001

Não poderia haver sequer este jamais
E tendo a sorte invés da dura tempestade
O quanto a cada instante assim nos desagrade
Impede que se veja além do ledo cais,

Ausento do que traço e bebo em dias tais
O rumo sem sentido e quando assim se evade
O prazo determina a dor de uma saudade
E nada do que tento; encontrarei; se trais...

Numa excrescência enorme o mundo se moldara
Vencido pelo caos e nele esta seara
Espalha ao quanto segue a voz do pensamento,

E quantas vezes tendo apenas o futuro,
Depositando o caos e nada configuro
Além do que quer ou mesmo insisto e tento...

002

Motivo de tal guerra espúrio e lamentável,
No aval bem mais sincero o rumo se pendula
E nada se anuncia além da própria gula
No tempo contumaz, sistema ora intragável,

A fonte que eu queria e nela o mais potável
Desenho aonde o passo em queda livre ondula
A frialdade toca e tanto quanto açula
Esgarça outro caminho embora memorável,

O cântico que faço; afasta-me da luz
E sei do magistral e rude onde seduz
O tempo em verso tal ausência de esperança

Nos jogos onde azar expressa o que pudera
Deixando para trás atroz e vera fera,
O mundo sem guarida ao fim já nos alcança...

003

O quanto quis em paz e nunca mais se vira
Gestando o que parira em dura tempestade,
A luta sem proveito e o tempo se degrade
Deixando no caminho a sorte em leda pira,

Rodopiando o tempo e nele tal mentira
Vestígios de outra sorte e dela a velha grade
Negando o que se quis à tola saciedade.

Resumo dos ardis e neles outros tantos
A vida se perdendo e dela pelos cantos
Amortalhada sina expressa o que se quis,

Matando desde então medonha face, engodo,
Restando tão somente a luta neste lodo
Aonde o marco dita a sorte, esta infeliz...

004

O grande dia vindo após o que se nega
Vencendo este momento em leda tempestade,
Vagando pelo anseio e nele desagrade
A sorte que se faz deveras rude e cega,

O preço a se pagar a vida não sossega
E gera após o caos, tanta temeridade,
No tempo sem ter tempo o quanto além se evade
A venda sobre o olhar, o corte desapega?

Não sei se posso ou veja além do que não trace
A sorte sem sentido e nela a velha face
Marcante sintonia ou mesmo em rumo vário,

O quanto ora se traz e nada mais se visse
Sequer o que tentara em vaga e vil tolice,
Amar e ser feliz? Um fato já lendário...

005

O grande dia chega e traz no reino aonde
O mundo se anuncia e nada mais se tente
Além do que restara em vão, vera semente
E nela o quanto é rude ao menos corresponde

O verso sem proveito e nele se responde
A sorte mais atenta e gesta tão somente
O quanto se mostrara em verso imprevidente,
Macabra fantasia enquanto aquém se esconde...

Grassando de tal forma o todo que inda trago
Vencido pelo caos e nele sem afago
Divago sobre o fato e nada poderia

Somente a luz audaz e mesmo que sombria,
Rudimentar canoa; a morte em mim ecoa.

006

Cessasse a luta insana e sem qualquer sentido,
Depositando o passo em rude dimensão
Meu barco que à deriva expressa este senão
Enquanto cada prazo – aos poucos- invalido.

O cântico de outrora agora este gemido
E nele o caos se molda e sei que se farão
Os dias sem saber da imensa solidão
Do corte aprofundado em tom envelhecido,

Ferido na batalha a luta não termina
E sei do quanto possa ou mesmo em leda sina,
A voz sem ter igual em rito desumano,

Apresentando o fato a quem se fez tenaz
O tétrico momento ausenta o que ora traz
Deixando no caminho a sorte onde me dano.

007

Ao ter a incerta sorte e nada em meu proveito
Vencido pelo caos enquanto assim se espera
A vida noutro passo, a rude e vaga esfera
Marcando o quanto tente e mesmo até aceito,

Levando este caminho agora do meu jeito,
Atocaiada noite em luta vaga e fera
A morte talvez seja amiga mais sincera,
E sei que nada tendo; ausente, então me deito.

A vida por que veio e trouxe este senão
Cerzindo em desafeto os tempos moldarão
Apenas o segredo e nele o que se quer

Deixando no passado o verso mais sutil
Resumo de outra esfera aonde se previu
Na face destroçada a luz de tal mulher...

