A liberdade é um dom? Creio que não.
A vida não permite por si própria
E quando a sorte nega ou mesmo imprópria
Gerando tão somente a solidão,
Errático cenário se apresenta
E nada do que eu possa ou mesmo queira,
Ousando ter além de uma roseira
Vencendo o quanto tente na tormenta,
Um ar que purifique e mostre a paz,
Apenas momentâneo, mas garante
O tanto que pudesse e doravante
Moldando o que talvez seja tenaz.
Um leve aroma invade a minha casa,
Mas sei que logo após, tudo defasa.
2
O sonho sempre dita o quanto a vida
Expressa em forma assim tão subjetiva
E mesmo que talvez já sobreviva
O tempo noutra sorte diz partida,
E a sombra de tal forma resumida,
Encontra o que pudesse e sei que priva,
No tanto sem sentido onde se criva
A roda da fortuna, destruída.
O pânico se espalha e desta forma,
O vergalhão adentra e já deforma
O que pudesse ter algum alento,
Mas vejo neste infausto o quanto é rude
O verbo quantas vezes nos ilude
E mesmo no passado ainda tento.
3
Na meritória sorte que permita
Ansiosamente ver outro cenário,
Mas sei do que se possa temerário
Enquanto não vislumbro outra pepita,
Assim o quanto queira e sempre agita
Um verso transcendendo ao meu fadário,
Do batistério o rumo temerário
Visão que se desenha mais aflita,
Rudimentar desejo em tom sutil,
O rumo que pudera e não se viu
Expressa o fim do sonho e nada mais,
Audaciosamente quis enfim
Os ermos que pudessem dentro em mim
Apascentar diversos vendavais.
4
Em desatino ou mesmo neste ocaso,
O rústico viver de quem sonhara
Gerando no final a velha escara,
O tanto quanto busco é mero acaso,
Ao fim de certo tempo e se me aprazo
O ledo caminhar não desenhara
Sequer a sorte audaz quando depara
A senda se transforma; assim me atraso.
Arcar com outros dias e tentar
Vencer as ironias de um destino
Aonde o que pudera desatino
E vago sem sequer saber se há mar,
Amar e ter deveras a certeza
De ser tão meramente leda presa…
5
Nas tramas mais diversas de uma vida
Jogada sobre as rocas e os penedos,
Os dias entre tantos desenredos
A morte noutro encanto não duvida
E a sorte sem saber do quanto acida
O tempo em mais diversos, vãos segredos,
Os olhos procurando além dos ledos
Cenários; outra luz já presumida.
Esgoto minha força e sei que nada
Gestasse uma esperança, mesmo quando
O teto da esperança desabando,
A casa desta forma destroçada,
Arcar com meus enganos? Muito além,
Beber o que deveras me convém...
6
Jorrando da alma a fétida impressão
De um lúbrico caminho em festa e gozo,
Mas quando se tentara em caprichoso
Cenário outro momento, um turbilhão,
No vórtice dos sonhos, a emoção
Ou mesmo este tormento pedregoso
O vento noutro fato temeroso
Explode rumo à velha direção,
O tanto que pudesse e me arrebate
Trazendo no final o xeque-mate
E abate em verbo e dor o quanto eu quis,
As peças sobre o velho tabuleiro,
Caminho se mostrando o derradeiro,
Levando a própria história por um triz.
7
Negociar a vida como fosse
Um passo muito além ou mesmo audaz,
Mas sei do quanto possa ser voraz
Quem tanto eu desejei ser agridoce.
Espúria farsa tece em agonia
O mundo que não posso mais seguir,
E o verbo se tornando um elixir
Marcando o que teimasse e não veria
Os olhos procurando no vazio,
A multifacetária provisão
E o medo quando o vejo; desde então
Apenas o passado ora recrio.
E bebo em lautos goles o que outrora
Tentasse adivinhar, mas nada ancora.
8
Entrego-me ao vazio e desde quando
Não pude discernir qualquer espaço
O mundo se desenha em embaraço
E o corte a cada passo se moldando,
Não vejo mais sequer o mundo brando
Aonde imaginara velho traço
E sem saber talvez do mero espaço
Meu canto se desenha em contrabando.
Ocaso de quem fora pleno e tenta
Vencer a sorte amarga e mais sangrenta
Nas tramas da batalha que não finda,
Do tanto que sonhara e nada veja
Apenas o que possa em malfazeja
Vontade se desenha além e ainda.
9
Sortida variedade de esperanças
Marcando os dias vagos de onde venho,
E sei o quanto possa em desempenho
Diverso do que tanto queiras; lanças
E quando mais distante já te cansas
Matando em agonia o que inda tenho,
Apenas do passado este desenho
Em vários caminhares; sei que avanças
E o fétido sentido em tom vulgar
Alhures quando pude procurar
Não encontrando sombra nem os rastros,
A vida se anuncia em fins diversos
E bebo sem sabor atrozes versos
E neste caminhar vago me alastro.
10
Da massa geratriz do quanto teimo
Expresso o meu caminho em dor e tédio,
Buscando pelo menos este médio
Momento aonde o tempo tanto queimo,
A luta se anuncia em tempestade
Meu rústico cenário em nada muda,
Somente a mesma sorte tão miúda
E nela o que inda resta desagrade,
Vencido pelo engodo de quem busca
Em plena fantasia algum aceno
Somente no final eu me condeno
Ao quanto poderia em noite brusca,
A faca no pescoço, o canivete
E o tempo sem ter tempo em vão repete.
11
Arcar com desafios quando a vida
Expressa em solidão mais do que possa,
A sorte não seria enfim mais nossa
Se a luta se mostrasse ora perdida,
Ainda quando vejo a desprovida
Visão que a própria sorte não endossa
Do tempo sem promessa e que se apossa
Da sorte e gera além viva ferida,
Arcando com meus dias mais banais
Os erros que são tantos, outros tais
E o fim se aprofundando a cada espaço,
Do quanto se anuncia sem entalhe
Ainda que de fato inda batalhe,
Meu mundo se apresenta enfim devasso.
12
Explode a sensação de um nada ter
Ausentam-se do olhar novos caminhos
E bebo destes velhos; podres vinhos
E tudo noutro instante a se perder,
A vida sem sentido e sem saber
Senão dos mesmos erros tão mesquinhos
E voltam as estâncias onde espinhos
Tomaram o cenário e todo o ser,
Ainda que se tente ser diverso
O prazo quando extingue e não mais verso
Vencido pelo ocaso e nada mais,
Encontro os meus anseios e pedaços
E tento caminhar embora lassos
Os dias se mostrassem desiguais.
13
No medo sem sentido e sem proveito
O cinza deste céu não mais permite
O quanto se vislumbre no limite
Por vezes tão atroz onde me deito,
O rio se perdendo do seu leito
Ainda que se veja ou acredite
No quanto se remete ou mais palpite
O velho coração em ledo pleito,
A voz não mais pudera ser assim
E o tempo sem sentido dentro em mim
Ocasos tão comuns de quem se fez
Aquém do que pudera e mesmo envolto
No mar diverso e rude, tão revolto
Já não mais concebera sensatez.
14
O verso empalidece quem sonhara
Com mansas expressões hoje vazias
E sei das mais diversas ironias
Enquanto vasculhasse esta seara,
O pouso noutro cais, a sorte rara
As mãos que com certeza não trarias
Sequer as mais diversas poesias
Nem mesmo a minha sorte mais amara,
O medo se apresenta a cada incêndio
E o tanto que vertera num compêndio
Dos tomos mais comuns e mesmo a voz,
Já nada mais coubera em cada olhar
Nem mesmo o quanto pude imaginar,
Ainda tão distante desta foz.
15
Desperta dentro da alma o que se fez
Ainda sem saber latinidade
E o quanto sem caminho ora se evade
Marcando o que teimara de outra vez,
Arranco com raiz o que não vês
E bebo a tão suave claridade,
Porém o quanto sonho se degrade
E nada mais resume em lucidez.
Espécies de demônios, Satanás
O tanto que tentara sem a paz
Diversa plenitude em rude espaço,
O verso se moldando sem sentido,
A tétrica visão e não me olvido
Do tempo que deveras eu desfaço.
16
Destroços do que fora uma esperança
Jogados sobre o mar e inutilmente
O quanto ainda veja ou mesmo tente
Marcando com feroz e fina lança
Quem tanto desespera e enfim se cansa,
Marcante caminhar impertinente
Vagando aonde um dia mais contente,
Pensasse no que a vida não alcança.
Festins e cortes sem sentido, versos tolos,
E o mundo em atropelos, velhos rolos
Do pergaminho exposto dentro da alma,
Hieróglifos, vertigens e medonhas
Figuras onde passas e se sonhas
Somente um pesadelo ainda a acalma.
17
Não peça o que deveras não viria
Nem mesmo algum cenário mais suave
A vida não permite, fosse uma ave
Aonde se moldasse em utopia,
Aprendo com diversa sincronia
O quanto cada engano já me entrave,
E o bêbado cenário expressa a nave
Que as poucos sem certeza tombaria.
Acrescentando à vida o que inda resta
Da senda tão alheia e já sem festa
Nas frestas mais audazes, vento além,
As flores que perdessem seu perfume
A vida aonde o verso não resume
O pouco que em verdade inda contém.
18
A porca torce o rabo e o vento espraia
Vagando sem sentido pelos cantos
E quando se anunciam desencantos
A sorte agora além da velha praia,
O medo não tramando o que inda saia
E restam tão somente tais quebrantos
E nisto outros momentos mesmo em tantos
Cenários onde a vida já nos traia.
Aumento a cantoria e nada vem,
Somente o teu olhar, mero desdém
E o cravo cuja rosa não viria,
Dos olhos sem futuro ou horizonte
Ainda que esta luz ao longe aponte,
Não resta nem sequer a poesia.
19
Meu mundo não teria solução
E mesmo que tivesse; não contigo
Apenas me vislumbro em desabrigo
Sabendo da terrível gestação
Do sonho onde fantasmas tomarão
O quanto ainda trago e não prossigo
Vencido pelo caos em tal perigo
Marcado por total indecisão,
Metamorfoses tantas que tivera
A sorte não permite a primavera
Há tanto abandonada em flores mortas,
Apenas este inverno se aproxima
E torna insuportável mesmo o clima
Abrindo em vendaval diversas portas.
20
A minha opinião já não importa
Tampouco o que pudesse ser diverso
E quando no infinito tento e verso
Apenas outro sonho que se aborta,
A luta se anuncia e sem a porta
O prazo presumido mais disperso
Aonde se quisesse vou imerso
E morro quando a luta não comporta,
Amores e verdades sonhos falsos?
Apenas meus cenários, cadafalsos
Do tanto que quisera mera cópia,
Pudesse ter nas mãos a cornucópia,
Ou mesmo uma força aonde em fulcro
Tentasse soerguer-me do sepulcro.
21
O tanto sem sentido e sem proveito
Nos olhos provençais de quem amasse
O marco se desenha sem repasse
E o verso anunciando o mesmo pleito,
Ainda que pudesse ser aceito
Ou tanto noutro rumo a mesma face
Vestindo o quanto cabe e não moldasse
Senão a velha frase sem efeito,
Caminho sobre as pedras, corto os pés
E o todo se anuncia de viés
E vendo o que não tenha nem permito,
Um mantra que anuncie novo tempo,
A luta convencendo o contratempo
Moldando sem saber diverso rito.
22
O pântano que adentro sem ter chances
E nada além do mangue se anuncia
A vida bem tramasse noutro dia
O quanto sem destino além, já lances,
E os velhos caminhares em nuances
Matando o que inda reste em harmonia,
Uma explosão de caos, em ardentia
E o vento noutros passos não alcances,
Espezinhando a sorte sem promessas
E nada do que tente se moldara
A morte a cada passo não repara
E deixa para trás onde começas
Vestindo a mesma roupa já puída
Deixando sem sentido a leda vida.
23
O verbo preconiza o tempo e o fato,
Nos ermos de minha alma nada resta
E o quanto restaria se detesta
Somente outro momento e em vão constato,
Arcando com desenhos não retrato
Além da garatuja que me infesta
E quando sonegasse qualquer festa,
O prazo se extinguindo velho ingrato,
O mundo segue aquém do que eu buscava
E a luta se moldando nesta trava
Vacante coração? Leda mentira,
E quando na verdade cada parte
Do quanto em pedaço não reparte
Expressa o que decerto se retira.
24
Disfarço, mas no fundo nada veio,
Apenas a mecânica se amplia
Gestando o que pudesse em ironia,
Marcando o meu caminho em tom alheio,
E quanto me entranhasse de permeio
Na face mais escusa e mesmo fria,
O pendular cenário destruía
O tanto sem sentido algum, anseio.
Eclodem larvas, morro sem sentir
E bebo da esperança este elixir
Já tanto apodrecido em vaga cena,
E mesmo o quanto rege sem promessa
A senda sem sentido recomeça
E o que inda poderia me envenena.
25
Aprisionado sonho sem sentido
O manto se destroça e nada vindo
Apenas o que possa e vejo findo
O corte onde bebera o presumido,
Negociando a vida nada sinto,
Somente outro caminho e mesmo omito
Tateio imprevisível, ledo mito
Meu mundo sem proveito estando extinto,
O cântico se molda em tons diversos
E bebo em goles fartos a ilusão,
Os dias que se moldam desde então
Não valeriam mais sequer os versos,
E aproximando enfim deste templário
O verso segue novo itinerário.
26
O rústico momento em lento passo
O tétrico cenário se anuncia
E o manto que deveras já puía
Traduz o quanto tenho em meu cansaço,
Espero que podendo noutro laço
Vencer a minha sorte em ironia,
E o tempo não cerzindo outra utopia
Apenas me deixando o velho traço,
Escândalos em sândalos e bandos
Os vândalos moldando o que pudera
Sentir nesta expressão tão insincera
Os olhos sempre opacos, em desmandos,
O vigoroso verso não teria
Sequer algum sentido em poesia.
27
Negar o que talvez já não coubesse
E mesmo quando venha resumisse
O tanto se transforma na mesmice
E não adiantasse qualquer prece,
O vasto caminhar que se obedece
A sorte se anuncia em tal crendice
E o vento noutro infausto contradisse
O tempo que em verdade a sorte esquece,
Esplendorosamente a noite em lua
Deitando sobre a terra a deusa nua
Em prata tão sublime companhia,
Porém nublosa senda se anuncia
E os raios entrecruzam o meu céu
E o pensamento foge, e segue ao léu.
28
Não deixa que este fato nos conturbe
Tampouco modifique nossos sonhos,
Embora tantas vezes enfadonhos,
Os cantos sem sentido; amor perturbe,
E o Karma redundando dos enganos
Diversos e comuns de quem se dera
Ausente da esperança mais sincera
Ousando na verdade me ermos planos,
Apressando o caminho e nada tendo
Apenas retratando o quanto teime
E o mundo na verdade tudo queime
Num ato tão feroz enquanto horrendo,
Bebendo em tua boca esta saliva
E o mundo do que eu busque já me priva.
29
Os ermos já jogados na calçada
Meu tempo se anuncia na sarjeta
E quando noutra face se prometa
Ao fim de certo tempo resta o nada,
Esqueço o que pudesse nesta estada
E o pensamento mostra este cometa
Ainda que deveras me arremeta
Jogando sem valia numa estrada,
A leda desventura do poeta
Que tanto se deseja e não completa
O verso com tamanha precisão
Querendo algum alento que não veio,
Apenas o meu mundo em devaneio
E a luta em mais completa indecisão.
30
Renasces do que tanto imaginei
E de tal forma a vida se anuncia
Marcando com ternura a poesia
Tornando mais sincera a própria grei,
Quem dera ser lendário e forte rei
Pousando neste encanto em alegria
E vendo a mais sublime fantasia,
Porém já nada mais conhecerei
O tempo em sortilégio aborta o sonho
E quando outro momento em vão componho,
Apenas um temor que se explodisse,
E o verso que dedico não renasce
E gera tão somente a antiga face
De quem se perde além, mera tolice...
31
Vieste de um abismo aonde eu pude
Apenas vislumbrar o quanto trama
A vida tão somente em velho drama
E o tempo marca em dor cada atitude,
A podre fantasia desilude
E o marca sem sentido já nos clama
E veste o que pudesse e não reclama
Marcando o meu terror em plenitude,
Satânica expressão ditando a sorte
E dela tão somente a mesma morte
Vencida sem cuidado e sem cuidado,
O preço a se pagar nunca compensa,
Mas sei desta verdade amarga e tensa
No fato há tanto tempo degradado.
