quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A vida pode ser um paraíso
Gerada pelo amor em concordância.
Porém noutra verdade a velha estância
Traduz o quanto possa e não matizo,
E quando em purgatório se transforma
O sofrimento dita o dia a dia,
E disto outro caminho poderia
Transcende o quanto dita noutra forma,
Mas quando o casamento traz o inferno
E nisto se ultrapassa o pesadelo;
Caminho mais atroz, total desvelo
Aonde se pudera a dor que interno,
Viver em desamor tanto tortura
Trazendo tão somente esta amargura.


2


A solidão quando em comum traz apenas
O tempo sem viver felicidade
E o quanto pouco a pouco assim se evade
Transforma o quanto possa e me condenas;
Quisera vislumbrar amenas cenas
E o tempo a cada ponto se degrade
E marca com terror, realidade
Enquanto a todo instante me envenenas.
A sorte de um amor depende além
Do quanto por si só ele contém
E neste partilhar um claro rumo,
Porém se solitário, o dia a dia
Somente este final em dor teria
E assim já sem caminho ora me esfumo.

3

A comunicação trazendo em si
Poder que nada abala, redimindo
Traçando este cenário aonde infindo
Caminho em plena paz eu percebi,
E quando em tanto amor eu concebi
Gestando este momento claro e lindo
O tempo noutro tanto se emergindo
Trazendo o que em verdade eu conheci.
Meu mundo se anuncia e tenta além
Vivendo o quanto eu possa e nisto vem
Momento que garanta a imensa paz.
Mas quando inutilmente se presume
A vida sonegando este perfume
Traduz um sentimento mais mordaz;


4
Ainda que se veja mais distante
O mundo se transforma noutro passo
E quando na verdade o que ora traço
Marcando outro caminho doravante,
E apenas o cenário se garante
Tramando o que pudera em ledo espaço,
E o rumo se desenha em tom devasso
E nada mais tentara noutro instante,
Sentido o desolado caminhar
Vencido sem ter mesmo onde aportar
Aonde se tentasse novo fato;
E quando se percebe noutra face
O tanto quanto quero e mesmo trace
Moldando o quanto possa e em vão constato.


5

Espírito gerado em concordância
Marcando o dia a dia de tal forma
Enquanto o tempo traz o quanto informa
Vencendo o que pudera em discrepância,
Assim ao se mostrar em cada estância
Mudando outro momento em rumo e norma
Atravessando a vida e não deforma,
Tocando dentro da alma em nova instância,
Assim ao se mostrar cenário em paz,
O quanto deste fato satisfaz
Gerando outro cenário em plenitude
A luta na batalha mais freqüente
Prevendo o quanto quero e se apresente,
E quando mais desejo, a sorte mude.

6

O amor que se pudesse acreditar
Distando a cada instante noutro rumo
E sei do quanto possa e assim assumo
Tentando noutro passo a se mostrar,
E vejo em tal momento o que perdi,
Assim já nada mais tivesse aqui
Somente o que se tente e nada veio.
A luz se perde aquém do quanto eu pude
Viver ainda a vaga plenitude
Marcando o dia a dia em vão receio.

7


A juventude traz esta emoção
Que o tempo transformando a cada instante
Marcando o quanto possa e me adiante
Negando o que viria em explosão,
A sorte se traduz em dimensão
Diversa da que eu possa e me garante
Ainda que pudesse e doravante
Tocando os dias todos que verão,
Expresso o quanto pude acreditar
Vencido sonhador cada luar,
Trazendo outro momento e nos trazendo
Depois de cada passo dita o sonho
E vejo este cenário onde eu proponho,
Mudando o quanto vejo em dividendo.

8

O sonho se desenha todo teu
E mostra o que pudera ser diverso,
A cada passo o desenhar se deu,
Trazendo sempre o renovar do verso,
E tanto quanto o desenhar rendeu
E nisto bebo o que puder e imerso
Tentando além do que se fez perverso
Mantendo a vida no que possa meu.
Esqueço o rumo e nada além teria
Marcando o canto onde feliz o dia
Traçasse a sorte num diverso tom,
A luta trama o que prediz neon
E traz após o delirar, a paz,
E nisto apenas o sonhar se faz.

9


Jogado pela noite sem sentido,
O tanto que tentara e não viera
A vida que pudesse ser austera
Agora noutro engodo a dilapido,
E assim decerto imaginando o olvido
A luta trama este terror e a fera
Ainda que pudesse noutra esfera
Trazendo o dia atroz e corrompido,
Esqueço além o caminhar insano,
E vejo quando outro momento dano
Nas tramas loucas o insensato espaço
E quando bebo este vazio em mim,
Viceja na alma o que se fez jardim,
E o tempo noutro rumo eu vejo escasso.

10


Navegações ao se mostrarem vagas
Expressam tanto que pudera além
E o termo dita o que em verdade tem
E nisto aquém do quanto quero tragas
Marcando fundo; intermináveis chagas
Ao invadir o que tentar já vem
A luta traça em caminhar tão bem
Vencendo sempre em mais dispersas plagas
Tecendo o medo e tão somente vejo
O rumo mesmo traz o malfazejo
Caminho atroz e sem sinal de paz,
Ainda quando poderia audaz
Tramar um passo mais suave enquanto
A vida noutro desenhar garanto.

11


Garanto tão somente o que pudesse
Matando além do quanto em dor se traz
E o verso onde pudera ser mordaz
Relega em tal cenário a dura prece,
E o canto se apresenta sem sinal
E trama outro momento mais atroz
Negando da esperança qualquer voz,
Tramando outro momento desigual,
O meu império se traduz vazio
E quando tento traduzir o estio
Vestindo a sorte relegada ao fim,
Marcando sempre o que puder em mim,
Travando o passo noutro prazo e vejo
Apenas o que mostre em vão desejo.
12


Bebendo sempre o que puder trazer
A luta trama o dia a dia e sinto
O quanto poderia noutro instinto
Gerar o que inda veja este poder,
E sei deste cenário e posso ver
O mundo onde o terror; desminto
E nisto vejo o que pudesse extinto
Tramando além do que tentasse crer.
Já nada mais tivesse senão isto
E vendo o quanto resta e assim desisto
E nada se aproxima do real
Ausento da esperança o que se dera
Trazendo no final a vaga espera
E o tempo se traduz noutro ideal.

13


Vivendo o que tivesse em esperança
E nada mais se vendo após a queda,
A luta na verdade se envereda
E o quanto sem sentido nos alcança
Marcando esta verdade outrora mansa
E agora o próprio passo tudo veda,
E nisto outro caminho se envereda
E além deste momento a dor me lança.
Vestindo esta ilusão sem mais sentido,
O quanto ainda trago e sempre olvido
Matando o meu momento em dor e medo,
Depois do quanto possa e assim procedo,
Vencido pelo encanto a cada instante,
E assim novo tormento se agigante.

14


Expressões variadas quando a trama
Refaz cada momento ou mesmo traz
O tempo noutra face mais mordaz
E nisto o coração tenaz reclamam
Aonde se quis paz eu vejo o drama
Deixando o descaminho para trás
O vento se desenha e satisfaz,
Levando para além o quanto exclama,
A luta se aproxima do final
E vejo noutro instante o ritual
Apresentando ocasos entre quedas,
E sei que quando pude imaginar,
A vida num eterno degradar,
Traduz o quanto busco, mas tu vedas.

15

Acentuar diversa direção
Moldando o que inda tenho em convergência
E nisto o caminhar se dá ciência
A quem tanto pudera e sabe o não,
As horas entre tantas mostrarão
Ainda que se faz conveniência
O mundo noutro passo em ingerência
Expressa o quanto trama, mesmo em vão,
Avizinhando a vida do vazio
Aonde sem certeza eu desafio
Os erros que tentara aproximar,
Esculpo na madeira da esperança
O quanto a cada ausência não se lança
Ausente dos meus sonhos, lua e mar.

16


Quem foi e na verdade não voltara
Apraza-se do fim desta erma história
Não deixa sequer rastro na memória
E a luta se anuncia em vida amara,
O quando se quisesse e desprepara
A senda mais atroz e merencória,
Do todo que se dote sou escória,
A vida se anuncia em senda rara,
Vestindo esta ilusão, mero poeta
Ao quanto se mostrara e não completa
O ciclo desejado em liberdade,
Açoita-se qual vento na janela,
E o canto em desatino agora sela
Esta esperança vaga que se evade.

17


Se eu livro-me dos erros e procuro
Num livro traduzir o que sentira,
Ainda que se ouvisse a clara lira
O tempo se desenha sempre escuro,
Meu passo no vazio, eu asseguro
E bebo cada audácia que interfira
E quando novo tempo se prefira,
O marco se anuncia sobre o muro,
Lamentos entre enganos e diversos
Caminhos são deveras os meus versos
Que trazem no final qualquer alento,
Buscando a paz serena que não veio,
Recolho cada engano e assim receio
O tanto quanto possa ou mesmo tento.

18


Escrito há tantos anos, numa vaga
Noção do que teimasse e não mais via,
Além do quanto vejo em tal sangria,
A vida se inundando em vária plaga,
A morte desafoga enquanto afaga
E traz outro momento em ironia,
Vestindo o que me resta, a alegoria
Transcende ao quanto veio em torpe praga,
A luta sem cessar não mais promete
O quanto sem sentido já compete
Ao velho sonhador enclausurado,
Acústicas diversas, mesmo tom,
Amar é desenhar o claro dom,
Num dia mais feliz. Imaginado?

19


A vida sendo eterna adolescente
Em tempos, contratempos; gera o quanto
Moldando este cenário em desencanto
Deveras o que busca teima e sente,
Num ato tantas vezes condolente,
O traço corresponde ao que garanto,
E nisto se desenha este quebranto,
Marcando com seu passo penitente,
Alhures entre cantos e mortalhas,
As horas pelas quais tanto batalhas
Impedem que se creia nalgum sol,
Meu prazo terminando nada vem
A sorte transformada em tal desdém
Expulsa o que pudesse ser farol.

20


O quanto se faz praxe o dia a dia,
Depois da variada sensação
Marcando com ternura esta amplidão
Que aos poucos com certeza não se via,
Mergulho na provável fantasia
E bebo sem sentido a direção
E sei dos vastos sonhos que verão
O quanto sem razão já não sabia,
Escapo desta faca, do atentado,
E quando sem destino algum me evado,
As marcas tatuadas, cicatrizes
De tempos onde quis e não viera
Sequer a menor sombra em primavera,
E os dias são atrozes e infelizes.

21

O quanto se pudera como e quando
Não deixa qualquer dúvida, foi mal,
O prazo determina este final
E o vento noutro rumo se tomando,
Somente esta semente ora brotando
Cultivos sem saber do magistral
Caminho desdenhado num sinal
Por vezes tão audaz quanto nefando,
Meu canto sem sentido me arremete
E o coração transporta o que acomete
E gera outro vazio; costumeiro,
Depois de ter provado alguma sorte,
Buscando qualquer luz que me conforte,
Inútil, pois derramas o candeeiro.

22


O quanto na verdade não seria
Resume o que tentei e não viesse
A luta se aproxima e traz em prece
A falta do que possa em sincronia,
A morte com certeza não se adia
E mesmo quando o sonho recomece
Vencido pelo caos, tanto padece
Marcando em tom venal a poesia,
Expresso com meu canto mais afoito
E sei do quanto pude além do coito
Vestindo esta ilusão chamada amor,
Depois o tempo traça a realidade
E quando no final o sonho evade,
Deixando o mero espinho; mata a flor.

23


O quanto poderia no usual
Cenário apresentar diverso fato,
Aos poucos sem defesas eu constato
A vida num etéreo ritual,
E sei o quanto eu sigo em tom venal
E neste desenhar o que retrato
Apresentando a vida em tal regato
Resgato o que pudera bem ou mal,
Num ermo desenhar a vida traça
E o prazo determina a sorte escassa
Devassas entre cartas, telegramas,
E quando não estás e nem me chamas,
A luta se desenha em torpe praça
Mergulha nestes mangues, lodos, lamas.

24

Prefácio de uma história interminável,
Cenário discrepante em tons diversos
Os dias entre tantos ditam versos
Num mundo que sei bem ser intragável,
Ainda que pudesse imaginável
O quadro se aproxima em tons submersos
Vencido pelos erros mais perversos,
O tempo não seria mais potável,
E o vento me invadindo plenamente
Ainda que deveras busque e tente
Cerzir uma saída onde não há
O prazo determina o fim do sonho,
E quando na verdade decomponho
Ausenta dos meus olhos tal maná.

25

Apresso-me a vencer vicissitudes
Gerando noutro passo o que inda trago,
Ainda quando bebo o ledo afago
Decerto sei o quanto em vão me iludes
A vida necessita de atitudes
E nisto se ocupando onde divago,
O coração sentindo o mesmo estrago
Em dias mais cruéis, decerto rudes,
Bisonha formação em tom brumoso,
O quanto poderia e se antegozo
Encontro tão somente este vazio,
Vagando sem saber qualquer paragem,
A sorte se desdenha nesta imagem,
E o tempo noutro encanto? Desvario...

26


Aconselhar deveras quem persegue
A sorte desejada mesmo quando,
O mundo noutro instante se tomando
Do quanto com certeza se renegue,
A luta se aproxima e assim carregue
O peso de viver em contrabando,
A morte chega e vem se aproximando,
Enquanto uma ilusão aquém prossegue,
Estranho cada passo que inda reste
A vida se traduz em medo e peste
Celeste caminhar não mais teria,
A senda mais audaz reflete o medo
E quando noutro passo eu me concedo,
Apenas bebo a sorte em agonia.

27

Teimando acreditar nesta leitura
E nela desenhar novo momento
Ainda que pudesse em elemento
Diverso do que tenho e me tortura,
A sorte se aproxima e sem brandura,
Expressa o que deveras teimo e tento
O mundo se perdendo em forte vento,
Revolta o criador e a criatura,
Tomando já de assalto quem se fez
Além do que pudera em lucidez
Escassamente vejo o que não sinto,
E quando a fantasia toma a cena,
Minha alma num momento se condena,
E vejo o meu cenário após, extinto.

28

A vida se desenha num contexto
Diverso do que tanto imaginara,
E quando se aproxima da seara
Preciso na verdade outro pretexto,
Invado este ar fatal e a cada asbesto
O corte noutro salto se prepara
E a luta tantas vezes desampara
Mudando para sempre o velho texto,
Restando o que pudesse ou mesmo tente,
A sorte se mostrando adolescente
Ao mesmo tempo instável e voraz,
O fim ditando o início de outras eras
E quando te aproximas, já temperas
Meu mundo que este sonho satisfaz.

29


Aonde se anunciam mães e pais
Tentando nova rota ou mesmo até
Tramando o que pudera em rara fé,
Gestando do vazio um nobre cais,
Enfrento os mais atrozes sem galé
E nada acorrentando enfim meu pé
Numa expressão diversa em versos tais,
Erguendo o meu olhar neste horizonte
E quanto mais além tanto desponte
O novo sol que um dia procurara,
A vida noutra face desenhada,
Invés da velha cena mais nublada,
Agora se desenha bela e clara.

30


O mundo se transforma e os professores
Nem sempre acompanhando o tão veloz
Caminho aonde o etéreo traça a foz
E nisto são diversas, tantas cores,
E quando noutro fato além tu fores
Mal sabes o que venha logo após,
E assim neste momento bom e atroz
A sorte desenhando dissabores,
Aprendo e na verdade eu me desprendo
Enquanto noutro passo um novo adendo
Transforma o que eu pensara ser verdade,
O mundo se desenha em rudimento
Cenário; aonde iludo quando tento
Trazendo por si só diversidade.

31


Educadores vejam o que venha
Nos olhos de quem tenta novo rumo,
E quando na verdade além me esfumo
Tentando aproximar de nova lenha,
Assim o que pudesse numa ordenha
Aos poucos noutro passo em vão resumo
Tateio procurando enfim o sumo
E sei do quanto aos poucos me convenha
Por ser mutável tanto mimetizo
E sigo o que pudera em tom preciso,
Sabendo que esta sorte é movediça
A verdade absoluta não existe,
O mundo que se faz alegre ou triste,
Enquanto se desbota além já viça.
32

O todo desenhando-se além disto,
Marcando com seus erros, seus acertos
Desterros onde vejo entre os apertos
O quanto poderia e não desisto,
Vagando simplesmente sei que além
Da sorte imaginária vem o sonho
E neste delirar hoje componho
O todo que deveras não mais vem,
Apenas iludido? Sonhador...
Já nada mais transcende ao que pudera
Apascentando assim enfim a fera
Dos erros e dos medos, domador,
Apresentando o caos como uma herança
Meu passo no vazio ora se lança.

33

Quem quer e desejasse, o quanto fora
A vida iridescente e até prismática
A sorte modifica esta temática
Por vezes sem caminho e sonhadora,
A luta se aproxima e sofredora,
Ousando além da leda matemática
Transforma qualquer passo em senda errática
E traz esta vontade tentadora,
Acolho com meus braços o futuro
E sei do quanto possa e me asseguro
Dos dias que virão em meio às trevas,
Nesta aridez constante deste solo,
Por mais que se imagine em ledo dolo,
Numa esperança rara sei que cevas.


34


Tornou-se capital este momento
Ao enfrentar as guerras dia a dia
A luta se transforma e não traria
Sequer o que desenha o pensamento
Cenário mais sutil que agora eu tento,
E neste ser intenso a fantasia
Regendo o que deveras caberia
Vestindo esta ilusão no intenso vento,
Acordo entre temores mais sombrios
E venço o que pudesse em desvarios
Gestando o quanto quero ou mesmo até
A vida se aproxima do final,
E o prazo se anuncia em terminal
Caminho sem saber de alguma fé.

35


Sendo comum o crer no que viesse,
Após o desenredo em medo e caos,
Os dias entre trevas e urutaus
Tramando o que pensasse em tal benesse,
Vestindo o que ilusão deveras tece,
Alçando noutro instante estes degraus,
Os sonhos entre tantos, bons e maus,
Aos poucos ao vazio se regresse.
Negando a melhor sorte para quem
Sabendo o quanto ausente nada vem,
Dissimulando o passo em previsão
Diversa da que eu tanto imaginasse
A vida superando algum impasse
Transcende ao quanto quis meu coração.

36

Ainda se compara com o quanto
Deixara nesta estrada há tantos anos
E sei que ao coletar diversos danos
Somente o desvario hoje eu garanto,
Traçando o meu caminho em tal espanto
Confronto desenhando desenganos,
Os erros costumeiros, pois humanos,
Deixando por sinal velho quebranto,
Espero algum alento e sei que enfim,
Apenas o cenário de onde eu vim
Expressa a negação de uma esperança
A vida sem sentido nega o rumo,
Meu verso sem proveito hoje eu resumo,
Enquanto para o nada o passo avança.

37

A guerra não cessara e posso ver
Os restos do que fora a liberdade
E quando no final tudo degrade
O sonho também sinto perecer,
Ainda que pudesse mesmo crer
No canto que traduza a claridade,
Deixando para trás mera saudade
Resulto neste vago a conceber,
Medonha face exposta a cada engodo,
Penetro sem defesas mangue e lodo
Do todo desejado nada resta,
Somente a guerrilheira fantasia
Aonde qualquer luz já não veria
A sorte sem sentido mais funesta.

38

A vida no final tentando a paz,
Não cabe nos meus olhos sonhadores,
E sei do quanto possa além das dores
Moldando este momento mais audaz,
Ainda que eu seguisse e nisto fores
Vencer o sortilégio mais mordaz
E o tanto quanto teime não me traz
Sinais por onde segues sem te opores.
Desvendo tais mistérios e procuro
Depois de um tempo amargo e mais escuro
Escusas entre quedas e tormentas,
Ao nada condenado e sem defesa
A luta se propõe na natureza
E mesmo mais distante ora apascentas.

39
Da Ilíada que a vida me prepara
Em meio aos mais diversos rumos, vejo
O quanto poderia noutro ensejo
Vencer a solidão enorme a amara,
A luta a cada passo desenhara
E bebo o quanto possa e assim prevejo
Vivendo o que tentara quando almejo
A lida a cada encanto se prepara
Vestindo a fantasia mais sutil,
Homérico caminho se previu
Tramando o que pudera noutro salto,
E o preço a se pagar gerando o quanto
Produza o que em verdade hoje eu garanto
E assim cada momento além; ressalto.

40

A vida se transforma em Odisseia
E mostra o que pudera a cada engano,
E nisto desenhando novo plano
A luta se transborda noutra ideia
O prazo determina e sem plateia
O rústico momento dita o dano
E nisto poderia sobre-humano
Vencer o que viera em alcateia.
Acordo entre balaços e tormentas
E nisto sem sentido me alimentas
Dos erros costumeiros de quem busca
Sentir novo caminho em meio às pedras
E quando se anuncia sei que medras
E a vida se transforma atroz e brusca.

41

A luta se desvenda e sei por ela
Caminhos mais diversos, versos vãos
E sei do desenhar em ledos grãos
No prazo que sem rumo se revela,
E quando esta esperança ali atrela
Marcando com cenários pós os nãos
Os dias mais audazes entre irmãos
Deixando no passado o claustro e a cela,
Espúria solidão dita a capela
E toco com ternura tuas mãos,
A senda se anuncia em tom diverso
E quando para além ainda verso
Imerso no meu canto sem proveito,
E dela nada trago na lembrança
A sorte sem sentido já me cansa,
Porém depois de tudo enfim a aceito.

42


O tanto quanto possa e sempre vem
Tramando alguma luz ao fim de tudo
E sei que quanto tento; eu desiludo
E vivo o quanto resta sem ninguém,
Na pavorosa face em tal desdém
O velho coração; agora mudo
Não traz o que pudera e me amiúdo
Deixando para trás e não convém
O trem descarrilado, a queda açoda
E nada do que eu pude traz na roda
A face desbotada da esperança,
Mesquinharias trazes num olhar
E bebo quanto pude imaginar,
Porém sem ter destino a vida cansa.

43


De muito longe escuto a voz macia
De quem se fez audaz; e o nada diz
O manto se desenha e mesmo gris
Não deixa para trás esta utopia,
Assim o quanto resta e não teria
Vagando sem sentido o que se quis,
Somente se aproxima este infeliz
Marcando o desenredo em fantasia,
A senda mais alheia ao que se vê
Expressa o que pudesse sem por que,
Lacônica esperança não valera,
A sorte que deveras já tecera
O fim de cada passo sem sentido
E nisto vejo infausto consumido.

44

O quanto dos meus dias fosse um monge
Gerando em mais silente pensamento
E quando no final decerto eu tento
Meu canto se evadindo segue longe,
Dos cônjuges da sorte, novo passo,
E vendo o que pudera noutra cena,
A luta sem sentido me serena
E bebo mesmo sendo mais escasso,
O peso no passado me envergando
O canto noutro prazo se traduz,
Carrego sem sossego a minha cruz
E sei deste momento mais infando
Invisto cada verso aonde eu pude
Viver este momento audaz e rude.

45

A vida sendo em próprio tom ascende
O quanto deste opróbrio poderia
Num ébrio caminhar em agonia
Deixando noutro engodo este duende,
E quando sem sentido o passo rende
Matando o quanto quero e não podia
Viceja dentro da alma esta utopia
Aonde a luz imensa nunca emende.
O preço a se pagar pudesse ter,
Ainda o quanto pude merecer,
Vestindo o que inda trago dentro da alma,
A luta sem proveito e sem razão
Marcando cada passo num senão
E nada do que tente enfim me acalma,

46

A vida se traduz noutra conversa
E gera após o medo o que inda tenho,
Selando com temor fechado cenho
E sei do quanto possa e nada versa,
A morte se anuncia mais dispersa
E quando no final em desempenho
Diverso do que eu pude e sempre venho,
Tramando outra verdade mais diversa,
Ainda se anuncia o fim do jogo
E nada se desenha em ledo rogo,
O fogo se espalhando pela casa,
A morte se presume e sem defesa
Fazendo do que possa mera presa
Enquanto o dia a dia se defasa.


47


O todo noutro instante se recobre
E gere novo tempo sem sentido,
E quando o meu canário desvalido,
Apenas no final mais nada sobre,
Não tendo em meu olhar sequer um cobre
O manto desenhado e desprovido
Do quanto poderia repartido
Ainda que se fez audaz e nobre,
Invisto o meu caminho noutro passo
E vejo que ao final do sonho eu traço
Apenas inverdades ou loucuras,
Assim ao me entregar sem mais valia
Vivendo o quanto espero e não traria
Nem mesmo o que em verdade tu procuras.

48


O mundo se transforme e sei quando ele
Moldando novo passo traz a senda
Diversa que tanto se desvenda
E nisto cada engano é mesmo dele,
Ainda que outro passo se revele
A luta não traduz o quanto ceda,
E sei deste lençol em pura seda
Aonde esse caminho em paz atrele,
Vestindo a gloriosa fantasia
E nela outro momento se sentisse
Deixando para trás qualquer tolice
A vida com firmeza ora irradia,
Solares expressões em luz tão nobre
Que todo este horizonte hoje recobre.

49

O quanto deste encanto já se disse
E nisto se desenha novo rumo,
Assim a cada instante além resumo
O todo que pudera e não mais visse,
A sorte se desenha e sem mesmice
Expresso do meu canto; o raro sumo,
Bebendo o quanto teime e assim consumo
A vida em avidez sem a crendice,
Legando ao meu futuro uma esperança
O passo sem cansaço sempre avança
E alcança este remanso feito em paz,
Depois de tanto tempo solitário,
Seguindo no final o itinerário
Aonde a própria vida o encanto traz.

50

Enquanto a minha história se fez toda
E nada mais pudesse divisar
Bebendo deste imenso e claro mar
Aonde o meu caminho não se engoda,
A vida se promete a cada instante
Diversa da que outrora conheci,
Singrando o paraíso que há em ti
O tanto quanto a quero me agigante
E tramo nossa vida onde deixaste
A sorte penetrar com mais ternura,
E assim este futuro se assegura
Negando o que pudesse ser desgaste,
A cada nova boda, além avanço
Até saber em ti, sacro remanso.

51

Na naturalidade sendo expressa
A rota mais sutil que se deseja
E quando outra verdade benfazeja
Permite o caminhar sem tanta pressa
A vida de tal forma recomeça
E deixa o quanto quero e me azuleja
Deixando para trás o que poreja
Em dor temor e nada assim confessa,
Senão a mesma sorte tão ditosa
Aonde o meu cenário se antegoza
Vibrando em consonante fantasia,
Marcando o quanto pude acreditar
Seguindo cada raio do luar,
E nisto novo mundo eu beberia.

52

O tanto que pudera agora sem
Transcorre em virulência, mas após
O mundo se desenha em nova voz,
E o todo noutro rumo eu sei que vem,
Depois do desdenhoso rumo aquém
O manto se mostrara mais atroz
E rompe do passado os firmes nós
E sinto que ao final não há ninguém,
Rastreio os meus anseios sem saber
O quanto poderia merecer
Que fora simplesmente mais audaz,
E o preço a se pagar em juros tanto
Transforma o que pudera a não garanto
Deixando para lá o sonho em paz.

53

A vida se prepara e vai descalça
Ousando em pedregulhos e espinheiros
Os dias entre tantos aguaceiros
Uma esperança é sempre mera e falsa
Aonde a fantasia aquém se calça
Esbarra nos momentos derradeiros
E busco sem proveito este luzeiros
O tempo noutro ruma nega a balsa,
E o cais se desenhando muito além
Apenas o vazio já contém
O rústico cenário sem encanto,
Depois do quanto pude e não veria,
A sorte traduzida em agonia,
O nada após a queda, o que eu garanto.

54
O quanto com freqüência eu vejo a queda
E nesta cena tanto repetida
A sorte se traduz além da vida,
Aonde o meu caminho se envereda,
Assim porquanto o tempo nos segreda
Apresento além desta ferida
A cena sem puder já desprovida
Enquanto outro cenário não se veda,
A traça o que pensara esta ridícula
Noção do movimento salvador,
E vejo tão imensa e leda dor,
Trazendo o quanto mostra a cada espícula
Na cominuta teia onde a clavícula
Não possa em perfeição se recompor.

55



Conexão que trama entre a cintura
Escapular com tronco, a frágil clava
Enquanto na verdade fraturava
E nisto traduzindo esta amargura,
Gerando a cada toque uma tortura
Embora a sorte seja além tão brava
Ainda que pudesse assim se entrava
O movimento outrora com candura,
Flutua num diverso emaranhado,
E um golpe noutro rumo desenhado
Expõe à própria sorte o que pudesse
Tramar em queda e dor, o que traria
Somente a quem se mostra em agonia
Enquanto esta fratura assim se tece.

56


Sangria sem que nada mais contenha,
Gerando esta anemia e após, a morte,
Do quanto na verdade não comporte
A vida se apresenta em dura senha
Ainda que deveras já convenha
Conter esta sangria; sem aporte
O tanto que se busca em ledo corte
Produz este cenário enquanto tenha,
Num átimo o caminho se decide
E o todo sobre o fato quando incide
Traduz ao fim de tudo, a leda ausência,
Buscasse algum alento e nada vinha,
Somente a solidão, tardia e minha,
Do fim que se aproxima, consciência.

57


O quanto se apresenta quase eufórico
Depois de vário tom ou mesmo incauto,
Tentando imaginar um mundo lauto
Num sonho que se fez além de histórico,
Homérica ilusão já não traria
Qualquer novo sentido à tão dantesca
Vontade que pudesse gigantesca
E quixotesca surge em dia a dia.
Excêntricos caminhos, mares tantos
Arremessando o passo no vazio,
E quando qualquer ermo eu desafio
Encontro tão somente os desencantos.

Assíduo caminheiro do futuro,
Somente esta mortalha eu asseguro.

57


A vida se traduz nalgum romance
E gera outro tormento logo após,
Já não me apoderando destes pós
Ao nada cada passo inda me lance,
Vencido sem sequer saber que o alcance
Dos sonhos não traria à minha voz
Qualquer momento mesmo além da foz
Que percebera há tempos num nuance,
Das teias mais diversas, tendo apenas
As horas mais sutis e não serenas,
Marcadas pela fúria do não ser,
Ausente da esperança; nada levas,
Andando sem destino pelas trevas
O mundo noutro instante a se perder.

58

O tempo que pudera, tendo em cujo
Semblante alguma paz que inda persista
Ousando perceber em torpe lista
O rumo que se faz amargo e sujo,
Qual fosse; no final, um caramujo
Que esconde-se mal novo sol avista
A vida na verdade sempre avista
Um arremedo apenas de um sabujo,
Ainda que procure algum sinal,
No fundo segue tudo sempre igual
E o marco desenhado em leda areia,
Uma onda mais audaz o carregara
Sobrando sobretudo a fonte amara,
Que a vida por si só jamais rodeia.

59


A vida traz em todo surgimento
Do sol o renovar de uma esperança
E quando o dia a dia além avança
Encontro o meu caminho solto ao vento,
E bebo o que pudesse e mesmo invento
Um dia aonde a sorte não se lança
Marcando o que tentara em temperança
Do todo que sonhara, vago lamento,
Acordo em meio aos erros mais diversos
E sigo sem sentidos outros versos
Vestindo esta temível ilusão,
Meu mundo se transforma noutro caos
E os dias que pensara quais degraus,
Somente me levaram para o chão.

60

O tempo traduzindo a sorte sua,
E nada mais vencera o que viria,
Ainda se envolvendo em fantasia,
A luta se desenha e continua,
Vencendo o que pudera onde cultua
Aprendo com temor o dia a dia,
E quando novo tempo se faria,
A morte noutro passo ronda,atua.
Um gole de café no amanhecer
O mundo que eu quisera conhecer
E o peso de um passado sobre as costas,
Depois do que vivesse em tom mordaz,
Ao fim do entardecer a lua traz
As esperança vivas sendo expostas.

61

O mundo se mostrando em vária forma
Expressa a maravilha do sonhar,
E quantas vezes pude navegar
E neste desenhar a alma deforma,
E o quanto imaginara e se transforma,
Nas fases mais diversas de um luar,
A luta não se cansa de tentar
Vencer o que a verdade ora deforma,
Marcando com ferrenha sensação
A sorte noutra leda direção,
Meu verso sem proveito e sem sentido,
Apenas desenhando o caos em mim
Tramando o que teimara em novo fim,
Um sonho; há muito tempo adormecido.


62

Errático cenário que atual
Remete aos velhos tempos do passado,
E o verso que se fez mais desejado
Expressa o passo além e irracional,
Vencido pelos erros, sou venal
E sigo cada sonho destroçado,
E quando na verdade assim me evado,
O risco se demonstra desigual,
Apresentando assim novo horizonte
Aonde o sortilégio sempre aponte
Procuro alguma luz que não veria,
Marcantes expressões dizem do fato
Enquanto o que inda tenho eu mal resgato
Tentando imaginar a poesia.

63


Meu passo noutro rumo retardado
Já não mais permitira outro momento
E quando no final ainda tento
Nas mesas é lançado cada dado,
E sei do que pudera quando brado
Ousando penetrar em forte vento,
Do todo que me resta, alheamento,
Moldando o sem sentido e vário fado,
Esqueço dos meus dias e procuro
Embora o céu se encontre sempre escuro
Cerzir outra emoção que não tivera,
Apresentando o corte na raiz,
O quanto se procura e se desdiz
Deixando sem defesas esta fera.


64


O meu caminho traz sobremaneira
A luta sem descanso e sem porvir,
O quanto poderia prosseguir
Ousando na esperança, vã bandeira,
A sorte sendo ausente e derradeira,
Não posso mais prever o que há de vir,
E morto sem saber mais prosseguir,
A vida me prepara outra rasteira,
E a queda se anuncia sem defesas,
E sinto este vazio sobre as mesas,
Marcando com terror o quanto havia,
Dos sonhos mais argutos e sinceros
Venenos entre enganos, dias fero,
E morta há muito tempo, a fantasia.

