quinta-feira, 10 de março de 2011

Quem sou? Talvez jamais importaria
Apenas o que vaga em sombras quando
A noite pouco a pouco vai nublando
E a madrugada vejo atroz e fria,

Na gélida expressão do que não via
A luta se desenha e me tomando
O mundo quantas vezes mais infando
A sorte na verdade, uma utopia.

Um medo se anuncia a cada esquina
E o tempo de tal forma me fascina
Gerando do que fosse solidão

A imensa noite em turvas eloqüências
E bebo das sombrias coincidências
Andando em busca apenas do porão.


Não mais me bastaria esta incerteza
Tampouco este vazio sobre o quanto
Do mundo noutro rumo sem, portanto
Saber de alguma sorte em correnteza,

A vida se aproxima e de surpresa
Apenas derramasse desencanto
E vendo o que me resta e não garanto,
Somente do passado, mera presa.

Ainda que se visse após o nada
A lua quando muito esfumaçada
Jogada sem sentido em pleno ocaso,

Embora ainda reste alguma luz,
Ao todo já não tento e o que conduz
Refaz a cada passo o mesmo atraso.


Apresentando os erros do passado
O mesmo caminhar sem dimensão
Exata de outros erros que virão
Deixando cada passo sempre ao lado,

E quando a fantasia, audaz, a evado
Não posso crer em dias que trarão
Ainda o que se busque em solução
Sabendo do caminho sempre errado,

Deixando para trás marcas sutis
De tempos onde tendo o quanto quis
Felicidade fora até mesmo possível,

E quando vejo a cena refletida
No olhar atroz e ledo desta vida,
Deixando para trás sonho impassível.


Já não comportaria uma esperança
Em quem ao caminhar entre espinheiros
Talvez inda expressasse verdadeiros
Momentos onde o tempo em luz avança.

Mas quando se presume na lembrança
Os dias onde ceve os teus canteiros,
As sortes entre tais desfiladeiros
Já não teriam mais qualquer pujança.

Ascendo ao quanto quis e nada veio,
Somente o mesmo olhar em tal receio
Enquanto o verso inútil se desenha,

Ainda quanto mais puder viver
Sabendo do passado e percorrer
O quanto ainda resta e nunca venha.


5

Restasse do que fomos um sinal
Ou mesmo algum momento em farto sol,
A vida poderia num farol
Trazer uma esperança em mar e sal,

Mas vejo a bruma imensa em meu quintal
E o medo se assomando no arrebol,
Impede o que se veja e deste atol
O tempo se resume desigual,

Apenas o vazio em esperança
A voz que sem sentido além se lança
Tramando num naufrágio o fim de tudo,

E quando me imagino junto a ti,
O tanto quanto possa já perdi
E ao fim somente em vão me desiludo.


Quisera adivinhar algum momento
Aonde a vida apenas me trouxera
A imensa sensação audaz da fera
Exposta num anseio onde me alento,

E bebo mesmo até do sofrimento
E sei da voz atroz dura e insincera
De quem ao procurar em leda esfera
Espalha tão somente o que não tento,

Restauro mansamente esta figura
Da vida que deveras me assegura
Um canto mais suave ou mesmo em paz,

Mas quando se anuncia o fim do sonho,
O tanto quanto resta e não componho
Espalha além seu canto mais mordaz.


Jamais pude escutar além dos bares
Os tempos são iguais ou mesmo rudes
E quantas vezes; vens e desiludes
E nisto novos dias mal notares,

Ainda quando muito ao mergulhares
Nas ânsias de quem possa em atitudes
Falar do que deveras mesmo mudes
Inunde de ilusão diversos mares,

Restando a minha voz a companheira
Que sei ser na verdade a derradeira
Depois de tantas quedas vida afora,

Apenas o tormento se transforma
E vendo mais precária cada forma
O tanto que cultivo me devora.


8


Um dia após a vida se perder
Nos meus caminhos tolos, sempre sem
Qualquer momento em paz e nada vem
Somente o desandar de algum prazer,

E quanto mais eu tente e possa ver
Apenas noutro olhar, mesmo desdém,
A fúria se desenha e quando tem
A teima refazendo o quanto crer.

