente este tormento
Ditando cada instante em vida vã
E nada se verá noutra manhã
Ainda que diverso, o pensamento.

E quando caminhar, ainda tento
Vencendo a minha sorte tão malsã,
A vida se perdendo neste afã,
O olhar seguindo mesmo desatento.

Marcando a minha pele, a solidão
Transforma tantos dias que virão
Num só desenho torpe, caricato.

Assim mergulho e tento do passado,
Algum momento em paz e, vislumbrado,
Tentado inutilmente, não resgato...


57

O quanto se perdera nesta vida
Sem ter qualquer promessa de futuro
Somente o sortilégio eu te asseguro,
Enquanto a morte vejo empedernida.

Pudesse desvendar outra avenida
Num átimo um mergulho neste escuro,
E quando novamente em ti procuro
Não vejo nem sinais de uma saída.

Resumo o meu destino em solitária
Vontade de vencer a temerária
Rapina que rondando dia a dia,

A cada novo instante se aproxima,
Ainda quando mudo esta auto-estima
O crocitar em torno já se ouvia...


58


O todo noutro instante se perdendo,
Cenários tão diversos, mesma peça
O quanto deste passo em vão tropeça
Gerando após o nada algum remendo.

Assegurando o olhar medonho, horrendo
E nele cada espaço se confessa
Vestindo a face escusa e me endereça
Ao nada noutro nada se fazendo.

Esqueço qualquer luz porquanto cego
E vago noutro rumo onde me entrego
Sabendo soberana a hipocrisia.

O amor quando amortalha, talha e corta
Somente a solidão rondando a porta
Decerto a cada instante aumentaria...


59


O coração se faz em lua nova
E tenta novo rumo no horizonte,
Embora na verdade desaponte
O canto a cada instante se renova.

O amor quando da dor somente prova
Arrebentando logo qualquer ponte,
Não deixa que se veja qualquer fonte,
Prepara tão somente a fria cova.

Restauro o meu caminho quando eu posso
Depois de ver no espelho este destroço,
Ainda tento além um novo encanto,

São meras ilusões de um visionário,
Meu prumo se perdendo, é necessário
Sonhar, mas nada além tento ou garanto.


60


O quanto da esperança fora a meta
A ser, pois alcançada dia a dia,
E nesta face escusa eu poderia
Tentar sentir aonde se completa,

Mas tanto no vazio ou na concreta
Realidade, o canto não havia
Nem mesmo a tão inútil poesia,
Soubera manobrar; precisa seta.

Esbarro nos meus erros mais vulgares
E logo se decerto tu notares
Verás somente o rito mais atroz,

E nada do passado ainda trago,
Somente a solidão, e neste lago
Meu canto se perdendo em turva voz.

61

O coração procura alguma luz
Em meio aos mais brumosos dias, quando
O sonho devagar, se aproximando
Aos braços de quem quero me conduz.

O quanto deste sonho já compus
E o peso novamente transbordando
Enquanto o meu delírio desenhando
Apenas a mortalha, e faço jus.

Reparo cada estrela e sem teu brilho,
Somente no vazio agora eu trilho
Vagando sempre ao léu, e sem destino.

Cansado de lutar inutilmente
A vida a cada instante volta e mente
No quanto em nada ser me determino.


62

Ainda que eu pudesse, não traria
Quem tanto em mágoas tece o ledo enredo,
E quando desta forma ora procedo
Matando dentro em nós a fantasia,

O passo se transborda em ironia,
E nisto com certeza o teu segredo
Consiste, mas também no desenredo
O canto se perdendo em sincronia.

Apenas vejo o mundo neste quase
E nele cada encanto se defase
Deixando tão somente alguma marca.

Aonde enfileirasse uma esperança
Nem mesmo alguma luz já me afiança
E a vida noutro rumo agora embarca.

63

Apenas no final restando o engano
De quem tentou vencer os seus terrores
E nada do que tanto eu quis ao pores
Os passos entre tanta perda e dano,

E quando mergulhando eu me profano
Tecendo este vazio e sem as cores
Aonde poderiam ver as flores,
Num ar bem mais suave e soberano.