65

Quando pelas tabelas me insurgira
Tentando acreditar no que não veio,
O mundo se apresenta em devaneio
E a sorte se traduz noutra mentira,
O quanto nada põe, tanto retira,
Deixando qual sinal o ledo anseio,
Meu tempo se anuncia e em vão rodeio
Falena sobre a luz que imensa, gira.
Sem ter qualquer apoio ou mesmo meta,
A vida no vazio se completa
E traça outra verdade muito além
Daquela que eu buscara sem proveito,
E quando no final teimo e me deito
Um canto sem destino já não vem.

66

Não quero desta vida uma exigência
Nem mesmo outro momento mais cruel,
Alçando o que pudesse em fonte e mel,
A luta se anuncia sem clemência,
O tempo procurando uma ingerência
Fazendo em concordância o seu papel,
O rústico cenário dita o véu,
E nisto nada mais em penitência.
Esta arte propulsora da esperança
Entrega o que pudera e sempre avança
Regendo cada instante mais além,
Meu verso sem sentido e sem razão,
Apenas apresenta a solidão,
Que inevitavelmente sempre vem.

67

O tempo noutra vã publicação
Expressa o que pudera e não teria,
A luta se transforma em agonia
Os dias são incertos, não verão,
Somando o que se fez outrora em vão,
A sorte a cada instante que porfia,
Transforma o que teimara em melodia
Buscando no Infinito a direção,
Sem dimensão que possa inda conter
O prazo terminando sem se ver
Sequer sinal do todo que se quis,
Ainda sem sentido e sem proveito,
O todo noutro engodo não aceito,
Sabendo o quanto sou, tolo e infeliz.

68

A vida que eu queria se fez módica
E nada mais tivera senão isto,
E quando noutro engano mal avisto,
A luta que se fez tão periódica
Na nórdica presença de quem amo,
Açudes nordestinos, outro rumo,
E quando no final tanto resumo,
Vagando sem sentido em cada ramo,
Ouvindo a voz que trouxe Janaína
Reinando sobre os mares, negra bela,
A sorte noutro passo se revela
E vejo o quanto em luzes determina,
Procuro o talismã e nada veio,
Somente o mesmo olhar, puro receio.

69

A vida tem por síntese este medo,
E nada mais traria outro momento
E quando no final me desalento,
Aos poucos sem defesas me concedo,
Bebendo o que pudera em arremedo,
Meu passo se produz, velho elemento
Ousando no que possa o sentimento,
Deixando para trás velho segredo.
O canto se anuncia em discordância
E vejo ao fim de tudo em tal distância
A sorte que viria ao fim de tudo,
Depois de caminhar sem precisão,
Os olhos se perdendo em mundo vão,
Sem nexo ou sem proveito desiludo.

70


A vida segue o passo que tiver
E nisto tenta além do próprio cais
Instantes que pudesse em magistrais
Cenários neste corpo da mulher,
Que tanto se deseja e ora se quer,
E bebe em sua pele, doces sais,
Orgásticas loucuras, muito mais
Do quanto poderia em tom qualquer,
Sequer outro caminho se anuncia
E bebo em tua boca esta sangria
Dos sonhos que exalaste a cada instante,
E o vasto desejar se saciado,
Deixando um doce gosto de pecado,
O Paraíso em vida nos garante.


71


A vida desenhando o seu enredo
Imersa em luzes várias e confusas,
E quando no final ousando abusas
Do quanto a cada passo mal concedo,
Não tendo na verdade sequer medo,
Procuro neste olhar diversas Musas
E bebo em profusão quanto reduzas
Do tempo noutro instante, este segredo.
O prazo determina o que inda tenho,
E sigo sem saber se vale o empenho
Do desditoso pranto em harmonia,
O corte se desenha na raiz
E o quanto se deseja e mesmo quis,
Traduz o quanto quero e poderia.

72


Um dia noutro tempo se esboçado
Permite acreditar no que viria,
A sacrossanta via em poesia,
Trazendo este caminho iluminado,
Vencendo o que pudesse e ter louvado
O amor que ultrapassando uma agonia
Expressa em luz intensa o claro dia
E assim num bom momento muda o Fado,
Escarpas, rocas, pedras mares tantos
E os dias ditam novos, claros cantos
E bebo em sua glória, verso em paz,
Mas quando vejo o quanto pude e nada
Trouxesse a fonte imensa quando evada
Deixando toda a sorte para trás...
73

Pudesse tanta vez utilizando
O canto mais feliz ou mesmo rude,
Ainda que deveras tudo mude
O mundo noutro passo se faz brando,
E vejo este caminho já moldando
O quanto com certeza eu sempre pude,
Invisto o que me resta em atitude
Tentando adivinhar o como e o quando.
A sorte se desenha de tal forma
Equânime caminho nos transforma
E gera outro cenário mais suave,
Sem ter o que temer, seguir em frente,
No sonho que deveras tudo enfrente,
Ousando libertário feito uma ave.

74

O quanto na verdade já não notas
Do passo sem destino e sem razão,
Os dias na completa solidão,
Errando com certeza suas rotas,
E nisto se adivinha o que denotas
E bebo desta farta ingratidão,
Os sonhos noutro sonhos me trarão,
Sinais das mais diversas vãs derrotas
Apresentando o canto em discordância
A luta não mereça a militância
De quem se fez venal e não queria,
Ousando noutro passo, em frente às rocas
E quando no final tu me provocas,
Restando dentro da alma esta agonia.

75

Vencendo desde sempre estas maleitas
As febres, os delírios da terçã
E o quanto poderia na manhã
Ousar nestas verdades já desfeitas,
E sei que no final o quanto aceitas
Expressa alguma sorte temporã
Trazendo dentro da alma o talismã
É quando do meu lado tu te deitas,
Assumo os meus anseios e pecados,
Os dias entre tantos relegados,
Agora noutro tom pudesse ser,
Mas quando acordo e vejo este delírio
Aumenta a solidão, tédio e martírio
Vontade tão somente de morrer...

76

Sentindo esta vontade de partir,
Levando para além o que me resta,
A face dolorida e mais funesta,
O quanto se perdera sem porvir
O nada noutro nada a repartir,
A sobra do que fora mera festa,
O canto que deveras tudo empesta,
A morte quando acena, um elixir.
Resulto deste engodo e nada mais,
Invisto o meu caminho em desiguais
Cenários sem proveito e sem discórdia,
Apenas vou seguindo a correnteza
O fim já não trará qualquer surpresa,
Somente o patamar em tal concórdia.

77

Um velho e conhecido professor
Durante o seu período em vilarejo
Disseminando além este desejo
De um canto muito mais libertador,
Trazendo em seu olhar, real valor
Da vida que pudera noutro ensejo
Gerar algum caminho onde o verdejo
Criasse um novo mundo multicor,
A sorte desenhada atrás dos montes
E nela se avizinham horizontes
Traçando outro momento mais feliz,
A vida tantas vezes contradiz,
Mas quando se permite enfim sonhar,
Mais próximo se percebe este lugar.

78

A luta que incansável não deixava
O medo tomar conta do cenário,
O prazo dita o tempo necessário
Uma alma não pudesse ser escrava,
Percorre como fosse imensa lava,
Deixando-se antever o itinerário
E marca com sorriso solidário
Vencendo no caminho qualquer trava,
Assisto ao quanto possa quem batalha,
A vida sendo sempre amarga e falha
Presume alguma fresta, escapatória,
E quando se avizinha e se aproveita
Razão para sonhar, transcende a espreita
E deixa que perceba, ao fim, vitória.

79

O mundo muito além de tal aldeia
Imenso e sem fronteiras segue além,
O olhar que nada teme já contém
A fonte que deveras incendeia
E gera muito mais que a lua cheia,
Vagando neste espaço, ser alguém,
E ter no coração mais que o desdém,
Enquanto a sorte dita e assim clareia,
A força sobre-humana, a garra e o passo
Vencendo o que deveras teimo e traço
Ousando acreditar na plenitude,
Jamais me conteria qualquer pedra,
A vida com certeza não se medra
Tampouco qualquer queda desilude.

80


Os olhos se aproximam com denodos
E trazem esperança após o tanto
Meu mundo com certeza hoje garanto
Vencendo o quanto restam de tais lodos,
Os dias entre medos, vis engodos,
A cada novo passo um ledo espanto
A sorte se aproxima em cada canto
Diversos temporais? Vencendo todos.
Já não comportaria simplesmente
O quanto em mero instante se apresente,
Ousando muito além, me permitindo
A trama que jamais silenciara
Deitando o meu olhar nesta seara
Um mundo sem limites, sempre infindo.

81

O quanto no final já parecia
Distante agora vejo mais palpável,
Terreno que se fez agora arável
Expressa este poder da fantasia,
O verso se transforma em garantia
E o quanto se mostrara ora intocável
Percebe-se deveras mais louvável,
E nisto se consiste uma alegria,
Vencer os desacordos de uma vida,
Há tanto noutro encanto já perdida,
Negando melhor sorte a quem se dera,
Repare o reflorir da primavera
E veja quanto a vida nos ensina,
O sonho feito em fé nada extermina.

82

Deixando tão somente o bem sentir
Depois de tantas quedas costumeiras,
Espinhos justificam as roseiras,
O mundo mais ditoso está por vir,
E vendo da esperança este elixir
E nela tudo aquilo que inda queiras,
Estradas mais sublimes, verdadeiras,
Ditando o quanto possa permitir,
Meu passo sem descanso segue além
E o canto tanta glória em si contém
Marcando com ternura e garra a vida,
A estrada se anuncia pedregosa,
Mas quando a sorte imensa e majestosa,
Trazendo esta vitória merecida.

83


O quanto poderia ser aquela
Ou mesmo uma noviça tempestade,
O passo com firmeza sempre agrade
A quem tanto carinho em paz revela,
A luta se anuncia e assim se atrela
Ao todo que pudera em liberdade,
Vencer o quanto resta, ansiedade,
Gerando noutro instante, abrindo a vela,
O barco ao enfrentar os temporais,
Adentra o mar imenso sem jamais
Perder a direção, seu norte e prumo,
Assim depois de tantas traições,
O quanto com firmeza tu me expões
Traduz esta emoção que ora consumo.

84


A cada novo dia uma partida,
Vitória se anuncia ou mesmo a queda,
E quando a vida além de tudo enreda
Grassando sobre a velha despedida,
A sorte de tal forma fora urdida,
E o tempo sem destino, o sonho veda,
Mas quando para além já se envereda
A brisa desenhando a luz ungida,
Vestindo esta esperança num verdejo
E bebo a me fartar do que desejo,
Vencendo qualquer pedra no caminho,
Seguir a todo custo sem temer
O dano que deveras hei de ver
Embora o tempo seja mais daninho.

85

A vida se anuncia em carpinteiro
Gerando da madeira este formato,
E nele o que puder ora constato
Trazendo este caminho, o verdadeiro,
O mundo se anuncia e por inteiro
E quando no final eu me retrato
Vencendo o que pudera ser ingrato
Meu sonho nunca fosse o derradeiro,
A luta se renova a cada dia,
E quanto mais audaz, maior seria
O passo que pudesse planejar
E sem descanso busco a perfeição
Sabendo que jamais em precisão
Um dia poderei enfim parar.

86

O mundo que esperança me emprestou
Vagando no horizonte após o cais,
Expressa o quanto pude e quero mais,
E assim um novo sonho anunciou,
Vencendo o que deveras me restou,
Bebendo das esperas sóis e sais,
Adentro espaços longos, siderais
E nisto sem temor algum eu vou,
Esqueço cada parte do que um dia,
Ainda se fizera em agonia
Marcando com ternura o que pudera,
Apresentando enfim o que inda tenho,
A vida se transforma e deste empenho
Renasce dentro da alma a primavera.

87

Montada num cavalo, num galope
Esta esperança segue o seu destino
E quando na verdade eu me fascino,
Porquanto qualquer pedra além eu tope,
O tanto que pudesse não entope
O mundo que anuncia cristalino,
Vencendo qualquer queda eu me alucino,
No sonho que em prazeres já me ensope,
Trazendo ao que viria tanta luz,
Meu passo noutro encanto reproduz
Cenário mais diverso e mesmo assim,
A força que carrego nada teme,
Ousando na esperança como um leme,
Vagando o mar imenso dentro em mim.

88

O tempo que me resta, tão pequeno,
O sonho não se cala e assim se vendo
Ainda quando escasso o dividendo
Persisto neste passo mais sereno,
E bebo do fantasma e me enveneno
Caminho mais diverso vai tecendo
O tanto quanto eu pude percebendo
Num dia com certeza mais ameno,
Ocasionando a queda vez em quando,
Meu mundo noutro passo se moldando,
Estrela que me guia leva à sorte
Que tanto desejara e sei distante,
Porém esta vontade me garante
Da força inusitada todo o aporte.

89

Carrinhos, rolimãs, saudade dita
O tempo que se foi para jamais,
E os enfrentando vendavais
A luta poderia ser maldita,
Mas quando o coração sempre acredita
E quer outros cenários desiguais,
Pousando em tais anseios magistrais
A força incomparável vem e grita,
Palpita dentro da alma esta vontade,
E o quanto se puder realidade,
Expressa o que pensei e tanto quis,
Medonha a solidão, tão grata a vida,
E nesta ambigüidade decidida
No que pudesse ousar ser mais feliz.

90

Se a sorte noutro passo já capota,
A luta se transcende em luz intensa,
Minha alma a cada passo se convença
Deixando para trás qualquer derrota,
A vida sem sentido não se nota,
E mesmo que pudesse ser extensa
Enquanto se procura a recompensa,
A própria fantasia se amarrota,
E bebo com firmeza qualquer gole,
E tanto da incerteza o mundo assole
Marcantes emoções, cenários tais,
Vencendo qualquer medo ou mesmo o caos,
Ascendo ao que pudera em meus degraus
Prevendo mais gentis, fenomenais.

91

A sorte se anuncia bem mais franca
E a luta não descansa, sigo em frente
Do quanto se pudera e se apresente
Sem nem saber sequer da pomba branca,
A vida tanto alenta quanto espanca,
E mostra noutro rumo este envolvente
Cenário que deveras pertinente
Sangria inusitada logo estanca,
Vestindo este verdejo, sigo em paz,
E o mundo que em verdade apenas traz
Mergulhos dentro da alma sonhadora,
Assim ao me entregar sem mais temer,
Bebendo o quanto pude enaltecer
Sabendo do passado, aonde eu fora...

92


O tempo se prepara e segue para
A direção há tanto, desenhada,
Depois de penetrar esta alvorada,
O canto mais sutil já me antepara,
Domina com certeza a noite clara,
E bebe desta senda imaginada,
A vida noutro passo teima e brada,
Enquanto o que pudesse se escancara,
Resplandecente lua sobre nós,
Já nada mais trouxera alguma voz
Diversa da que pude imaginar,
Ascendo ao quanto quis e nada veio,
Somente o mesmo passo e sigo alheio
Ao quanto pude enfim delimitar.


93

Aonde o meu caminho me levasse
Sem medo do que venha ou já teria,
A sorte sendo sempre mais esguia
Vencendo qualquer dor em novo impasse,
Ainda que deveras busque e grasse
Gerando dentro em nós uma utopia,
Bebendo da certeza dia a dia,
O rumo noutro passo provocasse,
Assim ao demonstrar o quanto quero
E sei que neste todo sou sincero,
Jamais me abandonando ao deus-dará
Reparo cada estrela que inda sigo,
E tendo na esperança o meu abrigo,
Ao fim terei ou não raro maná?

94

Trazendo esta esperança na bagagem
No fim deste horizonte, o que viria?
Apenas outro sonho e fantasia,
Diversa ou mais comum, tal paisagem,
Ainda que pareça uma visagem,
A sorte se transforma em poesia,
E bebo muito mais do que podia,
Tentando perceber uma miragem,
A luta não cessando um só instante
O passo noutro enredo se adiante
E mostre sempre este cenário em paz,
E quando sendo mesmo o que se fez
Tocando o coração a insensatez
Expressa o mundo e tudo o que ele traz.

95

Meu mundo se desenha e mesmo até
Aonde nada resta nem o sonho,
Aos poucos quando tento e recomponho
Meu passo se apresenta em forte fé,
E o canto se desenha por quem é,
Sabendo deste encanto mais risonho,
Embora se perceba o que proponho,
Supero do passado esta galé,
E bebo com delírio esta aguardente
E o tanto do prazer que se apresente,
Expressa a maravilha do sonhar,
Vibrando em consonância com a sorte
Que tanto nos delira e nos comporte
Gestando o que pudesse em tal luar.

96

Ainda vendo as luzes da cidade
Distantes como fossem pirilampo
Adentro sem limites novos campos,
Respiro o quanto possa em liberdade,
A luta que deveras sempre brade,
O canto que deveras hoje encampo,
E quando mergulhasse aonde acampo
Meu canto poderia em claridade,
Mas vejo em discordância o que não pude
E tento com firmeza em atitude
Vencer os desafios costumeiros,
Ousando da esperança esta lanterna
E nela cada sonho ora se interna,
Numa explosão de fogos, de luzeiros.

97

O mundo sem saber sequer nem onde
O tempo desenhasse outro momento,
E quando no final ainda invento
O canto ao novo encanto corresponde,
Apenas o que trago e além se esconde,
Marcando com temor o alheamento,
Presume novamente o desatento
Tormento que decerto não responde,
Ondeio sobre as praias do futuro
E bebo deste sal, quando amarguro
O preço a se pagar em vastidão,
Olhando para trás, nada se vira,
Somente os mesmos caos, leda mentira,
Tomando o que pudera em direção.


98

Meu mundo noutro passo também ia
Vencendo as variantes; tempo e solo,
E quando noutro encanto enfim me assolo
Bebendo o que pudesse em fantasia,
A luta se transforma e noutro dia,
Buscando da morena um simples colo,
O todo se apresenta em rude dolo,
Matando o quanto resta em euforia,
Negar cada cenário e ter nos olhos,
Apenas o que cevo em vis abrolhos,
Cultivo em espinheiros e daninhas,
Mas sei do quanto possa o coração
E novas noites claras se verão,
Sabendo no final serem tão minhas.

99

Veículos diversos, passo farto,
Ainda que não veja uma chegada,
A luta noutra luta desejada,
Apenas sem saber destino eu parto,
E quando noutro encanto me reparto
Bebendo da esperança outra invernada,
A lua neste céu já desenhada,
Na prata que desejo e assim comparto,
Reparo com firmeza este horizonte
E sei que no final a paz aponte,
Marcando com total delicadeza,
O quanto desejei a vida inteira
Sabendo ser a sorte companheira
Felicidade eu busco, minha presa.

100

Ainda quando o sonho ali se dava
Sem medos e remendos, tédios, tantos
Os dias entre passos e quebrantos
A luta se desenha em fúria e lava,
Mas quando uma alma nega a dor escrava
E bebe com ternura raros cantos,
Disseminando além doces encantos
Nenhum momento atroz, a dita trava,
E bebo esta alegria com brandura
E tendo o que deveras se afigura
Espalho pelos ares o meu grito,
Vestindo o quanto tenho dentro da alma,
A vida num momento tudo acalma
E traz o quanto quero e necessito.


101


O quanto imaginei perfeitamente
Depois de velho ocaso em fim de tarde
Ainda que esperança sempre guarde
O mundo se transforma totalmente,
A luta noutra face não desmente
Nem mesmo o que pudera e se resguarde
E quando esta verdade não se aguarde,
A força se transborda e já se ausente.
Mas sei do quanto possa quem porfia
E vejo o amanhecer de um claro dia
Bebendo desta fonte em frescas águas,
Assisto ao quanto tento e com certeza
O tempo se prepara em tal surpresa
Deixando para trás já mortas mágoas.

102

As coisas se acumulam vida afora,
E sei do quanto tenho como herança,
A luta se aproxima e quando avança
Aos poucos o que resta desarvora,
A fonte se transforma e me devora,
Marcando com temor cada aliança
No fundo o que pudera ser fiança
Além do que se visse desancora,
O mar não mais permite algum saveiro,
O corte na raiz, o derradeiro,
Anunciando o fim de todo o sonho,
Mas quando se percebe algum farol,
A sorte modifica este arrebol,
A praia mais segura; em mim, componho.

103

Meu tempo se desenha viajante
Dos sonhos e dos passos que inda tento,
Tecendo com brandura o pensamento,
Ainda que decerto não se espante,
O mundo se moldara num instante
E bebo deste sonho mais atento,
Vencendo o que pudera noutro vento,
A luta se transborda doravante,
Mesquinhas emoções, velho ditame,
E quando na verdade se reclame
Do caos gerado em nós, meros mortais,
Os dias anunciam glórias raras,
E quando para o todo te preparas,
Espalho sem sentir meus vendavais.

104

Meu sonho sem servir a nada, pois
Expressa o que deveras não teria
E nisto se resume esta sangria
Não deixa quase nada pra depois,
Servindo de alimária a quem pudesse
Vencer o desafeto feito em vida,
A luta tantas vezes combatida
Não deixa que se veja a menor messe,
Mas quando uma esperança me redime,
E bebo esta delícia num delírio
Supero qualquer dor, medo ou martírio
Tentando outro caminho mais sublime,
Assim ao me entregar ao que virá,
Começo esta mudança e desde já.

105

A vida com certeza, nossa escola
E nisto se apresenta o que se traz
Num ato tantas vezes mais audaz,
Minha alma sem temor algum decola,
E bebo a fantasia quando assola
Deixando todo o medo para trás,
E o passo se mostrara mais falaz,
E nada do que possa enfim se imola,
Acordo e vejo em frente o que pudera,
Vivendo dentro da alma a primavera
Embora se aproxime o meu inverno,
O renovar permite o que se tenta,
Trazendo mais distante esta tormenta,
E nisto o paraíso em paz interno.

106

O quanto deste sonho não havia
Sequer qualquer alento ou desventura,
Bebendo com certeza o que procura,
A sorte noutro passo em alegria,
O mundo se aproxima e quando guia,
Extremamente dita esta candura
E vejo noutro passo o que assegura
Marcando em consonância a poesia,
Escuto a voz de quem já me clamara,
E bebo desta fonte sempre clara,
Acende dentro da alma esta esperança
E o canto sem sentido não expressa
Toando na verdade o quanto em pressa,
Além do que em certeza a vida lança.

107


O todo que pudera já ter sido,
Agora noutra face se apresenta,
E bebo a cada engodo outra tormenta
O tempo noutro fardo agora olvido,
E sigo o que pudera resumido,
Ainda quando a sorte desalenta,
Mergulho no que possa e me apascenta
Num ato tantas vezes decidido,
Escuto a voz de quem se fez ausente,
E o tanto quanto possa e mesmo sente
Tramando este futuro que virá,
A poesia rege cada encanto
E neste desenhar tanto garanto,
O quanto poderia aqui ou lá.

108

A sorte pelo bem mobiliada,
Encontra em concordância um passo além
E nisto quando o mundo em paz já vem
Percebe esta certeza em nova estrada,
E o quanto na verdade assim se evada,
Marcando o que pudera e sei que tem,
Cenário desenhado no desdém
Trazendo novo prazo na calada,
Assim ao quanto possa e não se traz
O mundo sem saber do quanto audaz
Pudesse transformar em noite clara,
Amigos encontrei, mas os perdi,
Seguindo o meu caminho, estou aqui
E um novo amanhecer já se prepara.

109

O quanto poderia em qualquer parte
Trazer a mera imagem disto tudo,
E quando no final me desiludo
A sorte sem destino já se aparte,
Mas vejo noutro dia este descarte
Gerando outro momento e assim transmudo
Deixando o que tentara e me amiúdo
Vencendo com ternura em mágica arte.
O quanto sempre possa a cada instante
No fundo tão somente me garante
O prazo que este sonho determina,
Assim ao perceber tanta beleza
Minha alma de alegria segue presa
Na imagem mais sutil e cristalina.

110

A vida se traduz nestes apelos
E bebo o que pudesse em tons diversos
Os dias entre os quais os velhos versos
Invadem poros, tomam tantos pêlos,
Os tempos desenhando e sei que pelos
Caminhos que pudessem mais dispersos
Ousando nestes raros universos,
Vencendo o duro inverno com seus gelos,
Ascendo ao mais sublime patamar
E vejo o quanto é bom poder amar,
Tramando esta maré sem mais temor,
Vibrando o que pudera noutro passo,
Assim a cada instante sei que traço
Apenas raios feitos deste amor.

111

Dos administradores desta sorte
Que tanto poderia ser diversa
A luta se desenha e se conversa
Fazendo do que tente em novo aporte,
Ainda quando sinto o fundo corte,
Aprendo o que talvez; expressa e versa
Marcando a minha luta na dispersa
Vontade que deveras não comporte,
Sequer o quanto pude noutro fato
E quando este momento; em paz constato
Erguendo um brinde em taças de cristal,
O lúdico caminho se cerzira
Tramando muito além do que esta lira
Que entoa um hino raro e magistral.

112


O tempo se mostrasse nesta túnica
Cobrindo o que talvez ainda venha,
Vencendo o que pudera e nesta ordenha
Vontade se anuncia sendo esta única,
A sorte segue impune vida afora,
E bebo deste sonho sem igual,
Ainda quando pude bem ou mal,
Depois do que decerto me apavora,
Aflora-se o momento mais feliz
E sorvo cada gota da esperança
O passo não se trava e não se cansa,
Vivendo o que em verdade sempre quis,
Ao ascender à sorte mais sublime
O quanto deste amor volve e redime.

113


Apenas do passado trago o objeto
Que tanto desejara o tempo todo,
Vencendo o que trouxera algum engodo,
Momento dolorido e tão abjeto,
Caminho sobre pedras; vejo espinhos
As rosas no final valendo o risco,
E quando neste instante mesmo arisco
Soubera dos cenários mais daninhos,
Esculpo do vazio esta ilusão,
Alabastrino enredo em tom maior,
Meu mundo com certeza sei de cor,
Vivendo os dias todos que verão
Depois da tempestade anunciada,
A sorte noutra face agora brada.

114


Num atravancador desenho escasso,
O mundo se permite em variantes
E assim quando deveras tu garantes
Meu mundo sonegando cada passo,
A nisto o que se molda sempre traço
O quanto poderia ser bem antes
E os passos entre rumos degradantes
Expressam o que tento em mundo baço,
Mas sei que ao fim de tudo inda virá
O quanto com certeza desde já
Ascendo em tal procura sem sentido,
Meu canto noutro espaço se desnuda,
A luta sem descanso nos ajuda
E o tempo se demonstra em paz, sortido.

115

A vida que deveras possuía
A face de quem tanto quis o verso
E quando neste passo desconverso
Ousando nesta estrela, rara e guia,
A noite se desenha mais sombria,
E rege o que tentara no universo,
Caminho e sem temor segundo imerso
Na sorte que talvez; nada temia,
A luta se aproxima do final,
Tecendo este momento sem igual
Provando cada gole da esperança,
Meu manto se anuncia multicor
E dele renascendo o claro amor,
Aonde esta certeza em paz me lança.





116

Ainda que se deixe já de fora
Os erros são comuns a quem porfia,
E vendo o que pudesse em sincronia
Diversa a fantasia me devora,
O barco sem sentido desancora
E segue procurando em noite fria,
A estrela que deveras já me guia,
Cenário que redime e me apavora.
Explodem tantas luzes no além mar
Tornando variável o horizonte,
E quando no final sempre desponte
Vontade inusitada de te amar,
Assinalando assim o quanto pude
Vestir com mais vigor rara atitude.





117

Os dias poderiam ser tão meus
E nada do que tente se anuncia
Marcando o quanto resta em alegria,
Os sonhos não seriam todos seus,
As sortes entre tantos apogeus,
O canto noutro cais se espalharia,
Viceja dentro da alma a poesia
Deixando para trás qualquer adeus,
Encontro o que inda resta dentro da alma
E o vento noutro ponto sempre acalma
O velho viajante da esperança
Que sem saber sequer de algum tormento
Aos poucos noutro encanto já me alento
E bebo este momento enquanto avança.






118

Embalo as esperanças num caixote
E tento carregar junto comigo,
E nisto quando possa enfim abrigo
O mundo que deveras já denote,
Marcando o quanto possa e assim se dote
Vibrando em consonância, raro amigo
O tempo se anuncia sem perigo,
E a paz que procurara não mais note
Sequer a temporária fantasia
Nem mesmo o que deveras não mais guia
E mostra este momento mais audaz
Não pude acrescentar qualquer carinho
E vendo o que tentasse onde me alinho
Espero uma alegria feita em paz.


119

Dos livros que guardaste ledos tomos,
Jogados pelos cantos desta casa,
A sorte na verdade se defasa
Mostrando com certeza o que hoje somos,
A luta não cessara e mesmo assim,
Viceja dentro da alma a fantasia
E nada mais pudera ou viveria
Marcando com terror amargo fim,
Mas hei que surge a luz em raro brilho,
Assim se aproximando do que possa,
A senda na verdade sendo nossa,
O coração deveras, andarilho,
Encontra o que deseja e bebe à farta
Jogando sobre a mesa última carta.





120

A vida se renova e traz nesta era
Um sonho mais além do que inda trago,
Vencendo o que pudera num afago
Reinando sobre a luta amarga e fera,
Meu mundo na verdade sempre espera
O quanto se fez nosso e assim divago
Vibrando em consonância se inda vago
Trazendo em meu olhar a primavera,
Esqueça qualquer dia que viesse,
E trame em lealdade o sonho e a prece
Gerando novo tempo em esperança,
Assim da nostalgia nada sobra
A vida a cada passo mostra a dobra
Do tempo que sem medo sempre avança.

121

A vida como fosse um osteoma
Tomando em ar dorido, mas benigno,
Tornando da ilusão imenso signo
E nisto se impedindo nova soma,
Somática emoção, jamais se cala
E o quanto se espalhara sem proveito
Enquanto na verdade nada aceito
A luta se desenha, qual vassala,
E bebo esta sangria desatada,
A sorte noutro enredo não se externa,
E quando este tumor tomando a perna,
Desenha a senda audaz e transformada.

122


A circunscrita dor trouxera o medo
E nisto não pudera adivinhar
O quanto poderia navegar,
E assim ao mesmo não eu me concedo,
A luta se aproxima em desenredo
E bebo o que pudera imaginar,
O canto se desenha sem lugar,
A trama noutro infausto diz degredo,
Lesões diversas trago dentro da alma,
E assim se fomentando cada trauma
Navego sem sentido e sem timão,
Esta excrescência dita o que pudesse
Matando em nascedouro qualquer messe,
E nela outros momentos: solidão.


123

Em membranosas sendas nada rege
Senão este volátil pensamento,
E quando outro caminho eu busco ou tento
A face se desnuda, a deste herege,
E nada mais deveras nos protege,
Exposto ao que pudera em torpe vento,
A senda se aproxima e desatento
A cada novo instante a dor que alveje,
O marco sem sentido e sem proveito,
O tanto quanto possa e mesmo aceito
Espúrias madrugadas, vida dana,
Embora seja frágil tal membrana
A luta se desenha em tal prisão,
E busco sem poder; libertação.

124

De tantos componentes desta sorte
Que nada mais permita alguma luz
E sei do quanto possa e me conduz
Deixando para trás o medo e a morte,
Mas quando se negasse algum aporte,
Apenas o vazio reproduz,
E o cântico deveras não seduz,
O sonho a cada instante em vão se aborte,
Nas tramas desta teia dita vida,
A luta sem sentido e desprovida,
Encontra no non sense algum apoio,
Depois de tanto tempo solitário,
O mundo se anuncia em tom mais vário,
Inunda agigantando o mero arroio.




125

O tempo dentre tantos; principal
Expressa a realidade noutro tom,
E o quanto se pudera no neon
Transcende ao que desejo bem ou mal,
Assim anseio o prazo mesmo em tal
Momento onde pensara ter o dom
Desafiando a vida em vário som,
Somando este vazio, sempre igual,
Alvissareira sorte dita o quando
Teimasse noutro rumo me enredando
Ousando muito mais do que pensara,
Assim ao se entranhar noutro momento
Apenas outro canto quando invento
Tornando a nossa vida bem mais rara.



126

A cada novo dia mais maduro,
Eu vejo o meu final se aproximando
Minha alma sem sentido algum nevando
Negando o que deveras mais procuro,
Talvez eu te pareça mais seguro,
Mas sei do quanto possa sonegando
O canto que julgara ser mais brando
E agora em tempestade configuro,
Bebendo cada gole deste gim,
O mundo se desdenha e traz no fim,
Apenas o que possa ser diverso,
E bebo em tua boca esta saliva
Que tanto me envenena e me cativa,
Resumo do que foi este universo.




127


A sorte se desenha laminar
E corta quem deveras se aproxima
Gerando o que pudera noutro clima
Do todo não consigo imaginar,
Vestindo esta esperança, o meu luar,
Reinando sobre o todo que redima,
Espero noutra esquina o que se estima
E possa em passo novo demonstrar,
Assédios de momentos mais venais,
E trago dentro da alma os temporais
Borrascas entre velas e procelas,
Assim ao me notares mais silente
Deveras outro passo enfim não tente,
Neste momento as sombras atropelas.



128

O sonho quando o vejo em esponjoso
Cenário dominando; absorve o tanto
Que gere noutro instante e assim garanto
A plenitude feita em raro gozo,
O mundo muitas vezes caprichoso,
Transcende ao que pudesse em novo canto
Vestindo com ternura o quanto encanto
Num ato tão sublime e majestoso,
Já nada mais traria quem se fez
Alheio ao quanto pode a sensatez
Vencendo os dissabores usuais
Quem dera noutro passo presumir
A vida como fosse um elixir
Bebido em raros tragos; sempre mais.