32
Beleza que satânica e divina
Ao mesmo tempo traça em dimensão
Diversa o que pudesse desde então
E enquanto me treslouca me domina,
A face da esperança esmeraldina
O rumo sem sentido e precisão,
Apenas outros dias não verão
O quanto a solidão se faz ladina,
Adentro entre estas hordas velha súcia
E mesmo que inda tenha alguma astúcia
Já não me bastaria, ledo engodo,
O prazo terminando a cada instante
E o que se visse mesmo degradante
Recende ao quanto pude em mero lodo.
33
Ao mesmo tempo a morte e uma esperança
No olhar que se mostrou dicotomia
E vendo o que teimasse e não teria
A sorte sem sentido algum se lança
E bebo o sortilégio que me alcança
Marcando com terror a fantasia,
E deste delirar farta sangria
O corpo se permite enquanto cansa,
Esqueço o que inda tenho e sei que o nada
Regendo outra sereia ou mesmo a vaga sorte
Que encante e me prepare para a morte,
Num erro sem proveito, a sorte enfada
E veste o que reveste e não reviste,
Deixando o podre verso amaro e triste.
34
O vinho que bebera em tua pele,
A sensual vontade em heresia
Neste êxtase que imenso me traria
O todo que deveras me compele,
Ainda quando a sorte me atropele
E marque com terrível ironia
O preço a se pagar já valeria
E o manto noutro espaço me repele,
Carcaças do que fomos, qual destroço
De um tempo aonde tento e nada posso
Somando com o nada que me deste,
Ainda que se veja além celeste
O todo quando muito e enfim me aposso
Essencialmente dita o fim agreste…
35
Das lendas que se traçam no passado,
As ermas ilusões não mais veriam
Os tempos que em vontade verteriam
Enquanto na verdade eu já me enfado,
Não posso suportar o ser teu gado
E os cantos entre enganos saberiam
Dos olhos que em verdade se esvaziam
E tramam sem sentido algum pecado,
Dos becos sem saída, as ruas mortas,
Assisto o que deveras tu exportas
Em rude aborto, vaga sensação,
Do medo se aproveita quase tudo,
E o verso que tentara e não transmudo
A sorte noutro passo e direção.
36
Olhando para o fim em alvorada
Na aurora prometida, o tom brumoso,
E o vento tantas vezes caprichoso
Prepara tão somente esta lufada,
E quando na verdade a sorte evada
E gera o meu caminho pavoroso
Mergulho neste infausto sulfuroso
E a luta desta sorte deflagrada
Assino os meus papéis e bebo o fim
Testemunhando o corte em tal escara
Das chagas mais profanas se escancara
A luta sem sentido e sei de mim,
Amante que pudesse acreditar,
Porém um pescador esquece o mar.
37
Noite tempestuosa e teu aroma
Domina esta janela e me conduz
Qual fosse um delirante em volta à luz
E bebo destes raios, nada doma,
A sorte se anuncia em breve coma
E o prazo determina a velha cruz,
Gerando invés do encanto o ledo pus
E o canto sem sentido já se assoma
Encantos e quebrantos, limpos pratos
Os dias são vazios mesmo ingratos
E as sendas são algozes, disto eu sei,
Erguendo o meu olhar na pavorosa
Verdade que deixando em polvorosa
Expressa sem sentido a fria lei.
38
Os beijos envenenam e saciam,
As sombras do passado rondam cais,
E o quanto se pensara ser jamais
Ainda noutros ermos se veriam,
Aos poucos outros tantos serviriam
Somente como enredos terminais
E os versos entre sonhos magistrais
Sementes pelos dedos esvaiam.
Rudimentares sonhos sem promessa
A vida noutro engodo ora tropeça
E marca com profunda insensatez
Jorrando de minha alma este vazio
Ainda o que pudesse desafio,
Embora a própria vida; isso desfez.
39
Aplaca a valentia de quem luta
E traz tanto vigor ao derrotado,
Assim o amor se mostra iluminado
Enquanto dominando a força bruta
A face mais espúria, agora astuta
O tempo se desenha e por legado
Deixando para trás o velho enfado,
Marcando com certeza e não reluta,
Abrindo o coração e mesmo assim
Traçando o quanto resta vivo em mim
Explode sem sentido e direção,
Ao velho renovando a primavera,
Aos poucos com certeza destempera
E marca eternamente em novo grão.
40
Dos astros aos abismos num mergulho
Vagando por esquinas noite afora,
Nos ébrios caminhares se devora
O quanto poderia em pedregulho,
E cada parte em mim hoje vasculho
Enquanto a própria senda me apavora,
Restando o que deveras desancora
E marca o quanto fora mero entulho,
Nas curvas do caminho, noutros erros
Apenas o que vejo em meus desterros
Encontra algum sentido enquanto
A luta determina o puro ocaso,
E quando na verdade em sonho; aprazo
O mundo se desaba em desencanto.
41
Seguindo como um cão estas pegadas
Que deixas pelas ruas quando passas,
As sortes na verdade são escassas
E negam o que possam tais estradas,
E sendo mais diversas alvoradas
E nelas o que tanto tentas, traças,
Escarpas entre sendas mais devassas
E as mortes noutros tons anunciadas,
O mundo se aproxima de seu fim,
E o quanto poderia haver em mim
Já nada representa e nem que queira,
O verso sem sentido se perdendo
O tanto em ilusão mostrando o horrendo
Cenário nesta história derradeira.
42
Semeias o temor e por acaso
Os grãos invadem a alma de um poeta,
A luta se moldando não completa
E o peso me envergando noutro prazo,
E o passo sem sentido algum atraso
Marcando a minha senda predileta
E o quanto da esperança não repleta
Uma alma se entregando em ledo ocaso,
Apenas o futuro que esperava
Envolto na temida e viva lava
Escravizando o sonho e demarcando,
O preço a se pagar já não comporta
Somente desenhando a rude porta
Num ato tanto atroz quando nefando.
43
Ao governar o todo que inda trago
E renegando a sorte que não veio,
O mundo se moldando em devaneio
E sem sentido algum divago,
Coleto invés da sorte algum estrago
E o quanto do passado inda rodeio
No corte que sentira onde permeio
O tempo que julgasse mesmo vago,
Desesperadamente o fim se vendo,
E sei do quanto seja mais horrendo
Lanternas não traduzem direção,
O desencanto marca o que se creia,
Afogo neste bar a velha teia
E morro a cada dia desde então.
44
Caminho sobre os mortos que recolho,
E bebo a sensação desta sangria
Na carne que decerto apodrecia
Vislumbro sem sentido algum tal olho,
Janela se apresenta em tal ferrolho
A sorte não pudesse e nem teria,
O mundo se desdenha em agonia
E cada novo tempo a dor recolho,
Escândalos, temores, versos fúteis
E os dias são deveras mais inúteis
Na frágil sensação, sobrevivendo,
Favelas e vielas, velas balas
E quando no final já nada falas
Apenas num sorriso tão pragmático
Expressa na temática mais atroz
Regando com meu sangue inteira a foz
Deste cenário tosco ora enigmático.
45
Rapinas devorando o quanto resta
Da face decomposta pelo sonho,
E quando algum atalho inda proponho
Fechaste em desvalido tom a fresta,
A face mais atroz e desonesta
O tempo que pudera ser medonho,
O rústico cenário onde componho
A luta quando ao nada enfim se empresta
Permito alguma luz mesmo que parca
E o manto na verdade não abarca
Sequer o que proteja em tempestade,
A morte se anuncia e nada traz
Somente a mesma face mais mordaz
Na podre e mais temida realidade
46
As jóias que esparramas morte e medo,
O vento sem sentido e sem proveito
Ainda quando possa e me deleito
Enquanto no vazio eu me concedo,
A luta se transtorna em ledo enredo
E o verso se mostrando insatisfeito,
O corte que pudesse ser aceito
O vento noutro encanto é desenredo,
Messiânico caminho sem sentido,
O tempo aonde possa desprovido
Do sonho mais atroz e mesmo rústico,
O tempo neste enredo aonde acústico
Momento se perdera sem sentido,
E nisto o que inda vejo dilapido.
47
A morte nos teus passos; disseminas
Deixando como rastro apenas dor,
E o mundo se moldando em farto ardor
Gerando a cada passo novas minas,
Em explosões diversas determinas
Os termos onde possa o redentor
Trazer o quanto vejo em desamor,
E nisto com certeza me fascinas,
No sanguinário passo em ledo engano
E quando no final eu já me dano
Bebendo a sordidez que ora espalhaste
A vida não transmite qualquer sonho,
Apenas o que possa e decomponho
Gerado pelo infausto em vão desgaste.
48
Sobre teu ventre tanto apodrecido
A lâmina adentrando em sortilégio
O mundo que pudesse ser mais régio
Ao fundo nos transmite o denegrido
Caminho aonde eu busco e não divido
Vencido pelo ocaso mesmo egrégio
A morte se transforma em privilégio
E o corte anunciado é repartido,
Os erros e as verdades num conflito
Enquanto noutro passo eu me desdito
E bebo o que deixaste sobre a mesa,
Numa inconstância vago sem certeza
Bebendo o que pudesse em tom maldito
Entregue sem defesa à correnteza.
49
Efêmero caminho vislumbrado
Não traz a sensação de liberdade
E quando se previra a mortandade
Ainda sem espaço enfim me evado,
E o prazo noutro tempo desenhado,
O corte na sutil profundidade
E o manto aonde o sonho já degrade
Marcando o que pudesse noutro enfado,
A fonte já secando e nada resta
Somente a mesma face mais funesta
Do ocaso entre diversas heresias,
Assim o que pudesse mais constante
Explode e com certeza não garante
O tanto quanto queres e devias.
50
Dos cisnes e dos pássaros mais belos,
Os becos onde a faca adentra e mata
O tanto quanto possa nesta ingrata
Noção sem ter sequer velhos castelos,
E quando se presumem tais anelos
O medo noutro rumo se retrata
E a luta que pudesse só constata
Nas mãos dos lavradores seus rastelos,
Errôneo caminheiro, um andarilho
Enquanto sem destino algum eu trilho
E bebo este abandono a cada instante
Nos pátios onde um dia quis feliz,
E mesmo que pudesse me desfiz
Matando esta ilusão tão deslumbrante.
51
Deitando o meu desejo sobre ti,
Embora saiba a face carniceira
Da sorte mesmo quando rapineira
Matando o que deveras conheci,
E bebo o desvalido que vendo aqui
Presumo o que tentara e não mais queira
Tecendo com a dor leda bandeira
E nisto em todo engodo eu me verti,
Ausculto a voz do vento em tom atroz
E andando sobre espinhos vejo em nós
O quanto poderia e nunca houvera,
Cerzindo com enganos o futuro,
O prazo se extermina e se eu procuro
Vislumbro no final a besta fera.
52
Já não sabendo mesmo de onde vens
De que infernos vieste; ou mesmo o Céu
Medonhamente exposto em tom cruel
E nele tão somente estes desdéns
Gerando o mais diverso em rudes bens
Marcando o quanto possa em carrossel
Vestir a minha face em vão papel
E nisto outro cenário e nada tens
Somente o meu caminho em árdua fonte
Matando o que pudesse no horizonte
Sem nexo e sem proveito, apenas sendo
O mundo se presume sem sentido,
E o quanto ainda possa e dilapido
Traduz este cenário atroz e horrendo.
53
De Abraão herdeiros tantos sobre a Terra
Ladrões em assassínios e misérias,
Roubando com destreza sem ter férias
E neste caminhar o que desterra
Enquanto aterrorizam dia a dia,
Matando em seu proveito sem sentido
E nisto quando vejo e não me olvido
Apenas sortilégio em heresia,
O patriarca traz em suas mãos
A fúria de um tormento em expressões
E comando a súcia em explosões
Tornando os descaminhos sempre vãos,
Apresentando após a tempestade
O quanto mesmo possa e já degrade.
54
Nos árabes que vinham de Ismael
E dos judeus-cristãos o velho baque
Herdeiros de quem fora então Isaque
Fazendo na verdade este papel,
O tom em rebeldia, mais cruel
A cada novo dia o mesmo saque
Matando e destruindo e nada aplaque
A fúria deste povo em turvo véu.
E neste peregrino caminhar
Vendendo a própria irmã, esposa leda
Que tanto na verdade já conceda
Prostituindo quem fingira amar,
Destarte o ser venal, negociando
Em ar terrivelmente mais nefando.
55
O amor que se vendesse ou se entregasse
Em troca de um camelo, e até guarida
Vencendo a sorte amarga e desprovida
Mostrando na verdade a podre face
E quando em tal caminha a vida grasse
Medonha e sem sentido tal ferida,
Mercadoria exposta e bem vendida
Que ao fim de certo tempo já desgrace
O povo que viera de tal raça
Mostrando esta arte atroz de mercador,
E nisto se tramando sem valor
O quanto especializa-se em trapaça
E desta realidade ainda vejo
O passo mais venal a cada ensejo.
56
Da jovem que ao setenta é sedutora
E trama com terríveis ilusões
O tempo aonde dita em convenções
A face mais audaz e sonhadora,
Deveras se mostrando tentadora
Em ermas e diversas sensações
Gerando em reis supernos e glutões
A senda mais voraz e promissora,
E assim após a longa caminhada
Por milhas tantas milhas no deserto,
Deveras não perdera quase nada
Da imagem tão sublime e desejada
E vendo este caminho agora aberto,
No anseio sem limites já desperto.
57
Não fosse Jeová, novo pecado
Na prostituta face de quem dera
A própria esposa em rústica quimera
E disto com certeza não me evado,
Primeiro rei deveras compensado
Com os carinhos loucos da pantera
Que mesmo tão senil ainda espera
Um sonho deste rei tão excitado,
Apresentado como fosse irmã,
O que em verdade não fora mentira
E quando a própria Terra também gira,
Porém a sorte agora foi malsã,
Anunciando em sonho esta verdade,
A prostituta Sara ora se evade.
58
E sendo questionado sobre o fato
Abraão não se fazendo de rogado
Explica na verdade o tom errado
Ou menos, com certeza onde constato,
Meia verdade apenas e retrato
O quanto se mostrasse desenhado,
Já que de decerto o constatado
Não traz a realidade em tom exato,
Somente meia irmã e nada mais,
Já que diversas mães em desiguais
Caminhos onde o pai se fez um só,
Esposa? Com certeza, mas irmã
Também em sorte dura e tão malsã
A sorte é que Javé do rei tem dó...
59
Depois de alguma bronca ou mesmo um pito
O rei já liberando este casal
Propenso na verdade à bacanal
Seguindo o seu caminho sem conflito,
Enchendo uma bagagem em sortimento
Para que o mesmo sossegasse e não vendesse
De novo a sua fêmea e cometesse
O ledo engano em novo assentamento,
Assim com tais proventos, Abraão traça
Sem mais vender a jovem tão bonita
A quase octogenária e não repita
A velha e conhecida vã trapaça,
Percorrendo o caminho em léguas fartas
Deitando sobre a mesa suas cartas.
60
Das dinastias tantas que fundara
Faltara o principal, um seu herdeiro,
E tendo neste caso o verdadeiro
Sentido da palavra em tal seara,
A fêmea improdutiva, jovem clara
Num ato de carinho derradeiro,
Expondo em sua cama o amor primeiro
Traçando com a escrava o que prepara,
E assim ao se embrenhar em bela dama,
Emprenha com certeza e assim se trama
A herança desejada em Abraão
E como navegasse em pleno Céu,
Embora com os pés firmes no chão,
Resume uma esperança em Ismael.
61
A amizade dita além da convivência
Que possa para tal mesmo caminho
Na sensibilidade onde me aninho
Ousando no cenário em confluência.
Necessitando sempre desta soma
Já que o ser sensível tão somente
Não traça uma amizade, e da semente
Apenas; outro rumo já se assoma,
E virtuosamente, pois em fato
Diverso reunindo criaturas
Que mesmo sendo escusas, asseguras
O quanto na verdade assim constato,
Portanto é necessário para tal
Que o rumo seja o mesmo, E magistral.
62
A presença de uma alma soberana
Não teve no princípio nos hebreus
Sequer qualquer sinal, e vejo em Deus
Apenas o tange e desengana,
Sendo imortalidade desenhada
Após e muito após o que se vira,
Nas leis de Moisés sequer a pira
Pudesse ser deveras constatada,
E assim o que se vê noutro momento
Não tem ali sequer a menor base,
O mundo a cada instante se defase
Enquanto este caminho, eu mesmo tento,
Por séculos e séculos, se omite
Ou mesmo sem sentido delimite.
