sexta-feira, 27 de maio de 2011

1

O momento mais fugaz
Traça apenas solidão
E se vejo desde então
O que a vida ora desfaz
Noutro tempo tento a paz
E se possa em tal versão
Ver a mesma dimensão
Do meu passo mais audaz,
Nada mais teria quando
O meu mundo se disfarça
E talvez já desabando
O que fora outrora a farsa
Quantas vezes noite rude
Traz o quanto agora ilude.

2


Não se tente pelo menos
Desejar outro cenário
Sigo em tempo temerário
Ou talvez dias amenos,
Envolvendo nos venenos
O meu canto em sonho vário
Trago olhar imaginário
Entre engodos, mesmo plenos.
Variando em cada fato
Onde pude ser feliz
O que quer e já retrato
Mal resgata o quanto eu quis
E se possa e não constato,
Resta na alma a cicatriz.

3


Nada mais pudesse ver
Ou talvez inda restasse
A verdade noutro impasse
Onde possa recolher
A incerteza de viver
Em temido desenlace
Ou se mostre a velha face
Que me faça renascer,
Vejo apenas no futuro
O que tanto em vão procuro
E desenho logo após
Resoluto cavaleiro
Que vivesse o derradeiro
Caminhar em ledos nós.

4

Outro tanto se desdenha
Quando a vida trama a sorte
Tão diversa que comporte
Emoção que não mais venha
A incerteza desta ordenha
A vontade nos aporte
Deste tanto que se importe
Com o quanto não convenha.
Régio tom em nova estada
A notícia se espalhando
Onde possa demonstrada
A noção de um tempo brando
Geração do mesmo nada
Noutro tom se desenhando.

5

Nada trago de outros dias
Entre enganos mais frequentes
E se tanto agora sentes
O que sei em sintonias
Tão diversas, e querias
O que possa e mesmo ausentes
Dos instantes eloqüentes
Entre enganos, fantasia.
Contrarresta esta verdade
Feita em duro desengano
O que mude cada plano
Noutro tempo se degrade
A versão moldando o dano
Onde o todo desagrade.

6


Navegando em eloquência
Ou tentando melhor sorte
A verdade não conforte
Quem se mostra em anuência
Outro passo dá ciência
Do caminho em vida ou morte
Da janela o que se importe
Traz a mera coincidência.
Novamente quero o fato
Que deveras já constato
Resumindo o meu passado,
Noutro tempo que se veja
A palavra diz peleja
E meu sonho o velho brado.

7


Nada mais pudesse até
Quando a vida se desenha
E se trama em rude fé
O que possa e não mais venha
E talvez por quem em pé
Trace o quanto não contenha
A verdade diz quem é
E se molda em nova senha.
Dos entraves costumeiros
Outros tomam os canteiros
E anunciam este fim,
O meu verso sem segredo
O caminho que concedo
Traz a morte dentro em mim.

8

O meu tempo se esvaíra
Nas tormentas costumeiras
E se tanto quanto queiras
Trazes na alma esta mentira
A incerteza que interfira
Derrubando tais barreiras
Entre tantas derradeiras
O meu mundo ledo gira
Nada tendo mais de meu
O que fora não voltara
O meu canto se perdeu
Na ferida, dura escara,
O momento em apogeu
A verdade se escancara.

9


Nada mais do que pudesse
Ter nas mãos inutilmente,
A verdade que apresente
Outro tempo dita a prece
E se a sorte se merece
Ou deveras também mente
O que possa longamente
Noutro engodo se confesse,
Não teria qualquer sorte
Quem se faz tão arrogante
A palavra que conforte
No vazio se garante
E produz o ledo norte
Que seguimos doravante.

10

Romanesco caminhar
Entre sendas mais diversas
Ou se possas e dispersas
O que tanto faz sonhar,
Só queria este luar
E deveras quando versas
As palavras vão imersas
Neste longo delirar
O meu mundo se perdendo
Noutro tom ou mesmo após
O que possa ser horrendo
Ou quem sabe em tom atroz
Novamente ora prevendo
A passada mais veloz.

11

Numa sorte diversa e sem limites
O caminho traduz a imperfeição
Outros dias deveras nos verão
Mesmo quando em vazio te permites
O que possa e decerto necessites
Traz da morte a perfeita dimensão
Ouso até presumir no mesmo não
O que vejo e talvez não acredites,
A senzala que tanto conheci,
O momento em loucura e frenesi
O meu verso se perde num instante
E não tento seguir rumo diverso
O cenário que em paz já não disperso
Outro fato por certo se garante.

12


Outra vez mal desejara
Qualquer sonho que não veio
E seguindo sem rodeio
O caminho se prepara
Lua bela e noite clara
Nada mais tento ou receio
Da esperança em tom alheio
O que possa e se escancara
Versejando impunemente
O que tantas vezes tente
Desenhasse uma paragem
Meu anseio; não mais pude
Mesmo sendo a vida rude
E emoção, mera miragem.

13


Quando a sorte se pondera
E presume novo fim
Desabando tudo em mim
A palavra mais austera
O caminho que se espera
O momento tão ruim
O vazio dita enfim
O final da primavera.
Num ocaso sem proveito
O que possa e não aceito
Trama a voz em dor e tédio
Já não sigo mansamente
Onde quer que se apresente
A ilusão em livre assédio.

14

Nada mais teria quando
A verdade se apresenta
Enfrentar outra tormenta
Ou no quanto desabando
A ilusão se transformando
Numa senda mais sangrenta
A palavra virulenta
Outro tempo renegando.
O meu verso se aproxima
Do que possa imaginar
E se vejo em velha estima
O que tente desenhar
Nada mais moldasse o clima
Que buscara a divagar.

15

Num caminho insensato e tão atroz
Nada resta do quanto poderia
A palavra se mostra em agonia
O meu mundo não tendo nada após
A esperança ditando em rude voz
A certeza que nada mais veria
Expressão da diversa poesia
Que moldara este sonho como algoz,
Um verdugo apenas, nada mais
Tanto amor se perdera no caminho,
E se agora deveras tu te esvais
No teu passo sem rumo enfim me alinho
E mergulho em temíveis temporais
Num cenário que possa ser mesquinho.

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