quinta-feira, 26 de maio de 2011

A manhã é companheira
Do que possa acreditar
Noutro tempo a divagar
Onde o rumo ora se queira
Na palavra derradeira
Numa ausência de lugar
Já cansado de lutar
Tendo o vão como bandeira
Acenando desde quando
A verdade não se cala
Outra vida emoldurando
Adentrando a minha sala
Meu caminho outrora brando
Sem sentido me avassala.

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Sem sentido me avassala
A esperança que pudera
Traduzir além da fera
O que possa e nada fala
Aportando em rara gala
Superando a velha espera
O que tanto degenera
Respeitando a viva escala
Dos enganos mais frequentes
Onde siga sendo rude
E se tanto agora tentes
O caminho onde se ilude
Na verdade não inventes
Outra amarga juventude.

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Outra amarga juventude
Mostra a face tentadora
De quem sempre segue e fora
Na expressão que nada mude,
Ouso ver nesta atitude
O que possa a sonhadora
Sensação tão redentora
Onde o tanto nunca pude,
Versos soltos sigo ao vento
E procuro algum descanso
Mesmo quando alheio eu tento
E deveras não alcanço
Prosseguindo em sofrimento
Só querendo algum remanso.

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Só querendo algum remanso
Que pudera me trazer
Outro sonho enquanto lanço
O meu canto a se perder
Já não levo qualquer ranço
Do que pude conceber
E se tento e ora balanço
Nova queda posso ver,
Resumindo cada fato
Nada mais trouxesse enquanto
O meu mundo que constato
Traz apenas desencanto
Se meu sonho ora resgato
Noutro rumo eu me garanto.

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Noutro rumo eu me garanto
E pudesse sempre assim
O que trago dentro em mim
Geraria algum espanto
Onde o todo quis e tanto
Noutro traço quando eu vim
Expressasse sempre o fim
Que deveras adianto,
Não teria solução
Nem sequer outro momento
Nesta luta mesmo em vão
O caminho que fomento
Traz em nova dimensão
Muito além de um sentimento.

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Muito além de um sentimento
A incerteza dita a sorte
E deveras não conforte
O que insano sempre tento,
Expressando contra o vento
Este tanto que suporte
O vazio deste corte
O meu velho sofrimento,
Nada pude e nem teria
Nem sequer a paz que siga
O meu canto em alegria
Numa voz imensa e amiga,
Outro tempo não veria
Mesmo quando em dor prossiga.


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Mesmo quando em dor prossiga
A verdade traz o quanto
Noutro fato onde me espanto
Revivesse cada viga
A palavra que não diga
O momento em que garanto
A certeza deste pranto
Que decerto desabriga,
O meu verso se perdera
Noutro tanto ou mesmo quase
O que agora concebera
Trama o quanto a vida abrase
A expressão que se tecera
Na surpresa de outra fase.

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Na surpresa de outra fase
O meu verso em desafeto
Onde quer que não se embase
Traz o tempo predileto
E gerando o quanto atrase
Noutro rumo eu me completo
Ou versando em cada frase
Do momento antes dileto.
Nada mais pudesse então
Nem sequer a sorte em paz
A incerteza traz o não
E o tormento se desfaz
Na verdade sem senão
O meu canto nada traz.

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O meu canto nada traz
Nem pudera desejar
O que tanto sendo audaz
Não encontra um só lugar
E o sentido não se faz
Onde pude declinar
No meu verso mais tenaz
Sem saber sequer lutar.
Sei das sendas mais atrozes
E dos dias mais sutis
Entremeio velhas vozes
Com o sonho que já quis
Os anseios são algozes
O meu verso, este infeliz.

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O meu verso, este infeliz
Nada entende de abandono
E procuro em raro abono
Este amor que ora desfiz,
Vejo apenas cicatriz
E decerto em vão me adono
Desta noite já sem sono
Outro tempo trama o bis
De quem pôde marinheiro
Ao vagar no mundo inteiro
Na esperança de outro bem
A saudade toma a cena
E se possa e me condena
Com certeza nada vem.

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Com certeza nada vem
E decerto não viria
Nem sequer saber de alguém
Onde viva a fantasia
E se sei o sonho tem
O que nunca mais teria
Quem vagando no desdém
Mata logo a poesia.
Mergulhando no passado
Noutro tempo mais sutil,
O que tanto agora brado,
Na verdade não previu
O meu mundo em raro enfado
Onde fora mais gentil.

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Onde fora mais gentil
A palavra se perdendo,
O meu sonho este remendo
Que deveras se reviu
No caminho redimiu
Cada fardo mais horrendo
E sem ter um dividendo
Segue em rumo atroz e vil,
Nada tendo dentro da alma
Nem sequer o que se quer
O meu tempo não acalma
Nem quadris desta mulher
Provocando a fúria em calma
Sem me dar prazer sequer.

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Sem me dar prazer sequer
A verdade não tramasse
Outro tempo em tom qualquer
A incerteza em desenlace
Venha logo o que vier
Noutro tom se demonstrasse
A beleza da mulher
Que moldara a nova face
De um desejo mais audaz,
Poesia determina
O que possa e já me traz
Nesta senda cristalina
O que tente e satisfaz
Aflorando em rara mina.

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Aflorando em rara mina
A certeza se renova
E deixando determina
O que a vida ora comprova
Nada mais já me fascina
E se tento verso e trova
A verdade dita a prova
E deveras me alucina,
Nada mais que se vivesse
Outro tom jamais se queira
A palavra que volvesse
Ao momento onde se esgueira
E do sol que se tecesse
A manhã é companheira.

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Num momento de glória no passado
Ao instante feroz que agora vejo
O tormento se mostra num lampejo
Meu caminho num tom mais elevado,
O sentido no qual decerto eu brado
Versejando nas sendas do desejo
O meu mundo deveras eu prevejo
Onde quero o cenário iluminado,
A senzala que sinto inda a carrego
No vazio de um templo sonhador
E prossigo sabendo sempre cego
Este rumo deveras feito amor,
Neste mar sem sentido que navego
Teu olhar, meu farol, o condutor.

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