129


Localizados dias entre tantos
Marcando o que pudera num desvio
E quando cada passo eu desafio
Vencendo os meus rancores e quebrantos
Os tempos entre velhos, novos santos,
Audaciosamente; invado o rio
E sigo da esperança cada fio,
Cerzindo do vazio; os novos mantos,
Seduz-me o quanto pude e se tentara
Marcando com firmeza esta seara
Invisto cada sonho no que eu possa,
Assim a noite invade em luz intensa
E o quanto se aproxima e recompensa
Quem tanto desta sorte agora apossa.


130


Os dias sendo sésseis nos atando
Ao mágico caminho feito em vida
Das pênseis emoções, a nossa lida
Transforma este caminho agora brando,
E vejo o que pudera desenhando
Na sorte que se molda a despedida,
A luta noutra face ora abstraída
Expressa o que se tenta noutro bando.
Catástrofes renovam dia a dia,
O quanto na verdade não viria
Senão a mesma luta sem proveito,
E quando sem sentido algum me perco
Do todo se aproxima em duro cerco
E assim cada tormento em dor, aceito.


131

As noites entre vãs, pediculadas
Espalham pelos medos outros tais,
E vejo estes caminhos virtuais
Quais fossem no final; novas estradas,
As noites que puder enluaradas
As ondas entre rumos magistrais
Bebendo em raras taças em cristais
As sortes tantas vezes desejadas.
Coubera ao sonhador num novo verso
Vestir estrelas tantas do universo
Marcantes emoções entre diversas,
E quando na verdade eu me disperso,
Ao mesmo tempo rude e até perverso
Além do que pudera também versas.







132
Os tempos entre tantos bordos; vejo
E sei do quanto pude e mesmo atento
Sabendo a imensidão do pensamento
A cada novo instante além dardejo,
E sei do meu caminho a cada ensejo
Vencendo o que tivesse alheamento,
Escândalos invadem todo o vento
Nublando o céu que eu quis em azulejo.
Presumo o que viria e não se vira,
A luta noutro passo queima em pira
E marca cada pele em tom sofrido,
Alheio ao que pudesse ser além
Meu mundo na verdade já não vem,
Deixando o quanto quero em triste olvido.


133

Os passos entre rumos expansivos
Gerando novos tempos onde eu pude
Trazer em raro passo a plenitude
E neste desenhar sonhos cativos,
Os olhos com certeza lenitivos
Marcantes emoções, e se me ilude
A sorte na verdade não mais mude
E bebo dos meus vagos passos, vivos.
Esqueço qualquer tom que se trouxera
Vencendo o quanto resta em noite fera
Gerando do gerânio a clara fonte
E dela o que deveras se desponte
Traduz a mais sublime primavera
Tomando com beleza este horizonte.



134


Os raros temporais, infiltrativos
Destroçam o que possa a natureza
E assim o que desenha traz a presa
E nisto meus momentos são cativos,
E bebo os mais sutis e alternativos
Gerando o quanto pude em incerteza
E sinto o quanto possa sem surpresa
Deixando no passado os lenitivos,
Assim ao desabar este barranco
O quanto na verdade sendo franco,
Mergulho e sem sentido sigo em frente
O mundo se aproxima num alento
E sinto o que tentasse e assim invento
Marcando o que teimasse e não desmente.




135

A sorte se traduz em componentes
Diversos e se entranha a cada instante
E neste desenhar mais delirante
O quanto na verdade sei que sentes,
Os passos noutros rumos, pertinentes
Em penitentes dias, se garante
O quando poderia doravante
Rondando o quanto possa em nossas mentes,
Racionalmente vejo algum atalho
E quando na verdade já não falho
Procuro o que pudesse noutro rumo,
E quantas vezes bebo este veneno
E assim a cada instante me sereno
E neste desenhar em paz resumo.

136

A superfície rústica que outrora
Traria novamente outro momento
E quando na verdade sei e tento
Vencer o quanto possa e se apavora,
Teimando contra a fúria desde agora,
O mundo trama em raro pensamento,
Depois do que pudesse hoje eu me alento,
E sinto o quanto pude sem ter hora,
E nada mais se vendo após a queda,
A luta se desvenda e assim me seda
Terrificando o quanto ainda sobra,
A vida se desenha noutro passo,
E assim o que pudesse enfim eu traço,
Penetra desta vida cada dobra.

137


A mansidão se dando em terra lisa,
Depois de tantas chuvas, temporais,
Os dias entre novos, desiguais
A sorte noutro rumo se divisa,
E o preço pelo qual vida matiza
Vivendo o que pudesse em dias tais
Marcando o quanto quero sem jamais
Traçar o que decerto suaviza,
A noite se aproxima em mesmo rumo,
E o gozo se desenha quando esfumo
E bebo a fantasia mais sutil,
Depois do que pensasse ser diverso,
Expresso esta razão num ledo verso,
E nele todo o sonho que se viu.

138

Dos lóbulos diversos, ermas rotas,
Assisto esta colméia desenhada,
Nas células diversas, vejo cada
Momento; aonde em paz tu mal me notas
E sei dos dias frágeis, das derrotas
E a luta a cada passo desenhada,
Vestindo o que pudera além do nada,
Ultrapassando e em muito nossas cotas,
Aprendo com meus versos outros tantos
E bebo sem saber dos desencantos
Vestígios de uma vida sem proveito,
E sinto sem sentido este incentivo
E quando noutro passo sobrevivo,
Nas ânsias deste sonho, enfim me deito.

139

O quanto se imagina e faz crescer
Depois da derrocada em verso e dor,
Dos olhos o sobejo refletor
Traduz o que pudesse perceber,
Ainda que se veja além o ser,
Presumo o quanto quero e quando for
Traria o que se visse em multicor
Dourando com beleza o amanhecer,
Espero qualquer dia após o nada,
E vejo no raiar desta alvorada
O canto se perdendo noutro rumo,
Assim os meus enganos freqüentando
Bebendo o que pudera desde quando
O sonho noutro passo desaprumo.

140

Os dias que deveras já produzem
Os sonhos mais audazes e felizes,
Do quanto pouco a pouco contradizes,
Momentos para os quais não mais conduzem,
E mesmo quando atacam reproduzem
Diversas emoções, velhos deslizes,
E sei destas profundas cicatrizes
Em ermos caminhares, que entrecruzem.
Ascendo ao mais diverso dentro em mim,
E bebo o que restara em vinho e gim,
Inebriante sonho sem sentido,
Aprendo com meus erros, sendo assim,
O tanto quanto houvera decidido
Traduz sempre ao final, o amargo fim.


141


Nesta reabsorção dos sonhos tramo
O mundo em desvario e tão somente,
Ainda que tentasse em tal semente
O pranto se anuncia em cada ramo,
E vejo tão somente o que reclamo
E venço sem saber do impertinente
Caminho pelo qual a vida mente
E nisto outro cenário já difamo,
Arcando com meus erros, meu engano
O quanto no final sempre me dano,
Espero numa espreita o que virá,
Singrando o que sangrara em ledo corte,
Ainda que a verdade nos conforte
O mundo se anuncia desde já.

142


O passo se mostrara mais normal
E o canto em harmonia tão diversa
Ao mesmo tempo rege e desconversa
Marcando com temor o ritual,
O corpo se aproxima sensual,
Olhar tão desejoso toma e versa,
Vestindo o que se quer em noite imersa
Vagando sobre a terra sol e sal,
Invisto cada passo noutro rumo
E bebo deste todo que consumo,
Expresso em poesia o que se faz
Deixando para trás o medo e o tédio,
A vida noutro caos não tem remédio
Sequer o que pudesse mais audaz.

143


Planície da esperança tão extensa
Domina o que talvez; nada veria,
E o mundo se transforma em poesia
E nisto cada verso me convença,
Ainda que se mostre tanto intensa
A vida na verdade não teria
Sequer o que restasse em fantasia,
E assim regendo o passo em recompensa.
Insisto contra a fúria das marés
E sei do quanto fomos e quem és,
Vestindo a gloriosa sensação
De um tempo mais feliz e mais sincero
Destarte cultivando o quanto quero,
Meus dias novos sonhos se verão.

144


A vida nesta vã bibliografia
Gerando tais verdades discrepantes
E neste caminhar tu me garantes
O quanto mesmo em paz se buscaria,
Ousando noutro passo em sintonia
Vivendo dias claros, verdejantes
E bebo dos momentos flutuantes
Marcando com vigor a poesia,
Não tento outro caminho, mas procuro
Vencer o que soubera sempre escuro
Tentando a claridade da manhã,
Mas quando se aproxima esta alvorada,
Depois de tanto tempo resta o nada,
Cerzindo esta ternura hoje malsã.

145


A luta se desenha a cada tema
E mostra o que inda tenho do passado,
E bebo o quanto pude se me evado
E nada do que possa ainda algema,
Vacante coração procura a gema
E marca o que tentara lado a lado,
Depois do que sentira sem enfado,
A vida contra a fúria em piracema,
Arcando com meus dias mais sofridos,
Os danos entre pedras repartidos,
As sombras do que trago dentro da alma,
Negando qualquer tom onde eu pudesse
Cerzir esta emoção, diversa prece,
E nada do que possa em paz me acalma.

146


O quanto em alegria o tempo fala
E gesta o que talvez parisse em luz,
Assim ao quanto possa e me conduz
Uma alma sem saber o ser vassala,
Expressa a maravilha e não se cala,
Desenha o que pudera e onde me pus,
Vestindo a maravilha em contraluz
Beleza sem igual tomando a sala,
Abraços de um passado renitente,
E quando na verdade sempre tente
Vencer este ardoroso caminhar,
Nem mesmo que este caos agora inglório
Traduza no final ledo velório,
Permite o que pudesse desejar.

147


O quanto se anuncia e se é geral
O manto discrepante em tom diverso,
Ousando recobrir cada universo,
Tramando o que tentara em tom igual,
Estrela se desenha; sideral,
E sinto o quanto possa e sempre verso
Marcando com carinho o que disperso,
Vacante sensação irracional,
Apresentando um dia após o tanto
Aonde na verdade eu me garanto
Das frondes entre tantas, a mais forte,
O tempo se anuncia em novo rumo,
E bebo o que tentara e se me esfumo,
Apenas o vazio me comporte.

148

O quanto poderia hoje cobrir
Os sonhos com diversas telas; sigo
E bebo o que se molda num castigo
E sinto o quanto perco a resumir,
Vestígios do que houvera a presumir,
O mar onde em verdade eu desabrigo
No prazo quando muito além prossigo
Bebendo o quanto possa redimir,
Apresentando tão somente o fim,
O mundo trago expresso dentro em mim,
E vendo o quanto resta dentro da alma,
A luta se apresenta sempre igual,
E o sonho se moldando em virtual
Caminho traz o que puder e acalma.

149

Além do que se deu; variedade
Expressa o que talvez já não coubesse,
E bebo do meu mundo em rara messe,
Aonde este desejo em vão se brade,
Apenas desenhando a tempestade
Enquanto outro caminho não se esquece,
A luta se aproxima e já se apresse
Cobrindo o que pudera em liberdade,
Assumo os desenganos e permito,
Depois do quanto quis neste infinito
Momento sem sentido e sem razão
Os erros costumeiros do passado,
O tempo noutro tempo desenhado
E os dias entre infaustos que virão.

150

Imagens que pudesse em ósseos restos
Depois de tempestades mais venais,
Encontro os meus anseios que carnais
Agora se aproximam, são funestos,
E o medo desenhando desonestos
Caminhos entre tantos vendavais,
E o prazo se derrama e muito mais;
Aonde no passado, houvera incestos,
Assim ao se tentar renovação
A vida superar putrefação
E renovar o estoque de esperança,
Carnificina à vista, na tocaia,
A sorte mais maldita quando espraia
Ao nada num segundo enfim se lança.

151

A vida se desenha enquanto algumas
Vontades satisfazem outros ritos,
E quando os dias fossem infinitos
Além do que teimasse; tu te esfumas,
E quando na verdade além tu rumas
Vencendo os dias turvos e bonitos,
Ainda que tentasse velhos mitos
A sorte não vencesse tantas brumas,
As horas entre os erros mais comuns,
Os dias se aproximam quando alguns
Cenários se transformam em venais,
E bebo deste sonho onde enclausuro
O passo noutra trama e sei do escuro
Momento entre diversos rituais.


152

Enquanto para além tu me conduzes
Gestando esta esperança onde tentara
Vencer o que se visse na seara
E nela as mais diversas, fortes luzes.
Espalhas no caminho tantas cruzes
E vejo o quanto possa e se prepara
A luta sem sentido não separa
Os rumos que ao tocarem já seduzes.
O pranto sem sentido, a voz se cala,
E quando da esperança se é vassala
Esta alma não redime cada engano,
E vendo o que soubera ser diverso,
Ousando muito além do que disperso,
Ao fim de certo tempo em dor me dano.

153


O amor como se fosse neoplásico
Invade e dominando por inteiro,
Não deixa que se veja o verdadeiro
Sentido deste sonho, mesmo básico,
No cáustico momento onde me vira,
Apenas a verdade não traria
O quanto desejara em alegria
A fantasia aos poucos já se expira,
Necessitando apenas de outro passo
Invado a madrugada onde não pude
Depois deste cenário amargo e rude
Trazer o quanto quero e assim eu traço,
Marcando com ternura o quanto veio,
Deixando para trás qualquer receio.

154


O mundo se desenha num senão
E sei das dores fartas que eu carrego
Depois de penetrar, domar meu ego,
Os dias noutros erros moldarão,
O quanto se perdeu em direção
Diversa da que tento ou mais navego,
Assim a cada passo onde me entrego
Expressa dentro da alma a solidão,
Escassas luzes entre brumas fartas,
O jogo que afinal; tanto descartas
As cartas espalhadas sobre a mesa,
Vencido caminheiro do passado
O quanto deste sonho inútil brado
Lutando contra a fúria em Natureza.

155


O mundo se desenha desde a origem
Em atos repetindo os mesmos termos,
E quando na verdade o ser/não sermos
Causando a cada passo outra vertigem,
E os antros onde os sonhos vãos se erigem,
Marcando estes locais diversos e ermos,
Depois de tanto tempo e nada vermos
Apenas tons voláteis nos exigem,
Apenas o que resta de nós dois
Deixando cada passo pra depois
Matando esta emoção e nada veio,
Meu mundo se aproxima e deste nada,
A luta se mostrara encarniçada
E o vento se perdendo em devaneio.

156

O quanto se fez rude e tão traumático
Meu mundo após a queda sem destino
E quando noutro passo determino
O mar entre cenário vão, lunático,
O canto se pudera ser mais prático
Expressa o que pudera e me alucino,
E assim o que tentasse e sigo a pino
Deixando o caminhar agora estático.
Esplendorosamente eu vejo o sonho
E nele me entranhando quando ponho
Meu canto noutro tom, em torno à paz,
Numa expressão diversa e dolorida,
Marcando com ternura a leda vida
Enquanto a sensação suave traz.

157


Divido a vida em tais categorias
Diversas e dispersas do futuro
E quando na verdade eu me asseguro
Além do que eu pudesse ou mais querias,
As noites solitárias são sombrias,
O mundo se desenha sempre escuro,
E o prazo se mostrando este inseguro
Momento imerso em noites sempre frias,
Ainda que restasse alguma luz,
Ao todo quanto quero não conduz
E nada deste tempo ora condiz
Com toda a sensação que mais quisera
A luta tantas vezes bem mais fera
Progride até gerar a cicatriz.

158

Olhares onde os nadas se figuram,
Traduzem do vazio cada espaço,
E o tempo que teimara sendo escasso
As sortes noutros rumos não seguram,
Vestindo o quanto possam, configuram
E nisto se aproxima cada laço,
Meu mundo que pudera ser mais lasso,
Palavras sem sentido se murmuram,
Apenas resolutos passos, vejo
Depois do que tecera este desejo
Invisto cada frase neste sonho,
Semente que se fez em chão agreste
O quanto na verdade tu me deste
Traduz o quanto possa e decomponho.

159


Osteocondromas toma este cenário,
E o quanto pude além e não viria,
Sequer o quanto possa em harmonia,
O mundo se desenha temerário,
Cerzindo em todo espaço o temerário
Momento feito em luz e fantasia
Assim cada momento que me guia
Tramando na verdade novo horário,
Assim ao ver enfim protuberância
Aonde se moldara noutra instância
Tumores tão diversos; versos vãos,
E quando se anuncia o fim do encanto,
A cura em exerése hoje garanto
Secando desde origem estes grãos.

160


Os dias dos meus sonhos, ledos, velhos
Condenam ao que possa num jazigo
Ali terei decerto o quanto abrigo,
Por companhia tenho escaravelhos,
Seguindo o meu caminho, o meu destino,
Com toda paciência que pudera,
A luta se desenha e mesmo fera,
Transcende ao que se fez mais cristalino,
Cercando com seus passos, cada rumo
Por onde eu tento até novo momento,
E bebo do que possa e não lamento
Enquanto no vazio eu me resumo,
Exíguo espaço traço em noite vã
Sabendo já não ter novo amanhã.

161

Invés da fortaleza, a cartilagem
Maleabilidade dita o quanto
Em rumo tão diverso que garanto
Tramando muito além da vaga aragem,
Assim desta couraça esta visagem
Permite o que traduza noutro tanto,
Investe com firmeza e sem espanto,
Ousando em tal diversa, outra roupagem,
Assisto ao que se fez em armadura,
E bebo esta emoção que se afigura
Num ato mais diverso em claros tons,
Usando da couraça mais sutil,
O quanto deste encanto se previu,
Marcando em consonância tempos bons.

162

Ebúrneas formas; vejo em resistência
Cerzindo este cenário em raro alvor
E sei do quanto possa a se propor
Gerando muito além de uma excrescência
A vida se mostrando em tal ciência
E nisto se aproxima em redentor
Caminho o que produza raro amor,
E dele se retira a prepotência,
Vestindo esta verdade transparente
O quanto deste rumo se apresente
Marcando o que já visse em paz tão terna,
Assim o dia a dia se aproxima
Do quanto mais desejo neste clima
E a vida em tal caminho em luz se externa.

163

Protuberâncias várias, novos rumos
Montanhas, cordilheiras, luzes tantas,
E quando no final tu mais garantas
Vestindo o que pudera em supra-sumos,
O tempo se desenha e como os fumos
Evaporando enquanto além levantas
As sortes onde expressas e agigantas,
Dos ermos de minha alma são resumos,
Apresentando além o quanto é rude,
Caminho sem igual já desilude
Quem tenta subverter o que viria,
Desenho a cada passo o que inda trago,
E bebo deste encanto, mesmo vago
Vestindo a mais sublime poesia.


164

As sortes se deveras são traumáticas
E nisto nada trazem a quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta
E sabe das vinganças automáticas,
No fundo não seriam nem tão mágicas
Nem mesmo o que pudesse e sempre alenta
A luta se desenha mais sangrenta
E molda no final diversas práticas,
Assisto ao quanto trago em esperança
E vejo o que deveras não alcança
Sequer o quanto pude em tom disperso
Singrar este oceano imenso em paz,
E assim o quanto possa e já se faz,
Traduz este caminho aonde eu verso.


165

As dores quando são inflamatórias
São fáceis de tratar, mas em verdade
O quando se desenha atrocidade
Em noites solitárias, merencórias,
Mudando com certeza tais histórias
No prato se transforma a liberdade
Que a cada novo instante mais se evade
Deixando para trás diversas glórias,
E assim se percebendo o fim do sonho,
Apenas num momento decomponho
O todo que julgara ser mais firme,
Esta avalanche gera este tormento
E quando me livrar, decerto eu tento,
Somente o ledo luto se confirme.

166


A vida traz exemplos discordantes
E muda cada cena num só salto,
E quando no final cada ressalto
Expressa o que pudera ver bem antes,
E quantas vezes sei que não garantes
Sequer o que pudera em sobressalto,
E quando no final enfim me assalto
Tentando dias claros, por instantes,
Jogado sobre as rocas, nada resta
Somente a mesma face tão funesta
Da festa desejada nada veio,
Somente o quanto pude em raro ardor,
Vivendo o que me tentara recompor,
Aumenta a cada dia o meu receio.

167

Hiperostose? Nada além do vasto
Cenário; aonde vejo apenas caos,
E bebo dos destinos mesmo os maus,
Enquanto da esperança eu já me afasto,
Sentindo o alheamento quando gasto
O mundo procurando as minhas naus,
As noites em corujas, bacuraus
Morcegos têm no gado o seu repasto,
E vejo em excrescência o que inda segue
A luta quando muito além prossegue
Após cada fratura, um novo calo,
E o tempo se anuncia em tom diverso
E quando a cada instante desconverso
Aos poucos no vazio eu me avassalo.


168


Olhando de tal forma, assim, frontal
Já nada mais condiz com medo ou sonho,
Apenas o que resta decomponho
Procuro meu momento bem ou mal,
Assisto ao que pudera em desigual
Caminho sem saber quanto é medonho
E rústico o cenário onde me ponho
Proponho na verdade um ritual
Vencendo cada passo do passado,
O tempo noutro rumo desenhado
Desbota todo o encanto que tivesse
Quem tanto desejei e já não veio,
Apenas o que trago em devaneio
Negando ao sonhador sobeja messe.


169


O sonho cada vez mais quando interna
Nesta alma que arredia se fez vaga,
Adentro sem temor diversa plaga,
E a luta se desenha quase eterna,
Ainda sem saber sequer lanterna
A sorte sem caminho ora divaga
E bebo da emoção em leda chaga,
E nisto o que pensara a vida externa,
Mergulho no vazio e sei das rocas,
Enquanto sem sentido algum provocas
Os erros assumidos dia a dia,
Aumentam dissabores, vejo o fim,
E o todo se anuncia sempre assim,
Enquanto ser feliz? Sonho se adia...

170


A luta se transforma em displasia
E nada mais regendo em retidão,
Escassas noites sei que inda virão
Tornando mais difícil cada dia,
O quanto na verdade não se via,
O tempo sem saber seguindo em vão,
Aprendo a desenhar em dimensão
Diversa do que tanto ontem queria,
Espero noutro passo o que não vem,
Seguindo a minha vida sem ninguém
Nem mesmo quem console o sonhador,
Displásica ilusão tomando o senso,
O quanto poderia ser imenso
Agora só transporta medo e dor.

171

A cicatriz deveras mais fibrosa
Depois do velho corte tão profundo,
O coração transforma num segundo
O quanto sem sentido se antegoza,
Vestindo o quanto fora majestosa
E nisto se perdendo vagabundo
Matando o quanto quero e assim me inundo
Da luta tão cruel quão desairosa.
Expresso com palavras, sentimento
E quando no final ainda eu tento
Vencer os medos tantos que tivera,
A senda se anuncia mais complexa
A sorte desejada segue anexa
Ao quanto se fizesse imensa a fera.

172

O medo se aproxima e toma o crânio
Gerando o que pudesse ser diverso
E quando neste rumo também verso,
Uma explosão ditame deste urânio,
E o prazo se dilata e nada traça
Sequer o que inda vejo, impertinente
O tanto que viria e se apresente
Rondando cada cena qual fumaça
Apresentando o medo, ledo tédio,
Ascendo ao que pudera em tom venal,
A sorte mesmo sendo mais banal
Expressa o que se vira noutro assédio,
Remediar deveras não resolve,
A vida pouco a pouco se dissolve.

173


A vida se mostrara sempre assim,
Depois de cada engano renovado
O tempo noutro tempo desenhado
História se repete já sem fim,
E o quanto resta vivo dentro em mim,
Meu canto noutro encanto degradado,
O prazo sem saber do que foi dado,
Jogado pelas pedras, de onde eu vim.
Renasço a cada instante quando sorvo
A sorte muito além de algum estorvo
E bebo à saciar esta beleza,
A vida se prepara em tal surpresa
E mesmo quando vejo agouro em corvo,
Eu tenho desta paz, toda a certeza.



174


A vida não seria algum calvário,
Nem mesmo outro momento em desafeto,
E quando neste encanto eu me completo
Bebendo deste sonho imaginário,
O passo dita o mesmo itinerário
E neste caminhar o predileto
Cenário se transforma e me repleto
Do amor sem ter temor, mais solidário,
Esqueço os dissabores do passado
E quando muito além deveras brado
Expresso em redenção meu dia a dia,
E nada do que possa ser diverso
Cabendo na verdade no meu verso,
Gerando o quanto mais tanto eu queria.

175


Atravessando o tempo, antiguidade
Trazendo uma resposta bem diversa
E quando o próprio tempo desconversa
Ainda me restara esta saudade,
E sendo de tal forma o que degrade,
Vestindo a sorte vaga e mais perversa,
Ainda que; teimando, nada versa
Contida pela dura e tosca grade,
Numa expressão dorida e mais atroz
Ousando noutro instante em rara voz,
Bebendo cada gole da aguardente
Satânico caminho desenhado,
Marcando os erros tantos do passado,
E nada mais agora se apresente.

176


Os dias entre tantos se conhecem
Vestígios de outros tempos, velhas eras,
E quando se procuram primaveras
Apenas os invernos reconhecem,
Os cantos mais felizes enlouquecem
E nisto quando apenas tu esperas
A sorte; noutro impasse, destemperas
E mesmo novos cantos recomecem,
Apresentando a queda após o lodo,
A vida se anuncia a cada engodo
E o prazo terminando sem resposta
A luta se transborda em tom venal,
Aonde se quisera sensual
Mortalha em tom temido, decomposta.

177

Os dias se repetem nestes casos
E vejo a solução já mais distante
E quando na verdade o que garante
Traduz os mais diversos vãos ocasos,
E os sonhos entre tantos são descasos
E nada mais se vendo doravante
Sequer o que teimara e me agigante
Sangrias incontidas, vários vasos.
No barco sem sequer qualquer destino,
Timão se transformando onde termino
O leme se presume já perdido,
Apenas resta a luz onde se vira
Acesa da esperança a bela pira,
O tempo noutro tempo resumido.

178


Os dias entre enganos definidos,
Os prantos sobre os pratos já vazios
E sei dos dias tétricos, sombrios
E neles outros tantos resumidos,
Os versos já não fazem mais sentidos
E canto com certeza em desvarios
Os quantos olhos bebem desafios
Sombrios caminhares decididos,
O sol abrasador tomando tudo,
E quando no final me desiludo
Reparo cada estrela que não veio,
Ainda quando bebo esta ilusão
O céu se torna em plena escuridão
Gerando a cada instante este receio.

179

Um mundo poderia mais pacífico
E nisto outro momento tão suave,
Mas quando se percebo o que se agrave
Já não conheceria um bem magnífico,
O passo que se dera em específico
Caminho na verdade não me entrave,
Vagando como fosse a liberta ave,
Num mundo que se fez mais científico.
Acolho cada engano e sigo em paz,
Vestindo o que me resta sendo audaz,
Tenacidade dita o dia a dia,
E bebo o sortilégio onde tanto
Invisto noutro passo e deste encanto,
Apenas a verdade redimia.

180

Marfins entre alabastros; esculturas
Diversas em mais nobres elementos,
Meus olhos seguem sempre mais atentos
Enquanto novos rumos tu procuras
Vencendo o quanto sofro em raras curas,
Ousando para tal nos elementos,
Vestindo o quanto teimo em tais momentos
Deixando no passado as amarguras,
Expresso com carinho a dimensão
Diversa que se dá em direção
Ao mundo feito em paz, maravilhoso,
Tecendo com palavras mais sutis
O quanto deste tanto já me diz,
Um templo se dourando, majestoso.


181


O quanto poderia em solidez
Traçar outro cenário em nossa vida,
A sorte se desenha e prevenida
Apenas o caminho já desfez,
Roubando o que restara em lucidez
A luta noutra face já puída
E o tempo que decerto assim duvida
Marcando o quanto ausentas e não vês,
Ainda quando possa ser assim,
O tanto quanto resta dentro em mim,
Presume no final o tom voraz
Gerando do vazio outro cenário,
O verso muda sempre em temerário
Vagar entre o que pôde ou não em paz.


182


O mundo se perdendo sem destino
Jamais demonstraria qualquer luz
Borbulha cada verso que compus
Levando ao mais completo desatino,
E quando bebo o sonho, em vão, salino
A sorte noutro passo reproduz
O tanto quanto quis e sei não pus,
Ainda se anuncia e me fascino,
Apresentando apenas tal loucura
Enquanto este tormento se afigura
Restando do passado muito pouco,
O verso se completa no non-sense
E mesmo quando além deveras pense
Expresso a fantasia deste louco.

183


Porquanto a vida fosse tantas vezes
Diversa da que busco e não tivera,
A luta se desenha e esta quimera
Que tanto ora persigo, e assim há meses,
Os sonhos representam soltas reses
Morrendo no vigor da primavera,
O passo sem sentido destempera
Os mares já não são mais tanto ingleses,
E o rumo noutro fardo desenhado,
O tanto quanto possa vislumbrado
Brandura não traduz o que ora vejo,
E sei do meu momento bem mais rude,
Assim o quanto resta desilude,
Marcando com terror cada desejo.

184


Tentando noutro gole a paz beber
E sendo caminheiro do vazio,
Ainda que pudesse o desafio
Tomando já de assalto todo o ser,
A luta pelo cais, passando a ver,
Descendo sem descanso o imenso rio,
Sentido sem proveito, desvario,
E o marco nega um novo amanhecer,
Apraz-me perceber o quanto insólito
Caminho onde se visse algum monólito
Depois da tempestade em noite escusa,
O cerco temporão ao que se quis,
Deixando este vazio em cicatriz,
O quanto se desenha enfim abusa.

185


A vida noutro rumo sempre sai
E veste a mais diversa fantasia,
E quando alguma sorte se queria,
O tempo sem destino descontrai,
E o manto aonde o todo sempre trai,
Necessidade alguma se veria,
E o beijo desta sorte mais sombria
Negando o que pudesse ser do Pai,
Arcando com meus erros costumeiros
Tentando na aridez novos canteiros,
A sorte se decide e nada vem,
Somente o quanto ousasse e destempera
A luta sem sentido não alcança
O mundo se desvenda na lembrança
Deixada como fosse primavera.

186


Ao longe se imagina noutra mão
O barco que pudera me levar
Vencendo com firmeza o bravo mar,
Trazendo sempre a paz como timão,
Porém outro momento e o mesmo não,
A sorte não mudando a divagar,
Presumo o que pudesse adivinhar
E sei dos outros termos que virão
Acolho cada verso onde pudesse,
E sei da solidão, em leda messe,
Vestindo a minha ingrata noite vaga,
Apresentando o medo como enredo
O tanto quanto possa e já concedo
Apenas a verdade além, divaga.

187

O quanto se desenha em tanta bruma
Expressa nuvens tantas que ora vejo,
E quando outro caminho noutro ensejo
Apenas nova face ora se esfuma,
Bebendo do que tanto se acostuma,
E neste delirar inda dardejo
Ousando noutro infausto em medo e pejo,
A rota se anuncia e não se apruma,
Vestindo a fantasia mais sutil,
O quanto na verdade se previu
Ousara muito além de simples passo,
Depois do meu caminho em militância
A sorte procurando nova estância
Apenas o vazio agora eu traço.

188

O mundo quando muito me oferece
Alguma sorte e traz o desalento
E quando na verdade eu busco e tento
A luta não produz sequer benesse,
O risco a cada passo fortalece
E gera a tempestade neste vento,
Pudesse ser além de mais atento
O corte que deveras não se esquece,
A morte se aproxima e dita o quanto
Ainda sem sentido algum garanto
Marcando com vigor cada segundo,
E quando no não ser sigo sombrio,
O velho coração atroz, vadio,
Expressa o quanto possa e assim me inundo.

189


Ainda que tentasse bruscamente
Vencer os desacordos mais vulgares
E quando perceberes e notares
O todo noutra face se apresente,
O canto se mostrara impertinente
Vagando sem sentido pelos ares,
Cultivo esta esperança em meus pomares,
Rondando o que tivera claramente,
A morte num segundo se anuncia,
E o tempo noutro caos e em agonia
Apresentando apenas solidão,
Assim ao mergulhar sem ter sequer
O quanto na verdade a vida quer,
Explode noutra imensa dimensão.

190


A luta mais atroz e até sombria
Escandaliza quem se fez diverso
E bebo deste mundo quando imerso
Na dor onde deveras já jazia
Ainda que teimasse em poesia,
Bebendo com certeza sempre verso
Ousando noutro passo onde submerso
A sorte noutro tom nunca a veria,
Espero que se trame noutro canto,
Bebendo o que teimara e assim garanto
Vestindo este cenário mais audaz,
Invisto com ternura o que pudesse,
Tramando o quanto quero em tal benesse,
Marcando o que se quer e a vida traz.

191

A vida se brindando em bela taça
Trazendo em todo instante; nova rota
Espero outro momento onde se nota
O quanto na verdade a sorte traça,
Expresso esta emoção que trama a caça
E gera outro sinal onde denota
A marca mais audaz e desta cota
A bela maravilha invade a praça,
Esqueço dos meus erros, sigo em paz
E sei o quanto possa enquanto traz
A noite em tanta estrela desenhada,
A lua se anuncia em plenitude
Bem antes que o cenário se transmude
A sorte eu vejo além, já prateada.

192


A vida quando tenta ou mesmo está
Vencendo os mais diversos temporais
Bebendo com ternura o que jamais
Pudesse anunciar o que virá,
Singrando este oceano desde já
Expresso outro momento e quero mais,
Quarando uma esperança nos varais
Do sonho que aprendi aqui ou lá,
Escuto a voz do vento em verso e sei
Do quanto a cada encanto dita a lei,
Estranhas sanhas dizem do futuro
E bebo em claridade a lua mansa,
E quando esta certeza agora avança
Encontro o quanto quero e mais procuro.