63
Sem ter noção do que fosse imortal
As leis tão punitivas não mostrariam
Sequer algum inferno onde arderiam
As sendas noutro passo ou mesmo igual,
A punição seria mesmo aqui
Enquanto a premiar demonstraria
O quanto na verdade alegria
Ou dor pudesse haver se os mereci;
Mas nada que trouxesse esta entidade
Que possa ser deveras mais além,
E o quanto noutro espaço já não tem
Nem mesmo o quanto possa e se degrade,
Herdando do que foi Greco e Romano
Este imortal caminho em ganho e dano.
64
Após a fundação de Alexandria
Somente neste instante os saduceus
Trazendo uma noção aos mais hebreus
Do quanto uma alma além já poderia
E de tal forma assim se formaria
Os ritos permitidos pelo Deus
E nestes antros claros pós os breus
A sorte noutro passo rumaria,
Porém esta alma assim seria extinta
Com a morte e não sendo imortal
Traria algum momento em ritual
Aonde a senda marca e não se pinta
Em cores e matizes mais diversos
Erguendo muito além dos universos.
65
Moisés não fala nada do futuro
E traz a momentânea face aonde
O quanto em bom e mau ora responde
Tornando o que vier mais inseguro,
E nesta face apenas configuro
Imediatismo enquanto corresponde
Ao todo que decerto agora esconde
O que não se veria além do muro,
Destarte o caminhar se encerraria
Somente no presente e nada mais,
Os dias em tormentos tão venais
Cessando mal a vida findaria,
E nada da promessa em benfazeja
Espera do que possa e se deseja.
66
Quando em metempsicose os fariseus
Acreditando ditam na verdade
Que uma alma poderia e se degrade
Gerando em nova senda os mesmos seus,
E assim reencarnações, pois se veriam
E disto nesta crença com firmeza
Tramando sem qualquer vã sutileza
Os termos que deveras poderiam,
E o fato é que de certo modo a vida
Não tendo fim moldasse em qualquer forma
O que viesse e enfim já se transforma
E traça a face vária e enfim sortida,
Para os essênios, sim, era imortal
Com prêmio e com castigo desigual.
67
No tríplice caminho teológico
Seguindo de tal forma incongruente
O quanto a cada passo se apresente
Moldando este desenho mesmo ilógico,
Do início em ignorância ou omissão
Do Patriarca expresso em puro ocaso,
Ou mesmo na verdade em mero acaso,
Jamais se percebendo a dimensão
Do dogma que se faz tão importante
Somente após os séculos e tendo
O olhar de um novo povo como adendo
Expressa o que em verdade se agigante
E o quanto se mostrara no passado,
O fato fosse apenas desprezado?
68
Amor que na verdade traz fascínio
E dita com aromas, tato, lábios
Audição e visão momentos sábios
Aonde se presume este domínio
Neste alcançável reino dentro em nós
E tantas vezes; traça descaminhos
Porquanto em momentos mais mesquinhos
Ou divindades trama em toque e voz.
Erguendo-se decerto além da vida
Ou mesmo comandando cada espaço,
O amor quando demais, além eu traço
Não só a minha estrada, uma avenida,
Amor que por si só recende a Deus,
“Mesmo quando se vive entre os ateus”.
- frase do Conde de Rochester.
69
Por si só talvez morto estivesse
Não fossem outras forças convergentes
E assim quando deveras nisto sentes
Poder que recendesse à própria prece,
Uma amizade então, sutil já tece
As bases onde amor tu alimentes,
O físico, o sentido em tais vertentes
Levando aonde a sorte não se esquece,
E tendo esta potência em privilégio
Num ato sem igual, sobejo e régio,
Numa expressão que lembra este apogeu,
Da vida que se mostra muito mais
Que simples caminhar entre mortais,
Quem ama; noutro estágio, enfim se deu.
70
Mas quando se apresenta sobre nós,
E traça noutro rumo o vão caminho,
Contrariando o sonho e sendo espinho,
Desta doce ventura sobra o algoz,
Os animais não sentem nada após
O todo que se torna então daninho,
Mas solitário; rude eu me avizinho
Da senda mais dorida, torpe e atroz,
O que se fora outrora privilégio
Agora noutro instante é sortilégio
E a sombra de quem fora ou não viera
Acompanhando sempre o pensamento,
Tornando a própria vida num tormento,
Na sensação temida; anseio e fera.
71
Ao ferires alguém em amor-próprio
É como destruíres sem defesa
A casa que pensara estar ilesa
Num ato em despropósitos e impróprio,
Opróbrios não transcendem à visão
Que temos deste ser quando sonhamos,
E na verdade mesmo que possamos
A vida se impregnando em ilusão,
Mais forte do que o vasto sentimento
Que possa nos ferir em injustiça,
Na sorte tantas vezes movediça,
No tempo que constrói cada tormento,
Encontro em agonia o ledo enredo
E ao sonho quando eu pude me concedo.
72
O quanto de respeito ainda resta
Contigo mesmo mostra última senda,
E quando noutro instante da contenda
Não vê sequer do todo mera fresta,
A vida noutro ponto então te atesta
O que mais poderia e não atenda
Gerando este vazio em leda tenda,
Matando o quanto inútil nada gesta,
Assim ao se perder em rude passo,
O tempo noutro instante já desfaço
E nada mais restando, quedo em vão,
Embora muitas vezes ocultado
Ou mesmo noutra face disfarçado,
Das resistências último bastião.
73
Os peris entre os persas ou também
Daimones para os gregos, nossos anjos
Trazendo em seus caminhos os arranjos
Aonde esta momento sempre vem
Nesta interlocução que se apresenta
Da divindade forte e criadora
Com criatura tosca, sempre fora
Presença mais constante enquanto atenta,
Presume-se afinal em raridade
O quanto poderiam nos trazer
Ligados de tal forma ao bom poder
E nisto com denodo vem e invade,
Tomando o pensamento ou de outra forma
Qualquer, o que puder, trazendo informa.
74
Herdados de diversas outras eras
Enquanto a sorte dita o que viria,
Marcando com temor a fantasia
E nela novos passos tu esperas,
Mas sei das emoções diversas, feras,
E sinto o que deveras sentiria
Quem tanto procurando a luz do dia
Encontra a solidão, vagas esferas,
As ânsias e os cenários não se vendo
E vejo o que desnuda em tom horrendo
Marcando esta estupenda dor em mim,
Meu mundo desabara de tal sorte
Que apenas me restando aquém do norte,
A sensação exata do meu fim.
75
No tempo se anuncia a promissão
De fatos que decerto ainda sinto
E presumindo o tanto neste instinto,
Apenas vejo a vida em tal senão,
Ocasionando a queda em direção
Ao passo mais venal, e vendo extinto
O prazo aonde tudo teima e minto
Prevendo os caos que enfim cedo virão,
Visões empedernidas, nascimentos
Das sortes em diversos desalentos
E mesmo que inda eu possa; ao fim se ascende,
O vento de tal forma me inebria
E quando se sorvesse a fantasia
O olhar sem mais caminho se desprende.
76
O apreço que me tens ou não tivesse
O risco de sonhar, tão doidivanas
Enquanto na verdade sei que enganas
Viagem noutro ponto recomece,
E bebo do que a vida tanto tece,
Sentido as emoções mesmo profanas
E nada do que eu tente, quando danas
Expressa o quanto quero e te confesse;
Um copo de cerveja, um bar vazio
A noite se ultrapassa sempre igual
Refino cada sonho noutro tal
E o quanto não presumo desafio,
O coração embalde; ainda afino,
Nas cordas mais atrozes do destino.
77
Braseiros que em teus olhos no horizonte,
Refletem muito além em raros sóis
E quantas vezes; volves e destróis
Negando com o mundo a leda ponte,
E sei que na verdade aonde aponte
Retornam para ti os girassóis
E bebo extasiado tais faróis
Enquanto uma esperança a ti remonte,
Mas sinto quanto é vago o sentimento
De quem se dando além expressa o vento
Partindo para o nunca após o tanto,
E o medo se anuncia noutra face,
Gerando tão somente o que ultrapasse
Em muito o quanto houvera em raro encanto.
78
Nas taças já quebradas, festa ausente
O mundo não coubera dentro em nós
E vejo tão somente o quanto em voz
Diversa se tentara ou se apresente.
Seguindo sem sentido esta vertente
Marcando com firmeza laços, nós
E o preço se pagando em mais feroz
Arguto caminhar impertinente.
A queda se moldando noutro fato,
E sei do quanto teime e assim constato
Retratos tão dispersos, tons ferrenhos,
E os olhos sem saber da dimensão
Exata de outros tempos que virão
E nele os mais sutis, vagos desenhos.
79
Ocasionando a queda de quem vendo
O sonho mais distante e corroído
A luta se transforma em pleno olvido
E o mundo não passando de um remendo,
Acrescentando pouco em mero adendo,
O todo que pudesse condoído
No encanto se sentindo empedernido,
O verso não traduz o que ora vendo,
E o medo se aproxima em tom veloz
Da espúria fantasia sendo a voz
Que ninguém ouviria, me distando,
E ao fim e tão somente desde quando
O rústico cerzir impede o sonho,
Apenas neste caos me decomponho.
80
Esgotam-se as fontes e não tendo
Saudáveis ilusões, morto afinal,
O tanto se moldando em desigual
Caminho muitas vezes mais horrendo,
Em noites sem destino me embebendo
Do rum e da aguardente medo e sal,
Ascendo ao que pudesse noutro astral,
Mas nada ainda sinto, precedendo,
Os últimos fulgores de uma vida
Há tanto sem sentido e sem saída
Apenas desdenhada e nada mais,
Heréticos caminhos que anuncias
Matando em nascedouro as fantasias,
Não deixam que divise qualquer cais.
81
Olhar que cadavérico domina
E marca eternamente o quanto eu quis
Vencida pela sorte, a meretriz
Lamenta o que julgasse ser a sina,
A porta que escancara não destina
Sequer o quanto em rude cicatriz
Gerasse noutro tom este infeliz
Assédio que gestasse a dor que ensina,
O marco em manto roto e turvo céu,
A leda desventura mais cruel
E o véu sempre puído da esperança,
Enquanto pelas ruas, prostituta
Arcando com as ânsias desta luta
Ao nada sem sentido algum se lança.
82
Um corpo que estendido dentro da alma
Recende aos meus enganos do passado
E o tempo noutro sonho quando evado
Sem mais proveito algum jamais acalma,
A luta se conhece em toda a palma
E o verso sem sentido traz ao gado
Repasto e se moldando alucinado
O tanto quanto possa além do trauma,
Da fauna em faina vária verso e tom,
O beijo que se mostre em megaton
O preço a se pagar; imprevisível.
Cotiza o pensamento e nada vindo,
Somente o que se tenta ser infindo
E passa a ser deveras implausível.
83
A carne que se vende numa esquina
Num ponto de comércio em madrugada
Por vezes não trazendo quase nada
Em outros provimentos nos ensina,
A luta se moldando desanima
Quem vive tal segredo que ora enfada,
A sombra dominando cada estada
Expressa a seca imensa em rude mina,
No corpo da menina as marcas, vejo
Do tanto que vivesse noutro ensejo
E do azulejo nada mais restara,
Agrisalhada vida onde se espalha
A fúria mais atroz da velha gralha
Que transbordara além desta seara.
84
Belezas que realças; falsas luzes
Imersas em diversas maquiagens
A vida traz em si tantas viagens
E nelas sepultando sonho em cruzes,
Arquétipos queridos; não produzes
As ânsias se moldando em tais bobagens
E quando prenuncio das barragens
Apenas os vazios que entrecruzes,
Cravando meu olhar noutro horizonte,
A sombra de uma sorte mais ausente
Esvai e ao mesmo tempo inda se tente
Vencer em calmaria o que inda aponte,
Mergulho nos anseios de teus braços,
Mas sei dos dias duros, tão escassos.
85
A majestade rara, sendo inata
Encontra noutro passo algum respaldo,
E o tanto quanto possa e já me esbaldo
Enquanto a própria vida não desata,
A fúria se tomando em rude mata,
O manto se anuncia e deste saldo
Apenas o vazio por rescaldo
E o manto aonde a morte se retrata
A porta que se fecha em sonho rude,
O tanto que se flecha em atitude
Diversa de uma mecha, teus cabelos.
O tempo, o senhorio da esperança
Aos poucos no vazio quando lança,
Expressa tão somente pesadelos.
86
O corpo desenhando sobre a cama
A mágica noção da divindade,
E bebo com fervor felicidade
Ousando perceber o quanto clama
Em fúria majestosa e assim se trama
O todo quando além do tempo evade
E mesmo que inda venha a tempestade
Sobrevivendo intacta a velha chama,
Às vezes a resposta se procura
E nada do que possa dita a cura
De abençoado mal que nos domina,
Pudesse pelo menos inda ver
O dia noutro tom, ou me esquecer,
Mas vejo em teu olhar a doce sina.
87
Dolente sensação de morte e gozo,
O frio se adentrando em neve e tédio,
O quanto poderia num assédio
Vencer outro caminho pedregoso,
Mas sei deste sentido caprichoso
E quando se procura algum remédio,
O tempo inusitado manda. Impede-o
Somente o que puder voluptuoso.
Mascara com seus erros o que tento
E vejo o meu caminho em pleno vento
Bebendo com fartura o mel e o fel,
Assiduamente sinto o tom diverso
Enquanto noutro encanto busco e verso
Ousando neste instante mesmo ao léu.
88
Na força de um tropel alucinado
O amor não se contendo, invade tudo,
E quando no final ainda mudo
O rumo sem sentido algum; evado,
O preço quando pago desenhado
Nos ermos do que possa e desiludo,
O vento que deveras amiúdo
Encontra dentro da alma o seu legado,
Delego cada engano ao que inda possa
Cerzir sabendo a história sempre nossa
E dela mesmo frágil sendo o guia,
O canto se anuncia em tom diverso
E bebo gota a gota cada verso
Aonde o meu futuro se tecia.
89
Adornas com teus sonhos o futuro
Inebriadamente nada resta
Somente a sensação dura e funesta
Aonde esta mortalha eu configuro,
O verso que pudesse ser mais puro,
A vida se aproxima em mera fresta
A cada nova ausência o que se atesta
Tornando o que sonhei tanto inseguro,
Ocasos entre prazos, casos, azos
E as sombras que tomando nos acasos
Os cantos de minha alma sem provento,
Espúria realidade em tom atroz
Já nada mais supera a velha voz
Entregue sem destino ao desalento.
90
Demônios rodeando o pensamento
A fúria não sossega e não permite
Que o tanto quanto veja delimite
O rude e mais diverso sentimento,
E tendo em minhas mãos o desalento,
Ainda que se tente algum palpite
Já nada mais deveras se acredite
Somente no vazio, desatento.
Recolho dos escombros meus entulhos
E deixo no passado os vãos orgulhos
Vagando sobre as pedras, nos esgotos,
A pútrida noção que se cobiça
O nauseante odor desta carniça
Dos sonhos sem proveito, agora rotos.
91
Este humilhado passo em rumo ao nada
Do espírito vagando sem sentido,
O tempo se traduz onde lapido
A sorte no vazio desenhada,
O preço a se pagar por esta estada
Não faz e não permite este estampido
Da bala que zunindo traz no ouvido
A sensação feroz da voz velada,
E tanto quanto em pranto se revela
Desabam prédios rudes que inventei,
A solidão então gerindo a grei
Misericordioso tiro masca,
E a vida se desenha em cada lasca
Do quanto noutro tom eu desenhei.
92
Fizeste do meu leito o teu sepulcro
E o vento em agonia a noite invade
E o quanto poderia e se degrade
Negando da esperança o mero fulcro,
Astutamente a vida atocaiada
Exprime com vigor ou mesmo em rude
Caminho o que se tente e se amiúde
Na fúria muitas vezes renegada,
Mas sinto a mera espreita e não vicejo
Sequer o quanto tente noutro passo,
O verso se moldando onde devasso
O pensamento dita cada ensejo,
Na fúnebre expressão acorrentado,
O tempo não presume outro legado.
