segunda-feira, 8 de novembro de 2010

19601 a 19700

19601

O tom em que pintara
A vida de quem sonha
Ainda se tristonha
Traduz a noite clara,
E o quanto se escancara
Ou mesmo se proponha
Sem nada onde se oponha
A sorte não depara,
Esvai em todo verso
O quanto inda disperso
Ousando no finito,
Explode coração
E toma a sensação
Do amor que eu necessito.

2

Um semitom opaco
E nada mais viria
Tampouco a fantasia
Enquanto aquém me empaco,
O medo e nele estaco
O prazo que teria,
Ousando na utopia
Num passo bem mais fraco,
Os favos de teu mel
O mundo em girassol,
Do velho carrossel
Girando o tempo inteiro,
Quem sabe algum farol,
Quem sabe algum luzeiro?

3

Na curva do caminho
A estrada se desenha
E sei do quanto tenha
Além do ser mesquinho
E quando em ti me alinho,
A vida acende a lenha
E o corte onde se empenha
Expressa o sem carinho,
Angustiosamente
A sorte sempre mente
E o tempo não mais traça
Sequer o que pudesse
Regendo sem benesse
Dos sonhos, leda caça.

4

A vida que me deu
As armas necessárias
E as horas solitárias
Num coração ateu
Marcando o que foi meu
Em noites temerárias
E mesmo em sendas várias
O mundo se perdeu.
Vagando sem destino
Ainda me fascino
Ao ver neste horizonte
A lua em argentina
Beleza que domina
Aonde o olhar aponte.


5

Deixou já bem distante
De quem se fez além
Do sonho quando tem
A vida em que garante
O mundo doravante
Traduz em novo bem
Meu canto não convém
Aquém do que se encante.
Reparo cada estrela
E quanto mais eu vê-la
A sorte se traduz
Num único momento
Enquanto o mundo eu tento
A morte nega a luz.

6

Menina, eu me aquecendo
Nos ermos deste sonho
Enquanto eu te proponho
Um mundo sem adendo,
A sorte percebendo
Num dia mais risonho
E o todo se enfadonho
Aos poucos vou perdendo,
Não pude imaginar
Sequer algum lugar
Aonde poderia
Apenas noutro fato
Dizer o que constato
Nos sóis da fantasia.

7

Esqueço qualquer luta
E tento após o nada
A sorte desejada,
E o passo não reluta,
A vida sendo astuta
Traduz enquanto invada
Repare cada estrada
E além o fim se escuta,
Restaurações diversas
Aonde quer que versas
Ouvindo este marulho,
Meu canto sem proveito
Distante, enfim me leito
E disto até me orgulho.

8

Saudade dá coceira
Gostosa de sentir
Trazendo ao meu porvir
O que já não se queira,
A vida em tal ladeira
Prepara pra cair
Marcando o que há de vir
Na sorte derradeira,
Ausento do futuro
E sei que me asseguro
Urdindo em cada passo,
Medonha tempestade
Do amor quando me invade
Num mundo em paz que traço.

9


Eu sei que poderia
Apenas desfrutar
O sonho a me tocar
A noite em alegria,
O verso onde se guia
O raio do luar,
Vontade de sonhar
E nada mais teria,
Somente o medo e a dor,
Aonde quer sabor
Saber do meu anseio,
Após a noite escura
A vida se procura
E nisto em vão rodeio.

19610

Porém a vida dita
Diversa solução
E quanto à direção
Meu canto necessita
Da luta aonde grita
O medo desde então,
Procuro em sim e não
A sorte mais bendita
Escassa noite vago
E sei do teu afago,
Mas nada me convence,
O tempo se perdendo
A vida num remendo
Já nada me pertence...

11

Saudade maltratando
Quem tanto quis a festa
E quanto enfim nos resta
Diverso e mais infando,
Meu mundo em contrabando
A vida em nova fresta
Ao todo cada aresta
No rastro se entranhando
Veredas tropicais
Caminhos desiguais
E o risco se aproxima
Matando a fantasia
Já nada garantia
Mudança deste clima.


12

Nas curvas generosas
Do corpo da morena
A vida me condena
Em noites caprichosas
Jardins prometem rosas
E sei que em cada cena
O tanto me serena
Em sendas fabulosas.
Depois no amanhecer
O tempo ao bel prazer
Galgando noutro espaço,
Do topo ao mais dorido
Aspecto presumido
A solidão eu traço.

13

Nos requebros gentis
Da deusa desejada,
A sorte que me invada
Traçando o quanto eu quis
E tento ser feliz,
Porém depois, o nada
Regendo esta passada
Deixando a cicatriz,
Ousasse acreditar
Na vida a se encontrar
Em ares mais suaves,
Porém dos descaminhos
Meus dias são daninhos
Tais medos; sempre agraves.

