sexta-feira, 17 de junho de 2011

A lâmpada que traz
Relevo em noite escura,
Enquanto se procura
A face mais tenaz,
O risco tão audaz
Da sorte em que amargura,
Ou mesmo na ternura
O quanto se desfaz,
Vagando sem destino
Agora em cristalino
Momento te encontrando,
Apenas ilusão?
Prossigo, mesmo em vão,
Meu sonho naufragando.


2

A beleza dos lençóis
Os teus seios, tuas pernas
Nossas horas são eternas
Tanto encanto que constróis

Dominando os arrebóis
Se teus olhos são lanternas
As palavras mansas, ternas
Nestas noites, plenos sóis
Revestindo a fantasia
Que tanto nos poderia
Traduzir a sensação
Desta rara fantasia
Matando uma solidão
Minha antiga companhia

3

Nos olhos raro brilho
Vontade de seguir
A cada novo trilho
Somente pudesse ir,
Ousando no estribilho
Do amor que ao redimir
Encantos que palmilho
Traduzem meu sentir.
Esgoto cada senso
E quanto mais eu penso
Não peno, apenas vivo,
Num turbilhão de cores
Aonde quer e fores
Contigo sigo altivo.

4
No sonho, mal contendo
O todo que ora anseio,
O mundo cede e veio
Além deste remendo,
Que a vida em dividendo
Trouxesse em tom alheio,
Ao todo que rodeio
No encanto se sorvendo,
E bebo em goles fartos
O amor em nobres partos
Gerando eternidade,
O verso se anuncia
Na noite em alegria
Que em paz já nos invade.


5

Luar nos toca agora
E traz a sensação
Que enquanto nos devora
Traduz a dimensão
Do quanto em mim se ancora
A sorte, esta impressão
Do tempo sem demora
Ou mesmo a negação
Do dia mais sutil,
Do quanto a gente viu
Vagando no infinito,
Vencido o que se tenta
Além da tez sangrenta
O amor que necessito.

6

Concebo no horizonte
A lua que se dera
Mais bela em rara fonte
Vivendo a primavera
E nisto já se aponte
O tanto que se espera
Enquanto agora conte
Com vasta e bela esfera.
Gerando outro momento
Aonde o canto ecoa,
Palavra que ora tento,
Traduz a sorte, boa
E vejo o quanto atento
O pensamento voa.


7

Olhares, heliantos
Em plena claridade
Procuram pelos cantos
A intensa liberdade
E seguem já sem prantos
O passo que em verdade
Os dias fossem tantos
E neles a saudade
Daquela que desfila
Seu corpo em belos tons,
A noite se perfila
Em raros, bons neons,
Amar; fazer da argila
O sonho em raros dons.

8

Clarão já se entornando
O quanto pude e tento
Ousando o pensamento
Apenas bem mais brando,
O mundo vai rodando
E sigo a força e o vento,
Buscando algum alento
Aonde houvera e quando,
Já nada caberia
Nem sórdida tristeza
Nem mesmo esta agonia
Ou lenta correnteza,
Vivendo o que teria
Além da mera presa.

9

Veredas tropicais
Que penetro em dia claro,
Os sonhos que declaro

O senso enquanto esvais
Ousando no que amparo,
Gerando o que preparo
Em rudes vendavais.
Negando cada ocaso,
Vivendo o quanto atraso
Meu passo mesmo em vão,
O tanto que me enlaço
Nas ânsias do cansaço
Presumem negação.

10

Momentos mais diversos
Que a vida nos prepara
A sorte mesmo amara
Traduz meus universos,
Apenas vão submersos
Na senda, tal seara
Que nada mais ampara
Senão meus velhos versos
Que tento sem ter sorte
Levar o que conforte
A quem sofresse tanto,
Somente me levanto
E bebo o fim da cena
Enquanto a voz condena.

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