93
Pudesse ser talvez menos infame
O tempo que anuncias com vigor
Gestando dentro em pouco o desamor
Ainda que a verdade em vão reclame,
O tanto quanto possa em tal ditame,
O manto se desvenda e nele a cor
Resplandecente noite em tal vigor,
As emoções perversas, vago enxame,
E o peso de uma vida arranca os olhos
E neste caminhar ledos abrolhos
Apenas o que resta de um jardim,
Aonde se tentara a primavera,
Porém estio pleno destempera
E mata o quanto sobre dentro em mim.
94
Ligado pelos elos mais sutis
Aos ermos de outras eras onde a sorte
Moldando com terror o que me aporte
E nisto nada mais além eu quis,
Destino se enredando e por um triz
Já nada mais decerto inda comporte
Vislumbro em madrugada o velho corte
E o preço a se pagar, pedindo bis.
Rescaldos do que fora uma ventura
Enquanto a vida em dor se configura
O prazo se esgotando e de tal forma,
O mundo sem proveito e sem provento
O quanto poderia não invento
E a velha fantasia em vão deforma.
95
Desprezos entre enganos, velho traste
O mar se torna aquém do que pensara
E vendo este delírio em tal seara
Apenas o que esperas; mal notaste.
O fato de sonhar fatal desgaste,
Marcando o que deveras desampara
Tentando conviver com cada apara
E mesmo assim – a vida – sonegaste.
Escusas adiantam? Não pressinto
Um vento mais suave e se inda minto
Espero qualquer tom em lucidez
No tumular caminho sem guarida
A luta há tanto tempo traz em vida
O quanto noutro espaço nada fez.
96
Empedernido sonho não traria
Sequer a menor sombra de atitude
E sei do quanto a vida desilude
Marcando com temor leda agonia,
A farsa que deveras se anuncia
O manto cobre a infausta juventude
Meu fim se desenhando em atitude
A luta sem sentido se faria.
Na frialdade da alma sem defesa
A sorte se mostrando quase ilesa
Na correnteza, presa da esperança
A rude companheira que maltrata
E mente tão somente a gralha ingrata
Que ao torturar imenso ora nos lança.
97
Um bêbado procura cegamente
O canto aonde possa descansar
E a noite se desenha sem lugar
Luar expressa o quanto a vida mente,
E ao fim o quanto quero e se apresente
Marcando o quanto pude desejar
E sinto sem destino meu vagar
Num delirante passo, tolamente.
Acrescentando ao nada o que a fornalha
Deveras noutro engodo agora espalha
E mata ou mesmo em vão já me atropela,
As mãos que de um artista num cinzel,
O olhar se perde além no imenso céu,
Moldando no infinito a rara tela.
98
Maldito seja o sonho aonde eu bebo
Peçonhas tão diversas ledo engano,
E quando no final tanto me dano,
Amor somente fosse algum placebo,
E tanto quanto possa não concebo
O rústico momento em cada plano
Diverso do que passe ao ser insano,
Revisitando o tempo onde me embebo,
Nenúfares, tulipas e verbenas,
Porém ao vago estio me condenas
E sei que nada mais já se permita,
Restando esta resposta em forte nexo
E quando especular vasto reflexo
Ainda ecoa em mim, a voz: maldita!
99
Na rápida noção que me estilhaça
A sombra dos meus erros me acompanha
A cada novo tempo outra campanha
Jorrando dentro da alma a velha traça
E o cântico pudera em noite escassa
Vencer o quanto o canto traz em a sanha
Diversamente o todo não se ganha,
E o preço a se pagar já se desfaça
Reinando sobre o fim e sem promessa
O mundo noutro encanto recomeça
E gera o que permita novo engodo,
Meu prazo determina o fim do sonho
E tanto quanto eu possa, decomponho
A vida se mostrando em rastro e lodo.
100
Somando os meus caminhos tantos quanto
A vida em tom diverso inda permita
Permuta que se tanto faz aflita
Expressa o mais dorido desencanto,
E o marco quando abarco noutro tanto
O tétrico cenário trama a dita
E nada mais que possa necessita
Além do que se fez audácia e pranto,
Vestindo a melhor roupa, esta esperança
No fundo sem medida ou caimento
Ainda quando muito mesmo invento
Prevendo no final farta mudança
E o tema se repete inconseqüente
E a vida noutro infausto não se sente.
101
Na pérfida loucura que me invade
As ânsias de quem pôde ter no olhar
Apenas insensato dominar
O quanto noutra face se degrade,
Ainda que buscasse a liberdade,
O peso pouco a pouco a me curvar
E nisto possa ao menos navegar
Enquanto a sorte insana já se evade,
Vestindo esta impressão por quanto tempo
Vencido pelo ocaso e nada mais,
Os dias entre gestos rituais
Os marcos entre tantos contratempos
Atentos olhos buscam flores no jardim,
Porém o quanto resta é morto em mim.
102
Venenos entre tantos que deixaste
Herança tão maldita em vil medida
Medias com teus erros toda a vida
E o término traduz ledo desgaste,
A sorte noutro engano em vão contraste
Não possa e nem permita nova ermida,
E quando a solidão é presumida
Apenas o não ser; logo encontraste,
Evoco sem respostas quem se fez
Além da mais completa estupidez
E a vida que julgara bem mais cúpida,
Espreita o quanto venha e não resista,
Nas mãos de quem se fez sólido artista,
A face desta senda mais estúpida.
103
Escadas que se elevem para além
Degraus sobre degraus em passos lentos
E quando se avizinham sentimentos
Na sorte o quanto resta diz desdém,
O manto se desmancha e nada vem,
Apenas o que possa os desalentos
E tremulando infaustos pensamentos
Depois de tanto tempo, sou ninguém.
Nevando dentro da alma, a insensatez
Esbarra no que um dia não mais vês
Nem mesmo a mera sombra de um cenário
Que tanto poderia ser diverso
E quando a cada engodo desconverso
Perverso caminhar em vago horário.
104
Espíritos diversos, tons sombrios
As vozes do passado, o som do nada,
Os brios que restassem noutra estada
Os olhos entre tantos desvarios,
Percorro sem sentido vários rios
E sei de cada infausto em tal jornada,
A luta sem sentido desenhada
Os medos entre encantos, desafios.
E o tempo se presume num momento
Sem nexo sem juízo e desatento
Marcando com a fúria contumaz,
Espero alguma sorte que não veio,
Apenas o meu mundo em tal receio
E nele se distando aquém a paz.
105
Fazendo deste passo o que pudera
Cerzir em maviosa face ou frase
Frisando o que decerto sempre atrase
Gerando dentro da alma outra Quimera,
O fato de sonhar me desespera
Ainda que meu mundo se defase
O tempo com terror a cada fase
Espreita e marca em dor a prima espera.
Calando o que inda ouvisse em noite insana
Oásis sem sentido já se dana
E o manto se transforma em mero caos,
Das tantas ilusões da adolescência
A vida renegando a coerência,
Impede que se vejam velhas naus.
106
No prazo que decerto determina
O vencimento atroz de velhas contas
E quando noutro rumo tu me apontas
A senda mais cruel ou cristalina,
Emerge dentro da alma o que fascina
E vejo no final as plagas tontas
E bebo do que tanto em vão aprontas
Buscando sem sentido qualquer mina.
O solo de guitarra, o tempo rude
A minha morta e leda juventude
O caos já dominando o meu futuro,
Enquanto cada passo desilude,
O verso sem sentido ou atitude,
O preço a se pagar, diverso e duro.
107
Não posso acreditar neste fastio
E o vento me levasse para além
Da areia e do cenário que detém
Marcando a mesma foz de um ledo rio,
Das curvas e dos sonhos, desafio
O corte se anuncia em tal desdém
Emocionada luta enquanto vêm
Diversas ilusões em roto fio,
Funâmbulo caminho e sei da queda
Enquanto o meu cenário ora se enreda
No cáustico veneno sem proveito,
E sendo de tal forma um ser herético
Ainda que buscasse ser mais ético
Etílico caminho dita o pleito.
108
Dos tantos vãos braseiros que deixaste
A demarcar assim os descaminhos,
Os dias sendo sempre mais mesquinhos
O sonho se transforma e me desgaste,
Meu tempo se desenha em tal contraste
E marca com terror os tantos ninhos
Vencido como fora por daninhos
Espinhos que decerto premiaste.
O senso se perdendo em rude espaço
O verso se anuncia e descompasso
Medonha e caricata a face turva
De quem já poderia e não se visse
Sorvendo cada instante em tal mesmice
Deixando para trás o quanto encurva.
109
Não pude e nem sequer mais saberia
Vestir o que inda tenho em sortimento,
A vida não presume além lamento
E mata o quanto possa dia a dia,
E o verso que em verdade não viria
Nem mesmo quando um cais disperso invento,
A luta sem saber do envolvimento
Da noite leda traduzindo a cria,
À parte dos apartes que traçamos,
Os erros vários soberanos amos
Ocasos entre escassos sentimentos,
E o preço a se pagar já não condiz
Conquanto que gerando a cicatriz
Presume tão somente os rudes ventos.
110
Um gole da magia que trouxeste
No prazo que talvez já determine
O tempo num momento me extermine
Notando esta distância até celeste,
Somando o que não tenho e assim vieste
Enquanto cada engodo se examine
Lembrando de Adamo, cantando Aline
O mundo no passado se reveste
E o peso sobressalta quem se dera
Na fúria incontrolável, primavera
E agora sem proveito, dentes, sonhos
Apenas escancara o quanto pude
Vestir em pleno caos, a juventude
E os dias hoje seguem enfadonhos.
111
Vivera tantas vezes sob a marca
Da velha fantasia em tom nefasto
E quando deste fado evado e afasto
A vida se refaz atroz e parca,
O vento me tocando leva a barca
E trama o que deveras já desgasto,
Restando dentro da alma o tom mais casto
Aonde o que quisesse não abarca,
O sórdido cenário em vago passo,
O tempo se anuncia mesmo escasso
E o traço que vigente dita o não,
Aos poucos me perdendo sem saber
Do quanto poderia conhecer
O mundo se moldando em turbilhão.
112
O manto que pudesse consagrar
O vértice do anseio que não veio
E o corte se traduz no devaneio
E bebo cada sorte até sangrar,
Pudesse na verdade então singrar
Sem ter sequer a sombra de um receio,
Porém em pleno vórtice eu rodeio
O quanto se permite em cada bar.
O prazo se extermina desde quando
O vento sem sentido não traduz
Sequer outro caminho e se compus
O medo se anuncia e demonstrando
Meu verso sem sentido em heresia
E o prazo imperioso não adia.
113
Os sóis aonde sois o que se expressa
Em vós a voz macia não se ouvira,
E o tempo que servisse em tal mentira
No todo sem tormento nega a pressa,
Servindo-vos talvez quando se doma,
Em vossa luta apenas o não ser
Encontra na razão de algum viver,
Apenas o que possa em velha soma,
O tempo se anuncia e nada vejo
Somente esta semente sem proveito
Do grão que cultivara e não aceito
Cerzindo esse momento malfazejo.
Ser-vos-ei fiel, tento em resposta
Apenas mesma imagem decomposta.
114
Negar a melhor sorte a quem se fez
Em vaga sensação de um nada ser
E o passo que tentasse espairecer
Ao menos nos trouxesse sensatez,
Mas todo o meu cantar já se desfez,
O vento se anuncia em desprazer,
O corte não teria o que querer
Nem mesmo outro momento em lividez,
A morte se aproxima mansamente
E o vento noutro infausto se apresente
Tornando em ócio o rude desenhar,
Amparos entre engodos e tormentas
No quanto do meu mundo ainda inventas
Somente se vislumbra imundo mar.
115
Não tendo esta certeza nem o fato
De acreditar na paz que não viria,
Embriagadamente a fantasia
A cada novo engano além constato,
E cuspo na verdade sobre o prato
Aonde o meu caminho serviria
Apenas com torpe sintonia
Matando pouco a pouco em vão maltrato,
Estéticas diversas, sonho rústico
O tempo noutro encanto aonde acústico
Tormento se esvaindo ou ecoando
De toda esta incerteza o que me resta,
Somente desenhando onde quis festa
E o verso noutro encanto desabando.
116
O pânico se espalha pelas ruas
Revoltas, pesadelos, barricadas,
As portas da esperança já vedadas
E sem sentido algum; tentas. Flutuas...
Os versos embotando tantas luas
As sortes são deveras demarcadas
E nestas ilusões já depredadas
A luta sem sentido ora cultuas,
Esqueço o quanto possa desejar
E tento neste infausto caminhar
Bebendo do veneno que me deste,
E o prazo terminando sem sentido,
Ainda quando muito enfim me olvido
Deixando cada rastro mais agreste.
117
A noite se aproxima em mesmo tom,
Vestígios do que fui; em brumas tramam
Os dias que deveras não se exclamam
Marcando em discordância o velho som,
Dos ermos e dos termos mais vulgares
Hedônico momento dita o quanto
Pudesse sem sentido e sem encanto
Vagar por onde tanto propagares
Os ermos de quem tenta novo sumo,
E teimo contra a fúria em frenesi
Do amor que tantas vezes concebi
E agora no vazio em paz resumo.
Espero que inda venha algum sinal
Mostrando divergências no final...
118
Apenas no caminho algum hotel
Aonde se descanse desta estrada
Diversa e tão penosa, cada estada
Expressa a dor e infausto, duro fel,
Desdenha qualquer passo em vão papel
Medonha sombra molda esta alvorada
E a luta a cada instante encarniçada
O prazo se perdendo e sigo ao léu,
Depois de tantos erros, sei que a vida
Ao ser sem ilusões ora desnuda
O peso sem sentido não ajuda
A voz não mais encontra uma saída,
Sentado nestas nuvens; céus tão grises
Apenas o que tento ora desdizes.
119
Surpresas entre curvas e cenários
Dispersos do que tanto procurara
A luta se desenha a cada escara
E os tempos noutros dias turvos, vários.
Os olhos sem sentido, temerários
O mundo não sabendo se prepara
E risca do caminho o que me ampara
Matando dias rudes, necessários.
Ouvir a solidão e dela ter
O quanto mais quisesse perceber
Neste ato em confluência e nada mais,
No vigoroso espaço feito em vago
Cenário aonde o todo quando afago
Exprime os mais temidos temporais.
120
Apresentando o caos qual solução
Depois de tantos anos sem sentido,
O verso quando muito resumido
Expressa dias turvos que virão,
Aonde se pudesse em expressão
Ditar o que inda tento ou mal lapido
O corpo desta deusa que esculpido
Invade o pensamento em turbilhão,
Mas mera fantasia e nada além
Presumo o que em verdade sempre vem
Matando qualquer sombra do que fui,
E o manto se transforma em tal retalho
E quando sem proveito algum batalho,
Meu todo no vazio ora conflui.
121
O vento traz teu nome em noite mansa
E a voz desta saudade trama em som
Suavidade em canto e no neon
Da lua o pensamento ora te alcança,
O mundo que à loucura enfim nos lança
O término do sonho, o medo e o tom
Atroz da velha luta em megaton
Trazendo no final erma balança.
E assim se desenhando uma ilusão
E nela novos dias se trarão
Vencendo a mesma estância que pudera
Ainda se mostrar com tal pureza
Vestindo com ternura a correnteza
Na voz sempre sensata e mais sincera.
122
Idolatrando o sonho que vertesse
O todo quanto possa merecer
Depois do que vestisse em tal prazer
O preço a se pagar me convencesse
E o quanto que deveras percebesse
Enquanto quase nada eu pude ser,
A vida não teria o que fazer
Sequer o quanto a sorte em vão tecesse.
O pântano que adentro a cada infausto,
O verso se transforma em tal clausura
E o quanto desta luta não se apura,
Embalsamando na alma este holocausto,
E o vento sem sentido e precisão,
O tempo se perdendo num senão...
123
Meus sonhos são deveras tão só meus
E nada me roubasse esta ilusão
Cerzira do passado a solução
E apenas vislumbrasse o mesmo adeus,
E quanto o meu caminho enreda ateus
Cenários entre tantos que virão,
O prazo sem saber da dimensão
Errático tormento em vagos breus,
Aonde ainda houvera qualquer raio,
O tempo noutro instante não distraio
E vivo tão somente o quanto tente
Selando com o passo em falso e rude
Ainda que moldasse o quanto pude
A luta num fastio mais frequente.
