domingo, 3 de julho de 2011

11

A morte tece mansa o que traria
Ao fim do velho jogo, sem surpresas,
Mostrando pouco a pouco suas presas
As sortes não vencessem a utopia,
E o quanto na verdade buscaria
Em sendas mais diversas as certezas
Que expondo o dia a dia sobre as mesas,
Permitem no final rara iguaria.
Adio velhos planos, nada mais,
No que virá depois me transformais
E sei dos elementos que apresentes
Mas tento prosseguir, a cada instante,
Enquanto ainda a vida me garante
Em passos cada vez menos frequentes.




12

Já não coubera mais qualquer verdade,
A luta se desfaz e vejo a cena
Tomada pela fúria que condena
Enquanto uma esperança ao fim se evade,

Jazendo nalgum canto, a liberdade,
O tanto que se busque não acena
Sequer com ilusões, e a fúria plena,
Transforma em tão nublosa, a claridade.

O verso se pudesse adivinhar
O quanto é necessário navegar
E sem salgar as águas dos meus rios,

Os olhos lacrimados silenciam
E amores na incerteza propiciam
Somente novos erros, desvarios...



13

Jamais acreditasse que outra forma
De sonho poderia nos levar
Ao tanto quanto queira imaginar
Ou mesmo noutro tom dita a reforma,
A sorte sem sentido não me informa
Tampouco conhecesse o belo mar,
Ainda que pudesse navegar
Nas tramas do que o sonho enfim transforma.
As tantas e diversas madrugadas
Em noites muitas vezes consteladas
No sertanejo encanto que perdi,
Agora no vazio da cidade,
Apenas resta na alma esta saudade,
Do que somente em sonhos conheci.


14

As tantas ilusões de quem talvez
Pudesse noutro instante ser feliz,
Porém quando a verdade contradiz
A vida não traria nova tez,
Apenas com certeza a estupidez
E o vento se espalhando em céu tão gris
A tempestade em fúria, geratriz,
Do quanto não se vendo, não mais crês.
O vértice se torna meramente
A queda mais audaz e mais temida,
Assim a própria essência nega a vida
Enquanto o sonho segue impertinente,
Ainda que deveras tanto eu tente,
Minha alma sem sentido, vai perdida...

15

Não sei do que pudesse ser diverso
Do verso que me trouxe a fantasia
Do amor quando em verdade nada havia
Senão cada momento mais disperso,
E sendo de tal forma este universo,
Deitando sobre as sedas da utopia
Marcando com temor cada ironia
Sabendo que no fim eu desconverso.
Repare tantas lutas em segredo
E siga tão somente o desenredo
Gerado pelo medo de um futuro
Aonde o que se fez bem mais suave,
Negando a sensação que enfim me trave
E agrave o que deveras eu procuro.

16

Não mais que meramente o dia espalha
O quanto acumulasse vida afora,
E o tanto que pudera se demora,
Moldando o fino fio da navalha,
Acordo e na verdade e a sorte, falha,
Expressaria o dom que me apavora
Do tanto que lutando não tem hora,
E a vida sem sentido é vã batalha.
E sei que no final rusticidade
Expressa o quanto eu quis, felicidade,
Matando uma ilusão em nascedouro,
Mas sei que em plena vida o que perdi
É mais do que sonhara, pois em ti
Havia muito além de algum tesouro.

17

Não quero que se perca qualquer fato,
Tampouco outro momento onde a incerteza
Jogando as cartas sempre sobre a mesa
Traduza o que decerto eu não constato,
E sei do meu caminho em teu maltrato,
E sei do quanto possa sem surpresa
Invisto o meu anseio nesta ilesa
Vontade do que possa e não retrato,
Agora que este mundo se desnuda
E gera a sordidez atroz e aguda
Numa palavra herética e agressiva,
Ainda que se tente novo passo,
Um velho caminhante, eu me desfaço,
E sei quanto esperança, em vão, cativa.


18

Não quero acreditar no que se tenta
Vencendo a mais diversa sensação
Do todo que se mostre- ebulição
Tramasse muito além desta tormenta
E quando a solidão seja sangrenta
O corte noutro tom, noutra expressão,
Invista o quanto possa o coração
Gerando enquanto a vida me orienta.
Não posso relegar a qualquer plano
O verso mesmo sendo desumano
Ao tempo sem partilha e sem respaldo
Dos vórtices frequentes, tempo ultriz,
Aonde poderia ser e fiz
Do sonho muito além de algum rescaldo.

19

Não mais que meramente fiz o todo
E sei quando perdera a mais completa
Razão que tanto possa quanto afeta
O mundo sem sentir o velho engodo,
Acordo e na verdade adentro o lodo
Tramando a sensação, ledo poeta,
Do quanto poderia e não repleta
Uma alma sem saber qualquer denodo,
Avanço contra todas as espúrias
Loucuras que provoquem tais lamúrias
E nisto sou apenas um fantoche,
A vida tantas vezes nos deboche
E viva o que se fez sem galhardia,
Matando o tanto quanto eu mais queria.

20

Não seja de tal forma o meu caminho
Infecto desenhar em noite escusa,
A vida noutro tom enquanto abusa
Da solidão expressa o mais daninho,
E quando me encontrasse no teu ninho,
A sorte mesmo sendo mais confusa,
Transcende ao que pudera e se entrecruza
Marcando com ternura onde me alinho.
Não quero o sentimento que perfaça
Somente a realidade em rude traça
Na corroída fonte sem proveito,
E desesperançado camarada
Apenas resumindo neste nada,
O todo que deveras mal aceito.

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