terça-feira, 24 de maio de 2011

1

Desenganos permitem aprender
Os erros nos ensinam muito mais
Que os dias tão comuns, mornos, banais
Sem ter qualquer espécie de prazer,
Seguindo tão somente por viver
E sem coragem frente aos vendavais
As horas se repetem, são iguais
E nisto se perdendo algum querer,
Insisto no caminho que me traga
A imensa sensação da vaga plaga
Distante de meus braços, noutro tom,
A luta se emoldura no vazio
O quanto possa mesmo desafio
Ouvindo dos engodos claro som.

2

Que nem sempre teremos afeição
Por tanto quanto a vida nos maltrata
A sorte no final se torna ingrata
Marcando com tormenta a direção
Dos dias que deveras moldarão
A velha sensação que se resgata
Na fonte que ilusão já desbarata
Tramando a mesma farsa em solidão.
Não pude adivinhar aonde o tempo
Vencendo qualquer medo ou contratempo
Trouxera a dimensão de um novo sol,
A luta se desenha sem descanso
O que mais desejava; eu não alcanço
Ousando na esperança, um vão farol.

3

Embora uma amizade traga tanto
Podendo transformar o dia a dia,
O tempo noutro instante não viria
Ousar no mais suave e doce canto.
Aonde com certeza desencanto
O sonho desenhado em luz sombria
Gerando dentro da alma esta utopia
Que ao fim de certo tempo mal garanto.
Escuto a voz do vento me clamando
O amor que desejara bem mais brando
Apenas desfolhando em outonais.
Meu verso não traduz felicidade
O quanto em agonia se degrade
Trazendo tão somente o nunca mais.

4

Tantas vezes ganhamos em perder
O rumo mais atroz ou mesmo fero,
Apenas traduzindo o que ora espero
A sorte dominando inteiro o ser.
Já não pudera nada conceber
E sendo de tal forma mais sincero
Meu verso noutro tempo degenero
E o rumo pouco a pouco a se perder.
Não tive melhor sorte nem pudesse
O tempo desenhando a rude prece
Que a vida nos ensina amortalhando
O quanto poderia ser feliz
Agora traz somente o que não quis
Tornando o dia a dia mais infando.

5

Melhor caminho livre sem enganos,
Quem sabe no final já se pressinta
E sei da solidão que traz em tinta
Algozes e momentos entre danos.
Os dias se repetem, são insanos,
A fúria que julgara morta, extinta
Ainda quando muito nada sinta
Caminhos são deveras desumanos.
Ousando acreditar noutro cenário
O verso se moldando solitário
O tanto quanto quis e nada veio.
Somente traduzisse nova mente
E o passo dia a dia não desmente
O todo que procuro em devaneio.

6


Tropeços fazem parte desta vida;
Mas nada que me impeça a caminhada
Vagando pelos ermos desta estrada
Que há tanto imaginara enfim perdida.
A sorte noutro tempo não duvida
E gera após o sonho o quase nada
A faca sendo além desafiada
A morte se presume, despedida.
Vencendo o que pudesse ser diverso
Do quanto na verdade teimo e verso
Tentando acreditar no que não seja
Além do meu caminho ora se espalha
A furiosa senda em tal batalha
Na eterna sensação, morte e peleja.

7



Amizade que se foi noutro momento
Deixando para trás o quanto havia
Agora se explodindo em agonia
Apenas trama o quanto ora lamento,
Se a vida me permite o quanto alento
Marcando o tempo em dura fantasia
A morte se aproxima e não teria
Sequer uma esperança, um sentimento.
Ocaso de uma senda aonde há tanto
Quisera e na verdade até garanto
Sonhara ser possível nova luz,
Mas quando se anuncia este vazio
O tempo noutro tempo não adio
E o quanto nunca fora em vão reluz.