193


Tocando com ternura o que pudesse
Vencer o que tentara noutro passo,
Ausento cada instante e quando traço
Meu mundo se anuncia em rara messe,
Ainda que se tente a vida tece
Ousando cada instante e marca escasso
Caminho sem saber o quanto faço
Gerando este cenário além da prece.
Bebendo a sorte enquanto pude além
O tanto que se vendo sempre vem
Marcando com ternura o dia a dia,
Depois de certo tempo o que viria,
Deixando no passado o quanto veio,
Esta alegria trama sem receio.

194


A cada instante vejo a embriaguez
De quem se desejara noutro instante,
Assim o que tentara se garante
E neste caminhar o sonho vês,
E bebo desta vaga insensatez
Depois de certo tempo doravante
Marcando o que tentara e me agigante
E nisto cada passo se desfez,
Matando em nascedouro esta esperança
E quando muito além o canto avança
Esqueço o que buscasse noutro rumo,
Assim ao mergulhar neste vazio
Encontro a cada engano o desafio
E o todo no não ser sempre resumo.

195

Acordo sem sentido e sem noção
Do quanto poderia e mesmo assim,
Vencendo o que pudera dentro em mim,
Ousando muito além desta razão,
O marco se desenha em dimensão
Diversa da que tanto trago e enfim,
O corte desenhando de onde eu vim,
Marcando os dias todos que virão,
Amanso os meus anseios mais tenazes
E sei que no final já nada trazes
Sequer o que seguira em cada rastro
Apresentando o passo quando é rude
O tanto quanto posso e nos ilude,
E neste desejar além me alastro.

196


O mundo procurando um justiceiro
E nisto se anuncia o mesmo enredo,
A vida se desenha em tal segredo
E bebo deste sonho em aguaceiro,
O canto se pudesse derradeiro,
O tanto quanto quero e assim procedo
Bebendo o que pudera e desde cedo,
Marcando outro caminho, o verdadeiro.
Não tive melhor sorte desde quando
O tempo noutro caos se desenhando
Apenas resta a dura solidão,
Esqueço cada passo aonde eu vejo
Somente o meu caminho em vão desejo
Marcando os dias tantos que virão.

197


A vida se desenha de tal sorte
Que nada mais pudesse ser assim,
Pousando com ternura no jardim,
A luta se anuncia e me conforte,
O passo noutro encanto me transporte
Gerando o quanto tenho vivo em mim,
Ainda que tentasse além do fim,
O mundo se anuncia neste norte,
Depois de cada passo nada trago,
E bebo da esperança sigo vago
Resplandecente luz traduz o fato,
Aonde no meu canto se anuncia,
Bebendo o que se faz em harmonia,
No amor quando se tenta e assim resgato.

198

Invade o coração em cada brado
E segue sem temor o quanto veio
Gerando noutro passo sem receio
Enquanto da verdade não me evado,
O mundo se anuncia e quando invado
Tramando o que tivera e não rodeio
Bebendo o que soubera em devaneio,
E assim seguir deveras cada fado
E nisto se soubesse muito além,
Tramando o que tentara e sei que vem
Restando dentro da alma esta emoção,
Restando o que se faça mais diverso,
E nisto o quanto quero além já verso
Marcando com ternura a decisão.

199

De uma época diversa em tons audazes
A luta se anuncia em mais clemência
E o passo se mostrara em tal ciência
Gerando com certeza novas fases
E assim quando tentassem mais falazes
Momentos entre tantos com cadência
O corte noutro passo em paciência
E nisto sonhos sejam mais audazes,
Esqueço o quanto trago e vivo enfim,
Marcando o que teimara dentro em mim,
Vagando sem temor o dia a dia,
A luta não se cansa e nem se expressa
No quanto poderia e já sem pressa
Viver o que talvez; não mais teria.

200


Ainda se encontraram tais vestígios
E bebo outro momento em plena paz,
E quando a sorte segue e sempre traz
Vencendo os mais diversos vãos litígios,
Flechando esta esperança onde não vejo
Sequer o que teimasse noutro rumo
Querendo o que se fez e me consumo,
Vencendo o quanto houvera em ledo pejo.
Meu mundo se transforma em heresia
E o canto na verdade não se trama
Ainda quando vejo a viva chama,
A luta noutro prazo se veria,
E bebo do caminho sem sentido,
O quanto se quisera, resumido.


201

O quanto desta sorte principia
Marcando esta jornada de tal forma
Que quanto mais o tempo já me informa
Maior o quanto resta em agonia
E bebo de tal sorte esta heresia
E nisto a vida dita a cada norma
O quanto se trouxera e já deforma,
Matando o quanto pude em sincronia,
Ascendo ao que vencesse em tom diverso
Gerando sem sentido cada verso
Bebendo o que sentira noutro prumo
E quando a cada instante me resumo
Toando desde sempre em leda voz,
Mergulho num ocaso em noite vaga,
E bebo do que possa e o tempo afaga
Trazendo o que se visse mais atroz.

202

Vivendo cada passo onde a primeira
Verdade se anuncia em tom diverso
Bebendo outro momento em rude verso
Gerando o que talvez inda não queira,
A luta se traduz e assim se esgueira,
O mundo se transcende e quando imerso
Tramando o que tentara e já disperso
Ousando acreditar nesta bandeira,
Ainda que se veja outro tormento,
Aos poucos noutro engodo me apascento
Cevando com ternura o que viria,
Encontro o meu caminho em concordância
E bebo do que eu possa em rara estância
Trazendo o que tramara em fantasia.


203


A cada novo instante uma jornada
Trazendo as mais diversas heresias
E quando novos dias fantasias
As sortes não dizendo quase nada,
A vida sem sentido ora se evada
E marca com temor as agonias
Decido pelos erros e terias
Sem mais sentido algum a leda estrada,
Desnudas faces dizem da verdade
E quanto mais além o sonho brade
Apenas o que rege dita o fim,
Herege caminhar em tom sombrio,
Depois do que pudesse inda procrio
O mundo sem sentido dentro em mim, vagando sem saber o que inda resta
Somente a mesma face que me empesta.

204

O mundo se atravessa e no primeiro
Momento se traduz em nova cena,
Ainda quando vejo e se serena
O tempo muitas vezes, mensageiro
Do quanto poderia por inteiro
Trazendo o quanto possa e me condena,
Vivendo o que teimara e se envenena,
Gerando outro caminho, em tal luzeiro,
Depois de certo tempo nada vejo
Somente se produz o rude pejo
E o vento em dissonância não veria,
Ainda que se veja noutro passo,
Tramando o que deveras tento e traço
Bebendo sem temor a ventania.

205


Aonde se pensara algum lugar
Em paz ou mesmo até bem mais tranqüilo,
Enquanto sem sentido ora desfilo
Vencendo o que pudera imaginar,
Ausenta dos meus olhos o luar
E bebo do que tanto inda perfilo
Singrando o que inda possa e num vacilo
A queda se anuncia a divagar,
Esqueço o que pudera ser diverso
E bebo da alegria quando verso
Entrando nos meus dias mais felizes,
Vagando sem saber de ancoradouro,
Ainda que pudesse duradouro
O mundo se apresenta em tais deslizes.

206

A vida na sutil demonstração
Do quanto poderia ser ao menos
Trazendo dias claros e serenos
Vencendo o que pudesse em união,
Depois de cada instante se verão
Somente os dias quando de somenos
Bebesse sem sentido os vãos venenos
E nisto se traduz a dimensão,
Encontro o que se visse depois disso
E quando novo tempo é movediço
Marcando com terror o que inda trago,
Apresentando o prazo que termina,
A vida se anuncia em rara mina,
E bebo da verdade em cada afago.

207

Do mundo feito em verso, algum autor
Tentasse traduzir felicidade,
E quando noutro passo se degrade,
Marcando com ternura o raro amor,
Vencendo o que pensara em tal ardor,
Assim seguindo sempre a realidade,
Ainda que transforme na verdade
O passo sem saber qualquer temor,
O pranto determina o fim de tudo
E quando sem certeza desiludo,
A luta se esvazia e nada dita,
A morte da esperança esta vendeta,
A sorte com firmeza me arremeta
Na senda que jamais fora bendita.

208


A sorte se traduz nesta razão
E molda cada cena aonde eu possa
Vencer esta ilusão deveras nossa,
E nisto se procura a dimensão,
E sei dos dias duros que virão
E quando da verdade não se endossa,
Meu canto noutro rumo agora apossa
Trazendo tão somente a negação,
Aprendo com enganos e persisto,
Sabendo o quanto possa e vou nisto
Tramando outro cenário sem proveito,
Jorrando dentro da alma esta esperança
Enquanto o meu caminho além avança
Meu mundo não se visse satisfeito.

209

Andando pelas ruas, as pessoas
Deixando para trás velhos sinais,
Os rastros entre tantos marginais
As horas não seriam sempre boas,
E quando na verdade além entoas
Nascendo do que possa e assim bem mais
Em ledos caminhares siderais,
E nisto se entoando antigas loas,
Esqueço o que inda trago e não pudera
Gerar além do quanto ainda espera
Depois de ter somente uma ilusão,
Espero qualquer passo e bebo a sorte,
Que tanto me comporte e me suporte,
Marcando a cada passo a dimensão.

210

As horas entre tantas, indicadas
Medonhamente em faces tão bisonhas,
E quando na verdade ainda sonhas
As horas entre tantas maltratadas,
Repare nos alvores sobre estradas
Tramando claras noites mais risonhas
E quantas vezes teimas e proponhas
A sorte noutras sendas demarcadas,
Assisto ao que bebera em tal fartura
E nisto cada passo se assegura
O vento sem sentido ou mesmo até
Vestindo o quanto tento sem sentido,
E nisto cada engodo agora olvido
E sigo o meu caminho imerso em fé.

211


Tendo; dos aflitos, piedade
Um sentimento nobre e natural,
O quanto se tentasse bem ou mal,
Sanar a dor que assola humanidade,
Ainda que talvez somente brade
Deixando ao fim de tudo, sempre igual
Negando o que talvez em triunfal
Momento superando alguma grade,
Mas quando se inexato o sentimento,
Por vezes traduzindo desalento
Ou mesmo outro vazio após o todo,
A vida se persiste de tal forma,
Que até o quanto quer já se transforma
E toma o ledo aspecto feito em lodo.


212

O que nos ficaria muito bem,
Usado como simples fantasia,
Deveras no final nada traria,
Assim como em vazio nada tem,
Ao procurar servir a alguém
Momento mais diverso se veria,
Invés do raro canto em alegria,
Somente se vislumbra este desdém,
E a vida que pudera ser diversa
Ao mesmo patamar temível versa
Depois de desenhada a amarga estrada,
As intenções deveras são divinas,
Mas quando mais de perto as examinas
Verás que se resumem neste nada.

213


Necessitar ou não de algum socorro,
Momentos tão diversos e fugazes
E quando em tuas mãos; um sonho trazes,
Desenhas muito além de um simples morro,
Mas quando se aproxima e logo corro
Temendo sensações duras, tenazes
A vida que se dera em ágeis fases,
Esconde outra verdade sobre o forro,
Destarte é necessário estar-se atento,
E ver o quanto possa num momento
A sorte em mais completa mutação,
Do quanto se veria tão submerso
Agora num instante mais diverso
Versando para além, para a amplidão.

214


O receber apoio necessário
Somente neste instante, ou mesmo além
Do quanto poderia e se já vem
Transforma todo o rumo, o itinerário,
Mas quando se perdendo noutro horário,
Apenas transbordando em falso bem,
Já não conceberia sem desdém
E nisto possa ser mais temerário,
As mãos quando se dão em tal justiça
Decerto algum momento em pranto viça,
Mas logo se esquecendo, a vida passa,
Assim mal percebendo o que fizeste,
O olhar persiste vago e mais agreste
O quanto representas? Vã fumaça...

215

Seguindo as criaturas vida afora,
Nos imprecisos passos vejo o rumo,
E quando neste todo não me aprumo,
Apenas morte e dor, o que me ancora,
Verdade com franqueza te apavora?
Não vês o quanto disto foste o sumo
E o prazo determina este resumo,
Que segue sem ter dia, mês ou hora,
Depois de certo tempo nada mais,
Perdido entre os silêncios tão normais
Nem sombra do que deste permanece,
E segue assim a dura humanidade,
Ingratidão? Apenas “liberdade”,
Somente enquanto traz inteira a messe.

216

Não tive e nem teria compaixão
E sei do quanto dói tanta mentira,
Aos poucos esperança se retira
Marcando com total ingratidão,
Os dias com certeza moldarão,
Apenas o que possa ou interfira,
E ouvindo a sem sentido e torpe lira
Tentando noutro passo outra canção,
Esqueço dos meus erros, sigo em frente
E o quanto se teimasse e mesmo tente
Impede qualquer luz que já não há,
Errar e prosseguir em dor e medo?
Se a vida na verdade é um arremedo,
O tempo tudo sempre apagará.

217

O ter prazer no ser mais solidário
E crer que talvez haja outra resposta,
É como acreditar que uma alma exposta
Produza algum momento imaginário,
Aos poucos me percebo solitário,
Imagem já desnuda e decomposta,
O tempo noutro passo sempre aposta
E molda seu caminho, é necessário.
Mas nada do que fosse continua,
Somente se repetem sol e lua,
A vida em avidez já nos devora,
E o barco que pensavas mais amigo,
Assim que se livrasse do perigo,
No mesmo instante segue e desancora.

218

A mocidade traz diverso sonho
E dele se aprofunda em ideais,
Depois os dias seguem tão iguais
Matando o que decerto inda proponho,
O quanto se tentasse ser risonho,
Em dias mais felizes ou banais,
As sortes invadindo outros astrais
No fim este cenário mais bisonho,
A crença de outro mundo sem cobiça
A luta por vencer uma injustiça
O crer ser mais possível novo dia,
Depois aos poucos segue este tropel,
E disto do que fosse o imenso céu,
Matando o que restara em utopia.

219


O amor que sendo nobre desfigura
E morre sem saber sequer apoio,
A seca dominando cada arroio,
Inviabilizando a criatura,
A sorte se permite em vã procura,
Esta colheita feita em tanto joio,
Do jovem que se vira num comboio
Agora o quanto vejo? Esta amargura,
A luta não cessara dentro em mim,
Mas sei que no final a morte enfim
Será nossa união, apenas isto,
E sonhador até que quixotesco,
Ao ver este cenário tão grotesco,
Sinceramente, agora eu já desisto.

220


O amor que se fizera mais ardente
Negando sua origem e seu caminho,
Deixando o caminhante mais sozinho,
Por ser, digo o que penso, impertinente,
E quando na esperança se desmente
O passo enquanto em vão teimo e aninho,
Sem ter sequer um canto, sonho ou ninho
Tecendo o ledo olhar de um penitente,
Apresentando apenas o vazio,
Sabendo do que possa e desafio
Ousando sem perguntas, sem temor,
E o vento me levando para além,
Já nada deste encanto me convém
Somente geraria imensa dor.

221


Sonhar além do quanto eu poderia,
Tentando acreditar em novos dias,
Mergulho nas insanas fantasias
E vejo tão somente esta sangria,
E nada que portasse uma alegria,
Senão as velhas rudes heresias
E tanto quanto além não mais verias
A vida em falso tom, não permitia.
Escuto o que se dera em negação
E bebo deste imenso e turvo não,
Resulto de algum passo dado em falso,
E quando me procuro sem proveito
No vago deste ocaso se me deito,
Encontro no final meu cadafalso.

222
A sociedade traz a face escusa
Da humanidade em vasta podridão,
Ao ver o quanto possa em turbilhão
A sorte que esperança já recusa,
Na face mais cruel, mesmo confusa,
O passo se perdendo em direção
Contrária ao que tentara, dita o não
Numa alma sem sentido e sempre obtusa.
A senda que penetras, do egoísmo
Prepara tão somente para abismo
E nele tu mergulhas sem pensar,
Sequer no que restara no caminho,
Um sentimento sórdido e mesquinho
É tudo o que restou neste lugar.

223



Um elogio tanto nos engana
E leva a acreditar em falso brilho
E quando no final nada palmilho
A sorte se desnuda mais profana,
Imagem que eu criara, soberana,
O tempo desfazendo e se me humilho
Percebo a inconsistência deste trilho
Futuro a cada instante mais se empana,
Jorrando sem sentido, chafariz
Aonde desejara ser feliz
Restando muito pouco, ou mesmo nada,
A senda imaginária não existe,
O passo se desdenha e sigo triste,
Buscando o que julguei ser alvorada.

224

O amor que sem medidas se entregara
Gestando num momento algum sorriso,
Ao fim de certo tempo, não matizo
Perdido sem sentido na seara,
E bebo a mansidão da lua clara,
Depois de certo tempo nada viso,
Somente o que restara em prejuízo
E o próprio caminhar me desampara,
Acordo e vejo o nada após o nada,
A face noutro rumo descorada,
E a luta insanamente sem sentido,
Aprendo quanto custa ao sonhador
Pensar ou mesmo agir em raro amor,
Sabendo que ao final me dilapido.

225


Sofrer por crer possível novo passo,
E perceber a mesma insensatez,
Aonde o mundo em pânico se fez
Agora outro momento mais devasso,
O tanto quanto eu quis e sei escasso,
A luta sem saber dos seus porquês
Deixando no passado a lucidez,
E assim a cada engodo, nada traço,
Somente o que inda tenho e mesmo pude,
Depois de um velho instante amargo e rude,
A juventude morta, o tempo findo,
O quanto que entranhara da esperança
Aos poucos no vazio ela me lança
Enquanto dos meus dias vai saindo...

226


Não creio neste amor que tu trouxeste,
No fundo também sei ser ilusão
Eu falo deste canto em profusão
Aonde se pensara ser celeste,
E quando no vazio ora se empreste
Tramando dias turvos que virão,
Tornando sem sentido uma emoção
Num solo tão terrível quão agreste.
O teu amor, bem sei, nunca existiu,
Apenas um momento mais gentil
Ou mesmo tão ingênuo ou de non-sense
Acordo e nada vendo, morto sigo,
E bebo em taça amarga o desabrigo,
E nada que inda sonhe me convence.

227


O quanto quis e nada mais tivera
Do amor que pelo amor nada pedira,
Apenas o caminho se retira,
Expondo a velha face desta fera,
Já não concebo mais a primavera,
Nem sei do quanto fosse; vã mentira,
A luta sem sentido se interfira
Deixando para trás qualquer espera,
A sorte desairosa ou mesmo engodo,
O passo se aprofunda em lama e lodo
Trazendo ao fim de tudo esta mortalha
A sede de sonhar e ser feliz,
O mundo que decerto um dia eu quis,
E agora a tez brumosa que se espalha.

228


Angústias coletadas pela vida,
Num átimo mergulho no passado
E bebo do meu sonho degradado
E vejo a sorte amarga e desprovida,
Do tempo que teimara e não duvida
A marca do meu mundo desejado
Meu prazo terminado e se me evado
Preparo sem enfado, esta partida,
Assisto ao que se fez em derrocada,
Sabendo que afinal não reste nada
Somente a face sórdida do sonho
Jogada pela casa nalgum canto,
E o tanto quanto pude é desencanto
Marcando um dia atroz, ledo e medonho.

229

Já não mais caberia em tais limites,
O mundo se apresenta muito além,
Mas sei do quanto possa e nada vem,
Ainda que deveras acredites,
O tempo noutro rumo delimites,
Marcando com terror o quanto tem
Desta alma sem saber se existe alguém
E mesmo que insensato sonho grites,
A luta não se deixa descansar,
Teimando contra a fúria deste mar,
Apenas desta areia mais distante,
E o canto noutro tom já se esvaindo,
O mundo que pensara claro e lindo,
Agora se desnuda degradante.

230

Desgostos que trouxera do meu sonho
Negado pela vida, simplesmente,
E quando a realidade sempre mente,
Apenas no vazio eu me componho,
E bebo o que tentara quando enfronho
Vencendo o mundo atroz e impertinente,
O tanto quanto possa num repente,
Vestindo o meu caminho mais bisonho,
Jangada em pleno mar, numa procela
O caos aos poucos toca e se revela
Grassando neste mar tão furioso,
E o preço a se pagar é muito caro,
O quanto poderia e sem amparo
Expressa um mundo atroz e pedregoso.

231


Algum amigo resta; mesmo ausente,
A vida se perdeu do seu caminho,
E quando noutro rumo me avizinho
Apenas mesmo olhar duro e descrente,
Ainda que outro passo ainda tente,
O mundo se anuncia mais mesquinho
E como já perdera qualquer ninho,
Assisto à derrocada, incontinente.
Vestígios de uma vida sem sentido,
O tempo noutro rumo presumido
E o vértice dos sonhos dita o nada,
No vórtice seguindo sem descanso,
Somente este naufrágio agora alcanço
Na vida sem proveito, amargurada.

232


O que me impediria sucumbir
Não mais seria o quanto se percebe
Do sonho mais audaz, na rude sebe
Nem mesmo uma ilusão de algum porvir,
A luta se define e quando a vir
Minha alma em fel e medo já se embebe
E o cântico deveras se recebe
Qual fora outro tormento a se emergir.
Ultrizes noites ditam outro engano,
E desta forma sempre me profano,
Bebendo desta amarga solidão,
Escassas luzes ditam o meu rumo,
E quando aos poucos vejo e já me esfumo,
Felicidade, os dias não verão.
233

O tempo aliviando qualquer carga,
Acorda e não me deixa em maus lençóis
E quando se percebem falsos sóis
A vida a cada passo enfim se embarga,
A luta que pudera ser amarga
Agora toma além destes faróis
E nisto com certeza tu destróis
E esta esperança tola hoje me larga,
Agruras e temores, dores, medos,
Os dias se perdendo sendo ledos,
Os olhos no vazio sem sentido,
Marcando a ferro e fogo o tanto quanto
Teimara em contra-senso e desencanto
Meu mundo se perdendo, desprovido...

234

Amor que imaginara ser eterno
No etéreo caminhar, indestrutível,
Imenso sonhador; quase invencível,
Ao mesmo tempo o Céu, temor e Inferno,
E quando a sensação atroz externo
Ousando acreditar e ver plausível
O mundo se aproxima noutro nível
E gera do verão amargo inverno,
Apresentando apenas o vazio,
A cada novo instante desafio
E bebo o que pudesse ser diverso,
Amortecido sonho se perdendo,
Do raro e bom tecido, este remendo,
Coeso caminhar, hora disperso.

235

Do quanto houvera em fúria, o que restara
Apenas o prazer de ter vivido,
E tendo cada passo resolvido
A luz embora frágil, inda é clara,
E nisto o que se quer já se separa
Do tanto que tentara resumido,
E quando no final de tudo olvido,
A vida noutro passo enfim se ampara,
E bebo desta luz mesmo que lábil
O tempo que permite ser mais hábil
Vagando pelo espaço sem temores,
Coleto a primavera nos meus sonhos,
E tento tais momentos mais risonhos
Sabendo no final, cevar as flores.

236

Também o sofrimento deixa marcas
E tantas cicatrizes tatuadas
Nas horas solitárias e caladas,
Aonde em ilusões tantas me abarcas,
As sortes se transformam e sei que parcas
Não deixam que se vejam tais estradas
E sendo tão comuns as escaladas
Carrego sobre as costas velhas arcas,
E tento prosseguir embora leve
O quanto do passado dito em neve
Explode no terror cruel e rude,
Assim o quanto tenho não me acalma,
Apenas revivendo cada trauma,
Matando o que inda houvera em juventude.


237

Quem dera ao menos grata ainda fosses,
Talvez o sofrimento amenizasse,
Mas quando se desenha a tosca face
Os dias se mostraram agridoces,
Apenas o que trago não redime
Enganos de quem tanto desenhara
A vida com ternura e mesmo amara,
Negando o quanto tente ser sublime,
Espero apenas isto e nada mais,
Vestindo o que me resta em dor e tédio,
Amor já não teria algum remédio,
Somente ao mergulhar em vendavais,
Mortalhas que inda trago e não liberto
Meu mundo segue além em rumo incerto.


238

Gerar outro caminho após a queda
Tentando partilhar o quanto possa,
A vida que deveras se fez fossa
Agora noutro rumo se envereda,
E quando mais a sorte sempre seda,
E veste o que pudera e assim se apossa
Da luta sem final que tanto endossa,
Ousando na esperança qual moeda,
A senda mais atroz e até distante
Ao fim de certo tempo não garante
Sequer o que pudesse imaginar,
E assim ao mergulhar neste vazio,
O quanto ainda vejo é desafio,
Deixando bem distante céu e mar.


239


O quanto piedosa poderia
Uma alma sem saber de novas tramas,
E quando no final tanto reclamas
Buscando o renascer de cada dia,
Espero muito além da fantasia
Mantendo dentro da alma as veras chamas,
Mas quando no final o nada clamas,
Exclamas o que nunca eu poderia,
Vestindo o sortilégio de quem tenta
E sabe no final ser mais sangrenta
A vida sem proveito em ledo açoite,
Apresentando o caos dentro de mim,
O quanto poderia ser jardim,
Não mais conhece o sol, na eterna noite.

240


Um mundo tão maçante sem amor,
Tristezas e vazios são constantes,
E quando no final nada garantes
O tanto se perdera já sem cor,
O prazo determina em tal horror
Os dias dolorosos, degradantes
E quantas vezes finges elegantes
Caminhos sem sequer real valor,
Espúria sensação de impertinência
E nada mais pudera em decadência
Senão a mesma face mais atroz,
E bebo a me fartar de tais mentiras
Enquanto cada instante tu retiras,
Negando ao que pudesse a mera foz.

241

Imensa mortandade a vida traz
Aos ermos de quem tenta novo passo
E feito este caminho em descompasso
Confunde suicida com audaz,
Tecendo o quanto possa ser mordaz,
O mundo que se visse mais escasso,
Traduz o que pudera e quando traço
Encontro o que deveras segue atrás,
Apenas se apresenta novo dia,
E nisto o meu caminho se ergueria
Qual muro em divisórias mais sutis,
E tendo mais atenta esta incerteza,
Do quanto a vida traça sem surpresa
O meu caminho rude se desdiz.

242

A vida tanto susta quanto assusta
E gera a cada instante nova peste
Ainda que o caminho se deteste
A luta não seria jamais justa,
O quanto na verdade tanto custa
E marca este cenário mais agreste,
E quando noutro rumo tu vieste
A sorte; não virias mais robusta,
Embustes entre farsa, falsas luzes
E quando no vazio me conduzes
Expressas o que possa acreditar,
Ainda que se tente novo rumo,
Aos poucos sem sentido algum resumo,
Meu mundo no que eu pude desejar.

243

O sacrifício dita a recompensa
E nisto esta certeza não se cala,
Ainda quando além o passo abala,
Beleza mesmo igual se faz imensa,
E sei do quanto tento e me convença
A luta que deveras me avassala,
Gerando o quanto pode ser em gala,
Ou mesmo sonegando que a alma pensa,
Escapo da planície e busco o monte
E quando o sol imenso ali desponte,
Diversa maravilha se anuncia,
Mas quantas vezes vejo em mesma face
O quanto noutro passo também grasse
Gestando o que parisse fantasia.

244

A dor que se afastando da alegria
Diverge e realçando este relevo,
Transcende ao que pudera num enlevo
E nisto presumir o que eu queria,
E quando noutro passo enfim me atrevo
E bebo do que possa em utopia,
Depois da noite escusa e mais sombria
O brilho se tornara mais longevo,
E sigo sem temer o que viera,
Sabendo que se acoita além a fera
E o salto se prepara sem remédio,
A marca desenhada sobre o chão,
O olhar procura além nesta amplidão
Vencendo com certeza o duro tédio.

245


Após algum desgosto posso ver
A bela imagem feita em raro sol,
Depois desta brumosa e sem farol
Verdade o que me resta? Amanhecer.
Bebendo com tal fúria este prazer,
Tomando como exemplo este arrebol,
O mundo se desenha em raro escol,
E o prazo noutro caso se quer crer.
A sorte tantas vezes traiçoeira,
A vida noutra face ora se esgueira
Marcando com ternura o privilégio
De quem ao mergulhar em leda lama
Ao mar inesperado adentra e clama,
Momento que se fez agora régio.

246


A foice derrubando em tal mortalha
Exércitos diversos entre tantos
Ao espalhar na vida os desencantos,
Apenas no vazio se batalha,
A fúria num instante além se espalha
E cessa o que pudessem ser os cantos,
Ceifando vidas tantas, vejo em prantos
O fogaréu tomando toda a palha,
Assim ao nada ver senão tal fim,
Encontro epidemias entre lutos,
Os dias sem sentido, sendo brutos
Alimentando os corvos e rapinas,
Ainda que se veja alguma luz,
A treva a cada instante reproduz
O quanto vejo então nestas campinas.

247


O quanto poderia em providência
Gerar uma esperança que não veio,
Ainda sem saber tanto eu receio
E nada se vencendo em consciência,
A luta não traria uma clemência
E neste caminhar o que rodeio,
Expressa o tom atroz e mesmo alheio
Deixando para trás qualquer decência,
As ondas deste mar são incansáveis
Os dias muito aquém dos desejáveis
Os solos entre valas vão se abrindo,
Velórios repetidos e sem nexo
Do quanto nada resta algum reflexo
Do mundo noutro enredo se abstraindo.

248


Iniqüidades tantas causam dores
E marcam com a fúria vingativa
A sorte que deveras já nos priva
Gerando tão somente tais horrores,
Pudesse contornar os dissabores,
E ter numa alma leve e não cativa
A luta que deveras sobreviva
Seguindo sem sequer além te opores.
Os dias não seriam de tal forma
E a vida em solidão traz e deforma
O quanto ainda reste dentro em mim,
Vasculho cada palmo e nada vejo,
Somente esse amargor e neste ensejo
Prenunciando em dor o torpe fim,


249


Mortífera loucura nos tocando
Já nada mais resiste ao quanto traz
Na face tantas vezes mais mordaz
De um tempo com certeza tão nefando,
Minha alma sem sentido sonegando
O quanto poderia ter em paz,
Deixando todo sonho para trás
Em turbulência agora enfim nevando,
Escuto a tempestade e seus sinais
Em raios e trovões fenomenais,
Desabamentos, quedas e avalanches
E quando noutro instante reconstróis,
Na ausência de luares e faróis
Sem perceber também tudo desmanches.

250


A cólera divina se traduz
No ocaso que se visse ao fim do dia,
E marca com temor em agonia
A ausência mais completa desta luz,
E o preço a se pagar já reproduz
E ao fim de todo ocaso não viria,
Bebendo o que restasse em tal sangria,
Minha alma sem destino ora faz jus.
Escória tão somente e nada mais
E sigo em meio aos tantos lamaçais
Jogado pela rua, escombro e medo,
Depois de certo tempo em rude fato,
Apenas a mortalha que constato
Condena-me deveras ao degredo.

251

Horripilantes cenas repetidas
Levando para sempre uma esperança
A sorte sem sentido ora se cansa
Ceifando o que pudera em sonhos, vidas,
As tantas e diversas repartidas
Mortalhas onde o nada segue e avança
Ainda que pudesse em temperança
Restando para mim vagas ermidas,
Na pestilência feita em cada esquina
O quanto se traduz carnificina
E bebe o sortilégio do não ser,
A cada novo instante vejo bem,
E sei deste vazio e o quanto vem
Expressa o que se fez apodrecer.

252


Mezinha não curasse o desalento
Nem mesmo o desafeto ora constante
Apenas mortandade se garante
Embora a solução, embalde eu tento,
O quanto se alimenta em sofrimento,
O passo sem sentido e torturante
Mudando cada aspecto doravante
Jogando a solidão em frente ao vento,
Apresentar o fim e não saber
Sequer o que virá e perceber
O sonho se esvaindo neste esgoto,
O amor sem ter retorno nem proveito
Tornando insuportável velho leito
Num laço; há tanto tempo exposto e roto.

253

Na lívida expressão de quem se fez
Ausente quanto mais eu precisava,
A sorte noutro passo vira lava
E rouba o que restara em lucidez,
Bebendo esta sangria se desfez
Esta ilusão audaz e mesmo brava,
Uma alma não pudera ser escrava
Restando para mim o que não vês,
Jogado sobre os ermos de um caminho
Há tanto desenhado mais mesquinho,
No eterno caminhar sem ter um porto,
Acolho cada resto do que eu tinha,
E sei quanto a verdade não foi minha,
Sou mero navegante, semimorto.

254

As manchas invadindo toda a pele,
Os arcos entre medos fúrias caos,
O tempo se desenha entre degraus
Enquanto a própria sorte nos repele,
Vestindo o que talvez não mais se sele
Nem mesmo se presume novas naus,
Os dias entre duros urutaus
Já nada mais pudera ou se revele,
Senão a velha sina de um poeta,
Que tanto se propõe, mas não completa
Sequer o que tentasse imaginar,
As sendas mais audazes, vozes vagas,
E quando noutro passo não afagas
O mundo se perdendo sem lugar.


255


A cada epidemia os curandeiros
Renascem ou se fazem mais presentes,
E quando no final tu já pressentes
Os dias serão mesmo os derradeiros,
Daninha dominando estes canteiros
Os sonhos entre tantos persistentes,
E os olhos envolvidos pelos dentes
A noite se promete em aguaceiro,
Diversidade dita o que temera,
E sei da frágil face de uma cera
Que aos poucos se destrói e enfim se apaga,
O mundo noutro aspecto mais disperso
No quanto e para o qual no fim eu verso,
Resulta no vazio desta plaga.

