sábado, 28 de maio de 2011

1

Se eu pudesse simplesmente
Encontrar a tradução
Do que possa em dimensão
Tão diversa num repente
Outro tanto que se invente
Procurando a direção
Dos caminhos que virão
Envolvendo o tom frequente
Das masmorras da esperança
Onde o nada se entranhando
Leva ao verso que se lança
Noutro tanto mesmo quando
O que gere confiança
Pouco a pouco destoando.

2

Já não traga melhor sorte
O que possa ser diverso
Do caminho que comporte
Cada sonho ou louco verso
A verdade não aporte
Outro tempo mais disperso
Do que possa em ledo norte
Ou decerto desconverso,
Vejo apenas o vazio
Que traduza o dia a dia
A vereda desafio
E se possa moldaria
Procurando em cada fio
O que possa a fantasia.

3


Nada tenho dentro em mim
Que falasse do passado
E se tento ou mesmo vim
Desta forma já me evado,
O momento chega ao fim
E mergulho neste enfado
O tormento diz que enfim
Não serei tão desolado.
Versifico o quanto possa
E procuro nesta areia
A certeza que foi nossa
E o vazio ora rodeia
Encontrando mera troça
Quando o sol já me incendeia.

4


Sigo angustiadamente
Lancetado pelo medo
E se possa e não desmente
Minha vida ora concedo
Inda vejo esta semente
Onde o todo que procedo
Traz apenas em tal mente
A vontade noutro enredo.
Justifico cada passo
E procuro nova luz
O momento que inda traço
Leva ao quanto reproduz
O caminho em mim desfaço
E ao vazio eu faço jus.

5

São palavras, nada mais
O que pude de tal forma
Na verdade os temporais
Onde a vida se transforma
Procurasse qualquer cais
Ou seguisse antiga norma
Nos cenários desiguais
A palavra nos deforma,
A certeza não combina
E deveras não combate
O que fora cristalina
Sensação de mero abate
Onde há sorte e me fascina
Esperança diz resgate.

6


Já não vejo como esteja
O que tento acreditar
Na palavra que se almeja
Ou nos sonhos de um luar,
Pouco a pouco esta peleja
Possa em nada desvendar
O que fora e se deseja
Noutro tom, rumo e lugar,
Visto o quanto poderia
Noutro canto ter somente
O meu mundo em agonia
A incerteza não desmente
Numa noite amarga e fria
O tormento se pressente.

7


Beijo o sonho e na morena
A certeza realizada
A palavra que serena
Traz a sorte emoldurada
No que tanto fora amena
A verdade desejada
O caminho se condena
Ou traduz a velha estrada
Nada tento contra tudo
E se possa como eu quis
O momento onde me iludo
Superando a cicatriz
Quando tento e tanto mudo
Não me faço mais feliz.

8

Resta apenas o que trago
Neste olhar em busca vã
O que possa num afago
Traz a sorte tão malsã
No teu colo hoje divago
E fazendo-o meu divã
Cada sonho antigo; o apago
Num amor sem amanhã.
Tento crer na liberdade
E deveras não consigo,
Onde o tempo se degrade
Encontrando o velho abrigo
Superando qualquer grade
Separando joio e trigo.

9


Liberdade trama a luz
Que pudesse em meu caminho
Quando o tempo nos conduz
Na verdade se mesquinho
Combinando faço jus
Ao que possa em desalinho
Navegando não me pus
Nem pudera no teu ninho.
Versejando sem descanso
O meu prazo determina
O que possa e não alcanço
Quando a sorte, dita e sina
Traz o canto outrora manso
Hoje em voz rude assassina.

10


Tendo na alma este deserto
Que cultivo a cada queda
A palavra não acerto
O momento se segreda
Na verdade o templo aberto
Traz a rústica moeda
E se possa e já desperto
Noutro tanto a vida veda,
Enveredo neste espaço
Que espolia cada instante
Deste anseio que ora traço
No final nada garante
Tão somente o meu cansaço
Ou o quanto se adiante.

11


Nada tenho mais de meu
Nem teria se pudesse,
A incerteza em apogeu
A mortalha já se tece
O caminho se perdeu
No cenário em tal benesse
E o que possa se esqueceu
Ou também ora enlouquece.
Vagamente tendo a sorte
Que pudera vez em quando
O meu mundo me conforte
Mesmo quando desabando
Faz do canto o novo forte
Enfrentando o velho bando.

12

Já não posso mais lutar
Contra os erros da razão
A vontade a desfilar
No final esta emoção
O caminho a divagar
Sobre os tempos que virão
Outro céu, novo luar
Nesta rude escuridão
A incerteza me domina
E não traz um só caminho
Quando a sorte é cristalina
Prosseguindo mais sozinho
A loucura desatina
E meu passo é tão mesquinho.

13


São terríveis os enganos
Que deveras tu trouxeste
Neste sonho tantos danos
Velho solo mais agreste
E se possa em novos planos
A vereda se reveste
Dos momentos mais insanos
Ou do tempo em paz, celeste.
Simplesmente o que te trago
Trama o quanto nada tem,
O momento onde divago
Traz o medo e tudo bem,
Vou seguindo e se me alago
Procurasse novo alguém.

14

Regiamente desenhando
O meu tempo de viver
No que possa em contrabando
Mesmo até me convencer
Do momento mais infando
Que pudera conceber
No cenário desde quando
Ensinaste o perceber.
O meu tempo se esvaíra
Noutro tempo tão diverso
E se trago esta mentira
Noutro canto também verso
E se possa ou interfira
Sem razões eu desconverso.

15

Num momento feroz em tempestade
A vontade de ser quem mais pudera
Desenhando a verdade em rude fera
Ou talvez tendo enfim felicidade,
O meu tempo deveras à vontade
Não traduz o que fora longa espera
A incerteza domina e destempera
Mesmo quando a loucura nos agrade.
Não quisera sentir o quanto pude
Na palavra que tanto desilude
O meu barco garante qualquer porto,
Mas não sabe sequer o que virá
A vontade desenha desde já
O cenário tão vago de um aborto.