19901
Vontade de parar e de morrer
Depois de tanta luta, inutilmente
O tempo na verdade sempre mente
E impede o quanto pode amanhecer,
Vencendo o descaminho, passo a ver
A sorte desenhada em nova mente
E o corte se apresenta novamente
Matando o que pudesse renascer,
Presumo novo engodo e vejo aquém
O velho paraíso aonde tem
Sinais de outros caminhos, vãos outeiros,
E os termos desta luta em rendição
Os termos mais atrozes mostrarão
Apenas os meus cantos derradeiros.
2
Verás que estarei sempre ao teu lado
Havendo a tempestade que vier
O tempo se desenha sem sequer
O corte tanta vez anunciado
Escuto a voz do tempo e me degrado
No quanto ou mesmo após o quanto quer
A sorte desdenhosa que vier
Marcando com terror o meu legado,
Anseio tempestades entre brumas
E quando noutro rumo tu te esfumas
Expresso a solidão em cada tom
Diverso do caminho mais audaz,
Enquanto a violência, a morte traz
O tempo desejado nunca é bom.
3
Na beira de um regato fiz meu lar
Insumos da esperança granam quando
O tempo noutro rumo desenhando
O quanto eu poderia navegar
Pousando esta vontade de sonhar
Bebendo desta sorte em raro bando,
Aonde meu caminho desenhando
Sem nada nem verdade a se mostrar,
Desnudo a minha sorte em passo lento
E quantos desenhares sempre tento
Depois da vigorosa noite em vão,
E o caos domina o passo sem sentido
E noutros sonhos vejo e dilapido
Dos tantos que pudera, a negação.
4
Chamei-te para vir morar comigo
E nada do que tanto desejei
Moldasse com ternura a espúria lei
E o tempo se condena ao desabrigo,
E quantas vezes teimo e até persigo
O rumo pelo qual eu entranhei
Vestindo a fantasia, fosse um rei
Ou mesmo algum bufão, tolo castigo.
Espero após a chuva esta bonança
E o quanto do passado ainda alcança
Quem tanto desejara apenas sorte,
Nadando contra a fúria das marés
Os dias se demonstram num revés
Sem nada que inda venha e me conforte.
5
Agora já cansei da imensa luta
E nada mais pudesse senão isto,
E quando a cada engano não persisto
O passo sem caminho inda reluta
A sorte se traduz e sendo astuta
O mundo transformando o quanto insisto
E o passo noutro canto, velho cisto,
A morte se desenha em força bruta,
Esqueço cada passo e não veria
Ainda a velha luz do dia a dia,
Esparsos sonhos dizem do que outrora
A vida não teria em solução
E o tempo adentra os ermos que virão,
E apenas o vazio me decora.
6
Será que enfim mereço este vazio?
Meu mundo se apresenta sem sentido
E quando cada engano ainda olvido
O sonho noutra face eu desafio,
Descendo sem defesas todo o rio,
O termo se transforma e dividido
O tempo não permite o decidido
Caminho que deveras é sombrio,
Escassa realidade dita o tom
E sei do meu cantar o ledo som,
Mergulho nos ocasos de minha alma,
Depois de tantos anos, solitário,
O canto quando o pude, imaginário,
Mortalha tão somente o que me acalma.
7
Nas noites bem mais claras onde a lua
Deitara cada raio sobre nós
O tempo desenhando em nova foz
Esta alma que decerto além flutua,
A vida tão somente se cultua
E sei do desengano mais feroz,
Rondando o descaminho sigo após
A sorte desenhada expressa e nua.
Escassos sóis pudessem me tocar
E sei do quanto soube a divagar
Tentando apenas paz e nada mais,
Depositando o sonho em leda bruma
Meu passo sem sentido se acostuma
E bebe sem defesas, temporais.
8
Eu busco nos teus braços
Momentos tão diversos
E sei dos velhos versos
Marcando descompassos,
E sinto os dias lassos,
Caminhos mais perversos
Resumo os universos
Em passos mais devassos,
Esqueço qualquer luz
E o quanto se produz
Já não traduz o quanto
Pudesse adivinhar
E ter além luar
O mundo aonde eu canto.