Respaldos no passado? Quem me dera
Apenas vejo morta a voz sincera
E tento acreditar nalguma luz,

Porém o quanto vem não me permite
Acreditar no todo além limite
E o tanto no vazio me conduz.

Restando dentro da alma alguma sorte
Diversa da que tanto procuraste,
No quanto a vida trama em tal desgaste
Jamais outro momento te conforte,

Espalho o meu caminho e tento um norte
Embora no final me sonegaste
A vida que se molde num contraste,
Deixando o quanto quis mero suporte.

Deitando alguma vez em mansidão
Os dias na verdade não trarão
Sequer algum apoio e sigo alheio,

Invado o meu passado e vejo bem
O quanto se mostrara e nada vem
E sem apoio algum eu devaneio.


10


Um tempo a se fazer imensamente
Depois do quanto reste deste fato
E quando no vazio eu me retrato
A vida novamente volta e mente

Restauro cada passo e se apresente
O mundo aonde o nada que constato
Resplende sobre as fúrias e desato
Os tantos caminhares, corpo e mente.

Apraza-me vestir tal ilusão
E sei que na verdade não virão
Sequer outros momentos mais felizes,

E quando no final ainda vejo
A sombra mais sutil de algum desejo
Sem mais qualquer motivo contradizes.


11


O tempo não permite qualquer chance
A quem se fez audaz e agora vendo
A vida como fosse algum horrendo
Cenário aonde o nada ainda alcance

Vestindo a hipocrisia nada avance
E vejo o tempo em volta se perdendo
Aonde se quisera algum adendo
O manto se desfaz e ao fim se lance.

Reparo cada corte como fosse
A sorte sem vontade em agridoce
Delírio morto embora inda feliz,

Depois de tantos anos, solidão
Expressa o que inda resta e desde então
Jamais o quanto possa tento ou fiz.

------------------
Não vejo aquela a quem eu tanto tente
Vestir em ilusão mesmo sutil,
E o quanto na verdade não reviu
Expressa o meu caminho imprevidente,

Apenas o que prezo ou se frequente
Navega por cenário atroz e vil,
Não resta com certeza a paz gentil
E o verso se mostrara impunemente.

No seio da esperança a sorte traça
Somente algum sinal, leda fumaça
E a praça que tentara sem descanso

Exposta sem saber o quanto rege
O tanto do meu mundo o vejo herege
E bebo tão somente a dor que alcanço.


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Nos seios do vazio me amamento
E tanto acreditara noutro dia
Embora saiba morta a poesia
Ainda novo rumo em excremento,

Audácia se presume em sentimento
Diverso do que possa e não teria
Seguindo sem destino o quanto havia
E visto o meu anseio em tal tormento.

Negar a minha sorte em dom atroz
E nada mais pudesse mesmo após
A sorte desenhar a solução

Vestígios da alegria que decerto
Bebesse noutro rumo e se deserto
Invado os velhos dias desde então.


Na lividez expressa no não ser
A sórdida presença do que um dia
Pudesse imaginar e não teria
Senão a mesma face em desprazer,

Ainda quando muito possa crer
No farto caminhar sem alegria
E nisto o quanto vale a poesia
Impediria até de amanhecer,

No medo que se estampa a cada ausência
E nada do que possa em penitência
Vagando sem sentido em noite turva,

O temporal descendo sobre nós
O dia que se mostre mais atroz
Enquanto a solidão uma alma encurva.

15

Serenos entre gélidos cenários
E nada do que se expressa em verso e brilho
Ainda quando possa eu não polvilho
Vagando pelos vãos itinerários,

E os dias mesmo quando necessários
Encontram no passado o velho trilho
E desta solidão este andarilho
Esbarra nos momentos temerários,

Apresentando a conta a se pagar
O mundo não trouxesse algum lugar
Somente o que se expresse em vago passo,

E quantas vezes rude e sem sucesso
Apenas o temor que ora confesso
Expressa o que deveras tento e traço.