256

Contágios entre seres tão diversos
Gerando o desamor e o desafeto
E quando no vazio me completo
Inúteis serão sempre os tolos versos,
Ainda que entranhasse em universos
Distantes do que tanto me repleto,
O canto sem sentido e predileto
Expressa a realidade em tons dispersos,
Apresentando o caos e sei que a vida
Não deixa a quem sonhar outra saída,
Senão a velha face em tal desgraça,
E o quanto se imagina em perfeição,
Ensina a cada ser outra lição,
O revolucionário, sempre passa...

257


Terrores dominando o dia a dia,
Astuciosamente eu sigo atento
E bebo a fantasia feita em vento,
Mas logo se traduz em heresia,
E o passo na verdade comporia
O tanto quanto possa o pensamento,
Ainda que se visse algum ungüento
A sorte sempre fora mais sombria.
Na sóbria lucidez de quem espreita
E bebe o que pudesse em cada seita
E nisto se traduz em vaga senda,
Ao mesmo tempo vejo o que se faz
Mostrando o quanto possa ser capaz
E assim cada momento se desvenda.

258

Será que tão somente a vida mansa
Permite alguma cura ou mesmo a sorte?
No fim eu sei que vendo aqui a morte
Que ao passo rude ou calmo já se lança,
Ainda que trouxesse na lembrança
Alguma sensação que inda conforte,
O desviar profundo deste norte,
Não traz a quem se perde uma pujança.
Negar felicidade e crer no tempo
Como se fosse um raro passatempo,
Deixando para trás algum sorriso,
No fundo em sortilégios ou temores,
Preparam-se deveras tais horrores
Deixando sem sentido um Paraíso.

259


Moderação traduz o quanto quer
Quem tenta perceber outro luar,
Mas quem sonega o passo a se mostrar
Distante do que um dia inda vier,
Não tendo algum prazer; nada sequer,
Expressa este vazio a caminhar,
E o preço na verdade a se pagar,
Resulta neste infausto, atroz, qualquer,
O passo se permite e deve ser
Motivo para a glória de um prazer
Que possa redimir dos medos vãos,
Assim ao refazer cada momento,
O mundo se anuncia enquanto eu tento
Cevar com precisão diversos grãos.

260

Enquanto em parcimônia segues só,
Entranho nestes antros, perdição,
E bebo com ardor e com tesão
Não deixo no passado sequer pó,
Ausento do que fosse temperança,
Mergulho sem defesas neste mar,
E quanto mais me perco a me encontrar
A vida noutro caos sempre me lança,
Jogado sobre a areia, mar imenso,
O tanto da sereia que desejo,
O mundo noutro prazo e noutro ensejo
Trazendo o quanto vivo e me compenso,
Assumo os meus pecados, vícios, erros,
Mas deixo para trás velhos desterros.


261


Enquanto em egoísmo vejo a cena
E tento acreditar noutro momento
O quanto se expressando enquanto invento
O tempo em sorte branda e mais serena,
Mas quando o desvario no condena
E vejo tão somente o desalento
Regendo o que pudera em pensamento
Gerando o quanto toca e me envenena,
Apresentando o caos aonde um dia
Um mundo bem melhor se poderia
Ousando noutro insólito caminho,
Vagando sem sentido noite afora
Apenas o vazio que apavora
Traduz aonde em pânico ora me aninho.
262


Há tanto se desenha em tom sutil
A morte deste espúrio cidadão
Que envolto nesta tola extrema-unção
Deveras com firmeza, enfim mentiu,
Depois de desenhar um ser gentil,
Momentos mais sublimes se verão
E tendo já diversa dimensão
Embora se soubesse ser mais vil,
Em tantas heresias se vestindo,
Sacrificando assim qualquer verdade,
Eleito em mais completa divindade,
Um tempo noutro tempo imiscuindo,
Gerando do sacrílego outro cenário,
De um termo salutar; imaginário.


263

O quanto na verdade me convém
Já não traduz o fato mesmo em si,
E o todo quando em versos já perdi,
Retrata a despedida deste alguém,
A vida se anuncia em tal desdém
E aos poucos sem ter paz eu mereci
Somente o que pudera e sei que em ti
Outro momento em glória sempre vem,
Depois do desafeto costumeiro,
Ousando ser maior cada canteiro
Explode em primavera o sonho audaz,
Mas quando se apresenta a realidade
O passo sem sentido se degrade,
E apenas o vazio ora se faz.

264


As horas se pudessem sendo claras,
Tramando em caridade o que se quer,
No rústico sonhar um bem qualquer
Aonde sem certeza e em vão declaras,
As sortes entre tantas não preparas
E vendo o que resta e até puder,
O tempo noutro rumo sem sequer
Sentir as emoções diversas, raras.
Jogado pelas ruas, sigo alheio
Ao quanto poderia e nunca veio,
Somente esta semente agora morta,
A luta se desenha e nada trama
Sequer o que tivesse além do drama
E deixa sem resposta a fria porta.

265


As lutas entre tantas que quiseres
Talvez já não traduzam realmente
O quanto com certeza ora se sente
E bebo destes sonhos, em talheres,
Diversas magnitudes quando queres
Vencer o quanto rege plenamente,
Marcando o meu caminho mais descrente
Vagando sem sentido onde puderes,
Arcando com meus erros, sigo aquém
Do quanto na verdade não mais vem
E vicejando a dor dentro do peito,
O mundo se mostrara movediço
E quando com certeza o que cobiço
Transforma o que se quis e nada aceito.

266

O mundo se moldando ainda em tudo
Diverso do que tanto procurara
A luta se desenha e mais amara,
Aos poucos no final me desiludo,
E quando no final enfim transmudo
Bebendo o quanto possa e desampara
No tanto quanto a vida se escancara
Gerando o que tentara e além vou mudo,
Escassas noites traçam o futuro
E tento presumir e me asseguro
Apenas dos vazios que inda levo,
Arisco sonhador, sem mais valia
O quanto neste encanto eu poderia,
Somente vejo o caos, ledo e longevo.

267


O mundo se anuncia e traz o quanto
Gerado noutro passo, prazo e peso,
Ainda que pudesse estar ileso
Somente o fim de tudo ora garanto,
E bebo o que deveras desencanto
E marca o quanto espero e já surpreso
Vencendo o que pudera sigo preso
Ao mundo desdenhado em rude pranto,
Aceito o quanto venha redimir
Enganos tão diversos presumir
Depois do desafeto mais constante,
Apresentando apenas solidão,
Os dias noutros moldes se verão
E o canto se aproxima doravante.

268


Os olhos entre os nadas se consomem
E vejo o que inda tento desvendar
A luta sem saber onde encontrar
Enquanto os sonhos fogem, ledos somem,
E assim ao se notar o quanto um homem
Bebesse cada sorte em vão luar
Regendo o que teimara em procurar,
Sem nada que meus dias ora domem,
Aprendo com os erros, mas prossigo
Sentir o que seguisse em tal perigo,
Vagando sem sentido o que inda traz,
A morte a cada passo se veria
Pousando neste mar em agonia,
Levando para além o que foi paz.

269

O mundo na verdade realiza
O tanto quanto possa e mesmo assim,
Vivendo o que inda resta dentro em mim,
Viceja dentro da alma a rara brisa,
A vida não presume o que divisa
E bebe deste todo e traz o fim,
Matando em duro estio o meu jardim,
E nisto o que se espera não avisa,
Escondo os meus anseios e presumo
A luta sem saber sequer o rumo
Revestes com teu pânico o caminho,
E tramas o final do sonho intenso,
E quando na verdade em nada eu penso,
O mundo se traduz bem mais daninho.


270


A vida noutro passo principie
Marcantes emoções não mais traria,
A luta na verdade noutro dia,
Até que no final tanto vicie,
E beba do que possa ou propicie
Gerando a mais sutil mera utopia
Ainda que deveras me atraia
O quanto se deseja sempre crie,
Espero noutro rumo desenhar
O quanto pude ou tento relevar
Deixando para trás velhos sinais,
E assim ao me perder em rude espaço,
Apenas o vazio agora traço
E bebo deste ledos temporais.

271


O quanto deste mundo em admirável
Caminho se presume em clara luz,
Gerando o que tentasse e reproduz
Mudando o que se fosse mais provável,
Ainda que se visse o constatável
Cenário que deveras me seduz,
Vagando sem destino não me opus
Marcando o que tentara mais estável.
Encontro os dissabores e desenho
O mundo sem temor em ledo empenho,
Vestindo a hipocrisia sem sentido
E tudo que inda bebo não mais traz
Sequer o que teimara ser audaz,
E disto cada rota eu dilapido.

272


O mundo se desenha em cada canto,
E trama outro cenário sem igual,
O tempo se apresenta em ritual
Diversa do que possa e não garanto,
Vestindo o que inda trago em velho manto,
E bebo do caminho desigual
E o tanto quanto vejo em sol e sal
Trazendo o meu momento em raro espanto,
Ainda que se veja qualquer fato,
A luta se desenha e assim constato
Marcando o que inda trago sem proveito,
E quando no final a luta evade,
Deixando para trás a claridade
E assim o que tentasse não aceito.

273

Trazendo este momento que consome
Vagando sem destino noite afora,
Vestindo o que pudesse em devora
Apenas já não tendo sequer nome,
A vida sem saber o quanto dome,
A marca do que possa e não aflora
Vergando sobre as costas, já demora
E aos poucos noutro rumo sei que some,
E vejo o tanto quanto acreditara
Reinando sem proveito na seara
Agonizante sonho em destemor,
Presumo cada passo e nada vendo,
Somente o que me resta, este remendo,
Tramasse o quanto possa em desamor.

274

A cada novo engodo aquele sonho
Que tanto poderia ser além,
Marcando com temor o que não vem,
Gerando no final o que componho,
Expresso o que deveras decomponho
Vagando sem sentido num desdém,
Apresentando a queda sei tão bem
O quanto ainda resta; mais medonho.
Presume-se em verdade o que não tenho,
E deixo para trás o tosco empenho
Vestindo hipocrisia e nada mais,
Os olhos se perdendo sem sentido,
Neste horizonte vejo o repartido
Momento entre brumosos vendavais.

275


Dos sonhos e dos passos criador
O manto mais sublime se faria,
E o tempo noutro tanto em alegria
Gerasse o que pudera ser amor,
A vida se apresenta multicor,
E nisto nada trago em sincronia,
Vagando sem sentir a noite fria,
Bebendo da esperança o seu calor.
Revendo cada instante em vida atroz,
O quanto inda teria enfim de nós
Apresentando ao fim a redenção,
Ocasionando a queda sem proveito,
O tanto que inda tento não aceito
E disto novos tempos não virão.

276

O tanto que tentara além do tudo,
Marcantes emoções ditando o resto,
O prazo se deixando onde me presto,
E nisto com certeza ora me iludo,
Vencendo o quanto tento e quando mudo
Apenas da ilusão somente um gesto
Diverso do que teimo e se funesto
O corte se aproxima e sigo mudo,
Ainda que se veja um horizonte
Marcando com ternura o quanto aponte
Vestindo esta heresia em tom diverso,
E quando no final já nada vejo,
Somente o que se visse noutro ensejo
Gerando em emoção superno verso.

277


Devo principiar o meu caminho
Num passo mais afoito ou mais suave?
Aonde o que se vendo ora se agrave
Permite o quanto vejo em ar daninho,
Resumo o dia a dia onde mesquinho
O coração bebendo o que se entrave
Ainda que esperança além se cave
Transcende ao que tentara ser um ninho,
Esqueço dos meus olhos noutra senda
E nada do que possa inda desvenda
A marca da pantera em presas, unhas
Enquanto procurasse uma harmonia,
O todo noutra face se veria
E assim entre temores decompunhas.


278


A vida se permite em narrativas
Diversas das que tanto imaginara
E sei da sordidez desta seara
Enquanto da emoção deveras privas,
As horas mais atrozes, ou cativas,
Resultam do que possa e se escancara,
A luta se apresenta sempre clara
E vejo muito além alternativas.
Espero alguma sorte que não veio,
E tento muito embora em devaneio
Adivinhar um dia mais suave,
Já não mais caberia melhor sorte,
E tendo o quanto possa e me conforte
O velho coração já nada entrave.

279


O mundo que em verdade sempre espero
Depois da tempestade em calmaria,
Gerando o quanto invade em fantasia
Trazendo em liberdade o ser sincero,
Viver felicidade, o que mais quero
E toda a claridade quando guia
Adentra esta cidade, em poesia
E bebe a realidade onde fui fero.
Não vejo outro cenário e tento a paz
Que se desenha além e satisfaz
Quem mais soubera a luz que inda virá,
Expresso com meu verso o que inda sinto
E bebo este prazer em farto instinto
Sabendo merecer raro maná.

280


O mundo se imergindo na revolta
Que possa nos trazer veneno e medo
E quando no final assim procedo
Minha alma se traduz e sem escolta,
Apenas do que fora já se solta
E bebe outro caminho sem degredo
Perfaz este momento em tal segredo
E a sorte noutro instante sempre volta,
Agruras contumazes do passado
Agora noutro ponto se me evado
Expresso o que virá em liberdade,
Do quanto fui além e não sabia
Bebendo a noite imensa e até sombria,
A clara sensação do amor me invade.

281


Os olhos mais sutis dos estudantes
Apresentando além qualquer futuro
E nisto o quanto possa ou asseguro
Transforma o que tanto ora garantes,
E vejo dentre tantos navegantes
O mundo sendo claro ou mesmo escuro
Ultrapassando assim mais alto muro,
E deste caminhar novos instantes
Instando noutro passo o que veria
E tanto quanto possa caminhar
Vencendo a sensação mesmo sombria
Trazendo algum alento a quem se fez
E nisto se presume outro lugar
Tomando pela doce insensatez.

282

A sorte noutro ponto iniciada,
Gerando em tons diversos passos quando
O mundo noutro rumo se tramando
Deixando para trás a velha estrada,
E quando a noite; eu vejo anunciada
Num tempo tanto rude quanto infando,
O marco se desenha e assim moldando
Expressa no final o mesmo nada,
Açoda-me a vontade que teimara
Ousando noutro campo, outra seara
Vestígios do que fomos, não mais vejo,
E bebo sem sentir qualquer receio,
E o tanto quanto quero agora veio
Satisfazendo sempre o meu desejo.

283

A vida noutra face se espraiada
Derrama com ternura ou mais horror
O quanto poderia em desamor,
Ou mesmo noutro passo, iluminada,
A sorte que se fez tão ansiada,
A morte num momento a recompor
No porto ou mesmo quando em vão rancor
Expressa esta razão desavisada,
Esqueço dos meus dias e profano
O quanto se anuncia em desengano
E bebo este satânico elixir,
Restando muito pouco do que tento
Apenas vou rondando o desalento
Sabendo que ao final nada há de vir.

284

As horas entre tantas, principais
Os olhos se perdendo no horizonte
Ainda quando além reine e desponte
Momento que pudera muito mais,
Não tendo nem as taças nem cristais,
O mundo sonegando qualquer fonte,
Enquanto cada engano desaponte,
Os olhos se perdendo no jamais,
E assim quando decerto tu dominas
Os brilhos invadissem tais retinas
Reparo cada engano e sei do quanto,
Meu canto sem proveito e sem sentido,
A cada amanhecer não mais duvido
Gerasse tão somente o desencanto.

285

Quantas vezes; eu pude acreditar
Nos termos mais audazes e infelizes
E quando noutro rumo contradizes
A sorte não pudera adivinhar,
Resumo o que tentasse navegar
E sendo tão comuns tantos deslizes
Os sonhos de outros sonhos, aprendizes
Distando deste imenso e intenso mar,
Ascendo ao mais estranho e não tendo
Sequer o que pudera em tom horrendo
Arcando com meus erros, desenganos,
Ainda se cerzindo rudes planos,
O corte se aprofunda e nada vendo,
Somando os meus caminhos, vejo os danos.


286

Tendendo ao que tentasse em tom diverso
Arcando com medonhas falsidades,
Ainda quando tentas e degrades,
Não resta mais no olhar este universo,
Vagando sobre o quanto sigo imerso
Alçando noutros tons realidades
Diversas das que trazes, desagrades,
O quanto pude em frente vou reverso,
Lacônica expressão já não comporta
A luta se travando rompe a porta
E deixa para trás o quanto eu quis,
E resolutamente nada leve
Quem sabe esta alegria ser tão breve
E sorve sem limites, cicatriz.

287


O tempo noutro canto auxiliado
Gerando o desespero ou mesmo a sorte,
Ainda que teimasse não comporte
O quanto se restara em ledo enfado,
E quando sem sentido algum me evado
E espreito no final a minha morte,
Já nada mais deveras me suporte
E o corte se mostrando; anunciado.
Esqueço os rudimentos da emoção
E bebo esta aguardente, indecisão,
Vacante coração não mais se expressa
No tanto quanto pude e não viria,
Apenas o terror em agonia,
A vida se anuncia e a dor tem pressa.

288


A sorte desafia em tais momentos
Os dias que pudesse imaginar
Um rumo mais diverso a se mostrar
E nele outros cenários, desalentos,
Ainda que pudesse em vários ventos
Seguir o quanto resta a nos tocar,
Vestindo cada raio do luar,
Necessitando em fim dos sentimentos,
Vestígios do passado? Nem sinal,
O tempo noutro tempo em vendaval,
O cântico se faz medonho e rude,
Depois do que pudera ser além,
Apenas o que tento não convém
E marca o quanto aquém me desilude.


289

Angústia dominando o dia a dia,
E nada se pudera imaginar,
Apenas o vazio a se enfronhar
Aonde quis a sorte em alegria,
O pouco que restara não seria
O tanto quanto quis e em seu lugar,
Somente o que restara a se moldar,
Num ato de terror dor e heresia.
Seguindo inebriado sem destino,
O quanto possa crer e me alucino
Vestígios de uma vida sem proveito,
E nisto esta sangria se apresenta
E bebo desta sorte virulenta
Enquanto sem sentido algum me deito.


290

A vida se explodindo em aflição
O caos generaliza o medo e a dor,
Não tendo senão isto, o meu rancor
Expressa a mais dorida negação,
Os dias que talvez inda verão
O marco deste raro dissabor
Deixando para traz algum louvor,
Medonha face expõe contradição,
Apresentando o rumo em desvario,
Aos poucos cada passo eu desafio,
E vivo sem saber de qualquer luz,
Ao nada me entregara desde quando
O tempo noutro rumo desabando,
Apenas o jamais ora conduz.

291


Na dor que se desenha assim, tamanha
A luta não traduz algum alento,
E quando mais além o sonho eu tento
Percebo a gigantesca e vã montanha,
A marca do que possa e já me entranha
Expondo o coração ao ledo vento
Marcando o que restara em sofrimento,
Partida que pensara outrora ganha,
A sanha se repete e nada trama
Somente o mesmo medo em rara chama,
Ascendo ao que talvez inda me reste,
Sem nada a se sentir, um mero teste
O quanto possa vir não mais trará
O todo que se fez em ilusão,
Matando sem proveito em dimensão
Diversa do que espero aqui ou lá.

292

O quanto vós quereis e não terias
Expresso em vossos passos desafetos
E os dias entre tantos mais discretos
As horas são decerto mais sombrias,
Seguir-vos e talvez sem alegrias,
Os dias não seriam mais concretos,
Servindo-vos em rumos prediletos
As emoções são frágeis fantasias,
Vós esperais apenas um momento
E quando no final também eu tento
Vencer o que se fez em tom voraz,
Ser-vos-ei enfim fiel em tudo
E quando a cada passo assim me iludo,
Saudade noutro tom, a vida traz.

293


Dizei-me do que possa em vossas luzes
Gerar o quanto quero e não veria,
A luta se transcorre em heresia
E ao nada que inda possa levo as urzes,
Cercando-vos de todos os carinhos
Escalo os meus anseios e procuro,
Vencer o turbilhão mesmo que escuro
Encontre estes temores mais daninhos,
E sendo-vos fiel já não pudera
No engodo em que se fez cada momento,
Ainda quando muito eu tento e invento
Em pleno inverno da alma, a primavera,
E vós em voz altiva e mais profunda
Dizei-me deste mar que nos inunda.

294

Esperais com certeza um novo sol,
E nada vos seria mais disperso
Que o tanto quanto possa e também verso
Ousando muito além deste arrebol,
Em vosso olhar encontro este farol,
E nele sigo sempre estando imerso,
Vierdes num anseio onde disperso
O tanto que inda tenho e sigo em prol,

Servindo-vos quem sabe eu poderia,
Ousar noutro momento. Uma utopia?
Só sei que na verdade sou tão vosso,
E o passo que tentara noutro rumo,
Apenas neste encanto ora resumo
E deste delirar hoje me aposso.

295


A vida se transforma em árduas ânsias
E gera o que pudesse noutro passo,
E quando o quanto eu quis logo desfaço
Não restam nem sequer ledas fragrâncias
As horas entre tantas discrepâncias
As plagas mais distantes quando traço
Fulgindo em meu olhar aonde escasso
Brilhar trouxera antigas; vis estâncias.
E bebo com vigor esta aguardente
E tendo o que teimara e mesmo tente
No quanto sou mutante e nada levo,
Senão este vazio que em delírio
Transcende ao que pudesse e num martírio
Impede o renascer do quanto eu cevo.

296

Presumo nas sutis transformações
Momentos desairosos em rompantes
E sei de tais imagens degradantes
Aonde o que restasse decompões,
E vejo em mais diversas dimensões
O quanto na verdade não garantes
E bebo os mais sofríveis, delirantes
Tormentos entre as vãs ebulições
Dos gêiseres que trago dentro da alma,
A sorte se emergindo não acalma
E traz a furiosa efervescência,
Pudesse ter ao menos um alento,
E sei do quanto possa o sofrimento
Da vida em mais completa decadência.

297


As horas entre tantas exigidas
Os ermos de quem segue sem destino,
O quanto poderia e me alucino
Nas pedras entre perdas erigidas,
Assim talvez no quanto; ora duvidas
As tramas em completo desatino,
O sonho apodrecido do menino
Marcando com terror nefastas vidas,
Percebo ao fim de tudo o que inda resta
A luta se moldando em mera fresta
Apenas a mortalha é companheira
De quem se fez além de mero ocaso,
E quando no final, vagando atraso,
Palavra se mostrando derradeira.

298


O tanto quanto possa e não atesto
Expresso com palavras meu horror
E sei do que inda tente recompor,
Ousando muito além de algum protesto,
Assim o que talvez; sinto e detesto
Expressa esta faceta em dissabor,
Mergulho neste abismo e já sem cor,
O passo se fizera desonesto,
Arcando com meu canto e nada mais,
Encontro em meus caminhos, vendavais
E bebo o sortilégio de sonhar,
Vestindo esta heresia nada resta
Somente o quanto vejo e tanto infesta
Negando o que talvez soubesse amar.

299

Os dias entre tantos lodos, lamas
As vestes já puídas da saudade
E o quanto a cada palmo se degrade
E nisto outros vazios tu derramas,
Assim pudessem ver vivas as chamas,
E nelas o que tento em claridade,
A luta sem sentido quando invade,
Expressa a solidão em ermas tramas,
Jazendo nalgum canto desta sala,
A voz em tal silêncio ora se cala,
E abala o sentimento em tom venal,
Vacante sensação de amor imenso,
No fundo o que restara nem mais penso,
Expressa o mais audaz, vão ritual.


300

Ainda que moldasse noutro fato
Aspecto mais feliz ou mesmo rude,
A sorte com certeza desilude
E nisto cada engodo em vão retrato,
Somente o que em verdade enfim resgato
Matando em nascedouro a juventude
Anárquica paisagem tudo mude
O mundo não se fez deveras grato,
E sei do quanto resta ou mesmo tento,
Vencer o meu amargo sentimento
No vago caminhar em noite escura,
Assim o que inda tenho dentro da alma,
Nem mesmo a fantasia ainda acalma,
Enquanto esta mortalha se afigura.

301


O tempo se anuncia em voz diversa
E bebo deste sonho imaginário
E tento outro caminho sendo vário
O mundo que deveras se dispersa,
Dos tantos desafetos, secretário
Enquanto para o nada desconversas,
E bebo o que tentara e sei perversas
As noites neste rito solitário,
Vinganças em bruxedos, dores tantas
E nestes vis penedos desencantas
Marcando com terror o quanto pude,
Vestindo esta quimera mais atroz
Já nada mais comporta dentro em nós
O quanto o dia a dia desilude.


302

Pensara te encontrar já noutro estado
E sei do meu passado sem proveito,
E quando na verdade eu mal aceito
O risco se mostrara em torpe fado,
E quando no final em paz me evado,
E bebo o que inda resta, satisfeito,
Vagando sem saber o que é direito,
O mundo sem sentido desenhado,
Nas tumbas da esperança nada mais
Viera ao enfrentar os vendavais
Noctívago fantoche se perdendo,
Um rústico momento em tom sombrio,
O quanto mesmo em vão eu desafio,
Não passa e disso eu sei, de algum remendo.

303


A vida se permite e busca um norte
Diverso do que tanto se mostrara
A sorte muitas vezes mais amara
Não tendo qualquer luz que me conforte,
Ainda que tampouco já suporte
A sensação que aos poucos desampara
Da vida sem sentido em leda escara
E nisto se apresenta, ataca e corte,
Martirizando sempre quem se dera
Ousando noutro caos em senda fera
Cenários mais atrozes vozes turvas
E quando se aproxima o fim do jogo,
Não mais necessitando de algum rogo,
Aquém da solução teimas e curvas.

304

O coração latino americano
O risco de sonhar e nada ter,
Somente o quanto pude amanhecer
Gestando este caminho onde me engano,
O prazo na verdade dita o dano
E bebo o que pudera perceber
Sem nada mais no fundo a se dizer
Somente o que se quis em ar insano,
Aprendo a caminhar entre tempestas
E os sonhos adentrando enquanto empestas
E bebes cada gota de meu sangue,
No caos que provocaste; o nada tendo,
Serpente se apresenta num adendo
E o canto penetrando charco e mangue.

305


O canto sem sentido declarou
Apenas o vazio que inda vejo
E quando no final sigo sobejo
O tanto noutro passo se entregou,
Resumos do que tanto sei que sou
E nisto outro momento em vão prevejo,
Ainda que tentasse sem ter pejo,
O mar em cruz e medo me entranhou,
Esqueço cada risco e tento além
Sabendo o que em verdade me convém
Vestindo esta ilusão mais costumeira,
A senda se anuncia em tom temível,
O canto se mostrara e de inaudível
Palavra o nada eu queira.

306


Apenas o que possa num país
Vestir hipocrisia e nada mais,
Ainda quando sorvo os temporais
Trazendo muito além do que já quis,
O prazo determina e por um triz
Eu sei que tu deveras sempre trais
E bebes entre insânias outras tais,
Deixando tatuada a cicatriz,
Negar o que inda resta e mesmo assim,
Seguindo o quanto pude e sei que enfim,
O nada se resulta de costume,
E quando se desenha novo encanto,
Somente este vazio; hoje eu garanto
Enquanto uma emoção além se esfume.
307

A cada instante vejo a leda empresa
Na qual se imaginara a solução
Dos dias que deveras não virão
E nisto se transforma esta represa,
Vagando sem sentido onde foi presa
A luta sem sentido ou dimensão,
Meu mar se transbordando, o furacão
Não deixa seguir mansa a correnteza,
Espero após a queda o medo e a ronda,
Mas nada do que eu possa corresponda
Ao quanto mais anseio e nada tenho,
Vestindo a hipocrisia de um poeta,
A vida no vazio se completa
E o quanto inda percebo ora desdenho.


308

Ainda que vagasse nestas terras
Tentando pelo menos estadia
A vaga sensação já não traria
Senão as mais antigas, tolas guerras
E quando se imaginam tantas serras
A sorte desfraldando em poesia,
Mortalha que sem nexo se anuncia
E nisto para além tu me desterras,
Vivendo do que possa acreditar,
Ainda que tivesse algum lugar,
Já nada caberia em minhas mãos,
Assim ao me entranhar sem mais remédio,
O tanto que se traça em ermo tédio
Vagando sobre os tantos fartos, chãos.


309


O quanto se desenha dentro em mim
Num ato que pudera consagrar
Vencendo cada passo a se tocar
Redimo o quanto resta do jardim,
E vejo este cenário e sei que enfim,
A luta se tentasse conjugar
Num mundo tão distante do luar
Beleza feita em prata, em bom marfim.
E o tempo noutro tanto se perdendo,
Apenas o que resta em dividendo
São dívidas profanas, nada além,
E quando imaginara melhor sorte
Sem nada que deveras me suporte
Somente esta avalanche inda o que vem.

310


Ainda sem saber divertiria
Meu mundo na ilusão de ser feliz,
E o tempo se moldando este aprendiz
Jamais outro caminho noutro dia,
A luta se transforma em agonia
E vendo o que pensara e não mais quis,
Seguindo simplesmente por um triz
Meu rumo num instante perderia,
Abalos entre quedas e terrores
Seguindo sem saber onde tu fores,
Mortalhas são presentes, luto e medo,
Ainda quando vejo alguma luz
O tempo noutro passo reproduz
E apenas emoção vaga concedo.

311


Ao longe se imagina a multidão
Seguindo em procissão, tentando a sorte,
No fundo este caminho que conforte
Não traz e nem trará satisfação,
A luta se desenha em árduo não
E o braço que pudera ser mais forte,
Deveras na verdade não suporte
E marca com seu aço em negação.
Escuto a ventania e me aproximo,
A cada passo sinto o mesmo limo
E a queda se anuncia num instante,
Depositando em sonhos o arvoredo
Ainda que decerto; assim procedo
Nem mesmo a fantasia se garante.

312


A luta se mostrara desejosa
E o tempo noutra face se anuncia,
A sorte que pudera em alegria
Agora se apresenta e se antegoza
No corte desta senda majestosa
Uma ansiosa noite se esvazia
E bebo desta espúria fantasia
Seara se desenha pedregosa,
Ascendo ao que tentara em sonho vão,
A queda prenuncia inteiro o chão
Num turbilhão de luzes multicores,
Mas quando em tons grisalhos vejo a tarda
Mais nada no final tanto se aguarde
Senão esta faceta em tais horrores.

313


O quanto ainda resta por viver
E o marco mais fecundo em dor e medo,
E quando na verdade algum segredo
O mundo não permite mais se ver,
Ainda que pudesse amanhecer
E neste desenhar eu mal procedo,
Vibrando o quanto tenho em tal degredo
Morrendo sem sequer já perceber,
Augúrios tão diversos, prazo findo,
O corte noutro espaço vem luzindo
Raiando como fosse esta alvorada,
Negar o quanto tenho ou mesmo tive,
Vencido coração só sobrevive
E traz ao fim do passo quase nada.


314


O que talvez deveras se permita
Não possa mais trazer outra verdade
Senão a que de fato me degrade
E trame a cada engodo outra desdita,
Dos sonhos não restara esta pepita
E nem o que buscara em claridade,
Apenas o vazio da cidade,
E a voz sem ter certeza e em vão repita,
Reflete-se no mar o sol imenso
E quando nos teus olhos quero e penso
Vencendo o que tentara mais diverso,
Ainda que se sinta ou mesmo toque
O pranto não pudera e sem estoque
Meu mundo se anuncia sempre inverso.

315


O tempo que em verdade não avista
Sequer uma pousada ou estalagem
A vida se mostrara tal miragem
E nisto noutro engodo se é benquista,
Apresentando além do que conquista
A sorte turbulenta, uma ancoragem
Tentando maravilhas noutra aragem,
Vagando sem saber seque se há pista,
O mundo noutro caos não mais redime
O quanto poderia e quis sublime
E o pesadelo trouxe em derrocada,
A luta se anuncia e sei que o prazo
Delimitando sempre e quando atraso
Não vejo nem sinal da velha estrada.

316

O quanto poderia ser mortal
O sonho sem sentido e sem caminho,
Deixando para trás o que foi ninho
Agora noutro rumo, trama o mal,
Ainda que pudesse sideral
Esqueço o quanto fora mais mesquinho
E bebo da emoção, supremo vinho,
Num brinde tantas vezes colossal,
Das artimanhas todas reconheço
Apenas nova queda em vão tropeço
Neste tropel em noites consteladas
Corcel alçando plena liberdade
Meu passo no vazio já se evade
E toma sem saber velhas estradas.

317


Ainda que pudesse penetrar
Nos tantos vãos mistérios da existência
A luta se mostrara em decadência
O canto não tentara mais ousar,
Agruras tomam sempre este lugar
E resta para esta alma uma excrescência
Levando ao fim o quanto foi demência
E nada do que possa imaginar,
Ardumes entre fúrias envolventes
E quando noutro passos também sentes
O vento que rondasse nos tocando,
Ainda se presume o fim de tudo,
E quando no final me desiludo
O canto fora apenas mais infando.

318


Apenas se tentasse de outro modo
Vencer o que jamais pude conter
A vida dominando cada ser
Inutilmente sondo enquanto rodo
Apresentando o caos a cada instante
Retendo esta vontade e seguindo
Até que se mostrasse agora findo
O passo que já nada mais garante,
Esqueço qualquer tom e o tombo veio
Nas fúrias das manhãs em ventania
O pouco que talvez; mesmo teria
Agora no final seguindo alheio,
Esculpo do fantasma de minha alma
A dura tempestade que me acalma.

319

Já não restara mais sequer algum
Momento aonde eu pude desfrutar
Cenário mais diverso a me tocar,
E sei do quanto tenho: mais nenhum,
O senso que tentara ser comum
Não mais me tentaria e ao me notar
Vagando sem poder sequer alçar
Dos sonhos se vieres restando um,
E o marco condizente com a lida
Expressa a sensação da despedida
De quem se fez deveras sonhador,
E nada mais permita qualquer passo,
Sequer o que se mostre em tal cansaço
Ou mesmo primavera, em farta cor.