9
Mas nada... Nem sei mais
Do tanto quanto quis
Talvez fosse feliz,
Talvez fosse o jamais,
Ainda quando esvais
Vivendo por um triz
Diverso sonho eu fiz,
E nele os meus umbrais
Abertos, ventanias
Aonde me trarias
Apenas o vazio
Esqueço cada sonho
E o quanto te proponho
Aos poucos desafio.
19910
Que faço sem teu braço?
A vida não permite
Sequer qualquer limite
E nisto o nada eu traço,
Meu mundo num compasso
Diverso do que emite
O tom onde palpite
O canto mesmo lasso,
Escuto a voz do tempo
E sei do contratempo
Aonde nada houvera
Espero a melhor chance
E nisto o tempo avance
Mantendo viva a fera.
11
Viver sem teu afeto,
Sentir o quanto pude
Em tanta magnitude
O mundo onde o completo
Se fosse mais dileto
O quanto desilude
O risco em atitude
Atrela ao predileto,
Espúrio caminheiro
Aonde não me inteiro
Senzalas que mantenho
Ao ser sempre cativo
Enquanto sobrevivo
Inútil desempenho.
12
Já não pudesse mais
Ousar contra a corrente
Ainda que se tente
Vencer os desiguais
Caminhos sempre iguais
E neles mais contente
Ouvindo o quanto sente
Minha alma em vãos sinais,
Presumo o fim do jogo
E sei de cada rogo
Nefasta melodia,
Meu mundo descaído
O tempo distraído
O sonho não teria.
13
Esqueço esta verdade
E nada mais se vendo
Além do passo horrendo
Aonde se degrade
A tosca realidade
Marcando e me tolhendo
Da sorte em ledo adendo
Ausente claridade,
Escuto a voz de quem
Pudesse e sempre vem
Ousando com tal fato,
Somente no futuro
O fim eu asseguro
E a morte enfim retrato.
14
Não pude acreditar
Nas ânsias contumazes
Que tantas vezes trazes
E teimas navegar,
O sol a divagar
A lua em suas fases,
Amores não são frases
Reinado a se tomar
Ousando com ternura
Enquanto se procura
Apenas um caminho,
Depois de tanto tempo
A sorte em contratempo,
Prossigo em vão, sozinho.
15
Jamais eu pude ver
O passo sem sentido
E nisto o que duvido
Renega amanhecer,
O prazo a se perder
O tempo aonde olvido
O corte dilapido
A morte a se tecer,
Esquemas tão diversos
Os ventos, velhos versos
Os ermos de minha alma,
A solidão se trama
E veste a velha chama
E nada mais me acalma.
16
Fragilidade tanta
De quem se fez poeta
A vida se repleta
E nisto já me espanta,
O verso onde encanta
A luta mais completa
A morte toma a seta
E gera o que me espanta,
Esqueço o descaminho
E quanto em ti me aninho
Invento a direção
Inverto cada passo
E quando o fim eu traço,
Mergulho neste vão.
17
Brindando com a sorte
De quem se fez bastante
Ainda que se espante
O todo não conforte,
A marca do suporte
O tempo delirante
E nada mais garante
O canto bem mais forte,
Escassa melodia
Do todo não faria
Sequer a menor parte,
O sonho desafia
Quem tenta em poesia
O quanto não comparte.
18
Trafego em noite nua
Deitando sob estrelas
E quanto mais contê-las
Na imagem desta lua,
A sorte não flutua
As horas ao sabê-las
Distante do vivê-las
Adentro em paz a rua,
Aprendo na sarjeta
O quanto se cometa
Do mundo sem sentido,
Num hediondo passo
A vida em tom devasso,
Meu mundo agora agrido.
19
Há tanto que pudera
Vencer o meu terror
E sei do desamor
Marcando a primavera,
A vida sendo fera
A paz nega o louvor
E sinto em teu calor
O quanto se tempera.
Esqueço o verso e vejo
O todo de um desejo
Sem nexo e sem proveito,
Do todo desenhado
Apenas o meu fado
Traduz o quanto aceito.
19920
Querendo novamente
O quanto se pensara
Ousando em noite amara
O todo se apresente
Na força diligente
Na porta que escancara
A senda bem mais clara
Amor iridescente,
Aprendo com o tanto
E sei que quando eu canto
Escutas minha voz,
Presumo noutro caso
A sorte sem ocaso
E o sonho vivo em nós.