8

Não cabe no futuro esta esperança
Que tanto poderia me alentar
E sei quando perdido a se negar
O mundo no vazio ora se lança
E perde a direção e nada alcança
Vagando sem sequer onde aportar
A luta se anuncia num vagar
Tramando o que pudera em tal mudança,
Resumos de outras eras dentro em nós
O quanto se anuncia logo após
Regendo com temor esta ilusão,
Meu canto não teria a lira exata
A sorte tantas vezes nos maltrata
Ao deformar decerto este timão.

9


Amigo que não sabe que o perdão
Deveras se mostrara ser o rumo
Aonde o coração em firme prumo
Expande o quanto possa em solução.
Embora a própria vida diga não
Essencialmente o sonho que consumo
Trazendo toda a luz quando a presumo
Ousando acreditar noutro senão.
A luta após a queda não se trava
Uma alma se explodindo traz em lava
Apenas o que pude resgatar
Das ânsias de um passado tão distante
Somente este cenário se garante
Moldando a minha morte em avatar.


10


Portanto não conhece pleno amor
Quem trama o medo e mostra esta incerteza
A vida se desenha sem surpresa
Cenário tão sutil em multicor,
A sorte que pudera um refletor
Expondo cada carta sobre a mesa
A senda mais audaz, agora é presa
Do quanto poderia em tanta dor.
Expresso com meu verso o quanto quis
Depois de certo tempo ser feliz
E a vida não trouxera mais a paz.
O preço a se pagar não mais importa
Abrindo com certeza cada porta
O quanto imaginei já se desfaz.

11


Em vida destilando seu veneno
O amor não mais pudera ser assim,
Trazendo dentro da alma a morte enfim
Ousando acreditar no que condeno.
O sonho se mostrara quase pleno
O tempo traz o nada de onde eu vim,
E sei do quanto possa sem em mim
Haver o que inda fosse mais ameno.
Resumos de outras eras, nada além
E sei quanta esperança me contém
Vagando pelas ruas noite afora,
Depois de ter nas mãos o mesmo nada
A fonte tantas vezes desejada
No engodo costumeiro, em dor se aflora.

12



Depois de tanto mel, vem amargar
O sonho quando pude ter nas mãos
Os dias sem tormentas, erros vãos
E nada se moldando sem marcar
O tempo na verdade a se mostrar
Matando com certeza velhos grãos
Ousando ser além dos tantos nãos
Que a sorte mal pudera imaginar.
Vacante coração ditando o norte
De quem tanto pudera e não comporte
Sequer a menor chance de beber
Um gole desta doce fantasia
Que há tanto noutro engano moldaria
O quanto não consigo perceber.

13




Quem fora companheiro, nos traindo,
Gerasse a turbulência que nos rege
O passo desta turba; súcia herege
Deixando este cenário morto e findo.
O tempo noutro engano se esvaindo
A sorte na verdade não elege
Quem tanto em ilusões já se protege
O engodo de tal sorte presumindo.
Não quero acreditar e não viria
Viver dentro do sonho a fantasia
Sutil que se perdera pouco a pouco,
A vida se desenha em dura venda
E quando a solidão além se estenda
Sem ter qualquer apoio eu me treslouco.

14



Nos mostra quanto a vida é tão instável;
O fato que talvez inda resuma
O engano além da mera e vaga espuma,
Tormento trama a vida ora intragável,
O encanto se mostrara então mutável
E nada do que possa me acostuma
Aos dias onde o todo ora se esfuma
E molda este caminho intolerável.
Não quero simplesmente o desengano,
Apenas se me perco e enfim me dano
Expresso com as lágrimas a queda,
A luta se anuncia em passo falso
E o sonho preparando o cadafalso
Aonde o dia a dia se envereda.

15




Amizade, nem sempre é presumida
Nas tramas mais diversas do que tive
Ousando na palavra não retive
Sequer uma ilusão a mais na vida,
Apátrida emoção tão consumida
A luta nos meus braços não contive
E sei desta emoção que sobrevive
A todo o sentimento, nossa ermida.
Vestígios do passado dentro da alma
A vida noutro tom jamais acalma
E traça a desventura mais sutil,
O prazo determina o fim do jogo
O sonho se perdendo em pleno fogo
Aquém do que esperança em vão previu.

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