124
Num sortilégio vago a vida vem
E vence cada torre, em fortaleza
E quantas vezes; vejo sem surpresa
O todo que deveras diz desdém,
O quanto poderia sendo alguém
Diverso do que siga em correnteza,
A luta desviando em tal destreza
Marcando este cenário sem ninguém,
Alegam-se deveras falsos guizos
E bebo dos meus velhos prejuízos
E sinto o sem proveito dominando,
O rumo em dor e tédio, caos e medo
E quando no final nada concedo,
O manto pouco a pouco desfiando.
125
Nos passos sem sentido, avesso ao quanto
Tentasse novamente e nada vindo,
Apenas o meu mundo destruindo
E nisto o que pudera em verso e canto,
Mas sei que no final o desencanto
Apresentando o corte mais infindo,
E um rústico momento me traindo
Orgânico temor em ledo pranto,
O cáustico tormento se afigura
E bebo sem saber tanta amargura
Vestida em tom diverso, hipocrisia,
No fundo o que me resta e não mais vejo
Apenas o cerzir de algum desejo
Aonde a própria sorte enfim se adia...
126
O vento em tantas ermos caminhares
As águas deste rio em turbilhão,
Os olhos procurando a dimensão
E nisto talvez nada mais notares,
Aonde se pudessem teus altares
O fogo se mostrando em eclosão
A terra condenada ao velho grão
A senda mais feliz, vastos pomares.
Mas quando se apresenta o tom real
Estio dentro da alma em tom venal,
O pranto ou mesmo o caos me atormentando,
Tangenciando a vida de tal forma
Ainda quando muito se deforma
O vento noutro rumo se entornando...
127
O verso em temporais se desenhasse
E o tempo noutro brado se mostrando
Somente o que carrego em contrabando
Traçando em realidade a mesma face,
O tanto que deveras diz repasse
Do manto que nos cobre recobrando
O tempo sem sentido ou mesmo infando,
E nisto o quanto trago não calasse.
A voz em avidez aves além,
Ourives do vazio, neve vem
E volto ao meu caminho desditoso.
Ferrenhas lutas entre tantos erros
Os passos desenhando os meus desterros
O sonho que inda resta; caprichoso...
128
Perguntas sem respostas, nada trago
Somente o que talvez não mais coubesse
E nisto o quanto a vida nega e esquece
O tempo mais atroz, e ao fim divago,
Escudos me protegem? Sem afago
O lento desenhar já não se esquece
E o verso se atravessa em rota e prece
Enquanto se inda existo mal indago,
O peso da existência me curvando
O sórdido mergulho em águas sujas
Dos sonhos hoje apenas garatujas
Das hordas e das súcias, velho bando
E o corte sem sentido adentra o cerne
A vida sem proveito então hiberne.
129
O tempo em sacrifício o vício e o medo
O verso sem sentido e sem razão
O quanto poderia desde então
Apenas ao vazio me concedo,
E vendo o que deveras diz segredo
E nisto outros momentos poderão
Trazer da imensidade a dimensão
Aonde meu caminho nega enredo,
O prazo não se dera além do quanto
Ainda se tentara sem sucesso
E quando noutro rumo recomeço
Somente este vazio inda garanto
E o farto mundo mata tão somente
Negando ao solo rude uma semente.
130
O verso se transcende ao que inda expõe
Um sonho em cordilheira, em altiplano,
Mas quando no final eu já me dano
O tanto noutra face decompõe
Somando o que se tenta e não repõe
Apenas o vazio dita o plano
E quando no final o desengano
Expressa este não ser onde se põe.
O rastro que deixaste sobre o solo,
O vento carregando em leda areia,
A sorte que pudera e não rodeia,
O temporal aonde enfim me assolo,
O dolo de quem sabe e já desfaz
Matando o que restara ainda em paz.
131
O tempo não se mostra plenamente
E o condor pelos Andes, noutro instante
A vida sem sentido e galopante
Expressa o quanto quer, porém já mente,
E o quanto se desvenda em rude mente
Ou mesmo noutro passo se adiante
O verso se trazendo doravante
O corte a cada farsa ora se sente,
Eólico caminho em vendaval
Levando muito além do quanto possa,
Palavra que se exprime e nega a nossa
Vontade sem sentido é desigual.
O preço a se pagar com juro tanto
Expressa o quanto trago em desencanto...
132
Noctívago cenário em bar, sarjeta
Estrelas cultuadas pelo espaço
De um velho sem sentido e no cansaço
Apenas o vazio se prometa,
E quando a velha face, anacoreta
O marco sem proveito algum; desfaço
E bebo do que possa e noutro passo
O sonho se vestindo de cometa.
A luta sem parar em cais diverso,
A voz já se perdendo e me disperso
Imerso neste caos que agora eu fiz,
Refeito dos enganos costumeiros
Ainda que se possam derradeiros
Os olhos se envolvendo em sonho gris...
133
Especular cenário sem sentido
Olhando para trás já nada vejo
Somente o que pudera em tolo ensejo
E o corte noutro enfado, distraído.
Desvendo o que tentara e não duvido
Do inverno quando a morte em vão prevejo,
E o preço a se pagar se nada almejo
Esculpe o quanto possa resumido.
O látego cortando a carne expondo
Sangrias da esperança e não respondo,
Apenas ondeando sem destino,
O caos se anunciando após a queda,
Palavra sem sentido o tempo veda, e
Resumo o meu caminho e me alucino.
134
Apresentando ao fim algo que nasça
Do coração devasso de um poeta
A vida sonhadora se completa
E trama no final velha fumaça.
A senda se anuncia mais escassa
A morte em tal fastio me repleta
E bebe o que pudesse noutra meta,
Enquanto o que inda resta me desgraça,
A lua mais distante, o verso em vão
A presa se entregando não resiste,
E o tempo se promete em dimensão
Diversa do que tanto inda persiste,
Embora tantos brilhos. Não verão
Senão meu velho olhar amargo. Triste.
135
O preço sem proveito e a venda escusa
A lama me encobrindo por inteiro
E quando se anuncia algum canteiro
A morte vem depressa e a sei confusa,
E tanto quanto possa já se abusa
Do velho e sem sentido companheiro,
O preço molda o rumo verdadeiro
No derradeiro sonho onde se cruza,
Meditações trouxessem farta paz,
O mundo não seria tão mordaz,
O corte não viria me cegar,
Ainda quando tento novo enredo,
Aos poucos sem sentido não concedo
Senão cada momento a se entregar.
136
Jorrasse da esperança alguma luz,
Quem sabe eu poderia acreditar
No tanto quanto teime e me entregar
Vencendo o que deveras já seduz,
E o farto caminhar enquanto o pus
Vestindo o que tentasse imaginar,
A vida não permite mais o mar,
O sonho ao nada agora enfim faz jus.
Jogado sobre as rocas, o meu barco
Ainda vejo fúrias nas marés
E sei quando em verdade por quem és
E cada sensação atroz abarco,
Percorro no non sense esse infinito
E em pânico no nada eu acredito.
137
Num ermo tibetano, o coração
Ousando em plena paz, tanta harmonia,
O sonho que deveras restaria
Já não coubera mais, leda ilusão,
Assim os dias duros que verão
O todo destoando em sincronia
Depois da vida inteira em agonia,
Quem sabe no final a expiação.
Jogando o que perdera desde além
O tanto quanto possa e não mais vem
Ensina o caminhar em ledo prazo,
O verso se transforma e nada tendo
Somente este passado amargo e horrendo,
Morrendo busco mais que o mero ocaso.
138
O mantra desejando boa sorte
O canto em tal harmônico caminho,
Invade o coração fazendo ninho
Aonde finalmente se conforte,
O prazo sem final tudo comporte,
Porém já não queria mais mesquinho
O prazo que se perca e me avizinho
Do tempo onde o meu canto dite aporte
Ouvir a melodia em suavidade
Deixando para trás o quanto evade
E gere muito mais que mera fase,
Na permanência estando este segredo
Aonde sem defesas me concedo
Ainda que esta senda tanto atrase...
139
Jargões entre mentiras, mitos, erros
E o medo não coubera dentro da alma
Ainda que pudesse nada acalma
Nem mesmo os meus anseios e desterros,
Arcando com enganos, ledos passos,
E os sinos se dobrando em tal constância
A vida não mostrara em discordância
Senão meros momentos mais escassos,
Resulto deste encanto aonde um dia
Vencido caminheiro sem alento,
Bebesse tão somente o sofrimento
Enquanto a sorte enfim renegaria
Meu mundo se anuncia em tom senil,
E o todo que tentara não se viu...
140
O marco se desenha enquanto possa
Trazer numa esperança um passo a mais,
E tento noutras velhas catedrais
A sorte que talvez já fosse nossa,
O corte se anuncia e assim se apossa
Do manto sem sentido e traz mortais
Cenários entre tantos desiguais
Marcando sem proveito o que destroça
Legados que inda trago dentro da alma,
A luta sem proveito não acalma
E o medo se expandindo sem segredo,
Ainda que viceje um tempo em paz,
O quanto ainda resta não me traz
Sequer o que tentasse e em vão concedo.
141
Inquietantes anseios, fúria e gozo
Sidéreas ilusões, vago fremir
E o mundo que se busca sem provir
Matando com seu passo caprichoso,
Ainda que se faça em majestoso
Cenário o que pudesse redimir,
O pânico se espalha e sem sentir
O foco se perdendo pedregoso.
No vácuo das estrelas anãs brancas
O quanto na verdade já desbancas
Marcantes ironias, solar vento,
E quando em abissais mergulhos sigo
Os dias desenhando o ledo abrigo
Ainda sem descanso o vago eu tento.
142
Transborda dentro em mim esta vontade
Do quanto não mais visse nem sentira,
A sorte se desdenha e da mentira
O prazo nega a ausente eternidade,
Etéreos caminhares, sonho evade
E bebo cada engodo onde se atira
A voz sem precisão, e quando gira
Retorna sem saber toda a verdade,
Em fusos tão diversos, versos ermos
Os dias entre tantos, ledos termos,
Estreitos resumindo o que se quis,
Apenas apresento quanto pude
Depois da mais dorida juventude
Seguindo o quanto resta e por um triz.
143
Morrer nas amplidões e nada além
Do prazo que este tempo determina,
Marcando com ardor a leda sina
E bebo o que pudera ou não convém,
Mas sei do quanto em rumo não mais vem,
Vestindo a solidão que me fascina
E vendo a cada ausência esta menina
No olhar em tom diverso, com desdém,
Quasares e pulsares, explosões
Gigantes nebulosas, sonho escasso,
E o peso do viver ainda traço
Enquanto outros momento tu me expões,
Acrescentando o nada ao que pudesse
A vida se renega e o tempo esquece.
144
Revivo nos anseios que me trazes
Envolta em brumas frágeis, mas constantes
E o tempo quando possas e garantes
Enfrenta tais momentos mais mordazes,
Felicidade em dias, horas, fases,
Os corpos entre tantos diamantes,
Os ventos; noutras sendas; agigantes
E mostres com vigor frias tenazes,
Assisto à derrocada do que fosse
Ainda mesmo assim quase agridoce
Nos templos e nos tempos infelizes,
Altares constelares, noite imensa,
Porém a vida nega a recompensa
E trama tão somente os meus deslizes.
145
Dormindo em astros vagos e sombrios
Os olhos que pudessem mais audazes
Agora sem sentido tu desfazes
E marca em virulência ledos rios,
Herméticos cenários, desafios,
Os tempos noutros cortes já me trazes
As ânsias se moldando em rudes bases
E os mantos se perdendo em ermos fios
O vértice transporta esta tangente
Na progressão que fora geométrica
A vida se negando em rude métrica,
Apenas o passado se apresente
Reconfigura a sorte que viria
E nada me trouxesse a poesia...
146
Ainda quanto fora sedutor
O mundo aonde o tempo não presume
Sequer o que inda rege em vago ardume
O manto se moldando sem valor,
A voz inusitada deste amor
E o corte se anuncia e de costume
O templo se desenha em ledo cume
E o marco transcendendo sonhador,
Escusas não aceito e nem permito
Ainda quando tento no infinito
Algum sinal que possa demonstrar
O tanto que inda resta e já não cabe
Bem antes quando o mundo em mim desabe
Marcando este temor que é secular.
147
Em multiforme verso se transcende
O prazo determina o que viria,
E bebo a me envolver nesta agonia
E dela cada passo ora depende,
Ainda que se veja o que recende
Deste vazio imenso outra alegria
Ou mesmo a noite amarga e quanto fria
Espreita o que no fundo se desprende
Apenas desenhando do futuro
O quanto noutro enfado não perduro
Vacâncias entre insólitos cometas
Insólitos os bólidos que vejo,
E o quanto se anuncia em tom sobejo
Decerto não querias nem prometas.
148
Retornando ao quanto fui e não levara
Sequer a menor sombra de esperança
A vida com certeza tanto cansa
E mata o que pudera em sorte amara,
E ao fundo na verdade se prepara
Regendo o que vencesse em dura lança
E quando na certeza nada alcança
A dança noutro engano desampara.
Não posso acreditar no que viria
Após o medo em tanta hipocrisia
O risco de viver somente meu,
E a dor que tantas vezes cometesse
Além do quando em alma vã tecesse
Resulta no vazio em perigeu.
149
Das prendas não desprendas e nem vais
Vestindo com temor o que inda reste
E mesmo quando o tempo é mais agreste
A chuva cultuando os teus quintais
E as roupas isoladas nos varais
Aonde a sensação do ser empeste
E o corte não pudera se inda geste
Os dias entre medos, desiguais,
Esfumam-se diversas emoções
E os ermos que procuro e me propões
Beirando sem sentido uma loucura
A porta se fechando e nada havendo
Somente o que mostrasse ser remendo
Gerando no final esta amargura.
150
Encantos que pudesse ainda ter
Nos olhos sonhadores de quem ama,
A vida na verdade não reclama,
Mas sei quanto me custa amanhecer,
E o pouco sem sentido a me prover
A luta a cada engano nova rama
E sigo sem sentido a mesma trama
Que tanto poderia perceber,
Amor já não cabendo dentro em mim,
O verso se desenha e dita o fim
Do todo sem proveito e sem carinho,
Ainda sem sentir qualquer alento,
Bebendo o que tentasse; o sofrimento
Fazendo do meu peito o velho ninho.
151
Qual noite que procura no crepúsculo
Inspiração em brumas, ou na lua
Emerges dos meus sonhos bela e nua
O tempo noutro passo, tão minúsculo,
E vejo a insensatez em cada músculo
E vago aonde a sorte continua
Marcando o que possa e não flutua
Mesquinho caminhar em tom maiúsculo,
O Karma que apresenta após engodos
Os dias imergindo nestes lodos,
Os prazos determinam o meu fim,
E o quanto poderia e não tivera
Ausente mocidade e primavera,
A morte acende agora este estopim...
152
Segredos e mentiras que inda trazes
Nos olhos mais doridos, noite e fúria,
A sorte se desenha em tal incúria
E o tempo nega sonhos mais vorazes,
Aporto aonde tanto já desfazes
Do medo que se traça em vã lamúria
Restando para mim a face espúria
Aonde se desenham duras fases,
A fuga não presume solução
Os olhos noutro ponto fixarão
E o medo se alimenta do que um dia
Pousasse dentro da alma em tom sutil,
E o quanto na verdade não se viu,
Apenas o final ainda adia...
153
São tantas ilusões que amor me traz
E o verso não resulta na resposta
Enquanto a própria vida decomposta
Mostrasse o tom feroz e mesmo audaz,
No rio caudaloso, a voz mordaz
De quem sabendo vaga esta proposta
Encontra o que pudera, mas desgosta
E a crosta se moldando nega a paz.
O vândalo cenário desabasse
E o marco se mostrando noutra face
Alada serventia aonde pude,
Sentir a doce brisa me tocando,
E o mundo que pensara bem mais brando
Levando para sempre a juventude.
154
Aonde se fizera de cristal
O brinde em tom sereno ou mais diverso
E sei do quanto cabe no universo
O marco noutro instante em ritual,
A luta se aproxima e desigual
Não tendo outro momento enfim eu verso
E sei do quanto possa se submerso
Nos ermos deste velho tom frugal.
Amar e crer talvez no frenesi,
Embora seja pérfida a loucura
A vida com certeza me tortura
E traça o quanto quis e já perdi,
Negando qualquer luz que ainda veja
A senda sem proveito malfazeja.
155
Saudade em fartos goles, ilusão...
O manto se desfia e nada sobra
Sequer o que pudesse em cada dobra
Moldar o meu destino e direção,
Ainda se desnuda esta amplidão
Sentido a cada engodo se recobra
E a vida com certeza tanto cobra
Matando os dias ledos que virão.