Vasculho dentro da alma e nada veio
Somente um mesmo e torpe devaneio
Alheio ao quanto existe de verdade

E desta forma sigo ao nada quando
O amor noutro cenário se mudando,
A cada nova cena se degrade.

64


O quanto do meu todo foi sequer,
Exulta a minha sorte e nada trama,
Somente o vasculhar inda reclama
O todo que decerto, e se, vier...

Ao menos pude ver nesta mulher
O olhar entorpecido de quem clama
E traz noutro momento; espúria chama
Vivendo da maneira que quiser.

Repasso os meus anseios no teclado
E bebo cada gota do passado
Ousando acreditar noutro presente,

E vejo cada face em garatuja
Nesta alma desnudada podre e suja
Ainda que outro dia em paz eu tente...

65


O coração andando meio vago
Procura alguma louca em companhia,
E sabe da verdade onde se guia
O caminhar porquanto nada trago,

E sendo desta forma se me alago
A fonte com certeza não sacia
E marca com terror a fantasia
Enquanto cada espúrio esgoto eu drago.

Arrasto-me entre as pedras e penhascos
E entendo sem espanto tantos ascos
Marcando estes fiascos corriqueiros,

Aprendo com a queda, mas nem tanto
E quando uma mudança em mim garanto
Os erros retornando, costumeiros.

66

Seguindo cada passo em raro lume
Não tento outro caminho e se vejo
Ali no teu olhar o mesmo ensejo
Assim ao teu delírio eu me acostume,

Ainda quando a vida não se aprume
Nem mesmo qualquer luz, mero lampejo,
Arcando com momento malfazejo
Espero que esta dor tão logo esfume.

Acabo em consonância com a vida
E sei da mesma angústia da partida
Após outro tropeço, isto é normal.

Capacitando a sorte de outra forma,
Mecânica diversa me deforma
Cerzindo este caminho muito mal.


67

Já não comporto mais qualquer saudade
De tempos tão diversos do que eu sou,
E quando neste nada mergulhou
Uma alma com terror bebe o degrade

E sendo variável realidade
O passo noutro rumo se entranhou,
E o pouco deste tanto que restou
Recende totalmente à falsidade.

Negar o meu caminho e noutro rito
Tocar o quanto posso e necessito
Gerando alguma messe, mesmo vã

Presume outro desenho nesta vida
Marcada a cada passo e assim ferida
Já não veria em paz qualquer manhã.

68

Do tanto quanto pude e até senti
O olhar apaziguando o vendaval,
Pudesse na verdade outro degrau
Aonde o meu caminho leve a ti.

Procuro algum respaldo, mas não vi
Somente mergulhando em pontual
Momento noutro tanto desigual,
Do quanto imaginara desde aqui.

O verso se fazendo em controvérsia
A vida tão somente nesta inércia
Prepara-se ao final, e nada traz

Somente esta verdade corriqueira
E nela se destroça esta bandeira
Que um dia procurara apenas paz.


69


Pudesse em liberdade criar asas
E assim já me elevasse além do todo,
Vestindo a poesia sem engodo,
Andando sobre intensas, vivas brasas.

E quando na verdade tu te embasas
Nas ânsias mais atrozes deste lodo,
Eu sei que no final sempre me fodo
Enquanto noutro rumo não te atrasas.

Esperas confortáveis? Não conheço.
Apenas outra queda, outro tropeço
Na face desde sempre arrebentada,

E o pântano desta alma desprezível
Num canto mais feroz e corruptível
Traduz ao fim da festa o mesmo nada.


70


O pouco ou muito peso que carrego
Já basta para encher meu embornal,
E o quanto desta história é desigual
Massageando ou não enfim meu ego.

Espalho em cada canto onde me entrego
Sabendo desde agora de um final
Apenas meramente racional,
Mas sempre com certeza num nó cego.

Apascentar em mim cada demônio
E ter nesta visão sem pandemônio
Um dia mais tranqüilo em novos sóis,

Mas logo se percebe a realidade
E o quanto ainda resta ou teima e invade,
Depressa sem perdão, tudo destróis...