16


Desnudo uma esperança aonde o nada
Resume o quanto pude e mesmo quero,
E sei da solidão quando sincero
Vivendo sem saber a velha estrada,

E beijo a minha escusa madrugada
Nadando aonde o tanto que ora espero
Adentra o meu caminho e sei do fero
Momento sem sentido em alvorada,

Apresentando o fim após a sorte
Diversa que deveras não conforte
E nada mais se vendo senão isto,

Ainda quando vejo o fim de tudo,
No fim ao não mais ter me desiludo,
Porém inusitado não desisto.


Um tempo que pudesse singular
A vida não seria tanto assim
E vejo o quanto vivo dentro em mim
Adentra e penetrando a jugular

Explode noutro insano e rude mar,
Deixando sem sentido o meu jardim,
Encontro a solidão e sigo ao fim
Sem ter e nem sequer mais descansar,

Ausento da esperança e bebo a morte
E nisto o quanto resta e sei conforte
Comporte cada incêndio e fogaréu,

Não posso e não teria noutro tom
A vida como fosse um raro dom,
Embora tantas vezes mais cruel.


18


A vida em ares lúcidos talvez
Pudesse me alentar, mas o que faço
Se eu tento navegar em ledo espaço
E bebo sem sentido o quanto fez,

A sorte não se importa e desta vez
O rumo se moldara no cansaço
E vendo o meu caminho em cada passo
O prazo desvalido onde não crês.

Ainda que permita algum instante
Meu mundo no final nada garante
Somente esta presença sem sinal

Algum do que pudera acreditar
Marcando com terror o que encontrar
Deixando uma esperança no final.


19

A vida violenta cada sonho
E sei do que afinal já não consigo
E venho do passado em desabrigo
E quando alguma luz ora proponho

Meu mundo se anuncia mais bisonho
E tanto quanto possa estar contigo
Enfrento o quanto resta e não mais ligo
Vivendo tão somente o quanto oponho,

Vestígios de alegria? Mero ocaso
E sei do quanto possa e não me aprazo
Somente bebo a sorte sem sentido,

Depois de tantos mundos solidão,
As horas noutro rumo em estação
Diversa traz o sonho desvalido.


20


Adormecer a noite em solitária
Vontade que jamais se cumpriria
E espero sem sentido algum o dia,
Embora a noite seja necessária,

Vagar a madrugada em cor tão vária
Bebendo cada gole em fantasia
A luta no final não mais traria
Senão vontade amarga, uma adversária.

Espero cada voz que não viera
E bebo sem saber a sorte fera
E deixo para trás cada momento,

Ainda que pudesse acreditar
Nas ânsias mais felizes do luar,
O tanto quanto quero já nem tento...


21


O vício que permita sem limites
O gozo magistral em cada engano,
E quanto se levanta ao fim o pano
A peça que se faz e te permites

Expresse muito além do que acredites
Marcando com terror onde me dano
Bebendo o teu sentido mais profano
E neles outros tantos quando agites

Resulto do que fora simplesmente
A vida sem temor e quando mente
O tempo não presume novo encanto,

Apenas desarmando o passo em vão
Cevando o que amortalha a dimensão
Exata do caminho em medo e pranto.


Num mundo enfastiado em medo e dor
O tanto quanto possa em diferente
Caminho aonde o nada se pressente
Marcando sem saber aonde for,

Grassando sem ternura em leda cor
O tempo se anuncia em voz fremente
E o quanto se anuncia de repente
Impede cada sonho em pleno ardor,

Vestígios de momentos mais felizes,
Aonde o quanto possa não mais dizes
E vives tão somente por viver,

Aprendo com meus restos e te vejo
Deitado sob as sobras do desejo
Amortalhando os dias sem prazer.

23


Blasfêmias? Nada disso companheiro
O vértice se mostra em perigeu?
O canto se anuncia e se perdeu
Matando desde já meu derradeiro

Momento aonde pude verdadeiro
Vagar sem ter destino aonde o meu
Cenário noutro tanto se esqueceu
Do manto mais audaz ou corriqueiro,

E quando sem destino sigo aquém
Do quanto na verdade já contém
A vida sem sentido e sem razão,

Apenas poderia acreditar
Na morte pouco a pouco a me rondar
Marcando com terror imprevisão.


24


Olhar quando crispando em tédio e medo
O vento se aproxima e traz enfim
O tanto que pudera e sei de mim
Marcando com terror cada arremedo,

E sei do quanto pude desde cedo
Vencido pelo caos. É sempre assim
A noite se entranhando no jardim
Não deixa que se veja além degredo.

E tanto quanto eu possa imaginar
A morte se anuncia e sem lugar
Aonde mais pudera noutro instante

Apenas a mortalha hoje me ronda
Enquanto uma esperança traz em onda
Somente o que este luto ora garante.


25


Jamais se apiedasse de quem tanto
Ousando noutro tempo nada leva
Somente a solidão da imensa treva
E nisto se desenha o seu quebranto,

Ainda que me reste apenas pranto,
A vida noutro ponto não mais ceva
Seguindo a solidão enquanto neva
Minha alma se inundando em tal espanto.

Encontro sem saída qualquer passo
E vejo o quanto possa e nada traço
Somente o mesmo fim sem ter saída

Depois de certo tempo me iludindo
O tempo se anuncia agora findo
E deixa para trás restos de vida...


26


Na viperina sorte o que se faz
Embora se mostrasse ingratidão
Os dias que decerto não virão
Semeiam cada passo mais audaz,

E o peso se demonstra contumaz
E nele cada dia de verão
Ainda não presume a solução
Tampouco desenhasse a mansa paz.

Jogado sobre as pedras, vejo o barco
E quando o meu caminho se fez parco
Um arco de promessas em ruptura

A festa determina o fim de tudo
E sei que na verdade se me iludo
Apenas esperança a voz procura...


27


Uma irrisão enorme, a vida traz
E molda sem sentido algum a sorte
E nada do que possa me conforte
Somente o mesmo tempo contumaz,

No olhar de quem amara, Satanás
Nas mãos de quem anseio, vejo a morte
E tanto se perdendo sem suporte
O dia noutro tempo em dor tenaz.

Ausento de mim mesmo e me procuro
O tempo quantas vezes mais escuro
Depuro o verso em vão e tento o riso,

Embora saiba bem desta ironia,
A luta na verdade não viria
E nada do que possa é mais preciso.

28


Efêmeros prazeres, noite vaga
E toda esta incerteza ronda o passo
De quem ao mergulhar já me desfaço
E bebo a solidão da dura plaga,

Ainda quando a sorte em vão afaga
O medo na verdade atroz devasso
Encontra a solidão e sei do escasso
Caminho antes da ponta desta adaga.

Responde-me decerto a solidão
E vejo a minha vida em mesmo não
Ausento dos meus dias o que eu quis.

Singrando este vazio imenso, o mar
Que tanto pude um dia desejar
Expressa o que não fora tão feliz.


Do ventre da cadela a sorte vem
E ronda na matilha sem temores
E segue sem saber por onde fores
Olhando tão somente com desdém,

O verso enverga o sonho e nada tem
Somente ausente em nós vagos albores,
E sei do quanto possa em ledas cores
E vejo no final sem ter ninguém,

O prazo determina o fim do sonho
E quando apenas vão me decomponho
Bebendo o mesmo amargo que a saudade

Expressa noutro tom sem liberdade
Ousando pelo menos ter nas mãos
A audácia feita em sonhos, solos grãos...

30


O quanto na verdade me escolheste
E nisto o pouco ou nada que ora deste
Gerando com terror o medo e a peste
E nisto outro cenário concebeste,

O rumo sem sentido percebeste
E quanto mais sonhara ser celeste
Ao vislumbrar a queda em solo agreste
O sonho sem sentido já descreste.

Não pude e nem tentasse de outra forma
A sólida presença que transforma
E molda do vazio alguma luz,

Na mesma escuridão nada se vendo
Apenas o que sou, vou me perdendo
Do quanto desejei e decompus...


31

Em asco medo e quedas sigo a vida
E sei da negação a cada prazo
E quando meu caminho agora atraso
Enfrento a solução em despedida,

Ainda quando possa esta ferida
Gerada sem sentido num ocaso
Depois de certo sonho aonde acaso
Pudesse desejar outra saída,

Viessem tempestades onde apenas
Ao nada sem saber tu me condenas
Matando pouco a pouco o quanto resta

Depositando o verso no vazio
Eu bebo o quanto possa em desafio
A luta se anuncia mais funesta...

As chamas onde tanto poderia
Ousar em frágua e festa ou nada mais
Do quanto se desenha em siderais
Caminhos onde a sorte não se via,

Apenas desenhando em agonia
Os ermos que comuns e rituais
Desenham noutro erros tantos quais
A luta sem sentido se faria,

Desdenhas o que trago e mesmo assim,
Acendo com terror tal estopim
E vejo esta explosão ao fim do todo,

Amar? Mero brinquedo e tão somente
A morte com ternura já desmente
Trazendo finalmente o brando lodo...

33


Seqüela da esperança o verso expões
E neles outros tantos; bem pudesse
Deixando para trás a velha prece
E nelas outros erros que compões,

Apenas se perdendo em meus peões
Os jogos onde tudo ora se esquece
E o medo simplesmente se obedece
Vencendo sem saber tais emoções.

Negar outro cenário e ver adiante
O quanto sem ternura se agigante
Matando doravante uma esperança

Meu tempo se perdera noutra cena
E o canto sem sentido me condena
Enquanto o luto toma e sei que avança.


Um monstruoso enfado e nada além
Do tanto quanto quero e não viera
Marcando com terror a velha espera
E nela o que se mostra diz desdém,

Apenas o que tanto me convém
Anseia outro momento aonde a fera
Ferrenhamente mostra mais sincera
A senda aonde o nada sempre vem.

Resumos de momentos onde o fim
Gerasse tão somente o que há em mim
Matando outro momento, uma esperança

A voz que não se faz diversa em paz,
O germe da alegria não me traz
Sequer o que inda vive na lembrança.


35

Odeio simplesmente cada dia
E vejo o fim do jogo como a paz
Que tanto se procura e sigo atrás
Do mundo que jamais revelaria,

A voz desta temível agonia
A força sem ternura e mais mordaz
Aprendo o quanto custa ser tenaz
E bebo desta tarde mais sombria.

Sem medo do que eu possa ou mesmo tenho
Somando com terror o desempenho
De quem se fez somente em sonho e festa,

Uma álgida verdade dita o fim,
E bebo do que possa sem enfim
Cevar o quanto tenho e não se presta...

Um instrumento feito em luz e glória
Depois de tanto tempo se perdera
Ainda quando a vida feita em cera
Mudasse com certeza a sua história

Ascendo ao quanto fora merencória
E blindo o meu caminho onde vivera
Apenas ilusão e concebera
O canto noutro rumo, em vã memória

Até que se permita acreditar
Na sorte imaginária de um lugar
Aonde descansar pudesse além

E sei do quanto resta ou mesmo veja
Deixando para trás a malfazeja
Vontade de tentar e nada vem...

37

Perversidades vis em versos quando
A senda se anuncia sem saber
O mundo desenhando a se perder
No tempo ou noutro tanto desabando,

O marco aonde o rumo desenhando
Não deixa nem sequer o que irei ver
E sigo sem sentido e conceber
Um mundo sem temor em tom infando.

Não possa na verdade ser deveras
As somas entre tanto quanto em feras
Apenas as saudades ditam luzes,

E sendo de tal forma o dia a dia
No quanto se perdera e não viria
Ao ermo de meus erros me conduzes.


Não possa acreditar e mesmo tendo
O olhar sem mais destino ou cais após
A vida se renega em leda voz
E o tempo noutro tanto é mais horrendo,

Ainda quando vejo em dividendo
O mundo se anuncia mais feroz
Resumo do que possa em tom atroz,
Não tento outro cenário ou mais desvendo

Resgato cada passo aonde um dia
Pousasse dentro da alma a poesia
E nisto o meu final não mais se dera

De forma violenta ou mais sutil
E quando dos infernos emergiu
A solução exposta em noite e fera...

39


Espuma em ódio atroz a mocidade
Adormecida ou morta noutro canto,
E sei do que pudesse em desencanto
Enquanto a própria vida ora se evade,

Ainda que se veja outra saudade
Marcada com terror em ledo pranto
O verso se anuncia e se me espanto
Enfrento sem saber realidade,

O mundo se presume de tal forma
E quando o quanto resta me transforma
Sedento beduíno em aridez,

O tempo de tal forma se promete
E o quanto no final já me arremete
Expressa o que esta vida ora desfez.


40


Dos fogaréus imensos da saudade
Toando dentro da alma a solidão
Os dias entre enganos moldarão
Apenas o que tanto se degrade,

Necessitando enfim do quanto agrade
E veja noutro dia a dimensão
Dos erros onde tanto se verão
As sombras do que fosse realidade.

Enfrentarei os mares e oceanos
A vida a cada dia muda os planos
E traz a solução e mesmo o fim,

Ainda quando pude acreditar
Nas tramas onde o sonho a devastar
Matasse sem pudor cada jardim.


41

Pudesse na verdade acreditar
Em anjos ou talvez em passos nobres,
Mas quando com terror agora encobres
O quanto me restara de um luar,

Apenas o que pude imaginar
Enquanto com temor logo recobres
As ânsias entre dias e descobres
Somente o quanto pude desejar

Não vejo mais a chance de sentir
Nas mãos o quanto reste de um porvir
Negado sem saber de qualquer traço,

Adentro este momento e nada vejo
Somente o desandar a cada ensejo
Morrendo onde deveras me desfaço.

42

O sol quando inebria o sonhador
Expressa além do verso sem que a sorte
Impeça o que decerto inda comporte
Marcando com seu raio encantador,

Porém ao renegar a imensa cor
Do quanto se quisera e não suporte
Meu passo noutro tanto não conforte
O rumo aonde o tempo trouxe a dor,

Reparo cada engano e vejo apenas
Ao quanto na verdade me condenas
Matando com imensas ironias,

Depositando o fim aonde um tempo
Gerasse tão somente o contratempo
No fundo nada mais tu me trarias.

43

Inebriadamente eu sinto o fim de tudo
E nada mais se visse senão isto,
E quando no final tento e desisto
Ao prazo mais audaz já desiludo,

E quando sem sentido me transmudo
Ousando acreditar enquanto insisto
Vagando sem sentido aonde existo
Deixando para trás o sonho mudo,

E quanto poderia qual canário
Estar onde se fez imaginário
Meu mundo ocasionando nova queda

Ao fim do tanto quanto pude ver
Apenas desvendando o desprazer
A sorte no vazio se envereda.


Um peregrino espera algum descanso
E andasse contra o vento ou temporais
Gerando dentre enganos outros tais
E nisto o quanto quero não alcanço,

Meu mundo que julgara sempre manso
Os dias com certeza são venais
E brindo com meus erros desiguais
Momentos onde o verso em vão eu lanço.

Apresentar o fim da minha senda
E nada do que possa ora desvenda
Contendas que acumulo dia a dia,

No preço a se pagar envolto em nada
A sorte se apresenta desnudada
E apenas o vazio se veria.

45


Das nuvens alimento cada verso
E bebo dos meus dias sem saber
Ainda o quanto possa conceber
Se nada do que tente eu desconverso,

Embarco no meu mundo e tanto imerso
Nas ânsias mais audazes do querer
Falazes tempestades possa ver,
E nisto outro momento ora disperso.

Jazigos da esperança que cultivo
E quando no final sem lenitivo
Apenas o meu mundo se desdenha,

A sombra do meu canto sem valia
Enfrenta a noite amarga e não traria
Sequer o quanto possa e me convenha.


46


Um pássaro vagando pelo campo
E tendo em suas asas liberdade,
Ainda quando o tempo agora invade
Nos ermos dos meus sonhos eu acampo,

E sei enquanto vejo um pirilampo
Da sorte em sua frágil claridade
E nada do que possa com saudade
Com sonhos mais audazes eu destampo.

E tento adivinhar o que inda seja
Diverso da vontade benfazeja
Audaciosamente morta há tantos anos,

E sei dos meus caminhos onde a cura
Não trace o que deveras se procura
Sementes do passado são enganos.

47

Ao se entregar a vida com temor
Não pude imaginar a dimensão
Dos dias que decerto não trarão
Sequer o quanto quis em clara cor,

No tempo desenhando o desamor
A sorte em completa ebulição
Os erros costumeiros, dimensão
Diversa da que possa em medo e dor,

Não vejo algum anseio e bebo só
Do todo que tentara sequer pó,
A marca se aprofunda em tom atroz,

E nada do que veja num repente
Expressa o quanto quero e já se sente
Deixando uma esperança para após.

48

Enquanto no vazio me aprofundo
E veio tão somente o mesmo olhar
Marcando o quanto pude desejar
E nisto sem saber vou vagabundo,

E traço sem sentido qualquer mundo
E nele o que se veja a divagar
Não deixa qualquer sonho em seu lugar
E tece o meu anseio mais profundo,

Não tendo melhor sorte sigo assim
Vivendo desde sempre o mesmo fim,
Audácia não traduz felicidade,

O errático planeta se perdendo
Meu mundo noutro tom que sei horrendo
A vida a cada passo se degrade.

49


Tranquilamente tento algum descanso
E nada do que possa se apresenta
Gerando na verdade o quanto tenta
A sorte que viera num remanso,

E quando sem saber ao fim me lanço
Bebendo desta sorte mais sangrenta
A luta se desenha violenta
E sei que sempre caio ou mais balanço,

No prazo sem sentido e sem razão
A vida se adivinha em dimensão
Diversa da que tanto pude ver,

Ainda quando tento outro caminho
O verso se apresente mais daninho
E mata o quanto eu pude conceber.

50

Negar a sorte e ter no olhar apenas
As horas dolorosas de um passado
Ainda que pudesse desenhado
Vivendo o quanto resta e me condenas

E sendo que talvez quando envenenas
Marcasse o meu anseio lado a lado,
Deixando outro caminho desdenhado
Cedendo sem saber as velhas cenas,

Somente se aproxima do final
O tempo que pensara desigual
Do quanto se resume o dia a dia,

A morte que nos traz angústia e medo,
O dia se anuncia em desenredo
E o tempo noutro sonho morreria.


51

O mundo sem sentido e nada vinha
Somente a solidão rondando a porta
E nada do que possa em senda morta
Traçando a sensação dura e daninha,

E quando no final a sorte aninha
Apenas no vazio e pouco importa
Semente do não ser tanto deporta
Marcando a minha vida ora mesquinha,

Encontro a mesma fonte incandescente
E nela nada até já se apresente
Tramado outro cenário em tom diverso

E bebo desta espúria sensação
Do tempo no vazio e não verão
Meus olhos outro sonho ou universo.

52

Sedento dos meus sonhos nada tendo
Somente esta semente onde a luta
Expressa o que pudera e não reluta
O mundo noutro tom ainda horrendo,

Não vejo tão somente o que desvendo
E vejo outro cenário aonde astuta
A vinda não pudesse ser mais bruta
Matando o que inda resta em dividendo,

No prazo sem saber o que viria
O tempo noutro tanto em alegria
Ao menos a verdade não se faz,

Sabendo o quanto pude e não se quer,
A vida se desenha sem sequer
Sentir o que pudesse mais audaz.

53

O pão e mesmo o vinho se perderam
Nos ermos da esperança de quem tenta
Vicejo no vazio da tormenta
Enquanto novos dias conceberam

Apenas os momentos que viveram
Os olhos sem saber aonde a atenta
Vontade poderia ser sedenta
Da luta que deveras precederam,

A mortalha se faz e quando tece
A sorte noutro engano e não se esquece
Senão a mesma lúbrica vontade,

E o prazo não termina e sei do quanto
A marca do meu mundo em desencanto
Aos poucos cada passo já degrade.

54

Não tento caminhar onde se visse
A morte ou mesmo o caos dentro do peito,
E quando no final ou deste jeito
O sonho se apresenta qual crendice,

Amar decerto é forma de tolice
E sei do quanto possa e mesmo aceito
Desvendo a solidão quando me deito,
E bebo o que me resta em tal mesmice

Negar alguma luz quando não veio
Olhando para trás algum receio
Expressaria apenas esperança,

Mergulho neste abismo e vejo apenas
Aonde com certeza me condenas
E à fúria do não ser a vida lança.

55

As cinzas do que fomos vejo agora
E nelas entre tantos me percebo,
Ainda quando o tempo onde me embebo
Apenas o vazio nos ancora,

E sinto a solidão enquanto aflora
E marca cada passo qual placebo
Cerzindo o que me resta e não recebo
Sequer a sensação de quem demora

Vestígios em litígios barcos sonho,
E o mar que na verdade mal componho
Agindo como fosse uma cascata,

Invade toda a praia e nada reste
Ainda quando vejo o solo agreste
A solidão que invade já me mata.


56

Não tendo qualquer chance sigo ao fim
E brindo com meu medo o que viria
Ousando sem saber da fantasia
Enfrento tão somente o quanto vim

Vestindo a hipocrisia dentro em mim,
Buscando sem sentido a sintonia
E nela muito pouco poderia
Marcar o quanto tento e vejo enfim,

Não pude e não tivera a menor chance
Do quanto se pudesse e num relance
Expresse a solidão sem medo e sigo

Após a tempestade sem destino
E quanto mais me mostre eu não domino
Sequer o quanto vejo em tal perigo.

57

Das queixas costumeiras de uma vida
Jorrando nas cascatas da ilusão,
Ainda com certeza se verão
Os ermos de uma estrada mais comprida.

A sina de tal forma a ser cumprida
Entende o que se molde a dimensão
Diversa do que trace em solução
E nisto esta vontade desprovida

Da luta sem proveito e sem saber
O quanto poderia mesmo ver
Ainda que se veja no final,

O rústico momento em temporais
Ou veja noutro rumo velhos cais
E nisto outro cenário desigual.


58

Reparo cada dia e vejo o fato
Aonde o não combina com meu tudo,
E sei do quanto possa e se me iludo
Ainda na verdade outro retrato

E o prazo sem destino não constato
Resumo de outro engano e não ajudo
Semente de outra farsa e mais agudo
Meu tempo no vazio ora resgato,

E sei deste regato, solidão,
Vencendo o dia a dia desde então
E nada do que possa se aproxima

Do tanto quanto quis e nada houvera
Deixando para trás a simples fera
Marcando com terror o ledo clima.


Não tente adivinhar o que não veio
E saiba o meu momento sem sentido
E nisto o quanto tento e mal lapido
Impede este cenário em tal anseio,

E bebo da morena em cada seio
Uma vontade e sei desta libido
Ou mesmo do caminho adormecido
E nele na verdade em devaneio,

O prazo se findando em tom sutil,
O quanto se quisera e não se ouviu
Senão na tempestade corriqueira

Das brumas mais ferozes nada vejo
Somente o quanto possa e noutro ensejo
A vida me sonega outra bandeira.


60

O quadro se ansiando noutro fardo
E o vento não pudera adivinhar
O rumo sem sentido a navegar,
E quando novo mundo ora retardo,

A solidão expressa o mesmo cardo
E nisto mo quanto possa ruminar
Apenas poderia me mostrar
O meu caminho aonde fora um bardo,

Legado de uma vida sem que a sorte
Talvez trouxesse todo o meu aporte
E nada do que possa sem saber

A vida se aproxima de outro engano
E sei do quanto tente e se me dano,
A luta não pudesse esmorecer.

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