21
Medonha e caricata
A face de quem sonha
Ousando na medonha
Figura onde retrata
A vida se constata
E quanto mais se oponha
O passo aonde enfronha
A noite leda ingrata
Espero após o nada
A sorte desenhada
Na face da vingança
Presumo o fim de tudo
Enquanto desiludo
Meu passo ao não avança.
22
Jamais eu pude crer
Nos ermos deste enfado
A vida deste gado
Um povo sem poder,
A noite a se tecer
Sem ter anunciado
O quanto fútil brado
Tentando amanhecer,
Esquiva caminheira
A lua onde se queira
O sonho sertanejo
Deitando em turva bruma
A vida aquém se esfuma
E a sorte em vão desejo.
23
Mergulho neste ocaso
E sei deste horizonte
Aonde o nada aponte
Num passo onde me atraso,
Vencendo o quanto aprazo
O risco desaponte
Quem tenta noutra fonte
O beijo num acaso,
Esquento o meu caminho
E sinto o desalinho
De quem se fez poeta,
A vida sem sentido
O tempo desvalido
A morte se completa.
24
Apenas vejo aquém
Do quanto poderia
Embora mais sombria
A vida em tal desdém,
Do sonho que não vem
Da morta poesia,
A leda alegoria
O caos do sem ninguém,
Afasto cada passo
E sigo enquanto traço
O rumo sem destino,
Ao todo desenhado
O canto desarmado
O tempo cristalino.
25
Um gole de cerveja
A vida noutro tanto
E nisto não garanto
O quanto se deseja,
Ainda que se veja
O peso do quebranto
A morte dita espanto
E noite mais sobeja,
A luta que não cessa
A vaga e vã promessa
A ausência de esperança
O passo sem porvir
O quanto a resumir
Aos poucos já me cansa.
26
Num erro tão comum
A vida se desenha
E quando apaga a lenha
Dos tantos restando um,
Já nada diz de algum
Caminho onde se tenha
Além da velha senha
O medo em tom nenhum,
Apresentar o caos
E ver noutros degraus
A fuga que eu quisera
Depois de certos dias
A morte me trarias
Nas ânsias desta espera.
27
Havendo qualquer chance
De um dia mais suave
O quanto nada agrave
O medo onde se avance
A vida num nuance
O peso dita a trave
E o corte onde se crave
A morte que me trance,
Esqueço cada paz
E sei do quanto traz
Apenas negação,
Espreitas e tocaias
Se nelas tu me trais
Meus erros se verão.
28
Ferrenha lutadora
A vida não sossega
E sei do quanto nega
Ainda quanto fora,
Diversa e tentadora
Embora mesmo cega
Por onde em vão navega
A senda redentora,
Escuto a voz do vento
E quando me atormento
Espreito outro cenário
Disperso a fantasia
E sei do que viria
Além do necessário.
29
Brindemos ao vazio
Ou mesmo ao nada ter
O quanto em desprazer
Deveras desafio,
Meu mundo em desvario
Agora eu pude ver
E neste perecer
Marcando o velho rio,
Escuto o temporal
E tento em ritual
Vestir esta ilusão
Os dias são banais
E quanto mais me trais
Maior indecisão.
19930
Salvar cada detalhe
Do todo sem proveito
Enquanto eu me deleito
Na sorte que retalhe,
Entrego cada entalhe
Ao máximo que aceito
E sei do quanto em pleito
A vida sempre falhe,
Escaras acumula
Quem tanto faz da gula
Um ato contumaz,
Marcando a minha história
Em luta merencória
A morte já se faz.
31
Não pude e não devia
Saber do que virá
E tendo aqui ou lá
Imagem mais sombria
Do todo onde haveria
O sol que reinará
Ousando e tomará
A porta onde se guia,
Esqueço o quanto pude
E sei do verso rude
E nele nada faço
Somente o meu caminho
Aonde em paz aninho
O todo em vão cansaço.
32
Qual fora Nerfetite
A bela que domina
O passo, o rumo a sina
E tudo que acredite,
Marcando sem limite
O manto quando mina
Do olhar que me fascina
E tudo se permite,
Esqueço a minha luta
E nada mais reluta
Quem tanto quis depois,
O mundo se desenha
Na força desta senha
Gerada entre nós dois.