Bebendo cada instante nada trago
Senão esta aguardente dentro da alma,
O medo se desenha e não acalma,
Apenas o que tento nega afago
E vasculhando o quando pude outrora,
A sorte já perdida me devora.
156
O vento me trouxesse este horizonte
Iridescente espaço aonde eu possa
Trazer o que talvez supere a fossa
Tramando a colorida e bela ponte,
E quando a sorte além já se desponte
Marcando esta expressão deveras nossa
E disto o que se quer e não destroça
Encontra o que resume a bela fonte
Negar o quanto quis e não viria
Matando este cenário em agonia
Bebendo em solidez o meu caminho,
Ainda que pudesse sobre a relva
A luta se desenha em plena selva
E sela este cenário ora daninho.
157
Mudando de conversa o tempo escapa
E marca em aridez o quanto tente
E mesmo que talvez seja frequente
O todo se traduz em velha capa,
O manto seduzisse e noutro mapa
O tanto que se busque e mesmo atente
Não gira sobre a sorte impertinente
E o velho caminhar é feito à tapa.
O custo do viver em inflação
Um barco se perdendo em direção
O tanto que o timão inda mostrara
Depois da própria queda não repara
E deixa os dias tolos que virão
Nesta impressão atroz, mas rara...
158
Esfrega a solidão em plena face
De quem se mostraria e não se visse
Marcando com meu passo outra tolice
Ainda que deveras nada trace,
O vento noutro ponto agora muda
A direção da ventania e desabando
O mundo neste ocaso desde quando
A luta não deseja além da ajuda
Omissa caminhada em noite escura,
O verso se produz sem mais sentido,
E o tempo na verdade consumido
Apenas com certeza me tortura,
E bebo em sortilégio o que pudesse
Em privilégio, enquanto o rumo esquece.
159
Jazigo da esperança o casamento
Aonde os dois não sabem direção
E vago sem sentido ou precisão
Embora saiba forte o velho vento,
O tanto quanto possa e mesmo tento
Negando os meus caminhos que verão
Após o nada ser o mesmo vão
E nisto permaneço desatento,
Encontro o que pudera ser alheio
E o fim do quanto quis agora veio
Trazendo sem sentido o verso rude,
E o medo não produz o resultado
Prostituindo a voz e assim me evado
E o quanto ainda resta desilude...
160
Marcar com harmonia ou mesmo até
Vencer o que pudesse de tal forma
Aonde a solidão jamais informa
Levando a vida em plena fé,
Ainda sendo assim sem rumo e em desvario
O preço a se pagar não mais comporta
Deixando semi-aberta a velha porta
Enquanto o dia a dia desafio,
Espero algum momento e nada veio,
Somente o que pudesse ser diverso
E bebo na verdade o que disperso
Olhando sem sentido em tom alheio,
Apresentando a culpa pago a conta,
A luta a cada instante além desponta.
161
O manto recobrindo o velho sonho
E nada mais sentira senão isso,
O quanto na verdade é movediço
Cenário aonde agora enfim me ponho
E tendo este caminho mais medonho
Vestindo o quanto tente e até cobiço
Espero o que perdera em velho viço
E o quanto sou mortiço inda componho,
Invisto cada verso no vazio
E bebo do meu pranto em desvario
E nada mais teria, nem a paz
O fim se anunciando sem sentido
O corte noutro engodo resumido
O dia se mostrara tão mordaz.
162
O vento que ora espalha cada passo
E nega o sentimento que viria
E marca com temor esta agonia
E o tempo a cada instante me desfaço,
Vestindo noutro ponto o que é devasso
Marcando com temor ou alegria
A luta se desvenda e assim teria
O tempo que deveras inda traço,
O manto sem sentido e sem proveito,
O quanto na verdade mais aceito
Expressa o que decerto eu quero além,
A liberdade dita o quanto veio
Do medo sem temor, sequer receio
E o vento noutro ponto sei que vem.
163
Premissas de uma vida sem saber
O quanto caberia dentro da alma
A luta na verdade gera o trauma
E o tempo sem ter tempo posso ver,
A marca sem sentido e sem querência
O marco mais audaz expressa este caminho,
O vento na verdade mais daninho,
Do tanto que se queira ter ciência,
O preço a se pagar não mais valesse
O medo em armadilhas tão diversas
Enquanto se mostrando além imersas
As vozes na verdade eu esquecesse.
O preço a se pagar não me permite
Que tente qualquer rumo sem limite.
164
Sem mártir, sem herói a vida segue
Meu mundo não pudera ser assim
Acendo da verdade este estopim
E o todo com certeza já prossegue
E nada mais tentasse ou renegue
O vento se mostrando este motim,
E trama o que vivera dentro em mim,
Ainda que a esperança sempre negue,
Nada mais serviria apenas isto,
Somente o que marcasse e já desisto,
Vencendo qualquer dor que ainda venha
E nisto o que se faz desmente o passo
E o mundo se tramasse e assim desfaço
O quanto se quisera noutra ordenha.
165
Meu verso se traduz em luta e medo
O pânico selando o dia a dia,
Marcando com temor o que viria
E nisto com certeza se procedo,
O verso que vencesse no segredo
Que tanto gera paz ou agonia,
E o manto na verdade desalinha
Deixando o meu caminho agora ledo,
Apresentando a culpa que inerente,
Expressa o que deveras já se sente
E marca com temor a noite escura,
Depois de tanta luta não mais vejo
Sequer o que pudera e quando almejo
Apenas o vazio me tortura.
166
Espero após a queda o mesmo coice
Da moça que se fez benevolente,
Mas quando tudo muda de repente
O olhar se traduzindo em corte e foice
E o tempo sem sentido traz o não
Servindo o que talvez já não coubesse
Deixando para trás o rumo e a prece
Marcando com temor a embarcação,
O vento se moldando em rude espaço
E vejo o que deveras tento e traço
Ocasos dentro da alma e nada mais,
Os olhos procurando um horizonte,
Mas nada na verdade inda desponte
As roupas esquecidas nos varais.
167
Apenas o que possa ou mesmo tente
Vencendo o dissabor tão costumeiro
As sobras do que somos no cinzeiro
O verso que pudesse e violente
O mundo neste infausto tão frequente
O canto que se fez o derradeiro,
A luta sem sentido em tom useiro
O prazo determina o que se sente
O preço a se pagar não mais cabia
Nem mesmo que gerasse da agonia
Alguma sorte que não veio,
E quando se anuncia o fim de tudo
O preço a se pagar, porém, contudo
É sempre estar atento em tal anseio.
168
O mundo não mais trace outro cenário
E vejo o dia amargo enquanto tento
Vagando sempre entregue ao forte vento
E nisto o meu caminho solidário,
O tempo noutro tempo solitário
O manto sem sentido quando invento
Apenas o final dita o rebento
Negando qualquer tom no itinerário,
Versando sobre o quanto poderia
Marcar a solidão em noite fria
E o verso se anuncia desde quando
O mundo sem proveito e serventia
Toasse em dissabor no dia a dia,
E o todo noutro passo, desabando...
169
O preço a se pagar do sentimento
Não vale com certeza qualquer fato
E sendo que deveras já constato
A vida num provável desalento
Encontro o desencontro enquanto tento
E os restos do que fomos eu resgato
Deixando sobre a mesa este retrato
Marcado pelo tempo desatento,
Escrevo em sangue e medo a rude história
E sei do quanto a vida é merencória
Quisesse meritória, mas não fora.
O prazo determina o fim do sonho
E o quanto sem sentido algum reponho
Explode nesta face sofredora.
170
Um átimo e meu tempo se esvaindo
Sem nexo sem perdão e sem sentido,
Acolho o quanto possa e resumido
O verso noutro mundo fosse infindo,
Vestisse então de glória o quanto é lindo,
Mas bebo deste vinho, distraído
E o todo que se visse consumido
No prazo a cada instante decaindo,
Eu vejo o que talvez ainda tente
E nada do que possa faz contente
Quem sabe do final em heresia,
A luta se transforma a cada fato
E o quanto ainda sou, ledo eu maltrato
Matando o que deveras não viria...
171
Enquanto peregrino pelos sonhos
Vagando sem sentido ou mesmo quando
A história noutro rumo se entornando
Vencendo ritos duros e medonhos,
Poentes entre tantos vãos, tristonhos
E o termo se mostrasse desnudando
Caminho aonde siga além e ousando
Vencendo os tantos dias enfadonhos,
Especulando, e nada se percebe
Um andarilho procurando a sebe
Diversa desta aonde pode enfim
Depois de tantos erros verso aquém
De todo este ar enquanto o tempo vem
Trazendo sem sentido o quanto eu vim.
172
Na efêmera expressão que se aproxima
E o verso se desvenda e não resulta
Sequer no quanto pude em tal consulta
Gerando no final a dura estima,
Amenizando o sonho, mero clima
E o caos se aproximando onde se ausculta
A vida sem proveito já sepulta
E o tanto não moldasse o que se suprima,
Acolho resultados do passado
E bebo do presente enquanto evado
Cerzindo o mundo em tom diverso e rude,
Assim o que reveste meu caminho
Presume o desejar, mas tão mesquinho
Apenas o não ser; enfim eu pude.
173
Deleites e vontades são sutis
E passageiros sonhos ermos vêm
Acolho cada engano e no desdém
Os olhos noutro encanto, por um triz,
Viver a minha história aonde eu quis
Seguir o que deveras nada tem,
E o preço a se pagar não me detém,
Apenas deixa amarga cicatriz,
Ocasionando a queda noutro fato,
E quando a solidão; em mim, constato
Acolho o que me resta e sigo só,
Ainda que se espere novo dia,
A sorte noutro passo rondaria
A estrada sem desvios, mero pó.
174
A dor que se fez velha conhecida
Não abandona o barco e segue em frente
Ainda quando a fúria sempre enfrente
Fortuna há muito tempo já se olvida,
E tendo em vossas mãos cada ferida
O rústico momento se apresente
E o velho coração, impertinente,
Não busca no final qualquer ermida,
Uma expressão apenas, mas tão pouco
Bastasse para um verso audaz e louco
E ser-vos-ei qual servo ou mesmo até
Nesta querência espúria e sem sustento
Aquém do quanto possa eu já nem tento
Saber de algum alívio, ora sem fé.
175
Dos claustros costumeiros cadafalsos,
Masmorras entre pedras e grilhões,
Ainda quando tento e me propões
Os dias se procuram em percalços
Os olhos sem sentido sendo falsos
As cordas se arrebentam, vis cordões
E nestas mais diversas emoções
Os passos entre pedras são descalços.
Ainda que previsse novo espaço
Em era transformante e mais feliz,
O tanto quanto pude se desdiz
E o verso se aproxima enquanto traço
Vagando pelo ocaso e nada mais,
As frutas todas podres nos quintais.
176
Arcaicas noites velhos abandonos,
E o pranto se mostrando redundante
Ainda quando o nada se adiante
Prendendo o meu sentido aos velhos donos,
Qual fosse amargo deus, um novo Cronos
Devoro cada verso e doravante
A morte que premia me garante
Os dias entre velhos, rudes monos,
E os cânticos que outrora ainda ouvisse
Agora em sortilégios, a tolice
Expressa o que se fez em nova senda,
E quando a luz se evade do caminho,
Ainda que eu me veja e sou sozinho,
Vontade sem limites nada atenda...
177
Em fartas convulsões, ledo momento
E o parto se negando ao quanto estende
A mão sem ter sequer o que pretende
Cegando seu sentido em desalento,
E quando noutro passo ainda invento
O tétrico cenário a vida entende
Qual fosse um questionário e ao fim se vende
O quanto no final geste o lamento,
Espreito e nada tendo senão isto:
O corte mais escuso, eu já desisto
Ferrenhas emoções em passos vis,
Partícipe do sonho que se nega,
A vida se desdenha e desta adega
O vinho avinagrado que não quis.
178
De tanto procurar e nada ter
Senão a mesma pedra em meu caminho,
O tempo prenuncia o velho espinho
E o corte me traz rude amanhecer,
Espalho o meu cantar e passo a ver
Nos olhos de quem volta; o mais mesquinho
Momento aonde em dor tanto me alinho
Rondando o que se espera conhecer.
Do tétrico cenário de onde venho,
O rústico tormento diz do empenho
Cativa solidão expressa o fim,
E o manto se destroça e nada havendo
Somente o que se mostra em tal remendo
A sólida expressão nega ao que vim.
179
As linhas mais diversas desta palma
Expressam os sentidos de uma sorte
Exposta ao que ferisse e ao que conforte
Comporta o que deveras já me acalma
Não tendo outro proveito a vida nega
E paga com a dor e nada mais,
Os olhos se apresentem onde venais
As sombras trazem vida amarga e cega.
Do púlpito talvez em sacrilégio,
O régio desenhar em heresia
Quisesse ter no olhar eucaristia,
Mas bebo do vazio em sortilégio,
E canto apesar disto, e sei do fato
Aonde o que se prega em vão, resgato.
180
Não mais me caberia qualquer sonho
Nem mesmo o todo quando a vida traça
O tempo que se perde e na devassa
Manhã o que sequer inda proponho,
Compósitos diversos, e me ponho
Ao largo desta sorte mais escassa
E o passo se perdendo na fumaça
Num ar deveras rude ou enfadonho,
Jasmins e lírios ditam meu canteiro
E o fato de ser teu e por inteiro
Não pode resultar noutro tormento,
E quando novo mundo eu busco, atroz
Fortuna num revés calando a voz
De quem sem mais sentido, em prumo tento.
181
O corte na raiz
O temporal devora
E quando vou embora
Sem ter o quanto eu quis
Gestando este aprendiz
Enquanto o tempo aflora
E o verso se demora
A perceber a atriz
Que foste a cada instante
E quando se garante
Apenas o que tento
Meu barco sem sentido,
Perdendo desvalido
Sem ter vela nem vento.
182
O preço que se paga
Nas tramas onde o sonho
Que louco se componho
Espalha em dura plaga,
A sorte que divaga
O tempo mais bisonho,
O vento que proponho
O mar na imensa vaga,
Mas tudo é perecível
Assim como também
Eu sou e nada tem
Além do ser que crível
Expressa em desventuras
As luas que procuras.
183
Jogado sobre as tramas
Dos velhos temporais
Ainda que banais
Os dias onde clamas
Trazendo tantos dramas
E sem saber jamais
Os dias desiguais
E neles restos, lamas.
Entulhos do que somos,
A vida em tolos gomos
Erramos sem saber
O quanto se percebe
Presente nesta sebe
E o quanto sem se ver.
184
Bom dia eu poderia
Se o dia fosse bom,
Quisesse ter o dom
De tanta fantasia,
Porém o velho guia
Perdido noutro tom,
Sem sonho céu e som,
Já não mais caberia
No canto que se ilude
Na sorte em atitude
Neste venal tormento
E quando vejo enfim
O caos dentro de mim
Eu bebo, inteiro o vento.
185
Seguindo os rastros que tu deixaste quando
Em noite bela ao caminhar no sonho,
Levavas livre o coração e ponho
Minha esperança no final tocando
No sensual moreno corpo brando
Marcante passo ao quanto sei risonho
De um mundo imenso em sensação; e oponho
O meu desejo ao que se fez infando.
Nas tantas noites em venturas raras,
Nas horas vagas onde vejo a luz
Que me trouxeste em fantasia imensa,
E quanto além do meu anseio amparas
A tua mão que tão sutil conduz
Meu passo ao todo que ao amor convença.
186
Já não mais caberia qualquer passo
A quem se fez atroz e mesmo alheio
Ao sonho que carrego em devaneio
E nisto tão somente o nada eu traço,
Depois de prosseguir e estando lasso,
A luta se presume enquanto veio
Trazendo nos seus braços tal anseio,
Deixando o dia a dia mais escasso,
Enquanto a plenitude se faria
Vencendo o quanto possa em alegria
E o vento me tocando mansamente,
Falando deste amor que tantas vezes
Teimei em percorrer, mas sei que há meses
O quanto que me dizes se desmente...
187
Não quero mais as sombras do que fomos
Sequer as novas horas que não vêm,
Apenas o que tanto diz de alguém
Que possa me trazer seus doces gomos,
E o todo que em verdade sei que somos
Traduz o quanto na alma em paz contém
Quem sabe noutro tempo ou mais além
Possamos atingir etéreos pomos
E vagando sem freios, plena paz,
Ousando o que esta vida em luz se faz
Nas tramas entre tramas erigidas,
E assim este andarilho coração
Encontra o renascer de uma estação
Entre as diversas fases de mil vidas.