8

Os olhos quando abrindo em noite constelada
Trazendo para quem tentasse acreditar
Na sorte que se molda além deste luar
Deixando no passado a leda e vaga estrada,

Mecânica diversa às vezes disfarçada
E nela o quanto tento ou mesmo irei buscar
Neste âmago profano o rude caminhar
Deixando para trás a sorte sonegada...

Uma expressão sutil entoa o passo audaz
E nada mais quisera e sei quanto se faz
Jogado sobre a trama inerte e mesmo rude,

O fato que em futuro apenas mostraria
O quanto se desenha em rara sintonia
E o beijo no final, apenas nos ilude...

9

Princípios onde possa em passos gemelares
Buscar a sincronia aonde nada existe
E sei da solidão deveras leda e triste
E nela outro caminho enquanto em vão notares

A sorte se desenha em rústicos altares
E o tanto que tentara aos poucos não resiste
E mata o que inda trame a luta que persiste
Vagando sem sentido e envolta em seus luares.

No principesco traço em vértice se vendo
Deixando no passado o quanto foi remendo,
Emendas; mais sutis, e nelas outras tantas

Remetem ao mais frio e lúbrico momento
Aonde alguma luz, inutilmente eu tento
Só sei que no final, deveras desencantas...

10

Momento aonde possa a sordidez conter
Envolta em tempestade e sendo sempre assim,
A cada novo instante eu vejo este confim
Marcando com horror o tolo amanhecer,

Negando o quanto quero e jamais possa ver
Cerzindo o que me engana e tento até o fim,
Medonhamente exposta a carne apodrecida,

Carcaça da ilusão; e nada mais teria
Quem sabe discernir em rude sincronia
A luta mais feroz marcando cada vida...


11

Não se conhece a sorte e nem se saiba o rumo
Trazendo desde aqui o corte mais profundo,
E quando deste enfado encantos eu inundo
Bebendo o quanto espero em raro e belo sumo,

Presente a cada dia o tanto que resumo
E beijo soberano a morte em duro mundo,
Sentindo o vento em mim, o passo vagabundo
Cortante indecisão sonega qualquer prumo,

Uma excrescência a mais e nada tão somente
Garanta o quanto quer a vida em luz diversa
E sei desta atitude e leda desconversa

Marcante com o fato o manto desfiado
E deixo para trás o rústico onde invado,
Porém a noite cai e sei vê-la dispersa...

12

O cetro em suas mãos, o Amor já não pudesse
E mesmo quando ousasse o fim se mostraria
E nele o desencanto expressa esta agonia
Deixando no caminho ao longe a velha messe,

O prazo determina o quanto aquém se tece
E marca o desencanto em tétrica heresia
Aonde se quisera ao menos harmonia,
Vencido pelo caos a sorte enfim se esquece,

O pendular caminho expressa a solitária
Visão do quanto a aguda a luta é necessária
E dela o que se vê resume o fato em nós,

O manto se desvenda e nada mais tentara
Quem segue em seu proveito a noite imensa e rara
Deixando para trás o passo mais atroz...

13

Um soberano passo aonde nada existe
Somente o que inda resta expressa a solidão,
E os dias sonegando ao solo o raro grão
Deixando este futuro agora bem mais triste,

Negar o meu caminho e ver no que consiste
A senda mais audaz ou mesmo as que verão
O caos dentro do peito e imensa solidão
Jorrando em leda fonte a sordidez persiste

No canto sem proveito, o verso inusitado
O dia se desfaz e vejo desenhado
Apenas o que quero ou mesmo ainda possa,

Depois da velha cena a senda se permite
No quanto ainda trame e assim neste limite
A vida não seria e não será mais nossa.

14

O fato se admirando em luzes várias trago
E bêbado sonhara apenas com o porto
E sei que na verdade amor ditando aborto
Não deixa que se veja ao menos um afago,

E sorvo em tua boca a imensidão do trago
E sem sentido algum sabendo semimorto
O prazo dilapida enquanto vou absorto
E se inda poderia, apenas vão, divago.

Invado os dias quando a luta se acenara
Marcando em sordidez a sorte dura e rara
Vencendo o que se possa ou mesmo além flutua,

A leda desavença apenas na sarjeta
Expressa o que se quer e mesmo se prometa
Deixando para trás a imensa e bela lua.