14

A fome dos desejos
A sede de te ter
A cada amanhecer
Em tempos mais sobejos,
Momentos benfazejos
Imersos no prazer
Que posso conhecer
Além dos azulejos,
Marcando com ternura
O quanto se procura
E sei que após virá
Meu canto se entranhando
Num ritmo bem mais brando
Desejo e desde já.

15

A noite que tateio
Tua nudez perfeita
Enquanto a lua deita
Sentindo o belo seio,
Vagando em devaneio
A sorte se deleita
E o quanto a vida aceita
Transborda sem receio,
Refém do paraíso
Em ti eu me matizo
Num mimetismo em paz,
Assim a nossa vida
Há tanto presumida
Felicidade traz.

16

A mão que me promete
Carinhos variados
Os dias desejados,
O todo se complete,
Na sorte de um pivete
Em sonhos desenhados
Agora noutros fados
Ao todo se arremete,
Escassa solidão
As horas não trarão
Sequer a dor e o medo,
E quanto mais me entrego
Alimentando este ego
Amor; eu te concedo.

17

Nos cabelos castanhos
No olhar esverdeado
O tempo desenhado
Em mansos, belos ganhos,
Presumo dos estranhos
Caminhos novo fado
E em ti quando eu invado
Meus sonhos são rebanhos.
Vagando sem sentido
Aonde é permitido
Sonhar e nada além,
Depois surge a manhã
E a vida triste e vã
Aos poucos, dura, vem...

18

Os dedos já cobertos
Os olhos sem promessas
E quando além tropeças
Em dias descobertos
Adentro os meus desertos
E logo recomeças,
Ousando em tantas peças
Caminhos nunca abertos,
A porta se trancando
O dia desde quando
Pudesse ser diverso,
E quanto mais te quero,
Ao ser claro e sincero
Ao fim da vida eu verso.

19

Atalhos esquecidos
Olhares sem destino,
E quando determino
Os dias presumidos
Os olhos doloridos
O tempo em desatino
Enquanto me alucino,
Meus dias vão perdidos.
Espero nova chance
E bem que amor avance
Domina cada passo,
Resumos de uma vida
Há tanto desvalida
Num tempo escuso e lasso.

19620

Meus olhos derrapando
Nas curvas magistrais
Querendo muito mais
Que apenas fogo brando
E assim incendiando
Imensos vendavais
Emanas teus sinais
E segues dominando.
Meu verso se previsse
Além desta mesmice
Pudesse ter em ti,
O quanto desejara
E nesta noite rara,
O amor eu presumi.

19621

Os sonhos erotizo
E nada mais viria
Sequer a fantasia
De um canto mais preciso,
A vida sem aviso
Traduz esta agonia
E mata uma utopia
Gerando este granizo,
O corte se aprofunda
E a morte mais fecunda
Transcorre sem defesa,
Meu manto já puído
O tempo sem ruído
A leda correnteza.



22

Nos botões da camisa
Os dedos desvendando
Caminho claro e brando
Aonde a sorte avisa
Do todo que precisa
E nisto me inundando
Do sonho desde quando
A sorte se matiza,
Esqueço o meu passado
E vejo enquanto brado
Futuro junto a ti,
Dos ermos de minha alma,
A sorte então se acalma
E dita o que senti.

23

Penetram meus olhares
Por toda transparência
A vida em tal ciência
Se tanto tu notares
Verás nestes luares
A imensa fluorescência
Não sendo coincidência
O quanto me tocares,
Marcando a ferro e a fogo
A sorte sem o rogo
A luta em causa boa,
O mundo já delira
É quando sem mentira
Minha alma em ti revoa.

19624

A cabeça rodando
O tempo nunca pára
A sorte se depara
Com todo o mundo quando
O canto me entranhando
Na noite imensa e clara
A vida é jóia rara
E nela mergulhando
Sem medo do oceano
Aonde em paz me dano
Vencendo os meus temores,
Seguindo com certeza
Por onde a correnteza
Ditasse enquanto fores.

19625

Nos velhos botequins
Enquanto me inebrio
O tempo mais sombrio
Traduz os velhos fins,
Ainda em meus jardins
O velho e tosco estio,
O canto em desafio
Os sonhos sem os sins,
Assisto à derrocada
E sei do quanto evada
O mundo sem proveito,
E sei de cada espera
Aonde a sorte gera
O nada onde me deito.

26

Mentiras deslavadas
O tempo não traria
E o canto em alegria
Em noites mais caladas,
Vagando em madrugadas
A mesma fantasia
Tramando esta utopia
Em sendas desregradas,
Escassas luzes tendo
O quanto do remendo
Pudesse ainda ver
Depois do desatino
Aonde eu me alucino
Vivendo em desprazer.

