11/09/11
01
Responde de tal forma a solidão
Que nada mais importa nesta senda,
Somente o que tentara e não desvenda
As marcas deste tempo desde então,
Apenas desenhando esta amplidão
E nisto o meu caminho ora se estenda
Deixando para trás o que foi lenda
Marcada com temida imprecisão.
Não pude e sei que a vida se repete
Na ponta do punhal, do canivete
A sorte dissonante da esperança
No fundo, com certeza se afiança
E mesmo se mostrando não complete
O que tentasse ver já sem pujança.
2
Teimando contra todas as marés
Jamais eu poderia navegar,
E sei que neste imenso e denso mar
Deveras encontramos as galés,
Vivendo cada instante por quem és
No todo sem saber qualquer lugar
O mundo pouco a pouco a desenhar
O olhar que sempre avança de viés.
Restando o que inda possa ou mesmo o fim,
Vagando sem destino, morto em mim
O sonho não cabendo no horizonte
Ainda que o futuro desaponte
Revejo cada farsa de onde eu vim,
E tento construir inútil ponte.
3
Unindo nossas forças? Quem me dera...
O verso não traduz o dia a dia
Apenas o que rege a fantasia,
Por certo tantas vezes insincera,
A mão que acalentasse tanta espera
O vento quando muito me traria
Somente o quanto pude em poesia
Ou versejando além em dura esfera.
Arrebentando a mesma frágil corda,
A sensação da dor que ora me aborda
Gestando e concebendo este vazio,
O passo noutro enredo desafio,
E sei do que deveras nos acorda
Em tom tanto venal quanto sombrio.
4
Já não comportaria tal verdade
Tampouco o que desminta novo enredo
O manto quanto mais luta procedo
No fundo se demonstra feito grade.
A vida tantas vezes nos enfade
E gere o que pudera desde cedo,
Matando este cenário antigo e ledo,
Negando o que busque em liberdade.
Palavras seguem rumos mais diversos
E sei da insensatez dos tantos versos
Que ousara num momento mais sutil,
Meu passo perde encanto e nada traz,
Somente esta vergonha tão mordaz
De quem uma esperança nunca viu.
5
Idolatrando o sonho mais suave
Que a vida poderia conceber
Pousando nesta senda em tal prazer
Enquanto o dia a dia nos entrave,
Sem nada quando muito que me agrave
O vento em novo aprumo eu passo a ver
Sabendo do que possa merecer
Ou mesmo libertando na alma esta ave.
Já vejo refletido em cada olhar
A força que talvez ao se notar
Expresse o dia a dia mais sereno.
Porém quando este intento em mim; condeno
Vestindo dentro da alma inteiro o mar,
Salgando esta esperança, em tal veneno.
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