71

Falar do sentimento enquanto rude
Desenho faço e vejo neste espelho,
Enquanto ao mesmo nada me assemelho,
A voz por vezes tanto desilude,

Marcando cada passo eu nada pude
Senão este caminho onde o conselho
Jamais se traduzira enquanto engelho
Matando o que inda houvera em juventude.

Vivi e sei o quanto à vida eu fora
Esta alma tão audaz e sonhadora
Mergulha noutro rumo e já tropeça.

A vida se desnuda em tons diversos
E quando ousando até nestes meus versos,
Minha alma se perdera em tanta pressa...


72

Apenas ao medrar entendo o quanto
A porta não se abrira e nem pudera
A solidão devassa em tal cratera
E neste caminhar eu desencanto.

Respaldos noutro tempo não sei tanto
E nem qualquer momento onde se gera
A face mais atroz desta pantera
Bebendo cada gota sem espanto.

Aceno com um novo dia após
A queda desenhada dentro em nós
Porquanto a sensação é de outra forma

E neste emaranhado, perco a teia
Enquanto a morte chega e me rodeia,
Apenas meu olhar, quieto, deforma...


73

Abrasado caminho se desenha
Nas tramas eloqüentes de um anseio
E quando na verdade eu devaneio
A vida noutra face já desdenha,

Perdendo qualquer norte, sem a senha
E neste desenhar nada mais veio
Somente esta tormenta onde rodeio
A porta se emperrando mais ferrenha.

Acosso cada estrela e busco ainda
Quem tanto poderia e já se finda
Vagando noutro rumo, senda e luz,

Do pouco quanto resto neste mundo
Ainda noutro tom eu me aprofundo
Ousando enquanto a morte me seduz...


74

As ilusões são tantas. Passageiras...
E nestas alvoradas multicores
Bebendo com ternura teus albores
Depois talvez nem mesmo o sonho queiras...

Mas quando desfilando tais bandeiras
Sem nada na verdade contrapores
Cerzira dentro da alma várias flores
E nelas esperanças jardineiras.

Somente um ilusório caminhar
Entre os segredos todos, sem lugar
Algum onde descanse o pensamento,

Enquanto nada vejo e me alimento
Da fantasia tola e num momento
Apenas no jamais vou mergulhar.

75

Enleva-se em amor quem tanto quer
Além de meramente algum desejo
O risco mais atroz quando prevejo
Cenário sem um brilho a mais, qualquer,

Não tendo outro remédio, o que vier
Somente até quem sabe num lampejo
Traduz outro caminho benfazejo
Nas ânsias mais audazes da mulher.

Esbarro nos meus erros e persisto,
Enquanto na verdade sou malquisto
E sei da estupidez onde eu traçara

Esta alameda feita em esperança,
Aos pouco o meu passo já se cansa
E a noite não se faz jamais tão clara.

76


Sedento de vontades mais audazes,
Os cantos entre trevas tendo ainda
E quando a realidade se deslinda
Apenas outros ermos tu me trazes

A vida se refaz em novas bases,
Mas sei do quanto posso ou já se finda
Ousando na palavra a sorte brinda
Com passos tão espúrios quão tenazes.

Assisto à derrocada costumeira
De quem ainda além buscando, esgueira
E marcha contra a fúria das marés.

Vencido pela dor e tão somente
A cada nova ausência se apresente
A face mais escusa das galés...


77


O sonho a cada passo se definha
E o manto desvendado em tom nefasto
Traduz o quanto pude, mas me afasto
A sorte eu sei jamais seria minha.

A face verdadeira e tão mesquinha,
Mostrando o coração atroz e gasto,
Regendo o meu destino eu me desgasto
Na senda mais feroz e até mesquinha.

Resgates de outros tempos? Acredito
No quanto deste sonho diz do aflito
Desenho feito em treva e nada mais.

Estúpido poeta se perdendo
Aonde cada passo, outro remendo
Exposto sem defesa aos vendavais...


78

Reavivando assim esta lembrança
Aonde nada tendo, morro em nada,
A sorte sobre a mesa está lançada
O passo noutro instante nada alcança;

Pudesse ter ainda a confiança
Cerzida pela sorte e malfadada,
E tanto acrescentando outra esboçada
Penetra dentro da alma a torpe lança.