27

Em todos os momentos
A vida se permite
Além deste limite
Ou mesmo desalentos
Liberta os pensamentos
E mesmo que acredite
Na sorte sem palpite
Dos sonhos, elementos.
Vagando em liberdade
O tempo não degrade
O canto mais fecundo
E quanto mais audaz
Meu sonho agora traz
Inteiro um novo mundo.

28

Se eu não vejo; eu não creio
Nem mesmo mais pudera
Vencer a velha fera
Em turvo devaneio,
Apenas busco um meio
De crer na primavera
Ou tanto a vida espera
O quanto em ti receio,
Expresso em solidão
Os dias que virão
Somente o fim de tudo,
E tendo este caminho,
Eu sei que sou sozinho
E assim me desiludo.


29

Sorrisos escondendo
Olhares mais diversos
E quantos universos
Pudessem se revendo,
O tempo noutro adendo
Os olhos mais dispersos
E os sonhos ditam versos
E neles eu me emendo.
Repare cada engodo
E sei que neste todo
O pouco se aproxima,
Marcando com ternura
A vida que tortura
Regendo em dor o clima.

19630

Destilando em conhaque
O quanto pude ver
Do amor a se perder
E nisto sinto o baque,
A vida não estaque
Já nada a perceber
O manto a recolher
Ainda que destaque
O risco deste sonho
E nele eu me proponho
Ausente do vazio,
Esqueço cada verso
E tento até disperso
Um novo desvario.

31

Futuro que não vem
E o tempo se desenha
Além do que convenha
E disto sou refém
Amar e ter desdém
Ou quando em nova senha
Saber do que se tenha
Ou mesmo nada tem,
Ainda que pudesse
Viver a nova messe
Jamais serei feliz,
Meu canto se perdendo
No todo onde é remendo
O amor que sempre quis.

32

Apenas uma face
Diversa da que tento,
Vestindo o sofrimento
Aonde se mostrasse,
O quanto deste impasse
Traduz meu sofrimento
E sei do desalento
E nele me entranhasse,
Vencido caminheiro
O mundo, este espinheiro
Transporta a dor em si,
E amor que poderia
Agora em agonia,
Percebo que perdi.

33

Daquilo que passei
Durante a vida inteira,
A sorte já se esgueira
Tomando nova grei,
Amor seria a lei
E nela esta bandeira
Traduz a derradeira
Vontade que somei.
Acordo e mal me vejo
Deitando em teu desejo
Imenso e sorrateiro,
Os olhos no futuro,
O canto que asseguro
Floresce em teu canteiro.

34

Amores que sem paz
A vida não permite
O sonho sem limite
Que tanto satisfaz,
Ainda mais audaz
O rumo se acredite
E nisto já se admite
Momento mais capaz,
Espero após o medo
O quanto outrora ledo
Agora mais real,
Depois de certos dias
Amor que não trarias
No tosco ritual.

35

Mas resta uma lembrança
De quem se dera inteiro
E assim o companheiro
Ao nada sempre avança
Marcando em aliança
O sonho derradeiro,
E sei do bem primeiro
Aonde o passo lança
A sorte não presume
A vida sem perfume
Florada temporã
Ainda quando pude
Vencer o tempo rude,
Não vi teu amanhã,

36

De toda aquela festa
Que um dia prometesse
O quanto se perdesse
E nada mais, pois resta
A sorte que se empresta
Ao quanto merecesse
Quem nunca me esquecesse
Invade qualquer fresta,
Arestas são podadas
As horas entre os nadas
Estradas mais diversas
E sei do quanto posso,
Vivendo o sonho, nosso
E nele também versas.


37

Na mesa deste bar
No litro de aguardente
A vida que se tente
Sem tanto caminhar,
Pudesse naufragar
O amor que se adoente
E morto plenamente
Já não pudesse amar,
Vestindo a fantasia
Que trama dia a dia
O tempo sem futuro,
Calando dentro em mim
O sonho chega ao fim,
Sem porto mais seguro.

38

Um porto onde decerto
O barco não atraca
A sorte dita a estaca
E o canto enfim deserto,
E quando em ti desperto
A morte em dor ataca
A vida atroz e fraca
O peito sempre aberto,
O risco de viver
O sonho de prazer
Depois de certos dias
Já não mais me convence
Apenas o non sense
E nele entranharias.

39

Em plena tempestade
O tempo diz do não
E sei que não virão
Sequer as que me agrade,
A sorte dita a grade
E muda a direção
Da velha embarcação
Matando a liberdade,
Saudade de quem tenta
A luta mais sangrenta
Em prol do seu caminho,
Mas quando me aproximo
Eu vejo apenas limo
Num solo mais mesquinho.

19640

Moldando bem mais firme
O sonho onde pudera
Vencer a velha fera
E nisto reafirme
O passo onde se firme
O canto sem espera
A vida degenera
E nada mais confirme,
Peçonhas e serpentes
Aonde quer que tentes
Jamais verás o sol,
Apenas o vazio
E nele eu desafio
Inteiro este arrebol.

41

Deixando para trás
O quanto eu poderia
Viver em fantasia
Que a vida já não traz
Depois de ser audaz
A sorte levaria
Além desta alegria
O mundo mais mordaz,
Alegre caminheiro
Vagando no canteiro
Primaveril momento,
Depois de tantos anos
Apenas desenganos,
Somente desalento...

42

Nos ermos mais distantes
Dos sonhos que pudera
Depois da longa espera
Já nada mais garantes
Os dias mais brilhantes
A sorte, esta pantera
Aonde desespera
Traduz outros instantes
Vestindo toda a sorte
Sem nada que comporte
O passo mais feliz
O tempo se desvia
Do quanto em alegria
Um dia, outrora eu quis.



43

Abrindo uma janela
Olhando para a rua
Bebendo inteira a lua
Que nua se revela,
A sorte agora sela
E nisto se cultua
A luta continua
E o barco abrindo a vela,
Além do quanto pude
No mundo atroz e rude
Vestir a solidão,
Meu canto sem sentido
Aonde eu me lapido
Mudando esta estação.

19644

E assim em nossa vida
A senda mais feliz
Diversa da que eu quis
Já tanto percorrida,
Enquanto dilapida
O sonho em cicatriz
A sorte por um triz
A noite vã carpida
O mar que ontem não veio
Amor em devaneio
E o corte em tal fortuna,
A sorte que desuna
O preço deste anseio
Não mais nos coaduna.

645

Expulsa o sofrimento
O sonho mais atroz
E sei da leda voz
Enquanto a paz eu tento,
Vencido o alheamento
O pranto colhe após
Restando dentro em nós
Apenas desalento.
Expresso em solidão
Os dias que virão
Num ato mais constante,
E o quanto eu poderia
Além desta utopia
Nem mesmo o sol garante.

646

Ajuda a carregar
O sonho noutro rumo
E quando além me esfumo
Buscando inteiro o mar,
Pudesse desenhar
O tanto onde me aprumo
E vejo em tal resumo
A ausência de um lugar,
Espero alguma sorte
E nada mais comporte
O canto de quem ama,
Depois de tantos anos
A vida em desenganos,
Apaga a velha chama.

647

Contém hemorragias
Sangrias e verdades
E quando além evades
Matando o que trarias,
Já não mais sentirias
Imensas claridades,
Ausentes liberdades
Em noites mais sombrias,
Escuto a tua voz
E sei que logo após
O canto se cessando,
Meu mundo descaindo
Aonde o quis infindo
Agora mais nefando.

648

Aperta bem mais forte
Saudade de quem tanto
Desejo e não garanto
Que ainda me suporte,
O sonho dita a morte
E o peso, o desencanto
O prazo que adianto
E o mundo já sem norte,
Ausento dos meus olhos
E vendo tais abrolhos
Esqueço o meu jardim,
Amor não poderia
Trazer outra utopia
Matando o todo em mim.


649

E mostra-se pepita
Aonde quis o mundo
Diverso e mais profundo
E nada mais repita
A sorte necessita
Do quanto sendo imundo
O tempo vagabundo
A morte sempre o dita.
Distando do passado
O corte sonegado
O brado sem sentido,
E quanto mais te quero
Espero ser sincero,
Amores eu lapido.

19650

Na força soberana
Do amor que sempre eu quis
Deixando a cicatriz
Aonde o sonho dana,
A sorte mais profana
O canto este infeliz
O mundo por um triz
E a vida desumana.
Arcando com meu sonho
O tempo que proponho
Trará qualquer alento
E o vento se espalhando
E nisto desde quando
Um passo além invento.


51

A vida vai ganhando
O tempo de buscar
Além do imenso mar
Um dia bem mais brando,
O quanto e desde quando
Meu mundo a navegar
Buscando outro lugar
E nele me entranhando,
Velejo em esperança
Aonde o nada alcança
Desertos da ilusão,
Os olhos já cansados
Os dias entre enfados
Meus sonhos morrerão.

52

Minhas costas lanhadas
Os dias entre fúrias
Apenas mais lamúrias
Dominam tais estadas,
Vencidas as estradas
E nelas as penúrias
Ditando tais incúrias
Há tanto degradadas,
Espero alguma luz
E sei do que conduz
O passo sem destino,
Valendo-me do fato
Aonde não retrato
O canto cristalino.

53

Marcando e destruindo
Os erros de onde vim
O todo que há em mim
Pensara ser infindo,
E quando se esvaindo
Chegando ao ledo fim,
O tanto diz enfim
Do corte em dor fluindo,
No sangue que se escorre
A vida já de porre
A morte se anuncia
E o pânico desenho
Fechando cedo o cenho
Matando a fantasia.

54


Amor que não consigo
O sonho tão distante
A vida doravante
Traduz medo e perigo,
Ainda estou contigo,
Mas nada mais garante
O quanto em radiante
Caminho sei do abrigo,
Esqueço o meu passado
E o dia sonegado
Jamais traria a luz
O medo se anuncia
Acolhe esta agonia
E ao nada me conduz.

55

Deixando tão somente
A noite sem porvir
O quanto presumir
Na sorte que só mente
O risco mais presente
O manto a nos cobrir
O canto que há de vir
E nada me contente,
Vestindo a sorte insana
A luta desengana
E mata uma esperança
Liberto pensamento
Aonde o mundo eu tento
Meu passo em vão se lança.

56

Não vês que sendo assim
A vida não traria
Sequer uma alegria
Ou mesmo o ledo fim,
Acende este estopim
Matando a fantasia
E quando em agonia
O tempo faz motim,
O corte dentro da alma
Apenas morte acalma
Quem tanto quis o bem,
A solidão invade
E gera a tempestade
Que sempre me detém.

57

A sorte que escondeste
No olhar sem solução
Os dias moldarão
O quanto não reveste,
Ainda quando deste
Caminho se verão
As noites, solidão
Cenário; o concebeste.
Meu passo sem sentido
O quanto não valido
O sonho mais feliz,
E assim ao te encontrar
Distante do luar
Amar demais não quis.

58

O sangue em que me banho
O medo se aproxima
E dita a velha rima
Aonde o nada ganho,
Espero um dia estranho
E mudo logo o clima
A sorte se aproxima
E nisto em vão me entranho;
Aprendo com a queda
Meu mundo se envereda
Nas ânsias desta arena,
E o todo que pudesse
Ainda trama a prece
E nada mais serena.

59

Que invadem a comer
Banquetes entre salas
E quando nada falas
Impedes o prazer,
O mundo a se perder
As sortes são vassalas
E nisto quando embalas
O raro amanhecer,
Planetas, astros, tais
E sei dos siderais
Momentos onde um dia
Meu canto não teria
Sequer os divinais
Caminhos: poesia...

19660

As luzes que me trazes
Olhares mais perversos
E sinto os universos
Em tantas loucas fases,
Apenas os mordazes
Caminhos ditam versos
E os passos mais dispersos
No tanto que me fazes,
Escolho sempre a dedo
O quanto me concedo
Procedo de tal forma
E a vida não seria
Sequer a fantasia
Que aos poucos nos deforma.

61
As dores que eu herdei,
Herança; inda carrego
Num mundo quase cego
A sorte dita a lei,
O quanto poderei
Ousar e não navego
Marcando o quanto emprego
No vago desta grei,
Resumos de outras eras
Aonde nada esperas
E vês a solidão,
Esqueço cada verso
E quando me disperso
Encontro o mesmo não...

62


Não sei destas vontades
Nem mesmo dos carinhos
Os dias tão sozinhos
E neles me degrades
Ausentes liberdades
Somente em teus espinhos
Momentos que mesquinhos
Traduzem falsidades,
Esvai cada segredo
E quanto mais for ledo
Meu passo me redime,
Após os temporais
Ausente qualquer cais
Sonhar é mero crime?

63

Nem posso adivinhar
O quanto ainda quero
E sei do sonho fero
Ausente do lutar
Navego e bebo o mar
Ainda que sincero
Caminho eu degenero
Cansado de sonhar.
Esqueço cada passo
E quando me desfaço
Traçando outro cenário,
Meu mundo não seria
Sequer a fantasia
Num dia imaginário.

64

Trazendo para mim
A sorte desejada,
A vida ora se evada
Matando o meu jardim,
Escusas e no fim
Depois de certa estada
Mortalha na alvorada
O tempo mata enfim.
O canto sem proveito
E quando em ti me deito,
Estrelas passeando
No céu desta ilusão
Momentos me trarão
Olhar duro e nefando.

65

Fazendo-me cativo
Do quanto pude e nada
Trouxesse o quanto brada
O coração altivo
E quando assim me privo
Da sorte desejada,
A vida tanto enfada
Sonega um lenitivo,
Espero após o tanto
O nada que garanto
Seria a salvação,
Mas sei do destempero
E quando em desespero
Esculpo a solidão.

66

Meus olhos se tornando
Os olhos de quem quero
O todo se sincero
Tornasse em mesmo bando
O mundo desde quando
Pudesse além do fero
Desenho onde me esmero
O corpo em contrabando,
Escrevo a carta e vejo
Nas marcas deste ensejo
O rumo mais venal,
A porta se trancara
A sorte sendo rara,
Renega porto e nau…


67

Numa ânsia sem limites,
Meu tempo em mel e fel,
Ainda em ledo céu
Deveras acredites
E nada delimites
Trazendo em tom cruel
O mundo em carrossel
E dele necessites,
Ausente da esperança
A vida não se amansa
Avança em temporais,
E o quanto poderia
Ousar em alegria
Já não conhece o cais.

68

Quem teve plenitude
E nada mais conduz
Ao ver distante luz
Deveras desilude,
Meu passo sempre rude
A vida diz do pus
E o medo em contraluz
Transforma a juventude.
Acolho o desengano
E quando aquém me dano
Bebendo a dor e o medo,
O sonho se afastara
E a noite jamais clara
O tempo em vão concedo.

69

Motivos pra seguir
O tempo sem perguntas
E quando mais ajuntas
Amores no porvir,
O todo a resumir
As sortes andam juntas
Palavra; desconjuntas
E o sonho a se impedir.
A morte após a queda
A vida não mais seda
Nem mesmo algum prazer
Hedônico cometa
O quanto me arremeta
Não deixa amanhecer.

19670

Meus dias se ausentando
Do canto mais feliz
A vida se desdiz
E nega sempre e quando
O tempo sonegando
A luta por um triz
O medo do que eu quis
O manto destroçando,
Escassa noite em paz
E o nada já se faz
Diverso do que tento,
Aonde quis a luz
Somente reproduz
O enorme sofrimento.

71

As asas deste sonho
Ditame em liberdade
Ainda quando evade
Um mundo tão medonho
Além do que proponho
Trespassa qualquer grade,
Vagando em claridade
Num mundo onde me ponho,
Vestindo esta ilusão
Os dias mostrarão
Diversa luz em paz
Assim ao me entranhar
Tocando o teu luar
Meu verso segue audaz.

72

Por mais que o tempo veja
A sorte desolada
Trazendo o mesmo nada
Desta alma mais andeja
Na lua sertaneja
A noite prateada
No quanto a luz invada
E traga o que deseja
Mergulho no vazio
E quando me recrio
Traduzo em verso e medo
O todo que pudera
Vencer a primavera
Num canto alheio e ledo.

73

Meu canto necessita
Da voz de quem anseio
E sigo sempre alheio
Ao quanto a vida dita
Na sorte em tal desdita
Ou mesmo em devaneio
Procuro qualquer meio
E a vida se acredita.
O manto que recobre
Até se não for nobre
Transforma plenamente
O sonho mais audaz
Aonde a luz se faz
Domina inteira a mente.

74

Embora sem temor
Já nada mais produzo
E quanto mais confuso
O passo em desamor
O dia a se propor
O nada que entrecruzo
O sonho aonde abuso
Dos erros, farta dor.
Esqueço da palavra
A sorte não se lavra
Meu manto se esgarçando,
O dia se anuncia
Sem luz e fantasia
Perdido em contrabando.

75

Prefiro a placidez
Do lago à tempestade
Que quanto mais degrade
Maior estrago vês,
O todo se desfez
Gerando apenas grade
O medo quando invade
Bebendo insensatez.
Crivando em fantasia
O quanto poderia
Saber de novo tempo,
A cada novo engano
Deveras eu me dano
Num novo contratempo.

76

Não basta que emoção
Invada cada casa
E o tempo se defasa
Mudando a direção
Os dias que virão
Traçando o que me atrasa
A sorte não embasa
E dita a negação,
Espero algum alento
E quanto mais eu tento
O sonho sem porvir
O canto se perdendo
A vida num remendo
Meu canto sem seguir.

77

Trazendo para mim
O quanto desejara
A sorte agora rara
Tramando este motim,
A boca carmesim,
A noite bem mais clara
O tempo se prepara
E dita em paz o fim,
O risco de sonhar
O medo de lutar
A vida não permite
Qualquer momento após
O sonho mais feroz
A vida sem limite.


78

Que fora a companheira
Aonde eu me envolvi
Vibrando desde aqui
No amor que tanto queira
A vida esta bandeira
Trazendo então em ti
O quanto concebi
A minha história inteira.
Esqueço qualquer medo
E quando ao bem concedo
Momento divinal,
Meu passo se presume
E sinto o teu perfume
Audaz e sensual.

79

Amada não destrua
O tempo sem valia
A sorte poderia
Beber inteira a lua,
Desejo bela e nua
A noite em fantasia,
O quanto amor nos guia
E o tempo em paz cultua,
Vestindo este lençol
Teu corpo um raro sol
Desenha a magnitude
E verto em teu caminho
O sonho onde me alinho
E nada desilude.

19680

Depois que o amor passar
Não restará mais nada,
A sorte desdenhada
A vida sem lugar,
O canto a divagar
Aquém da bela estrada
E nisto a dor invada
E mate devagar.
Esqueço esta promessa
E o sonho aquém tropeça
Vagando em desatino,
Depois de tanto engano,
Aos poucos eu me dano,
São erros do destino...

81

Fazendo nossa senda
Ainda que não trace
O quanto a cada impasse
A vida não desvenda
E tendo esta contenda
Ao longe se mostrasse
A sorte noutra face
O templo dita a tenda,
Resumo deste engano
Aonde me profano
Iludo coração,
Esqueço do momento
Quando cansado eu tento
Os dias que virão.

82

A vida desafia
Quem tanto quis a paz
E nada mais se faz
Senão cada utopia
A noite sendo fria
O dia mais audaz
O canto não me traz
Sequer o que eu queria,
Despindo cada sonho
Aonde o vão reponho
Mergulho em éter, sigo,
Tentando novo rumo
E quando eu me acostumo
Enfrento o desabrigo.

83

Um coração que outrora
Pudesse ser diverso
Daquele que ora verso
E bebo sem demora
A vida não se aflora
E mata este universo
Aonde me disperso
E sinto, vou embora,
Apenas a verdade
Redime esta saudade
E traça outro caminho,
E nele sendo presa
A vida sem surpresa
No encanto onde me alinho.

84

Agora se perdendo
O quanto acreditei
No amor qual fora lei
E sei ser mais horrendo,
Meu dia num adendo
O tempo mergulhei
E sei do quanto ousei
No todo onde desvendo,
O risco de sonhar
O medo de lutar
A vida não presume
E o quanto mais quisesse
Apenas a benesse
De ter o teu perfume.

85

Porém te entrego amor
E sei do quanto pude
Embora seja rude
Em ti o meu louvor
Caminho redentor
Traçando a juventude
E nisto nada ilude
O canto sem pavor.
A vida, esta redoma
Enquanto nada doma
O pobre sentimento,
Amar e ser feliz,
É tudo o que se quis,
Restando o desalento...

86

Vencendo o medo antigo
Jamais verei meu canto
Ousando e não garanto
Sequer o que prossigo
E tanto em desabrigo
Meu mundo em desencanto
Adentro este quebranto
E sei deste perigo,
Vasculho ponto a ponto
E sei quando desponto
Além da madrugada
O sol desta esperança
Em brumas não avança
E a sorte não diz nada.

87

Distantes deste inverno
Aonde o sol não veio
Meu mundo segue alheio
Ao quanto em ti me interno
E sendo sempre terno
O canto em devaneio
Já diz de algum receio
Pudesse ser eterno,
Vestindo a ingrata luz
Ao nada me conduz
E dita o descaminho,
Depois de tanto engano
Deveras se me dano
Persisto em vão, sozinho.


88

Por tanto tempo andei
Em noites solitárias
Palavras solidarias
Jamais eu escutei,
Assim a cada grei
As vidas temerárias
E as sortes adversárias
Moldando a dura lei,
Esqueço do passado
E tento algum futuro,
E nada que asseguro
Trouxesse este legado,
Matando a fantasia
Aonde nada havia.

89

Aprendo muito ou nada
Dependo da esperança
Enquanto o tempo avança
Rondando esta alvorada
A vida desenhada
Na ponta desta lança
O mundo teima e cansa,
Adentra outra alvorada,
Esqueço o verso e vejo
Caminho em novo ensejo
Resumos do vazio,
E quanto mais feliz
O tempo contradiz
E traz o desvario.

19690

Aprendo a cada instante
O quanto pude crer
No sol a me conter
No dia radiante,
Amor é diamante
E nele este prazer
Pudesse recolher
E ter o que garante
Meu passo rumo ao todo
Vencendo algum engodo
Gestando a liberdade,
Mas quando a noite cai
O tempo já se esvai
O brilho enfim se evade.

19691

Abrindo este portal onde esperança
Pudesse traduzir felicidade
A cada novo instante mais invade
O sonho que decerto aos poucos cansa,
A vida se permite em aliança
Buscando tão somente a liberdade
Ousando muito além, tranqüilidade
Provoca no meu mundo esta mudança.
Regendo cada passo rumo ao tanto
Aonde na verdade eu me garanto
Encontro em solilóquio uma resposta
E a sorte se perdendo noutro rumo,
Meu canto neste encanto ora resumo
Embora a solidão esteja exposta.

