O raio que trouxesse a bela aurora
Dos sonhos e magias da esperança
Notando com ternura o quanto avança
O passo que deveras nos ancora
Gerando o quanto possa e sem demora
Na lua mais sublime, a confiança,
O amor que dominando em temperança
Expressa todo o encanto em fauna e flora,
E, da Natura, vejo este apogeu,
Olhar que nos teus olhos se perdeu
Reverdejando enfim esta suprema
Beleza faiscante em raro tom,
Renasce com ternura o meigo dom
Sem nada que em verdade ainda tema.
Manhã que nunca viria após a queda e o fato
Crepuscular anseio que não mais me traria
Sequer o quanto pude em erma fantasia
Viver aquém do quanto tento e não constato…
Nesta inconstância repetida trato
O passo como fosse uma utopia
Marcando com denodo e galhardia
Aonde na verdade me arrebato.
Levasse para além o quanto trago
Ou mesmo revelasse o fim do jogo,
E colocando a mão em pleno fogo,
Recebo torturante e frio afago.
Agônico caminho em busca ao nada
Reprisando a mesma tosca e brusca estrada.
Depois de tantos erros entre passos e retalhos,
Encontro o que pudera ser apenas
A sensação que traga o quanto vês nas
Noites entre raios, sons e atalhos,
E assim ao perceber que os assoalhos
Aonde muitas vezes me condenas
E bebes do passado em noites plenas
Marcadas pelos mesmos atos, falhos.
Não quero o paladar que se vertesse
No quanto da verdade merecesse
O dia que vencesse a solidão
Na ponta do punhal, a faca e a adaga,
O quanto deste tanto não afaga
Nem mesmo moldaria outra estação.
HELIANTOS (II)
Um campo d’heliantos vicejantes
Com suas flores lindas, quais mil sóis,
Co’s irisados tons dos arrebóis,
Repleno de fulgores, mil encantos.
Mais belo que o cantar dos rouxinóis,
Ecoando em todo o espaço e seus quadrantes,
são esses campos fartos, verdejantes,
cobertos com milhões de girassóis!
Em cada flor a vida toda posta!
Pulsante! Esplendorosa! Colorida!
Com todo o seu olor, mistério, encantos!
A vida fica assim expressa! Exposta!
Em cada flor encantos d’uma vida,
E a Vida nesse campo de heliantos!
EDIR PINA DE BARROS
Nos girassóis da Rússia, cata-ventos,
Dançando sobre o campo, olhar avança,
E busca em auriverde esta esperança
Mudando para sempre desalentos,
Nos carrosséis bebendo imensos ventos
E gira e roda e roda e gira e lança
Além do que coubera a temperança
A imensidão dos vários sentimentos.
Exposta vida, exposto o sonho,
Claras fraturas na monótona paisagem
E neste bailado, a vida eu componho,
Como fosse de Van Gogh divina tela,
E o sol bebendo toda a paisagem
Genialidade além traz e revela.
12 de julho de 2011 16:17
As flores que murcharam e não viste,
Velaram pela tua sorte e vida,
Durante o teu sono e toda a lida,
E o seu perfume inda em ti persiste!
Não viste? Eram tantas essas flores!
Deixadas por amigos e poetas,
Em meio às preces raras e seletas,
Levadas com carinho em mil andores.
Em cada flor a prece d’um amigo,
Em cada amigo um rosário inteiro,
Aos Deuses implorando com fervor.
O tempo todo! Sempre ali contigo!
Em cada flor, no seu fulgor e cheiro,
Um gesto de carinho e muito amor.
Edir Pina de Barros
As flores que espalhaste no caminho
Tornando toda a vida mais suave
Embora a cada instante um novo entrave
Marcado pelos ermos de um espinho,
Por vezes me sentira mais sozinho,
Esperança tão frágil rude nave
Aonde imaginasse asas de uma ave,
A ausência do que fora qualquer ninho.
A vida se renova e após um tempo
Do que se fora apenas contratempo
Do que se imaginara atroz e bruto,
Da flor estraçalhada pelo chão,
Surgindo numa incrível mutação
A própria redenção do doce fruto.
Edir Pina de Barros
12 de julho de 2011 17:17
A vida se renova e regenera,
E aí reside a força mais divina,
Qual girassol no verde da campina,
No auge do esplendor da primavera!
A Vida é luz que brilha e sempre impera,
Que rasga todo o véu, se descortina,
e aqui e ali andeja, peregrina,
vencendo em todo canto a Besta Fera!
Em todo canto viça com pujança,
Deixando em cada qual uma esperança!
Em cada canto a força do Universo!
Sementes de renovo e redenção,
Que alenta a alma, o corpo e o coração,
Num mundo violento e tão perverso!
Crisântemos e lírios, belas flores,
E as roxas violetas sobre a mesa,
Sanguíneas expressões dos meus amores
A vida se esvaindo sem surpresa.
Verbenas, tílias, perfeitos amores
E a primavera viceja em tal grandeza
Seguindo com certeza aonde fores,
Sublime face exposta, Natureza.
Poeta, castelão das ilusões,
Abandonado em turvas florações
Encontra na alma um tempo glacial,
Olores se perdendo pelos ares
E quando, noutro instante tu notares,
O solo em folhas secas, outonal.
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