320

O tanto quanto pude num segredo
Falar dos meus infaustos descaminhos
Os olhos procurando velhos ninhos
E assim a cada engano outro rochedo,
Meu mundo se desenha sempre cedo
E trama outros momentos mais daninhos,
Percorro estes jardins, tantos espinhos,
E sigo sem saber tal desenredo,
Alentos? Não consigo vislumbrar
Apenas o que trace outro lugar
Diverso do que trago dentro em mim,
Somando o quanto tenho e não mais vira,
A luta se transcorre em falsa mira,
E o tempos e aproxima então do fim...


321


O tanto quanto pode ao decorrer
Do tempo noutro instante ou mesmo aquém
Do todo desenhado e se inda vem,
O mundo não traria algum prazer,
Tecendo o que tanto quis rever
E o vento se mostrara em tal desdém,
Depois de tanto tempo sem ninguém
Já não mais concebera amanhecer,
Vestindo este momento em caos e medo,
Ainda quando muito me concedo
Vestígios do passado eu sigo em rastro,
E quando mergulhasse no meu ego
Diverso do que tanto em vão carrego
Aos ermos da ilusão enfim me alastro.

322

Imagem repetindo a cada dia
Depois de certos erros, costumeiros
E os tempos entre falsos vãos luzeiros
Cenário tão diverso não teria,
Ascendo ao quanto pude em voz sombria
E bebo a ingratidão destes canteiros
E sei dos passos frágeis, derradeiros
Na noite que se fez amarga e fria,
Ainda que teimasse contra a fúria
Na sorte desvendando esta penúria
A senda mais atroz acenda o fim,
E ascenda ao que pudera noutro passo,
Vencido caminheiro agora eu traço,
O quanto resta vivo dentro em mim.

323

Enquanto em dias frágeis se passavam
Momentos mais doridos e sonhados,
Os erros tantas vezes provocados
Sem ter qualquer destino além erravam,
O tempo onde meus dias se entranhavam
E os erros noutros tantos desejados,
Ainda que vibrassem velhos fados
Os medos entre enganos resgatavam,
E o prazo determina o fim de tudo,
E assim no mesmo instante desiludo
E bebo a ingratidão de um novo aspecto,
O rumo se perdera sem sentido,
O tanto que pensara desvalido
E o mundo sem saída, podre e infecto.


324


As horas invadindo velhas casas,
Falenas neste bando em torno à luz
Enquanto o mesmo fato me conduz
Gerando o quanto possa e sei atrasas
Ainda que pudesse e já defasas,
As horas noutro fardo quando as pus
Vestindo a imensidão que é feita em cruz
Pudesse na verdade ter tais asas.
E ser liberto enquanto quero além
Do pouco que deveras inda tem,
Narrando com temor o dia a dia,
A luta mesmo sendo casual,
O rito noutro encanto sensual,
A sorte em desencanto eu perderia.

325

Sofria restrições diversas quem
Ousasse caminhar contra as marés
E sei do quanto possa de viés
Vencer o que em verdade sempre vem,
Coleto dos enganos o desdém
E vejo qualquer passo em tais galés
Cerzindo tão somente por quem és
Podando o quanto tento e nada tem,
Minha alma se anuncia em luz serena
O passo noutro rumo se condena
E gera a insanidade e nada mais,
Presumo o quanto tenho em tom diverso
E bebo da emoção e desconverso
Galgando além dos vários temporais.

326


O todo se anuncia em cada parte
E trama o que teimara ver de perto,
O velho coração estando aberto,
O mundo noutro passo se reparte,
E sei do quanto pude e sem aparte
Vivera o meu momento até deserto
E sei do desafeto onde me alerto
E o prazo que termina e não comparte,
Arcando com enganos ou meus vícios
Enfrento os dolorosos precipícios
E sei de cada fossa em raro abismo
E quando nesta borda, insano eu cismo
A corda se rompendo a queda veio
E o tempo se perdendo em tal receio.

327


Ainda sem saber qualquer pastagem
Minha alma se anuncia solitária
E segue a trilha tosca e imaginária
E nela se permite em nova aragem,
O mundo se presume na barragem
E trama a mesma luta temerária
E quando se quisesse esta corsária
Viria e não traria nem miragem,
Minguando os caminhares e querências
As horas não permitem indulgências
Nem mesmo algum momento mais tranqüilo
E tendo a dimensão do que pudera
A luta sem sentido dita a fera
E neste caminhar atroz, desfilo.

328

O quanto deste sonho poderá
Tramar outro momento ou mesmo rota,
A vida se presume e me derrota
Marcando o quanto posso e desde já,
Ainda que se veja o que virá
O preço se cobrando em vária nota,
Vestindo a mesma luta se denota
O fim que não quisera ou seguirá,
Idôneas noites ficam no passado,
O peso do viver traz envergado
O corpo de quem tanto se mostrara
Invólucro diverso, mesmo ocaso,
Ainda que deveras vão, me atraso
A morte vem rondando esta seara.

329

Meu tempo sem mais nada por dizer
Acrescentando apenas solidão,
Vestindo o que pudera desde então
A luta se desenha em desprazer,
E o tanto quanto tento espairecer
Tramando outros momentos que verão
Apenas o final desta estação
Sem nada que eu teimasse em recolher,
Astuciosamente a vida traz
Apenas o que pude e deixa atrás
O engano de sonhar e não sentir,
Sequer o que tentasse presumir,
Restando dentro da alma este vazio
E nele o que deveras desafio.


330

O manto se desenha quando ainda
O nada reina em tudo e vendo a sorte
Que segue sem saber o que comporte,
Palavra mais audaz, deveras finda,
E o canto noutro engodo se deslinda,
A marca mais atroz ditando o norte,
E bebo cada gole deste aporte
Vivendo o quanto trouxe em noite linda,
Aspectos tão diversos deste mundo
E quando noutro passo eu me aprofundo
Da lama que entranhara sem defesa,
Apenas o que resta esta incerteza
Gerando o coração mais vagabundo,
Das tramas da mortalha, mera presa.

331


O quanto resta ainda a se propor
Ousando noutro fato mais diverso
E nesta caminhar quando o disperso
O tempo se desaba em raro ardor,
Assim ao desenhar o vago amor,
O tanto quanto pude em novo verso
Ou mesmo no vazio se submerso
Carrego dentro da alma algum rancor,
E nisto se presumem e consomem
Imagens mais sutis de qualquer homem
Rondando o que se fez um dia nosso,
E quando no final de certo tempo,
Apenas vislumbrando o contratempo
Engodo sem igual, devasso, endosso.

332

Ainda que deveras tente e leia
A sorte em cada mão, não mais veria
O quanto se moldara em fantasia
Ou mesmo a sensação atroz e alheia,
Vestindo o que cerzira em farta teia
A morte não traduz uma agonia,
E tantas vezes mesmo até queria
Seguindo cada passo que a rodeia.
O tempo na verdade tanto erige
O sonho que se teima e quando exige
Da esfinge desvendando algum mistério,
A luta sem sentido e sem sossego,
Reflete o quanto vivo e neste apego,
O frio coração traça o minério.

333


As sortes noutro rumo sendo algumas
Das tantas que apresento por defesa
E bebo desta estância sobre a mesa
Enquanto além do ocaso tu te esfumas,
E quando noutro passo tu te aprumas
E tramas a mortalha mesmo ilesa,
A fúria dominando a correnteza
Deixando como rastros tais espumas,
Escárnios entre quedas e temores
Seguindo sem saber por onde fores
Rancores resumindo o quanto resta,
Da vida sem proveito e sem valia
A morte noutro passo se daria
E nela a solidão que tudo empesta.

334


O mundo se divide em tantas lavras
E nada do que plante ou já cultive
Ainda traduzisse o quanto tive
E perco no sabor de tais palavras
As horas solitárias sendo parvas
As tramas entre tantas são diversas
E quando nas entranhas vão submersas
Produzem podridão e tantas larvas,
Insetos e tormentas, vermes medo
Alertas confluindo para o nada,
A luta se desenha desgraçada
E o velho caminhar ora procedo
E bebo em sortilégio tal veneno,
E assim no fim do jogo eu me sereno.

335

Não tendo mais sequer explicação
Jazigo da esperança em tal sepulcro
A vida negaria qualquer fulcro
Deixando tão somente a expiação,
Tramando alguma luz onde não há
Sequer se poderia ver o lume
E tento outro caminho que resume
O pouco que deveras mostrará
O passo em desacordo, medo e trama
Na luta incontestável nada rege,
Somente a mesma face deste herege
Que tanto nos golpeia e nos reclama,
Amortalhada senda como herança
Meu passo sem proveito ora se cansa.


336


Já nada pôde enfim, filosofia,
Apenas o vazio me responde
O tempo sem saber sequer nem onde
Tampouco o que demais se permitia,
A luta me enlutando jaz sombria
E ao nada cada verso corresponde
Na turva madrugada ora se esconde
Quem tanto quis apenas a alegria,
Navego contra todos os anseios
E bebo dos antigos devaneios
Espalho no universo um verso frágil,
Quem dera se pudesse ser mais ágil,
A vida me traria um imenso ágio,
Mas cobra a cada instante outro pedágio.

337


Já não coubera nada certamente
E o prazo dilatado não resolve
A vida no vazio ora se envolve
E mesmo que outro passo também tente
O corte se desenha impunemente
E o tempo noutro instante me revolve
E gera o que inda vendo se dissolve
Marcando com terror o corpo e a mente,
Alio meu caminho ao que pudesse
Tramar noutro momento além da prece
A sorte que se fez em tédio e medo,
Dos erros costumeiros que freqüento,
A vida num total pressentimento
Traduz o quanto posso e em vão procedo.

338

Os dias entre tantos já nos deixam
Vagando sem destino em rumo incerto
E quando este caminho ora deserto
Os olhos sem sentido não mais queixam,
Os passos noutro instante se perdendo
Desleixam e jamais os pude ver
A sorte desnudasse o bem querer
Tramando qualquer luz em dividendo,
Ascendo ao mais diverso caminhar
E bebo a me fartar desta emoção
Os dias no futuro me trarão
Somente o que tentara algum luar,
Apresentando o fim como um escudo,
Aos poucos sem sentido, desiludo.

339

Os olhos noutro rumo pousarão
E vendo este horizonte sem segredo,
Meu passo noutro encanto ora concedo
E os tempos entre tantos dizem não,
E o quanto dos meus sonhos que serão
Apenas mera marca em desenredo,
A sorte prenuncia este rochedo
Tombando neste cais a embarcação.
Reparo cada engano e sei do todo
Marcando com seu dano novo engodo
E o prazo não termina e nem se quer,
Somente neste açoite esta vergasta
O brilho pouco a pouco já se afasta
Não deixa nem um rastro mais sequer.

340


O quanto poderia desde cedo
Sentir novo momento que pudesse
Tramar além de tudo a rara messe
E neste caminhar vago eu procedo,
E sei do meu caminho, mesmo ledo
E tanto quanto possa e recomece
A luta se travando não se esquece
E o marco se traduz noutro segredo,
Apenas tenho os olhos já cansados
E sei dos dias velhos desenhados
Nos ermos de um momento mais audaz,
A sorte dita o corte e nada além,
O mundo de tal forma não mais vem,
Somente em descaminhos se desfaz.

341

O quanto a própria vida me interroga
E deixa que eu me perca sem saber
A sorte quando muito a me tecer
O manto mais audaz, em leda voga,
O tempo se desnuda e traz na ioga
A paz que merecia e quis viver,
Depois se renovando o amanhecer
Uma alma que em clemência pede e roga,
Apresentando ao fim deste caminho
O tanto que permita em desalinho
Vencer os desacordos e os pudores,
Restando sem pecado o que se trama,
Deitando em raro ardor em minha cama,
Sentindo os teus anseios sedutores.

342

A vida noutro passo solicita
O mar que navegasse sem temor,
Envolto neste imenso e bom fulgor
O tempo desenhando outra pepita,
Assim toda a palavra mais bonita
E nela este caminho em sonho e cor,
Depois de tantos anos, sonhador,
Apenas a emoção reina e palpita
Esqueço o quanto pude e não viera
Tocando esta esperança mais sincera
E o verso se transcende ao que inda sei,
Ausento do meu rumo e sigo alheio
Somente recolhendo o quanto veio
Depois de destroçada, inteira a grei.

343


Tomando em minhas mãos, as tuas mãos
Suavemente busco algum alento,
E quando na verdade teimo e tento
Cevar em esperança tantos chãos,
Os dias entre sonhos, claros grãos
E neles se permita o forte vento,
Deixando para trás o sofrimento
E neste alheamento medos vãos,
Apresentando apenas o sorriso
Que tanto desejara e assim matizo
Meu verso iridescente em teus fulgores,
Restritos dias dizem do passado,
Agora quando vejo lado a lado
Desvendo em tua face belas flores.

344

O mundo sem saber sequer nem como
Volvesse num alento mais cruel,
O tempo se desenha em carrossel
E o meu caminho em vão jamais eu domo,
E tanto quanto possa teimo e somo,
Vestindo o que pudera neste véu
Apresentando à sorte o seu papel
E o mundo em minhas mãos agora eu tomo.
Envolto neste sonho que porfia
E dita o quanto traz em alegria
O canto em rara luz encanto e glória,
Portanto ao ser feliz nada me cala,
A lua ao adentrar a minha sala,
Renova a cada instante a minha história.

345

A sorte tantas vezes testemunha
Os erros mais sutis e nisto eu vejo
O quanto se pudera benfazejo
O caminhar exposto onde me expunha,
E vendo o que cerzira e decompunha
O manto mais atroz, ledo desejo,
E sei do que tentara e quanto almejo,
O marca sem sentido onde eu me punha,
Vestindo a hipocrisia de quem tenta
Singrar na tempestade violenta
Sem bússola ou timão, ao deus-dará
Depois de tantos anos solitários,
Os olhos procurando itinerários
E o tempo no vazio me trará.

346

O tanto que pudera ser tão bem
E nada mais nevasse sobre a terra,
Vestindo o delirar enfrento a guerra
E sei do quanto possa e nada vem,
Ascendo ao caminhar e sem ninguém
A luta sem destino já descerra
O manto se negando ora soterra
E trama o desespero, sou refém.
Revigorando o passo noutro rumo,
Decerto o quanto possa já resumo
Em versos discordantes ou até
Num âmbito maior, eu nada vejo,
Somente o que pensara noutro ensejo
Representando enfim a amarga fé.

347


O nada na verdade se pretende
Vestir alguma sorte condizente,
E quando no final o que pressente
Expressa o quanto quero e não depende,
A luta se anuncia e de um duende
O brilho noutro passo iridescente,
A sorte se buscando num repente,
Sem sonho que deveras nos emende,
Apresentar o fim e sendo ocaso
O tempo se anuncia e quando atraso
Jamais recuperando a melhor sorte,
Depois do que pensasse mais distante
Mortalha num cenário em vão garante
Apenas o que tanto me conforte.

348



Os dias entre tantos são apenas
Os restos de uma velha sensação,
O tempo noutro passo ou estação
Enquanto no final tanto condenas,
E bebo das vontades mais serenas
E nelas nada sei ou me trarão
Olhares sem qualquer vã direção,
E disto com terror tu me envenenas,
Pequenas ondas dizem desta praia
E o quanto se imagina não mais saia
Domina o pensamento mais audaz,
Jorrando sem sentido algum a vida,
A luta se prepara em despedida
E ao velho marinheiro, tanto faz.


349


O que pudesse ser conhecimento
No fundo não traduz melhor ventura
E o corte sem sentido se afigura
Marcando o que decerto inverto e tento,
Ocasos entre lutas e tormento
E a sorte noutro passo me assegura
A senda feita em dor, tanta amargura,
Atravessando assim ao próprio vento,
Expresso com temor o que inda venha,
A luta se desenha em vaga ordenha
E o medo não traria alguma luz,
E o prazo se findando neste nada,
A senda sendo aos poucos destroçada,
Aporto; e este vazio me conduz.


350

O tempo se transforma e no geral
Não gera qualquer sombra de futuro
O quanto sem sentido configuro
Expressa esse caminho irracional,
Vestindo o que teimara noutro astral
O prazo terminando em tempo escuro,
O verso se anuncia e se esconjuro
Dos sonhos que inda tinha, nem sinal,
Apenas o que possa me traçar
A luta sem sequer já descansar
Matando esta emoção em heresia,
O peso se pendendo para um lado,
O corpo noutro ringue maltratado
Somente esta mortalha serviria.

351


As sortes entre tantas nobres obras
Pudessem traduzir algo maior,
E sei do quanto possa e sei de cor
Além do que deveras já desdobras,
E quando os teus sentidos mal recobras
O tempo sem limite em tal suor
Bebesse em agonia o até pior
Caminho entre diversas serpes, cobras,
Apenas nada vejo além do engodo
E bebo a fantasia expressa em lodo
Mergulho neste esgoto, minha herança
E a pútrida noção de algum alento
Perdida neste tom em excremento
Ao corte mais venal decerto avança.

352

O tanto quanto espírito domina
Marcando o dia a dia de quem sonha,
A luta noutro passo tão bisonha
Deveras não pudera cristalina,
E sei desta incerteza que alucina
E gera a mesma face mais medonha
E quando vez por outra ainda oponha
Uma explosão desfaz a velha mina,
E o bêbado caminha em noite fria,
Ousando na sarjeta por pousada,
O quanto se deseja enluarada,
Mas vejo sempre amarga e mais sombria,
Um velho vagabundo, um ledo pária
No quanto a sorte fosse necessária.

353


O prazo que pudera sobre-humano
O vício em ócio e trama divergentes
E nisto quanto mais tu te apresentes
Aos poucos sem sentido algum me dano,
E bebo do final e mais profano
Caminho se entrelaça em penitentes
Cenários onde vejo os mais descrentes
Espaços entre tanto desengano,
Ourives? Quem me dera... garimpeiro
Do sonho em forma bruta e sem valor,
Ainda que pudesse ver no amor
O renascer imenso do canteiro,
Meu passo se traduz neste espinheiro
Deixando para trás a bela flor.

354


O quanto da montanha quero o vale
E busco na planície a cordilheira
Diverso do que tanto espere e queira
A vida noutro tom sempre avassale,
E o verso na verdade não mais fale
Tecendo do vazio esta bandeira
E subo sem proveito esta ladeira
E cada sensação tal medo exale,
Escuto o canto amargo de quem ronda,
A luta se desenha e traz numa onda
A imagem repetida do passado,
E quando este marulho se anuncia
A sorte se produz em heresia
E o verso se transforma em vago brado.

355

O mundo desvendando este trabalho
E nele posso ver a solução
Dos dias entre trevas que virão
Enquanto o canto além teimando espalho,
E o tempo se desenha mesmo falho
Gerando noutro inverno este verão
Resulto da total ingratidão
E quando me aproximo em vão batalho,
Apenas vejo o fim e nada mais,
Aonde poderia ter o cais,
O caos reinando imenso e poderoso,
Já nascem os abrolhos e as daninhas
As sortes que pensara serem minhas,
Morrendo num terreno pedregoso
.

356


O tanto que pudera ser tão pouco
O ledo caminhar em noite escusa
A sorte com certeza se entrecruza
E sem qualquer sentido eu me treslouco,
O tempo noutro tanto deixa rouco
E quando se anuncia a mais confusa
Verdade não traduz o que se abusa
Nem mesmo o que tentara ser, tampouco,
Resumos de outros erros costumeiros
Matando em nascedouro tais luzeiros
E a treva dominando o meu momento,
Ainda que sentira um manso aroma,
Do todo que se visse nada soma
Somente o que produz em desalento.


357

O quanto se tentasse mesmo além
Do pouco que me deste como herança
O passo sem sentido algum já cansa
E o manto se traduz neste desdém,
Ainda quando a sorte alheia vem
E bebe o que pudera sem pujança
A senda se perdendo em tal fiança
O rumo de outro rumo segue aquém
Refém de uma ilusão, somente vejo
O tempo onde deveras azulejo
Em verso imaginário e não real,
A porta se entreabrindo sem mistério,
O canto noutro engodo dita império
Dos ermos entre tanto olhar venal.

358

A vida se desenha em vagas rotas
Em fórmulas diversas sem sentido
E quando cada passo é resumido
No quanto sem razão; dita as derrotas
E sendo que afinal já nada notas
Sequer o que inda tento ou mais duvido,
O preço a se pagar, é consumido
Marcando com terror antigas frotas,
E bebo do naufrágio coletivo
E sei do quanto possa e sobrevivo
Ousando na batalha sem proveito,
O velho cachalote o tempo escasso,
O Calabar invade e me desfaço
Deveras sem descanso e contrafeito.

359


Diversas e diversas citações
Falando do que fora o sentimento
A luta se desenha contra o vento
Destarte novos dias decompões
E vejo o que deveras não expões
Marcando o quanto busco ou mesmo tento,
Selando o dia a dia em sofrimento,
Naufrago as esperanças e emoções
Resulto deste imenso e vão fastio
E o passo noutro rumo desafio
Bebendo a imensidão do ledo sal,
Naufrago nos teus braços, e a morena
Que tanto me seduz quanto envenena
Num ato sem juízo e sensual.

360


O mundo que pudera desde quando
Vencido pelos erros do passado
Trazendo o meu caminho lapidado
Ou mesmo noutro passo me entranhando
Vestindo o que pudera em ar infando,
O rústico cenário desenhado
Enquanto no final somente evado
E bebo o coração em contrabando,
Ascendo ao verso rude e mesmo triste,
Porém o caminhante tanto insiste
Vencendo a tempestade costumeira
Ainda que deveras nada veio,
Apenas este olhar em devaneio

É tudo o que me resta ou mesmo queira



361



O bom senso permite um manso passo
E com firmeza além da tempestade
Seguir com toda a imensa claridade
Desenho mais suave que ora traço,
E quando o tempo segue mais escasso
E o quanto se promete é frialdade,
O encanto de sentir já nos invade
E trama este caminho em claro espaço.
Ao ter no dia a dia este bom senso
Apenas no que sigo em paz eu penso
Vencendo os desacordos tão freqüentes,
E assim ao se moldar diverso e manso,
Ao mais raro universo eu já me lanço,
Num ritmo mais constante que ora sentes.


362

Há coisas neste mundo que não posso
Nem mesmo deveria acreditar,
O mundo se transforma devagar,
O que antes fora meu agora é nosso,
E o vento penetrando aonde endosso
Meu passo com suave caminhar,
Ou mesmo noutro rumo trafegar
E reação algum ao fim esboço.
Destroços do que fomos se perdendo,
O todo num terrível, vago, adendo
Do quanto poderia e nunca vira,
Heréticos caminhos onde herméticos
Delírios mesmo quando sendo céticos
Envoltos entre as tramas da mentira.


363

O que de melhor tenho nada vale
Os termos da vingança estão lavrados,
E os dias entre tantos sonegados
No quanto tanta fúria me avassale,
O medo que deveras já se exale,
Propaga antigos ventos quando ousados
E as sombras atacando pelos lados,
Não adianta mais Benin nem Mali,
O tempo se dissolve além do cais
E os ventos entranhando enquanto vais
Seguindo tua sorte sem olhar
Sequer para o que resta neste porto,
O adeus de um ser funesto, semimorto,
Salgando mais um pouco o imenso mar.

364

Ainda que pudesse ver partilhas
Aonde nada existe, nem talvez
O quanto na verdade sei que crês
E nisto sem sentido algum tu trilhas,
As ondas invadindo velhas ilhas
Distante do que fora sensatez,
A morte se aproxima de uma vez
As dores me cercando, vãs matilhas,
E os olhos procurando algum apoio
O tempo se presume e do comboio
Já nada mais restara, senão isto:
A incerta tentação que sem proveito
Deveras com denodo ainda aceito
Sabendo que ao final eu já desisto.

365


O que pensar em cada passo eu creio
Diverso do que há tanto em vão buscara,
A sorte sendo assim, audaz e rara,
O tempo feito em tosco devaneio,
E quando tendo espúrio e vago veio,
A sorte trama além sutil seara
E a madrugada nega ou se cega para
Deixando atrás o quanto em luz rodeio,
Roteiros tão diversos; posso ver
E nada tenho embora a vida trace
O quanto pude mesmo após o impasse
E sinto neste instante a se perder.


366

Quando provido sigo em tons diversos
Ao perceber somente o quanto queira,
A luta trama a história já sem eira,
Marcando em dor os poucos, ledos versos,
Não mais queria apenas vãos perversos
Nem mesmo alçar além qualquer bandeira
A luta traça a sorte e mesmo esgueira
Deixando os sonhos torpes vis, dispersos.
Mas tanto quanto eu pude nunca leve
Uma alma sem sentido, amarga e breve
Vagando só em meio ao quanto reste
A caminhada mostra em solo rude,
O tanto quanto tente ou quero e pude
Erguendo olhar distante, audaz e agreste.

367


Ao mesmo tempo tento o quanto tinha
Singrar luares fartos noites vãs
E sei do quanto posso em tais manhãs
Sabendo ser a vida apenas minha,
Já nada mais se crendo, pois daninha
Palavra dita as horas tão malsãs
A face mostra apenas tantas cãs
A sorte noutro engodo já se alinha.
E ao sentimento atroz somando o fim,
Deixando para trás, morto o jardim,
O verso sempre expressa o quanto tente
Tecer de um tempo novo o quanto venha
Deixando além de tudo a velha ordenha,
Num coração sutil, audaz, contente.

368


São tão difíceis dias quando os vejo,
Seguindo tantas vezes ledos passos,
Os sonhos sendo assim bem mais escassos
O quanto resta em nós traduz o ensejo.
E sinto o quanto possa e enfim dardejo
Tentando sempre após os tantos laços
Meu pensamento invade velhos traços
E tramo nisto tudo o que cortejo.
Jamais pudesse ver sequer o brilho
Da estrela vera luz por onde eu trilho
E prosseguindo sempre sem cansaço,
Vestindo o tom maior em canto breve,
Minha alma com certeza agora atreve
E segue sempre em busca deste espaço.


369

O contentar quem tenta e só tateia
Vagando além do quanto apensa visse,
Depois de desenhar mera tolice
Enquanto a lua busca imensa e cheia,
A sorte trama o quanto em paz rodeia,
E o tempo segue sempre sem crendice
O mundo trama o preço e nada ouvisse
Quem sabe e só deseja o que incendeia.
Apenas resumindo em verso e sonho,
O quanto quero e mesmo até proponho
Expressará este caminho audaz,
Destarte sendo assim a vida ronda
E trama o que pudesse além desta onda
Que o tempo mais atroz deveras traz.

370


Qualquer outro caminho não teria
A mágica emoção que encontro em ti,
E o tanto quanto pude e sei perdi
Deixando para trás a noite fria
Estrelas vejo e tento o quanto havia
Do mundo até sangrar o quanto vi
Estúpido momento eu conheci,
E nele sem sequer ter poesia,
A vida expressa a morte tão somente
E quando na verdade um novo eu tente
Esbarrarei nos erros costumeiros,
O verso traça o passo em rude espaço
Restando tão somente o meu cansaço,
Cegando o quanto foram meus luzeiros

371


Desejo o quanto resta da esperança
E vago em plena noite qual falena
E o tempo atrai o canto e enfim serena
Uma alma além do cais que nunca alcança.
A vida traz em si tanta mudança
E a sorte sendo assim, diversa e plena
Ao mesmo tempo toca e em dor condena
Cerzindo ou já negando pára, avança.
Não quero a santa nem tampouco a puta
A vida se desenha em tanta luta
Vencendo ou já vencido sinto o nada
Rondando cada passo desta estrada
Vagando pela noite e não reluta
Deixando a carne em fúria demarcada.

372

Um verossímil conto diz da sorte
Diversamente expressa noutro engodo,
Assumo cada prazo e busco o todo
Aonde o meu caminho me comporte,
Já sei dos medos quando a sorte dita
Tentando acreditar nalgum titã,
Porém esta esperança tão malsã
Prepara ao fim de tudo outra desdita,
Restando esta desgraça a cada passo,
E bebo em goles fartos fel e fúria
Sorvendo sem temor e em lamúria,
Regendo com argúcia o sonho lasso,
E sinto algozes noites sem meu chão,
Rastejo pelas ruas feito um cão.


373


O quanto enganem passos entre medos
Negociando a sorte de quem tenta
Vencer esta razão mais virulenta
E sabe dos caminhos e segredos,
Os olhos sem destino, meus degredos
Reduz ao quanto pude em tal tormenta
Sentindo a dor imensa e nada alenta
Os dias seguem sós, atrozes, ledos.
Escárnios vejo enquanto pude ter
O mundo sem saber do que fazer
Sequer seguir em frente ou mesmo até
Do pouco ou mesmo nada apenas fé
Tentando ver além do que consigo,
Bebendo a me fartar qualquer perigo.

374

Respeito os erros quando vejo a sorte
Na dispare verdade que carrego,
E sei alimentar ou não meu ego,
Embora quase sempre desconforte,
Vestindo o quanto pude noutro norte,
Meu passo em turbilhão audaz e cego,
O verso sem sentido não sonego,
E espero boquirroto; a minha morte,
Carcaça que respira? Talvez seja
A noite se aproxima malfazeja
E beijo as esperanças mesmo quando
O mundo se aproxima em tom diverso
E sei que mergulhando no universo
Meu mundo noutro passo se enganando.

375

Testemunhar o fato e crer no fim
Que tudo possa ser bem mais diverso,
O tempo resta em nós e trama o verso
Marcando sempre em fúria o bom jardim,
Já não conheço ou mesmo busco em mim
O preço que cobrara se submerso
Nos ermos desta sorte e assim disperso
O passo sem sentido vivo enfim.
Astuciosamente quis um tempo,
A vida não sossega e o contratempo
Presume nova queda e nada mais,
Ao passo que inda tramo nova luta,
Nem mesmo uma ilusão vaga reluta
E bebo dos temíveis vendavais.

376

Poder acreditar ou não no fato
De ter apenas sonho e nada além,
A vida com certeza sempre vem
E nisto um novo dia em paz constato
E quando no final teimo e resgato
O passo quando dado com desdém
Expressa o que em verdade não contém
Matando em forte estio este regato,
E o preço a se pagar jamais compensa,
Ainda quando a sorte mesmo tensa
Expondo a mais imensa liberdade,
Ousando ser além do que pudesse,
Vencido cada instante sem a prece
Que aos poucos para além de mim se evade.

377

Enganam-me caminhos mais audazes
E sei do quanto possa ainda crer
Depois do meu amargo amanhecer
E nele tantos erros sempre fazes,
A vida se transforma em tantas fases
E faço do meu canto o esvaecer
Vagando aonde pude conceber
As sortes mais doridas e tenazes,
Apresentar ao fim qualquer alento
E tendo mais liberto o que inda tento
Vencer em noite frágil, estupenda,
Olhando para trás, a velha tenda,
O verso se evadira dos meus passos,
E os sonhos são agora mais escassos.


378


Julgando cada trama em vão matiz,
Espero pelo menos o perdão,
E sei que dentre todos não virão
Sequer os que o fizessem mais feliz,
O mundo desdenhando o quanto quis
A luta se transforma e toma o chão,
Rendido sem sequer satisfação
A sorte se desenha por um triz,
Atrizes as palavras seguem leves
E quando em ti contê-la tu te atreves
Verás o libertário sentimento
Deste impossível ser jamais cativo,
E sei que a cada instante sobrevivo,
Ou pelo menos, com certeza sei que tento.

379


Distingo nesta noite o teu olhar,
Embora a lua trace tanto brilho
Seguindo cada passo, sempre trilho
E busco noutro rumo te encontrar,
A sorte se desenha a divagar,
E quando encontra além um empecilho,
O marco sem destino, que engatilho
Talvez tentasse até me libertar,
Ausento do que fosse uma esperança
E vejo cada passo onde se lança
A voz já bem cansada, seresteira,
E tanto quanto possa ou mesmo além
O mundo se resume no que tem,
E aos poucos sem sentido em vão se esgueira.

380

O tempo que pudesse verdadeiro
O ledo caminhar entre os espinhos
Brindemos com fervor em raros vinhos,
Marcando com vigor nossos luzeiros,
Meus versos férreos sonhos, derradeiros,
E os dias entre tantos mais daninhos,
Espero noutro extremo teus carinhos
E sei que na verdade são ligeiros,
Apenas concordância ou discrepância
A luta se desenha a cada instância
E tento a liberdade provisória,
O mundo se revela em caos e medo,
Já nada mais se vendo em tal degredo,
Somente o que alimenta a vã memória.

381


Meu passo se dirige ao quanto tento
Após o mesmo nada conhecido
Vencer o meu caminho tão provido
De sonho inútil, velho sofrimento,
E o preço que se paga em desalento
O rumo noutro cais envilecido,
O marco deste infausto nunca olvido
E bebo até o fim. Alheamento?
Já não mais conseguira melhor sorte
Fortuna sonegando o que me aporte
E vista esta faceta mais mordaz,
Vestindo o que me resta; uma mortalha,
A voz sem mais sentido além se espalha
E o nada simplesmente a vida traz.

382

O porto envelhecido da esperança
Marcando com meus erros o presente,
Futuro que se nexo se pressente
Enquanto no vazio a voz me lança
Gerando pelo caos, desconfiança
A marca mais vulgar mesmo indolente
E o preço a se pagar, infelizmente
Impede qualquer dia em temperança,
Revestimento feito em medo e fúria,
A luta se progride e em tal penúria
A morte sinaliza em tom sutil,
Depositando o passo sem caminho,
Apenas vejo o mundo onde daninho
O corte num instante se previu.