O corpo abandando e assim exangue
Recende ao charqueado, ledo mangue
E traiçoeiramente a vida embota

Presumo o meu final se aproximando
Num ar mesmo feroz, ainda infando
Ultrapassando em dor a imensa cota...

79


Jamais se calaria dentro em mim
Outro desejo feito em inclemência
Ainda quando a sorte, na ingerência
Da vida dita sempre o mesmo fim,

Um gole de conhaque, outro de gim
E a noite ultrapassando em turbulência
Gerando nova queda, e a consciência
Ditando desde então tal nada enfim.

Arcando com enganos tão frequentes
Ainda que deveras não me alentes
Eu sigo contra tudo e contra todos,

Marcando este caminho em tom sombrio
Enquanto cada passo já desvio
Adentro sem pensar imensos lodos...


80

Chegando mansamente à minha porta
Saudade faz da sua própria lei
E quando noutro instante te esperei
Felicidade aos poucos já se aborta.

Resumo o meu caminho no que importa
E tanto quanto pude o desenhei,
Marcando em solidão matando a grei
O pensamento ao nada me transporta.

Vestígios de esperança, nada tendo
Somente transcendendo este remendo
Escalo este vazio que acumulo,

Daí ao suicídio, mero pulo,
E quando mais audaz for me fazendo
Veneno em quantidade mor engulo.


81

O quanto desta vida trama o sonho
E nada mais deveras poderia
Senão a mesma face onde sombria
A sorte se tecendo em ar medonho

E quando noutro instante adentro e ponho
Minha alma nesta espúria poesia
O canto recendendo à fantasia
Expressa este caminho mais tristonho.

Vestindo a alegoria ainda pude
Talvez numa temível atitude
Acreditar e ver além da cena

A sorte desditosa e mesmo atroz
Ousando e mergulhando noutra foz
Enquanto a realidade me condena..

82

Mergulho nos teus braços e procuro
Apenas outra messe aonde o nada
Trouxera a dor decerto extasiada
No vago caminhar em tanto escuro.

Ainda que pudesse, e te asseguro
Seguir com mansidão a imensa estrada
Somente pelos sonhos, resgatada
Marcando com terror o passo obtuso.

A vida se transforma e num momento
Ainda busco o sonho onde alimento
A poesia e bebo até fartar.

Escuto os meus tormentos e vasculho
A cada nova queda um pedregulho
Até quando não posso mais lutar...

83

Não deixe nada, amiga pra depois
A vida não permite qualquer erro
E quando nos teus braços me desterro
Procuro este delírio entre nós dois,

O tempo sabe a sorte de quem é
E neste mergulhar imenso, intenso
No quanto amor nos guia sempre penso
E neste caminhar a minha fé,

O tanto que se pode ou mesmo mais
Não deixo de sonhar um só instante,
Ainda quando o passo me agigante
Eu quero desenhados tais cristais

Num risco arisco vejo outro futuro
E nele se encontrando o que eu procuro.


84


Palavra solta ao vento um dia alcança
Quem tanto busco agora neste instante
Assim o meu futuro se garante
Aonde o desejar decerto avança

E tendo novamente esta esperança
De um dia com certeza fascinante
Mergulho e prosseguindo doravante
A messe desenhada não me cansa.

Estimulando o passo rumo ao quanto
Pudera no momento onde me encanto
Riscando este oceano, poesia.

Desvendo os teus mistérios e segredos
E os dias que pensara apenas ledos,
O amor em toda sorte se daria...


85


Já não percebo mais a diferença
Do quanto te desejo e nada tenho,
Enquanto em meu caminho tanto empenho
Aonde nada mais tente ou convença.

Aprendo a desvendar a recompensa
No olhar onde deveras me detenho
E sei da maravilha deste engenho,
O amor onde decerto o sonho pensa.

E cruzo outro oceano dentro em ti
Mergulho em cada senda e já previ
Somente a fantasia em tom maior,

Depois de tanto medo eu me condeno
A ser junto e contigo, bem mais pleno,
Num dia novo tempo tão melhor...