33
Deidade se transforma
Em cada passo além
Do quanto me convém
E gera a bela forma
Amor quando se informa
Do gosto onde se tem
O rumo deste alguém
Ditame desta norma,
A paz que desejara
Domando esta seara
Gerando dentro em mim,
A sorte sem segredo
O canto onde concedo
O sonho em paz, sem fim.
34
Não pude e nem tentava
Saber do quanto existe
De fato sendo triste
A vida bem mais brava,
O quanto fora escrava
E nisto a alma persiste
Tramando e não desiste
Sequer de fúria e lava,
Esbarro nos meus erros
E sei dos tantos cerros
Ausentes deste olhar,
Imagem soberana
Da lua que serrana
Aprendo a imaginar.
19935
Viceja esta esperança
No olhar de quem se dera
Marcando com espera
O quanto a vida avança
E nada em confiança
Tocando esta quimera
A sorte em tal esfera
Propõe nova mudança
Escassos sonhos trago
E sei do raro afago
Do amor a cada dia
Não posso me negar
Ao todo e mergulhar
Na sombra aquém, vazia.
19951
O tempo diz do vento
Das borrascas, calmarias
E quanto mais querias
Maior o sofrimento
Por vezes inda tento
Vencer as fantasias
E crer nas alegrias,
Liberto o pensamento,
Mas sei que após o nada
O nada se repete
O corte, o canivete,
A adaga, a velha espada
E o mundo gira em volta
Enquanto se revolta.
2
Não tente qualquer luz
Aonde em trevas sigo
E trago em desabrigo
O quanto nos conduz
Num átimo, outra cruz
O amor, mero jazigo
Pudesse e não consigo,
No todo onde faz jus,
Gestasse uma esperança
E nela o mundo avança
Em vária serventia,
Mergulho este ocaso
E quanto mais me atraso
O sonho, mais se adia.
3
Trazendo a cada passo
O rumo variado
A sorte num enfado
Marcando traço a traço
O canto; aonde eu faço
O beijo não mais dado,
E sonho enquanto eu brado
O dardo noutro espaço,
Escassas noites vãs
E sei destas manhãs
Que não mais poderia
Ousar em novo barco,
E quando em ti me embarco,
A noite jamais fria.
4
No errático cenário
Aonde o nada existe
O parto não consiste
Num ato imaginário,
O vago temerário
O canto agora triste
O sonho sempre em riste
A vida noutro horário,
Meu medo se anuncia
A queda dia a dia
O prazo determina,
O fim de cada encanto
E sei que não me espanto
Na vida assim de quina…
5
No prazo estipulado
O corte há tanto feito
O mundo quando o aceito
E trago lado a lado
O amor, num velho enfado,
O prazo a ser desfeito
A vida dita o pleito
E o tempo imaginado,
Assumo cada engano
E sei do quanto dano
Meu plano original,
Vasculho o roto solo
E quando além me assolo,
O rito é sempre igual.
6
Jazendo noutro canto
O termo mais sutil,
E nada mais se viu
Sequer o que garanto
Houvesse além do pranto
Da noite quando é vil
O prazo se extinguiu
No fim em tal quebranto,
Aprendo com meus erros
E sei dos meus desterros
Ausente do que venha
Apresentando o ocaso
A cada passo atraso
O pouco quando o tenha.
7
Fragilizado sonho
Aonde não pudesse
Saber do que se tece
Em rito mais risonho,
O todo não reponho
Após o que esvaece
E sei da antiga messe
Num ato mais bisonho,
Esqueço o meu rastelo
E tento e não revelo
O caos dentro de mim,
Medidas tão diversas
E nelas me dispersas
Chegando cedo ao fim.
8
No pouco ou quase nada
A vida não se faz
Aonde quis audaz
A morte desenhada,
O tempo já se evada
O canto mata a paz,
O prazo segue atrás
Da noite constelada,
Escuto a ventania
E o pouco que haveria
Já não me traz a sorte,
Sem nada no caminho
Ainda em vão me alinho
No quanto não suporte.