383

Nos olhos de quem ama; eu pude ver
O interior de uma alma frágil/forte
E quando na verdade assim suporte
Já nada com certeza possa crer,
Renega o quanto tem no amanhecer
E sei do meu cenário onde se aporte
O todo que jamais creia, conforte,
Marcando o quanto pude em tal querer,
Ascendo ao mais sublime e quedo além
Do quanto com certeza sei que vem,
Matando o pouco mesmo que inda havia,
Esclarecendo ao quanto quero e busco,
O mundo se anuncia e bem mais brusco,
Esgota por si só a fantasia.

384


A vida desenhando além desta ilha
O mar que não coubera dentro em mim,
Presumo o quanto resta e sei que ao fim,
Meu tempo se transforma em armadilha,
E nada do que tente compartilha
Acende da mortalha este estopim,
E bebo a me fartar em vinho e gim,
Meu barco abrindo agora esta escotilha,
Cenários tão diversos, mesmo caos,
Momentos entre tantos, rudes, maus
E os mausoléus detendo esta visão
Na busca do que fora algum sinal
De um mundo com certeza magistral
Deixando no final mera impressão.

385

Meu tempo se perdendo noutro rumo,
O cântico se traz em noite escusa
E quando na verdade a sorte abusa
Aos poucos sem sentido algum resumo,
O cáustico cenário perde o prumo,
A luta tantas vezes mais confusa,
E o preço a se pagar esconde a Musa
Na morte que se trama até o sumo,
Escassos dias ditam a vingança
Do quanto poderia e não avança
E cansa quem tentara apenas ver,
O mundo sem sentido e sem proveito
O quanto se anuncia e sempre aceito
Ausenta dos meus olhos: desprazer.


386


No vento que se torna mais freqüente
Seguindo o que pudesse no Nordeste,
O tanto quanto toca e se reveste
Moldando enquanto quero e não se sente,
Ainda que pudesse impunemente
Vestir este cenário mais agreste
Apenas a mortalha que me deste
O olhar já sem destino não desmente,
Aprendo a navegar queira ou não queira
E sei da minha luta em tal bandeira
Ladeiras que permitam sempre além
Da queda costumeira e sem provento,
O tanto quanto posso e desalento
Gestando o que o passado não contém.


387

O mundo transmitindo em cada nota
O quanto se transforma e nada resta
A luta se deseja além da festa
E o que inda se mostrasse se denota,
A voz imaginária diz derrota
E bebo desta noite mais funesta,
Procuro pela sorte em qualquer fresta
E bebo o que pudesse e não se nota,
Abraço os descaminhos onde tramo
O verso sem saber senão tal ramo
Perdido entre arvoredos, velhas frondes
E quando se aproxima o fim da tarde
Sem nada que decerto me resguarde
Apenas no vazio tu te escondes.

388


O tempo desde logo se anuncia
Em tom tempestuoso e mesmo assim,
Viceja este vazio e sei que enfim
A sorte noutro passo não viria,
E tanto quanto rumo em noite fria,
Vestindo esta esperança dentro em mim,
Marcando em consonância meio e fim,
Destino a cada engodo se cumpria.
Alheio ao que se torna mais freqüente
Ainda que se queira ou mesmo tente
Encontro nos teus olhos meu abrigo,
E sei do quanto tento ou mesmo possa,
A sorte que em verdade nunca é nossa,
Expressa o quanto quero e não consigo.

389

A rápida noção de queda e sonho,
Num átimo traduz o que não vinha,
A luta se desenha e tão daninha
Renega cada passo onde o proponho,
Vagando sem sentido não me oponho
E sei da sorte atroz leda e mesquinha,
E quando no passado se avizinha
O tempo mostra um ar mais enfadonho,
Expresso com verdades o que negas
As lutas entre luas seguem cegas
E o marco mais audaz não mais se vendo,
Apenas o que resta sem segredo,
Deixando o meu caminho bem mais ledo
Tramando o quanto pude em mero adendo.

390


Elevações diversas sobre o vale
Disforme e caricata face traz
O mundo que pudera ser capaz
E nada mais do sonho inda me fale,
Enquanto a realidade me avassale,
O peso se vergando quando faz
A luta sem sentido e mais audaz
Já nada caberia e nem se cale,
O preço a se pagar em ágio imenso
No quanto se desenha e vou propenso
A crer noutro momento mais tranqüilo,
Embalde se anuncia o fim de tudo,
E quando no final me desiludo,
Apenas no não ser teimo e desfilo.

391

Terrenos arenosos, frágil solo,
A movediça espera não traria
Sequer o quanto possa em fantasia
E nisto sem certeza em dor me assolo,
O quanto deste tempo trama em dolo,
E marca pouco canto que haveria
Matando em nascedouro a poesia
Morena renegando afeto e colo,
O passo sem destino, em ermos dias,
As horas que deveras não trarias
E os erros de quem amo e sei bem disto
Escarpas encontrando no caminho,
O tempo se anuncia e vou sozinho,
E mesmo assim caótico eu persisto.

392

Após a tempestade o que viria?
Sequer uma resposta pude dar
E sei do quanto tente caminhar
Vencendo a noite amarga e sempre fria,
A sorte se desenha e se anuncia
No prazo quando muito a desenhar
O resto do que possa navegar
Matando o que inda teime em fantasia,
Mergulho no vazio e nada leve
Uma alma que sabendo ser mais breve
O tempo sem razão para insistir
No pedregoso fundo deste rio,
Sobreviver é mero desafio,
Não tendo uma esperança nem porvir.

393


Três anos, simplesmente e nada mais,
A vida se expressara em tons diversos
Do inferno ao paraíso, ermos versos
E o corte entre diversos vendavais,
Os dias se repetem sempre iguais
E vejo muito aquém dos universos
Sonhados os meus passos sendo imersos
Nos mais atrozes charcos, lamaçais.
Ainda que pudesse acreditar
No passo que se dera à beira mar,
O vento me dissipa esta esperança
E o corte na raiz não me permita
Viver a sorte imensa e mesmo aflita
Enquanto o tempo nega e não avança.

394

Horas entre os cenários discrepantes
Marcando com temor este compasso,
O quanto na verdade não mais traço
Impede o que se visse agora; ou antes.
Erguendo o meu olhar nada garantes
Somente o que se perca em pouco espaço
E quando uma ilusão num tempo escasso
Negasse quaisquer luzes deslumbrantes,
Vestígios de uma luta que não cansa
E o manto se moldara sem pujança
Vagando em sentimentos mais diversos,
Assim sem nada ter ou mesmo crendo
No mundo que busquei sendo estupendo
Aguardo o resultado de vãos versos.

395


Marcha sobre as pedras do caminho
E quando se anuncia o fim da tarde
Olhando para o quanto nos resguarde
Eu bebo as velhas sobras, vou sozinho,
E o canto onde pudera ter um ninho
Ainda que deveras não me aguarde
Seguindo cada passo onde retarde
O tempo noutro tom sempre mesquinho,
Aprendo a desvendar velhos enredos
E sei dos meus anseios quase ledos
Segredos mais diversos que inda trago,
Pergunto pelo ocaso quando veio
E tento caminhar em tal anseio,
E neste delirar prossigo vago.

396

Longo caminhar noites em branco
O quanto se pudera e nada havia,
Apenas resta a sombra amarga e fria,
Do quanto amor não fora jamais franco,
E quando noutro passo tento e arranco
Dos olhos de quem mais tanto sofria
A vida sem saber desta harmonia
Seguindo em solo duro, teimo e manco,
Argutas noites vejo em teu olhar
E bebo deste instante a me fartar
Grassando sobre os ermos de outra queda,
A luta se desenha sempre igual,
O bote poderia ser fatal,
Mas quando se anuncia o passo veda.


397

Tortuosos momentos, vida rude
E o tempo se anuncia mais brumoso
E o quanto poderia em antegozo
Viver o que deveras tanto ilude,
Deixando para trás a juventude
O manto se desenha caprichoso
E o corte se aproxima do frondoso
Momento aonde nada mais se mude,
Depois da própria queda não me resta
Sequer o quanto tente e quando infesta
Uma alma já senil e caricata,
Hercúlea procissão em mar e tédio,
O manto se desenha em vago assédio
E a própria fantasia me maltrata.

398

Caminhos que pudessem percorrer
E talvez me trouxessem novo dia,
A luta se programa em fantasia
E deixo apenas isso em mim morrer,
O todo se anuncia e nada a haver
Tramando muito além do que eu queria,
A sorte tantas vezes não teria
Sequer o que pudesse me acolher,
Vacante procissão em ledo insumo,
Aos poucos na verdade eu me resumo
Ao quanto imaginei e não soubera,
Depois de tanto tempo em vaga luz,
O corte se aprofunda e se traduz
Sacrílega e fatal felina fera

399


Obstruídos meus passos quando tento
Vencer as artimanhas costumeiras
E sei do quanto possa ou não mais queiras
Gerando dentro da alma o sofrimento,
O prazo se desnuda e sei que invento
Momentos entre noites altaneiras,
As lutas são audazes e se esgueiras
Verás a força imensa deste vento.
Lembra do meu passado e revolver
As tramas de algum roto amanhecer
Mecânicas diversas, mesmo fim,
O tanto que pudera crer no fato
Aonde o que deveras mal retrato
Esconde cada cor deste jardim.

400

Pedras se soltando no caminho,
Em avalanches vejo o fim de tudo
E quando no final me desiludo
O mundo se desenha mais mesquinho,
Tentando ter ao menos o carinho
De um coração atroz audaz e mudo,
O rosto se enrugando e me transmudo
Bebendo o quanto resta e vou sozinho,
Já não comportaria melhor sorte,
Assim o que talvez não mais suporte
Expresse a virulência que se vira
Na sórdida expressão em medo e dor,
Grassando pelos ermos sem valor,
Enquanto a solidão ao vão me atira.

401


Vislumbro já novembro e neste outubro
A gélida presença do que um dia
Talvez inda pensasse ou poderia
Trazer o que em verdade não descubro,
Meu passo se moldando em tempo rubro, A luta não trouxera uma alegria,
A morte se transcorre em harmonia
E apenas de esperança eu me recubro,
Enormes discordâncias, medos vagos,
E os olhos entre tantos tento em tragos
Sorver a própria vida num alento,
Mas quando sinto o vento e vejo o nada,
A sorte noutra luta desenhada,
Somente renegando o que inda tento.

402

Escavados caminhos entre medos
Diversidade dita o que pudesse
Talvez assinalar com mansa messe,
Porém sei dos meus erros e degredos,
Os dias entre vários desenredos
O corte noutro passo sempre tece
E o verso sem sentido algum se esquece
Trazendo a solidão, ponta dos dedos.
Dependo do que possa e não mais veio,
O mote se repete e sem recreio
A vida não permite qualquer riso,
Irônica expressão de vago passo,
Aonde na verdade o nada eu traço
Apenas noutro caos eu me matizo.

403

Grotões diversos trago e não presumo
O tanto quanto possa e mesmo assim,
Galgando este caminho sei do fim,
E nele cada passo em vão resumo,
Bebera da esperança todo o sumo,
A noite se aproxima e dita em mim
A luta que teimara e este estopim
Aceso determina o que consumo.
Alheio ao que inda resta em tosco esteio,
Apenas do meu sonho me rodeio
E tomo esta aguardente em noite escusa,
Sarjetas entre quedas e trajetos
Aonde se mostrassem desafetos
Invés da bela Musa, esta Medusa.

404

Vai longe o tempo quando quis verter
Meu mundo noutro rumo, em afluência
Ou mesmo que pudesse em anuência
O tanto noutro tanto converter,
E assim perdendo encanto passo a ver
A sorte como mera coincidência
E nada do que possa em confluência
Expressa o que tentara parecer,
O caos, o cais o canto sem sentido,
O néctar o temor o vale imenso,
E quando noutro passo me compenso,
O marco sem proveito e presumido,
Arcando com meus erros na jusante
O tempo sem sentido algum me espante.

405


Ter olhos e não ver o quanto venha
E traço sem seguir a mesma meta,
Aonde a vida tanto se repleta
E nega o que pudera noutra senha,
A morte com certeza me convenha,
A fúria sem sentido me completa
E bebo em fantasia o ser poeta,
Embora a realidade; aquém desdenha.
Um gole de café uma aguardente
Bagaço desta cana, noutro engenho
E quando se perdera todo o empenho
E o verso se fizera mais urgente
Ainda que se tente noutro sumo,
Vazio dentro da alma enfim me esfumo.


406


Bastantes emoções? Não as queria,
Quando asquerosamente a vida traça
O preço que se cobra em noite escassa
Marcando a sorte amarga e derradeira,
Negando a mesma senda costumeira,
O tempo se perdendo na fumaça
A luta se transcorre e me desgraça
Deixando para trás qualquer roseira,
Ascendo ao mais sublime caminhar
E bebo o que redima cada esgoto,
O passo se anuncia semi-roto
E o tento tanto atento a se teimar
Jazendo nos meus únicos sorrisos
A vida se transborda em prejuízos.

407


Extenso delirar de quem buscava
Vencer os sortilégios de um passado
Já tanto noutro rumo desgraçado
Exposto ao quanto resta em lama e lava,
Uma alma se anuncia quase escrava
E quando na incerteza teimo e brado,
Vagando sem sentido além me evado
E o preço na verdade se pagava
A ferro e fogo em fúria e nada vendo,
Apenas o que tento em ar horrendo
Horripilante senda sem proveito,
Apresentar meu canto num instante
Ao menos noutro fardo se garante
O que deveras tente e mesmo aceito.

408


Pátrias? Não reconheço e nem veria
O tempo se apresenta sempre igual,
E o passo neste infausto ritual,
O luta sem sentido é mais sombria,
Medonha a face dita hipocrisia
E o prazo se termina em tom frugal
O corte se anuncia e vejo em tal
Momento o quanto tento e não viria,
Esgoto a minha força inutilmente
E quando no final apenas tente
Vencer este arremedo de esperança
O prazo delimita o quanto vejo
E sei do desenhar em vão desejo
Enquanto o dia a dia ao nada lança.

409

Pastores entre aldeias, matas, sonho...
O canto se ecoara muito além
E quando a madrugada surge e tem
O todo que deveras já proponho,
Ainda sem sentido não componho
O mundo tantas vezes sem ninguém
Procuro pelo canto e nada vem,
Somente o mesmo infausto tão medonho,
O prazo delimita início e fim,
Ausento na verdade um pouco e vim
Traçando do passado alguma luz,
Invisto cada verso num vazio
E sei do quanto possa e desafio,
Aonde com temores eu me pus.

410

Quem possa me falar do que se vendo
Não seja na verdade o quanto pensas
As horas entre medos sendo tensas
O corte se aprofunda e sempre horrendo,
O marco noutro engodo vai tecendo
E sei das minhas vagas diferenças
E bebo das inúteis torpes crenças
E sinto a cada engano outro nascendo,
Fragilizado sim, e até por isso
Apenas um cenário em paz cobiço
E bebo a claridade da manhã,
Ainda que se visse outro momento,
O quanto na verdade teimo e tento
Expressa a realidade ora malsã.

411

Esteja ou não com toda esta razão
Apenas o que sinto e não disfarço
Aumenta o meu tormento e sinto esparso
O passo noutro rumo e direção,
Os dias entre tantos não verão
O quanto poderia noutro março
Amarro as ilusões, mero cadarço
E o tempo dita as dores que virão,
Espero qualquer luz ou mesmo até
O quanto se pudera em leda fé
Gerando a tempestade mais fugaz,
Medonhas noites dizem do vazio
E quando alguma luz eu desafio,
O passo noutro instante se desfaz.

412

Dificuldades tantas se previssem
E nelas outras tais e nada além
Do quanto se desenha em tal desdém
E nisto outros momentos não se vissem,
Ainda quando os sons toscos ouvissem
As lutas quando a sorte não mais vem,
O preço a se cobrar torna refém
O sonho aonde em vão tantos cobicem,
Jazendo nalgum canto sem sentido,
O tanto quanto possa e até duvido
Divido em ermos sonhos e não vejo,
O manto se anuncia sem proveito,
E quando na verdade eu me deleito,
Presumo o ser inútil meu desejo.

413

Justiça seja feita a cada instante
E nada que permita o ledo caos
Vivendo o que pudesse em tais degraus
Expresso o quanto ronde a se garante,
Ainda que se queira doravante
Vencer os dias ermos, ledos, maus
E bebo dos espaços vários graus
Marcando o que tentara e me agigante,
Medonhamente espero o fim do jogo,
E nada do que possa mesmo em rogo
Expresso a solução que não viria,
Encontro noutro cais o meu alento
E bebo o que tentara e sei que tento
Apenas desvairada poesia.

414

Convém a quem tentara novo sonho
Macabra cena dita o quanto veio
De todo o caminhar velho receio
E o mundo se anuncia mais medonho,
E quando noutro passo eu já me ponho
Ousando sem sentido em devaneio
E bebo do que possa e vejo alheio,
O mundo onde este termo eu decomponho.
Encontro o descaminho e a descoberto
O tanto quanto possa sempre alerto
E vendo este cenário sem ajuda,
Não tendo quem de fato venha e acuda
Marcando o mundo em dor e mesmo em pranto,
Aos poucos sem sentido, desencanto.

415

Saber o que viria e mesmo assim
Tentar acreditar noutro momento
Enquanto no final já nada tento
Bebendo o que restara dentro em mim,
Vacante coração toma o jardim
E sorvo do mais duro sentimento,
E quando me entregando ao forte vento
Aprendo a construir o resto enfim,
E ledas noites vago sem ter paz,
O quanto posso e mesmo a vida traz
Esbarram-se diversas ilusões
E quero o que pudera ser além
Do quanto na verdade não mais vem
E enfim em sortilégios tais me expões.

416

Lavrador coração espera e aceita
Depois da imensa lavra, deste arado,
Vivendo o que deveras tento e brado,
No fim uma esperança tem colheita,
E o vago caminhar não se deleita
E marca outro cenário e dita o gado,
Reparo o meu anseio e relegado
Ao mundo que deveras já se espreita,
Espero apenas isso, algum alento,
E bebo o quanto pude e mesmo invento
Saídas tão diversas, mar e sol,
E quando nada houvera do meu mundo,
Apenas no que tange ora me inundo
E singro sem sentido este arrebol.


417


Para o que não pudera nem devia
Trazendo o meu olhar mais indiscreto
E quando na verdade eu me repleto
Ousando acreditar na poesia,
A luta se progride e sem valia
O rumo noutro passo não completo
Arcando com meu sonho predileto
Espero o que decerto não veria,
O ocaso se anuncia após a tarde
Crepuscular cenário que me aguarde
Nas brumas entre medos e fagulhas,
As sortes discordantes, ermos passos,
Deixando para trás os dias lassos
E neles outros tantos; já mergulhas…

418

Trabalhos entre rudes sentimentos
Herética manhã traduz o medo
E quando na verdade assim procedo
Eu sinto tal poder dos elementos,
O fogo, o vento, a terra, a inundação
O corte na raiz de uma esperança
E sei do quanto vence quem avança
Marcando com temor e imprevisão,
O lento caminhar sobre estas brasas
E nelas outras tantas num desenho
E quando no final deveras venho,
Sabendo o quanto segues, mas atrasas,
Esqueço cada passo e peço o prazo
E nada se fizesse por acaso.

419


Adubo o coração com esperança
E sei do que talvez já não se espere
E quando a própria história ora interfere
A sorte noutro lado em dor avança,
Podendo ser apenas a criança
Jogada pelos cantos, vida fere
Embora noutra face regenere
Tramando desde sempre uma mudança
Assaz feliz seguisse noutro passo,
E quando no final apenas traço
Vagando sobre os ermos termos vãos,
Ao vermos, mesmo sermos mais diversos
Ousando na expressão de velhos versos
Os dias não pudessem ser mais sãos.

420

Ateio com tal fúria cada passo
E bebo o quanto trago sem descanso
E quando na verdade assim me lanço
O mundo se desenha mais escasso,
E quantas vezes teimo e sempre traço
O prazo se anuncia e sem remanso,
O medo transitando aonde avanço
Sem rumo e direção deveras grasso,
E calo quando pude ter além
O manto que deveras me convém
Vencendo o meu caminho em ermos sonhos
Apenas traduzisse em verso rude
O quanto não teimara e desilude,
Gerando dias turvos e medonhos.

421


Um favorável dia após a bruma
Trazendo em raro sol a fantasia
E nisto o quanto possa e se veria
Apenas ao momento além já ruma,
E bebo do que possa e me acostuma
Gerando outro tormento dia a dia,
Negando o que inda resta e não teria
Sequer o que inda veja e assim resuma;
Seguindo o que tentara ser direito
Arcando com meus erros do passado
E quando na verdade me deleito
Bebendo cada gole inebriado,
Após o caminhar tudo desfeito,
Da sorte sem sentido ora me evado.

422

Estudos entre espaços sonhos cantos
Estéreis versos vejo quando tento
Bebendo o que pudera a cada vento,
Deixando para lá meus desencantos,
E sei dos meus anseios em ermos mantos
E nada mais que trace o sentimento
Além do que se visse num momento
Marcando com terror os medos tantos,
Ausento dos meus dias e não vejo
Sequer o que pudesse e em tal desejo
O verso se mostrara sem sentido,
O mundo não presume melhor sorte
E o tanto que deveras não comporte
Gerando o quanto tente e não me olvido.


423

O gosto desta boca em carmesim,
Os lábios delicados, como eu quis,
Cenário se mostrara mais feliz
E nisto outro caminho diz do fim,
Apenas o que resta dentro em mim,
O marco prenuncia o que se diz,
Do vago caminhar em cicatriz,
Gerando o quanto tento em vão motim,
Após a tempestade, em teu regaço
O mundo mais sutil eu quero e traço
Vestindo o quanto resta na alma pura,
A fúria de uma lida desconexa,
A sorte brota e gera a mais complexa
Verdade aonde o todo se assegura.

424

O quanto mesmo valho e nada trago
Semente de um momento em disparada
A luta noutra face desejada
E nisto sem sentido algum divago,
Bebendo o que se investe e o tempo vago
Ainda quando vejo e sei do nada,
Apenas o que trama esta alvorada
E neste caminhar a morte afago,
Esqueço dos meus dias entre tantos
E vendo os dias duros, desencantos
Marcantes heresias, nada além
E o mundo se presume noutra face
Ainda que tentasse e nada trace
Somente este vazio me convém.

425

Julgava pelo menos um alento
Depois do quanto tive sem sentir
O marco desenhando o que há de vir
Entrego o coração e invado o vento,
Espero o que restasse e quando invento
Reparo o quanto tenho a repartir
Rastreio cada passo a presumir
O quanto poderia em calmo vento,
Escusas não resolvem, mas eu sinto
O amor que tantas vezes vira extinto
Refeito em força máxima, ou até
Depois desta inaudita noite em vão,
As horas noutros dias morrerão,
Deixando para trás o sonho e a fé.

426

Dos cinco dedos todos diferentes
Apresentando as sinas que não possa
Viver quem na verdade em torpe troça
Apenas outros erros; eferentes,
Os olhos mais sutis e neles sentes
O todo que pensasse e nunca apossa
Do mundo sem saber da sorte nossa
E vague sobre pedras e serpentes.
Alio cada sonho com meu erro
E bebo do que possa em tal desterro
Vacantes noites seguem solitárias,
E os erros são comuns, mas mesmo assim,
O tempo noutro tempo diz do fim,
As horas sonegando luminárias.

427

Na séria luta feita a cada dia
O prazo não tramasse outro momento
E sei do que provenha e não alento
O mundo noutro rumo se veria,
A sorte não se vendo em alegria
O corte traduzindo o sofrimento,
A lida se resume em pensamento
E molda o que no fundo não teria,
Apenas o que tange e tanto rege
O sonho mesmo atroz de algum herege
Espraia-se ilusão e nada vem,
Somente o que se fez em tom audaz,
Ainda assim perdendo inteira a paz,
O mundo se anuncia em vil desdém.

428

Meditações diversas versos vagos
E sei dos meus anseios; desengano
O quanto se fez ver cotidiano
Arcando com tempestas, velhos tragos,
Somando tão somente os vãos estragos
A cada novo corte mais me dano
E sei do que teimasse noutro plano
E vivo o que tentara em vários lagos,
Afagos de uma vida sem proveito
O quanto nada trama e sempre aceito
O rústico veneno feito em vida,
A luta se transforma em corriqueira
Acendo da esperança esta fogueira
E sei da minha estrada vã, perdida.

429

Psicologicamente a vida traz
Olhares tão diversos, mas iguais
E o vento entre estas brisas, temporais
Pudesse na verdade ser audaz,
Ainda quando o todo satisfaz
Ou mesmo rondo passos mais banais,
Ousando em rumos torpes, siderais
Bebendo o que tentara e sei mordaz,
Acolho desenganos, sei do fim,
A morte se resume no que vim
Vagando sem destino em turbulência
A vida não presume qualquer fato
Destarte tão somente o que constato
Impede da esperança esta ciência.

430


Existe tão somente alguma luz
E nada se aproxima em perfeição
Os olhos procurando a dimensão
Exata do que possa e reproduz,
O manto se desenha e gera a cruz
Marcando os dias turvos que virão,
Ainda se pensara em turbilhão,
E nada do que tente me conduz,
Expressa a sensação do medo e tento
Vencer o que tivesse em sentimento
Reparo cada engano e bebo à sorte
Do quanto se vislumbre e já se acolha
A luta sem sentido traça a bolha
E nela nada mais tente ou comporte.

431


Reflexões tão diversas pude crer
Grassando sobre o nada ou mesmo até
Vivendo do que possa ser quem é
E tendo mais distante o amanhecer
Negando o que inda possa mesmo ver
O mundo se desenha e da galé
Expressa o quanto quis e já sem fé
Condeno-me ao que tente em paz jazer,
Depois de certo tempo sem ter nada,
A voz em sintonia não mais brada
E bebo à velha noite em caos e tédio,
Meu verso se resume no passado
E sei do quanto possa e se me evado
Desaba da emoção inteiro o prédio.


432

Felicidade? Apenas um momento
E nada mais vislumbro em noite escura
Caótica emoção que se assegura
Trazendo o quanto busco e mesmo invento,
Ainda que se veja alheamento
A senda mais audaz dita a tortura
E bebo em fartos goles, a amargura
E ao fim de certo tempo me arrebento
Negando o que inda tenha por viver
Apenas aprendendo a amortecer
A queda inevitável de quem sonha
A luta muitas vezes enfadonha
O prazo determina o fim do jogo
E o tempo se perdendo em fúria e fogo.

433

Preciso caminheiro sobre o nada
Expresso o quanto tenho e não tivera
Vivendo a minha luta em primavera
A sorte se imagina noutra alçada
E sei deste cenário onde se evada
A solidão traduz a velha fera
Embora desdentada, esta quimera
Ainda traz a face degradada,
Espúria sensação de ter alhures
O quanto no final já configures
Marcando com venal olhar medonho,
O verso sem sentido em tom sutil,
O preço que se paga e não se viu
É mais do quanto quis e te proponho.

434

Sonhar com tempestades temporais
E ver este cenário repetindo
O passo que pudera se esvaindo
Nos dias entre rastros e jograis,
Ainda que se vejam sempre mais
Os olhos noutro prazo agora findo,
Encontro o que se fez e distraindo
Apenas noutro instante descontrais,
Assenta-se a poeira e trama o fim,
Depois do quanto bebo vejo em mim
Cenário sem sentido e sem razão
Os olhos se perdendo no horizonte
Somente na verdade não desponte
E sei dos dias tantos que virão.

435

Estando na verdade já de fora
O tempo em termos tantos indigentes
Os olhos onde os sonhos também sentes
A sorte noutro passo me apavora,
E o verso se permite sem demora
Ousar entre caminhos divergentes
E mesmo quando sinto mais contentes
Os ermos entremeiam o que ancora,
Apresentando o caos a cada instante
O nada na verdade se adiante
E deixe como rastro o sangue e o talho,
Ainda que pudesse acreditar
Nos termos onde viva a procurar,
Ao nada sem sentido algum batalho.

436

As tantas e diversas condições
Em eras mais diversas, priscas eras.
O quanto num momento destemperas
Recende ao quanto possas ou expões
A vida se apresenta em tais lições
E mata em nascedouro primaveras
E neste caminhar intensas feras
Chegando de diversas direções.
A vasta e gasta noite sem remendo,
O prazo noutro acaso se perdendo
E prendo o meu olhar neste vazio,
O quanto crio e bebo do jamais,
A mais do que concebo em dias tais,
Apenas vagas cenas eu recrio.


437

Essência tão diversa da que um dia
Experimentos tantos me dissessem
E nisto outros caminhos se obedecem
Gerando o que talvez; nunca haveria
O peso se traduz em agonia
Os versos entre rudes sonhos tecem
E os antros mais vorazes se merecem,
Matando o quanto resta em alegria,
Presumo com meu verso em decadência
O quanto não se fez em toda essência
Esclarecendo apenas o não ter,
Renasço quando vejo em teu olhar
O quando poderia mergulhar,
Mesmo que seja após o entardecer.

438

Humana realidade é torpe e vaga
O caos se aproximando dita o rumo,
E quando na verdade o que resumo
Traduz em sofrimento inteira a plaga,
A luta não cessando já divaga
E bebe da esperança o podre sumo,
E sinto o quanto tenho e me consumo
Bebendo do vazio que se traga,
Apenas inundasse o que não veio
Meu mundo sem sentido segue alheio
Ao quanto poderia ser e nada,
Ainda que se veja qualquer fonte
A luta na verdade desaponte
E marque com terror a nossa estrada.

439

Nossa verdade apenas não diria
O todo que se quer e não viera
A solidão expressa o que sincera
E francamente vejo dia a dia,
E sei do meu cenário em utopia
E quando se examina e se tempera
A luta com temor já me exaspera
E marca em tom atroz velha harmonia,
Mecânicas diversas, mesmo tom,
O sol se desenhando de neon
E o preço a se pagar, mortal cenário,
O prazo determina o fim de tudo
E quando no final me desiludo
Presumo o verso aquém imaginário.

440

Admite qualquer passo contra a fúria
Dos dias entre medos tão somente
E quando noutro encanto se apresente
A luta se traduz em mera incúria
A sorte sendo vaga ou mesmo espúria
Sonega ao solo brando uma semente
E o tanto quanto quero só me mente
E expressa qualquer medo em vã lamúria
Esbarro nos engodos e pressinto
O quanto se pensara e vejo extinto
Depois da sordidez em noite rude,
Apenas o que tento noutro rumo,
Esqueço da emoção e me consumo
Além do que tentara e mesmo pude.

441

O quanto esta fortuna fosse minha
Na sorte tanto ingrata e variável
O tempo noutro rumo demonstrável
Expressa a sorte atroz, mesmo mesquinha
E vejo que tentara noutra linha
Seguir esta emoção mesmo impalpável
O tanto se desenha palatável
E o mundo sem sentido desalinha,
Escapo das falésias, das escarpas
E sinto em minha pele as finas farpas
Num único momento em turbulência
Aos poucos sem sentido ou quase sem,
O tempo não traduz o quanto vem,
E a vida no final nega a ciência.

442

Conquanto não pudesse ser assim,
Meu prazo determina o fim de tudo
E quando no final me desiludo
Ascendo ao que tentasse dentro em mim,
No tempo se transcorre e bebo o fim,
Depois de tantas vezes quando mudo
O medo se anuncia e assim transmudo
O passo desenhando o rastro enfim…
Escuto o vento e vejo após o todo
Apenas o vazio deste engodo
E risco então teu nome e sigo em frente
Ao quanto se presume em verso e sonho,
Somente a cada instante decomponho
O quanto na verdade se desmente.


443

Fizesse do meu mundo outro momento
E tanto quanto quis nada permita
A luta que se trama e assim finita
Expressa o que em vacância eu alimento
Na espúria sensação bebendo o vento
A sorte no final não acredita
E quando todo engodo necessita
A morte se anuncia e não lamento,
Arcando com meus erros, sigo aquém
Do tempo noutro tempo em luta arrisco
E bebo da certeza feita em tédio,
Ainda da esperança sem assédio
O mundo se resume em mero risco.

444

Professo a paz e tento novamente
Vencer os desamparos quando vendo
O mundo noutro passo em dividendo
Toando dentro da alma esta vertente,
Bebesse o que se mostre e mesmo tente,
Resulto do caminho onde desvendo
O prazo sem proveito, e assim ascendo
Ao tanto quanto quis impertinente,
Vestisse desta luta o que não trago,
A manta se anuncia e quando em vago
Cenário o preço cobra ou muito mais,
Esqueço os dissabores e presumo,
O tempo quando apenas noutro rumo
Soubesse de infindáveis vendavais.

445

Desprezas o que tanto te queria,
E o marco sem sentido e nem proveito
Enquanto no vazio ora me deito
A sorte se anuncia derradeira,
A morte noutro ponto já se esgueira
E gera o que pudesse e não aceito
Ainda que se faça além o leito
O rio vencerá tal corredeira,
A nesta confluência, vida e morte
Apenas o caminho se comporte
Qual fosse um fosso enorme ou mesmo atroz,
Arcando com meus versos sem sentido
O tempo quando muito o dilapido
Sabendo que o final se faz após.

446

No glorioso passo rumo ao fardo
Diverso e insuportável que carrego,
O mundo mesmo sendo atroz e cego,
Traduz o quanto quero e mesmo aguardo,
O nada noutro instante já resguardo
E bebo o patamar onde navego,
E sinto o caminhar enquanto rego
Meus olhos com temor, ardor e cardo.
Esqueço das diversas heresias
E quando no infinito também guias
Vestindo a mais insólita presença
A decadência gera outro cenário,
E sei do meu caminho solitário
E nada mais deveras me convença.