188
Alerto ao que se tente presumir
Nos erros costumeiros de quem trama
A sorte noutro canto e nesta chama
Expressa o que se possa consumir,
Vagando sem saber o que há de vir,
O ledo desenhar expressa e clama
Vencendo em esperança o árduo drama
Ou mesmo noutro espaço a redimir,
Os erros de quem pôde acreditar
Na vida sem sentido e desenhar
Os erros costumeiros e banais,
Mas quando se anuncia o fim da tarde
E a noite em bruma urdindo traz o alarde
Prepara para os tantos temporais.
189
Não tendo outra vertente, busco ao menos
Os dias mais suaves ou gentis
E tento este cenário e por um triz
Bebesse dias calmos, mais serenos,
Porém ao me entregar em erros plenos
O quanto do meu tempo se desdiz
Desejo que não seja atroz e gris
Meu mundo que se envolve em tais venenos.
Nas ácidas noções de tempo e vida,
A sorte se desdenha e traz perdida
Noção do que viera e se poria
Nos termos mais audazes e ferozes
Ouvindo tão distantes ledas vozes
Tentando após o nada, um novo dia.
190
Não vejo senão sombras do que tento
Depois de cada engodo repetido,
O mar que se tentara sem sentido
O dia noutro cais bebendo o vento,
E ao fim do que se traz em vão tormento
Meu sonho noutro engodo resumido,
O prazo onde tanto dilapido
Meu rumo sem sentido; esquecimento.
Mecânicas diversas, gestos tais
Que possam resumir os desiguais
Em fatos coerentes, proveitosos,
Arcando com meus erros quando busco
Vencer o caminhar em solo brusco
Pensando noutros rumos luminosos.
191
Já não me caberia
O quanto quis outrora
O tempo se demora
E nada mais viria,
Sequer a fantasia
Que tanto desancora
O sonho rememora
O que não mais queria,
A luta sem descanso
O rumo onde me lanço
E o frágil pensamento,
O verso se moldando
E o nada desde quando,
Felicidade eu tento...
192
O verso se traduz
Na fonte inesgotável
Do quanto quis amável
Embora vá sem luz
Espreita dita a cruz
E o gosto deplorável
Do que pudesse arável
E agora não produz,
Vencido pelo ocaso
A cada novo atraso
O prazo se prorroga,
Mas quando vem a noite
Sem nada que me acoite,
Meu canto vago roga.
193
Anseio alguma forma
De ser felicidade,
Porém tanto degrade
E quando a vida informa
Marcando com reforma
Sem dar vitalidade
Ao passo onde a verdade
Jamais seria a norma,
Morrer e renascer
Um pouco a cada dia
E quanto mais queria
Podendo conceber,
O novo surgiria,
Renovando meu ser.
194
O gole que eu acuso,
Terríveis caricatas
As noites em cascatas
A roca perde o fuso,
No infausto me entrecruzo
Com tantas vis bravatas
E quando em arrebatas
Persisto e vou confuso,
Apenas cabe em nós
O tempo mais atroz
E a voz que silencia,
O vento na janela,
O quanto se revela
Jamais traz outro dia...
195
Vestindo o quanto pude
E mesmo se não tente
Ainda quando alente
A velha juventude,
E nesta plenitude
O mundo se alimente
E quando é tão frequente
No fim se desilude,
Versando sobre o quanto
Restasse dentro em pouco
E sei que me treslouco,
Marcado em desencanto
O vértice dos sonhos,
Em ritos vis medonhos...
196
Jogado nalgum canto
Sem ter qualquer espaço
A vida num cansaço
O passo em tal quebranto
Restando enquanto canto
O verso mais escasso,
O dia onde devasso
Gerasse desencanto,
Marcando com o sonho
O mundo onde componho
Campanhas, vales, prados,
Engodos, lodos lama
E o tempo quando clama
Expondo tortos Fados.
197
Bisonhamente creio
No passo sem sentido
No vento decidido
Na vida sem receio
E tanto quanto anseio
Sou pego prevenido
E o tanto que duvido
Protege, mesmo alheio
Há confluência então
E sei dos que verão
O fato consumado,
O ledo caminhar
Em noite a se moldar
O tempo enquanto evado.
198
Beber a juventude
Tocar a vida em frente
De tanto que apresente
A mais do quanto pude,
A roupa que se grude
Na pele incandescente
O gosto previdente
A falta de atitude,
E assim versando aquém
Do quanto quero e vem
No cósmico querer,
Abismos se entreabrindo
E o que pudesse infindo,
Agora se perder.
199
Negociando o prazo
Vencendo a promissória
O tempo sem memória
O caos onde me atraso
E bebo deste ocaso,
Na sorte mais inglória
E sei que é merencória
A vida em tal descaso,
O peso do passado
O teso desenhado
No preço a se pagar,
O vento mal tocando
Um tempo que eu quis brando
Agora a torturar.
200
Não tendo mais resposta
O tempo colabora?
Apenas vou embora
A sorte decomposta,
A vida se desgosta
O corte que apavora
O término demora,
Mas sei e perco a aposta,
E na justa medida
Perdera a minha vida
Inválida tormenta,
Repor na caminhada
A sorte que hoje é nada,
Ao menos a alma tenta.
201
Aonde se quisesse
Apenas descansar
Ou mesmo imaginar
A vida em que se tece
O todo se obedece
E molda no luar
A sorte a nos tocar
Entoe a velha prece
E ríspido caminho
Enquanto ali me aninho
Do vinho mais suave,
O tempo se desdita
A luta mais aflita
E o canto não se agrave.
202
Não tendo outra saída
Sequer o que talvez
Ainda mesmo vês
Ou deixe em despedida,
Desperdiçar a vida
Na mera estupidez
Do quanto se desfez
Na sorte já perdida,
Vestindo o mesmo engodo
Aonde se fez lodo
O charco a me tomar,
No barco da ilusão,
Apenas a emoção
Deixando além, o mar.
203
Negar o que se faz
Ou mesmo o quanto vem
Vencendo com desdém
O tempo queda atrás,
O verso feito em paz
O sonho não contém
E o nada me provém
Da sorte mais mordaz,
Acuso cada pânico
E sei quanto tetânico
Sardônica loucura,
Invisto insisto e perco
Aumentando este cerco
Na sorte que tortura.
204
No vento e nas barrancas
Nas ancas da morena
As sortes que desancas
O tempo me condena
As sortes mesmo francas
A luta se faz plena
E sei das noites brancas
Nos sonhos da falena,
Mas tanto poderia
E nada mais viria
Aloco-me no nada,
E sigo cada luz
Aonde se produz
A velha madrugada...
205
Um refrigério enquanto
Estio não descansa
O verso em noite mansa
O bêbado recanto,
E quando tento e canto
Aquém de uma esperança
A luta sem fiança
O prazo dita espanto,
E beijo este infinito
Audaciosamente
E a vida quando mente
Expressa o que acredito
No caos e no vazio,
O velho desafio...
206
Jamais ouvira a voz
De quem se foi e deixa
A vida como queixa
E traz o olhar feroz,
Ensejos noutro passo
E vejo o quanto ilude
A louca plenitude
Enquanto sigo escasso,
Versando sobre o quanto
Talvez inda pedisse
Do amor mera tolice
Aonde agora espanto
Meu passo sem sentido
Enquanto o dilapido.
207
Já não me caberia
Falar sobre o que possa
A vida sendo nossa
Também dita outro dia,
E o quanto em heresia
A sorte não remoça
E mesmo quando adoça
Presumo-a vaga e fria,
Emposso meus segredos
E sei dos dias ledos
Envolto em temporais,
Não tendo mais o quanto
Arcasse em raro encanto
As sombras são fatais.
208
A sorte qual jaguar
Em bela expectativa
Enquanto ao fim me priva
Tocaia a preparar,
Na planta que ao brotar
Expressa uma alma viva
Ou mesmo na cativa
Vontade a desenhar
O tempo sem ter tempo
De ser o contratempo
No exemplo que se dera
Vestindo o quanto é rude
O mundo onde se ilude,
Apenas vã pantera.
209
Os homens, ermas balas
As sortes sem proveito
O verso não aceito
E sei quando me calas,
Vencendo em várias salas
As honras deste pleito
O mundo se desfeito
As mortes quanto embalas
O sonho em sofrimento
O quanto quero e tento
Do atento navegar
Restando tão somente
O sonho onde se enfrente
Inteiro o imenso mar.
210
Já não mais caberia
Saber o que me resta
Se faço ou se detesta
A luta a cada dia,
O passo em agonia
A fúria na floresta
A sorte adentra a festa
E deixa o que teria,
Criteriosamente
O tanto que se mente
Sementes sonegadas,
As ânsias entre prazos
Diversos dos acasos
Em sendas depredadas.
210
Pudesse enquanto rude
Vencer o que ora ditas
E sei quantas e aflitas
As noites, plenitude,
E quanto mais se ilude
Embora tais desditas
E nelas acreditas
Enquanto já não mude
Nos cantos desta casa
Na fonte que me abrasa
No abraço sem alento,
Vencido pela sombra
De quem tanto me assombra,
Ao menos teimo e tento...
211
O ser que se completa
Apenas no não ser
E quando possa ver
A sorte mais concreta
Expressa o ser poeta
Ou mesmo não saber
O quanto merecer
E a vida nos repleta.
Cometa que se esvai
Na dimensão contrária
A força mesmo vária
Deveras já nos trais,
E sendo até por isso,
Na sincronia eu viço.
212
Fatores que talvez
Ainda não movessem
O quanto merecessem
Ou mostrem noutra tez
O quanto já não vês,
Porém quando notassem
As sortes que embaracem,
No fundo insensatez.
E faço ou não faria
Do todo em fantasia
O porto em lodo ou mel,
Mas quando me conduzo
Ao passo mais confuso,
Encontro o passo ao léu.
213
Servil e não ser vil
O quanto se diversa
A vida sem conversa
O passo onde se viu
O tanto resumiu
E quando desconversa
Ainda mesmo versa
No prazo mais sutil,
Somando o nada ser
E o ser tão diferente
Deveras se apresente
O que não posso crer
Servindo de alimária,
A dor tão temerária.
214
Na confusão dos passos
As quedas e os anseios
E tento em devaneios
Decerto os mansos traços,
E sei dos meus cansaços
Também dos belos seios
E deles raros veios
Nas tramas dos teus braços.
Vencer ou ser vencido
O tempo resumido
Jorrando em luz imensa,
No prazo que se esgota
Amor ditando a rota,
Das dores recompensa.
215
Não pude e nem que tanto
Ainda se quisesse
Na vida com tal messe
Do peso onde garanto,
Navego neste encanto
E sei que sempre houvesse
A bela e rara prece
Gerando novo canto,
Apenas solidário
O verso necessário
Expressa a festa em nós;
Depois enquanto pude
Viver a magnitude
Do amor mesmo que atroz.
216
Somando o que pudera
E o tanto quanto vejo
Do passo onde este ensejo
Desenha a mesma fera,
A luta noutra esfera
O corte mais sobejo,
Do tempo onde prevejo
A sorte sem espera.
Negociando o passo
Aonde tanto traço
E faço a minha história,
Nas trapaças da vida
Que tanto quando urdida,
Negasse qualquer glória.
217
Dos túmulos que venho
Apenas um detalhe
Aonde se retalhe
O tempo onde me empenho,
Na morte em ledo cenho,
O beijo que atrapalhe
A fúria quando espalhe
O passo ora detenho,
E vivo por viver
Somente ronda o ser
Seara em sintonia,
Do quanto ou não se vendo
Talvez este remendo
Expressa o que eu seria.
218
Das cores e dos sóis
Os olhos na ardentia
A festa em sincronia
Os rumos que constróis
E vendo em tais faróis
O peso que teria
A noite se envolvia
No nada onde condóis.
Vasculho cada ponto
E sendo neste pronto
Cerzir o quanto resta,
A vida noutro passo
Ainda quando a traço
Explode em dor e festa.
219
Um verso ou mais versão
Dos sentimentos onde
O quanto se responde
Gerando esta aversão,
Amor- conversação
O prazo corresponde
Ao fato que se esconde
Matando a diversão
Diversidade dita
A sorte que tramita
Entre este ser/não ser
E o marco que simula
Não traz sequer a bula,
Mas sinto-o conceber.
220
Nos antros que antagônicos
As noites ditam dias
E vejo o quanto rias
Mesmo nos vãos agônicos
Os passos mais harmônicos
E neles fantasias
Em idiossincrasias
Tomando anti-distônicos.
E bebo o quanto possa
Da vida que se apossa
Do velho sentimento,
E quando um excremento
Rasgando a imensa fossa
No nada eu me provento.
221
Jamais eu quis saber
Heréticos caminhos
E bebo destes vinhos
E neles o prazer,
Pousasse sem querer
Nos términos em ninhos
Diversos e daninhos
Aonde possa haver
Apesar do futuro
No corte configuro
O manto que sagrasse,
No tempo exposto ao tempo
O vento em contratempo
Negando a velha face.
222
Um campo assim minado
O passo em desalento,
A vida aonde eu tento
Vencer este traçado,
Marcante e relegado
Ao próprio esquecimento
No quanto desatento
Do caos onde me evado,
Soergo-me do nada
E tendo a desejada
Sorte que pudera,
Despisto o tom alheio
E quando devaneio
Açoda-me tal fera.
223
Não poderia ver
No tanto quanto é vasto
O mundo onde me afasto
Do tempo e passo a crer
No torpe amanhecer
E nele sem repasto
Sem ter nem mesmo o emplasto
O prazo a se esquecer,
Os versos inauditos
Os olhos mais aflitos
Malditas ilusões,
E ao fim de certo prazo,
Apenas de um ocaso
Que acaso, tu me expões.
224
Jazigos da esperança
Os mares desencanto
Aonde tento e canto
A voz não mais avança
Jogado qual criança
No verso onde me espanto,
Marcante passo em tanto
Momento trama e lança
A luta em tal desenho
E quando busco e venho
Beber alguma luz,
Apenas o vazio
Do tempo mais sombrio
Em mim se reproduz.
225
Jorrar dentro do peito
Sangria feita em fonte
Por quanto tempo aponte
O verso já sem jeito,
E quando em vão me deito
Sem nada que desponte,
Ousando em medo e ponte,
Marcando o quanto aceito,
Resumos de outras eras
Aonde tanto esperas
Esferas que não vêm,
Depois do engano; rude,
Vivendo o que não pude,
Voltando a estar aquém.
226
A casa, a sala e o quarto,
As tramas que teceste
No quanto me envolveste
Após já nem comparto,
E estando mesmo farto
Perdendo o irrompeste
No verso onde bebeste
O amargo sonho e o parto,
Se merecesse tanto
Obedecesse enquanto
O que se cesse espanta,
Tecesse desencanto
E quando ora me encanto
A copa nega a manta.
227
Desodorize o sonho
E trace noutro rumo
O quanto não perfumo
E sei vago e medonho,
Assim se mal proponho
O prazo não resumo
No tempo em mero sumo,
No vento ora enfadonho,
Após o que viera
Ausente primavera
Uma era se renova,
O prazo determina
O quanto em velha sina
O amor a toda prova.
228
Jogado sobre o solo
O vento me levara
Além do que prepara
Em tempo feito em dolo,
Dos ermos sem teu colo,
A noite nunca clara
A luta desampara
E o sonho- em vão- imolo.
O prazo se termina
Emana-se o vazio
E quanta vez eu crio
Qual vela e parafina
Num renovar desfio,
O fio de um pavio...
229
Retendo cada passo
Aonde ano se vira
Sequer quanto retira
Da vida o velho traço,
Esta esperança eu caço
E sei quanta mentira
Na sorte que refira
O tempo mais escasso,
Vagando sem destino,
Ou mesmo me declino
Desta futura morte,
Mas sei que na verdade
O tempo em tempo evade
E nada me suporte.
230
O tempo perdido
A noite passada
A sorte jogada
O vento sentido,
Se tanto eu lapido
Bebendo do nada
A luta degrada
E o tempo é contido,
Vestindo outro canto
O corte; garanto
E nada viria,
Aprendo na dor
O falso louvor
Em farta ironia.
231
Legado da vida
Deveras se lança
A sorte, a mudança
Há tanto querida,
Não tendo sentida
A luz em fiança
Fiel da balança,
A morte lapida.
