EU ME CONDENO
Sou vão, sou véu sou âmbar e marfim,
Déspota de mim mesmo, me condeno
E ganho este infinito sendo assim;
O vago que se enverga nada ameno.
Carpindo os meus velórios, cedo; enfim
E mato-me da forma que enveneno;
Parindo desta sombra o que há em mim,
Um nada que se sente quase pleno...
Perfurando teus olhos com as garras
E os cascos que afiei ao fim da tarde.
Nos óstios que me abriste vivo amarras;
Os dentes com que mordes ao sorrir.
Teu beijo viperino que sopra, arde,
Ao ver-me; os teus vermes vêm pedir.
MARCOS LOURES
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