447

Num cínico sorriso, a sorte trama
A luta sem sentido e mesmo assim
Erguendo o que pudesse vejo em mim
A noite desdenhosa em clara chama,
E o preço se acrescenta e já reclama
Do corte na raiz, ledo jardim,
Aprendo com constância e sei do fim,
Apenas desenhado em velho drama,
A parte que me cabe, com certeza
Não traz sequer as cartas sobre a mesa
Nem mesmo outra verdade ou rumo audaz,
Assíduo caminheiro sem ternura,
A morte neste instante se afigura
E o vento tão somente o corte traz.

448

Um ano se desenha em doze meses
Na dúzia de esperanças renováveis,
Porém nestes momentos são notáveis
Os erros entre tantos, tantas vezes,
A luta se anuncia e nada vindo
Somente o que pudera e não se visse,
A sorte desenhando esta tolice
Expressa o quanto possa distraindo,
Apenas a verdade sobrevive
E traz a liberdade que eu quisera
A via mais comum expressa a fera
E mesmo sem sentido não contive,
Apresentando ao fim o ledo espaço,
Ainda sem proveito eu me desfaço.

449

Buscara tão somente enfim a paz
Grassando sobre os erros do passado,
E o tempo quando muito quero e brado
Mortalhas entre riscos, tanto faz,
O medo se anuncia enquanto traz
O rústico momento e se me evado
O manto que pudera consagrado
Acolhe o quanto em rumo se desfaz,
Aparto dos meus passos ermos erros
E sei dos velhos cantos em desterros
Divirjo do que possa me trazer
Apenas sofrimento e passo além
Do quanto sei que tantas vezes vem
Gerando após o medo, o desprazer.

450

Inalteráveis passos noite afora,
E o medo se anuncia numa esquina,
A fúria sem sentido nos domina
E o canto noutro tom tanto apavora,
O barco sem segredos desancora,
A luta com certeza não termina
E quando esta esperança além não mina,
O prazo não se estende e vejo-a agora.
Esqueço cada verso do passado,
E tento acreditar neste dourado
Caminho que jamais se permitira,
Depois de certo espaço tempo e medo
Apenas ao vazio eu me concedo
Sabendo ser o amor, grande mentira.

451

Desconhecida sorte de quem tenta
E bebe sempre as mesmas ilusões,
E quando no final me decompões
A luta se mostrara mais sangrenta
Após a plenitude outra tormenta
E assim seguem diversas emoções,
Navego contra tantas dimensões
E nelas outro caos vida alimenta,
Eclodem neste instante nebulosas,
E sei do quanto fossem caprichosas
As horas entre temas mais diversos,
Vagando sem proveito e nem sentido,
Ao menos no final de tudo olvido
E tento calmaria em toscos versos.

452

Desde sempre vagando em noite escura
Esbarro nos meus erros e me vejo
Depois do quanto possa em tom sobejo
Vestir a tola face da procura,
A manta que aos pedaços configura
O prato delicado que inda almejo,
Depois de cada verso onde porejo
A sorte sem conforto, em amargura,
Percorro velhas sendas e pressinto
Talvez como loucura ou mesmo instinto
Momento aonde eu possa ter a paz,
Mas sei quanto é volúvel a vida e então
Sem ter sequer a mera precisão,
O rústico delírio o tempo traz.

453

A morte do que fora noutro canto
Apenas um momento e nada mais,
Expressa entre diversos vendavais
O todo que não possa e nem garanto,
Presumo no final e tento o quanto
Encontre nos meus passos nos quintais
Quarando as esperanças nos varais,
O medo se anuncia e dita o pranto
A cada canto um beco sem saída,
Além da mais complexa e dividida
Estrada nada vejo senão isto,
E bebo o que me resta enquanto brindo
Ao tempo mais atroz e quando o findo
Somente sem futuro, enfim desisto.

454

Desfrute deste tempo em tantos tentos
Ostentas entre os olhos raro brilho,
E quando sonegando aonde eu trilho
Expresso a direção e bebo os ventos,
Os dias entre enganos, desatentos
A cada nova alçada este estribilho
E quantas vezes tento e assim me pilho
Vestindo a sordidez dos desalentos,
Presumo qualquer tom e sei do fim,
Ainda que se possa crer em mim,
Jamais mergulharia neste mar,
Salgando uma esperança em raro alerta
O mundo noutro instante se desperta
E nega o que eu buscara desejar.

455

Meu mundo noutro passo não teria
Sequer o quanto quero e não mais possa,
A vida se pudesse além da fossa
Gerando com ternura esta harmonia
Vertendo a cada engano outra fobia,
A morte em todo passo invade e apossa
Ousando na verdade em velha troça
Destroça o quanto quis e não teria,
Encontro os meus fantasmas, sigo alheio
Ao mar que tantas vezes mal rodeio,
E sinto em discordância o quanto houvera
Depois de cada espaço sem proveito
Sozinho neste chão, quando me deito,
Apenas renovando eterna espera.

456

Se quando a vida trouxe escapatória
Vertendo qualquer luz sobre quem trame
Vencer a solidão, ledo ditame
Ou mesmo esta esperança transitória
O corte se anuncia e peremptória
A vida se presume num enxame
E marca com terror o quanto clame
Negando a quem viesse a vaga história
E o beijo em traição, trinta dinheiros
Os ermos são retratos dos luzeiros
E neles outros tantos refletidos,
Assisto ao que perdesse a direção
E sei da turbulência e negação
Dos dias entre medos consumidos.

457

Lançando em tom sombrio a minha voz,
Jamais imaginei um dia a mais
E o carma me acompanha e descontrais
O todo que pudesse logo após,
O rum desdenhando a velha foz,
Os dias são supernos vendavais
E quantas vezes; mesmo em desiguais
Momentos; não se ouvisse o tom atroz,
Apresentar escusas tão somente
Enquanto no final nada garante
Expressa esta ilusão que galopante
Negasse algum plantio e sem semente
Toando sem sentido a luta em vão
Encontro o que pudesse desde então.

458

Compassivos olhares buscam paz
E bebo com fartura o que inda tento
Vestindo o mais atroz pressentimento
O mundo noutro passo não se faz,
E o sonho desdenhando o capataz
O risco de viver alheamento
Tocando a minha face inteiro o vento,
O manto se traduz bem mais audaz,
Acolho com meus versos o passado
E bebo em goles fartos o futuro,
Mas sei do quanto resta e me asseguro
Enquanto a cada instante mais me evado
Tecendo o que jamais fora tão certo,
O canto sem sinal algum deserto.

459

Os olhos vasculhando cada ponto
Aonde se tentasse caminhar
Vencendo esta expressão em ledo mar,
O marco desenhado, eu desaponto
E quando no final nada desconto
E peço o que pudesse me tocar
Com olhos de quem busca enfim sonhar,
A vida noutra senda, em contraponto,
Despontam-se diversas heresias
E vejo as emoções mesmo sombrias
Rondando cada noite em vaga luz,
Apenas pirilampos, nada mais
Estrelas se escondendo sem jamais
Trazerem o que em paz não mais conduz.


460



Decretos entre erratas e preâmbulos
Os dias não repetem cada passo
E quando no final tudo desfaço
Meus versos não seriam mais noctâmbulos
E sei dos meus anseios que funâmbulos
Tentando em desvario este compasso,
E vejo o quanto possa e mesmo traço
Os sonhos mesmo em passos vãos sonâmbulos.
Apresentando o fim de cada história
E nada mais trouxera na memória
Vestindo o que se fez em temporal,
Aos poucos se resume a fantasia
E o quanto no final não poderia
Eu vago pelo espaço sideral.

461


Eu sei o quanto gosto enfim de ti,
E sigo cada rastro que deixaste
A vida se desenha e em tal contraste
O quanto ainda tenho e já perdi,
Vencido caminheiro eu percebi
O sonho sem saber sequer desta haste
E quando no final me sonegaste,
O mundo desabara inteiro, aqui.
Amar e crer possível novo passo
Enquanto o velho rumo eu já desfaço
E traço noutro espaço uma esperança,
Mas mesmo que se lança noutro instante
Estância desejada não garante
A vida quando em nada após avança.

462

O amor desenha em si tanta doidice
E vaga entre as tormentas e tempestas,
Mas quando no final já não te emprestas
Ao sonho que em verdade inda te visse,
Pudera superar qualquer crendice
E penetrando o sol por entre as frestas
Regendo da alegria raras festas,
Aonde o que quisera permitisse.
Vestígios de outras eras, solidão,
Os passos noutro rumo se darão
E mesmo em tal loucura se permita
Viver a plenitude sem temores
Seguido tão somente aonde fores,
A senda se anuncia mais bonita.

463

O quanto que falasse deste encanto
Verdades ou mentiras? Tanto faz,
O canto se espalhando em rara paz,
Matando em nascedouro algum quebranto
E sei do que deveras mais garanto
Num passo mesmo após, e tão audaz,
O sonho quando enfronho satisfaz
Negando o que pudera ser em pranto,
Esqueço os desafetos, busco o rumo,
E quando na verdade me consumo
Nos ermos de minha alma vejo a luz,
Destarte o caminhar se faz constante
E bebo do futuro e doravante
Ao tanto que pudera amor conduz.

464

Um louco sem sentido e sem proveito
Ferrenha solução em noite escusa
E quando na verdade não se abusa
Adentra sem limites, velho leito,
E o tempo noutro tempo contrafeito
O caos derrama a luta mais confusa
E sei desta verdade onde profusa
Semente não produz o quanto aceito,
Esqueço o que versava sobre o tanto
Marcante delirar onde me espanto
E bebo gole a gole a eternidade,
Ainda que tentasse em tom diverso
Aos poucos sem sentido algum eu verso
E nisto o meu caminho se degrade.

465

Das nuvens tempestade se anuncia
E sei brumosa a tarde que ora cai,
E o vento noutro tempo já se esvai
E o canto sem temor gera a alegria,
O mundo se presume e sei que vai
Seguindo o que sentisse o dia a dia,
O manto noutro canto em rebeldia,
Matando num momento mãe e pai,
Algozes de nós mesmos, nada tendo
Apenas o que resta e num remendo
Expresso a solidão e sei do caos,
Ao menos quis a sorte mais além
Do todo que deveras sempre vem
Alçando desta vida vários graus.

466

Empanas com mentiras, cinzas brumas,
E bebo sem sentido o quanto veio,
Apenas o que tanto diz receio
Enquanto no final aquém te esfumas,
As horas entre medos acostumas
E sei do que pudera em devaneio
Aprendo ao quanto vira sem o anseio
Vagando como fossem meras plumas,
Ao vento sem sentido e ao deus-dará
O todo noutro rumo levará
Somente este momento em rara luz,
O marco se desenha em tom sutil,
E sei do quanto possa e se previu,
Pousando aonde o sonho em paz eu pus.

467

O claro caminhar em paz e glória
Gerasse alguma sorte mais audaz,
E tanto quando a vida já nos traz
Vestígios resumidos na memória,
O prazo noutro tanto sem vanglória
O rústico caminho tão tenaz
E o vento que deveras me desfaz
Trazendo esta versão mais merencória
Do pendular cenário em turva face,
A morte sobre o sonho agora grasse
E deixe como sombra apenas isto;
Vestindo alegoria de quem tenta
Saber do que se visse após tormenta,
E neste desenhar em vão insisto.

468

Formoso sol invade esta alameda,
Apenas um momento e nada mais,
Depois ao presumir os vendavais,
A sorte de tal forma não proceda
E quando na verdade assim já ceda
O passo onde deveras tanto trais
Marcando dias turvos, desiguais
Ainda se presume e não conceda,
Sequer o quanto possa acreditar,
Narcísico momento dita o mar,
Amar e ter no olhar o brilho raro,
De quem se fez alerta e não sabia
Bebendo com fartura da alegria,
Enquanto o coração quero e escancaro.

469

Ao ver neste horizonte o raro sol,
Esplêndida manhã se anunciando,
O tempo que pensara mais infando
Afasta-se decerto do arrebol,
Prossigo sem temores, sempre em prol
Do sonho noutro encanto desenhando
E beijo este momento desde quando
Amor pudesse ser nosso farol.
Represo dentro da alma esta emoção
E bebo os dias calmos que trarão
Alento a quem deseja sempre a paz,
Depois do que pensara ser diverso
Bebendo toda a luz deste universo
Meu mundo noutro passo o brilho traz.

470

O mundo na verdade traz em meio
Aos tantos caminhares luz e glória
A sorte se anuncia e na memória
Marcando com ternura o que não veio,
Ainda se anuncia em devaneio,
E bebo o quanto pude noutra história
E vejo tão somente esta vitória
Gerando o quanto possa noutro anseio,
Depois de certos erros, desengano,
E quando no final sempre me dano
Bebendo cada gole em aspereza
A manta consagrada já puída
Não deixa que se veja em leda vida
A porta se entreabrindo de surpresa.

471

O céu que se anuncia em claridade,
O azul se desenhando após tempesta,
O mundo se anuncia e assim se empresta
Ao quanto poderia em liberdade,
Ainda quando o sonho sempre invade
E bebo da alegria que me resta
Ao presumir enfim a rara festa
O tempo se anuncia em tal verdade,
Mergulho no horizonte e nada temo,
Ainda que se possa noutro extremo
Encontro o que procuro outrora em vão,
Após a aposta posta sobre a mesa
A luta se desdenha e sem surpresa
Os dados me repetem mesmo não.

472

Banhavas com teus versos os meus dias,
E sei dos antros vagos, súcias tantas
E nada do que possa mais garantas
Senão as velhas faces e ironias,
Gerando o que talvez não mais querias
E nisto outras versões tu me adiantas
Assento no passado as velhas mantas
Rompidas as barreiras que tu crias,
Espero após a imensa inundação
Um dia mais tranqüilo e desde então
O passo sem moldando sem conforto,
Ainda trago em mim a viva imagem
Desta explosão gigante na barragem,
E o olhar sem mais destino, semimorto.

473

A radiante sorte que tentei
Jamais se poderia imaginar
Ainda que teimasse em procurar
Vagando por diversa e leda grei,
Amar e ser feliz, bendita lei
E nada do que possa então tramar
Desenha dentro da alma este luar
E nele cada passo que entranhei,
Brandindo contra o tempo em dor e medo,
Apenas de tal forma me concedo
Vestígios do que fosse não mais trago
E vivo este momento sem depois,
Sabendo do que possa entre nós dois
Morrer sem mais sequer qualquer afago.

474

A luz do teu olhar nos olhos meus
Os dias entre tantas ilusões
E quando noutro espaço tu me expões
Quem dera se pudessem apogeus...
Os ritos desenhando cada adeus
E neles as fatais exposições
Dos ermos entre tantos vis verões
Erráticos momentos, perigeus.
Apresentando apenas o vazio
Arcar com cada engano ou mais um pouco,
E sei que na verdade eu me treslouco
Buscando no final o desafio,
Agindo de tal forma sem surpresa
A luta se desenha em incerteza.

475

Ainda que se vissem tantos raios
E neles outros vários refletidos
Os olhos entre dias desvalidos
Marcando sem sentido tantos maios,
Os passos, noutros rumos, velhos, baios
Presumo o que pudesse em carcomidos
Momentos onde vejo os destruídos
Reflexo dos meus ermos, vis lacaios.
E tanto quanto pude imaginar
Cenário se moldando a divagar
Tramando o que em verdade não resiste,
A luta se transforma em tal costume
E quando no final tanto resume
O olhar que se pensara amargo e triste.

476

Em escabrosas noites, armadilhas,
As sendas mais atrozes; já percebes
E quando se desenha nestas sebes
As sortes mais diversas que tu trilhas,
Bebendo dos meus dias, não polvilhas
Sequer o que pudesse e assim concebes
Depois do quanto vives e recebes
Deixando o coração imerso em ilhas,
Apenas nada tendo ou mais retendo
O medo se acrescenta em dividendo
E disto dos meus passos num instante,
Assisto à derrocada do que outrora
Tentasse e na verdade desancora
Matando o quanto possa e não garante.

477

A vida se traduz nas cordilheiras
E bebo gole a gole esta emoção,
Gerando após o medo a imprecisão
Dos dias quando muito além tu queiras,
Não tento caminhar enquanto esgueiras
Vagando sem sentido e direção,
Bebendo a sorte em grande provisão
Palavras não seriam verdadeiras,
Acreditando sempre em cada fato
Aonde o que pensara eu mal constato
Retratos mais fiéis do que se fez
Em lúbrica vontade sensual
O corpo se anuncia em sol e sal,
Tramando a mais completa insensatez.

478

São férteis os caminhos deste encanto
E bebo em goles fartos o que eu possa,
Palavra se traduz enquanto é nossa
Destarte sem temor algum eu canto,
No fundo nada mais tente ou garanto
Sequer o quanto a vida em dores roça
Matando o que a verdade agora empoça
E trama o que pudera enquanto espanto,
Apenas serventia não teria
Meu verso se traduz em agonia
E bebe com fartura apenas fel,
Sem rumo sem destino nexo e norte,
Tecendo o que deveras não conforte
A vida se desenha em carrossel.

479

Os planos caminhares noite afora,
O cântico promete alguma luz,
Mas quando no vazio reproduz
A fonte que deveras nos devora,
O verso na verdade desancora
E o preço a se pagar ora conduz
Ao manto mais atroz em contraluz,
E o fardo que carrego me apavora,
Voracidade intensa? Mero engodo,
Apenas na verdade sei do lodo
Do charco e da mesquinha fantasia,
Ainda que se veja noutro instante
O mundo na verdade não garante
Sequer o que deveras já queria.

480

O tanto que se vira aqui ou lá
O manto se transforma em tom grisalho
E quando no final tanto batalho,
Marcando o que pudesse e volverá
Matando o que bem sei não mais virá
Aos poucos sem destino ora me espalho
E bebo do que possa e me atrapalho
Sabendo o quanto resta aqui ou lá.
Amenas luzes dizem do passado,
E o tempo noutro corte desenhado
Evado-me somente do que houvera,
E sinto o quanto resta dentro em nós
Vivendo o que pudera noutra voz,
Espelha a cada olhar a rude fera.

481

Apunhalando a sorte vingativa
E tendo nos meus olhos o horizonte
Ainda que deveras não desponte
Minha alma se mostrara mais cativa
E quando tão somente sobreviva
Marcando com terror a leda fonte
E nada mais tivesse nem a ponte
Que tanto se quisera e em dores criva,
Apenas o que resta dentro em nós
Pudesse acreditar no tom atroz
Vencendo o dia a dia sem temor,
E o mundo se anuncia de tal forma
E quando na verdade se transforma
Procuro ao fim de tudo outro valor.

482

Deitando sobre os erros sem sentido
E vejo tão somente o mesmo anseio
E quando na verdade nada veio
Apenas o que resta inda lapido,
Apenas o cenário revolvido
O manto noutro prazo sem receio
E o preço a se pagar, em devaneio
Traduz o que pensara distraído.
Vestindo o meu caminho em luz e trago
E marco a cada instante o mero estrago
Vencido alguma sorte sem saber
O quanto poderia noutro passo,
Mas quando no final já nada faço
Esqueço o que se quis amanhecer.

483

E quando o quanto resta tu salivas
E bebes outro gole ou mais um dia
Vencendo a sorte e nisto moldaria
As sortes entre as tantas, mais cativas;
Esqueço qualquer tom e nada houvera
Senão a mesma luta sem saber
Do quanto poderia acontecer
Gestando dentro da alma a sorte fera,
A luta se anuncia noutro rumo,
O preço a se pagar nada me dita
Senão a voz em luta e da desdita
Apenas o que resta e assim consumo,
Não tendo outra verdade e nem pudesse
Ainda que talvez trouxesse a messe.

484

Penhascos que ultrapasso a cada dia
Expressam as verdades mais sutis
E sei do quanto possa e se desdiz
Marcando a velha sorte mais sombria,
E o tempo noutro sonho não veria
E o prazo se perdendo contradiz
Destarte o que pudera não se quis
Gerando o que tentara em alegria,
Repare cada sonho e veja bem
Ainda o que tentasse e sempre vem
Mostrando alguma cena mais sutil,
Depois do que se fez em tempestade
O mundo pouco a pouco se degrade
Deixando para trás o que se viu.


485

Tranquilidade apenas o que resta
Em luta tão atroz quanto venal,
E o dia se desenha sempre igual,
Marcando o coração em rara festa,
O mundo sem caminho tanto empesta
E vejo outro cenário bem ou mal,
Vagando pelo espaço sideral,
E nisto o que se veja adentra a fresta,
Esqueço os meus anseios e seguindo
O passo onde talvez não mais se visse
Além do que pensara ser crendice,
Num mundo sem caminho ou mesmo infindo,
Matando com terror o quanto é rude
O passo onde tentara e desilude.

486

Olhando este momento quando aponta
Na face mais dorida esta verdade,
O manto que recobre já degrade
O medo sem sentido e perco a conta,
A luta com certeza não desponta
Nem deixa que se veja em claridade
Os olhos noutro rumo em liberdade,
Usando com temor o quanto apronta.
A sorte não pudera ser assim,
Marcando com ternura o que no fim
Perdendo a direção e sem caminho
Meu mundo não teria mais sentido,
O tempo noutro tempo resumido
Num ato tão voraz quanto mesquinho.

487

Vinganças tão comuns a quem se faz
Além da tempestade ou mesmo o canto,
Apenas o que trace em desencanto
Marcando o que tentasse mais audaz,
Não posso e não teria ainda a paz
Que o mundo se desenha e noutro canto
O risco se anuncia enquanto espanto
O verso que se fez bem mais tenaz,
Apenas o meu mundo não teria
Sequer o quanto possa em alegria
Ou mesmo redimisse noutra cena,
Assim o que vivesse neste entalhe
O mundo quando o corte adentra e falhe
Deixando o que restara e se condena.

488

Afirmo com meu passo o que tentasse
Marcando a solidão em novo rumo,
E o vasto se desenha e quando assumo,
Gerando o que teimasse noutro impasse,
Vagando sem saber o que mostrasse
Vencendo o que se vira num resumo,
E bebo do que tanto em vão presumo,
E nisto a sorte dita este repasse,
O frágil caminhar entre tempestas
Trazendo para os sonhos o que emprestas
Ao manto mais suave e mais feliz,
Depois do desvario em noite clara
A sorte sem sentido se declara,
E o mundo sem paragem contradiz.

489

Arcando com enganos ou talvez
Negando o que teimara e sendo assim,
O mundo se aproxima e quando vim
Marcantes ilusões, tudo desfez,
O prazo se anuncia e nada vês
O canto discordante traz o fim
E a sombra da verdade traz enfim,
A luta na completa insensatez,
Reparo os meus anseios e desvendo
O quanto noutro passo não contendo
Enfrenta a tempestade costumeira,
E sei desta mortalha que inda teces
E nada mais resolve nem as preces,
A sorte me trazendo o quanto queira.

490

Um gole ou mesmo o tempo sem proveito
Na rústica vontade sem sentido,
Mergulho no vazio e resumido
Caminho traduzindo onde deleito,
Bebendo o que se queira eu logo aceito
E vivo noutro prazo destruído
Restando o que tentara e já perdido
Não tendo outro caminho, perco o pleito,
Alentos entre ventos e temores.
Seguindo cada passo aonde fores,
Marcando o dia a dia sem temores,
E quando o rumo segue noutra senda
A sorte com vigor não mais atenda
Seguindo sem saber mesmo onde fores.


491



Reparo cada anseio que inda trame
Após a tempestade uma bonança
A vida com certeza já me cansa,
E o medo se transforma em tal enxame,
A luta se anuncia em vão ditame,
O prazo se querendo nada alcança
O medo se anuncia e quando avança
Ainda que tentara e jamais clame,
Vestindo esta ilusão nada mais resta
Somente o que se molde e quando em fresta
Arestas apontando ditam rotas,
E nada do que eu possa se traduz,
Neste âmbito diverso em vária luz
E assim os desenganos tu não notas.

492

Inebriado bebo em tua pele
Suor deste prazer inigualável,
O tempo se anuncia em agradável
Caminho que deveras me compele
E mesmo que traduza o que se apele
Vestindo outro momento mais amável,
Festivo caminhar traz o intragável
Vagando o que talvez enfim se apele,
Na senda mais diversa e mesmo atroz
O mundo se desdenha logo após
Deixando para trás qualquer caminho,
O medo se anuncia e nada vejo
Somente o quanto houvera noutro ensejo
Deixando este cenário mais mesquinho.

493

Podíamos viver o que talvez
Ainda se acredite ser mais claro
E quando no final tanto declaro
O mundo que pensara e não mais crês,
A sorte se produz e quando a vês
Expressas emoções, e sendo raro
O amor que na verdade em desamparo,
Marcando o quanto possa em lucidez,
Meu canto se traduz em verso e canto,
Após o que se visse em desencanto
Restando muito pouco ou quase nada,
A luta se expressando sem sentido,
O corte se anuncia em desprovido
Momento em nova sorte anunciada.

494

Pressinto o que viria e não se veja
Somente o quanto trago não resolve,
E o vento quando ataca e tanto envolve
Marcando a sorte outrora benfazeja,
Ainda que deveras assim seja
Meu canto noutro encanto se revolve
E gera a solidão e nada volve
Ao quanto poderia e até se almeja,
Arcando com erráticos caminhos,
Os olhos se mostrando em tons mesquinhos,
Apraz-me perceber um dia além,
Mas todo este cenário desabasse
E nisto se moldara noutra face
O quanto na verdade nunca vem.

495

Sentindo se evadir em verso e prosa
O amor que não concebo e não teria
Marcando com temor o dia a dia,
A luta se mostrara caprichosa,
E vendo o que restara em fabulosa
Vontade além de toda esta histeria
A morte quando muito se anuncia
E gera a mesma senda majestosa,
Reprovas os meus erros costumeiros
E sigo mesmo contra os derradeiros
Momentos onde pude acreditar
No engano que causasse sem temor,
O prazo se perdendo em tal horror,
Matando o quanto resta a se mostrar.


496

Vazios que se vendo após o canto
Depois do desencanto desenhado,
O mundo com certeza quando evado,
Traçasse meu momento e não garanto
Sequer o que tentasse e não me espanto
Vestindo o quanto tente em desvendado
Momento sem sentido, desolado,
E nisto o que se fez não adianto,
Escassas noites dizem do que eu possa
Gerando esta incerteza, leda fossa,
Marcante sensação em tom sublime,
Assim o que inda resta dentro em mim,
Matando pouco a pouco segue assim,
Vivendo o que se queira e nos redime.


497

Sem pressa e sem tropeço sigo além
E deixo este tropel noutro momento,
Rondando o que se visse em provimento
O tanto quanto quero não mais vem,
E o pranto se transborda e sem ninguém
Apenas vou bebendo intenso vento
E quando no final apenas tento,
Vestir outro momento, sem refém,
Argutas noites entre constelares
E quando com certeza mal notares
Os ermos de minha alma seguem nus
O tempo se perdera sem sentido,
O corte noutro prazo resumido,
Somente este vazio reproduz.

498

Trazendo pelo menos num segundo
Amenas ilusões e nada mais,
Os olhos entre dias magistrais
O canto se esvaindo, vagabundo
E quando no final eu me aprofundo
E bebo destas ânsias desiguais
Açodam-me esperanças divinais
E nada do que possa ora fecundo,
Abarco com meus braços os engodos
Somando os meus anseios sei de todos
E os lodos entre os charcos, lagos, mangue,
Assim num outro corte me sentisse,
O vento revolvendo esta mesmice
Espalha sobre o solo todo o sangue.

499

Quisera acreditar no que não veio
Ungindo esta palavra: sedução,
E os olhos noutro rumo e direção
O tanto quanto possa vou alheio,
E o tempo sem sentido devaneio
E vejo os dias claros que trarão
Apenas o que reste em emoção
Matando o meu caminho em devaneio,
Das fráguas e fogueiras brasa e lenha,
O quanto da esperança me convenha
E marque com tentáculos diversos
Oráculos não sabem da metade,
E o quanto se perdera ou se degrade
Renega o quanto tenha em torpes versos.

500

Espero alguma sorte e nada sinto,
Somente o mesmo caos tão costumeiro
Quarando uma esperança no canteiro
O verso se mostrando agora extinto,
E bebi o que se trama noutro instinto
O mundo se mostrara verdadeiro,
Restando nos meus olhos o luzeiro
E nele outro caminho onde em tinto,
Vasculho dentro da alma e nada tenho,
Nem mesmo a garatuja, um vão desenho,
Cercado pelos erros de quem tenta
Na paz ou mesmo em luz ou lusco fusco
Trazer esta emoção que tanto busco,
Vencendo a cada engano outra tormenta.


501

Aquele sentimento que trouxera
Dos tempos mais temidos e vorazes
Das ânsias que deveras inda trazes
Marcando desde já tal primavera,
Anseio que se mostre e destempera
E nisto cada passo dita em fases
Diversas o que possa e guardo os ases,
No passo sem sentido em nova esfera.
Esqueço o que tivesse em não se visse
No fim o quanto dita esta crendice
Expressa a mesma face em serventia,
Nadando contra a fúria das marés
Olhando para o mundo de viés,
Vagando aonde nada mais veria.

502

O mundo que deveras se compôs
Gerando noutro passo algum instante
E quando se presume doravante
A luta que se mostra e nada opôs,
O corte se anuncia em ledo espaço
E bebo a solidão enquanto venço
Meu prazo determina o quanto é tenso
Caminho sem igual que agora eu traço,
Vestígios do passado noutro rumo,
E sinto se resume este universo
E quando para além do sonho eu verso,
Apenas o que trago enfim resumo,
E nisto tantas vezes sem escudo
Ao menos noutro engodo, enfim me iludo.

503

O tempo se desenha noutro canto
E o verso sem proveito e sem valia
Marcando o quanto pôde a poesia
Vagando sem sentido em desencanto,
Maçante caminhar gerando espanto
E bebo tão somente esta agonia
A luta se aproxima e não viria
Nem mesmo o passo enquanto me adianto,
Alheio ao que inda resta e bebo em sorte,
Sem ter o que talvez inda comporte,
Conforto? Mero ocaso e nada além,
A mansidão se expressa num segundo
E quando de ilusões ora me inundo
Apenas o vazio ainda vem.

504

A sorte em honra feita diz fortuna
Vencendo estes reveses costumeiros
E bebo dos encantos, teus luzeiros
Enquanto cada frase ora nos una,
Ainda que a saudade venha e puna
Marcando com terror velhos canteiros
Os dias poderiam derradeiros,
Na sólida expressão desta braúna.
Esqueço os meus anseios, sigo em frente
E o tanto quanto possa se apresente
Vertendo em alegria o verso em paz,
Ainda que se tente noutro rumo,
O tanto que pensara enquanto esfumo,
Deveras na verdade nada traz.

505

O quanto se deseja em tal vitória
Depois da tempestade e do terror,
Aprendo com ternura em tal louvor
Marcando a mesma lenda, nossa história,
E a senda que se fora merencória
Agora noutro passo em multicor
Traduz o quanto possa em redentor
Caminho que conheço de memória,
Aprendo com meus erros e somente
O tanto quanto possa e mesmo enfrente
Expressa noutro rumo o que foi meu,
Ascendo ao que deveras não mais vira,
E errático momento busca a mira
Que há tanto em turbulência se perdeu.

506

Alcançada manhã que tanto quis
Depois da noite em nuvens e trovões
E nisto com certeza agora expões
Um ar que se mostrara mais feliz,
O tempos se moldara em chamariz,
E nele outros momentos recompões
Vagando sobre as mesmas dimensões
O corte se anuncia por um triz,
E bebo em tua boca o meu prazer
E nisto me permito conhecer
A mágica expressão em luz e sonho,
Desdenhas o que trago, mas prossigo
E vendo este cenário onde me abrigo
Um novo e belo mundo, em paz componho.

507

Pelos cantos da casa poderia
Saber o quanto vens e na verdade
Tecendo o que deveras tanto invade
Marcando em consonância a poesia,
E nada mais talvez em alegria
Gerasse o que buscasse; claridade,
Ousando perceber da liberdade
O raio que seduz em utopia,
Vestígios de outras eras? Mesmo assim,
Ainda que viceje dentro em mim
Apenas a lembrança e nada mais,
Valera sempre o canto e sei do fato
Aonde com certeza o que resgato
Explode em noites quentes, sensuais.

508

Quem seja que me trace alguma sorte,
Depois do quanto é rude o caminhar
Meu verso não permita o delirar
Nem mesmo qualquer tom negasse aporte,
E o vento dominando todo o norte
O beijo aonde eu pude me entregar
Vontade de somente mergulhar
No braço de quem tanto me conforte,
Ansiosamente vejo o que viria
E sei da mais superna fantasia
Vestindo esta emoção que nada nega,
O mundo em raios claros e ditosos,
Os dias são deveras majestosos
Quais vinhos nobres raros, numa adega.

509


Do quanto se acredita ou mesmo mude
Refém desta ilusão e apenas isso,
O mundo que eu tentara; movediço
O prazo determina esta atitude,
E nada que talvez teimando; ilude
Marcando este caminho tão mortiço
E quando no final já não mais viço
Aprendo com temor e plenitude,
Assenta-se a poeira da esperança
E o prazo sem destino ao fim se lança
Medonha e caricata noite em vão,
Ainda se acredita noutro impasse,
E quando na verdade se mostrasse
Os dias entre tantos se verão.

510

Pretendo tão somente algum alento
E bebo deste vinho em tons diversos,
Ainda que se vejam raros versos
A luta se transforma em sofrimento,
O quanto mais pensara e mesmo invento
Redime os meus anseios mais perversos
E nestes caminhares já submersos
Os prazos onde rondo o pensamento,
Acolho desenganos e sei bem
Do quanto na verdade me convém
E trama em caricata face o fim,
Apenas o que eu vejo não se traça
Deixando a sensação desta fumaça
Vivendo o quanto resta dentro em mim.

511

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