86


Cedendo aos teus caprichos busco então
Deixar noutro horizonte o meu destino
E quando dentro em ti eu me alucino
Sabendo dos momentos que virão,

Amor supera medo e tradição
E neste desenhar eu determino
O dia mais suave e cristalino
Tomando sempre o rumo e a direção,

Cansado desta luta a vida inteira
A sorte a cada passo não mais queira
A velha companhia de quem sonha,

Agora te vislumbro e vejo em fim
A sorte dominando o meu jardim,
Aonde esta esperança flora e enfronha.

87

Procuro os teus sinais, cada vereda
Pudesse adivinhar e de onde estás
Somente a maravilha feita em paz
O passo noutro rumo se conceda.

Seguir sem sofrimento o que se tenta
Sentir com profusão em paz e gozo,
Caminho muitas vezes tortuoso
Encontra vez em quando outra tormenta.

Esqueço a minha voz, deixo a viola
O rito se transforma em plenitude
E sei o quanto amor já desilude
E neste atordoar, minha alma esmola

E sinto nada resta deste sonho
Senão este retrato tão bisonho.


88

Embalo nos meus braços quem um dia
Pudesse muito além de qualquer luz
E quando este cenário reproduz
O todo que deveras fantasia,

Seguindo cada passo à galeria
Encontro quem somente me conduz
E nada do passado aonde o pus
Pudesse me trazer melancolia.

Ouvindo cada canto mais suave
E neste delirar que nada agrave
O rito tão comum em paz e messe.

Assim depois de tanta solidão,
Eu sei dos novos dias que virão
E neles a esperança se engrandece.

89

Olhando atentamente vejo em ti
O quanto mais quisesse ou poderia,
Vivendo tão somente a fantasia
E nela, só por ela prossegui.

Estando tão distante, amor daqui
A noite se ultrapassa mera e fria,
Mas quando se percebe em sintonia
O amor gerando amor eu concebi.

Expondo a minha voz sigo liberto
E quando a solidão enfim deserto
Adentro este espetáculo fantástico.

A senda desenhada a cada passo
E nela na verdade me refaço,
Depois de tanto tempo quase espástico...

90

Estéticas diversas; dita a vida
E nestas variantes eu conheço
O passo sem sequer outro adereço
Curando com ternura uma ferida,

A sorte desvendada e assim urdida
Não deixa que se ocorra este tropeço
E quando me percebo assim do avesso
A rota nos teus braços concebida.

O quanto pude outrora e agora vejo
Traduz a imensidão deste desejo
Enfim já saciado amor, em ti.

E quando me pergunto como pude
Viver sem ter amor em plenitude
Que agora, e tão somente eu conheci.


91

O canto libertário me acompanha
E nada impedirá de acreditar
Ainda noutro instante, este luar
Deitando soberano na montanha

Desenha o que o futuro agora entranha
E segue com certeza a caminhar
E neste belo rumo a se traçar
A vida sempre além deveras ganha.

Eu quero ser feliz e isto não basta
A sorte jamais quis vê-la nefasta
Tampouco sem ser feita em tal partilha.

O amor que nos liberta e nos redime,
Decerto bem maior e tão sublime
E nele esta esperança sempre trilha.

92


Apenas o caminho onde conheço
A glória em perfeição e esta benesse
Aonde uma esperança se oferece
Sem ter sequer a queda nem tropeço,

Amor jamais seria um adereço
Enquanto outro cenário a vida tece
Marcando com ternura cada prece
E dela outro momento onde a mereço.

Jamais me calaria, pois omisso
O solo quando é feito movediço,
Apenas a incerteza ainda brade,

Eu quero a plenitude sem receio
E neste desejar tanto me ateio
Nas sendas da divina liberdade.


93


Escárnios já não posso e não suporto
O canto se apresenta solidário
Deixando para trás desnecessário
Caminho aonde a vida aquém deporto.

Ascendo à plena luz em liberdade
Vagando sem fronteiras nem correntes,
E quanto mais ainda te apresentes
Mais alto o coração decerto brade.