15

A luta se desenha apenas na tortura?
Gestasse novo dia em paz quando se quer
O verso não me traz momento algum, sequer
E nada sem sentido expressa e me amargura

O braço se amputado a vida se assegura
No prazo mais distante e tendo o que puder
Regendo este momento a luz mesmo qualquer
Deixando no passado esta seara escura.

Calando a minha voz, entendo o que se trama
Vestígios de uma sorte em ledo e rude drama
Amortalhada face em vácuo mais atroz,

Negando o que pudera e mesmo em velhos nós
Medonha face expressa o pouco que carrego,
Vislumbro tão somente o passo aquém e cego...



16

Desdita se encravando aonde a sei, portanto
Resvala no vazio e vejo o desalento
Enquanto o próprio tempo invado ou mesmo enfrento
Vagando sobre o todo em mero desencanto,

Mas quando mais sutil cenário eu não garanto
Ou beba a tempestade e nela todo o vento
Cerzisse dentro da alma a luz em alimento
E nela outro vagar gerasse o mesmo espanto,

Aprendo mais um pouco e poderia mais,
Porém enquanto a sigo; além eu sei que esvais
Vencido pelo ocaso e nada mais se traz

Somente o que perdesse em clara plenitude
O manto que decerto infausto nos ilude
E dele o quanto vês expressa o tom mordaz...


17

Montado qual palanque ou tétrico cenário,
O trono se esvaísse e nada mais pudera
Conter a imaginária e leda, atroz e fera
Vontade sem saber o vago itinerário,

O custo se mostrasse em rude e vão fadário
Do quanto tentaria além da torpe esfera
A sorte na verdade eu a quis mais sincera
Vencendo o tom que expressa o mundo solitário.

Resumos de outros cais diversos do que um dia
Mostrasse a estrela rara e nela o quanto guia
A sorte em tal tormenta ou mesmo noutra luta

Cerzindo do vazio o marco em dor e tédio,
Ainda que se tente inútil o remédio
E quanto mais viceja a sorte assim reluta...

18

Quem fora nomeado além do reino e sonho
Verdades tão sutis tramassem novo rumo,
Mas quando na verdade o todo que consumo
Tramita muito aquém do quanto é mais medonho,

No barco da esperança o tempo onde proponho
Vestindo o que se veja e nisto ora resumo
O prazo se estendendo e nele inteiro o sumo,
Partícipe do tanto em dia ora enfadonho,

Proposta delirante e nada mais se expressa
A lua se anuncia e sei desta promessa
Vagante em noite fria ou nublada seara

Não tento conformar e nem sequer almejo
O rústico momento e nele este desejo
Sem nexo ou provimento, em vão já se escancara.

19

Receba com a fé de quem se fez no instante
Além do que talvez teimasse e não teria
A luta se mostrasse ausente ou mesmo fria,
O fim quando se quer o tempo se adiante,

Sequer o quanto veja e tenha doravante
Mostrando este cenário aonde se veria
Somente esta semente em leda hipocrisia
Marcando o que inda trago a morte me garante,

Embora sendo assim contínuo, mas diverso
Aonde se traduz enquanto atento eu verso
Vestindo a sorte atroz e nada me enlevando,

Somente o que partisse atenta redenção
E sei do sortilégio e nele esta expressão
Do tempo noutro rumo, aonde o quis mais brando.

20

Melhor quando admirasse a sorte noutra face
E assim no todo ou mesmo ainda em tal rudeza
A morte se aproxima e sei ser sua presa
Depois do que decerto a vida em vão traçasse,

Não tendo o quanto veja e mesmo me embarace
No tempo onde sequer a luta diz surpresa
O quanto enfim se quer vencendo a correnteza
E nada se tramando em total; vero impasse.

A face carcomida em pânico a destróis
E deixa no caminho ainda os girassóis
Buscando a claridade em turva noite atroz

Mergulho sem saber o quanto tenha ainda
E mesmo quando a vida aos poucos já se finda
O que restara em sonho expressa a dura voz...

21

usando da completa sensação
do tempo aonde eu possa em rara luz
levar ao meu caminho esta emoção
que tantas vezes trama e nos conduz

da sorte que pudesse e reproduz
vagando entre o sentir e na Razão
o quanto venço a dor e a solidão
em passo mais diverso; contraluz

espíritos dispersos reunindo
enquanto se julgara outrora findo
o tempo em plena ausência de esperança

e quando se pressente a claridade
de um sonho iluminado que me invade
o mundo noutro rumo agora avança.