sexta-feira, 16 de setembro de 2011

16/09/2011

1

Sentido que deveras não esbanjo
Tampouco posso crer noutro momento,
Embora nova face, traz o atento
Cenário que deveras desarranjo,

A vida se mostrara enquanto um anjo
Reinando sobre o todo em movimento
Trouxera tão somente o sofrimento
A sorte renegasse o velho arranjo.

Apresentando ao fim nova promessa
Da sorte que deveras recomeça
Vestindo a mesma luta em inclemência.

A mútua sensação de penitência
Matando desde já o que tropeça
Nos ermos mais sutis da consciência.


2

Devendo muito além do que eu pudera,
Arrendo esta arredia noite vã
Somente vejo em mim diversa cã
E o tempo no final se degenera.

Palavra que buscara mais sincera
Ousando acreditar noutra manhã
Vestindo a fantasia em rude afã
Não vejo a minha morte como fera.

Somente descansando deste nada
Enquanto esta emoção decerto evada
Da noite mais sombria em tom eterno,

Ainda que pudesse não externo
Meu tempo sem saber de uma alvorada
Trazendo à própria vida último inferno.


3

Incensos da esperança no vazio
Do tempo que destrói cada segundo
E quando de outro engano ora me inundo
Apenas o meu erro ora recrio.

Bebendo tão somente o desvario
O passo se resume e me aprofundo
No vago caminhar de um vagabundo
Descendo mansamente o velho rio.

Não quero e não pudera ser diverso
Do todo que se mostra enquanto imerso
Nas tramas mais vorazes do passado,

O mundo anunciando o que não veio,
Somente resumindo em devaneio
O todo que deveras já degrado.

4


Ouvindo tão distante este marulho,
A sorte não traria um oceano
E cada vez que, tolo, desengano,
Apenas encontrara o pedregulho,

O sonho sempre fora algum entulho
E o verso noutro tom moldando o plano
O risco a se mostrar tão desumano,
Buscando alguma luz, ledo, eu mergulho.

Não pude conceber outro final
E sei do meu caminho sempre igual
Traçando o que deveras traz o nada,

Uma alameda tanto desolada
O prazo que se fez consensual
A sorte noutra fonte desenhada.

5

Percebo o quanto pude e não viesses
Tramando a direção que já não vejo,
Somente semeando este desejo,
E nele as duras vagas negam messes.

E sei do caminhar enquanto teces
O tanto se prevendo noutro ensejo,
A rústica noção que ora dardejo
Enquanto com terror tanto enlouqueces

Meu mundo já caído nega o fato
O turvo sortilégio ora constato
Cerzido com furor e rebeldia,

No passo que deveras deveria
Tentar acreditar no quanto o tato
Num ponto mais feliz se encontraria.

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