9
Na lama, mangue e caos
Nos olhos do vazio
O tempo que desfio
A sorte em vários graus
Os ermos destas naus
Ainda houvesse o rio
E quando o desafio
Esqueço estes degraus,
E maus momentos tendo
Apenas sou remendo
Do quanto pude um dia,
Matando dentro da alma
O senso onde se acalma
O pouco que teria.
19960
Bebendo cada gole
Do tanto quanto pude
Meu mundo até se rude
No fundo não engole
A sorte onde se bole
O canto desilude
E a morta juventude
Ao nada já me arrole,
Esqueço esta promessa
E o tempo ora tropeça
Num passo sem sentido,
Resulto do passado
E quando em vão eu brado,
O tempo está perdido.
61
Há tanto que pudera
Saber do quanto quis
E nada por um triz
Espreita em leda espera
O corte se apodera
Do todo onde desfiz
A vida em cicatriz
Marcando o que pondera,
Espreitas entre quedas
E logo quando vedas
Caminhos pelos quais
Pensasse na saída
Na morte presumida
Em dias tão iguais.
62
Um sonho libertário
Um canto sem segredos
Os dias, desenredos
O rumo necessário,
O templo imaginário
Os tantos dias ledos
E as mãos, os olhos, dedos
O sonho solitário,
Grassando pelo vago
Do pouco onde me alago
Alheio ao que viria
Já não condiz com sorte
O manto não comporte
A noite imensa e fria.
63
Trapaças desta sorte
Que tanto quis diversa
Da noite onde dispersa
O medo que comporte,
A vida perde o norte
E aquém do sonho versa
Na noite desconversa
E o medo dita o corte,
Já não consigo mais
Os olhos em cristais
Ausentes fantasias,
E quanto mais prossigo
Maior o desabrigo
Ao qual condenarias.
64
No prazo onde se vira
O rústico tormento
Enquanto às vezes tento
A vida nega a pira,
E sei desta mentira
E dela me alimento
Ou mesmo o pensamento
Ao nada ora se atira,
Escalo descaminhos
E busco mais mesquinhos
Cenários onde eu veja
O todo se perdendo
Na face sem adendo
Entregue de bandeja.
65
Havendo novo dia
Ou mesmo refletindo
O quanto fora infindo
E aos poucos perderia,
A sorte sendo fria
O medo onde não brindo
Caminho distraindo
A lua que queria
Escapo do abandono
E sei do quanto adono
Meu passo rumo ao quanto
Pudera noutro fato
E assim sempre constato
E nisto a paz garanto.
66
Saber do quanto posso
E ter noutro momento
O rumo aonde eu tento
Caminho claro e nosso,
O verso onde me endosso
O dia noutro vento
Amor em pensamento
Não deixa algum destroço,
Esvaio em ledo prazo
E sei do quanto atraso
Meu passo sem sentido,
Esqueço cada engano
E se jamais me ufano
Meu mundo anda perdido.
67
Num tempo mais audaz
O corte se anuncia
E a morte não traria
Sequer um rumo em paz,
O olhar turvo e tenaz
De quem em agonia
Ousasse a cada dia
Viver o quanto traz
Resplandecendo em nós
O sol que mesmo atroz
Invade e brilha farto,
O prazo determina
O fim da velha sina
E ausente, enfim, eu parto.
68
Dos jugos de das crenças
As sortes mais audazes
E quando já desfazes
Ainda não compensas
As tantas vãs e imensas
Fagulhas onde trazes
Os olhos mais mordazes
E nisto também pensas,
Resumos de outras eras
E sei do quanto esperas
Após a tempestade
Depois de certo prazo,
O mundo em ledo ocaso
A dura realidade.
69
Estacas no meu peito
As mãos em fúria e medo,
Aonde amor concedo
A dor também aceito,
E sei do velho pleito
E nele o desenredo
Gerando o meu degredo
No caos onde me deito,
Esqueço o verso e vago
E sei do quanto trago
Apenas por trazer,
Depois do nada em nós
A vida em plena foz,
O mundo a se perder.
19970
Julgasse com firmeza
Presença de quem tento
Vencer em pensamento
Após a correnteza,
E sendo a sorte ilesa
O medo este tormento
No quanto alheamento
Pudesse ser surpresa,
Vagando sem destino
Aos poucos não domino
Sequer o quanto resta
Do sonho mais feliz
Amor nada me diz
Nem mesmo trama a festa.
