segunda-feira, 30 de maio de 2011

1

Gira a roda da esperança
E procuro novo encanto
Onde a vida faz seu tanto
E o passado em vão se lança
O que possa em confiança
Desenhando o roto manto
Do caminho em que garanto
Solidão decerto avança.
Não pudera com pureza
Ter no olhar esta certeza
De quem tanto se procura,
Enveredo nos meus erros
Seduzindo em meus desterros
Pelo horror, farta loucura.

2

Haveria qualquer sonho
E talvez mesmo pudesse
Desenhar nova benesse
Ou o tanto que proponho,
Na verdade este enfadonho
Caminhar onde se esquece
Desta estrada que se tece
Noutro passo, mais medonho.
Resumindo o verso em mim
O que pude e sei enfim
Nada mais me serviria
O tormento se adianta
Na palavra rude e quanta
Emoção a cada dia.

3

Jorram d’olhos as certezas
Que pudessem me trazer
Tão somente este querer
Ou quem sabe mais surpresas.
Os meus dias, meras presas,
A vontade de saber
O que possa mesmo ser
Outro fardo em velhas mesas.
Ansiosamente vejo
O que tente num lampejo
Desenhando em claridade,
A versão que se aprofunda
Mesmo na alma vagabunda
O terror agora invade.

4

Levo além do que podia
Todo o sonho de um passado
Ao viver esta agonia
Noutro tanto desenhado,
Pouco a pouco não veria
O momento desejado
E se fosse esta utopia
Onde o tanto é sonegado.
Verso sobre o nada ter
E procuro calmamente
O que possa me trazer
O caminho que apresente
A vontade de viver
Revogando a dor, demente.

5

Longamente vejo a vida
De tal forma que se possa
Traduzir a despedida
Que se molda em rude troça
Na esperança a ser cumprida
Na verdade que se endossa
Outra cena repetida,
Traduzindo a sorte; nossa.
Já não pude mergulhar
Nos anseios da esperança
E seguindo sem lugar
O meu passo nada alcança
Sei apenas divagar
Entre as fúrias da lembrança.

6

Cravo os olhos no passado
E procuro algum momento
Onde o tempo anunciado
Traduzisse o quanto alento
Deste mundo decorado
Pela essência de um tormento
Que deveras quando evado
Trago ou pelo menos tento.
Vendo a fonte iridescente
O cenário se apresente
Num instante ou pouco além
Do que trama em rude passo,
Quando possa e nada faço,
Com certeza, nada vem.

7


Vagamente acreditara
Nas verdades mais cruéis
Se esta noite se fez clara
Meus anseios são corcéis
Que procuram na seara
Doces sonhos, tantos méis
E se possa e se escancara
O que vejo em carrosséis.
Nada mais pudera quando
A saudade me domasse,
Outro tempo mais nefando
Resumindo o velho impasse
A minha alma se moldando
Onde o todo em paz se trace.

8

Bravamente vejo o rumo
Discernindo o que viria
E se possa e já resumo
Meu cantar em poesia,
A palavra que consumo
Traz engodo a cada dia,
Levemente em teu aprumo,
Resta apenas fantasia.
Não tivera melhor sorte
Nem tampouco mesmo a luz
Que deveras nos conforte
Noutro instante me conduz
Ao que possa ser um norte
Onde o sonho, eu sempre pus.

9

Navegando em mar distante
Do que outrora fora meu,
O caminho deslumbrante
A verdade me escondeu,
O tormento se garante
Estendendo ao ledo breu
O que pude num instante
Ou talvez neste apogeu,
Resumindo o que interessa
Na vontade mais sutil,
Vou seguindo sem ter pressa
O que o sonho não reviu,
Deste amor, leda promessa,
Mas a sorte se faz vil.

10


Apresento cada verso
Como fosse uma emoção
Noutro tempo mais disperso
Ouso até na negação,
Do que possa e desconverso
Sem saber da solução
Que pudera em tom diverso
Desenhar além do não.
Resumisse minha vida
No que tente acreditar
Ou se trama esta saída
Ou desenha algum lugar
Na certeza que lapida
O que tento adivinhar.

11

Brincadeiras desta sorte
Que em revés se faz presente
No caminho onde se tente
Nada mais tanto conforte,
O momento rude e forte
O cenário imprevidente
Outro tanto impertinente
Pousa além e não suporte.
Tento apenas o que vejo
E se possa num lampejo
Desenhara em noite escura,
A vontade se dilui
E o meu sonho não mais flui
Quando a sorte se amargura.

12


Cravejando de esperanças
O que tanto poderia
Onde tu deveras lanças
A verdade em sintonia,
Nada vejo quando avanças
Percorrendo em poesia
Enfrentando tais mudanças
Ou gerando esta agonia.
Nada tendo de meu nisto,
A certeza quando insisto
Molda em versos o caminho,
Noutro tempo se mostrara
A beleza da seara
Ou o sonho mais daninho.

13


Dividindo cada encanto
Com meus erros contumazes
Sei que além tanto me trazes
A verdade que garanto
Noutro tom sempre adianto,
Derrotado por tenazes
Delirantes, loucas fases
Do momento em raro espanto.
Novidade? Nada disso,
O meu mundo sempre fora
A palavra que cobiço
Numa sorte tentadora,
Mas ao fundo em falso viço
Alma segue sofredora.

14

Esperando qualquer fonte
Do que fora num segundo
O que tanto ora aprofundo
Na certeza que desponte,
O meu tempo não aponte
O que vejo em ledo mundo,
A certeza em que me inundo,
O viver noutro horizonte,
Sem saber o que viria
O momento se reflete
E se possa a cada dia
Noutro tom já me compete
Discernir da fantasia
O que a dor sempre repete.

15

Vejo a sorte diversa do momento
Onde o todo pudera desenhar
A verdade se trama a divagar
No caminho onde busco novo alento,
O meu canto derrama o sentimento
E se pude num rumo trafegar,
O cenário moldando devagar
Traz apenas o velho sofrimento,
Nos enganos que pude conceber
O tormento se mostra soberano,
Quero mais e tentasse perceber
O momento diverso onde me dano,
A palavra traduz o quanto veio,
Permitindo quem sabe, o devaneio...

Nenhum comentário: