sexta-feira, 6 de maio de 2011

No quanto percebo sensata ilusão
Vagando sem rumo mergulho no espaço
E quando deveras a sorte ali traço
Mudando sem medo qualquer direção,
Meu canto pudera trazer a versão
Do quanto se tenta vencer nó e laço
Meu tempo se extingue tramando o cansaço
De quem poderia viver o que quer
Sem ter na verdade temor vão sequer
Reinando em vazio navego teu mar
E sei do que possa viver em promessa
Enquanto esperança sem nexo tropeça
Vagando distante do que eu quis luar.

2


Eu não quero mais falar
Da verdade que se esconde
E decerto corresponde
Ao que tento imaginar,
Vago sem saber lugar
Nem sequer, portanto aonde
Da esperança a grade fronde
Não consiga mais tocar;
Busco em vão neste arvoredo
O que tanto ora concedo
E desejo sem ter fim,
A verdade sonegada
A palavra demarcada
Traduzindo o nada em mim.

3

Não quisera mais amar
Nem tampouco posso crer
No que tanto a se entregar
Já não traz qualquer prazer,
O meu mundo sem lugar
A incerteza de um viver
Uma estrela vive em mar,
Outra já não posso ver,
Bebo a senda mais sutil
A palavra que não dizes
Traz o quanto permitiu
Meu cenário em vis matizes
Do que fora amargo e vil,
Trago apenas cicatrizes.

4

Edifico meu castelo
Com as pedras mais ferozes
E procuro o quanto é belo
Caminhar entre os algozes
O meu mundo que revelo
Noutros cantos, velhas vozes
Esperança é meu rastelo
Dias vários, vãos velozes.
E se possa ver além
Do que tanto a vida tem
Tramo a sorte mais audaz,
o momento mais suave
Na verdade já se agrave
E a palavra se desfaz,


5


Não queria acreditar
Nas estâncias da esperança
o meu mundo a divagar
O passado agora alcança
E o que pude desejar
No final tanto balança
Desejando algum lugar
Mergulhando em confiança
Nada tenho do que um dia
Pude mesmo discernir
A verdade não viria
Nem pudesse presumir
Muito além da fantasia
Que cismamos em vestir.

6


O meu mundo poderia
Traduzir felicidade
Sendo tempo em alegria
Ou tristeza o que me invade
No que possa em garantia
Trazer mesmo a liberdade
O que tanto se veria
Demonstrasse claridade.
O meu verso se perdendo
Num momento mais cruel
O cenário diz remendo
A verdade encobre o céu
Um cenário se contendo
Nas entranhas deste véu.


7

Já não cabe qualquer sonho
Quando a vida dita a sorte
Que talvez não mais conforte
Meu caminho mais risonho,
E se possa e recomponho
O que traz a cada corte
A verdade não suporte
E moldando um ar bisonho.
Nada mais se vendo após
No caminho mais feroz
Que se molda num instante
O meu tempo se desnuda
E se possa a sorte, muda
Nada enfim mais me garante.


8


Recebendo cada verso
Como fosse uma emoção
Num momento mais diverso
Traduzindo sempre o não,
O que possa desconverso
E gerando a sensação
De um momento mais perverso
Na fatal imprecisão.
Vejo o tempo se esvaindo
E o que fora outrora infindo
Já não mostra qualquer cais,
O que pude num alento
Noutro rumo agora tento
Em anseios magistrais.

9


Nunca mais se vendo o fim
Desta luta que se traça
Muito além desta fumaça
Que exalava dentro em mim.
Nada brota no jardim,
Mergulhando em velha praça
O que tanto já se passa
Molda a morte sempre assim.
Vago contra estas marés
Vendo a vida de viés
Sem saber do que teria,
A verdade nos redime?
Talvez seja mais sublime,
Mas prefiro a fantasia.

10

Nada mais pudesse ver
Quando tive a menor chance
De viver cada prazer
E saber todo nuance
De uma vida que faz ver
Onde quer que sempre alcance
O momento do saber
Traduzindo o que se lance
Na palavra que condeno
No sentir deste veneno,
Na mortalha que se tece,
Meu caminho sem futuro
Neste porto que inseguro
Só naufrágios oferece.

11

Gerações diversas trago
Nos meus olhos sem sentido
O que possa em raro estrago
Na verdade não duvido
Bebo a sorte sem afago
E se possa desprovido
Do momento onde me alago
Do caminho em que me olvido,
Verso apenas sobre o nada
E se tento cada estrada
Na verdade se desenha
A saudade não se traz
E se mostra mais mordaz
Mesmo quando a sorte venha.



12


Quero apenas outro instante
E talvez a liberdade
Que traduz e me garante
O que possa e se degrade,
O momento mais brilhante
Traz em si plena verdade
No caminho que adiante
Sem saber da liberdade,
Ouso mesmo acreditar
No que possa em seu lugar
Traçar clara noite audaz,
Vendo o quanto poderia
Molda em rara fantasia
o que cedo se desfaz.

13

Eu não trago mais saudade
Do que tanto me trouxeste
Num momento mais agreste
O vazio ora me invade,
E se nega a qualidade
Do que possa e não se empreste
O cenário que se empeste
Da temida liberdade.
Venho em versos te trazer
O que possa no prazer
Sem saber da dimensão
Do cenário que desenhas
Das palavras que ora empenhas
Noutro rumo e direção.

14


Não se possa acreditar
No momento mais sutil
E se tudo o que previu
Toma logo o seu lugar,
A vontade de lutar
O cenário mais gentil,
A verdade se reviu
Noutro tempo a desenhar
O meu mundo se tramando
Sem saber sequer nem quando
Outro tempo desenhado,
O meu verso se desfaz
Na verdade mais mordaz
Num desenho desolado.

15


Livrando o meu pensamento
Na incerteza que se faz
O caminho mais mordaz
Que deveras sempre tento
Bebo o imenso e rude vento
O passado não me traz
O que possa e satisfaz
Num anseio em desalento.
Se eu caminho e vou sozinho,
Neste mundo mais mesquinho
A vontade não se cansa
De lutar e ser vazia
E de novo poderia
Ver o quanto não alcança.

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