71
Já não me caberia
Ouvir a voz de quem
Há tanto não mais vem
E mata a fantasia
Aonde eu poderia
Ousar noutro desdém,
Vencer o quanto tem
Em rota mais sombria
Vestindo a minha sorte
E nisto já comporte
Além da eternidade
Ao irmanar o senso
O mundo enquanto o penso
Traduz o quanto invade.
72
Invernos de minha alma
O corte mais agudo
E quanto a sorte ajudo
E nada mais acalma
O tempo dita o trauma
E nisto se amiúdo
O prazo; eu não transmudo
E sei da inteira palma,
Alago-me do sonho
E nele me proponho
Ousando muito mais
Os dias sendo assim
O todo quando vim
Expõe os vendavais.
73
No prazo onde se vira
O tempo sem juízo
O corte mais preciso
A lenda, outra mentira
A senda onde prefira
O canto e me matizo
Do tempo aonde biso
O passo que desfira,
Escondo o verso em nós
Procuro estar após
A queda sem promessas,
E o marco desengana
Quem tanto em voz profana
Aos poucos recomeças.
74
Apresentando ainda
O quanto pude ver
Depois do amanhecer
Aonde se deslinda
A sorte mesmo finda
O manto a se tecer
No raro esclarecer
Enquanto a vida brinda,
Pousando neste encanto
Amor que ora garanto
Já não coubera em nós
E o peso do passado
Há tanto desenhado
Esquece o sonho atroz.
75
Gentis momentos vendo
Após esta procela
A vida se revela
Além do quadro horrendo
E sei quando desvendo
O todo em rara tela
A sorte sendo bela
O medo sem adendo
Respiro a liberdade
E sei do quanto invade
O passo de quem ama,
Apresentando a paz
Ainda sou capaz
De manter viva a chama.
76
Gravando a tua voz
No senso mais comum,
Aonde foi algum
Ou mesmo nada após
O tempo se faz um
E o corte mais feroz,
No passo onde veloz
O tempo diz nenhum,
Acordo quando vejo
A sombra de um desejo
Tomando o meu caminho
E sei do quanto pude
Até não sendo rude
Traçar onde me aninho.
77
Risonha camarada
A sorte tanta vez
Aonde nada fez
Traduz palavra, cada.
Espero a madrugada
Em plena insensatez
E a vida em morbidez
Desenha o quanto evada,
Expresso em verso e luz
O mar que reproduz
Iridescente céu,
E sinto em teu olhar
Imenso este luar
Vagando quase ao léu.
78
Produtos da esperança
Amores mais sutis
E neles quanto eu quis
Qualquer nova mudança
A vida em paz descansa
E sei que por um triz
O corte em cicatriz
Aos poucos sempre avança
Esqueço qualquer queda
E sei que enquanto seda
A vida traz o sonho,
No passo sem sentido
O quanto não duvido
Traduz o que proponho.
79
Ouvir quem poderia
Traçar felicidade
E com ociosidade
A noite segue fria,
Espero outra alegria
E nada mais agrade
Quem tanto se degrade
Aquém da poesia,
Pudesse ser ao fim
O todo de onde vim
E nisto não me canso
Do verbo enaltecido
No amor já distraído
No canto em vão remanso.
19980
Ocasos entre caos
Momentos diferentes
E quando além tu tentes
A vida em novos graus,
Os dias sendo maus
As horas mais urgentes
Assíduos penitentes
Quedando dos degraus
A escada poderia
Levar a fantasia
Aonde existe a paz,
Meu mundo se traíra
Nas ânsias da mentira
No engodo mais tenaz.
81
Não poderia mais
Ouvir quem tanto quero
E o tempo amargo e fero
Expondo aos vendavais
Expressa quando vais
Cerzindo em tom austero
O passo onde venero
Apenas rituais,
Esqueço do abandono
E quando a sorte eu clono
Ousando outro caminho
Já nada possuindo
Meu mundo outrora infindo
Agora é tão mesquinho.
82
A noite diz promessas
E tantas que nem sei
O quanto mergulhei
Nos ermos e tropeças
Ousando noutras peças
Vagar em leda grei
O tanto que esperei
E nada recomeças,
Esquivos olhos têm
O medo deste alguém
Que nunca será minha,
A vida se transcorre
E o tempo já de porre
Do nada se avizinha.
