OS RESTOS DE UMA VIDA
A podridão em faces mais vulgares
Estraçalhando o resto de uma vida,
Ao mesmo tempo enceta outra ferida
Deixando para trás tantos lugares
Aonde se erigiram meus altares
Na senda tantas vezes destruída,
Aporto novamente e sem saída
O barco se perdendo em vastos mares,
Assíduas ilusões já não contenho
E quanto fosse audaz o vago empenho
Medonhas artimanhas da cobiça
Vergando minhas costas sob o peso
E vendo este mesquinho ser surpreso,
A sorte preparando a vã carniça.
RITA DE CASSIA TIRADENTES REIS
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