O verso se cala
O tempo, outra sala
O prazo não dita
Sequer o que quer
O passo, a mulher,
A noite maldita...
232
Vivendo no todo
O quanto da teia
Expressa e incendeia
E esquece o denodo,
O pouco no todo
A luta se anseia
E o quanto rodeia
Presume outro lodo,
Não posso sentir
O quanto há de vir
E nada viria,
Assim sem futuro
Um passo no escuro
Vira poesia...
233
Viceja a esperança
Sem eira nem beira,
E quanto mais queira
A vida se lança,
E nada em fiança
O prazo se esgueira
Traz a derradeira
E expressa mudança.
Revendo uma estrada
Há tanto traçada
Já tanto apresente
A luta sem nexo
O quanto em reflexo
Anexo em repente.
234
Jogado sem prazo
Sem rumo e sem sorte
Apenas suporte
O quanto me atraso
E o verso onde embaso
O pântano em norte,
Do mangue e do corte
Somente este ocaso,
Vestisse deveras
Vitais primaveras
Em feras e dramas;
Depois do que possa
A sorte que é nossa
Impele ao que tramas.
235
Jogado sem pena
Nos cantos da rua
Meu tempo cultua
O quanto condena,
E bebo da cena
Ainda tão crua
Vagando ora nua
A lua se acena,
Espero outro dia
E quando viria
A cena repete,
O pêndulo-vida
Fortuna perdida,
Pela bola sete...
236
Viver um momento
Depois do que oponha
A vida enfadonha
A senda ora invento,
Bebendo este vento
A noite medonha,
E o prazo disponha
Quem tente e ora tento,
Atento ao caminho
Deveras mesquinho,
Porém o que resta
Da vida onde outrora
A sorte apavora
Negando uma fresa.
237
Bom dia; permita
A noite passada
A farsa montada
A luta maldita,
Na cruz onde agita
A sorte moldada
Numa ânsia sondada
Na força inaudita.
O parque do sonho
O tempo onde eu ponho
O quanto se embarque,
A queda no instante
Aonde se encante
E a morte me abarque.
238
O tanto que queira
O nada viria
A sorte, a agonia
A morte em tal beira
O prazo se esgueira
Na vaga utopia
Aonde se via
A seta certeira,
Secando o meu pranto
Aonde eu mal canto
Num canto qualquer,
Depois do que tente
A vida em semente,
O nada se quer...
239
Talvez venha ainda
Quem tanto em passado
Trazendo do lado
O quanto deslinda
A sorte que finda
Do verso em legado,
O vento em traçado
Diverso nos brinda,
Porém sem blindagem
Os tempos ultrajem
Ao menos os sonhos,
E sendo bisonhos
Olhares tristonhos,
Na atroz paisagem.
240
Jorrando o vazio
E nada se tendo
Apenas desvendo
O quanto recrio
Ou mesmo no estio
Fatal dividendo
O mundo prevendo
A sorte sem fio,
O feto abortado
O termo onde invado
Os dias que pude,
Sem ter qualquer ato,
Ainda maltrato
Na torpe atitude...
241
Um dia passagem
A lua se esconde
E nada diz onde
O tempo em voltagem
Difere em bagagem
Do tanto e responde
Aonde se ronde
A mera visagem,
Não pude outro passo
E quando assim traço
Escasso planeta
Sem rumo e sem lastro
Ao nada me alastro
E nada acometa.
242
Vestindo esta luz
Espero as estrelas
E sem poder vê-las
No vago conduz
O prazo seduz
E sempre ao bebê-las
Prefiro retê-las
Nas telas em cruz,
Ao medo e ao passado
O quanto brindado
Em taças, cristais
O tempo sem termo
O quanto fui ermo
E volto ao jamais.
243
Escolho outro rumo
Ou mesmo tentasse
No quanto este impasse
Decerto eu resumo
E quando me esfumo,
Vagando entre o passe
Que enfim mostra a face
Do mundo em seu sumo,
O justo caminho
O vento daninho
A sorte negando
O dia; avizinho
O termo onde espinho
Pudesse ser brando.
244
Vagasse sem rumo
Sem prumo e sem nexo
E quando perplexo
O tanto que assumo,
Da vida em reflexo
Mantendo este prumo
No bêbado sumo
O sonho que anexo,
Invisto meu passo
E quando desfaço
Sem traço de luz
O todo refeito
No efeito que aceito
O vão reproduz...
245
Brasões entre sonhos
Diverso e tramas
Aonde tu clamas
Por tempos risonhos,
No sol entre fronhas
A sorte redima
Mudando este clima
Aonde tu sonhas,
Avarias trago
Da vida em afago
Disposto em proposta
E o nada se visse
Aonde a mesmice
Seguisse a resposta.
246
Escondo o que possa
Jogado no enfado
E quando moldado
Negando esta nossa
Noção que se apossa
Do infausto passado,
Andando de lado,
A morte se endossa
No vaso sem flores
Vazios em cores
Distantes e grises,
A sorte se aporte
No quanto ela em corte
Desfaz o que dizes.
247
Beber do cenário
Em sangrias; feito
A vida que aceito
Num tom temerário,
Velho itinerário
Negando este jeito
E quando me deito
O sonho- corsário...
Nadando sem pressa
A dita se expressa
No vago caminho,
Aonde; se em paz;
Pudesse e se faz
Apenas mesquinho.
248
Idólatra dama
O trem que se atrasa
A vida na brasa
O corte na chama,
E quando se exclama
A luta que embasa
Expressa e defasa
O vértice em drama,
Negar todo sonho
E assim que me exponho
Não tendo saída,
Encontro afinal
Vagar sem igual
Marcando outra vida.
249
No quanto veja
Olhar clemente
O que se sente
Diverso, almeja
A dor lateja
E ronda a mente
E quanto mente
A malfazeja
Negar o pranto
E quando o espanto
A vida traz,
Jogado ao léu
No carrossel
Cruel e audaz.
250
Não pude ver
O sol que um dia
Tanto queria
Amanhecer,
Depois de crer
Na fantasia,
Na alegoria
Que eu possa ter
Expondo o rosto
A cada agosto
Ou mesmo enquanto
A vida em frios
Tais desvarios
Inútil canto...
251
Querendo além
Do quanto sei
A velha lei
Tanto se tem
Do passo e vem
Marcando a grei
E nela ousei
Ser mais alguém,
O tempo ronda
A luta exposta
A sorte aposta
E nada esconda
Somente a espúria
E leda incúria...
252
Espero o passo
E o poço; nega
A sorte cega
Amor devasso,
Gerando o traço
Onde se apega
A luz navega
E bebo o traço,
Vagando quando
O tema avança
Na sorte a dança
Audaz legando
O passo enquanto
Meu mundo encanto.
253
Retorno à vida
Depois da queda
Onde se enreda
E já perdida
A sorte seda
Abre a guarida,
Nova ferida,
Mesma moeda,
E tanto assim
Aonde eu vim
Trazer o nada,
A noite mansa
O passo alcança
Velha sacada...
254
Não mais teria
O quanto quis
E ser feliz,
Mera utopia...
A luz vicia
E por um triz
A cicatriz
Se propicia,
Vestindo a noite
O medo açoite
Pernoite em vão,
Resisto e tento
Beber do vento
A direção.
255
Travessa da sorte
Que tanto pudesse
Vestir nova messe
Enquanto conforte,
Mudança de norte,
A lida se esquece
E quanto padece
Quem nada comporte,
Vagando sem ter
Sequer o querer
Ou mesmo um caminho
Assenta-se a lua
Diversa e tão nua
E nela me aninho.
256
E nela me aninho,
Na sorte sem tréguas
Distando mil léguas
Do quanto sozinho
Aproxima a mente
E traz noutro prazo
A sorte ao acaso
O dia que mente,
A sonda lunar
Vontade onde trama
A sorte que o drama
Permita notar,
Depois do vazio,
A morte eu recrio...
257
Quisesse ter
Na luz sutil
O amor que viu
O sol nascer
Depois perder
Num velho ardil,
O tom gentil
Do amanhecer,
A faca e a foice
Meu sonho? Foi-se,
Nada restou
E bebo o frio
Em desafio
Ao quanto sou.
258
Não tendo luz
Nem mesmo verso
Olhar disperso
Nele conduz
O que me opus
Sentir diverso
Do antigo verso
Audaz, reluz.
Renúncias trago
E quando é mago
O quanto tenho,
Vestindo o prazo
E assim defaso
O ledo empenho
259
Risonha prece
De quem se dera
Em primavera
E o todo tece,
E sei, viesse
Ousada fera
E noutra esfera
O tom decresce,
Ausência dita
A noite aflita
Ou dia em dor,
Cenário pronto,
Enquanto apronto
Venço o rancor.
260
Blindagens tantas
De quem desnuda
A sorte e ajuda
Ou mesmo encantas,
Nada garantas
A dor aguda,
A sorte é muda
E nela plantas
Os tanto medos,
Mordazes, ledos
Selando o prazo
Aonde é rude
O quanto ilude;
E – sei- me atraso...
261
Nada garanto; nem sequer o medo
Apenas vejo em sortimento imenso
O quanto noutro instante não compenso
E mesmo sem ter ânimo, o concedo,
Ainda que eu pudesse; agora ou cedo,
O sonho noutro tanto mais extenso
O ritmo desenhado tão intenso
Sobrando para mim este degredo,
Resumos de dois tempos tão diversos
Nascer e padecer nos universos
Criados pelo sonho e nada além,
Vestígios do passado dentro da alma,
A noite quando incerta não acalma
O tenso caminhar deveras vem...
262
Jogado contra a força das marés
O sonho se permite e segue aonde
O tanto que não veja corresponde
Ao quando se teimasse num viés
Diversidade dita o quanto ou és
E nada na verdade nos responde
E ninguém mesmo que ouça, a mim responde
Marcando a vida ao fim, enquanto, invés...
Expresso a plenitude do que tente
Vencer este caminho imprevidente
Macabra fantasia ou noite em vão
Meu mundo se mostrando em desmazelo
A cada nova noite um pesadelo
A vida segue aquém sem expressão.
263
Jogado pelo chão do velho casario
Sobrado aonde a vida em ondas poderia
Traçar mesmo decerto em noite tão sombria
O corte se traduz e nele desafio,
Escuto a voz do vento ousando neste rio
Tormento a cada engano ainda se anuncia
E a sorte se mostrando enquanto prenuncia
O fim do sentimento em dor e desvario,
Vestindo o quanto possa além do mero passo
O rústico desdém expressa o quanto traço
E deixa para trás sinais de velha estrada
Marcando o quanto quis em tom diverso e alheio
E sendo de tal forma enquanto me incendeio,
A vida só me traz o repetido nada.
264
No prazo que se nega a sorte, e me amortalha
A luta se desvenda em caos total e trama
Mergulho em desvario; enquanto assim se clama
A vida noutro instante em fios de navalha,
O quando da esperança, um campo de batalha
E sei do desvalido expresso onde se chama
A sorte sem proveito e nada mais aclama
Somente o tom vazio e nele a dor se espalha,
Grassando pelo mundo aonde nada vejo
Quisesse algum momento e sei que a cada ensejo
O tanto que se expõe não mostra quase nada,
Semente sobre o solo, um grão abandonado
Também assim da senda enquanto além me evado
A sorte se tramasse em tez dilapidada...
265
No dia majestoso a lua quando brilha
Trazendo em noite imensa a rara claridade
E o quanto deste encanto aos poucos nos invade
Traduz o quanto possa e sempre maravilha,
Porém a vida traz além uma armadilha
Enquanto sem sentido o todo se degrade
Vagando em tal cenário, o prazo em realidade
Expressa deste barco ao menos velha quilha,
Corsário da ilusão, meu coração se cala
Vestindo este vazio em rude insensatez
Do quanto que tentasse e nada mais se fez
A sorte sendo assim em desvairada escala
A lua se desnuda, e nada presencia
Somente o que pudera em noite mais sombria...
266
Felizes dias vêm vestindo uma esperança
Do quanto ora se traz e nada mais tentasse,
A vida se apresenta e sei quanto esta face
Demonstra a tempestade aonde o não avança,
Tentara acreditar num dia em tal pujança,
Mas nada se anuncia a não ser este impasse
E faça o que se quer e a vida não moldasse,
A solitária sorte e nela o vão se lança
Marcante sordidez, expressão do terror
E nela o que se mostra em mais distante cor,
Não deixam nem sinal do amor que se queria,
Vencido pelo ocaso, acasos entre fúrias
E não mais se traduz a vida por lamúrias
Tampouco o que ora vejo expresse a poesia...
267
Tão longo sofrimento em caos se transformando
E o todo de outra forma ao nada me conduz,
E sei do quanto ausente em mima rara luz
No tempo sem ter tempo o nada se moldando,
O prazo determina ou mesmo mostra o quando
Essencialmente trama o corte em ledo pus,
E nada do que possa ainda reproduz
A morte noutro rumo; e o prazo terminando...
Jamais pudesse haver além deste tormento
Presumo o que não trago e sei que isto eu fomento
Num tétrico porvir em meio aos temporais
Dos olhos deste sonho a sombra se anuncia
E mata o que se quer ainda em agonia
E sei que também tu, aos poucos já me trais...
266
Ao dissipar a noite em meio à claridade
Do sol que se anuncia atrás de uma montanha,
A vida que eu queria estando em artimanha
Marcada pelo ocaso e nele se degrade.
Vestindo a mais sutil e leda realidade,
Ainda que se tente ao fim nada se ganha
Somente a mesma luta insana em erma sanha,
Trazendo da loucura à torpe realidade...
Jamais tentasse ver alguma luz após,
Temática diversa e nele o tom atroz
Toando dentro da alma a trágica visão
Aonde já se esconde o prazo denuncia
A luta sem saber do quanto é tão vazia
A senda aonde esconde a sorte sem perdão...
267
O dia aonde a sorte em leda face expondo
O corte se anuncia e dita o descaminho,
Avanço pelo nada e sei quanto é mesquinho
O mundo que tentara; e nada mais respondo.
O quanto se aproxima em mundo tão redondo
Do caos feito em quimera e vendo onde me alinho
Dos sonhos mais sutis deveras me avizinho
E nisto o quanto queira ao fim não correspondo.
Ocasionando a queda em meio às tempestades
E quanto mais audaz, deveras sei que brades
Vencido pelo tanto aonde quis tão pouco,
O vândalo fantoche em rispidez se faz
A morte que se mostre em face mais mordaz
Deixando este caminho enquanto me treslouco...
268
Abafa-se o que possa ainda demonstrar
A fúria em cada passo e tanto não sossega
Da vida onde se faz e sei quanto navega
Bebendo o que tentasse aos poucos divagar,
O tema preferido, a luz de algum luar
A noite se anuncia e torna a sorte cega
Vestígios do passado a vida inda carrega
E deste inútil traço o manto a se mostrar
Na rota caminhada infausta e sem sentido
Ainda que se queira – o rumo – eu dilapido
E bebo sem proveito um gole sempre a mais,
Os ermos deste sonho em noite tenebrosa
À sombra do caminho espero alguma rosa
E quando muito vêm imensos vendavais...
269
Remetendo ao caminho em rara inteligência
Ascendo ao quanto quis e nunca mais teria,
A morte se moldando, a rústica agonia
E nela o que se quer permite uma ingerência
Da vida aonde a mesma escusa em coincidência
Enaltecendo o passo em tez dura e sombria,
Não tendo mais resposta o pouco mostraria
A sórdida impressão gerada em vã ciência,
Matando uma esperança, instante que destróis
E nele nada havendo – ausentes – os faróis
Enaltecendo a queda e não mais se quisesse
Traçar noutro momento a rara e bela messe
Diversas as missões em ermos de minha alma
E tantas omissões gerando o caos em trauma...
270
Liberte esta esperança e vague para além
Na principesca senda aonde o todo expressa
A sorte que se faz e chega mais depressa
Vencendo a sanidade enquanto se detém,
O quanto não presume e sei que não retém
O passo mais audaz; a sorte recomeça
E trama muito mais que tola e vã promessa
Matando o que inda resta ou restaria em bem.
Jogado sobre a roca o barco sem respaldo
Do cais que desejasse apenas o vazio
E bebo o quanto sinto e mesmo desafio
E quando em fidalguia assoma-se o rescaldo
Sobrando tão somente o caos e nada à frente
Somente o que se queira e a vida nega ou mente...
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