83
Vibrando em consonância
A sorte que buscara
Depois da vida amara
Marcando esta distância
Aonde em discrepância
Adentro a luta rara
E nada mais ampara
Quem busca nova estância.
Estanca esta sangria
O quanto poderia
Matar o pouco em nós
E o rumo se perdendo
Onde em dividendo
O passo é mais feroz.
84
Trazendo a melhor sorte
A quem pudesse ter
Senão amanhecer
Aonde o bem comporte
Sonega algum aporte
E passa a não mais ver
Sequer o que conter
Pudesse ter um norte,
Bebendo cada gota
Da vida amarga e rota
Fortuna se renega,
O passo sem sentido
O mundo desprovido
A luta atroz e cega.
85
Brindando com a dor
Quem tanto quis amar,
O sonho a se tornar
Deveras sem louvor
O canto multicor
O peso do vagar
Sem nada imaginar
Aonde quer e for,
Espreito cada engodo
E sei do mesmo lodo
Aonde me entranhasse,
Vasculho ponto a ponto
E o fim decerto aponto
Marcando em ledo impasse.
86
Resumos de uma vida
Já tanto maltratada
A luta nos enfada
E traz e não duvida
Da sombra repartida
A noite constelada,
A morte nesta estrada
Sem dita nem saída,
Escuto a voz de quem
Outrora quis tão bem
E agora nada resta,
Aonde fora tanto
Apenas eu garanto
Imagem mais funesta…
87
Viceja em meu canteiro
Amor que não se vira
Além desta mentira
O tempo aventureiro,
Negando por inteiro
O quanto se retira
O canto não desfira
O templo corriqueiro,
Escassas noites vago
E sei do ledo afago
Da noite sem proveito,
E nesta escuridão
Apenas se verão
Os medos quando deito.
88
Brindasse com a vida
O tempo em perdição
As horas não trarão
Sequer o que duvida
Uma alma resumida
Na herética ilusão
Matando esta emoção
Já tanto desprovida,
Esqueço do passado
E sei do amor ultriz
Na sorte que não quis
Deixar qualquer legado,
Meu verso se anuncia
Em noite vã e fria.
89
Gerânios na janela
Ouvir a tua voz
E sei do quanto após
A sorte não se sela
Tampouco amor revela
O quanto sei feroz
E o dia segue à foz
Do rio onde se atrela,
Espero algum sorriso
E sei quando matizo
Meu verso em teu olhar,
Depois de certos dias
O quanto me trarias
Já não posso contar.
19990
Acorda esta verdade
E gere novo intento
Aonde busco e tento
O canto não degrade
A imensa liberdade
Entregue ao raro vento
Gerando o pensamento
E tudo o quanto invade,
Vestígios de outras eras
Aonde destemperas
E marcas com as garras
As presas afiadas
As sortes desdenhadas
E nelas mesmo escarras.
91
ainda quando busco a sorte em vão,
encontro velhas sombras do passado,
e o tento quanto teimo e assim me evado
traduz os dias tortos que virão.
e resolutamente a negação
espelha os idias tantos, derrotado
ausente da esperança, inútil brado,
o mundo; sem destino embarcação,
pudesse acreditar noutro momento
e quando ao fim de tudo, desalento
esbarro nos meus erros costumeiros
e sinto tais vergastas, minhas costas
e neste delirar tentas, e apostas
traçando os meus momentos derradeiros.
92
já nada poderia após a luta
cansado de sonhar inutilmente,
por mais que a vida teime,mostre e tente
ainda quando o passo em vã reluta.
encontro em minha espreita a fúria, bruta
rondando o quanto possa totalmente,
vagando sem sentido futilmente,
a vida não seria mais astuta.
apenas a mortalha me espreitando
enquanto se desenha atroz e infando
o dia se perdendo sem sentido,
e o quanto ainda resta dentro da alma,
no fundo este vazio ainda acalma
e o que me resta,aquém, eu dilapido.
