domingo, 29 de maio de 2011

1
Desses sonhos mais audazes
O que tanto se buscasse
Ao vencer qualquer impasse
Noutro tanto tu me trazes.
Os anseios mais tenazes
Outro tempo que se trace
A verdade onde embarace
Louco amor em raras fases.
A vereda se adentrando
Numa espécie de desejo
Traduzindo manso e brando
O caminho onde prevejo
O meu mundo me apontando
Pouco mais que este lampejo.


2

O momento me permita
Consolar os erros tantos
E se possa em desencantos
Ter a luta mesmo aflita,
No cenário que reflita
Os diversos vãos quebrantos
Recobrando velhos mantos
Onde a sorte se acredita.
Nada mais pudesse ver
Senão isto e mesmo assim,
O que possa dar prazer
Traduzindo o mero fim
Tanto pude conhecer
Quanto vive dentro em mim.

3

Não me cabe mais falar
Do vazio que deixaste
E se possa caminhar
Entremeio tal desgaste
Onde tanto quis sonhar
E deveras mal notaste
O que teime em delirar
E deveras já se afaste.
Novo tempo, velho rumo,
Este verso que presumo
Tenta apenas novo tom,
De um cenário sem encanto
Do momento onde garanto
A esperança em ledo dom.

4

Quero apenas descobrir
Os anseios mais vulgares
E se tanto ora notares
Pouca coisa inda há de vir,
No momento a resumir
Nossos templos nos altares
Respirando antigos ares
Do que tente redimir.
Nas versões mais inconstantes
O que tanto me adiantes
Não permite qualquer passo,
Da esperança em tal proveito
O caminho a ser aceito
Já não trama o quanto faço.

5


Esperasse alguma sorte
Bem diversa da que vejo
O meu sonho se comporte
Ou talvez trace o desejo
De quem possa contra o corte
Ou no amor, um raro ensejo,
O cenário que conforte
E traduz além lampejo,
Vagamente sei do tanto
Que se fez indispensável
O caminho onde me espanto
Com o tempo interminável
E se possa ter tal pranto,
O meu verso, inconsolável.

6

Recebendo com carinho
Cada termo que se trama
Onde a vida acende a chama
Da esperança que adivinho,
Bebo um gole e se mesquinho
O meu verso nada exclama
Desenhando o mesmo drama
Procurando além do ninho,
Na incerteza que se tente
Mal prossegue o penitente
Entre os ermos de minha alma
A palavra se traduz
No que possa em própria luz
E deveras não me acalma.

7

Trago apenas a certeza
De um momento aonde a sorte
Mais diversa se comporte
Colocando-a sobre a mesa,
A palavra sem dureza
Outro canto aonde aporte
A vontade sem o corte
Esperança sem surpresa.
Nada mais quero sentir
E pudera ter em mente
O que tanto já se sente
Num anseio que há de vir
Traduzindo plenamente
Deste amor doce porvir.

8

Única verdade eu sinto
Na expressão que nos condena
A incerteza a cada cena
O tormento em raro instinto,
E se bebo deste absinto
A vontade se faz plena
E o que possa e não se acena
Traz o olhar enquanto minto.
Traduzindo cada frase
No que tanto ora defase
Meu momento se perdendo,
O meu verso sem proveito
No final eu sempre aceito,
Mesmo sendo vago e horrendo.

9

Imolasse cada sonho
Envolvido nesta bruma
A vacante luz apruma
O que possa e não componho
Outro tanto mais bisonho,
A saudade já se esfuma
E pudesse ser tal pluma
O momento onde proponho,
Versos feitos neste ocaso
E se tanto ora me atraso
Nada vejo após a curva,
A visão se mostra turva
E o meu canto em ressonância
Traz em si a velha estância.

10


Ouço o vento nos chamando,
Mansamente tento além
Do que possa e já convém
A quem sabe ser mais brando;
Ou deveras revoando
Quando o nada sempre vem
Traduzindo estar aquém
Do que possa em novo bando.
O meu verso sem paragem
O meu tempo em leda aragem
O meu mundo se perdendo.
O caminho que pudera
Ter a sorte mais sincera
Traz a dor em dividendo.

11

Pouco a pouco se desfaz
O que possa o coração
Entre a velha redenção
E o que fora outrora em paz,
Não se molda o que se traz
Nem sublime dimensão
Outros dias moldarão
O momento mais capaz,
Nada vejo e não teria
Mesmo em vida mais sombria
Sem saber do que se busca
Tentativas sem sucesso
E deveras, se eu regresso
A passada se faz brusca.

12

Aprendendo vagamente
Ao que possa nos trazer
Muito além de algum prazer
O que tanto se acrescente
Ao anseio impertinente
Ou quem saber mesmo ver
O caminho a percorrer
Noutro clima ora envolvente.
Resumindo o que me basta
A palavra mais nefasta
O cenário sem efeitos,
O meu dia se nublando
Outro tempo desenhando
Muito além dos meus direitos.

13


Sigo as tramas como um rastro
Do que eu possa inda viver
Na palavra a se tolher
No caminho onde me alastro
Neste espaço vejo um astro
Teu anseio, eu posso ver
Noutro tempo onde o não crer
Moldaria um firme lastro.
Quem me dera ser feliz.
O mergulho no passado
Diz do tempo iluminado,
Mas meu todo ora desfiz,
E bebendo gole a gole
Nada mais ora console.

14

Devo apenas te falar
Do que possa noutro engano
Provocando o que sonhar
Sem saber do velho plano
Onde tento caminhar
E decerto se eu me dano
Nada vejo a desenhar
Tão somente o ser insano,
Vagamente pude até
Noutro tempo em rumo à fé
Traduzir esta versão
Do meu canto sem paragem
Do vazio da bagagem
Desta turva solidão.

15

Faz um tempo que eu quero te dizer
Dos momentos felizes que esperava
A minha alma da tua sendo escrava
O meu canto se molda em teu prazer,
Na verdade pudesse recolher
A explosão que deveras me tocava
Noutro instante vislumbro a velha clava
Numa angústia diversa a se trazer.
Vejo apenas o quanto poderia
A palavra sensata em primavera,
O meu mundo decerto destempera
Quando a noite se molda mais sombria
E se vejo o que tanto não queria
Alimento a verdade mais sincera.

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