19692

Acasos entre quedas de costume,
O rústico momento diz do quando
Meu mundo no vazio desabando
E nada mais deveras me acostume,
Ainda que perceba o teu perfume,
O dia noutro todo em contrabando
O rústico cenário me entranhando
Das sortes não almejo sequer cume,
O vago desenhar de um novo dia
Aonde toda a sorte eu poderia
E vejo tão somente a solidão,
Esvaem nos segredos de outros cantos
Os passos em temidos, vis quebrantos
Negando os sonhos tantos que virão.

93

Adormecendo em nós este desejo
E nada mais redime quem se engana
A sorte tantas vezes soberana
O mundo se mudando noutro ensejo
Apenas um momento malfazejo?
Quem dera, mas sorte agora dana
E mata a sombra viva e quase humana
Do encanto aonde o sonho em paz almejo.
Expresso solidão e nada vindo
Aonde o sonho eu quis que fosse infindo
Somente se traduz em nada ter,
A morte se anuncia a cada instante
E o tempo na verdade não garante
Sequer alguma forma de querer.

94

Aérea fantasia, eu sigo além
Do quanto poderia e nada houvera
A sorte desenhando esta quimera
Enquanto o meu destino nada tem,
A vida se moldando e sem ninguém
A luta a cada passo degenera
E o medo se alimenta desta fera
Ousando ser bem mais que algum refém.
Numa expressão dolosa a vida passa
E o quanto se perdera em tal fumaça
Jamais se poderia adivinhar,
Depois de tanto tempo solitário
Meu canto noutro rumo é necessário
Embora saiba a dor de me entregar.

95

Afagos de um momento mais gentil
E nada se apresenta após a queda
O passo no vazio se envereda
E o medo na verdade não previu
Sequer o que pudesse e pressentiu
Ousando na palavra que não seda
A porta do futuro o tempo veda
E o dia se mostrasse bem mais vil,
Não tendo mais o brilho desta lua
A sorte noutro rumo se cultua
E bebe a tempestade em tez brumosa,
Nublada fantasia se desenha
E a morte na verdade sempre venha
Enquanto a solidão já se antegoza.

96

Aguardo o fim do jogo e nada tendo
Sequer qualquer momento de alegria
O mundo noutro tom não poderia
Seguir sendo deveras tal remendo,
E quantas vezes tento e não contendo
O passo aonde o mundo fantasia
Um dia em plenitude não viria
Desenho de um momento mais horrendo.
Esqueço cada passo rumo ao fim
E bebo sem saber o quanto em mim
Resiste aos temporais da solidão,
E o caos gerado enfim após o nada
Transforma a minha noite já nublada
Trazendo ao meu querer a hibernação.

97

Ainda quando houvera alguma chance
De ter junto comigo quem pudesse
Vencer a fantasia e com finesse
Gerasse o quanto quero e não alcance
A vida na verdade ora se lance
E nisto se presume enquanto tece
O rústico cenário se obedece
E o medo não traduz qualquer nuance,
A sorte desairosa e mais sombria
Matando em nascedouro a poesia
Deixando para trás o quanto brilha
Meu mundo se desenha em tom cruel,
E quando imaginara novo céu
Apenas outro engodo, outra armadilha.


98

Ajuntando palavras venho a ti
Tentando acreditar nalgum futuro
E sei do quanto posso e não procuro
O amor que tantas vezes mereci,
O beijo mais audaz eu esqueci
O rústico cenário, o solo duro,
O tempo se anuncia mais escuro
E o todo se ausentando enfim daqui.
Apenas o que tento e não viera
A vida se traduz nesta quimera
E vejo atocaiada a noite em vão,
Meu passo se alimenta do vazio
E quando novo tempo eu desafio
O mundo me responde sempre não.

99

Aliviando o peso do passado
A porta já se abrira e nada vinha
Somente o que pensara ser tão minha
A luta noutro engodo, duro enfado,
E sei do quanto possa e mesmo invado
A sorte tantas vezes mais mesquinha
A vida se mostrando tão daninha
O corte se aproxima em vão legado,
Esqueço cada verso que pudera
Traçar outro momento em confiança
E a noite sem defesa alguma avança
Matando em nascedouro a velha espera
Medonha esta figura, caricata
E nela cada engano se constata.

19700

Amena noite diz deste momento
Enquanto a vida traz outro cenário
O dia mais audaz portanto vário
Traduz o que deveras busco e tento
A sorte se desenha em alimento
E o canto muitas vezes necessário
Ousando navegar feito um corsário
Enfrenta com firmeza qualquer vento.
Pudesse acreditar noutro caminho
E sei do quanto possa e sou mesquinho
No caos desta agonia que se entranha,
Do nada desenhado vejo apenas
As horas onde em dores me condenas
Matando desde já em dor tamanha.

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