93
Jamais eu poderia acreditar
Nos ermos de quem sonha e dita a festa
E sei do quanto tento e não se presta
Ao manto aonde pude desenhar
O rumo sem sentido a navegar
A porta se entreabrindo em mera fresta
E o canto quando aquém do sonho empresta
A luta já cansada, bar em bar.
Expresso com meu verso a melodia
Que tanto quanto pude me traria
Apenas um momento feito em paz,
Depois de certo tempo em desengano
Aonde se pudesse, não me ufano
A vida na verdade nada traz.
94
Jazendo dentro da alma a fantasia
De quem se fez aquém do quanto pude
E nada na verdade desilude
Quem sonha ou decerto tentaria,
A sorte mais audaz no dia a dia,
O rústico cenário em atitude
Mordaz ao se mostrar tão amiúde
No fundo mata a luz e a poesia,
Esculpo do vazio este momento
E sei do quanto possa e estando atento
Escassos sonhos trago no meu peito.
Ainda que pudesse noutro rumo,
O engodo a cada instante não resumo
Senão na sorte aonde fora aceito.
19995
Jorrando em chafariz esta esperança
E nela me entranhando sem saber
Do quanto poderia em bem querer
O verso sem discurso já balança
E o marco se transforma enquanto cansa
Vencido pela angústia do querer
O medo na verdade eu passo a ver
E tento demonstrar a confiança
Esqueço os desenganos do passado
E sei do meu engodo quando brado
Pousando nos teus olhos cada olhar,
E o medo se transforma com freqüência
Aonde poderia ter ciência
Já nada mais consigo adivinhar.
19996
Jasmins entre crisântemos e sonhos
Verdades entre rumos mais diversos
E sei dos meus distantes universos
Em ritos tão cruéis quanto enfadonhos,
Os dias são deveras mais bisonhos
E os passos sem sentido tão dispersos
Ousasse ser feliz e nos meus versos
Os tempos não seriam tão medonhos.
Apresentando a paz no quanto possa
Ousar nesta esperança toda nossa
Vestindo a minha luz e dela bebo
O tempo sem sentido e nem razão
Apenas o caminho e a indecisão
Gerados pelo amor, doce placebo.
19997
Jardins entre os diversos que inda traga
A vida sem juízo nem proveito
E quando do teu lado inda me deito
A sorte na verdade noutra plaga,
O rumo se desenha e não afaga
Quem tenta com certeza ter no leito
O sonho mais audaz e por direito
A lua no final, o sonho alaga,
E bebo de teus lábios sedução
Exatos dias dizem da emoção
De quem se fez além de mera luta,
A vida não se expressa senão nisto
E quanto mais feliz, sempre consisto
No passo aonde a morte não reluta.
19998
Urdindo o meu caminho em paz e canto,
Ainda quando pude noutra esfera
Gerar o quanto quero em primavera
E nisto cada engano não garanto,
Mergulho e te desejo sempre e tanto
O corte noutro rumo destempera
E a morte que em verdade degenera
Já não me causaria mais espanto,
Escuto a voz de quem tanto já quis
E sei da imensa chaga em cicatriz
Vestindo esta ilusão do amor sem nexo,
O todo se presume após a queda
E quando no vazio se envereda
Meu canto da esperança um vil reflexo.
19999
Beber cada momento de alegria
E ter noutro cenário o quanto alheio
Momento aonde em nada mais rodeio
E vejo a sorte aonde não havia
Apenas desfilando a poesia
E nela outro caminho quando anseio
Vestindo a minha luta, em vão recreio,
A sorte na verdade não veria,
E o prazo determina o fim de tudo
E sei do quanto possa e mais me iludo
Vencido pelo medo de seguir
Incauto passageiro da esperança
Nem mesmo uma alegria já me amansa
E a vida se desenha sem porvir.
20000
Agora sou poeta, finalmente,
São vinte mil sonetos, nada além,
Falando com orgulho me faz bem
Um futuro brilhante se pressente.
Ganhar muito dinheiro, virar gente,
Até comprar um carro, ser alguém,
Usando Boticário, viu neném,
Ficar muito famoso, simplesmente.
Maior que Chitãozinho e Chororó,
Fazer muito sucesso na tevê
Dar entrevista no Caderno B
Na Ana Maria Braga, sem ter dó,
Não tendo mais inveja da surfista,
Agora, minha amiga, estou na pista...
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