segunda-feira, 12 de setembro de 2011

12/09/2011

Ourives da esperança se perdendo
No passo sem sentido vida afora
O quanto se previa desancora
O barco noutro engodo mais horrendo,
E sei do que se mostre num adendo,
Vencido pela sorte que se aflora
Gerando a tempestade desde agora
Aos poucos a tristeza se tecendo.
Entorpecido verso se anuncia
Na noite sem sentido e mesmo fria,
Vagando sem destino, sigo após.
Meu canto com discórdias produzido,
O passo noutro tanto já lapido
Ousando acreditar em firmes nós.

2

Procuro acreditar mesmo que reste
Apenas a faceta tortuosa
De quem ao procurar jardim e rosa
Encontra este cenário tão agreste,
E quanto da esperança já se empreste
Ao delirar em sorte majestosa,
A vida se moldara pedregosa,
Mas no final a dor não mais infeste.
Espero com franqueza este momento
E quando mesmo após a queda alento
Meu mundo se transforma totalmente,
E sendo desta forma o que se sente
Soltando meu caminho em pleno vento,
Ainda vejo na alma o amor descrente.

3

Apresentando assim minhas escusas
E sei do quanto possa quando quero
Um dia mais suave e mais sincero,
E nesta solidão agora abusas,
As cenas se misturam, são confusas
O verso se anuncia mesmo fero
E trama com terror o quanto espero
Da sorte melindrosa que entrecruzas.
Atrozes e remotos sonhos trago
E sei da lucidez em rude estrago
Marcantes ilusões; não me sacias,
E sei do quanto possa em utopias
E nesta sensação agora eu vago
Enquanto no final nada trarias.

4

Saudades multiplicam tanto engano
E sei do quanto pude noutro anseio,
Ainda quando em vão tanto rodeio
O mundo aonde tente e já me dano.
O amor do qual decerto eu não me ufano
A luta se desenha em devaneio
Alento eu poderia sem anseio,
Mas nada do que trago segue um plano,
Desarvorado sigo contra a fúria
Gerando nos meus olhos tal penúria
Que nada sobrevive ao vão fastio,
Meu prazo se esgotara e nada vejo,
Somente a farsa feita em tal desejo
Que apenas sem saber já desafio.

5

Perceba cada passo feito em vão
E saiba que no fim nada veria
Senão a mesma face, hipocrisia
Deixando para trás qualquer verão,
A luta se desenha e desde então
A noite se aproxima mais sombria
E vendo sem sentido a poesia,
Os dias noutro tanto perderão.
Cabendo num anseio num festim,
O mundo se anuncia e trama o fim
Das fartas emoções que nos tocassem
Ainda quando em rotos sóis moldassem
O pouco que inda resta dentro em mim,
Os ermos mais distantes se mostrassem.

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