sexta-feira, 15 de julho de 2011

Eu sei que desta vida não se leva
Paixão, amor, tristeza ou matéria,
A força que circula em nossa artéria,
Seja ela boa, pura ou maleva...

E que emoção alguma é longeva,
Ainda que, por vezes, deletéria,
Tornando a nossa alma mui cinérea,
Que nada vê além da escura treva!

Eu sei! Mas não consigo ser razão!
Envolta estou nas sedas da paixão,
Louca de amor, andando a te buscar.

Eu sei que tudo um dia vai passar,
Mas hoje quero só amar e amar,
Perder-me entre as sendas da emoção.

Edir Pina de Barros

O quanto desta vida é feito em alegria
Gerando uma esperança e nela residimos,
Embora nesta estrada em lodos, lamas, limos,
A queda a desventura expressa o dia a dia.

Amar-te resumindo o tanto que viria
Pousando na alegria em mais supernos cimos,
E mesmo quando após, deveras despedimos,
O gosto deste beijo em mim residiria.

Perfume de mulher, essências de jasmim,
O tanto que há em ti, revigorando em mim,
Amor, mais que palavra, um bem cotidiano,

Brilhando feito sóis reinando em mil manhãs
Deixando para trás as horas vis, malsãs,
Será que isto é verdade, ou... ledo desengano?



OS ESPELHOS

Estou num recinto cercado de espelhos
que me reproduzem distintos perfis,
em todas as portas, tão duros bedelhos
e eu preso aos semblantes, feliz e infeliz...

Os do alto, severos, me batem com relhos,
no solo, os que imploram a minha raiz,
à frente, os que fazem cair de joelhos;
será qual o foco que mais me condiz?

Diante de imagens me dando conselhos,
eu não sei ao certo o correto matiz;
ah, esses reflexos me enredam a ardis!

Às vezes eu miro os de brilhos vermelhos,
em outras, prefiro os que têm tons anis,
mas todos me apontam quem sou e o que fiz!!!
Marco Aurelio Vieira
Preparo este sonho, diversos matizes,
Tentando a saída sabendo ser vago
O mundo que tanto caminho e divago
Deixando em verdade tantas cicatrizes,

Cerzindo o futuro, procuro o que dizes,
E nisto o meu mundo somando outro estrago
E quando traduz o momento em que trago
Supero com sonho diversos deslizes

E busco vencer meus anseios e medos
Meu barco aportando temíveis rochedos
E o tempo que possa no fim desenhar

A rota sem nexo do amor sem juízo,
Vivendo deveras caminho impreciso,
“que sempre termina na beira do mar”.

Citação de Zé Ramalho



Ah, quantas cores, quantas glórias, quantos brilhos...
Beijos dos ares, dos orvalhos sobre as rosas...
Plenos verdores e as vitórias, paz dos filhos...
E nos pomares, fruta em galhos, saborosas...

Novas nascenças, quantas luzes, dias claros...
Lindas lembranças bem felizes de branduras...
E benquerenças, fim das cruzes, só amparos...
Das esperanças, as raízes fortes, puras...

Em florescências, as notícias positivas...
Ledas infâncias, eficácias dos prazeres...
Luminescências de delícias, brisas vivas...
As tolerâncias, pertinácias, seus poderes...

A vida agora me oferece o resplendor,
depois que tu me declaraste o teu amor!

Marco Aurelio Vieira


O meu caminho tantas vezes percorrido
Nas mais diversas esperanças mesmo após
A solidão que me envolvesse em firmes nós
Pudesse ao menos transformar o que duvido,

Neste cenário vivo apenas o que resta
Sem ter sequer qualquer caminho ou mesmo sonho,
Mulher amada que deveras eu componho,
Deixando o velho coração fremir em festa

Tendo nos olhos a beleza em raro brilho
Tendo nas mãos delicadeza sem igual,
Um templo ora entalhado no cristal,
Ao dominar coração pária do andarilho,

Na “sua boca, a cor das penas do tiê”
Nesta moldura muito além do que se crê.

citação de Raimundo Fagner

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