Visando outro momento mais feliz,
Arcando com meus erros, tão somente
O amor quando demais nada o desmente
E traz a cada instante o quanto eu quis.

Olhando para frente vejo enfim
O prometido céu, raro jardim.

94


Não pude desvendar qualquer segredo
Sem antes ter aberto o coração,
A via mais segura desde então
À qual a cada instante me concedo

Traduz a realidade noutro enredo
E nele se pressente a precisão
E os dias mais tranqüilos que virão
Deixando no passado este ar tão ledo,

Preciso encanto tem a maravilha
Do amor quando demais e se partilha
Ousando também ser feliz em paz,

E quando me percebo neste tom,
Perfume se entornando, raro e bom,
O aroma deste sonho, o vento traz.


95

Ao prestar atenção em cada passo
Aprendo mais um pouco sobre a vida,
Não vendo uma esperança despedida
O novo caminhar em mim eu traço,

E quero tão somente o forte abraço
Daquele que sabendo esta avenida
A ser a cada instante percorrida
Num firme desenhar, sobejo espaço.

Meu canto se entranhando em glória e luz
Ao quanto mais procura e se conduz
Revelações diversas ditam a alma,

Assim ao me entregar sem mais perguntas
As sortes desenhadas, sempre juntas,
E esta delícia em paz, decerto acalma.

96


Nada mais se tenta senão isso,
O risco de abandono noutra face,
Ainda que pudesse e se mostrasse
A vida sem um ar tão movediço

Diversa da que eu busco inda cobiço
Vencendo com ternura algum impasse
Mostrando cada dia aonde trace
O mundo em tão superno e raro viço.

Jamais me perderei deste caminho,
Enquanto se percebe mais daninho
O desencanto na alma que agora entranha

A morte não existe para quem
Sabendo da esperança e já contém
O que remove além qualquer montanha.


97

Conquista que se faz quase diária
A vida não deixando cicatrizes
Vencendo em calmaria tantas crises
Já não conhece além uma adversária.

Palavra tantas vezes necessária
Que enquanto o peito aberto amor tu dizes
Trazendo para os olhos mais felizes
A luz sempre presente e solidária.

Meu canto se procura noutro intento
E quando um novo sonho eu me apresento
Mergulho no infinito da emoção

Riscando cada espaço em luz suave
Deixando para trás o quanto entrave
A vida diz dos dias que virão.


98

O maior de tantos sonhos trago em mim
Alçando o meu destino a cada instante
E neste desejar que se adiante
O quanto se perdera noutro fim,

A vida nos trará o canto enfim
E neste desenhar o radiante
Desejo se fazendo novamente
Tramando outro delírio de onde eu vim.

Recebo o teu carinho e te proponho
Bem mais do que decerto qualquer sonho
E nesta maravilha feita em paz,

Eu vejo na amizade o libertário
Caminho para um mundo solidário
E nele cada passo é mais audaz.

99

Acertos entre os erros costumeiros
Desnuda solidão aonde um dia
O canto noutro intento poderia
Cevar com mais carinhos os canteiros,

Esclarecendo os ritos verdadeiros
E neles tanta luz encontraria
Quem sabe deste fato e moldaria
O canto noutros rumos, derradeiros.

Não deixo que se cale a voz do sonho
E quanto mais mergulho e mais me enfronho
Percebo plenamente esta ventura.

Risonha sorte dita o rumo quando
O mundo noutro canto se moldando
A liberdade assim busca e assegura.

100


São ermos os destinos de quem tenta
Ousar nesta amargura que tortura
Uma alma com certeza bem mais pura
Defronte à mais atroz e virulenta

A vida noutro tom já se apresenta
Enquanto a mansidão dita a ventura
E bebo deste sonho com ternura
E assim a minha estrada sem tormenta.

Apenas desvendar cada mistério
Ousando ter além de algum critério
O coração aberto e nada mais

Recebo o quanto posso oferecer
E tudo se moldando em tal prazer
Os libertários dias derramais.

Um comentário:

Regina Costa disse...

Saudade de ler vc. Li e gostei.

Beijo!

PS. Bem interessante a definição dO 'jeito Mineirim' de ser...

Vou procurar uma sobre ser carioca...